AGLang_A palavra

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Comunicação apresentada no XX Encontro Anual da ANPOCS
Caxambu, outubro de 1996
G.T. "História Oral e Memória"
Erro!
Indica
dor
não
defini
do.
A PALAVRA DO OUTRO: USO E ÉTICA
Alice Beatriz da Silva Gordo Lang - CERU
Trabalhar com História Oral é basicamente recorrer à palavra
do outro, à palavra suscitada em função de um projeto de
pesquisa, à palavra do outro obtida em um processo de
interação entre os pesquisador e o narrador, a palavra do
outro gravada e transcrita que se transforma em um documento,
a palavra do outro cuja análise permite responder às
indagações formuladas pelo projeto de pesquisa, ou mesmo para
a preservação da memória de uma sociedade e de uma época,
através do testemunho dos que nela viveram.
A História Oral é complexa, sua natureza objeto de constantes
discussões. A incerteza epistemológica que reveste a História
Oral
é
bem
descrita
pelas
palavras
extremamente
significativas de Louis Starr: "mais do que uma ferramenta,
menos do que uma disciplina". Louis Starr foi, juntamente com
Alan Nevins, um dos pioneiros da História Oral moderna e
criador do Columbia Oral History
Research Office em 1948.
(Trebisch in Ferreira, 1994:19)
Várias são as maneiras pelas quais pesquisadores concebem a
História Oral, sendo apresentada como um método, uma técnica,
uma postura, ou mesmo um movimento.
Por outro lado, a História Oral vem sendo utilizada por
ciências
diversas:
sociologia,
antropologia,
historia,
psicologia. Coloca-se a questão da interdisciplinaridade, ou
da multidisciplinaridade. Em que medida a utilização da
História Oral por diversas ciências a caracterizaria como um
procedimento interdisciplinar?
Por
recorrer
à
palavra
do
outro,
ao
testemunho
do
contemporâneo, a História Oral implica em procedimentos
éticos que ultrapassam aqueles que orientam o trabalho
científico.
Torna-se
imperioso
refletir
sobre
tais
procedimentos.
Estas as questões que orientam a presente reflexão, a partir
de várias experiências de pesquisa com História Oral, tem por
objetivo trazer elementos para a discussão que vem se fazendo
entre pesquisadores interessados em História Oral.
I- A palavra do outro e sua utilização por
diversas
Erro!
Indica
dor
disciplinas não
defini
do.
O que marca e orienta o desenvolvimento de uma pesquisa, que
significa em última análise um procedimento realizado dentro
de
uma
metodologia
determinada
para
obtenção
de
um
conhecimento, é certamente o objetivo proposto, a perspectiva
pela qual é focalizado e, especialmente, a finalidade que
orienta a busca do conhecimento.
Esta diferenciação decorre mesmo da perspectiva de cada
ciência. Consideremos aqui a história e a sociologia, na
medida em que são bastante diversos os objetivos que orientam
a busca do conhecimento em suas respectivas visões.
A
História
busca
"conhecer
o
que
foi",
voltando-se
prioritariamente para a busca da maior quantidade de dados
confiáveis que permitam a obtenção de um retrato amplo e
verídico do que veio acontecendo no mundo dos homens através
dos tempos. Há uma preocupação com a veracidade, com provas e
contraprovas.
Para a Sociologia, entretanto, a pesquisa não visa apenas o
conhecimento, mas sim "dar a alguém os meios que acredita
indispensáveis no remanejamento da realidade social". É uma
ciência da praxis, voltada para a ação.
Enquanto a História busca retratar a sociedade, a Sociologia
tem como objetivo reconstruir a realidade sob uma forma
simplificada, o modelo, que possa orientar a ação sobre a
realidade. (Queiroz, in Ferreira, 1994:114).
Na medida em que os objetivos das ciências são diversos,
diversas são também as maneiras como a História Oral é
utilizada.
Assim sendo, acredito que a História Oral é utilizada por
diferentes disciplinas, segundo os pressupostos e finalidades
de cada uma, não assumindo o caráter de um procedimento
interdisciplinar, dado que não é utilizado de uma mesma
maneira. A interdisciplinaridade suporia a adoção de uma
mesma perspectiva.
Cabe notar que, na medida em que a História Oral busca
conhecer a História de fatos passados através do testemunho
de pessoas que dele participaram, está recorrendo à memória
do entrevistado. E a memória, como mostrou Halbwachs, é não
apenas individual, mas é social, sendo que a primeira é
determinada pela segunda (Halbwachs, 1990). E ainda, que
lembrar é reconstruir o passado com os olhos e os valores de
hoje, somando-se ao fato passado as experiências da vida do
narrador.
II- O uso: História Oral em uma pesquisa sociológica
Erro!
Indica
dor
não
defini
do.
Por História Oral entendemos um procedimento qualitativo de
pesquisa voltada para o estudo do tempo presente a partir um
projeto de pesquisa e recorrendo a testemunho de pessoas que
viveram os fatos ou processos que se visa conhecer e
compreender, incorporando o método biográfico e criando um
documento que será analisado; a coleta de dados se processa
através de entrevistas gravadas, marcadas pela interação
pesquisador-pesquisado, sendo os narradores escolhidos em
função dos objetivos da pesquisa. (Bertaux, 1980)
Um projeto sociológico de História Oral parte de um objetivo
claramente definido, de uma questão a que se procura
responder a partir dos dados coletados, no caso, das fontes
criadas. O referencial teórico delineia a perspectiva segundo
a qual o problema está sendo colocado e fornece a ótica
através da qual os dados serão analisados e interpretados
para responder à questão proposta.
Embora os pesquisadores que recorrem à História Oral o façam
de acordo com os pressupostos de sua disciplina, recorrem
todos à palavra do outro, obtida em uma entrevista marcada
pela intersubjetividade. A palavra do outro, assim obtida e
gravada, dá origem a um documento que constitui fonte para
pesquisa.
As formas através das quais a palavra do outro é captada, são
diversas. As fontes orais coletadas podem assumir, a meu ver,
a forma de história oral de vida, relatos orais de vida e de
depoimentos orais.
- A história oral de vida é o relato de um narrador sobre sua
existência através do tempo, contando livremente sua vida,
imprimindo ao relato suas próprias categorias impondo um
ordenamento e selecionando ele mesmo o que quer relatar. Uma forma menos ampla e livre seria o relato oral de vida,
quando é solicitado ao narrador que aborde de modo mais
especial determinados aspectos ou fases de sua vida, embora
dando a ele liberdade total de expressão.
- O depoimento oral constitui uma modalidade bastante diversa
das anteriores, na medida em que se busca, através dele,
obter dados informativos e factuais, assim como o testemunho
do entrevistado sobre sua vivência em determinadas situações
ou a participação em determinadas instituições que se quer
estudar.
Tenha-se presente que nas ciências sociais o
depoimento não tem o sentido de estabelecimento da verdade,
mas de conhecimento de uma versão. (Lang, 1995)
O trabalho de História Oral não se esgota na realização,
gravação, transcrição e arquivamento da entrevista. Acredito
que o documento gerado não fala por si, mas precisa ser
interpretado, considerando-se a finalidade e maneira como foi
construído e analisado quanto ao seu
vista os objetivos da pesquisa.
permeia todo o processo da pesquisa.
Erro!
Indica
dor
conteúdo, tendo em não
A análise, assim, defini
do.
Assumindo a importância da reflexão sobre o processo de
pesquisa, relaciono os procedimentos adotados em nosso
estudo: o delineamento do projeto; a discussão do quadro
teórico orientador dos rumos da pesquisa; o delineamento do
contexto econômico, social e político onde se insere o
fenômeno
estudado;
estabelecimento
das
características
requeridas para os narradores; o contato com possíveis
narradores; o preparo e realização da entrevista gravada; a
transcrição e conferência da gravação; a elaboração de um
resumo e da cronologia; a edição ou textualização da
entrevista; a análise de cada relato quanto à forma e
conteúdo; a análise comparativa dos relatos; finalmente, a
análise em função da proposta inicial que pode sofrer
modificações no decorrer da pesquisa. A análise, acompanhando
todo o processo da pesquisa, é condição necessária para que
se possa determinar o momento em que o ponto de saturação
(Bertaux, 1980) é atingido, indicando que já se dispõe das
informações necessárias sobre determinado aspecto.
Sendo a Sociologia uma ciência voltada para a praxis, para o
conhecimento da sociedade com vistas a fornecer dados e
apreender relações que possam fundamentar uma ação, o
objetivo da pesquisa, nela se incluindo a pesquisa de
História Oral, tem na análise e interpretação dos dados um
elemento fundamental. Não se trata de coletar o dado,
construir com ele um documento e arquivá-lo para preservar a
memória de um tempo, mas sim de, por meio da análise e
interpretação, propor alternativas para uma ação racional e
coerente.
Temos
pois,
uma
diferença
fundamental
de
perspectiva, entre Sociologia e História.
Deve também ficar claro que, através da História Oral, a
Sociologia não se propõe chegar a verdades, mas conhecer
versões referidas a indivíduos sociologicamente qualificados
e inseridos em uma dada conjuntura que deve ser considerada.
III- A ética: questões para reflexão
Trabalhando com História Oral, estamos fazendo uso da palavra
do outro, o que traz sérias implicações do ponto de vista
ético e convida a reflexões.
Segundo André Lalande, a palavra ética tem sido aplicada à
moral sob todas as suas formas, seja enquanto ciência, seja
enquanto arte de dirigir a conduta. O autor propõe a
distinção parcial dos dois conceito: Moral é apresentada
"como conjunto de prescrições que se impõem à consciência
média da sociedade e de uma época determinada", enquanto a
Ética é
os atos
Erro!
Indica
dor
a ciência dos julgamentos e de apreciação sobre não
qualificados bons ou maus". (LALANDE, 1972:305) defini
do.
Nessa direção, e no que diz respeito à pesquisa com História
Oral, consideramos como éticos os procedimentos que podem ser
qualificados como estando de acordo com princípios que se
apóiam na honestidade intelectual e não lesivos aos
interesses de outros.
Paul Thompson, discutindo o processo de pesquisa baseada em
entrevistas e a organização e utilização de arquivos, destaca
dois pontos de extrema importância: a confiabilidade e os
direitos autorais. Sobre a confiabilidade, enfatiza a
responsabilidade do pesquisador em não expor o informante a
possíveis danos e prejuízos (como seria o caso pela
publicação
de
confissão
de
atividades
ilegais),
pela
possibilidade
de
suscitar
difamações,
escândalo,
ou
simplesmente de expô-lo ao ridículo. No caso do arquivamento
para consulta aberta, em alguns depoimentos, o próprio
assunto
é
intrinsecamente
proibitivo
de
utilização
e
arquivamento, outros deveriam ter seu acesso restrito,
segundo Thompson, a pesquisadores de boa fé (mas como sabêlo?) e alguns podem se anonimizados. As alternativas devem
ser avaliadas para cada caso. Observa o autor que em cada
país, as leis relativas aos direitos devem ser conhecidas e
respeitadas.
Uma reflexão sobre a questão ética, mostra que vários são os
aspectos envolvidos:
- Há o aspecto jurídico, que estabelece o limite entre
direitos e deveres que tem necessariamente de ser respeitado,
sob pena de incorrer o pesquisador em sanções legais. A
questão legal implica na necessidade da obtenção de uma carta
de autorização para consulta e utilização do material, pelo
entrevistado.
- Há o aspecto moral, que envolve o processo de pesquisa e a
relação pesquisador-pesquisado. É sobre este aspecto que eu
gostaria de colocar alguns pontos para discussão.
Inicialmente, deve ficar claro, que todo trabalho intelectual
e não apenas os trabalhos de História Oral, envolve
procedimentos éticos, tais como a honestidade intelectual, o
crédito a autores utilizados e citados. (Amado, 1995)
O trabalho com História Oral envolve o relacionamento com
pessoas vivas, faz uso de suas palavras e informações e,
muitas vezes, referência a terceiros; a forma como serão
utilizados os documentos não poderá vir a prejudicar outras
pessoas.
Esta questão ética vem já sendo objeto de preocupação de
vários autores, apontando cada qual aspectos diversos, que
devem servir para objeto de reflexão. São inúmeras as
questões, do ponto de vista
pesquisador na realização de
Amado, 1995; Whitaker, 1996)
Erro!
Indica
dor
ético, com que defronta o não
sua pesquisa. (Grele, 1992; defini
do.
As reflexões aqui apresentadas se baseiam em duas pesquisas
de História Oral por mim realizadas:
- a pesquisa Carvalho Pinto: trajetória e projeto político,
que trabalhou com a coleta de depoimentos de políticos que
participaram da trajetória do paulista Carvalho Pinto em suas
diferentes fases;
- a pesquisa Família e Política em São Paulo, para a qual
foram coletados relatos orais de mulheres paulistas em
diferente situação com relação à política institucional.
Alguns pontos foram então selecionados para propósitos de uma
discussão:
Trato inicialmente da relação com o entrevistado, aquele que
se dispõe a participar de nosso projeto, a nos fornecer o
conhecimento de que dispõe e merecedor de grande respeito:
a- Diferentes tipos de entrevistados:
A preparação de uma entrevista, a forma como a entrevista irá
ser conduzida, a realização de entrevistas com pessoas de
proveniência social diversa, de diferente ocupação, de idade
diversa implica em procedimentos diversos:
- tratei em um caso com entrevistados políticos, habituados a
falar em público e conceder entrevistas, com um nítido
discurso
já
preparado.
A
questão
que
se
coloca
ao
entrevistador é ultrapassar o discurso pronto, para o que se
requer um sólido conhecimento do pesquisador sobre fatos e
personagens da época, sendo necessário muitas vezes, como
apontou Paul Thompson, uma provocação para ultrapassar a
barreira do lugar comum. (Thompson, 1988)
- muito diverso foi a experiência de entrevistar mulheres de
idade avançada para obter relatos de vida. Muitas delas com
pouca experiência de falar em público, a maioria não tendo
nunca suas palavras gravadas, representando o gravador um
fator de inibição a ser superado.
b- a questão da confiança
A questão da obtenção/concessão de uma entrevista traz em si
a questão da confiança, seja no entrevistador, seja na
instituição que patrocina a pesquisa.
Quanto ao entrevistador, geralmente o título acadêmico e
obras realizadas anteriormente são elementos utilizados em
sua apresentação. Procedimento comum consiste em solicitar a
outras pessoas que façam a aproximação, seja aqueles
mutuamente conhecidos, seja pela utilização do sistema de
redes através do qual um entrevistado indica outro que, em
sua opinião, poderia trazer informações e contribuições
importantes; estas indicações
decorrer da pesquisa.
vão
sendo
feitas
Erro!
Indica
dor
no não
defini
do.
Nestes casos, a responsabilidade do pesquisador não se atém
apenas aos entrevistados, mas se estende às outras pessoas
envolvidas na obtenção da entrevista.
É extremamente importante que o pesquisador torne clara ao
entrevistado a finalidade da pesquisa, os procedimentos
adotados, enfim, o que exatamente será feito com suas
palavras, como serão utilizadas.
c- A questão da devolução ao entrevistado
Considero que uma importante questão diz respeito à devolução
da entrevista ao entrevistado, que deverá então aprovar seu
texto. Observo entre os pesquisadores que este procedimento é
feito das maneiras as mais diversas, obedecendo a intuitos
distintos, que vão desde a pura busca de conhecimento ao
intuito de suscitar a conscientização da população pesquisada
e relato aqui a minha experiência.
Ao combinar a entrevista, informo ao narrador que o texto da
entrevista será a ele encaminhado para qualquer correção.
Sabemos todos que ao concordar em conceder a entrevista,
estaria já o entrevistado sabendo da utilização de suas
palavras para o trabalho proposto.
Entretanto, a entrevista é marcada pela subjetividade, pelo
clima de confiança que se desenvolve e, muitas vezes, o
entrevistado é levado a falar certas coisas, emitir opiniões
ou mencionar pessoas, que, ao reler o texto, acha que não
deveria ter falado. Este fato é muito comum quando se trata
de
entrevistados
não
acostumados
com
a
situação
de
entrevista. Como as palavras do entrevistado serão utilizadas
para um trabalho científico que será divulgado e, mais ainda,
constituirão um documento aberto à consulta e utilização por
outros pesquisadores para propósitos que fogem ao controle do
pesquisador que coletou os relatos, acho de extrema
importância que o narrador reveja e aprove o texto resultante
de sua entrevista.
Há várias formas pelas quais o texto de uma entrevista pode
ser encaminhado ao narrador: uma cópia da fita gravada, a
transcrição literal, ou o texto retrabalhado e editado.
Acredito, em princípio, que só poderá ser utilizada forma que
for
inteiramente
autorizada.
Como
então
proceder
a
modificações na fita gravada para colocá-la à disposição para
consultas? Mesmo no caso da transcrição literal, seria
necessário cortar ou modificar partes segundo solicitação do
entrevistado.
Erro!
Indica
dor
se defronta o pesquisador, diz não
utilizada
pelo
narrador
na defini
erros, vícios e repetições, do.
Um outro problema com que
respeito
à
linguagem
entrevista, com alguns
presentes na fala, mas que não se encontrariam em forma
escrita pelo mesmo narrador. Defrontei-me com o caso de uma
narradora a quem enviei a transcrição literal da entrevista,
e que fez uma violenta reclamação, não reconhecendo como seus
os erros de linguagem. Enviei então o texto já retrabalhado,
que foi então sujeito a pequenas modificações.
Considerando que a linguagem oral diverge da escrita, é mais
prudente enviar ao entrevistado o texto retrabalhado, que
será utilizado no relato da pesquisa, observando-se a
necessidade de ser este texto objeto da autorização para
consulta por terceiros, embora a gravação e a transcrição
sejam com ele arquivados.
d- a carta de cessão
Alguns pesquisadores ou instituições tem como orientação
solicitar ao entrevistado, no dia da entrevista final se
houver mais de uma, que assine uma carta de cessão dos
direitos
da
entrevista,
para
posterior
utilização
em
trabalhos científicos, publicação ou consulta.
Penso entretanto que, no decorrer da entrevista, muitas
coisas são ditas, dentro do clima que se estabelece, que o
entrevistado não gostaria depois de ver publicadas. Em
atenção a esta mesma confiança depositada no pesquisador,
acho mais conveniente que a carta de cessão seja solicitada
juntamente com o envio do texto retrabalhado, ou editado.
As modificações solicitadas, trechos ou nomes cortados, devem
ser efetuadas, mesmo que tais mudanças venham a implicar em
um empobrecimento do texto. É um risco que o pesquisador
assume, mas que o faz como uma contrapartida à confiança nele
depositada pelo narrador.
e- identificação ou anonimato.
Pode ocorrer que o entrevistado não deseje que seu nome seja
conhecido, ou que o próprio pesquisador considere conveniente
resguardar a identidade do narrador. Esta questão foi
discutida por Janaína Amado. (Amado, 1995)
Esta questão da identificação do narrador, não me parece
muito importante para a Sociologia. Fundamental, sim, é a
caracterização sócio-econômica do narrador, pois se trata,
para a Sociologia, de apreender relações sociais, de através
delas conhecer a sociedade. Considera o indivíduo como
portador
da
ideologia
de
sua
classe
social,
de
características comuns a outros do mesmo grupo, interessando
a definição grupo em que se insere, em menor medida o
indivíduo em sua individualidade.
Erro!
Indica
dor
não
as defini
o do.
f- uso pelo próprio pesquisador, uso por outros.
O pesquisador cria o documento, o utiliza para
finalidades de seu projeto de pesquisa e finalmente
arquiva. Fica o documento então gerado aberto à consulta e
utilização por outros pesquisadores. O controle desta
utilização sai das mãos do pesquisador que gerou o documento,
o que significa a necessidade de um cuidado todo especial
quanto aos termos que regulamentam esta utilização, que
precisam estar definidos de modo muito claro. Devem
resguardar uma utilização também regida por padrões éticos,
como os que pautaram a criação do documento.
Conclusão:
Vemos a História Oral não apenas como uma técnica, dado que
compreende a nosso ver uma postura, na medida em que seu
objetivo não se limita à ampliação de conhecimentos e
informações sobre o passado, mas conhecê-lo através da versão
de pessoas que o viveram. Permite conhecer diferentes versões
sobre um mesmo período, versões estas marcadas pela posição
social daquele que dele é uma testemunha viva. A História
Oral visa conhecer a sociedade através de testemunhos. Se a
questão ética é importante em todo trabalho científico, esta
importância se acentua ainda mais no trabalho com História
Oral, dada a relação intersubjetiva impregnada pela confiança
no pesquisador que a reveste.
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Maurice.
A
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Carlos Sebe Bom. (Re-introduzindo
Brasil". São Paulo: Xamã, 1996.
História
Oral
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defini
do.
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do gravador no registro da informação viva. São Paulo:
T.A.Queiroz, 1992
THOMPSON, Paul. La voz del pasado. historia oral. Valencia:
Edicions Alfons El Magnànim - Institució Valenciana D'Estudis
I Investigatió, 1988
-------- "Sharing Oral History: archives and new technology".
in Communicating Experience - Goteborg: IX International Oral
History Conference, 1996
TREBISCH, Michel in FERREIRA Marieta de Moraes (org).
História Oral e multidisciplinaridade. Rio de Janeiro.
Diadorim/FINEP, 1994
WHITAKER, Dulce C. A. et alli. "A transcrição da fala do
homem
rural:
fidelidade
ou
caricatura".
Comunicação
apresentada no 23o Encontro Nacional de Estudos Rurais e
Urbanos. São Paulo: CERU, 1996
As pesquisas que basearam estas reflexões, Carvalho Pinto:
trajetória e projeto político
e Família e Política em São
Paulo, foram realizadas no Centro de Estudos Rurais e
Urbanos- CERU e contaram com o apoio financeiro do CNPq
Alice Beatriz da Silva Gordo Lang
Rua Laiana, 198 - City Boaçava
05470-000 - São Paulo - SP
Centro de Estudos Rurais e Urbanos
Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 - s.20 - Cid. Universitária
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Tel. (011) 818-3735
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