AULA-4-HISTORIA ORAL-HISTORIA DE VIDA

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A HISTÓRIA ORAL COMO MÉTODO QUALITATIVO
DE PESQUISA
A História Oral é uma metodologia de pesquisa
qualitativa que envolve a “apreensão de narrativas
usando meios eletrônicos e destina-se a recolha de
testemunhos, promover análises de processos
sociais do presente e facilitar o conhecimento do
meio imediato”.(MEIHY, 2002: p.13).
A história oral é uma parte do conjunto de fontes
orais e sua manifestação mais conhecida é a
entrevista.
Como procedimento específico, a entrevista em
história oral é uma fórmula programada e responde à
existência de projetos que a justificam.
Utiliza a entrevista, como uma técnica base no
trabalho da História Oral.É um momento de interação.
Essa característica apresenta-se, segundo Lüdke e
André (1986), como um diferencial em relação a
outros instrumentos de pesquisa como a observação
unidirecional ou aplicação de questionários que, em
geral, estabelecem uma certa hierarquia entre
pesquisador e pesquisado (Cf p.33).
História oral é procedimento de coleta de dados
utilizado principalmente nas pesquisas históricas. É
um recurso que possibilita ao pesquisador a recorrer
além de documentos escritos, aos documentos orais
como elementos significativos no resgate de uma
história.
A História Oral, tem fundamentos historiográficos;
Tem procedimentos cuidadosos na constituição de
fontes históricas. O seu desenvolvimento pode trazer
à tona documentos escritos e fotografias cujo acesso,
de outro modo, seria sensivelmente mais difícil ou até
mesmo impossível. MEIHY (2002), refere que um
trabalho só pode ser reconhecido na vertente da
História Oral,quando este, for reconhecida sua
intenção, os procedimentos e a devolução pública de
seus resultados.
O pesquisador recorre à História oral como técnica de
pesquisa com intuito de chegar ao conhecimento de
fatos vivenciados num dado momento histórico em
que somente os documentos escritos não se podia
revelar por si só todos os sentidos circundantes num
determinado meio social. Segundo MEIHY (1996),
refere a história oral como uma “percepção do
passado,algo que tem continuidade hoje e cujo
processo histórico não está acabado”. CHARTIER
(2002), segunda a afirmação, dizendo que o relato,
constitui uma singularização da história oral, pelo fato
de manter uma relação específica com a verdade, pois
as construções narrativas pretendem ser a
“reconstituição do passado que existiu”.
Segundo SOUSA (1998), “os dados podem ser
obtidos por meio de fontes vivas de informação:
história de vida, biografia, depoimentos pessoais e
entrevistas, etc. material que precisa passar por
um minucioso processo de análise.” MEIHY (1996),
categoriza três elementos fundamentais para
construir uma história oral: O entrevistador, o
entrevistado e aparelhagem de gravação.
PASSOS OU PROCEDIMENTOS DA HISTÓRIA ORAL
Elaboração de um projeto e escolha do grupo alvo a
ser entrevistado. O projeto prevê:
1.O planejamento da condução das gravações;
2. Definição de locais;
3.Definição do tempo de duração
4.Fatores ambientais;
5.Transcrição,
6. Estabelecimento de textos;
7. Conferência do produto escrito;
8. Autorização para o uso;
9. Arquivamento e
10. Publicação
A Memória como Matriz da História Oral
A memória não só transmite conhecimentos e
significações, mas produz significados. Tem de ser
entendida como uma ação, e uma ação produtora de
significados.
A neurociência coloca que o cérebro não trabalha com
informação, mas com significado, o que significa dizer,
que o cérebro trabalha com dados históricos. Os
significados, como tudo o que é histórico, são mutáveis.
(Menezes, p. 15)Só é possível falar de memória, portanto,
como um dado histórico.
A função da memória como ‘objeto’Uma das funções
desejáveis da memória é a de aumentar a capacidade de
perceber as transformações da sociedade pela ação
humana, permitindo que se tenha a experiência da
dinâmica social, da ação das forças que constroem a
sociedade e que podem mudá-la a todo o instante.
A elaboração do passado se dá no presente e para
responder questões do presente. É do presente sim,
que a rememoração recebe incentivos, tanto quanto
as condições para se efetivar.
Às Ciências Sociais interessa a memória individual
somente nos quadros da interação social: é preciso
que haja pelo menos duas pessoas para que a
rememoração se produza de forma socialmente
apreensível. É este fenômeno da memória condividida
que tem relevância.
A memória coletiva é um sistema organizado de
lembranças cujo suporte são redes de interrelação
estruturadas, imbricadas em circuitos de
comunicação. Essa memória assegura a coesão e a
solidariedade do grupo.
Memória VS História
É imprópria qualquer coincidência entre memória
e história. A memória, como construção social, é
formação de imagem necessária para os processos
de constituição e reforço da identidade individual,
coletiva e nacional. A História é forma intelectual
de conhecimento. É a disciplina da diferença e que
usa o passado para identificar e explicar a
diferença. Porque pela diferença se compreende a
transformação, a dinâmica que rege as nossas
vidas.
História de vida
História de vida é entrevista prolongada que
apresenta as experiências e as definições vividas por
uma pessoa, um grupo ou uma organização.
Preocupa-se mais com a fidelidade das experiências e
interpretações do autor sobre o seu mundo.
Na História de vida, o pesquisador se interessa mais
em compreender o desenvolvimento da vida do
sujeito investigado e traça com ele uma biografia que
descreva sua trajetória até o momento atual. Enfatiza
determinada etapa ou setor da vida pessoal ou de
uma organização.
O pesquisador, deve permitir a que o narrador escolha
do que quer contar, dos fatos que lhe interessam
socializar.QUEIROS (1988), refere que a história de
vida não difere tanto da História oral, uma vez que na
coleta de dados também usa, depoimentos,
entrevistas, biografias, autobiografia. O narrador
também é quem decide o que narrar.
CARACTERÍSTICAS
Entrevistas são feitas com base nas memórias e
são seletivas, fazendo com que o entrevistado
aborde os assuntos com profundidade.
A História de Vida é geralmente extraída de uma
de uma ou mais entrevistas denominadas
entrevistas prolongadas, nas quais a interação
entre o pesquisador o colaborador se da de forma
continua. (THIOLLENT,1982).O interesse e a
disponibilidade do entrevistado, são fatores
cruciais para uma boa entrevista.
GRANDES DIFICULDADES APONTADAS COMO
ENTRAVE NA HISTÓRIA ORAL
Uma das grandes limitantes apontadas no uso da
história oral como método de pesquisa, é o fato da
História Oral não pertencer a um campo estrito do
conhecimento. Portanto, a sua especificidade está no
fato de se prestar a diversas abordagens, de se mover
num terreno pluridisciplinar. ALBERTI (1989,p.41).
Em virtude dessa abrangência a história oral comporta
três tipos de abordagens, a saber: história oral de
vida, temática e tradição oral. Para CAMARGO
(1989,p.52), a história oral de vida particularmente
garantiu “o rigor, a fidedignidade e a riqueza que a
técnica que a história oral por si mesma não possuía”
segue afirmando que “nada mais consistente do que
uma longa vida que se decifra, com a chancela de um
gravador”.
A história oral possibilita a construção e a
reconstituição da história por meio dos individuais
ou coletivos. O fato de ser considerada um campo
multidisciplinar possibilita que algumas disciplinas,
(entre elas a antropologia, psicologia, psicanálise,
sociologia, etc...), possam dar suas contribuições
teóricas, especialmente no tratamento e na análise
da informação oral.Observa-se essa contribuição
através dos estudos que trazem reflexões sobre as
relações entre pesquisadores e sujeitos.
Etno significa, em grego, povo, raça ou grupo cultural. Grafia
significa escrita. Etnografia é uma subdisciplina da
antropologia descritiva que dedica-se a compreender
crenças, valores, desejos e comportamentos dos sujeitos
por meio de uma experiência vivida.
Tem como premissa “a tentativa de apreender, numa
perspectiva evolucionista e global, o comportamento
humano em situação natural, e de compreender esse
comportamento dentro do quadro de referências no qual os
indivíduos interpretam seus pensamentos sentimentos e
ações” segundo Domingues (1988).
Dois pilares modelam e sustentam o método etnográfico:
1-a interação prolongada entre o pesquisador e o sujeito da
pesquisa e
2-a interação cotidiana do pesquisador no universo do
sujeito.
Compreensões pós-modernas da etnografia são
marcadas pela concepção de que todo aspecto da
existência humana é culturalmente construído, o
que os torna particulares e localizados, sem
possibilidades de generalização. Nesta concepção,
o significado social de uma situação histórica é
sempre relativo e temporário.
A etnografia dedica-se “compreender como este
momento histórico universaliza a si próprio na vida
de indivíduos específicos” (Denzin Apud Vidich &
Lyman, 2000).
O etnógrafo não é um mero observador da
história, mas sim um participante e informante do
processo.
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