Artigo 15hot!

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Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte
1 Adubação orgânica do pepineiro e produção de feijão-vagem em
resposta ao efeito residual em cultivo subsequente
Carlos Henrique da Silva Almeida(1), Maria Aparecida Nogueira Sediyama(2) ,
Sanzio Mollica Vidigal(3), João Paulo Mendes de Almeida(4)
(1)
(2)
(3)
Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, [email protected];
Pesquisadora/Bolsista CNPq/EPAMIG - Viçosa, MG, [email protected];
Pesquisador/Bolsista BIP FAPEMIG/EPAMIG - Viçosa, MG, [email protected];
(4)
Bolsista PIBIC FAPEMIG/UFV- Viçosa, MG, [email protected]
INTRODUÇÃO
O feijão-vagem (Phaseolus vulgaris L.) é uma cultura que tem mercado
consumidor com tendência de crescimento, sendo também de interesse para
pequenos agricultores, por vários fatores como, adaptabilidade a consórcio e
rotação, principalmente, com o pepino, aproveitando a estrutura de condução
das plantas e resíduos de adubação, o que torna satisfatório o seu
estabelecimento nas propriedades produtoras de hortaliças. Por adaptar-se a
clima seco e quente e temperaturas entre 15 ºC e 30 ºC, os preços mais
elevados do produto ocorrem, normalmente, de junho a setembro.
A rotação de culturas é uma prática essencial para hortaliças,
especialmente em cultivo orgânico, sendo usada tanto para controle de pragas
e doenças quanto para o aproveitamento dos resíduos de adubação. É muito
comum para hortaliças como o pepino e a vagem, que empregam altos níveis
de adubação, além do aproveitamento da estrutura para tutoramento das
plantas.
Existem poucas informações sobre uso de fertilizantes orgânicos no
cultivo do feijão-vagem (SANTOS et al., 2001; OLIVEIRA et al., 2006).
Entretanto, sabe-se que a adubação orgânica pode contribuir de forma decisiva
para melhoria das características do solo e redução dos custos de produção,
pois o insumo que mais onera a produção do pepino e do feijão-vagem é o
adubo mineral, usado no plantio e na cobertura. A produção de hortaliças
absorve o trabalho familiar e contribui para geração de emprego em pequenas
EPAMIG. Resumos expandidos
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e médias propriedades, principalmente para tutoramento da planta e colheitas,
que são realizadas de forma escalonada e manual. Pesquisas têm sido
desenvolvidas, visando ao aproveitamento da adubação residual do plantio de
hortaliças (SANTOS et al., 2011). Neste trabalho, objetivou-se avaliar o efeito
residual da adubação com esterco bovino e húmus de minhoca, aplicados no
pepineiro, sobre a nutrição da planta e a produção de feijão-vagem cultivado
em sucessão.
MATERIAL E MÉTODO
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, tipo túnel alto,
pertencente à EPAMIG Zona da Mata, em Viçosa, MG, no período de
12/8/2011 a 10/11/2011. O solo utilizado no experimento, Argissolo VermelhoAmarelo câmbico, fase terraço, coletado na camada de 0 a 20 cm, antes do
plantio do pepineiro apresentou as seguintes características em mg/dm3: P =
38,7 e K = 140; em cmolc/dm3: Ca2+ = 2,4; Mg2+ = 0,9; Al3+ = 0,0; H + Al = 2,97;
SB = 3,66; capacidade de troca catiônica (CTC) (t) = 3,66 e CTC (T) = 3,63; pH
(H2O) = 5,8; V = 55% e MO = 26,0 g/kg. As características dos fertilizantes
aplicados no plantio do pepineiro e na cobertura do feijão-vagem se encontram
na Tabela 1.
No experimento com pepino, o delineamento experimental utilizado foi em
blocos casualizados, com quatro repetições, no esquema fatorial (2 x 7), sendo
dois tipos de fertilizante orgânico (esterco bovino e húmus de minhoca
vermelha da califórnia) e sete doses de cada fertilizante. As doses dos
fertilizantes aplicadas nos vasos para o cultivo do pepineiro, com uma planta
por vaso, foram: 0; 60; 120; 240; 480; 720 e 960 g por vaso, equivalentes a: 0;
10; 20; 40; 80; 120 e 180 t/ha, sendo 100% aplicados no plantio. Após a
colheita do pepineiro, os vasos permaneceram com o substrato por seis meses
em pousio, em seguida o substrato de cada tratamento foi removido, triturado e
retornado aos vasos. Estes foram irrigados por capilaridade e, em cada vaso,
foram semeadas cinco sementes de feijão-vagem, cv. Macarrão Trepador, de
vagens cilíndricas e crescimento indeterminado.
Os vasos foram alocados em casa de vegetação tipo túnel alto, no
espaçamento de 0,5 m entre plantas e 1,0 m entre fileiras. O delineamento
experimental e os tratamentos foram os mesmos usados no ensaio anterior,
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte
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com pepino. Aos 22 dias após a semeadura, fez-se uma adubação de
cobertura, aplicando 50% das doses dos fertilizantes que foram aplicados no
ensaio anterior, nos respectivos tratamentos.
No florescimento das plantas, aos 40 dias após o plantio, fez-se uma
aplicação de molibdênio, na dose correspondente a 80 g/ha, e uma semana
após fez-se a amostragem de folhas para análise do teor de nutrientes,
coletando uma folha completamente desenvolvida (folha + pecíolo) a partir do
ápice e avaliou-se também a altura de inserção das vagens nas plantas. Foram
realizadas sete colheitas para avaliar número, comprimento e massa de
matéria fresca e seca das vagens. Ao final das colheitas, fez-se o corte das
plantas rente ao solo e avaliou-se a massa fresca e seca das plantas. Amostras
de folhas e da planta inteira foram lavadas com água destilada e colocadas
para secar em estufa com circulação de ar a 70 oC por 72 h. As amostras foram
moídas e analisadas quanto aos teores de nutrientes. Os dados obtidos foram
submetidos à análise de variância e a comparação entre médias de cultivares
foi feita com base no teste F e análise de regressão. A temperatura máxima
média no período de condução do ensaio foi de 35,07 oC e a mínima média de
16,10 oC, e não houve ocorrência de pragas e doenças.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve diferença significativa quanto aos teores foliares de N, K, Ca e
B, mas observaram-se efeitos significativos das doses de fertilizantes para os
teores de P, Mg, S, Zn, Mn e Cu. De modo geral, os teores foliares de
nutrientes, em dag/kg, variaram de 3,2 a 4,2 (N), 0,33 a 0,51 (P), 2,84 a 3,84
(K), 1,08 a 1,51 (Ca), 0,30 a 0,38 (Mg) e 0,14 a 0,22 (S). A exceção do Ca (2,5
dag/kg), os demais macronutrientes representam as concentrações críticas de
macronutrientes em folhas de feijão (FONTES, 2001). Para micronutrientes, os
teores mg/kg variam de
28,5 a 41 (Zn), 55 a 91 (Mn), 6,0 a 8,5 (Cu), 55,3 a
80,0 (B) e 111 a 136 (Fe). A exceção do Cu e B, as demais concentrações
estão abaixo do nível crítico (TRANI; RAIJ, 1996; FONTES, 2001). Baixos
níveis de alguns nutrientes como S, Fe e Zn, provavelmente, estejam
relacionados com a baixa liberação de nutrientes no cultivo orgânico, pois os
fertilizantes usados apresentavam concentrações razoáveis, especialmente de
EPAMIG. Resumos expandidos
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Fe (Tabela 1). No entanto, não ocorreu maior absorção de nutrientes pelas
plantas, quando comparado a cultivos convencionais. Contudo, esses teores
estão de acordo com aqueles obtidos por Oliveira et al. (2006).
A altura de inserção da primeira vagem, comprimento, massa fresca e
seca das vagens não apresentaram diferenças significativas entre os
tratamentos, sendo os valores médios de 39 cm, 11,1 cm, 4,86 g e 8,69%,
respectivamente. O comprimento médio das vagens foi baixo, e o teor de
matéria seca nas vagens foi considerado alto em relação ao obtido por Oliveira
et al. (2006). Esse fato provavelmente esteja ligado à diferença entre os
cultivos no vaso e no campo.
As produtividades de massa fresca e seca de vagens e de massa fresca e
seca da planta inteira tiveram resposta quadrática, em função das doses de
ambos os fertilizantes aplicados. A produção máxima de vagem foi alcançada
com 105 t/ha de esterco bovino (409,2 g) e 172 t/ha de húmus (429,5 g)
(Gráfico 1A e 1B). A máxima produção de massa fresca da planta inteira foi
520,2 g para esterco bovino e 533,3 g para húmus, ambas obtidas com 180 t/ha
de fertilizante orgânico (Gráfico 1C). A produção máxima de massa seca da
planta (96,8 g) foi obtida com 154 t/ha de esterco bovino e 180 t/ha de húmus
(105,2 g) (Gráfico 1D).
O resíduo da adubação orgânica do pepineiro com uma adubação de
cobertura foi suficiente para nutrir as plantas de feijão-vagem; entretanto, a
produtividade de vagens foi baixa, considerando duas plantas por vaso e o
espaçamento usado. A produtividade máxima no período foi superior a 8,0 t/ha.
Entretanto, pesquisas devem ser realizadas para avaliar o comportamento da
adubação orgânica do feijão-vagem em condições de campo.
CONCLUSÃO
A produção máxima de vagem foi de 409,2 e 429,5 g por vaso alcançada
com as doses de 105 t/ha de esterco bovino e 172 t/ha de húmus de minhoca.
O plantio do feijão-vagem em sucessão ao pepineiro, visando à rotação
de culturas e ao aproveitamento de resíduos orgânicos, é promissor, sendo
necessária uma adubação de cobertura, para suprimento de nutrientes.
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte
5 AGRADECIMENTO
À Fundação de Amparo à Pequisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig)
e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
pelo auxílio financeiro ao Projeto e bolsas PIBIC, BIP e PQ.
REFERÊNCIAS
FONTES, P.C.R. Diagnóstico do estado nutricional das plantas. Viçosa,
MG: UFV, 2001. 122p.
OLIVEIRA, N.G. de et al. Feijão-vagem semeado sobre cobertura viva perene
de gramínea e leguminosa e em solo mobilizado, com adubação orgânica.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.41, n.9, p.1361-1367, set. 2006.
SANTOS, G.M. et al. Características e rendimento de vagem do feijão-vagem
em função de fontes e doses de matéria orgânica. Horticultura Brasileira,
Brasília, v.19, n.1, p.30-35, mar./abr, 2001.
SANTOS, M.R. dos et al. Produção de milho-verde em resposta ao efeito
residual da adubação orgânica do quiabeiro em cultivo subseqüente. Revista
Ceres, Viçosa, MG, v.58, n.1, p.77-83, jan./fev. 2011
TRANI, P.E.; RAIJ, B. van. Hortaliças. In: RAIJ, B. van et al. Recomendações
de adubação e calagem para o estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: IAC,
1996. p.157-185. (IAC. Boletim Técnico, 100).
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EPAMIG. Resumos expandidos
Tabela 1 - Características do esterco bovino e do húmus de minhoca vermelha da Califórnia usados
na adubação de plantio do pepineiro e na adubação de cobertura do feijão-vagem,
EPAMIG Zona da Mata, Viçosa, MG - 2011
Plantio do pepineiro
Característica
Cobertura do feijão-vagem
Unidade
Esterco
Húmus
Esterco
Húmus
N
g/kg
15,7
14,8
9,9
15,1
P
g/kg
5,8
4,1
3,2
6,5
K
g/kg
12,8
8,0
3,2
14,4
Ca
g/kg
12,0
9,5
10,2
16,1
Mg
g/kg
5,4
4,7
2,6
4,9
S
g/kg
4,7
4,0
6,2
4,3
Zn
mg/kg
225
117
93
154
Fe
mg/kg
18.840
14.835
29.177
25.186
Mn
mg/kg
236
469
617
534
Cu
mg/kg
77
32
19
33
B
mg/kg
25,2
12,3
9,3
11,8
Densidade
kg/dm3
0,31
0,99
0,95
0,89
Umidade (70 oC)
%
39,7
47,4
25,42
23,4
C/N
-
6,8
8,3
8,34
5,47
pH
-
7,5
6,5
6,60
6,40
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Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte
120
Número
de vagens
Número
de vagens
Produção(gramas)
(g)
Produção
500
400
300
200
EB P Y = 250,169 + 3,02517x - 0,0143899x² R² = 0,7196
100
105
HU P Y = 272,596 + 1,82044x - 0,00527787x² R² = 0,9038
90
75
60
45
30
EB MF Y = 46,3963 + 0,737634x - 0,00309601x² R² = 0,8831
15
HU MF Y = 55,963 + 0,258342x R² = 0,8358
0
0
0
0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 10 11 12 13 14 15 16 17 18
0 0 0 0 0 0 0 0 0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 10 11 12 13 14 15 16 17 18
0 0 0 0 0 0 0 0 0
-1
de adubo
orgânico
(t ha )
DosesDoses
de adubo
orgânico
(t/ha)
-1
Doses
dedeadubo
Doses
aduboorgânico
orgânico(t/ha)
(t ha )
B
A
150
Massa
seca
(g)
Massa
seca
(gramas)
fresca
(g)mas)
MMassa
assa fresca
(gra
600
500
400
300
200
100
120
90
60
30
EB MS Y = 55,368 + 0,537338x - 0,00174309x² R² = 0,9069
EB MF Y = 266,089 + 2,77834x - 0,0075916x² R² = 0,8983
HU MS Y = 56,1687 + 0,285175x - 0,0000715541x² R² = 0,9556
0
HU MF Y = 263,613 + 1,74712x - 0,00138321x² R² = 0,9152
0
0
0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 10 11 12 13 14 15 16 17 18
0 0 0 0 0 0 0 0 0
-1
Doses
de de
adubo
orgânico
(t/ha)
Doses
adubo
orgânico
(t ha )
C
10 20 30 40 50 60 70 80 90 10 11 12 13 14 15 16 17 18
0 0 0 0 0 0 0 0 0
Doses
de adubo
orgânico
(t ha-1)
Doses
de adubo
orgânico
(t/ha)
D
Gráfico 1 - Produção de vagem e matéria da planta inteira de feijão-vagem cv. Macarrão Trepador,
cultivada em vasos, em função de doses de esterco bovino e húmus de minhoca,
EPAMIG Zona da Mata, Viçosa, MG - 2011
NOTA: Gráfico 1A - Produção de vagem. Gráfico 1B - Número médio de vagens. Gráfico 1C Produção de matéria fresca da planta inteira. Gráfico 1D - Produção de matéria seca da
planta inteira.
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