1 Resumo: Idade Média (V-XV) Capítulos 2 e 6. A Idade Média

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Resumo: Idade Média (V-XV)
Capítulos 2 e 6.
A Idade Média, período histórico compreendido entre os séculos V e XV, teve
início com a queda do Império Romano do Ocidente (476) e perdurou até a tomada de
Constantinopla (1453). A Idade Média é ainda dividida em Alta Idade Média (V-X) e
Baixa Idade Média (XI-XV). Durante o Renascimento, esse período histórico passou a
ser chamado pelos renascentistas de “Idade das Trevas”, “Idade Média” e “Idade da Fé”
para caracterizá-lo como um momento de decadência cultural ao contrário da
Antiguidade. Entretanto, como afirma o historiador medievalista Jacques Le Goff, a
Idade Média foi “uma época que não foi de trevas nem imune ao progresso; ao
contrário, foi uma época fértil de invenções vitais e importantes (...).” (LE GOFF, 2007,
capa). Vamos, então, procurar compreender um pouco mais sobre esse período.
I. Queda do Império Romano do Ocidente
Todos os povos que viviam além das fronteiras do Império Romano e não
compartilhavam do mesmo idioma eram chamados pelos romanos de bárbaros. Um
desses povos era o povo germânico. Com o passar do tempo, os romanos começaram a
se aproximar dos germânicos devido à proximidade das fronteiras, estabelecendo uma
convivência pacífica e passaram a trocar vinho, metais preciosos e tecidos (produtos
romanos) por madeira, trigo e peles.
Todavia, gradativamente, essa proximidade passou a representar uma ameaça.
Somada aos problemas já existentes no Império Romano – exército mal remunerado,
economia dependente da mão-de-obra escrava, ausência de autonomia econômica das
cidades – os povos germânicos, assim como outros povos bárbaros, começaram a
ultrapassar as fronteiras do Império Romano. Muitos se refugiaram no campo. Em 476,
Roma foi conquistada.
Em 395, como uma tentativa de reordenar o Império, o Império Romano fora
dividido em Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império Romano do
Oriente, com sede em Bizâncio, depois Constantinopla. Assim, após a conquista de
Roma, o lado do Oriente, a partir da invasão do Ocidente, passou a ser chamado de
Império Bizantino.
II. A Alta Idade Média (V-X): formação do Feudalismo
Como mencionado anteriormente, no século V, mas especificamente em 476, as
invasões bárbaras, ou seja, dos povos “não-romanos”, levaram a queda do Império
Romano do Ocidente. Durante as invasões, muitos se refugiaram nos campos, dando
início ao processo de ruralização. A produção agrícola deixou de ser voltada para o
mercado externo e buscou a autossuficiência. Além disso, a desestruturação do Império
Romano do Ocidente foi responsável pela fragmentação do governo (antes centralizado)
em diversos reinos, dando início a formação do feudalismo, estrutura política e
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econômica que marcou a Europa Ocidental no período que convencionamos chamar de
Idade Média.
 Economia feudal
Nos feudos (grandes extensões de terra), a economia era agrária, não comercial,
autossuficiente. Os feudos pertenciam a uma camada privilegiada, composta pelos altos
dignitários da igreja (o clero) e pela nobreza medieval, também conhecidos como
senhores feudais. A produção agrária era realizava pelos camponeses, maior parte da
população da época. Os camponeses, além de trabalharem nos campos, tinham que
pagar uma série de impostos aos senhores feudais. Com o passar do tempo, consolidouse o sistema da servidão, pois os senhores feudais, através de suas milícias próprias,
controlavam a vida dos camponeses que viviam em seus domínios. Assim, apesar de
não serem escravos, não eram livres já que não estavam presos à terra.
 Sociedade feudal
A sociedade era dividida hierarquicamente em ordens. O clero, formado pelos
representantes da Igreja, comandava os mosteiros e os feudos da Igreja. Os membros do
Alto Clero eram originários da nobreza. Os filhos dos camponeses, entregues à Igreja,
pertenceriam ao Baixo Clero. Por serem considerados os intermediários entre Deus e os
homens, era a ordem, na prática, mais importante. Os nobres, que também eram
senhores feudais, dedicavam-se à preparação militar e possuíam relação com outros
nobres por meio do sistema de vassalagem, quando um cavaleiro (vassalo) declarava
sua lealdade a outro nobre (suserano) em troca de terras. Por fim, os camponeses
trabalhavam nos feudos e pagavam impostos. Ademais, esse tipo de sociedade
estratificada não possuía mobilidade social.
 Poder descentralizado
O poder político era descentralizado, ou seja, cada feudo possuía suas leis, seu
sistema de pesos e medidas e um senhor feudal diferente. Ainda que o rei fosse o
suserano dos suseranos, diante do qual todos os vassalos deveriam se curvar, na prática,
a figura real exercia pouca influência nos domínios dos senhores feudais, sendo cada um
deles, de fato, a maior autoridade em seus territórios.
 A Igreja
Por serem responsáveis pela harmonia social, uma vez que justificavam os
privilégios estabelecidos e ofereciam ao povo, em troca, a promessa do paraíso celestial,
a Igreja Católica possuía um grande poder na época. Todavia, a unidade da Igreja no
mundo ocidental era garantida também através de instrumentos coercitivos, como a
Inquisição papal, criada em 1231, por Gregório IX.
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Por conseguinte, através do trabalho de monges copistas e bibliotecários, a Igreja
Católica tornou-se o principal centro de estudos do medievo, desenvolvendo a filosofia
teocêntrica, por meio da qual as explicações dos eventos naturais e sociais possuíam
uma base religiosa, na qual Deus era o epicentro de toda a ordem no mundo.
III. A Baixa Idade Média (XI-XV)
 As Cruzadas
Em 1095, com o objetivo de recuperar a Terra Santa do domínio Islã, o papa
Urbano II convocou a primeira Cruzada. Sob a alegação de que Jerusalém, local onde
Jesus padeceu e foi morto, estava nas mãos dos infiéis e, por isso, deveria ser
reconquistada, a Igreja buscou encorajar a participação nas Cruzadas através da
concessão da indulgência plena (o perdão de todos os pecados) aos que morressem na
guerra santa.
Essas expedições acabaram sendo responsáveis por fomentar o comércio em no
mar Mediterrâneo, principalmente a partir de Gênova.
A) Renascimento Comercial e Urbano
A partir do século VIII, a região do mar Mediterrâneo passou para o controle dos
muçulmanos, reduzindo significativamente o comércio da Europa cristã naquela região.
Apenas Veneza conseguiu manter as ligações comerciais com o Império Bizantino,
funcionando como ponto de ligação entre a Europa feudal e Constantinopla (maior
cidade do Mediterrâneo). Assim, através dos portos de Veneza, entravam os tecidos de
Constantinopla e as especiarias da Ásia. Com o surgimento das Cruzadas, porém,
Gênova também adquiriu status de área comercial, pois serviu como base para os
cruzados. Desse modo, as cidades italianas obtiveram a primazia na distribuição das
mercadorias orientais por todo o continente europeu.
A ampliação comercial e a expansão dos centros urbanos, por conseguinte,
levaram os burgos a abrigarem mercadores. Os burgos – espécies de fortalezas cercadas
por muralhas para proteção de seus senhores – transformaram-se, então, em cidades
medievais. Muitos servos, em busca de maior autonomia, fugiram para as cidades, o
que pôs em xeque a hierarquia feudal, já que o senhor tinha um ano para reclamar o
retorno do seu servo. Caso não o fizesse, o servo adquiria proteção da lei municipal.
A intensificação das atividades comerciais entre as diferentes partes do
continente estimulou a formação das feiras comerciais, como as feiras de Champagne,
um condado francês localizado num dos pontos mais centrais da Europa Ocidental.
Além das feiras, o renascimento urbano estimulou ainda a organização das corporações
de ofício (local de aprendizado artesanal) e das guildas (espécie de associação de
comerciantes responsável pelo comércio marítimo de determinados produtos em certas
regiões).
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III. Crise do Feudalismo
No início do século XIV, a Europa passou a enfrentar uma série de problemas,
responsáveis pela crise do século XIV, que levaria a transição da Idade Média para a
Idade Moderna.
 Peste Negra
A região do noroeste da Europa, entre os anos de 1315 e 1317, enfrentou a
grande fome, causada pelas chuvas intensas, responsáveis pela inundação dos campos.
A população sobrevivente, porém, teve que enfrentar também a peste negra. A Peste
Negra, espécie de peste bubônica, entrou na Europa, acredita-se, a partir de Gênova, em
1347, devido ao contato da cidade italiana com o Oriente e rapidamente atingiu o sul da
Europa, sendo responsável pela morte de aproximadamente um terço da população da
época.
 Guerra dos Cem Anos (1337-1453)
A Guerra dos Cem Anos é considerada o conflito mais longo da Idade Média e
opôs França e Inglaterra em um confronto que, segundo a historiadora Yone de
Carvalho, foi "uma série de disputas que incluíram várias batalhas", iniciado após o
falecimento do rei da França, Carlos IV, que morreu sem deixar herdeiros. Eduardo III,
rei da Inglaterra, sobrinho do falecido rei, considerava-se o legítimo herdeiro.
Entretanto, o primo do rei, Filipe de Valois, contava com o apoio de grande parte da
nobreza francesa.
Quando Felipe VI assumiu o trono, ordenou o confisco de duas regiões herdadas
por Eduardo III - os ducados da Gasconha e da Guiana, iniciando o conflito. Outra
motivação foi a disputa pela região de Flandres, região de domínio francês ligada
economicamente à Inglaterra.
Após algumas derrotas para a Inglaterra, a França conseguiu alcançar vitória, em
1429, após o cerco a Orleans graças à lendária Joana d´Arc, jovem camponesa que
liderou várias batalhas com autorização do rei. Entretanto, em 1430, foi capturada pelos
ingleses e no ano seguinte, condenada à fogueira sob a acusação de bruxaria. Morreu
aos 19 anos de idade. Atualmente, Joana d´Arc é a Santa Joana d´Arc, padroeira da
França.
 Revoltas camponesas
A fome, já conhecida na Europa, foi agravada pela peste negra e pela Guerra dos
Cem Anos, visto que os problemas de produção de alimentos foram agravados. Como
forma de garantir a produção e suas rendas, os senhores feudais aumentaram os
impostos e a exploração sobre os camponeses. O descontentamento dos camponeses foi
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responsável pela eclosão de uma série de revoltas camponesas. A Jacquerie foi um
grande levante camponês originado na França contra as novas imposições senhoriais.
Esses fatores foram responsáveis pela crise do mundo medieval. As guerras
mudaram a estrutura dos exércitos. Se antes eles possuíam uma estrutura feudal, a partir
da segunda metade do século XIV, o exército passou a ser controlado pela realeza. Por
outro lado, enquanto os nobres enfrentavam dificuldades para manter a unidade do
feudo, bem como a sua produção, a burguesia apoiava economicamente os monarcas,
ajudando-os a fortalecer a sua autoridade. Por fim, as revoltas ameaçavam a estrutura
social do sistema feudal.
Assim, a crise do século XIV foi responsável por dar origem ao projeto de
centralização política. A função do Estado Nacional Absolutista, que começaria a se
desenvolver, portanto, seria o de assegurar a proteção da aristocracia (clero e nobreza),
garantindo as relações de dominação do período anterior, isto é, o predomínio da
aristocracia sobre as demais classes. Mas isso é assunto para o próximo ano…
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