Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP - 2016 A Tecnologia Assistiva Aplicada ao Sistema PECS na Comunicação Interpessoal de Crianças Autistas Brasileiras JOSÉ LEONARDO SANTOS MARTINS¹, DANILO HENRIQUE SANTOS², MÁRIO POPOLIN NETO³ 1 Graduando em Técnico em Mecatrônica, Bolsista PIBIFSP, IFSP, Câmpus Registro, [email protected] Especialista em Computação, Professor, IFSP, Câmpus Registro, [email protected] 3 Mestre em Computação, Professor, IFSP, Câmpus Araraquara, [email protected] Área de conhecimento (Tabela CNPq): Software básico – 1.03.04.03-7 2 Apresentado no 7° Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica do IFSP 29 de novembro a 02 de dezembro de 2016 - Matão-SP, Brasil RESUMO: A tecnologia assistiva vem realçando novas perspectivas de inclusão em um contexto global. Buscando apresentar novos caminhos para melhor construir uma sociedade cooperativa que respeita as diferenças e empenha os indivíduos a auto superação por meio de próprio esforço, somado ao auxilio seja do grupo social quanto do familiar. A comunicação, em seu mais amplo aspecto, é uma ferramenta fundamental para trocas, seja de conhecimento, experiências ou vivências, tornou-se indispensável para a construção das mais simplistas relações. Aqueles que enfrentam a mínima barreira no setor de externação verbal direta ou indireta encontram as mais variadas dificuldades nas relações interpessoais. O objetivo deste artigo é explanar sobre os aspectos que fundamentam o desenvolvimento de um aplicativo Android para crianças autistas brasileiras, o BraPECS, convidandoas a exercitar suas capacidades inatas e auxiliá-las a tornar-se instrumentos de participação direta e indireta nos quadros sociais onde estão envolvidas. PALAVRAS-CHAVE: software; autismo, aplicativo; alternativa; socialização; inclusão. The Assistive Technology Applied to PECS System in Interpersonal Communication de Children Brazilian with Autism ABSTRACT: The assistive technology brings new perspectives for inclusion in a global context. Seeking to present new ways to build a better cooperative society that respects differences individuals and self-overcoming through their own efforts, coupled with assistance from the social group and the family. The communication, in its wide aspect, is an indispensable in social tool to exchange knowledge and experience, and it has become also indispensable for the construction of more simplistic relationships. Those facing the minimum barrier in direct or indirect verbal externalization sector cause varied difficulties in interpersonal relationships. The purpose of this article is to explain the aspects that underlie the development of an mobile application for Brazilian autistic children, BraPECS, inviting them to exercise their innate abilities and help them to become instruments of direct or indirect participation in social settings where are involved. KEYWORDS: software; autism, application; alternative; socialization; inclusion. INTRODUÇÃO Segundo a Organização das Nações Unidas há cerca de 650 milhões de pessoas com deficiência no mundo, qual compreende 10% da população global. Sendo que os distúrbios que afetam o desenvolvimento da linguagem e da fala afetam de 5 a 10% de todas as crianças. Estes déficits geram diversos impactos tanto na vida social. O Transtorno de Espectro Autista (TEA) é o mais conhecido do agrupamento de Transtornos Invasivos de Desenvolvimento (TID), juntamente com a Síndrome de Asperger. Neste transtorno há um acentuado prejuízo na interação social, alterações expressivas na comunicação, padrões limitados de comportamento e baixo repertório de interesses. Estudos sugerem que os sintomas do autismo são resultado do desenvolvimento anormal do cérebro, possivelmente como resultados de fatores genéticos, especialmente no cerebelo e no tronco cerebral. Mas não se pode ignorar possíveis agentes externos, como as doenças infecciosas da gravidez e do cérebro, as lesões traumáticas ou o uso de drogas pelos pais. O Sistema de Comunicação por Troca de Figuras, conhecido como PECS (do Inglês, Picture Exchange Communication System) é um sistema de seleção de imagem para crianças com déficits em comunicação social, tendo positivos resultados na superação dessa deficiência. Tecnologias que venham facilitar e vencer desvantagens do PECS, trocando as imagens impressas por metodologias virtuais, expandem-se por meio de softwares e aplicativos para sistemas portáteis, tendo como exemplo o aplicativo iCAN, que é apresentado na Figura 1. FIGURA 1. iCAN: Sistema para tablets de automatização digital do PECS para crianças chinesas. MATERIAL E MÉTODOS Os programas específicos para atender os requisitos da comunicação alternativa sob plataformas de dispositivos móveis abarcam especialmente o sistema Android, qual trata-se de um kit de ferramentas para celulares criado pela Google e pela Open Handset Alliance, presente em milhões de telefones móveis. A linguagem de programação Java tem sido muito bem recebida pela comunidade mundial de desenvolvimentos de softwares, especialmente para criação de aplicativos para sistema Android, por ser uma linguagem simples e por possuir uma ampla comunidade ativa. Os programas que vem sendo utilizados para o desenvolvimento do projeto BraPECS por meio da linguagem Java são o Eclipse IDE, que é um ambiente de desenvolvimento integrado (do Inglês, Integrated Development Environment) e o aplicativo “AIDE- IDE for Android Java C++'' utilizado para o desenvolvimento diretamente no dispositivo Android, com todas as funções necessárias para emular e testá-lo. 1. O Sistema PECS O Sistema foi desenvolvido em 1985 por Andy Bondy, Ph.D. e Lori Frost, MS, CCC-SLP e usada pela primeira vez, neste mesmo ano, na Delaware Autistic Program, utilizando-se de cartões como agentes intermediários de comunicação, como presente na Figura 2. FIGURA 2. Cartões PECS Tradicionais. A implementação do sistema PECS segue um processo de seis fases de aprendizagem: Na fase I, a da introdução da comunicação, trata-se essencialmente da troca de uma imagem por um objeto solicitado. Na fase II, a da espontaneidade das trocas, mantem-se ainda uma única figura, porém explora-se distancias variadas, outros espaços e diversos comunicadores. Na seguinte fase, a da rejeição e aceitação, dois ou mais cartões são dispostos e a criança deve destacar os compatíveis e rejeitar os demais. Inicialmente apresenta-se dois cartões, um do objeto solicitado e outro neutro, levando aos avanços a partir de acertos consecutivos. Na ainda mais complexa, a fase IV, a da construção de frases, trata-se da junção entre uma ação e um cartão. Na fase V há elaborações de perguntas diretas onde a criança formulará a sua resposta. Inicialmente sugere permanecer na ação ``querer''. Nessa última fase do PECS, a VI, a criança desenvolve fazer comentários, inserir adjetivos e revelar sua opinião e descrição dos eventos e/ou objetos. Há também o ensino da inclusão sim e não, como a expansão do vocabulário. Três específicos problemas foram notados referente ao sistema tradicional. Considerando o progresso da criança, é necessário 1) a confecção e impressão de mais cartões, qual exigem tempo, 2) o armazenamento destes cartões e, conseguinte, 3) o manuseio destes. Frente a tais dificuldades a tecnologia touch e a utilização de dispositivos móveis oferecem uma opção vantajosa para superá-las. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para atender o público brasileiro está em desenvolvimento o projeto BraPECS, um aplicativo para dispositivos móveis que suporta o sistema de comunicação PECS, apresentado na Figura 3. Desenvolvido em linguagem Java utilizando o Eclipse IDE, ao protótipo inicial foi aplicado alguns testes o que vem requerendo diversas atualizações quanto ao layout e funcionamento. Tais ajustes vêm sendo feitos na própria linguagem do aplicativo para melhor adaptá-lo para a necessidade do indivíduo que irá o utilizar. O aplicativo, em desenvolvimento, possui cartões e categorias personalizáveis para que os cuidadores possam adequar às preferências da criança ou do usuário, editando imagens através da própria câmera do dispositivo. A utilização da síntese de voz do próprio dispositivo Android, qual está sendo utilizada para montagem de sentenças variadas de acordo com o desejo do usuário do aplicativo, conduziu a uma menor exigência de espaço e uma leveza que facilitará a instalação e o seu download. As imagens utilizadas estarão sob domínio público para melhor utilização no desenvolvimento do mesmo, atendendo assim a melhor gratuidade final do mesmo. O BraPECS buscará atender os avanços nas pesquisas da comunicação alternativa, compreendendo a individualidade e o repertório de cada indivíduo, em sua simplicidade e facilidade de utilização para o progresso social e intelectual das crianças, adolescentes ou adultos com autismo que buscarem utilizá-lo como ferramenta de interação e desenvolvimento da linguagem. FIGURA 3. Categorias e formulação de sentenças no primeiro protótipo do BraPECS. CONCLUSÕES A comunicação que é um dos fundamentos básicos das relações sociais, encontra destaque nas atenções de diversos grupos e pesquisas, sendo a tecnologia um dos aliados para sua expansão, desenvolvendo outras formas de se relacionar interpessoalmente. O BraPECS busca alcançar estas expectativas sociais, atualizando um sistema internacionalmente aceito com diversos testemunhos de eficiência. O BraPECS oferece instrumentos gratuitos e de fácil utilização para melhor se adequar a um público alvo que sempre prioriza por atualizações, comodidade e facilidades. Na qual, indivíduos nacionais, autistas e afins, encontrem o reforço indispensável para melhor se expressarem e serem agentes atuantes e transformadores na realidade que estão inseridos. Sendo assim, o BraPECS busca mais do que dar voz aqueles que não a possuem ou não a manifeste de forma direta, mas busca ser um meio útil para a construção do repertório psicológico e social que transforme cidadãos exercitando suas próprias capacidades inatas. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao programa institucional de bolsas de iniciação cientifica do Instituto Federal de São Paulo PIBIFSP, do qual José Leonardo Santos Martins foi bolsista. REFERÊNCIAS A. KLIN. Autismo e síndrome de asperger: uma visão geral. Revista Brasileira de Psiquiatria, vol. 28, no. 1, pp. 3–11, 2006. A. MEJIA FIGUEROA and R. JUAREZ-RAMIREZ. 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