DESEMPENHO AGRONÔMICO DE LEGUMINOSAS NATIVAS (Adesmia) E EXÓTICAS (Lotus, Trifolium) SOB DIFERENTES REGIMES DE CORTE MARICE CRISTINE VENDRUSCOLO Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da UPF, para obtenção do título de Mestre em Agronomia – Área de Produção Vegetal. Passo Fundo, junho de 2003. UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA DESEMPENHO AGRONÔMICO DE LEGUMINOSAS NATIVAS (Adesmia) E EXÓTICAS (Lotus, Trifolium) SOB DIFERENTES REGIMES DE CORTE MARICE CRISTINE VENDRUSCOLO ORIENTADOR: PROFª. DRª. SIMONE MEREDITH SCHEFFER-BASSO Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da UPF, para obtenção do título de Mestre em Agronomia – Área de Produção Vegetal. Passo Fundo, junho de 2003. iii AGRADECIMENTOS À DEUS, por tudo... Muito obrigada pelas bênçãos recebidas. Á minha família: meu pai Omar Antonio, minha mãe Talita Maria, minha irmã Marta Virginia e meu irmão Mateus, por tudo... Muito obrigada pelo amor, carinho, dedicação, apoio, união, compreensão, paciência e pela oportunidade de realizar o curso superior de Agronomia e este curso de Mestrado em Agronomia. Às minhas amigas Dulce Maria Pimentel e Marivone Agazzi, pelo apoio, compreensão e amizade sincera. À Dulce e ao seu filho Luiz, pela acolhida em seu apartamento, por ocasião da realização do término deste trabalho. À professora orientadora Dra. Simone Meredith SchefferBasso, pelo apoio, confiança, incentivo, dedicação, compreensão, paciência, orientação, pelos ensinamentos, e, acima de tudo, pela amizade. Muito obrigada por tudo o que fez por mim. À coordenação do curso de Mestrado em Agronomia da FAMV-UPF, de maneira especial, ao professor Dr. Alexandre Augusto Nienow, pela compreensão, apoio e amizade. Muito obrigada! Ao Dr. Aino Victor Ávila Jacques e ao Dr. Miguel Dall’Agnol, pelas valiosas sugestões ao trabalho. À CAPES, pela concessão de bolsa. À todos os professores da FAMV-UPF, pelos seus ensinamentos e pela amizade. À professora Dileta Cecchetti, pelo auxílio na realização das análises estatísticas e pela amizade. iv Aos estagiários da professora Simone, pela ajuda nos trabalhos de campo e de laboratório e pela amizade; e aos funcionários da FAMV-UPF, Sadi, Elói, Crescêncio e Alcir, pela ajuda nos trabalhos de campo. Aos funcionários da FAMV-UPF, pelo apoio e amizade. Aos colegas e amigos, pelo apoio e amizade. Aos meus parentes, familiares e amigos, pelo apoio e pelos bons momentos que passamos juntos. À todos que de uma maneira ou de outra contribuíram para a realização deste trabalho, muito obrigada! v SUMÁRIO Página LISTA DE TABELAS............................................................................ vi LISTA DE FIGURAS............................................................................. vii RESUMO................................................................................................ 1 SUMMARY............................................................................................ 3 1 INTRODUÇÃO................................................................................... 5 2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................ 9 2.1 Adesmia DC.................................................................................. 9 2.2 Lotus L.......................................................................................... 14 2.3 Trifolium L.................................................................................... 22 3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................. 29 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................... 35 4.1 Fenologia e estatura...................................................................... 35 4.2 Estatura das leguminosas ao início dos cortes.............................. 41 4.3 Produção total de forragem........................................................... 43 4.4 Distribuição percentual da produção de forragem........................ 53 4.5 Padrão geral de alocação da massa seca na forragem................... 55 4.6 Material morto.............................................................................. 60 4.7 Padrão estacional dos componentes da forragem......................... 61 4.8 Capacidade de competição e persistência das leguminosas......... 70 5 CONCLUSÕES................................................................................... 74 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 76 vi LISTA DE TABELAS Tabela 1 Dados meteorológicos correspondentes ao período experimental e médias normais para Passo Fundo, RS................ 2 Datas dos cortes nas leguminosas, em função do regime de cortes............................................................................................. 3 Fenologia das leguminosas hibernais ao longo do período de avaliação, em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes............................................................................ 4 Produção de forragem e estatura das leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) por ocasião do primeiro corte, em função do estádio fenológico........................................................................ 5 Produção total de forragem de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes............................................................................ 6 Produção estacional de forragem de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes....................................................................... 7 Distribuição percentual da forragem total de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) cortadas em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes.................................. 8 Composição da forragem de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes............................................................................ 9 Produção de caules e folhas de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes............................................................................ 10 Produção de folhas ativas e senescentes de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes.................................................... 11 Material morto presente na forragem colhida de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes.................................................... 12 Produção total de plantas invasoras e índice de competição das leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes.................................. Página 30 34 36 42 44 46 54 56 57 58 61 71 vii LISTA DE FIGURAS Figura 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Página Detalhe da área experimental, mostrando, em primeiro plano, uma parcela de A. tristis Lages, por ocasião de um corte (novembro/00)............................................................... Detalhe de duas parcelas com A. latifolia, no estádio de florescimento.......................................................................... Estatura das leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) durante os cortes efetuados no regime Vegetativo................. Estatura das leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) durante os cortes efetuados no regime Florescimento............ Detalhe de uma parcela de T. repens no estádio de florescimento.......................................................................... Detalhe de uma parcela de L. pedunculatus........................... Detalhe dos rizomas e raízes de L. pedunculatus ao final do período experimental (outubro/01)......................................... Detalhe da área experimental, mostrando, em primeiro plano, à esquerda, A. tristis Lages, e à direita, L. corniculatus............................................................................ Produção estacional dos componentes da forragem de Adesmia latifolia Bagé, nos dois regimes de corte................. Produção estacional dos componentes da forragem de Adesmia latifolia Lages, nos dois regimes de corte................ Produção estacional dos componentes da forragem de Adesmia tristis Lages, nos dois regimes de corte................... Produção estacional dos componentes da forragem de Adesmia tristis Painel, nos dois regimes de corte................... Produção estacional dos componentes da forragem de Lotus corniculatus, nos dois regimes de corte.................................. Produção estacional dos componentes da forragem de Lotus pedunculatus, no regime Vegetativo...................................... Produção estacional dos componentes da forragem de Trifolium repens, nos dois regimes de corte........................... Detalhe de uma parcela de A. latifolia, ao final do período experimental, com visualização do retângulo metálico, utilizado na coleta das amostras............................................. 31 38 39 41 47 49 50 51 62 63 64 65 66 68 69 72 DESEMPENHO AGRONÔMICO DE LEGUMINOSAS NATIVAS (Adesmia) E EXÓTICAS (Lotus, Trifolium ) SOB DIFERENTES REGIMES DE CORTE Marice Cristine Vendruscolo; Simone Meredith Scheffer-Basso RESUMO O manejo de espécies forrageiras requer um entendimento de sua resposta à desfolhação. Este trabalho teve como objetivo comparar o desempenho produtivo, fenologia e persistência de leguminosas nativas (Adesmia latifolia, A. tristis) e exóticas (Lotus corniculatus, L. pedunculatus e Trifolium repens), em função do estádio de desenvolvimento das plantas quando foi realizado o primeiro corte (vegetativo, EV e florescimento, EF). As leguminosas foram estabelecidas em monocultura, no campo, e avaliadas entre maio/2000 a setembro/2001, em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. A. latifolia e T. repens foram cortados a 4 cm acima do nível do solo e A. tristis, L. corniculatus e L. pedunculatus a 8 cm. Foram realizados nove cortes no manejo EV e sete no EF. O regime de cortes teve efeito na produção de T. repens (EV= 9 t MS/ha, EF= 7 t MS/ha) e A. tristis (EV= 4 t MS/ha, EF= 8 t MS/ha). L. corniculatus produziu cerca de 15 t MS/ha e A. latifolia 2-3 t MS/ha, independente do manejo. O L. pedunculatus não floresceu, produzindo 7 t MS/ha. Em Lotus sp., a forragem produzida na primavera apresentou maior proporção de folhas, sendo que no verão houve maior proporção de caules; no trevo-branco, houve maior quantidade de folhas senescentes no verão, 2 em relação à primavera. As espécies nativas mostraram pouca persistência, com a morte de plantas (A. tristis) ou de estolões (A. latifolia) no final da estação de crescimento. Possíveis alternativas para aumentar a persistência dessas espécies incluem a ressemeadura natural (A. latifolia) e a redução da freqüência dos cortes (A. tristis). Palavras-chave: cornichão, persistência, produção de forragem, trevo-branco 3 AGRONOMIC PERFORMANCE OF NATIVE LEGUMES (Adesmia) AND EXOTIC (Lotus, Trifolium) UNDER DIFFERENT CUTTING REGIME Marice Cristine Vendruscolo; Simone Meredith Scheffer-Basso SUMMARY The management of forage species requires an understanding of their response to defoliation. This study had the purpose to compare the productive performance, phenology and persistence of native legumes (Adesmia latifolia, A. tristis) to exotic legumes (Lotus corniculatus, L. pedunculatus, Trifolium repens) considering the stage of plant development at time of the first cut was performed (VS= vegetative, FS= flowering). The legumes were established as monoculture in the field and evaluated from May/2000 to September/2001, in Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brazil. A. latifolia and T. repens were cut at 4 cm above ground level and A. tristis, L. corniculatus and L. pedunculatus, 8 cm. Nine cuts were performed at the VS and seven at the FS stage. The cutting regime affected the production of T. repens (VS= 9 ton DM/ha, FS= 7 ton DM/ha) and A. tristis (VS= 4 ton DM/ha, FS= 8 ton DM/ha). L. corniculatus produced about 15 ton DM/ha and A. latifolia, 2-3 ton DM/ha, independent of the management. There was no flowering in the L. pedunculatus, which produced 7 ton DM/ha at the VS. For Lotus species the forage produced in spring presented higher proportion of leaves, while in the summer the stem proportion was higher; in T. repens there was a 4 higher amount of senescent leaves in the summer in relation to spring. The native species showed low persistence with the deaths of plants (A. tristis) and stolons (A. latifolia) at the end of the growing season. Possible alternatives to improve the persistence of these species include the natural reseeding (A. latifolia) and the reduction of the cut frequency (A. tristis). Key-words: birdsfoot trefoil, forage production, persistence, white clover 5 1 INTRODUÇÃO O Brasil é um país que possui vasta extensão territorial e um clima privilegiado para o crescimento de plantas herbáceas, cujas condições são excelentes para um bom desenvolvimento da pecuária. A formação de boas pastagens assume real importância, tornando-se a melhor opção para a alimentação do rebanho Nacional, pois, além de se constituir no alimento mais barato disponível, se bem manejada, oferece todos os nutrientes necessários para um bom desempenho dos animais. O animal é uma máquina de transformação e a forragem é a matéria-prima. O resultado final, a precocidade, a qualidade e a performance dos animais dependem muito da matériaprima. O principal suporte alimentar da pecuária no Estado do Rio Grande do Sul é a vegetação dos campos naturais, que atualmente ocupa 10,5 milhões de hectares, o que perfaz 37% da cobertura vegetal do Estado (IBGE, 1996). Miotto (1994), num estudo sobre os gêneros de leguminosas ocorrentes no Sul do Brasil, encontrou 683 espécies nativas, presentes nos mais diferentes tipos de vegetação e de ambientes. De acordo com Silveira et al. (2002), a busca de espécies perenes nativas, de crescimento hibernal, para utilização como planta forrageira cultivada, pode ser uma alternativa para solucionar a falta de forragem no inverno na região sul do Brasil. Além disso, Olmos & Sosa (2002), trabalhando com cornichão, evidenciaram a importância da manutenção da produtividade das espécies nativas para permitir a atenuação dos freqüentes impactos produtividade das espécies introduzidas. climáticos negativos na 6 As leguminosas são importantes nos sistemas produtivos, devido à sua capacidade de fixar nitrogênio atmosférico por meio da simbiose com bactérias fixadoras. Nas regiões pastoris do subtrópico, as leguminosas forrageiras permitem incrementar a produção e o valor nutritivo das pastagens de forma sustentável. Das 17.250 espécies de leguminosas, só umas poucas se encontram em uso comercial como forrageiras, mas potencialmente há muitas. Normalmente se dividem em temperadas ou tropicais e a classificação como subtropicais não é freqüente na literatura, já que o subtrópico é uma região menor na escala mundial (Real, 2002). A habilidade das leguminosas em fixar nitrogênio confere uma vantagem competitiva sobre outras plantas em solos com baixo suprimento de nitrogênio (Mannetje et al., 1980), e o seu uso, isolado ou em associação com gramíneas, é altamente desejável para se alcançar um melhor desempenho animal. Se a fixação simbiótica de N for eficiente, a economia com uso de fertilizantes se torna extremamente vantajosa ao produtor. Por isso, a necessidade de um bom estabelecimento da leguminosa torna-se economicamente muito importante para a agricultura, assim como uma boa nodulação trará conseqüências de uma maior produção de matéria seca, maior qualidade da forragem e melhoria da fertilidade do solo. Em sistemas menos intensivos, a utilização de leguminosas forrageiras tem refletido de forma decisiva no incremento da produtividade, tanto em pastagens naturais como em cultivadas. Esse aumento passa pela capacidade de fixação simbiótica de nitrogênio e pela sua reciclagem, bem como pela melhoria da dieta animal (Barcelos & Vilela, 1994). A importância de leguminosas forrageiras para sistemas de 7 produção tem sido ressaltada há muito tempo. No Rio Grande do Sul, há predomínio de utilização de leguminosas temperadas cultivadas e um razoável conhecimento sobre essas espécies, especialmente as pertencentes aos gêneros Trifolium e Lotus, assim como em relação à alfafa (Medicago sativa L.). Em relação às espécies nativas, observase que os esforços para obtenção de maior conhecimento das pastagens naturais e de suas espécies componentes foram acelerados a partir de 1961, quando se desenvolveu o projeto S3-Cr-11 ‘Estudos da Pastagem Nativa do Rio Grande do Sul’ (Dall’Agnol et al., 2002). Na Argentina, segundo Goldfarb e Altuve (2002), o conhecimento atual sobre leguminosas forrageiras para esse país deriva das atividades de introdução, recoleção e avaliação em campos experimentais e de produtores. As principais limitações encontradas em todos os casos estudados estiveram relacionadas com o estabelecimento e a persistência das espécies. Ensaios realizados em campos de produtores mostraram uma tendência similar. Em muitos casos houve problemas no estabelecimento e em outros, no primeiro ano, a contribuição das leguminosas foi mínima. Em todas as pastagens implantadas com leguminosas a produção animal foi maior que naquelas sem leguminosas, apesar de sua baixa persistência. No entanto, a superfície implantada com leguminosas em campo natural, associações e bancos de proteína em nível dos sistemas de produção, é pouco significante. O germoplasma atualmente disponível é escasso e foi selecionado essencialmente para sistemas forrageiros. De acordo com Garcia (1992), em nível de produtor, os problemas de diminuição das leguminosas como resultado de manejos incorretos são muito acentuados, pois na prática, o manejo do pastoreio se realiza mais em função dos animais que dos 8 requerimentos da pastagem. As leguminosas forrageiras são usadas em mesclas com gramíneas e outras espécies de leguminosas, e estão, portanto, sujeitas à competição. A isto, deve-se levar em conta o fato de que em uma pastagem, normalmente aparecem espécies não desejadas, dicotiledôneas ou gramíneas agressivas. No sul do Brasil, a introdução de leguminosas exóticas em campos nativos requer a correção da acidez e da fertilidade do solo, elevando os custos de estabelecimento, sendo que em sobressemeadura é aplicada somente de 1/3 a 1/4 da dose de calcário recomendada. Entre as principais espécies estão o cornichão (Lotus corniculatus L.) e o trevo-branco (Trifolium repens L.). Por outro lado, as leguminosas nativas de estação fria, que são adaptadas a essas condições naturais de clima e solo são pouco estudadas, permanecendo o seu comportamento morfofisiológico desconhecido, com exceção das espécies do gênero Adesmia DC., que estão sendo bastante pesquisadas. Este trabalho teve como objetivo geral avaliar o desempenho de leguminosas hibernais perenes, com o fim de verificar a adaptação e caracterizar a produção de forragem, em função de estádios fenológicos distintos por ocasião do início das desfolhações. Por outro lado, os principais objetivos específicos foram a comparação entre Adesmia latifolia (Spreng.) Vog. e trevo-branco, ambas estoloníferas, e entre Adesmia tristis (Vog.) e cornichão cv. São Gabriel, de hábito ereto. Além disso, o trabalho teve como objetivo específico avaliar o comportamento de Lotus pedunculatus Cav. cv. Maku, na região do Planalto Médio, em virtude das escassas informações agronômicas sobre essa espécie nessa região. O presente trabalho apresenta-se como uma continuação do 9 estudo de Scheffer-Basso (1999), que avaliou as mesmas espécies, com exceção do trevo-branco, em condições de casa-de-vegetação. As informações obtidas no campo são fundamentais para a continuidade das pesquisas com as espécies acima relatadas. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Adesmia DC. Adesmia latifolia (Spreng.) Vog. Adesmia tristis Vog. Adesmia é um gênero exclusivamente sul-americano, com cerca de 230 espécies. No Brasil, ocorrem 17 espécies, sendo que 13 delas têm ocorrência no Rio Grande do Sul. A. tristis é considerada uma possível espécie forrageira, enquanto Adesmia araujoi e A. latifolia são tidas como ótimas forrageiras (Miotto e Leitão Filho, 1993). Coelho e Battistin (1998) obtiveram dados que indicam que as plantas do gênero Adesmia são meioticamente estáveis e potencialmente férteis, aparentemente sem problemas para uso em programas de seleção, cruzamentos e produção de sementes viáveis. Tedesco et al. (2000), ao estudarem o modo de reprodução em 15 espécies de Adesmia, concluíram que se reproduzem principalmente por polinização cruzada (alogamia), sendo sugerida a existência de um mecanismo de autoincompatibilidade. Para A. latifolia, Tedesco et al. (1998) obtiveram resultados que demonstraram que a espécie pode se reproduzir por polinização cruzada (alogamia) e por autopolinização (autogamia). 10 Miotto e Leitão Filho (1993) relataram que A. latifolia tem ampla distribuição no Rio Grande do Sul, no sul de Santa Catarina, Argentina (Províncias de Corrientes e Entre Rios) e Uruguai. É a única espécie citada para o Brasil que ocorre em banhados e campos alagadiços. Além disso, é a espécie que apresenta folhas maiores, sendo facilmente reconhecível por esta característica, além de seu hábito rasteiro, estolonífero. É hiberno-primaveril, isto é, começa a vegetar no outono, permanecendo verde durante os meses de inverno e iniciando sua floração em outubro, a qual pode se estender até abril. Pode formar grandes manchas, pelo acentuado desenvolvimento de seus estolões e pelo volume de sua folhagem, ocupando áreas mais ou menos extensas. A. tristis é a espécie que tem, junto com Adesmia ciliata, a maior área de ocorrência no Brasil. Ambas têm um padrão de distribuição extremamente semelhante, ocorrendo desde o sudoeste e centro do Rio Grande do Sul, sendo bem representadas no Estado de Santa Catarina e atingindo o sudeste do Paraná. Essa espécie tem o hábito subarbustivo, alcançando até 1,50 m de estatura, com caules decumbentes a eretos, muito ramificados. Durante o verão fica com a parte aérea reduzida aos caules e ramos, perdendo quase que completamente suas folhas que começam a reaparecer no outono, em grande quantidade. O começo do período vegetativo é no outono, atravessando os meses de inverno com a parte aérea verde e apresentando o florescimento e a frutificação nos meses de dezembro e janeiro (Miotto e Leitão Filho, 1993). Os estudos têm se intensificado com as espécies de Adesmia, especialmente A. latifolia e A. tristis. A primeira, por ser estolonífera, e a outra, por ser subarbustiva, o que pressupõe acumular maior 11 quantidade de forragem em relação às espécies herbáceas do mesmo gênero. No entanto, para a última, esse acúmulo de forragem significa, para uma planta de seu hábito, maior conteúdo de fibras, pelo aumento relativo dos caules. Scheffer-Basso et al. (2001a) verificaram, na espécie, valores entre 7,34% e 12,22% de proteína bruta (PB) nos caules, com uma digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO) entre 34,85% e 44,73% na mesma fração. Isso sugere a necessidade de um manejo que permita maior quantidade relativa de folhas, que apresentam no mesmo trabalho citado anteriormente, elevados teores de PB (27,72%) e de DIVMO (75,05%). A. tristis forma uma coroa lignificada, apresentando um maior potencial de formação de gemas, tanto basilares como superiores, em relação à A. latifolia, cujas gemas são principalmente basilares, localizadas nos nós dos estolões. Essa última demonstra um padrão cíclico de formação de gemas, indicando a importância de práticas de manejo que promovam a renovação do estande através da emissão de novos estolões. (Scheffer-Basso et al., 2000). Em trabalho de Bellaver et al. (1998), em casa-de-vegetação, comparando o desenvolvimento inicial de A. latifolia e A. tristis, a última apresentou peso seco de parte aérea significativamente semelhante à A. latifolia nas primeiras semanas de desenvolvimento. Isso se deveu ao fato de A. tristis apresentar o maior número de folhas. No entanto, com o aumento do crescimento, A. latifolia foi superior, devido ao maior tamanho das folhas. No estudo de Scheffer-Basso et al. (2001a), também em casa-de-vegetação, a disponibilidade de forragem foi de 276 g MS/m2 para A. latifolia e de 201 g MS/m2 para A. tristis. Num dos poucos trabalhos sobre o efeito de manejo de cortes 12 em A. tristis, Rosa (1998) verificou que, à medida em que se aumentava a altura de corte, de 10 para 15 cm, a produção de massa seca era aumentada, assim como quando era aumentado o intervalo entre os cortes, de três para sete semanas. A persistência aumentou com o aumento da altura de corte, independente do intervalo entre os cortes. Com A. latifolia, Dutra et al. (1998), avaliando três épocas (abril, maio e junho) e quatro densidades de semeadura (1, 2, 4, 6 kg/ha) em campo nativo, observaram que a semeadura realizada em junho proporcionou maior produção de matéria seca (3.655 kg/ha), seguindo-se as épocas de maio (1.770 kg/ha) e abril (1.416 kg/ha). A ocorrência de estiagens prolongadas, coincidentes com as duas primeiras épocas (abril e maio) prejudicou drasticamente a resposta. A produção de matéria seca respondeu linearmente aos acréscimos nas densidades de semeadura até 6 kg/ha. Os autores concluíram que a introdução dessa espécie, como melhoradora de campo nativo, mostrou ser uma prática viável para a região de Pelotas. Pelos resultados de Aguinaga et al. (2002), essa espécie pode se estabelecer bem em sobressemeadura, uma vez que os melhores resultados em germinação foram a profundidades entre 0 e 1 cm. Em outro trabalho de introdução dessa espécie em campo nativo, Menezes et al. (1999), obtiveram entre 110 e 201 kg MS/ha, dependendo do intervalo entre cortes. Foi verificado um maior desaparecimento da mesma no início do verão, atribuído à baixa precipitação e à competição com as espécies nativas. Em A. latifolia, os estudos anatômicos de Carneiro e Rodella (2002) revelaram a presença de tecidos pouco lignificados, refletindo uma elevada degradabilidade, confirmada entre 69,40% (pecíolo) e 13 97,90% (limbo foliar). Os teores de taninos condensados foram de 0,38%, não sendo suficientemente altos para serem considerados prejudiciais à digestibilidade (2% a 4%). No trabalho de SchefferBasso et al. (2001a), foram observados teores de proteína bruta de até 23,47% nas folhas e digestibilidade in vitro da matéria orgânica de 72,28%. Scheffer-Basso et al. (2001b) avaliaram, ao final de 65 dias, em casa-de-vegetação, o comprimento e volume de raízes, o número e o peso de nódulos, o acúmulo de matéria seca e a fixação biológica de nitrogênio em plantas de A. latifolia e L. corniculatus. A primeira destacou-se pelo maior número de nódulos (126/vaso) e peso total de nódulos (82,22 mg MS/vaso) em relação ao cornichão, com 82 nódulos/vaso e 20,25 mg MS/vaso. A fixação biológica de nitrogênio foi mais efetiva em A. latifolia, cujas plantas inoculadas produziram, em média, 37% de matéria seca em relação às plantas supridas com nitrogênio mineral, sendo que no cornichão, esse percentual foi de apenas 15%. A quantidade de nitrogênio fixado simbioticamente foi de 43,12 mg N/vaso em Adesmia e de 9,92 mg N/vaso em cornichão. Concluíram que, mediante a resposta positiva à aplicação de nitrogênio mineral, as leguminosas avaliadas merecem trabalhos de seleção de estirpes de rizóbio mais efetivas. Scheffer-Basso et al. (2002b), ao avaliarem o desempenho de A. latifolia em mistura com festuca (Festuca arundinacea Schreb.), concluíram que a espécie apresenta limitações no estabelecimento em solos bem drenados, devendo ser analisada a possibilidade de cultivo restrito a áreas baixas, sem limitação de umidade ou sobre pastagens já estabelecidas. 14 2.2 Lotus L. Lotus corniculatus L. Lotus pedunculatus Cav. O gênero Lotus contém espécies anuais e perenes, adaptadas a uma ampla gama de ambientes. O cornichão (L. corniculatus L.) é cultivado e já pode ser considerado naturalizado em algumas áreas, como já ocorre com o L. pedunculatus Cav. (sin.: L. uliginosus Schk.; L. major Scop. Sm.) na Argentina (Arambarri, 1999). Das espécies de Lotus utilizadas como plantas forrageiras, essas são as mais importantes. As espécies de Lotus são reconhecidamente de difícil estabelecimento, com pobre vigor de plântulas, o que é freqüentemente associado com o pequeno tamanho de folhas. Os lotes de sementes freqüentemente contêm muitas sementes duras e a escarificação pode ser necessária para assegurar rápida germinação. Normalmente, suas espécies possuem especificidade quanto a Rhizobium, para uma efetiva nodulação (Blumenthal e McGraw, 1999). Uma das características das plantas desse gênero é a presença de taninos no conteúdo celular e a baixa solubilidade das proteínas foliares em água, inibindo a formação de espuma estável e, evitando, portanto, o timpanismo (Langer, s.d.). O cornichão é resistente à seca, palatável e pode ser utilizado como feno, pastagem ou silagem. Já o L. pedunculatus é limitado a regiões com temperaturas hibernais médias, possui hábito rizomatoso e estolonífero e se adapta melhor que o cornichão a solos ácidos e mal drenados (Allen e Allen, 1981). O primeiro se apresenta bastante difundido no Rio Grande do Sul, onde as pastagens naturais paralisam 15 o crescimento no inverno (Araújo e Jacques, 1974) e sua popularidade está alicerçada no seu alto valor nutritivo e na sua pouca exigência quanto às condições do solo (Lopez et al., 1970). O manejo do cornichão e do L. pedunculatus é similar, com exceção de que os mecanismos de rebrote do último são menos eficientes (Carámbula et al., 1994). No entanto, L. pedunculatus tem seu valor atrelado à sua excelente capacidade colonizadora, através da habilidade de propagar-se vegetativamente, ao passo que o cornichão depende de um eficiente processo de sementação. O cornichão possui características incomuns quando comparado à maioria das leguminosas forrageiras, como: pronta formação de gemas adventícias de raízes quando a coroa é removida, não causa timpanismo e não parece acumular nitratos (Smith, 1966). Nos Estados Unidos, onde a alfafa é uma das principais forrageiras cultivadas, o cornichão foi considerado como uma das espécies com maior potencial para substituí-la, em sistemas de pastejo, principalmente, por ser mais produtivo em solos inférteis, imperfeitamente drenados e por tolerar pH mais baixo (Seaney e Henson, 1970). Para Formoso (1993), o emprego do cornichão aumentou consideravelmente devido a características como: ampla adaptação às variadas condições de solo, ausência de risco de timpanismo, menor requerimento de fósforo em relação ao trevobranco e ao trevo-vermelho e ao seu bom valor nutritivo. As diferenças entre alfafa e cornichão, quanto ao desenvolvimento morfológico, foram detalhadas por Nelson e Smith (1968), com o objetivo de estabelecer técnicas de manejo para o cornichão. Nesses estudos, os autores verificaram que o aumento de matéria seca dessa leguminosa foi dependente, primariamente, da 16 produção da parte aérea, enquanto a alfafa (cv. Vernal) apresentou, também, aumento no peso das raízes e das coroas. O cornichão rebrotou, basicamente, de gemas axilares localizadas nos nós superiores das hastes remanescentes após o corte, e apresentou uma incessante ramificação, mesmo após ter iniciado o florescimento, caracterizando um hábito de crescimento indeterminado. Em outro estudo, Smith (1962) demonstrou que, em contraste com o trevo-vermelho e a alfafa, o cornichão produziu somente um crescimento da coroa, quando não cortado. Após sua expansão vegetativa inicial, na primavera, foi mais dependente de carboidratos sintetizados na parte aérea do que aqueles acumulados nas raízes. Isso explica, em parte, porque essa espécie deve ser mantida com alguma área foliar fotossintética quando cortada ou pastejada. Seu rebrote é dependente de gemas axilares mantidas após as desfolhações. Nelson e Smith (1968) também enfatizaram esse aspecto, verificando uma falta de formação de gemas nas partes inferiores dos caules, devido ao crescimento muito ativo de gemas axilares superiores. Além disso, como há uma contínua ramificação vegetativa, mesmo após ter iniciado o processo de florescimento, os níveis de reservas orgânicas são baixos. O cv. São Gabriel, “desenvolvido” a partir de introdução na Estação Experimental de mesmo nome, segundo Caroso et al. (1981), apresenta rápido crescimento inicial, boa produtividade e qualidade, longo ciclo vegetativo e boa ressemeadura natural. O padrão estacional de crescimento de forragem desse cultivar é quantitativamente similar ao descrito por outros autores para variedades de folha larga, porte ereto ou semiereto, floração precoce e correspondente ao tipo europeu (Formoso, 1993). 17 No Uruguai, os cultivares São Gabriel e Ganador são muito cultivados, sendo que sua persistência depende, em boa medida, da perenidade da planta, embora a ressemeadura natural seja importante, apesar de errática (Garcia, 1992). Já para Beuselinck e McGraw (1988), a persistência de estandes de cornichão é dependente da ressemeadura natural. Inicialmente, o manejo do cornichão, no Brasil, foi baseado principalmente nas pesquisas realizadas no norte dos Estados Unidos, descritas por Alison e Hoveland (1989b). Em seu trabalho, esses autores observaram que a produção de cornichão foi reduzida entre 17% e 26% quando o intervalo de cortes dos dois anos anteriores foi de 21 dias em vez de 42 dias, sendo que uma maior altura de corte reduziu as flutuações nas reservas de carboidratos durante o rebrote (Alison e Hoveland, 1989a). Com base nos trabalhos de Smith (1962) e Nelson e Smith (1968), cujos resultados apontaram as baixas reservas de carboidratos não estruturais no cornichão durante a estação de crescimento, as práticas de manejo recomendadas são que as desfolhações podem ser freqüentes, desde que não sejam de forma intensa, ou seja, a baixas alturas. Com tal manejo é possível deixar uma determinada área foliar, capaz de promover um adequado rebrote. Numa referência a tais resultados, Bosworth e Stringer (2003) recomendam que no ano do estabelecimento, o primeiro corte do cornichão deve ocorrer no estádio de florescimento pleno. No caso de estandes já estabelecidos, o primeiro corte deve ocorrer no início de florescimento, com seqüência de cortes a cada seis semanas de intervalo. McGraw e Marten (1986), ao cortarem cornichão no estádio de florescimento pleno, obtiveram cerca de 7 t MS/ha, verificando que 18 a curva de acúmulo total de forragem acompanhou a curva da fração caule. A importância dessa fração na composição da forragem da espécie foi relatada por Scheffer-Basso et al. (2002a), num estudo que mostrou a correlação positiva entre tais variáveis. No Brasil, Araújo e Jacques (1974), trabalhando com o cv. São Gabriel, observaram que cortes feitos em estádios de crescimento mais avançados promoveram uma maior produção de matéria seca, bem como houve benefício com alturas de corte de 6 cm em relação a 3 cm, à semelhança do que foi observado por Nelson & Smith (1968) com o cv. Empire. Os autores indicaram a necessidade de preservar as gemas axilares, no cv. São Gabriel, para promover um rebrote mais rápido, embora esse cultivar tenha apresentado crescimento constante de hastes da coroa. De acordo com Ayala et al. (1998), o cornichão é sensível a manejos intensos e freqüentes, assim como a desfolhações tardias no outono, o que se manifesta através de diminuições do estande, vigor de plantas e sobrevivência invernal, entre outras. Em seu trabalho, no Uruguai, comparando alturas (2, 6 e 10 cm) e freqüência de corte (20 e 40 dias de intervalo) no cv. Goldie (hábito semi-ereto), os autores verificaram que a morte de plantas no inverno se situou em torno de 11% no tratamento que teve maior freqüência de corte (até junho), em relação ao tratamento com cortes menos freqüentes (até abril), que mostrou diminuição de 6%. A formação de novas hastes laterais no começo da primavera foi maior para o tratamento com descanso de outono. Com freqüência de 40 dias, aumentaram o número de hastes laterais por metro quadrado, hastes laterais da planta e massa de coroa da planta. A intensidade de desfolhação foi a variável que mais afetou a sobrevivência da população e o vigor de plantas. 19 No Uruguai, Formoso (1993) relatou que a produção do cornichão é maximizada através de um sistema de manejo rotativo que permita o acúmulo de forragem antes do corte. Com o cv. São Gabriel, a diminuição da freqüência de corte, obtida pelo corte das plantas, quando alcançassem 24 cm ao invés de 12 cm, aumentou a produção de forragem acumulada em dois anos em 207% ou em 69% em um ano. Nesse trabalho foram obtidos rendimentos anuais de 4.130 a 10.008 kg de MS/ha, com um crescimento máximo de 74,4 kg de MS/ha/dia para a primavera do segundo ano. Foi constatado que com o aumento da idade do cultivo, a produção de forragem se concentrou cada vez mais na primavera-verão. Olmos (2001) relatou produções similares de cornichão (11.800 kg MS/ha) e trevo-branco (11.600 kg MS/ha), no Uruguai, com a diferença de que o primeiro tem melhor desempenho no verão. Em Santa Catarina, Flaresso e Almeida (1992) obtiveram 4.043 kg MS/ha de cornichão. Além do potencial forrageiro, Formoso e Allegri (1982) constataram, num ensaio de comparação de misturas, que aquelas que continham o cornichão apresentaram a menor proporção de plantas daninhas e maior estabilidade de produção. Também trabalhando com misturas, Scheffer-Basso et al. (2002b) obtiveram 13.663 kg MS/ha de uma mistura de cornichão e festuca, na qual a leguminosa contribuiu com 86% na mistura, no outono-inverno, e com produção de 3.500 kg MS/ha na primavera. O L. pedunculatus é uma leguminosa perene, com uma coroa bem desenvolvida, possuindo rizomas e estolões. Seu sistema radicular é superficial, constituído por raízes fibrosas e finas, sendo a espécie de Lotus mais amplamente distribuída em locais úmidos e 20 pantanosos (Langer, s.d.). Essa espécie tem demonstrado ter muito boa adaptação às condições ecológicas do Uruguai, integrando-se à vegetação nativa com sucesso. As observações e estudos realizados mostram sua alta capacidade produtiva, com uma importante contribuição hibernal, o que o converte em material promissor para esse país (Carámbula et al., 1994). O cv. Maku de L. pedunculatus foi desenvolvido a partir de materiais originários da Nova Zelândia e Portugal, apresentando plântulas mais vigorosas e uma produção anual maior que o cornichão. As plantas possuem um sistema subterrâneo extenso, que consiste em uma coroa primária central e uma raiz pivotante à que se agrega uma importante rede de rizomas, estolões e raízes fibrosas. Tem rebrote lento e responde melhor a pastoreios rotativos ou contínuos pouco intensos, admitindo, em geral, pastoreios severos somente em verões úmidos ou em situações de muito baixa competição (Carámbula et al., 1994). Um dos primeiros estudos sobre a morfofisiologia e a resposta ao corte com esse cultivar, foi realizado por Sheat (1980ab), na Nova Zelândia. Com cortes intensos e pouco freqüentes, o crescimento do dossel foi dominado por hastes dos rizomas e a quantidade de fragmentos de hastes e restos de material morto diminuíram. Sheat (1980a) observou que os rizomas foram, também, o principal local para a iniciação dos brotos, e, portanto, determinaram o hábito de crescimento das plantas. As produções obtidas, foram entre 8 e 11 t MS/ha num intervalo de oito meses, sendo que, com cortes iniciados no estádio reprodutivo, foi obtida a maior produção de forragem (Sheat, 1980b). Com base em tais resultados, Carámbula et al. (1994) 21 recomendaram cortes a 5-7 cm e especial cuidado no verão-outono, época em que a espécie produz os novos rizomas, através de intervalos mais longos. Esses autores relataram produção máxima do cv. Maku, em sobressemeadura, de 1.373 kg MS/ha no primeiro ano, com 7% de florescimento. De acordo com Bemhaja e Risso (1998), as características morfológicas e fisiológicas do cv. Maku permitem um bom estabelecimento, produção e persistência. A persistência é através de mecanismos vegetativos, já que a floração e produção de sementes é uma limitante desse cultivar no Uruguai. Os autores obtiveram aumentos da ordem de até 100% na produção de um campo nativo através da introdução dessa espécie, que se mostrou bem adaptada ao pastejo de ovinos e bovinos, permitindo uma melhor oferta de forragem em quantidade, qualidade e distribuição. No Brasil, também há dificuldade de adaptação desse cultivar, por apresentar escasso florescimento, como foi constatado por Scheffer-Basso et al. (2000), em condições de casa-de-vegetação e por Scheffer-Basso et al. (2002b), no campo. No entender de Paim e Riboldi (1991), é necessário um grande esforço para adaptação e seleção de material mais adequado às condições do Rio Grande do Sul, onde seu uso tem sido restringido pelo lento estabelecimento e pela baixa produção e difícil colheita de sementes. Tal característica parece estar aliada ao esparso ou, até mesmo, à ausência de florescimento no ano de estabelecimento. Monteiro (1981), na região da Depressão Central do Rio Grande do Sul, observou florescimento tardio do cv. Maku, apenas aos 233 dias após a semeadura. Já, Oliveira e Paim (1990) constataram maior precocidade (florescimento aos 188 dias) em material previamente 22 selecionado em Lages, SC, indicando uma resposta à seleção. Num estudo de avaliação de misturas de leguminosas com festuca, Scheffer-Basso et al. (2002b) obtiveram 1.400 kg MS/ha do cv. Maku no outono e 760 kg MS/ha no inverno. No Uruguai, Olmos (2001) relatou produções de 6.133 kg Ms/ha desse cultivar, em semeadura sobre campo nativo. Em Santa Catarina, no Alto Vale do Itajaí, Flaresso e Almeida (1992) obtiveram 2.828 kg MS/ha de forragem desse cultivar. 2.3 Trifolium L. Trifolium repens L. As espécies do gênero Trifolium, que constituem os trevos verdadeiros, produzem forragem no período em que as pastagens naturais do sul do Brasil estão com seu desenvolvimento diminuído. Além disso, contribuem decisivamente para o melhoramento da fertilidade dos campos, uma vez que fixam grande quantidade de nitrogênio através de seus nódulos radiculares (Moraes et al., 1989). No Rio Grande do Sul, o trevo-branco é uma das espécies de leguminosas mais usadas em pastagens consorciadas, para utilização direta em pastejo, durante o inverno e a primavera. Nas regiões mais frias e com boa distribuição de chuvas, vegeta o ano inteiro. Em regiões mais quentes e sujeitas a estiagens, tem o seu período de produção reduzido e, em situações extremas, apresenta o comportamento de espécie anual, de ressemeadura natural (Paim e Riboldi, 1994). Quanto à adaptação, a temperatura ótima para seu crescimento é de aproximadamente 24°C (Hart, 1987). Essa variável pode ter uma 23 influência diferenciada se os pontos de crescimento estão em estádio vegetativo ou reprodutivo. No seu trabalho, o autor verificou que a formação de flores, no trevo do tipo Ladino, aumentou com altas temperaturas (25 a 30ºC) e isto, juntamente com a diminuição da formação de ramificações, contribuiu para uma diminuição da área foliar. O crescimento de trevo-branco é mínimo durante o verão, devido à falta de tolerância à seca. A ausência de um vigoroso e perene sistema radicular é geralmente apontada como a causa para a falta de tolerância à seca e persistência de trevo-branco (Pederson, 1989). Segundo Beinhart (1963), o trevo-branco cresce mais rapidamente durante a primavera e o outono, quando moderadas temperaturas prevalecem. Em seu trabalho foi observado que a produção de folhas foi afetada pela temperatura, mas não pela intensidade luminosa. Por outro lado, sob elevada intensidade luminosa houve um aumento do número de ramificações, o que ocorreu na primavera e no outono. Em contraste, as ramificações diminuíram durante o verão. Esse resultado pode explicar, em parte, o menor desempenho do trevo-branco, nessa estação (700 kg MS/ha), quando comparado com o outono (2.550 kg MS/ha), inverno (2.550 kg MS/ha) e primavera (5.800 kg MS/ha), relatado por Olmos (2001), no Uruguai. Devido ao hábito estolonífero do trevo-branco e a ausência de uma coroa, o entendimento da dinâmica de formação dos estolões é fundamental para o estabelecimento do manejo da espécie e para a seleção de cultivares. De acordo com Garcia (1992), inicialmente a planta do trevo- 24 branco desenvolve uma raiz pivotante, que, porém, dura muito pouco, no máximo um ano. Posteriormente, seu crescimento e sobrevivência dependem de uma eficiente renovação de estolões e raízes, já que a maioria dos órgãos do trevo-branco são de vida curta. O estolão é a unidade estrutural básica da planta e contém os primórdios radiculares que, se a umidade é adequada, desenvolvem raízes adventícias, que se localizam nos primeiros 10 a 15 cm do solo. Segundo Caradus & Chapman (1991) a persistência do trevobranco em regiões temperadas depende do contínuo crescimento dos estolões, especialmente dos estolões secundários. Anteriormente, Beinhart (1963) já havia evidenciado que o número de estolões é a característica mais importante na persistência do trevo-branco e que essa persistência desempenha um papel importante na produção de forragem. Todavia, parece haver uma correlação negativa entre a persistência e a produção de forragem, conforme observado por Caradus e Chapman (1991), com maior persistência para genótipos que possuem elevado número de estolões e, conseqüentemente, um baixo índice de colheita, comparado com genótipos não-persistentes. Nos estudos de Hay (1983) sobre a variação estacional na distribuição de estolões de trevo-branco, ficou evidente a existência de uma grande população de estolões enterrados, em todas as épocas do ano, principalmente, desde o fim do outono até o início da primavera. Com 85% a 99% do total dos estolões abaixo da superfície do solo, é obviamente essencial, para a sobrevivência do trevo-branco, que ele tenha a habilidade de estabelecer pontos de crescimento sobre a superfície do solo outra vez. Para Nassiri e Elgersma (1998), o intervalo de desfolhação é o 25 principal fator a mostrar as diferenças de produção entre cultivares de trevo-branco. Os trevos do tipo Ladino são beneficiados por cortes menos freqüentes e o contrário se observa com trevo-branco de folhas pequenas. Elgersma e Schlepers (1997), ao compararem diferentes freqüências de corte, promovidas por inícios de desfolhação em duas situações de acúmulo de forragem do trevo-branco em mistura com gramínea (2.000 kg MS/ha x 1.200 kg MS/ha), verificaram maior produção de forragem para o primeiro tratamento. Contudo, os autores destacaram a probabilidade desse regime ocasionar menor persistência do trevo, pelas condições de luminosidade desfavoráveis no dossel. Trabalhos desenvolvidos na década de 50 já indicavam que, em geral, desfolhações mais freqüentes resultam em crescimento reduzido, mas, em alguns estudos, dependendo da severidade da desfolhação, o número de plantas é aumentado. Tem sido estabelecido o princípio de que, após os cortes, o rebrote do trevo-branco envolve o restabelecimento do equilíbrio entre as variáveis ambientais (luz e temperatura) e o número e quantidade de folhas presentes no dossel. Pastejos freqüentes e intensos promovem o crescimento do trevobranco, ao passo que seu estabelecimento é geralmente pobre onde o pastejo é pouco freqüente (Brougham et al., 1978). De qualquer modo, para que haja um rebrote adequado e a manutenção da produção ao longo do tempo, é importante que sejam mantidos elevados números de estolões, com intenso grau de ramificações. É reconhecida, no entanto, que a resposta produtiva do trevo-branco à desfolhação varia com o tamanho da folha (Kang e Brink, 1995), ou seja, com o genótipo. Além disso, as interações entre genótipo e ambiente são evidentes, especialmente em relação à 26 intensidade de radiação. Caradus e Chapman (1991) observaram que sob elevado sombreamento houve um aumento no comprimento do pecíolo e uma diminuição da proporção de nós nas ramificações de trevo-branco. Todavia, foi significativa a interação cultivar x intensidade luminosa para taxa de elongação de estolão, tamanho de folha, comprimento de pecíolo, comprimento de entrenó e proporção de nós nas ramificações. Assim, genótipos que mantém uma alta taxa de ramificação sob sombreamento podem ser interessantes, uma vez que os estolões são sombreados quase todo tempo, nas condições de campo. Thompson (1993) relatou que o crescimento de plantas de trevobranco sob sombreamento da vegetação, sem suplementação de radiação, produziu uma baixa proporção de ramificações nos nós, com poucas folhas por ramos e maiores entrenós e pecíolos do que plantas não sombreadas. No trabalho de Davies e Jones (1992), a taxa de aparecimento de folhas foi reduzida pela desfolhação e declinou quando o comprimento dos pecíolos no campo aumentou em resposta ao aumento da massa de forragem. Também Beinhart (1963) havia observado que o crescimento e a ramificação dos estolões foram reduzidos pela diminuição na irradiação. Em seu estudo, com plantas espaçadas de trevo do tipo Ladino, o maior número de folhas formado entre primavera e outono foram de estolões ramificados, sendo que as ramificações não foram freqüentes no verão, provavelmente devido às altas temperaturas. É amplamente reconhecido que a severa, precoce ou freqüente remoção da folhagem da pastagem leva, em geral, ao declínio da produção. O efeito de repetidas desfolhações em trevo-branco é cumulativo e a intensa e freqüente desfolhação baixa os níveis de 27 reservas de carboidratos (May, 1960). Hay e Newton (1996) concluíram que, sob severa desfolhação, o potencial do crescimento vegetativo do trevo-branco, representado pelas gemas axilares vegetativas viáveis, foi mantido, sob dispêndio do crescimento reprodutivo e que a perda da viabilidade das gemas axilares foi associada com a repentina mudança no processo fisiológico induzido pela desfolhação. Brink e Pederson (1993) constataram que, quando a precipitação durante a estação de pastejo foi 59% acima da normal, o método de pastejo não teve influência na área foliar, peso seco de estolão e densidades dos pontos de crescimento dos estolões. Em contraste, essa resposta foi reduzida quando a precipitação foi 32% abaixo da normal, no ano seguinte. Apesar de diversos efeitos de métodos de pastejo no crescimento e morfologia, a sobrevivência de estolões de trevo-branco foi sempre maior sob sistemas rotativos. Segundo Kang et al. (1995), a desfolhação durante os estádios iniciais de desenvolvimento de plântulas pode influenciar o crescimento do trevo-branco. Assim, recomenda-se que as plântulas de trevo-branco devem atingir um adiantado estádio de desenvolvimento foliar antes do início da desfolhação e deve ser aumentado o tempo do intervalo de corte antes da subseqüente desfolhação, a fim de elevar o crescimento de plântulas e o potencial de sua sobrevivência. Moraes et al. (1989), em Bagé, registraram diferenças significativas entre os cultivares de trevo-branco, que apresentaram um rendimento anual de massa seca variando de 3.042 kg/ha (cv. Bagé) a 4.057 kg/ha (cv. Jacuí), no ano de estabelecimento, sendo que o cultivar Regal produziu 3.835 kg/ha. No segundo ano, o cv. Jacuí 28 produziu 3.277 kg/ha em comparação com 944 kg/ha para o cv. Regal. Dall’Agnol et al. (1982) obtiveram produções de 1.511 kg MS/ha no período inverno/primavera e de 2.147 kg MS/ha no verão, com o cultivar de trevo-branco Ladino Regal, quando cortado a 2 cm do solo e constataram que todas as progênies e cultivares avaliados de trevo-branco, persistiram bem no verão. Na região do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, SchefferBasso et al. (2002b), ao avaliar o desempenho de dois cultivares de trevo-branco (Yi e Regal) em mistura com festuca, destacaram a maior produção total do cv. Yi (6.000 kg MS/ha) em relação ao cv. Regal (2.100 kg MS/ha). Considerando-se que a ressemeadura natural também auxilia na persistência de estandes de trevo-branco, o padrão de florescimento foi analisado nas condições do Rio Grande de Sul por Franke e Nabinger (1991). Os autores observaram que há um comportamento cíclico, com vários picos de emissão de botões florais, sendo o primeiro pico o principal responsável pelo rendimento de sementes, tanto no primeiro como no segundo ano. Segundo Paim e Riboldi (1994), mesmo com pastejo intenso ou cortes freqüentes, em época de floração intensa, ocorre a produção de sementes, porque os estolões estão ao nível do solo e entre o surgimento do botão floral e a maturação das sementes são necessários, em períodos quentes, apenas de 20 a 30 dias. A relação entre o florescimento e o crescimento do trevo-branco é complexa e a resposta imediata ao início desse processo é um estímulo ao crescimento, porém, seguido de uma redução no vigor vegetativo e conseqüentemente, na persistência. Por ocasião do florescimento, cada inflorescência produzida significa a eliminação do 29 potencial de uma gema produzir um estolão. Portanto, segundo Frame e Newbould (1986), se, por um lado, o florescimento profuso pode afetar negativamente a persistência, por outro, se as sementes forem formadas, a longevidade do estande será garantida. As chances do trevo-branco persistir de uma estação de crescimento a outra são fortemente influenciadas pelo grau de florescimento. Segundo Thomas (1987), as razões para isso seriam: a) a iniciação do primórdio floral tem um efeito inibitório no crescimento, b) o crescimento lateral dos estolões e raízes é reduzido como um resultado da competição por nutrientes entre flores não fertilizadas, sementes em desenvolvimento e órgãos vegetativos, c) a maioria dos nós formados estão comprometidos com a formação da inflorescência e poucos, com a formação de novos estolões. 3 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido de maio de 2000 a setembro de 2001, no Campo Experimental da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo, localizada no município de Passo Fundo, rodovia BR 285, km 171. Passo Fundo está localizado na região fisiográfica do Planalto Médio, Rio Grande do Sul, com coordenadas 28°15’S e 52º24’W e 687 m de altitude média, na Zona Climática Fundamental Temperada C, apresentando clima fundamental úmido e variedade subtropical. Desse modo, o clima local é descrito como subtropical úmido, com chuvas bem distribuídas durante o ano e com temperatura média do mês mais quente superior a 22 °C (Moreno, 1961). Na Tabela 1 30 constam as informações sobre temperatura e pluviosidade normais da região de Passo Fundo, bem como os dados meteorológicos do período experimental. O solo da unidade de mapeamento Passo Fundo é classificado como latossolo vermelho-escuro distrófico, com textura argilosa (42%). Após a adubação, o solo apresentou as seguintes características químicas, no início do período experimental: pH (SMP)=5,8, M.O.=3,6%, P=11 mg/L, K=176 mg/L, Al=0 cmolc/L, Ca=4,1 cmolc/L, Mg=3,2 cmolc/L. A área experimental onde foi estabelecido o ensaio é o alto de uma coxilha (Figura 1), com ótimas condições de drenagem, sendo que no verão anterior havia sido cultivada com soja (Glycine max). Tabela 1. Dados meteorológicos correspondentes ao período experimental e médias normais para Passo Fundo, RS Meses Temperatura média Precipitação Média Normal Total Normal Junho/2000 14,4 12,7 205,5 129,4 Julho/2000 9,6 12,8 148,1 153,4 Agosto/2000 13,8 14,0 83,8 165,7 Setembro/2000 15,0 14,8 169,0 206,8 Outubro/2000 18,8 17,7 339,3 167,1 Novembro/2000 19,8 19,8 164,2 141,4 Dezembro/2000 21,5 21,5 159,9 161,5 Janeiro/2001 22,0 22,1 212,5 143,4 Fevereiro/2001 22,7 21,9 196,5 148,3 Março/2001 22,0 20,6 110,5 121,3 Abril/2001 19,9 17,6 118,4 118,2 Maio/2001 13,6 14,3 164,6 131,3 Junho/2001 13,5 12,7 106,3 129,4 Julho/2001 13,3 12,8 103,5 153,4 Agosto/2001 16,6 14,0 28,1 165,7 Setembro/2001 15,5 14,8 240,0 206,8 Fonte: www.cnpt.embrapa.br 31 O ensaio constou de um bifatorial, no qual sete genótipos de leguminosas, incluindo duas populações de A. latifolia (Bagé e Lages), duas populações de A. tristis (Lages, acesso BRA 001457 e Painel, acesso BRA 001499), cornichão cv. São Gabriel (L. corniculatus), L. pedunculatus cv. Maku e trevo-branco cv. Regal (T. repens), foram submetidos a dois regimes de desfolhação em função do estádio fenológico por ocasião do primeiro corte: final do estádio vegetativo e florescimento pleno. O final do estádio vegetativo foi considerado quando foi observado o primeiro sinal de formação de botão floral. Os tratamentos foram dispostos em sistema de parcelas subdivididas, nas quais a parcela principal alocou as leguminosas e as subparcelas, o regime de corte. O delineamento foi em blocos ao acaso, com três repetições. Figura 1. Detalhe da área experimental, mostrando, em primeiro plano, uma parcela de A. tristis Lages, por ocasião de um corte (novembro/00). 32 As parcelas principais mediram 2,0 m de largura por 6,3 m de comprimento, formadas por cinco linhas, distantes 0,4 m, com espaçamento entre plantas de 0,3 m. As subparcelas eram de 2,0 m de largura por 3,15 m de comprimento, tendo uma área útil de 3,42 m2 (1,20 m de largura x 2,85 m de comprimento), pois foram consideradas somente as três linhas centrais, sendo desprezadas as bordaduras e a primeira fileira. Como havia quantidade limitada de sementes das espécies nativas e do cv. Maku, as plântulas foram obtidas através de germinação em caixas Gerbox. As sementes de Adesmia foram colocadas em água fervente durante cinco minutos, para a superação da dureza, e, posteriormente, permaneceram no germinador a 25°C, até a emissão da radícula e dos cotilédones. Em seguida, as plântulas foram transplantadas para bandejas multicelulares (128 células) com uma plântula/célula. Para as demais leguminosas não foi realizada escarificação. Após o transplante, foi aplicado inoculante específico para cada espécie, na água de irrigação. As bandejas permaneceram em casa-de-vegetação até as plântulas atingirem o estádio de três a quatro folhas, quando então, foram transplantadas para o campo, nos dias 22 e 23 de maio de 2000. A área experimental foi previamente submetida à aplicação de herbicida de ação total e adubada com 300 kg/ha de NPK (5-25-20). Durante a primeira semana após o plantio foi feita irrigação para garantir a sobrevivência das plantas, assim como o aplicação de iscas e inseticidas para controle de grilos, gafanhotos e formigas. Na fase de estabelecimento, as plantas daninhas foram retiradas manualmente. Foi aplicado inoculante em via líquida nas parcelas de Adesmia latifolia, após verificação da ausência de nódulos. Mesmo assim, as 33 populações de A. latifolia apresentaram poucos nódulos e de tamanho reduzido, indicando ineficiência do rizóbio. Na primavera-verão do primeiro ano, a elevada pluviosidade promoveu uma maior incidência de dicotiledôneas, o que impediu a aplicação de herbicidas. Dessa forma, eliminaram-se apenas as espécies eretas, e não foi possível controlar espécies rasteiras, como gorga (Spergula arvensis L.) e poaia (Richardia sp.), principalmente nas parcelas das leguminosas estoloníferas e rizomatosas. Os cortes, para as espécies estoloníferas (A. latifolia, trevobranco), foram realizados a 4 cm da base das plantas, e, para as demais espécies, a 8 cm da superfície do solo. Imediatamente antes dos cortes foi determinada a estatura do dossel e o estádio de desenvolvimento das plantas. A partir do corte inicial, os demais foram realizados com intervalos de 45 dias. Para a decisão do início dos cortes referentes ao estádio vegetativo, escolheu-se o trevo-branco como padrão para A. latifolia, ao passo que para A. tristis e L. pedunculatus, a referência foi o cornichão. As avaliações referentes à produção e composição da forragem foram realizadas em amostras retiradas de uma área de 0,30 m x 0,80 m, delimitado por um retângulo metálico (0,24 m2) localizado no centro das duas linhas centrais das parcelas. O corte era realizado com tesouras de esquilar. De cada subamostra foram separadas: folhas verdes, folhas senescentes, inflorescências e frutos, material morto e plantas daninhas. Para as espécies com presença de caules eretos (A. tristis, Lotus sp.) foram escolhidas as dez hastes de maior comprimento para a estimativa do percentual de contribuição dessas frações. Tais frações foram colocadas em estufa a 65 °C, até peso constante e, 34 posteriormente, pesados. Após a retirada da amostra, as parcelas foram cortadas nas alturas pré-determinadas, com auxílio de tesouras de esquilar e, à medida em que o crescimento aéreo foi mais intenso, com uma segadora costal, sendo a posterior retirada do material presente sobre as parcelas, através de ancinhos. O índice de competição leguminosas x plantas invasoras foi determinado dividindo-se a produção de forragem disponível pela produção de plantas daninhas, conforme (Braun-Blanquet, 1979). O cronograma dos cortes nas diferentes leguminosas, em função do regime de corte é apresentado na Tabela 2. Tabela 2. Datas dos cortes nas leguminosas, em função do regime de cortes Regime do 1º Leguminosas corte Adesmia Adesmia Lotus Lotus Trifolium latifolia tristis corniculatus pedunculatus repens Vegetativo 1o 23/08/00 26/09/00 26/09/00 26/09/00 23/08/00 2o 07/10/00 11/11/00 11/11/00 11/11/00 07/10/00 3o 21/11/00 27/12/00 27/12/00 27/12/00 21/11/00 4o 08/01/01 09/02/01 09/02/01 09/02/01 08/01/01 5o 21/02/01 21/03/01 21/03/01 21/03/01 21/02/01 6o 10/04/01 + 08/05/01 08/05/01 10/04/01 7o 25/05/01 + 22/06/01 22/06/01 25/05/01 8o 09/07/01 + 06/08/01 06/08/01 09/07/01 9o 24/08/01 + 24/09/01 24/09/01 24/08/01 Florescimento 1o 11/11/00 01/12/00 23/12/00 * 11/11/00 2o 27/12/00 24/01/01 07/02/01 * 27/12/00 3o 08/02/01 09/03/01 21/03/01 * 08/02/01 4o 21/03/01 + 08/05/01 * 21/03/01 5o 08/05/01 + 22/06/01 * 08/05/01 6o 22/06/01 + 06/08/01 * 22/06/01 7o 06/08/01 + 24/09/01 * 06/08/01 + plantas mortas; * plantas não floresceram. 35 Dois procedimentos de análise estatística foram realizados, em virtude de que o L. pedunculatus não floresceu e, portanto, não foi submetido a cortes no estádio de florescimento. Assim, a análise da variância para os dados relativos às demais espécies foi realizada conforme esquema de parcela subdividida. Para comparar a produção de forragem do L. pedunculatus com as demais espécies, foi realizada a análise de variância dentro de cada regime de cortes. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4. 1 Fenologia e estatura A fenologia das leguminosas ao longo do período experimental consta na Tabela 3, na qual se observa que apenas o L. pedunculatus não floresceu. Essa espécie tem mostrado limitação para sua expansão no sul do Brasil, em função de problemas no florescimento, como foi constatado por Scheffer-Basso et al. (2002b), no mesmo local deste trabalho. A superação desse problema, no entender de Paim & Riboldi (1991), é a seleção de material mais adequado às condições do Rio Grande do Sul. A espécie mais precoce foi o trevo-branco, que, por ocasião do segundo corte, no regime Vegetativo (out/nov), já estava em florescimento pleno. Essa leguminosa foi a que apresentou maior número de ciclos de florescimento, estendendo-se até o final do verão. Franke e Nabinger (1991) também observaram a ocorrência de mais de um ciclo de florescimento em cultivares de trevo-branco, na Depressão Central, com maior concentração de inflorescências entre outubro e janeiro. 36 Tabela 3. Fenologia das leguminosas hibernais ao longo do período de avaliação, em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes Regime do 1º Leguminosas corte ALB ALL ATL ATP LC LP TR Vegetativo 1º (ago/set) V V V V V V V 2º (out/nov) IF IF IF IF IF V FP 3º (nov/dez) FP/FR FP/FR V V FR V FP 4º (jan/fev) V V IF FP FP/FR V IF 5º (fev/mar) V V V V V V FF/V 6º (abr/mai) V V V V V 7º (mai/jun) V V V V V 8º (jul/ago) V V V V V 9º (ago/set) V V V V V Florescimento 1º (nov/dez) FP FP FP/FR FP/FR FP/FR V FP 2º (dez/jan) V V FP FP/FR FP V V 3º (fev/mar) V V V V V V FP 4º (mar/mai) V IF V V V 5º (mai/jun) V V V V V 6º (jun/ago) V V V V V 7º (ago/set) V V V V V IF= início de florescimento, FF= final do florescimento, FP= florescimento pleno, FR= frutificação, V= vegetativo. Pelas observações, o intervalo de 45 dias foi suficiente para que as plantas de trevo-branco rebrotassem e iniciassem um novo ciclo reprodutivo, formando sementes. Segundo Paim e Riboldi (1994), mesmo com pastejo intenso ou cortes freqüentes, em época de floração intensa, ocorre a produção de sementes, porque os estolões estão ao nível do solo e entre o surgimento do botão floral e a maturação das sementes são necessários, em períodos quentes, apenas de 20 a 30 dias Quanto à A. latifolia, a população Bagé mostrou maior sincronia de florescimento em relação às demais espécies, iniciando e finalizando seu ciclo reprodutivo na primavera, especialmente no 37 regime Florescimento. A população Lages floresceu novamente no final do verão, embora com menor intensidade em relação ao primeiro ciclo de florescimento. A estacionalidade dos eventos fenológicos observados nessa espécie estão de acordo com Miotto e Leitão Filho (1993), que a descreveram como hiberno-primaveril, isto é, começa a vegetar no outono, permanecendo verde durante os meses de inverno e iniciando sua floração em outubro, a qual pode se estender até abril, quando as plantas não são submetidas a cortes. A sincronia de florescimento (outubro e novembro), nessa espécie, quando submetida a cortes, facilita o processo de colheita de sementes. Ao mesmo tempo, exige um manejo criterioso quanto à época de diferimento para que ocorra a ressemeadura natural (Figura 2). Em contrapartida, se o florescimento ocorre em época de adversidade climática, as inflorescências podem se tornar inférteis, deixando de produzir sementes. Vendo por esse contexto, em campo nativo, é interessante que não haja essa sincronia de florescimento, permitindo assim, um escalonamento da formação de inflorescências, para garantir a sobrevivência da espécie. As duas populações de A. tristis também não diferiram entre si, quanto ao início da floração (meados da primavera), com comportamento similar ao cornichão. No entanto, sob o regime Vegetativo, esse último frutificou em meados do verão, ao passo que na A. tristis, o intervalo entre cortes não foi suficientemente longo para que ocorresse a frutificação. A população Painel apresentou maior precocidade em relação à Lages, estando em florescimento pleno nos meses de janeiro-fevereiro no regime Vegetativo (Tabela 3). Segundo Miotto e Leitão Filho 38 (1993) essa espécie inicia seu crescimento vegetativo no outono, atravessando os meses de inverno com a parte aérea verde e apresentando o florescimento e frutificação nos meses de dezembro e janeiro, tal como foi verificado neste estudo. Figura 2. Detalhe de duas parcelas com A. latifolia, no estádio de florescimento. O cornichão apresentou três ciclos de florescimento no regime Vegetativo e dois no Florescimento, demonstrando capacidade de rebrote suficiente para permitir novas florações. As alterações fenológicas normalmente têm relação com a estatura das plantas, uma vez que por ocasião do início do florescimento, as espécies eretas alongam os entrenós e, portanto, aumentam sua estatura. Neste trabalho, foi observado que, no regime Vegetativo, as espécies estoloníferas, A. latifolia e T. repens, apresentaram as 39 menores estaturas, uma vez que são dependentes unicamente da expansão das folhas (Figura 3). A. latifolia Bagé 30 A. latifolia Lages Estatura (cm) 25 T. repens 20 15 10 5 0 ag-00 out-00 nov-00 jan-01 fev-01 abr-01 mai-01 jul-01 ag-01 Estatura (cm) Meses 70 A. tristis Lages 60 A. tristis Painel 50 L. corniculatus L. pedunculatus 40 30 20 10 0 ag-00 out-00 nov-00 jan-01 fev-01 abr-01 mai-01 jul-01 ag-01 Meses Figura 3. Estatura das leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) durante os cortes efetuados no regime Vegetativo. As maiores estaturas ocorreram na primavera e no verão, e as menores, no outono. O dossel formado pelo trevo-branco foi mais alto em relação às populações de A. latifolia e, dentro dessas, a população Lages sempre foi superior à Bagé. 40 As espécies eretas (cornichão, A. tristis) ou semi-eretas (L. pedunculatus) diferiram quanto à época de maior estatura: A. tristis teve maior estatura na primavera, ao passo que os Lotus apresentaramse mais altos no verão, caracterizando diferenças quanto à estacionalidade de crescimento. O outono foi a estação na qual essas leguminosas estavam com menor estatura do dossel, à semelhança das outras espécies. Entre as populações de A. tristis, a Lages teve estatura superior, indicando um hábito mais ereto em relação à Painel, também constatado por Scheffer-Basso (1999). No regime Florescimento, as estaturas foram similares àquelas obtidas no Vegetativo, com exceção das populações de A. tristis, que tiveram tempo suficiente para expressar seu hábito subarbustivo (Figura 4), confirmando descrição de Miotto & Leitão Filho (1993) a esse respeito. Estatura (cm) 41 35 A. latifolia Lages 30 T. repens A. latifolia Bagé 25 20 15 10 5 0 Nov/Dez Dez/Jan Fev/Mar Mar/Mai Mai/Jun Jul/Ago Ago/Set Estatura (cm) Meses 140 A. tristis Painel 120 L. corniculatus 100 A. tristis Lages 80 60 40 20 0 Nov/Dez Dez/Jan Fev/Mar Mar/Mai Mai/Jun Jul/Ago Ago/Set M eses Figura 4. Estatura das leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) durante os cortes efetuados no regime Florescimento. 4.2 Estatura das leguminosas ao início dos cortes As leguminosas, por ocasião do início dos cortes, estavam com estatura variando entre 6 e 23 cm, no regime Vegetativo, e entre 15 e 121 cm, no regime Florescimento (Tabela 4), demonstrando a variabilidade interespecífica do material estudado. 42 Tabela 4. Produção de forragem e estatura das leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) por ocasião do primeiro corte, em função do estádio fenológico Leguminosas Estádio fenológico Vegetativo Florescimento Forragem Estatura Forragem Estatura (kg MS/ha) (cm) (kg MS/ha) (cm) L. corniculatus 953 a 22 a 6.095 a 39 c A. tristis Lages 621 ab 23 a 7.737 a 121 a L. pedunculatus 439 bc 11 b --------A. tristis Painel 159 cd 14 ab 5.162 ab 93 b T. repens 37 d 10 b 1.687 bc 29 cd A. latifolia Lages 7 d 8 b 1.080 c 20 d A. latifolia Bagé 5 d 6 b 1.091 c 15 d Média 317 14 3.809 53 Médias seguidas de letras iguais, nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey (P>0,05). Para o regime Vegetativo, as leguminosas estoloníferas, A. latifolia e trevo-branco, estavam com baixa estatura, o que ocasionou as baixas produções de forragem (Tabela 4). Nessa época, os estolões estavam em estádio inicial de desenvolvimento. Uma vez que essas espécies dependem de tais estruturas para produzir e persistir, é fundamental que o início dos pastejos coincidam com uma condição de maior desenvolvimento dos mesmos. Por outro lado, considerandose a situação comumente utilizada, de consorciação com gramíneas, há que se ter o cuidado de promover boa luminosidade na base do dossel, para garantir o bom desenvolvimento dos estolões. Segundo Kang et al. (1995), as plântulas de trevo-branco devem atingir um adiantado estádio de desenvolvimento foliar antes do início da desfolhação e deve ser aumentado o tempo do intervalo de corte antes da subseqüente desfolhação, a fim de elevar o crescimento de plântulas e o potencial de sua sobrevivência. 43 Para as demais espécies, as estaturas foram superiores a 10 cm, com os maiores valores na A. tristis Lages e no cornichão, no regime Vegetativo, demonstrando seu hábito mais ereto em relação às demais. As produções de forragem foram, de certa forma, relacionadas com a estatura. O L. pedunculatus pode ser considerado uma exceção, pois apesar de sua baixa estatura, teve produções relativamente elevadas em relação às demais. Isso pode ser atribuído ao seu hábito rizomatoso, que induz à expansão horizontal e o conseqüente surgimento de hastes aéreas. Apesar do cornichão ter apresentado uma estatura significativamente inferior (P<0,05) às duas populações de A. tristis no regime Florescimento, a produção de forragem entre essas espécies foi similar, indicando uma estratégia de produção de biomassa aérea diferente. O cornichão é uma leguminosa mais compacta, com maior ramificação basilar e maior tamanho de folíolos, em relação à A. tristis. 4.3 Produção total de forragem A produção total de forragem compreendeu a soma dos cortes efetuados, perfazendo um período de 9 e 12 meses, para os regimes Florescimento e Vegetativo, respectivamente. Para tal variável, a análise da variância mostrou efeito significativo da interação Leguminosa x Regime de corte. Para o cornichão e as populações de A. latifolia não houve efeito do regime de corte, ao contrário do que foi observado para as demais espécies (Tabela 5). Considerando-se as produções dentro de cada regime, o cornichão superou as demais espécies (P<0,05), produzindo quase 15 t 44 MS/ha, num período de dezesseis meses entre o transplante e o último corte. No regime Vegetativo, o trevo-branco e o L. pedunculatus não diferiram entre si, com média de 8 t MS/ha, ao passo que foi obtido, no máximo, cerca de 4 t MS/ha de A. tristis Lages). Em compensação, no regime Florescimento, as populações de A. tristis se assemelharam ao trevo-branco. Tabela 5. Produção total de forragem de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes Leguminosas Estádio fenológico Vegetativo Florescimento -----------------------MS (kg/ha) --------------------L. corniculatus 14.909 a A 14.311 a A T. repens 9.403 b A 6.964 b B L. pedunculatus 7.095 b ----A. tristis Lages 3.930 c B 8.240 b A A. latifolia Lages 2.617 c A 3.035 cd A A. tristis Painel 2.591 c B 5.988 bc A A. latifolia Bagé 1.867 c A 1.356 dA Média 6.073 6.649 Médias seguidas de letras iguais, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem pelo teste de Tukey (P>0,05). A produção do cornichão pode ser considerada excelente, superior às obtidas (10 t MS/ha) por Formoso (1993) e similar às verificadas por Olmos (2001), no Uruguai. Isso confirma sua adaptação para a região do Planalto Médio, já observada por SchefferBasso et al. (2002b), salientado-se que, no período experimental, as condições de precipitação foram excelentes, assim como as temperaturas da primavera-verão. Os regimes de corte não afetaram significativamente as produções de forragem de cornichão, havendo, portanto, uma compensação. No regime Florescimento a média de produção/corte foi de 2.044 kg MS/ha, sendo que no Vegetativo foi de 1.657 kg MS/ha, 45 numa conseqüência do diferente número de cortes entre os dois regimes. O atraso de cerca de 90 dias entre o início dos cortes nos dois regimes de corte permitiu um acúmulo adicional de 5.142 kg MS/ha (Tabela 6). No entanto, com a antecipação dos cortes, no Vegetativo, foi acumulado, no mesmo período, 6.224 kg MS/ha, evidenciando diferentes possibilidades de manejo. Esse comportamento indica que não ocorreram perdas consideráveis de material verde, o que pode ser atribuído ao seu hábito de crescimento ereto, que condiciona uma boa penetração da luz. A estrutura vertical traz a vantagem da atenuação gradual da radiação ao longo do dossel, em relação às espécies prostradas (Pearson e Ison, 1997). Tal vantagem se traduz na já reconhecida versatilidade de seu uso: pastejo, feno, produção de sementes ou banco de proteína. Com base nas produções obtidas neste trabalho, numa situação de pastejo, a utilização do cornichão pode iniciar antes do florescimento, permitindo boas produções de forragem até meados do outono. Observa-se na Tabela 6, que no sexto corte do regime Vegetativo, foi colhida cerca de 1 t MS/ha, numa época crítica em produção de forragem (outono). Por outro lado, caso seu cultivo tenha a finalidade de produção de feno, o primeiro corte pode ser atrasado até o florescimento pleno, sendo possível dois cortes com cerca de 5 a 6 t MS/ha, num intervalo de apenas 45 dias. Esse comportamento condiz com a afirmação de Seaney e Henson (1970), de que é possível de duas a três colheitas de cornichão para feno, dependendo da extensão da estação de crescimento. McGraw e Marten (1986), em corte de cornichão no estádio de florescimento pleno, obtiveram cerca de 7 t MS/ha. No Florescimento obteve-se, ainda, uma ótima produção no terceiro corte, quando já era final do verão. Em ambos os regimes 46 de corte foi verificada uma pequena produção dos rebrotes no inverno, atestando seu caráter macrotérmico, ou seja, produção primaveroestival (Formoso, 1993). Tabela 6. Produção estacional de forragem de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes Leguminosas a) Vegetativo Ag/ Set Época dos cortes Out/ Nov/ Jan/ Fev/ Abr/ Mai/ Jul/ Nov Dez Fev Mar Mai Jun Ag Ag/ Set ------------------------------- MS (kg/ha) ------------------------------953 3205 2066 3937 2807 1172 150 156 463 a a a a a c b b a A. tristis Lages 621 2158 378 527 246 ab ab bc c c L. pedunculatus 439 1002 403 2345 1573 381 244 240 467 bc bc b b b b b b bc A. tristis Painel 159 2024 81 284 44 cd ab c c c T. repens 37 1865 2003 618 1653 878 730 753 866 d ab a c b a a a a 7 289 2177 28 67 19 11 6 13 A. latifolia Lages d c a c c c d c c A. latifolia Bagé 5 289 1286 198 73 6 2 4 4 d c ab c c c d c c b) Florescimento Leguminosas Cortes Nov/ Dez/ Fev/ Mar/ Mai/ Jun/ Ag Dez Jan Mar Mai Jun Ag Set ----------------------MS (kg/ha)---------------------L. corniculatus 6095 5067 2117 479 93 73 387 a a a b b b b A. tristis Lages 7737 197 306 a b b A. tristis Painel 5162 471 355 ab b b T. repens 1687 512 1507 1011 791 590 866 bc b a a a a a A. latifolia Lages 1080 48 116 1011 685 47 48 c b b a a bc c A. latifolia Bagé 1091 73 91 17 29 30 26 c b b c b bc c Para cada regime de cortes, médias seguidas de mesma letra, na coluna, não L. corniculatus diferem significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05). 47 No Brasil, há poucos trabalhos sobre manejo de cornichão, especialmente considerando os estádios fenológicos, em situação de campo. Uma das poucas referências é de Araújo e Jacques (1974), que obtiveram maior produção de massa seca em cortes feitos em estádios de crescimento mais avançados. Nos Estados Unidos, Bosworth e Stringer (2003) recomendam que no ano do estabelecimento, o primeiro corte do cornichão deve ocorrer no estádio de florescimento pleno. No caso de estandes já estabelecidos, o primeiro corte deve ocorrer no início de florescimento, com seqüência de cortes a cada seis semanas de intervalo. Juntamente com o cornichão, o trevo-branco (Figura 5) foi a espécie com melhor desempenho, num reflexo da domesticação e dos esforços das pesquisas com tais leguminosas nas últimas décadas. Figura 5. Detalhe de uma parcela de T. repens no estádio de florescimento. 48 Ao contrário do cornichão, o trevo-branco não mostrou a mesma compensação entre as produções nos dois regimes. Obteve-se significativamente (P<0,05) maior produção de forragem dessa espécie no regime Vegetativo (+26%), em relação ao regime Florescimento (Tabela 5), em função do maior número de cortes realizado com tal manejo, uma vez que a produção média/corte foi muito similar, 1.041 (Vegetativo) e 995 kg MS/ha (Florescimento). No trevo-branco, nos três primeiros cortes do regime Vegetativo, período de tempo similar ao do primeiro corte no regime Florescimento, obteve-se 3.905 kg MS/ha, em relação a apenas 1.687 kg MS/ha nesse último (Tabela 6). Isso demonstra a vantagem em se iniciar a utilização dessa espécie mais cedo, uma vez que os rebrotes posteriores não foram prejudicados pelo manejo precoce, possibilitando boas produções de forragem na primavera. Assim, considerando-se que houve um intervalo de cerca de 90 dias entre o início dos cortes nos dois regimes, e que nesse mesmo período foi possível efetuar três cortes no Vegetativo, deixou-se de colher 2.218 kg MS/ha, pelo simples atraso na utilização. Essa perda de massa pode ser creditada ao hábito de crescimento da espécie, que depende da ramificação dos estolões para formar novas folhas. Com o crescimento excessivo, que ultrapassa o índice de área foliar ótimo, há um sombreamento que limita a ativação das gemas, e, portanto, a ramificação dos estolões e surgimento de novas folhas. Segundo Thompson (1993), o crescimento de plantas de trevobranco sob sombreamento produz uma baixa proporção de ramificações nos nós, com poucas folhas por ramos e maiores entrenós e pecíolos do que plantas não sombreadas. 49 O L. pedunculatus (Figura 6) mostrou produção intermediária (7 t MS/ha) entre o cornichão e o trevo-branco. Observa-se, portanto, que para o mesmo cronograma de cortes seguido para o cornichão, sua produção foi a metade em relação a esse último. Trata-se de uma planta com outro hábito de crescimento, cuja formação de rizomas promove a alocação de fotossintatos, sendo um forte dreno (Figura 7). Figura 6. Detalhe de uma parcela de L. pedunculatus. As produções do cv. Maku foram similares às obtidas por Olmos (2001), no Uruguai (6.133 kg MS/ha), em semeadura sobre campo nativo, e superiores às relatadas (2.828 kg MS/ha) por Flaresso e Almeida (1992), no Vale do Itajaí (SC), atestando diferenças ambientais e de manejo. Scheffer-Basso et al. (2002b), trabalhando com misturas de leguminosas com festuca, obtiveram 1.400 kg MS/ha do cv. Maku, no outono, e 760 kg MS/ha no inverno. 50 Figura 7. Detalhe dos rizomas e raízes de L. pedunculatus ao final do período experimental (outobro/01). Quanto ao desempenho produtivo das leguminosas nativas, observou-se efeito do regime de cortes apenas para as populações de A. tristis, que dobraram sua produção quando submetidas ao regime Florescimento (Tabela 5), como uma conseqüência da expansão vertical das plantas, uma vez que seu hábito é subarbustivo. Isso significa que, ao contrário do trevo-branco e do cornichão, o atraso na utilização de A. tristis implica numa produção muito superior (P<0,05) à obtida sob regimes de utilização mais precoce. Evidentemente que, em função de seu hábito (Figura 8), essa maior produção deve estar atrelada a uma considerável redução da qualidade da forragem, pelo aumento proporcional de caules, que, nessa espécie tem sua DIVMO muito baixa (34,85% a 44,73%) (Scheffer-Basso et al., 2001). 51 Figura 8. Detalhe da área experimental, mostrando, em primeiro plano, à esquerda, A. tristis Lages, e à direita, L. corniculatus. Na comparação entre as duas populações de A. tristis, apesar de não haver diferença significativa entre ambas, quanto à produção de forragem, a população Lages apresentou maiores produções em ambos os regimes de corte, o que pode ser atribuído ao seu hábito mais ereto (Tabela 5). Quanto à A. latifolia, se comparada com o trevo-branco, numa menção ao mesmo hábito de crescimento, não houve resposta ao manejo imposto, indicando um modelo diferenciado de crescimento e que merece ser investigado. Na época do segundo corte, no regime Vegetativo, as populações possuíam em média 125 estolões/0,24 m2, superior ao trevo-branco, com 91 estolões/0,24 m2. Em compensação, no início do outono (março/01), o trevo-branco possuía cerca de 140 estolões/0,24 m2, em relação a 17 estolões/0,24 m2 nas populações de A. latifolia. Comparando os dados fenológicos (Tabela 3) com as 52 produções de cada corte (Tabela 6), verifica-se que as maiores produções de forragem ocorreram no mesmo estádio de desenvolvimento, isto é, quando as plantas estavam em florescimento, em novembro. Em relação ao desempenho das duas populações de A. latifolia, a Lages mostrou maior produção (P>0,05), especialmente no regime Florescimento (Tabela 5), devido, principalmente, ao melhor rebrote no final do verão, quando produziu o mesmo que o trevo-branco (1.011 kg MS/ha) (Tabela 6). Essa população teve dois picos produtivos (Tabela 7 e Figura 10), ao passo que a Bagé mostrou maior estacionalidade (Tabela 7 e Figura 9). Essa diferença pode ser devido a fatores como número de estolões, comprimento de entrenós, entre outros. Em nível de campo, comparando-se o grau de expansão horizontal de trevo-branco com A. latifolia, verificou-se que essa tem maior capacidade de exploração das áreas em nível de distância percorrida pelos entrenós, mais longos do que o trevo-branco (Fávero et al., 2002). O trevo-branco, por sua vez, tem entrenós curtos, adquirindo uma forma mais compacta e com maior potencial de formação de folhas e entrenós numa mesma área. Tais diferenças de estratégia de crescimento podem explicar as diferenças de produção e persistência. Assim, o pobre rebrote da A. latifolia pode estar vinculado ao seu modelo de crescimento, caracterizado por longos estolões e entrenós e baixa capacidade de ramificação dos primeiros. Observouse, neste estudo, um deslocamento da área de produção de forragem ao longo do ano, havendo um desaparecimento quase total das plantas no local de plantio, assemelhando-se a uma planta anual. À medida 53 que o tempo passou, a massa verde se concentrou cada vez mais distante do ponto de origem dos primeiros estolões, abrangendo os caminhos e as áreas externas do ensaio. Burkart (1952) descreveu as espécies de Adesmia de hábito estolonífero como “viajantes”. Tal comportamento demográfico sinaliza para a necessidade do diferimento para que ocorra a ressemeadura natural e, dessa forma, seja obtida a persistência da espécie na pastagem. Esses resultados confirmam constatação de Miotto e Leitão Filho (1993) de que a ocorrência dessa espécie é esporádica, às vezes luxuriante, às vezes quase nula e explicam, de certa maneira, o que Valls (1984) comenta sobre sua baixa freqüência em campos pastejados. 4.4 Distribuição percentual da produção de forragem O comportamento estacional das leguminosas pode ser melhor analisado pela Tabela 7. Do total produzido, foi observado que, em geral, o regime de cortes Vegetativo proporcionou uma produção de forragem mais equilibrada, considerando o período de maior crescimento das leguminosas. Isso ficou mais evidenciado no cornichão e trevo-branco, com produções de forragem nas estações de primavera-verão. O cornichão, que produziu quantidade similar de forragem em ambos os regimes de corte, distribuiu de forma mais uniforme sua produção no regime Vegetativo, onde cerca de 81% da sua produção total foi repartida entre quatro cortes, abrangendo os meses de outubro a março; com o regime Florescimento, 78% da produção foi obtida em apenas dois cortes, entre novembro e final de dezembro. No Uruguai, Formoso (1993) relatou que com o aumento da idade do cultivo do cv. 54 São Gabriel, a produção de forragem se concentrou cada vez mais na primavera-verão. Tabela 7. Distribuição percentual da forragem total de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) cortadas em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes a) Vegetativo Leguminosas A/S O/N N/D J/F F/M A/M M/J J/A A/S ------------------------------------- % --------------------------------A. latifolia Bagé 0,29 15,48 68,90 10,60 3,91 0,32 0,11 0,19 0,20 A. latifolia Lages 0,27 11,08 83,47 1,07 2,57 0,73 0,08 0,23 0,50 A. tristis Lages 19,10 66,36 11,62 0,86 2,06 0,00 0,00 0,00 0,00 A. tristis Painel 6,13 78,09 3,13 10,96 1,70 0,00 0,00 0,00 0,00 L. corniculatus 6,39 21,50 13,86 26,41 18,83 7,86 1,01 1,05 3,11 L. pedunculatus 6,19 14,12 5,68 33,06 22,17 5,37 3,44 3,38 6,58 T. repens 0,39 19,83 21,30 6,57 17,58 9,34 7,76 8,01 9,21 b) Florescimento Leguminosas A. latifolia Bagé A. latifolia Lages A. tristis Lages A. tristis Painel L. corniculatus T. repens N/D D/J F/M M/M M/J J/A A/S --------------------------%-------------------------80,45 5,40 6,71 1,24 2,10 2,23 1,89 35,60 1,58 3,82 33,30 22,57 1,55 1,58 93,90 2,40 3,71 0,00 0,00 0,00 0,00 86,21 7,87 5,93 0,00 0,00 0,00 0,00 42,59 35,41 14,79 3,35 0,65 0,51 2,70 24,22 7,35 21,66 14,51 11,36 8,47 12,43 As espécies com maior estacionalidade foram as nativas, com exceção da população Lages de A. latifolia, no regime Florescimento. Tanto A. tristis como A. latifolia concentraram suas produções no mês de novembro, sendo, portanto, primaveris. Dentre as duas populações de A. latifolia, a Bagé foi a que mostrou maior concentração da produção de forragem, ocorrida na primavera, sendo que após esse corte o rebrote foi pouco vigoroso. A população Lages, porém, teve um segundo pico de crescimento, atingindo uma produção idêntica ao trevo-branco. Esse comportamento indica, provavelmente, a maior sobrevivência de estolões dessa população. 55 O L. pedunculatus, avaliado apenas no regime Vegetativo, concentrou sua produção entre fevereiro e março, com seu pico de crescimento em fevereiro, o que é altamente desejável, pois é uma época crítica em termos de quantidade e qualidade de forragem. As pastagens de verão estão finalizando seu ciclo, e as espécies de inverno ainda não estão aptas a fornecer forragem. Isso demonstra que a introdução de espécies de Lotus nos campos nativos ou pastagens perenes implantadas pode melhorar a dieta dos animais numa época crítica em qualidade de forragem, como foi constatado por Bemhaja e Risso (1998). O trevo-branco foi a leguminosa com maior equilíbrio na distribuição de forragem. Em ambos os regimes, o pico de produção foi em novembro, o que pode ter ocorrido em função da excepcional quantidade de chuvas no mês de outubro (Tabela 1). A diferença fundamental entre os dois regimes impostos foi a produção adicional de 2 t MS/ha no regime Vegetativo (9 t MS/ha) em relação ao Florescimento (7 t MS/ha). 4.5 Padrão geral de alocação da massa seca na forragem A forragem foi composta por estruturas vegetativas (folhas e caules) e reprodutivas (flores e frutos). Em termos absolutos, observase na Tabela 8, que houve diferença entre as leguminosas nos dois regimes de corte, para ambas as frações. Considerando as estruturas vegetativas, em termos absolutos, o cornichão foi o que mais produziu folhas e caules, em ambos os regimes de corte. Com exceção da A. tristis e de A. latifolia Bagé, o regime de cortes não afetou a produção das frações vegetativa e 56 reprodutiva das leguminosas. Na A. tristis, o regime Florescimento promoveu maior alocação na fração reprodutiva em relação ao regime Vegetativo, ao contrário do que ocorreu com a população Bagé, de A. latifolia (Tabela 8). Nessa última, o corte no Vegetativo teve um efeito estimulador do florescimento/frutificação, sendo que quando o primeiro corte ocorreu no florescimento, não houve um novo ciclo de florescimento. Tabela 8. Composição da forragem de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes Leguminosas Vegetativo Folha+Caule L. corniculatus T. repens L. pedunculatus A. tristis Lages A. tristis Painel A. latifólia Lages A. latifolia Bagé Estádio fenológico Reprodutivo Flor+Fruto Folha+Caule Flor+Fruto -----------------------kg MS/ha -------------------- 14..551 aA ( 97,6%) 8.774 bA (93,3%) 7.095 b (100%) 358 abA 14.185 aA 126 bA 629 aA 6.640 bA 324 abA 7 bB 7.499 bA 741 aA 12 bB 5.576 bcA 412 abA (2,4%) (6,7%) 3.923 cB 2.579 cdB 2.142 cdA 475 abA 1.381 dA 486 abA (99,8%) (99,5%) (81,8%) (74,0%) (0,2%) (99,1%) (95,3%) (91%) (0,5%) (93,1%) (18,2%) (92,3%) (26,0%) (0,9%) 2.801 cdA 1.290 dA (95,1%) (4,7%) (9%) (6,9%) 234 abA (7,7%) 66 bB (4,9%) Média 5.777 328 6.332 317 Na comparação das mesmas estruturas (folhas+caules e flores+frutos), médias seguidas de letras iguais, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem pelo teste de Tukey (P>0,05). Entre as populações de A. latifolia, observa-se que a Lages alocou proporcionalmente maior quantidade de massa na formação de folhas, ao contrário da Bagé. Já, na A. tristis, os cortes no Vegetativo tiveram um efeito supressor do florescimento/frutificação. 57 O padrão de alocação de biomassa relativo às frações folha e caule pode ser observado na Tabela 9. Tabela 9. Produção de caules e folhas de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes Leguminosas Estádio fenológico Vegetativo Reprodutivo Folhas Caules Folhas Caules -----------------------kg MS/ha -------------------T. repens 8.774 a A 0 dB 6.640 aB 0 cB (100%) (100%) L. corniculatus 7.910 a A 6.641 aA 6.683 aB 7.502 aA (54,4%) (45,6%) (47,1%) (52,9%) L. pedundulatus 4.421 b 2.674 b ------------(62,3%) (37,7%) A. tristis Lages 2.238 bcA 1.685 cB 2.693 bA 4.806 bA (57%) (43%) (35,9%) (64,1%) A. latifolia Lages 2.142 cA 0 dA 2.801 bA 0 cA (100%) (100%) A. latifolia Bagé 1.381 cA 0 dA 1.290 bA 0 cA (100%) (100%) A. tristis Painel 1.252 cA 1.327 cB 2.074 bA 3.502 bA (48,5%) (51,5%) (37,2%) (62,8%) Média 4.017 1.760 3.697 2.635 Na comparação das mesmas estruturas (folhas e caules), médias seguidas de letras iguais, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem pelo teste de Tukey (P>0,05). Para as espécies estoloníferas, A. latifolia e trevo-branco, a forragem colhida foi formada por folhas, estruturas reprodutivas e nenhum caule. Para as espécies eretas, cornichão e A. tristis, houve a participação de caule na forragem colhida, em maior proporção no Florescimento. A análise da variância mostrou efeito significativo para a interação Leguminosas x Regimes de corte para produção de caules e folhas. O estádio fenológico por ocasião do início das desfolhações afetou a produção de folhas somente para o trevo-branco e cornichão. 58 O cornichão mostrou maior proporção de caules no regime Florescimento em relação ao Vegetativo. O regime de cortes afetou significativamente a produção de caules apenas nas populações de A. tristis (Tabela 9). Observa-se que no regime Reprodutivo houve cerca de 60% de caules na forragem colhida, como resultado do seu hábito subarbustivo, evidenciado somente nesse estádio fenológico. Quanto à quantidade de folhas ativas e folhas senescentes, a análise da variância mostrou efeito significativo da interação Leguminosas x Regimes de corte apenas para trevo-branco e cornichão (Tabela 10). Tabela 10. Produção de folhas ativas e senescentes de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes Leguminosas Estádio fenológico Vegetativo Reprodutivo Ativas Senescentes Ativas Senescentes ---------------------------------- MS (kg/ha) ---------------------L. corniculatus 7.651 aA 259 b 6.223 aB 460 bc (96,7%) (3,3%) (93,1%) (6,9%) T. repens 7.087 aA 1687 a 5.025 aB 1.615 a (80,8%) (19,2%) (75,7%) (24,3) L pedunculatus 4.090 b 331 b --------(92,5%) (7,5%) A. tristis Lages 2.186 bcA 52 b 2.480 bA 213 bc (97,7%) (2,3%) (92,1%) (7,9%) A. latifolia Lages 1.880 cA 262 b 2.171 bA 630 b (87,8%) (12,2%) (77,5%) (22,5%) A. latifolia Bagé 1.249 cA 132 b 1.142 bA 148 c (90,5%) (9,5%) (88,5%) (11,5%) A. tristis Painel 1.249 cA 3 b 1.917 bA 157 c (99,8%) (0,2%) (92,4%) (7,6%) Média 3.627 389 3.160 537 Na comparação das mesmas estruturas (folhas ativas e senescentes), médias seguidas de letras iguais, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem pelo teste de Tukey (P>0,05). 59 O regime Vegetativo proporcionou uma maior produção de folhas ativas em relação ao Florescimento, em função da remoção antecipada da forragem acumulada, promovendo melhores condições de luminosidade. Essas espécies também superaram as demais quanto a essa variável, evidenciando, não somente sua capacidade de produção, mas também de qualidade estrutural da forragem produzida. O trevo-branco foi a espécie que apresentou a maior quantidade de folhas senescentes, o que representou cerca de 20% do total das folhas produzidas. Tal comportamento pode ser atribuído ao seu hábito estolonífero, com entrenós curtos, o que ocasiona um maior sombreamento de folhas basilares em relação às demais espécies. Isso indica a importância do intervalo entre cortes no seu manejo, de forma que não seja perdida uma expressiva quantidade de material verde. Assim, o intervalo imposto, de 45 dias, pode ter sido excessivo para a espécie, nas condições climáticas do período experimental, especialmente na primavera-verão, quando houve seu pico de produção. Comparando-se as produções de forragem obtidas nos dois regimes, para o trevo-branco, juntamente com os dados acima expostos, pode-se inferir que, uma vez não havendo diferença na senescência foliar, nem nas estruturas reprodutivas entre os dois regimes, as 2 t MS/ha obtidas a mais com o regime Vegetativo devem ter sido um efeito da melhor luminosidade dentro do dossel, que possibilitou uma maior expansão dos estolões e/ou atividade das gemas. A outra espécie estolonífera, A. latifolia, não apresentou o mesmo comportamento, provavelmente pelos seus estolões e entrenós longos, que retarda o sombreamento das folhas vizinhas e a 60 senescência precoce. Além disso, os folíolos distribuídos ao longo da raque, contribuem para uma melhor condição de luminosidade na base da planta, em relação ao trevo-branco. Nesse, a posição apical dos folíolos confere um fechamento horizontal do dossel relativamente mais cedo. Por outro lado, para as demais espécies, eretas, a pouca quantidade de folhas senescentes sugere a validade do intervalo imposto (45 dias) no manejo das mesmas. 4.6 Material morto Quanto ao material morto presente na forragem colhida, apenas para cornichão e A. tristis Lages houve efeito do regime de cortes (Tabela 11). No cornichão e A. tristis Lages, a elevada quantidade relativa do material morto pode ser atribuída às elevadas produções de forragem obtidas por ocasião do primeiro corte no florescimento. Nessas duas espécies observou-se maior quantidade de hastes basilares mortas nesse regime de corte, ao passo que no vegetativo isso não ocorreu. O trevo-branco e o L. pedunculatus foram as espécies com maior quantidade de material morto no regime Vegetativo, sendo que para o primeiro a quantidade foi similar ao regime Florescimento. Esse comportamento “fechamento” do se dossel deve, da em espécie, parte, que ao característico promove maior sombreamento basilar em relação às demais. No caso do L. pedunculatus, também foi uma conseqüência dos danos causados pelas geadas, para o que demonstrou menor tolerância em relação às demais espécies. 61 Tabela 11. Material morto presente na forragem colhida de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes Leguminosas Estádio fenológico Vegetativo Florescimento ------------------ MS(kg/ha)-----------------------T. repens 519 a A 537 bA L. pedunculatus 421 a L. corniculatus 187 bB 899 aA A. latifolia Lages 148 bA 285 cA A. latifolia Bagé 115 bA 187 cA A. tristis Painel 67 bA 35 dA A. tristis Lages 54 bB 221 cA Médias 217 361 Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Tukey (P>0,05). 4.7 Padrão estacional dos componentes da forragem Nas Figuras 9 e 10 pode ser observado o padrão estacional dos componentes da forragem das duas populações de A. latifolia. Verifica-se que houve uma sincronia no pico de produção de folhas ativas e de flores/frutos para ambas as populações, na primavera. As populações diferiram no regime Florescimento, quando a população Lages teve um segundo pico produtivo em março, evidenciando a produção basicamente de folhas ativas e senescentes. 62 FA FS MS (kg/ha) C 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 A. latifolia Bagé Regime Vegetativo FOR REP ag-00 out-00 nov- jan-01 fev-01 abr-01 mai- jul-01 ag-01 00 01 Meses 1200 MS (kg/ha) 1000 A. latifolia Bagé Regime Florescimento 800 600 400 200 0 nov-00 dez-00 fev-01 mar-01 mai-01 jun-01 ag-01 M eses Figura 9. Produção estacional dos componentes da forragem (FA=folhas ativas; FS=folhas senescentes; C=caules; FOR=forragem total; REP=flor+fruto; de Adesmia latifolia Bagé, nos dois regimes de corte. 63 2500 FA FS MS (kg/ha) 2000 C A. latifolia Lages Regime Vegetativo 1500 FOR REP 1000 500 0 ag-00 out-00 nov-00 jan-01 fev-01 abr-01 mai-01 jul-01 ag-01 M eses 1200 A. latifolia Lages Regime Florescimento MS (kg/ha) 1000 800 600 400 200 0 nov-00 dez-00 fev-01 mar-01 mai-01 jun-01 ag-01 M eses Figura 10. Produção estacional dos componentes da forragem (FA=folhas ativas; FS=folhas senescentes; C=caules; FOR=forragem total; REP=flor+fruto; de Adesmia latifolia Lages, nos dois regimes de corte. Para as populações de A. tristis (Figuras 11 e 12), a fração caule foi tão importante na composição da forragem quanto a folha, evidenciando a importância de um manejo que promova uma maior contribuição de folhas, de modo a melhorar a qualidade da forragem. Os resultados obtidos neste estudo sugerem que para tal condição é 64 preferível iniciar os cortes quando as plantas ainda estão no estádio vegetativo, mesmo que isso signifique sacrificar um maior volume de forragem conseguido em estádios mais avançados. 2500 2000 MS (kg/ha) FA A. tristis Lages Regime Vegetativo FS C FOR 1500 REP 1000 500 0 set-00 nov-00 dez-00 fev-01 mar-01 M eses 9000 A. tristis Lages Regime Florescimento MS (kg/ha) 7500 6000 FA FS C FOR 4500 REP 3000 1500 0 dez-00 jan-01 mar-01 M eses Figura 11. Produção estacional dos componentes da forragem (FA=folhas ativas; FS=folhas senescentes; C=caules; FOR=forragem total; REP=flor+fruto; de Adesmia tristis Lages, nos dois regimes de corte. No regime Vegetativo houve uma tendência da população Painel apresentar maior produção de caules do que de folhas ativas, 65 em relação à Lages, o que não foi observado no outro regime. No regime Florescimento, observou-se nas duas populações, que a produção de forragem foi mais relacionada com a produção de caules, ao invés de folhas ativas. 2500 2000 MS (kg/ha) FA A. tristis Painel Regime Vegetativo FS C FOR 1500 REP 1000 500 0 set-00 nov-00 dez-00 fev-01 mar-01 M eses 6000 A. tristis Painel Regime Florescimento MS (kg/ha) 4500 FA FS C FOR 3000 REP 1500 0 dez-00 jan-01 mar-01 M eses Figura 12. Produção estacional dos componentes da forragem (FA=folhas ativas; FS=folhas senescentes; C=caules; FOR=forragem total; REP=flor+fruto; de Adesmia tristis Painel, nos dois regimes de corte. 66 Para o cornichão, no regime Vegetativo, observa-se que a fração folha ativa teve maior contribuição na forragem colhida durante a primavera (1,9 t MS/ha), ao passo que no verão (fevereiro), a fração caule teve maior contribuição relativa na forragem, sendo que em fevereiro atingiu cerca de 2,6 t MS/ha (Figura 13). MS (kg/ha) L. corniculatus Regime Vegetativo 4500 FA 4000 FS 3500 C 3000 FOR 2500 REP 2000 1500 1000 500 0 set-00 nov-00 dez-00 fev-01 mar-01 mai-01 jun-01 ag-01 set-01 Meses 7000 6000 L. corniculatus Regime Florescimento MS (kg/ha) 5000 4000 3000 2000 1000 0 dez-00 fev-01 mar-01 mai-01 jun-01 ag-01 set-01 M eses Figura 13. Produção estacional dos componentes da forragem (FA=folhas ativas; FS=folhas senescentes; C=caules; FOR=forragem total; REP=flor+fruto; de Lotus corniculatus, nos dois regimes de corte. 67 No regime Florescimento, a fração caule foi de 3,3 t MS/ha no mesmo mês. Portanto, nessa espécie, a produção de verão é caracterizada por uma menor relação folha:caule, em comparação com a primavera e outono. Isso se deve ao alongamento dos entrenós das ramificações axilares, nessa época do ano (Formoso, 1993). McGraw e Marten (1986), em corte de cornichão no florescimento pleno, verificaram que a curva de acúmulo total de forragem acompanhou a curva da fração caule. Observa-se que a fração folha flutuou, com picos na primavera e outono, promovendo uma melhor qualidade estrutural da forragem colhida. Formoso (1993) afirma que na fase vegetativa, o cornichão contém 60-70% de folhas, ao passo que na maturidade essa fração pode cair para 20-30%. O L. pedunculatus apresentou tendência similar ao cornichão, mostrando a máxima produção de caules em fevereiro, com cerca de 1.500 kg MS/ha (Figura 14). Da mesma forma, a primavera e outono foram caracterizados por uma maior relação folha:caule, ao contrário do que se verificou com o verão, independente da condição fenológica, pois essa espécie não floresceu. 68 L. pedunculatus FA FS C 2500 FOR MS (kg/ha) 2000 1500 1000 500 0 set-00 nov-00 dez-00 fev-01 mar-01 mai-01 jun-01 ago-01 set-01 Meses Figura 14. Produção estacional dos componentes da forragem (FA=folhas ativas; FS=folhas senescentes; C=caules; FOR=forragem total; REP=flor+fruto; de Lotus pedunculatus, no regime Vegetativo. O trevo-branco mostrou tendências similares nos dois regimes de corte, sendo que as folhas ativas formaram a principal fração da forragem ao longo do período avaliado (Figura 15). A senescência foliar foi mais acentuada no verão e, no geral, foi mais evidente no regime Florescimento. Assim, o corte de fevereiro foi o que mostrou maior quantidade relativa de folhas senescentes na forragem colhida, com reduções progressivas até o final do período experimental. A partir de junho mostrou-se uma tendência ao aumento relativo das folhas ativas, indicando um dossel com melhores condições de luminosidade. 69 FA T. repens Regime Vegetativo FS C FOR 2500 REP MS (kg/ha) 2000 1500 1000 500 0 ag-00 Out-00 Nov-00 Jan-01 Fev-01 Abr-01 Mai-01 Jul-01 ag-01 Meses T. repens Regime Florescimento 1800 MS (kg/ha) 1500 1200 900 600 300 0 Nov-00 Dez-00 Fev-01 Mar-01 Mai-01 Jun-01 ag-01 Meses Figura 15. Produção estacional dos componentes da forragem (FA=folhas ativas; FS=folhas senescentes; C=caules; FOR=forragem total; REP=flor+fruto; de Trifolium repens, nos dois regimes de corte. A elevada senescência observada no corte de fevereiro pode ser atribuída ao próprio vigor do rebrote do período, no qual as plantas estavam reiniciando o crescimento vegetativo, após o primeiro ciclo de florescimento pleno. Por ocasião desse corte o trevo-branco 70 apresentou sua maior estatura (Figuras 3 e 4), numa resposta às condições climáticas favoráveis dessa época. A elevação do dossel, por sua vez, promoveu maior sombreamento e, conseqüentemente, maior senescência. Essas alterações no perfil do dossel têm relação com a duração das folhas do trevo-branco, estimada entre 15 e 21 dias, em condições sombreadas e não sombreadas, respectivamente (McCree e Troughton, 1966), mas que, sob condições de baixas temperaturas pode chegar a 40 dias (Gibson e Cope, 1985). Portanto, para as condições climáticas presentes no período avaliado, a composição da forragem do trevo-branco teve características bem distintas: no período compreendido entre o estabelecimento e o final da primavera, a forragem foi de melhor qualidade, com maior quantidade de folhas ativas; no verão a meados do outono, a forragem teve maior quantidade de folhas senescentes, denotando uma forragem de menor qualidade. Wilman e Mares Martins (1977) também observaram dois períodos distintos de magnitude de senescência nessa espécie, que foi maior no final do verão em relação ao outono. A menor quantidade de folhas senescentes e material morto ocorrida no segundo período foi atribuída a uma menor taxa de reposição de folhas, associada às menores temperaturas. 4.8 Capacidade de competição e persistência das leguminosas As leguminosas tiveram, em função de seu hábito de crescimento e da capacidade de rebrote, diferentes índices de competição com as plantas invasoras, conforme Tabela 12. 71 Tabela 12. Produção total de plantas invasoras e índice de competição das leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em função do estádio fenológico por ocasião do início dos cortes Leguminosas Estádio fenológico Vegetativo Florescimento Plantas Índice de Plantas Índice de invasoras competição invasoras competição A. tristis Painel 6.840 aA 0,38 1.270 bB 4,71 A. latifolia Lages 6.529 aA 0,40 5.075 aB 0,60 A. latifolia Bagé 6.056 abA 0,31 5.850 aA 0,23 A. tristis Lages 3.883 bA 1,01 1.208 bB 6,82 L. corniculatus 1.098 cA 13,58 1.812 bA 7,90 T. repens 995 cA 9,45 526 bA 13,21 L. pedunculatus 899 c 7,89 -----------------Médias 3.757 2.623 Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem pelo teste de Tukey (P>0,05). O regime de cortes afetou apenas as duas populações de A. tristis e A. latifolia Lages, sendo que a menor quantidade de plantas invasoras ocorreu no regime Florescimento. Nesse regime foram obtidas as maiores produções de forragem dessas populações, indicando, portanto, uma condição de dossel mais fechado, e conseqüentemente maior índice de competição. As parcelas de A. latifolia foram paulatinamente invadidas por plantas rasteiras (Figura 16), sendo observada uma expressiva morte dos estolões de ambas as populações. As espécies com maior capacidade competitiva foram os Lotus e o trevo-branco, indicando melhor estabelecimento e vigor de rebrotes. Formoso e Allegri (1982) em trabalhos com misturas contendo essas leguminosas, verificaram que naquelas onde estava presente o cornichão houve uma maior estabilidade produtiva e menor conteúdo de plantas invasoras. As diferenças competitivas verificadas, estão atreladas à própria persistência das espécies, pois aquelas leguminosas capazes de 72 rebrotar e sobreviver ao longo do período de avaliação foram também as mais persistentes. Figura 16. Detalhe de uma parcela de A. latifolia, ao final do período experimental, com visualização do retângulo metálico, utilizado na coleta das amostras. A. tristis foi a espécie com menor persistência, com a totalidade das plantas mortas após o 5º corte no regime Vegetativo e o 3º corte no Florescimento, ambos no início do outono (março), apresentando um comportamento de planta anual. Atribui-se isso, em parte, à altura de corte na qual as plantas foram submetidas (8 cm), o que para uma espécie de seu porte significa a remoção quase total da área vegetativa. Num dos poucos trabalhos sobre o efeito de manejo em A. tristis, Rosa (1998) verificou que na medida em que se aumentava a altura de corte, de 10 para 15 cm, a produção de massa seca era aumentada, da mesma forma quando era aumentado o intervalo entre os cortes, de três para sete semanas. Isso indica que se trata de uma 73 espécie com coroa pouco vigorosa, e cujo rebrote depende mais de gemas axilares, o que já foi atestado por Scheffer-Basso et al.(2000). Quanto às populações de A. latifolia, seu comportamento sugere um crescimento cíclico similar às plantas anuais. Isso pode ter ocorrido devido à falta de nodulação e à inadaptação da espécie à áreas bem drenadas, pois o experimento foi instalado numa coxilha, e esta espécie ocorre em banhados e campos alagadiços. Scheffer-Basso et al. (2000) evidenciaram um padrão cíclico de formação de gemas, indicando a importância de práticas de manejo que promovam a renovação do estande através da emissão de novos estolões. Portanto, o diferimento da pastagem à época do florescimento é quase que obrigatório nessa espécie, de modo a renovar o estande através do surgimento de novas plântulas, pela ressemeadura natural. Para as demais espécies, o manejo imposto promoveu sua persistência ao longo do período avaliado, não havendo degradação dos estandes. O cornichão mostrou excelente persistência, com sobrevivência de 80% (Vegetativo) a 93% (Florescimento) das plantas na área útil da parcela (dados não mostrados). A persistência do L. pedunculatus, que se manteve em permanente estádio vegetativo, depende basicamente do desenvolvimento de rizomas e dos rebrotes a partir das gemas de caules aéreos, conforme o trabalho clássico de Sheat (1980b). 74 5. CONCLUSÕES O desempenho produtivo e a persistência das espécies exóticas (L. corniculatus, L. pedunculatus e T. repens) é superior às espécies nativas (A. latifolia e A. tristis). O cornichão cv. São Gabriel e a A. latifolia são espécies versáteis, quanto ao estádio fenológico, por ocasião do início da utilização, compensando as produções de forragem de acordo com o número de cortes. O cornichão cv. São Gabriel confirma sua versatilidade e/ou dupla aptidão (feno/pastejo) e excelente adaptação para regiões de temperaturas amenas. L. pedunculatus tem potencial similar ao trevo-branco, porém apresenta problemas de adaptação quanto ao florescimento e à produção de sementes. O trevo-branco expressa melhor seu potencial produtivo com cortes iniciados no estádio vegetativo, em função do seu hábito de crescimento. Das leguminosas estudadas, é a mais precoce em produção de forragem (primaveril). As populações de A. latifolia apresentam sincronia de florescimento, o que sugere facilidade no manejo para colheita de sementes. Na composição da forragem de Lotus, a fração folha tem maior contribuição durante a primavera e o outono, sendo que no verão, a fração caule apresenta a maior contribuição relativa. No trevo-branco, a primavera condiciona maior proporção de folhas ativas e o verão, de folhas senescentes. Em geral, o manejo com o primeiro corte da forragem no estádio Vegetativo, proporciona uma produção de forragem mais 75 equilibrada. As espécies nativas tendem a concentrar sua produção de forragem na primavera e as exóticas, ao longo da primavera e verão. 76 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALISON, M.W.Jr.; HOVELAND, C.S. Birdsfoot trefoil management. I. Root growth and carbohydrate storage. Agronomy Journal, Madison, v.81, n.5, p.739-745, september-october, 1989a. ALISON, M.W.; HOVELAND, C.S. Birdsfoot trefoil management. II. Yield, quality, and stand evaluation. Agronomy Journal, Madison, v.81, n.5, p.745-749, 1989b. ALLEN, O.N.; ALLEN, E.K. The Leguminosae. University of Wisconsin Press, 1981. p.19-20. Madison: The ARAMBARRI, A.N. Illustrated catalogue of Lotus L. seeds (Fabaceae). In: BEUSELINCK, P.R. Trefoil: the science and technology of Lotus. 28ed. Madison, Wiscosin: CSSA Special Publication. American Society of Agronomy, Inc/Crop Science Society of America, Inc. p.21-42, 1999. ARAÚJO, J.C. de.; JACQUES, A.V.A. Características morfológicas e produção de matéria seca do cornichão (Lotus corniculatus L.) colhido em diferentes estádios de crescimento e a duas alturas de corte. Revista Brasileira de Zootecnia., Viçosa, v.3, n.2, p.138-147, 1974. AYALA, W.; HODGSON, J.; KEMP, P. Efecto de la defoliación sobre la población y morfología de Lotus corniculatus. In: REUNIÃO DO GRUPO TÉCNICO EM FORRAGEIRAS DO CONE SUL ZONA CAMPOS, 17, 1998, Lages. Anais... Lages: Epagri-UDESC, 1998. p.125. BARCELOS, A. de O.; VILELA, L. Leguminosas forrageiras tropicais: estado de arte e perspectivas. In: SIMPOÓSIO INTERNACIONAL DE FORRAGICULTURA, 1994, Maringá, Anais...Maringá: UEM, 1994. p.1-56. BEINHART, G. Effects of environment on meristematic development, leaf area, and growth of white clover. Crop Science, v.3, p.209-213, 1963. BELLAVER, J.F.; FÃO, V.de M.; VOSS, M. Análise de crescimento em estádio inicial de desenvolvimento de espécies do gênero Adesmia DC. In: REUNIÃO DO GRUPO TÉCNICO EM FORRAGEIRAS DO CONE SUL ZONA CAMPOS, 17, 1998, Lages. Anais... Lages: Epagri-UDESC, 1998. p.100. BEMHAJA, M.; RISSO, D.F. Establecimiento y producción de Lotus pedunculatus cv. Maku em tres comunidades nativas sobre suelos del 77 area ganadera del Uruguay. In:. REUNIÃO DO GRUPO TÉCNICO EM FORRAGEIRAS DO CONE SUL ZONA CAMPOS, 17, 1998, Lages. Anais... Lages: Epagri-UDESC, 1998. p.152. BEUSELINCK, P.R.; McGRAW, R.L. Indeterminate flowering and reproductive success in birdsfoot trefoil. Crop Science, Madison, v.28, n.5, p.842-845, 1988. BLUMENTHAL, M.J.; McGRAW, R.L. Lotus adaptation, use, and management. In: BEUSELINCK, P.R. Trefoil: The science and technology of Lotus. 28ed. Madison, Wiscosin: CSSA Special publication. American Society of Agronomy, Inc/Crop Science Society of America, Inc., 1999, p.97-119. BOSWORTH, S.C.; STRINGER, W.C. Cutting management of alfalfa, red clover, and birdsfoot trefoil. Disponível em: <http://www.agronomy.psu.edu>. Acesso em: 16 março 2003. BRAUN-BLANQUET, J. Fitosociologia: Bases para el estudio de las comunidades vegetales. Madrid: H. Blume Ediciones, 1979. p.547. BRINK, G.E.; PEDERSON, G.A. White clover response to grazing method. Agronomy Journal, v.85, n.4, p.791-794, 1993. BROUGHAM, R.W.; BALL, P.R.; WILLIAMS, W.M. The ecology and management of white clover based pastures p.309-324. In: JOHN, R.W. (Ed.) Plant relations in pastures. Albert Street, East Melbourne, Australia: CSIRO, 1978. 425 p. BURKART, A. Las leguminosas argentinas silvestres y cultivadas. Buenos Aires: ACME Agency, 1952. 569p. CARADUS, J.R.; CHAPMAN, D.F. Variability of stolon characteristics and response to shading in two cultivars of white clover (Trifolium repens L.). New Zealand Journal of Agricultural Research, Palmerston North, v.34, p.239-247, 1991. CARÁMBULA, M.; AYALA, W.; CARRIQUIRY, E. Lotus pedunculatus: Adelantos sobre una forrajera que promete. Inia Treinta y Tres, agosto de 1994. 14p. (Serie tecnica, 45). CARNEIRO, C.M.; RODELLA, R.A. Anatomia quantitativa e valor nutritivo de Adesmia latifolia (Spreng.) Vog. (Leguminosae). In: ALTUVE, S.M.; PIZZIO, R.M. (Eds.). REUNION DEL GRUPO TECNICO EN FORRAJERAS DEL CONO SUR ZONA CAMPOS, 19. Mercedes, Corrientes, Argentina. Memorias…Mercedes, Corrientes, Argentina, 2002. p.132. 78 CAROSO, G.F.; PAIM, N.R.; PRATES, E.R. Avaliação da produção e persistência de progênies e cultivares de Lotus corniculatus L. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.16, n.3. p.341-346, maio-junho, 1981. COELHO, L.G..M.; BATTISTIN, A. Meiotic behavior of Adesmia DC. (Leguminosae-Faboideae) species native to Rio Grande do Sul, Brazil. Genetics and Molecular Biology, v.21, n.3, p.403-406, 1998. DALL’AGNOL, M.; NABINGER, C.; MONTARDO, D.P.; SAIBRO, J.C. de; FRANKE, L.B.; SCHIFFINO-WITTMANN; SCHEFFERBASSO, S.M. Estado atual e futuro da produção e utilização de leguminosas forrageiras na zona campos: RS. In: ALTUVE, S.M.; PIZZIO, R.M. (Eds.). REUNION DEL GRUPO TECNICO EN FORRAJERAS DEL CONO SUR ZONA CAMPOS, 19. Mercedes, Corrientes, Argentina. Memorias…Mercedes, Corrientes, Argentina, 2002. p. 83-90. DALL’AGNOL, M.; PAIM, N.R.; RIBOLDI, J. Cultivares e progênies de policruzamento de trevo-branco consorciadas com gramíneas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.17, n.11, p.1591-1598, novembro, 1982. DAVIES, A., JONES, D.R. The production of leaves and stolon branches on established white clover cuttings in relation to temperature and soil moisture in the field. Annals of Botany, v.69, p.515-21, 1992. DUTRA, G.M.; MAIA, M.de S.; OLIVEIRA, J.C.P. Efeito de época e densidade de semeadura na produção de matéria seca de Adesmia latifolia no ano de estabelecimento. In: REUNIÃO DO GRUPO TÉCNICO EM FORRAGEIRAS DO CONE SUL ZONA CAMPOS, 17, 1998, Lages. Anais... Lages: Epagri-UDESC, 1998. p.123-124. ELGERSMA, A.; SCHLEPERS, H. Performance of white clover/perennial ryegrass mixtures under cutting. Grass and Forage Science, v.52, p.134-146. 1997. FÁVERO, D.; SCHEFFER-BASSO, S.M.; FIORESE, I.; ESCOSTEGUY, P.A.V. Tolerância de Adesmia latifolia e Trifolium repens ao alumínio. In: MOSTRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 13, 2002, Passo Fundo. Anais...Passo Fundo: UPF, 2002. p.44. 1 CDROM. FLARESSO, J.A.; ALMEIDA, E.X. Introdução e avaliação de forrageiras temperadas no alto vale do Itajaí, Santa Catarina. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.21, n.2., p.309-319, 1992. 79 FORMOSO, F. Lotus corniculatus L. Performance forrajera y características agronômicas asociadas. Montevideo: INIA, 1993. 20p. (Boletin de divulgación n.37). FORMOSO, F.; ALLEGRI, M. Evaluación de mezclas forrajeras em la zona noreste. II. Comportamiento agronómico sobre una pradera parda. Investigaciones Agronómicas, ano 3, n.3, p. 52-56. 1982. FRAME, J.; NEWBOULD, P. Agronomy of white clover. Advances in Agronomy, v.40, p. 1-87. 1986. FRANKE, L.B.; NABINGER, C. Dinâmica do florescimento de cinco cultivares de trevo-branco. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.26, n.9, p.1475-1485, 1991. GARCIA, J.A. Persistencia de leguminosas. Rev. INIA Inv. Agr., n.1, Tomo II, p.143-156, diciembre 1992. GIBSON, P.B.; COPE, W.A. White clover. In: TAYLOR, N.L. (Ed.). Clover Science and Technology. Madison: ASA, 1985. p.471-488. GOLDFARB, M.C.; ALTUVE, S.M. Estado actual y futuro de la producción y utilización de leguminosas forrajeras em la zona campos. In: ALTUVE, S.M.; PIZZIO, R.M. (Eds.) REUNION DEL GRUPO TECNICO EN FORRAJERAS DEL CONO SUR ZONA CAMPOS, 19. Mercedes, Corrientes, Argentina. Memorias…Mercedes, Corrientes, Argentina, 2002. p.91-95. HART, A.L. Physiology. In: BAKER, M.J.; WILLIAMS, W.M. (Eds.) White clover. Wallinggford, UK: CAB International, 1987. p.125-152. HAY, M.J.M. Seasonal variation in the distribution of white clover (Trifolium repens L.) stolons among 3 horizontal strata in 2 grazed swards. New Zealand Journal of Agricultural Research 26, 29-34, 1983. HAY, M.J.M.; NEWTON, P.C.D. Effect of severity of defoliation on the viability of reproductive and vegetative axillaries buds of Trifolium repens L. Annals of Botany, London, v. 78, n.1, p.117-123, 1996. IBGE. Agropecuaria/censoagr/43/utiliza.shtm, 1996. Disponível em: <http: //ibge.gov.br>(home/estatistic/economic). Acesso em: 16 maio 2003. KANG, J.H.; BRINK, G.E. White clover morphology and physiology in response to defoliation interval. Crop Science, v.35, n.1, p.264-269, 80 1995. KANG, K.H.; BRINK, G.E.; ROWE, D.E. Seedling white clover response to defoliation. Crop Science, Madison, v.35, n.5, p.14061410, 1995. LANGER, R.H.M. Las pasturas y sus plantas. Montevideo: Ed. Hemisferio Sur, p.132-145. s.d. LOPEZ, J.; PRESTES, P.J.Q.; MAGALHÃES, E. 1970. A curva de crescimento e a composição em carboidratos solúveis, estruturais, lignina e proteína, e a digestibilidade em cornichão. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 9, 1970, São Paulo. Anais...São Paulo. p.851-857. MANNETJE, L.; O' CONNOR, K.K.; BURT, R.L. The use and adaptation of pasture and fodder legumes. In: SUMMERFIEL, R.J.; BUNTING, A.H. Advances in legume science. Kew: University of Reading. 1980. p.537-552. MAY, L.H. The utilization of carbohydrate reserves in pasture plants after defoliation. Herbage abstracts, v.30, n.4, p.239-244, 1960. McCREE, K.; TROUGHTON, J.H. Non-existence of an optimum leaf area index for the production rate of white clover grown under constant conditions. Plant Physiology, v.41, p.1615-1622, 1966. McGRAW, R.L.; MARTEN, G.C. Analysis of primary spring growth of four pasture legume species. Agronomy Journal, v.78, p.704-710. 1986. MENEZES, F.P. de.; OLIVEIRA, J.C.P.; DUTRA, G.M. Efeito da altura e freqüência de corte na produção de matéria seca de Adesmia latifolia. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 37, 1999, Porto Alegre. MIOTTO, S.T.S. Situação dos estudos taxonômicos da família Leguminosae na região sul do Brasil. Napae, Porto Alegre, n.9, p.511, 1994. MIOTTO, S.T.S.; LEITÃO FILHO, H. de F. Leguminosae-Faboideae - Gênero Adesmia DC. Porto Alegre: UFRGS, n.52, p.1-157, 1993. (Boletim do Instituto de Biociências). MONTEIRO, I.D. Teste de progênie de policruzamento de Lotus uliginosus Schkuhr. 1981. Dissertação (Mestrado em Agronomia /Fitotecnia) – Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1981. 118 p. 81 MORAES, C.O.C.; PAIM, N.R.; NABINGER, C. Avaliação de leguminosas do gênero Trifolium. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.24, n.7, p.813-818, 1989. MORENO, J.A. Clima do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria de Agricultura, 1961. 41p. NASSIRI, M.; ELGERSMA, A. Competition in perennial ryegrasswhite clover mixtures under cutting. 2. Leaf characteristics, light interception and dry-matter production during regrowth. Grass and Forage Science, Oxford, v.53, n.4, p.367-379, 1998. NELSON, C.J.; SMITH, D. Growth of birdsfoot trefoil and alfalfa. II – Morfological development and dry matter distribution. Crop. Science, v.8, p.21-25, 1968. OLIVEIRA, J.C.P.; PAIM, N.R. Teste de progênies em linha de seleção materna de duas espécies do gênero Lotus. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.25, n.3, p.461-467, 1990. OLMOS, F.O. Mejoramiento de pasturas con Lotus en la región noreste. Montevideo: INIA, 2001. 48p. (Série Técnica n. 124) OLMOS, F.; SOSA, M. Dinámica poblacional de Lotus corniculatus L. sembrado en pasturas naturales. In: ALTUVE, S.M.; PIZZIO, R.M. (Eds.). REUNION DEL GRUPO TECNICO EN FORRAJERAS DEL CONO SUR ZONA CAMPOS, 19. Mercedes, Corrientes, Argentina. Memorias…Mercedes, Corrientes, Argentina, 2002. p.106. PAIM, N.R.; RIBOLDI, J. Competição entre espécies e cultivares do gênero Lotus L. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.26, n.10, p.1699-1704, 1991. PAIM, N.R.; RIBOLDI, J. Duas novas cultivares de trevo-branco comparadas com outras disponíveis no Rio Grande do Sul, em associação com gramíneas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.29, n.1 p.43-53, 1994. PEARSON, C.J.; ISON, R.L. Agronomy of Grassland Systems. 2ed. Cambridge: Cambridge University Press. 1997. p.71. PEDERSON, G.A. Taproot and adventitious root growth of white clover as influenced by nitrogen nutrition. Crop Science, v.29, p.7648, 1989. REAL, D. Estado actual y futuro de la producción y utilización de leguminosas forrajeras en la Zona Campos. In: ALTUVE, S.M.; PIZZIO, R.M. (Eds.). REUNION DEL GRUPO TECNICO EN 82 FORRAJERAS DEL CONO SUR ZONA CAMPOS, 19. Mercedes, Corrientes, Argentina. Memorias…Mercedes, Corrientes, Argentina, 2002. p.78-82. ROSA, J.L. Manejo de Adesmia tristis em vasos em casa de vegetação. In: REUNIÃO DO GRUPO TÉCNICO EM FORRAGEIRAS DO CONE SUL ZONA CAMPOS, 17, 1998, Lages. Anais…Lages: Epagri-UDESC, 1998. p.135. SCHEFFER-BASSO, S.M. Caracterização morfofisiológica e fixação biológica de nitrogênio de espécies de Adesmia D.C. e Lotus L. 1999. Tese (Doutorado em Zootecnia/Plantas Forrageiras) – Faculdade de Agronomia; Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999. SCHEFFER-BASSO, S.M.; JACQUES, A.V.A.; DALL’AGNOL, M. Alocação da biomassa e correlações morfofisiológicas em leguminosas forrageiras com hábitos de crescimento contrastantes. Ciência Agrícola, v.59, n,4, p.629-634, 2002a. SCHEFFER-BASSO, S.M.; JACQUES, A.V.A.; DALL’AGNOL, M.; RIBOLDI, J.; CASTRO, S.M.J. Dinâmica da formação de gemas, folhas e hastes de espécies de Adesmia DC. e Lotus L. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.29, n.6, p.1961-1968, novembro/dezembro, 2000. Suplemento 1. SCHEFFER-BASSO, S.M.; JACQUES, A.V.A.; DALL’AGNOL, M.; RIBOLDI, J.; CASTRO, S.M.J. Disponibilidade e valor nutritivo de forragem de leguminosas nativas (Adesmia DC.) e exóticas (Lotus L.). Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.30, n.3, p.975-982, maio/junho, 2001a. Suplemento 1. SCHEFFER-BASSO, S.M.; VOSS, M.; JACQUES, A.V.Á. Nodulação e fixação biológica de nitrogênio de Adesmia latifolia e Lotus corniculatus em vasos de Leonard. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.03, p.687-693, maio/junho, 2001b SCHEFFER-BASSO, S.M.; VENDRUSCOLO, M.C.; BARÉA, K.; BENINCÁ, R.C.; LUBENOW, R.; CECCHETTI, D. Comportamento de leguminosas (Adesmia, Lotus, Trifolium) em mistura com festuca. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.31, n.6, p.2197-2203, 2002b. SEANEY, R.R.; HENSON, P.R. Birdsfoot trefoil. Advances in Agronomy, v.22, p.119-157, 1970. SHEATH, G.W. Effects of season and defoliation on the growth habit 83 of Lotus pedunculatus Cav. cv. ' Grasslands Maku' . New Zealand Journal of Agricultural Research, Wellington, v.23, p.191-200. 1980a. SHEATH, G.W. Production and regrowth characteristics of Lotus pedunculatus Cav. cv. ' Grasslands Maku' . New Zealand Journal of Agricultural Research, Wellington, v.23; p.201-209. 1980b. SILVEIRA, A.L.A. da.; GOMES, K.E.; OLIVEIRA, J.C.P. Produção e qualidade de cevadilha vacariana (Bromus auleticus trinius). In: ALTUVE, S.M.; PIZZIO, R.M. (Eds.). REUNION DEL GRUPO TECNICO EN FORRAJERAS DEL CONO SUR ZONA CAMPOS, 19. Mercedes, Corrientes, Argentina. Memorias…Mercedes, Corrientes, Argentina, 2002. p.235 SMITH, D. Carbohydrate root reserves in alfalfa, red clover, and birdsfoot trefoil under several management schedules. Crop Science, v.2, p.75-78, 1962. SMITH, D. The unusual growth responses of birdsfoot trefoil. Crop & Soils, v.18, n.7, p.12, 1966. TEDESCO, S.B.; DALL' AGNOL, M.; SCHIFFINO-WITTMAN, M.T. Observações sobre o modo de reprodução de Adesmia latifolia Spreng. Vog. Ciência Rural, Santa Maria, v.28, n.1, p.141-142, 1998. TEDESCO, S.B.; DALL’AGNOL, M.; SCHIFFINO-WITTMAN, M.T.; VALLS, J.F.M. Mode of reproduction of Brazilian species of Adesmia (Leguminosae). Genetics and Molecular Biology, v.23, n.2, p.475-478, 2000. THOMAS, R.G. Reproductive development. In: BAKER, M.J.; WILLIAMS, W.M. (Ed.). White clover. Oxon: CAB International: 1987. p.63-124. THOMPSON, L. The influence of the radiation environment around the node on morphogenesis and growth of white clover (Trifolium repens). Grassland and Forage Science, v.48, p.271-8, 1993. VALLS, J.F.M. Notas sobre a taxonomia, disponibilidade de germoplasma e problemas para utilização forrageira de Adesmia spp. no sul do Brasil. Porto Alegre, 1984. 11p. (Mat. Dat.). WILMAN, D.; MARES MARTINS, V.M. Senescence and death of herbage during periods of regrowth in ryegrass and red and white clover, and the effect of applied nitrogen. Journal Applied of Ecology, v.14, p.615-620, 1977. 84