OS FATORES QUE LEVAM O ETILISTA A

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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Unisalesiano Auxilium
Curso de Psicologia
Alcilene Ferreira da Costa
Gabriela Januário Guedes
OS FATORES QUE LEVAM O ETILISTA A
DESISTÊNCIA DO TRATAMENTO DE
DEPENDÊNCIA ALCOÓLICA NO CAPS AD de Lins
LINS – SP
2013
ALCILENE FERREIRA DA COSTA
GABRIELA JANUÁRIO GUEDES
OS FATORES QUE LEVAM O ETILISTA A DESISTÊNCIA DO TRATAMENTO
DE DEPENDÊNCIA ALCOÓLICA NO CAPS AD de Lins
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Banca Examinadora do
Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium, curso de Psicologia, sob a
orientação do Prof° Me. Oscar Xavier de
Aguiar e orientação técnica da Profa Ma.
Jovira Maria Saraceni.
LINS – SP
2013
C87f
Costa, Alcilene Ferreira da; Guedes, Gabriela Januário
Os fatores que levam o etilista a desistência do tratamento de
dependência alcoólica no CAPS AD de Lins / Alcilene Ferreira da
Costa; Gabriela Januário Guedes. – – Lins, 2013.
70p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em
Psicologia, 2013.
Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Oscar Xavier de Aguiar
1. Etilismo. 2.Tratamento alcoólico. 3.Terapia ComportamentalCognitiva.I Titulo.
CDU 159.9
ALCILENE FERREIRA DA COSTA
GABRIELA JANUÁRIO GUEDES
OS FATORES QUE LEVAM O ETILISTA A DESISTÊNCIA DO TRATAMENTO
DE DEPENDÊNCIA ALCOÓLICA NO CAPS AD de Lins
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.
Aprovada em: _____/_____/_____
Banca Examinadora:
Prof° Orientador: Oscar Xavier de Aguiar
Titulação:_______________________________________________________
______________________________________________________________
Assinatura:___________________________________
1º Prof(a): _______________________________________________________
Titulação:_______________________________________________________
______________________________________________________________
Assinatura:___________________________________
2º Prof(a): _______________________________________________________
Titulação:_______________________________________________________
______________________________________________________________
Assinatura:___________________________________
Vida é a grande indulgência - morte, a grande abstinência. Portanto, faça o
melhor da vida - aqui e agora! Não há nenhum céu de glória radiante, e nenhum
inferno onde os pecadores queimam. Aqui e agora é nosso dia de tormento! Aqui
e agora é nosso dia de júbilo! Aqui e agora é nossa oportunidade! Escolha você
este dia, esta hora.
Anton
Szandor Lavey
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, a Deus, por me conceder a dádiva da vida repleta de
saúde e fé, por me proteger, acolher e conceder paciência diante das
dificuldades, pela força, sabedoria na concretização deste trabalho e conclusão
de mais uma etapa de minha vida.
Aos meus pais, Geralda e Oseías e meus irmãos: Alcione, Ocileide,
Lucas, pelo carinho, amor, apoio, paciência e compreensão e pelos
ensinamentos ao longo de minha jornada e esforços dispensados para minha
formação. Obrigada sou imensamente grata pelo que fizeram e fazem por mim.
Amo vocês!
Ao meu marido Willian, pelo amor, carinho, atenção, paciência,
suportando meu cansaço, ausência e impaciência durante essa trajetória. Amo
você!
Ao Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Droga de Lins (CAPS-AD),
ao Tiago e Fabiana por contribuírem para esta pesquisa.
Em especial a minha amiga Gabriela Januario Guedes e meu orientador
Oscar Xavier de Aguiar aos qual devo agradecimento pela conclusão e sucesso
do mesmo.
Alcilene Ferreira da Costa
Agradeço a contribuição de todos acerca deste trabalho, sendo estes os
professores, o orientador Oscar, a equipe da instituição CAPS AD de Lins em
destaque o Psicólogo Tiago, a qual compartilhou conosco seus conhecimentos
e práticas, de muito préstimo para realização deste trabalho.
E a mim mesma, pelas incansáveis buscas de conhecimentos, pelos
esforços, dedicação, persistência e diligência postas na elaboração do trabalho.
.
Gabriela Januário Guedes
RESUMO
O álcool tem sido apontado como a droga mais consumida ou, pelo
menos, experimentada no Brasil. Pelo fato de ser uma das poucas drogas que
têm o consentimento da sociedade e facilidade com que essa droga é
comercializada - por ser lícita- tem favorecido o seu elevado consumo, o que é
apontado como umas das causas do alcoolismo, um problema que atinge
milhões de brasileiros. Esse trabalho vem enfocar os fatores que predominam
acerca da desistência do tratamento alcoólico, abordando os fatores sociais,
familiares, culturais, psicológicos e comportamentais. A metodologia de pesquisa
neste trabalho de conclusão de curso foi de caráter qualitativo e quantitativo,
utilizando como instrumental a aplicação de questionários para 10 clientes
adultos do sexo masculino em tratamento alcoólico e para o psicólogo do grupo,
dentro da instituição CAPS AD de Lins (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e
Drogas) Os dados colhidos foram analisados sob a referencial da Terapia
Comportamental-Cognitiva através dos sistemas de crenças, desenvolvimento
de esquemas, pensamentos automáticos e estímulos positivos e negativos.
Apoiando-se em autores como: Rangé (2001), Beck (2007), Salkovskis (2005)
para embasar as propostas de fatores cognitivas disfuncionais como influentes
na desistência do tratamento. Espera-se que este estudo contribua
significativamente para aderir em um planejamento de um sistema de tratamento
norteado na diminuição do comportamento aditivo, libertando os etilistas dos
círculos viciosos de consumo e reforçadores das crenças que aumentam o
consumo, levando-os a percorrer um caminho continuo para sua a recuperação.
Assim favorecendo a melhoria da qualidade de vida e reinserção da vida social.
Palavras-chave: Etilismo. Tratamento alcoólico. Terapia ComportamentalCognitiva.
ABSTRACT
Alcohol has been touted as the most consumed drug or at least
experienced in Brazil. Because it is one of the few drugs that have the consent of
the company and the ease with which the drug is marketed - to be lawful , has
favored its high consumption, which is touted as one of the causes of alcoholism
, a problem that affects millions Brazilians. This work is focusing on the factors
that predominate on the alcohol withdrawal treatment, addressing the social,
familial, cultural, psychological and behavioral. The research methodology in this
work of completion was qualitative and quantitative, using as instruments the
application of questionnaires to 10 male adult clients in treatment for alcohol and
the psychologist of the group within the institution CAPS Lins AD (Center
Psychosocial Care Alcohol and Drugs) the data collected was analyzed under the
framework of Cognitive - Behavioral Therapy through belief systems,
development schemes, automatic thoughts and positive and negative stimuli.
Relying on authors such as: Rangé (2001), Beck (1967), Salkovskis (2005) to
support the proposals of dysfunctional cognitive factors as influential in treatment
withdrawal. It is hoped that this study contributes significantly to join in planning
a treatment system guided the reduction of addictive behavio, freeing alcoholics
vicious cycles of consumption and reinforcing beliefs that increase consumption,
causing them to go a continued way for recovery. Thus favoring the improvement
of quality of life and reintegration of social life.
Keywords: Alcoholism . Alcohol treatment. Cognitive - Behavioral Therapy.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AA: Alcoólicos Anônimos
CAPS AD: Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas
CID-10: Classificação Internacional de Doenças Relacionado à Saúde
DSM-IV: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
OMS: Organização Mundial de Saúde
PA: Pensamento Automático
TCC: Terapia Comportamental-Cognitiva
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10
CÁPITULO I - ALCOOLISMO .......................................................................... 12
1.
1.1
1.2
1.3
1.4
BREVE HISTÓRICO ACERCA DO ÁLCOOL ....................................... 12
Definição de alcoolismo.......................................................................... 14
O álcool acerca do vício ......................................................................... 16
O alcoolismo como uma doença ............................................................ 18
Conseqüência do consumo do álcool ..................................................... 20
CAPÍTULO II - O TRATAMENTO CLÍNICO ..................................................... 22
2.
2.1
2.1.1
2.1.2
2.2
TIPOS DE TRATAMENTO PARA DEPENDENTES ALCOÓLICOS ..... 22
Instrumentos avaliativos do etilismo ....................................................... 24
DSM-IV-TR ............................................................................................. 25
CID-10 .................................................................................................... 26
A terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do etilismo ............ 27
2.2.1 Breve histórico da terapia cognitivo-Comportamental ............................ 28
2.2.2 Características da TCC .......................................................................... 29
2.2.3 Técnica terapêutica ................................................................................ 29
2.2.4 O sistema de crenças ............................................................................. 30
2.2.5 A terapia Cognitivo-Comportamental na dependência química. ............. 33
2.2.6 As principais técnicas utilizadas pela TCC no tratamento do dependente
químico ......................................................................................................... 35
CAPÍTULO III - A PESQUISA .......................................................................... 38
3.
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 38
3.1
Análise dos resultados ........................................................................... 39
PARECER FINAL ............................................................................................. 52
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 54
CONCLUSÃO ................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 58
APÊNDICES ..................................................................................................... 62
ANEXOS ........................................................................................................... 67
10
INTRODUÇÃO
A dependência e o abuso de álcool representam um grande problema de saúde
pública.
Mesmo os melhores tratamentos para alcoolismo apresentam prognóstico
pouco favoráveis.
O uso de bebidas alcoólicas começa a ser um problema social, coletivo,
quando acontecem circunstanciais sociais e culturais, de fato o consumo de
álcool é freqüentemente nomeado como um grave problema de saúde pública,
podendo interferir simultaneamente na vida pessoal, familiar, escolar,
ocupacional e social do etilista.
O álcool tem sido apontado como a droga mais consumida ou, pelo menos,
experimentada no Brasil. A facilidade com que essa droga é comercializada - por
ser lícita- tem favorecido o seu elevado consumo, o que é apontado como umas
das causas do alcoolismo, um problema que atinge milhões de brasileiros, que
é considerado, por órgãos competentes, como um dos maiores problemas de
saúde pública no Brasil e um dos grandes responsáveis por fatalidades em
acidentes de trânsito, homicídio, suicídio e agressão (BUCHER, 1992).
Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool
também é considerado uma droga psicotrópica, pois ele atua ao nível do sistema
nervoso central, provocando uma mudança no comportamento de quem o
consome, além de ter potencial para desenvolver dependência. (NASCIMENTO,
2013)
O dependente torna-se um problema não apenas de nível social e
econômico, mas principalmente familiar porque ele geralmente apresenta
comportamentos agressivos que influência diretamente a família, pois
freqüentemente a agressão é feita aos familiares. O etilismo é uma doença que
pode prejudicar a pessoa que o consome, pois muitas vezes pode originar
comportamentos violentos. Estes comportamentos muitas vezes são originados
por frustrações e tensões que, com o consumo excessivo de álcool, acabam por
manifestar.
O interesse pelo tema originou-seem torno das aulas teóricas de
Psicologia, aplica as condições comportamentais e cognitivas dos sujeitos,
11
influenciando em seus pensamentos, sentimentos e emoções, dentro do
contexto do alcoolismo.
O presente trabalho tem por propósitoapresentar os fatores que levam os
etilistas a desistência do tratamento alcoólico no CAPS AD de Lins acerca dos
conceitos e bases da teoria Comportamental-Cognitiva.
O trabalho parte da seguinte questão:
Conhecer quais os fatores que afetam individualmente o paciente no
abandono do tratamento
Diante deste questionamento foi levantada a seguinte pressuposição:
O abandono do tratamento vem de fatores influentes às vezes da família,
do ambiente social de pessoas que não necessariamente tenham algum
parentesco com o etilista, e sua cultura pode ser um fator relevante porque em
alguns casos há um consumo freqüente de bebidas alcoólicas preservados nas
culturas. Também destaca o fator psicológico porque em determinadas ocasiões
o indivíduo se sente incapaz de proceder com o tratamento, por tem vário
sentimentos negativos ao longo do tratamento sobre o sucesso do mesmo.
Para realizar a identificação da proposta dos fatores influentes na
desistência foi realizada uma pesquisa a campo na instituição CAPS AD de Lins.
Cujos métodos e técnicas serão explicitados no III capítulo.
O presente trabalho esta assim dividido:
No capitulo I será focado breve visão histórica do uso de bebida alcoólica
ao longo da história da humanidade, algumas definições de alcoolismo, o
conceito de vicio e sua relação com o alcoolismo; o reconhecimento do
alcoolismo como doença e as conseqüências do uso da bebida alcoólica.
No capitulo II será abordado o tratamento clinico para dependentes
alcoólicos, os tipos de tratamento para acerco do etilismo, Instrumentos
avaliativos do etilismo, terapia comportamental-cognitivo no tratamento do
etilismo, Históricos, características e técnicas do TCC.
No capitulo III consta a pesquisa realizada pelas autoras, as analises dos
resultados, o parecer final, a proposta de intervenção e finalizando com a
conclusão do trabalho presente.
12
CÁPITULO I
ALCOOLISMO
1.
BREVE HISTÓRICO ACERCA DO ÁLCOOL
O consumo de bebidas alcoólicas é um assunto antigo e que faz parte da
história do ser humano. Não se sabe ao certo como ou quando o álcool surgiu,
porém, estima-se que a bebida alcoólica teve origem na pré-história, durante o
período neolítico, juntamente com a agricultura e a cerâmica. (MILAN;
KETCHAM,1991)
A bebida era produzida a partir de um processo de fermentação natural O
fermentado passou a ser consumido e produzido por diversas culturas e ter
diversificado sentidos para seu uso. Há registros históricos que os povos celtas,
gregos, romanos, egípcios e babilônios de produção e de consumo bebidas
alcoólicas.
Segundo Braun (2007), a estocagem de grãos em vasos de argila ocorreu
a fermentação do grão. A primeira bebida alcoólica, que intencionalmente foi
preparada, ocorreu na china, por volta do ano 8000 a.C. A análise de jarros
encontrados em Jiahu, no norte do país, mostrou que eles continham uma
mistura feita de arroz, mel, uvas, num tipo fermentado.
A civilização dos sumérios aperfeiçoou o processo de fermentação e
desenvolveu dezenove tipos de bebida alcoólica, sendo que dezesseis deles a
base de trigo e cevada. Uma delas era a cerveja.
Inicialmente a cerveja era uma bebida da elite, consumida apenas pelos
aristocratas sumérios. Porém, logo ela seria usada como forma de pagamento.
Segundo Gately(2009), cada trabalhador, no Egito, ganhava 5 litros de cerveja
por dia. Ela era considerada como o pão líquido, por ser a única fonte de alimento
que sustentavam os operários para aguentar a jornada de trabalho na construção
egípcia, além de contentar as massas operárias pelo seu fator de embriaguez.
A destilação foi descoberta na Arábia. As bebidas destiladas eram mais
fortes que as fermentadas, e continham cerca de algo em torno de 40 e 75% de
13
álcool puro. Este álcool também era usado para fortificar os vinhos, aumentando
sua porcentagem alcoólica (MILAN; KETCHAM, 1991)
A partir de Gately (2009) cada localidade, devido seu clima e produção
agrícola, desenvolveu sua própria bebida alcoólica. Na Grécia e Roma o solo e
o clima eram propicio para o cultivo da uva e, conseqüentemente, a produção do
vinho. Os gregos e romanos também começaram a fermentação do mel e da
cevada, mas o vinho era a bebida mais difundida nos dois impérios, tendo
importância social, religiosa e medicamentosa.
No Egito Antigo, os egípcios deixaram documento nos papiros às etapas
de fabricação, produção e comercialização da cerveja e do vinho. Eles também
acreditavam que as bebidas fermentadas eliminavam os germes e parasitas e
deveriam ser usadas como medicamentos, especialmente na luta contra os
parasitas provenientes das águas do Nilo.
Já na Idade Média, a comercialização de bebidas alcoólicas cresceu e,
com isso, começaram a aparecer formas de regulamentar seu uso devido a
embriagues e confusões decorrentes desta condição. A intoxicação alcoólica
deixou, neste período, de ser condenada apenas pela igreja católica, mas a ser
considerada regulamentada pelas leis sociais, e de ser passível de punição.
Durante a Renascença passa-se a ser fiscalizado os estabelecimentos
que fornecem, sendo estipulados regras que regulamentaram o funcionamento
e a venda de bebida alcoólica. Os cabarés e tabernas eram considerados locais
onde as pessoas podiam se manifestar livremente o uso de álcool. (CARNEIRO,
2010)
O início da Revolução Industrial é acompanhado de mudanças
demográficas e comportamentos sociais. É durante este período que o uso
excessivo de bebidas passa a ser visto por alguns como uma doença ou
desordem psicofísica. No início do século 19 alguns estudiosos teceram algumas
considerações sobre as diferenças entre as bebidas destiladas e as bebidas
fermentadas, em especial o vinho e a conseqüência de seu uso desenfreado,
especulando sobre seu consumo e dependência.
Durante o século XX, países como a França, estabeleceram regras para
o consumo do álcool, uma delas, vigente até os dias atuais, é a de permitir seu
consumo apenas para maiores de 18 anos e, em janeiro de 1920, o estado
14
Americano, decreta a Lei Seca, que teve duração de quase 12 anos. (MILAN;
KETCHAM, 1991)
A Lei Seca proibiu a fabricação, venda, troca, transporte, importação,
exportação, distribuição, posse e consumo de bebida alcoólica. Ela foi
considerada por muitos um desastre para a saúde pública e economia
americana.
De acordo com Pulcherio e Bicca (2002) a história tem demonstrado o
constante gosto que a espécie humana tem pela bebida alcoólica. Ela, desde o
início, agradou devido seu efeito tóxico e euforizante, por aliviar angústias e
libertarem tensões, e devido estas características, estar presente por tanto
tempo na história da humanidade.
Com o aumento do número de pessoas que consomem e se tornam
dependentes de bebidas alcoólicas, a conseqüência tem gerado problemas
sociais que fez-se necessário a criação de centros de tratamentos entre outros
projetos de reabilitação.
Afirma Dihel, Cordeiro e Laranjeiras (2011) que uso de bebidas alcoólicas
começa ser um problema social, de responsabilidade coletiva, quando
acontecem circunstâncias que tornam possível o uso generalizado, com todas
suas conseqüências, sem que se desenvolva a conscientização para
desenvolver no consumidor uma atitude que não permita o uso excessivo de
qualquer substancia inebriante que traz conseqüências sociais desastrosas
1.1
Definição de alcoolismo
O alcoolismo é uma das conseqüências do consumo freqüente de álcool.
Ele é uma das drogas mais consumidas no mundo por ser legalizada, barata e
ser de fácil acesso. Estes fatores contribuem para que o número de dependentes
cresça a índices cada vez maiores.
O diagnóstico do alcoolismo define-se com base em quatro grupos de
indicadores: consumo, dependência psicológica, dependência física e problemas
relacionados ao álcool. (DIHEL; CORDEIRO; LARANJEIRAS, 2011)
A Organização Mundial de Saúde (OMS),classifica o alcoolismo como
uma toxicomania (HARRIS; GRUBITS, 2001), conceituada como um estado
psíquico e físico, resultante da interação entre o organismo vivo e uma
15
substância tóxica, cujas reações incluem compulsão para ingerir a droga de
forma contínua ou periódica, com finalidade de experimentar seus efeitos
psíquicos e evitar o desconforto provocado pela abstinência.
O uso do álcool traz consigo inúmeros problemas. O mais conhecido de
acordo comDrummond e Filho (1998), é o alcoolismo, que está relacionado com
o consumo crônico de álcool.
Para Krueger (2005) o alcoolismo é uma dependência emocional e
orgânica do álcool, causada pelo consumo prolongado de bebidas alcoólicas,
que se manifesta acompanhada ingestão compulsiva da substância. O efeito da
dependência no alcoolista, após beber o primeiro copo, é não parar de ingerir
até chegar ao estado de embriaguez.
O alcoolismo envolve vários fatores, tais como: psicológicos, fisiológicos
e genéticos. Há pessoas que fazem uso da bebida em grandes quantidades por
um período de tempo prolongado e não desenvolve o alcoolismo, por outro lado,
há as que ingerem em poucas quantidades e já se tornam dependentes.
O alcoolismo é uma doença multissistêmica, Crônica e progressiva,
caracterizada pela incapacidade de controlar o consumo de álcool. As
conseqüências
graves
do
alcoolismo
estãorelacionadasà
quantidade
consumida, quanto mais álcool um indivíduo consome, mais rapidamente ele
apresenta problemas de saúde.
É mais comum que mulheres tenham problemas de saúde decorrentes do
consumo exagerado de álcool mais precocemente que os homens devido sua
estrutura física. A mesma quantidade de álcool ingerida pelo homem, torna-se
mais concentrada e tóxica para mulheres.
O alcoolismo é uma doença que sujeita toda população, independe de
classe social, raça, etnia ou gênero, adquiri-la. O alcoólico começa a beber pelos
mesmos motivos do não alcoólico. De acordo com Krueger (2005)
aproximadamente 10% a 15% das pessoas que consomem bebidas alcoólicas
tendem abusar da ingestão, gerando a dependência.
São diversos os fatores que contribuem para a dependência. Ela inicia-se
com uma dependência leve, passando a dependência moderada e, finalmente,
à dependência grave. No último estágio o alcoolista torna-se crônico
(LEHMKUHL, 2010).
16
Krueger (2005) descreve que no estado avançado, a ausência da bebida
provoca desmaios, alucinações, tremores. É comum a diminuição da potência
sexual, atrofia dos testículos e a excreção hormonal diminui. A saúde mental
também é afetada no etilista, pois ele vive num estado de tensão, leva-o
progressivamente, a falta de domínio emocional.
1.2
O álcool acerca do vício
Timby e Smith (2005) refere as causas da dependência química como
complexas e envolvendo fatores psicobiológicos. O abuso de substancias
tóxicasfreqüentemente inicia-se por curiosidade e evolui para a habituação,
dependência psicológica e física e, por fim, o vício. Um fator que explica o abuso
de substancia são os efeitos agradáveis deauto reforço que algumas substâncias
produzem no sistema límbico do cérebro.
O etilismo não é sinônimo de consumo excessivo ou irresponsável de
álcool. Ela refere-se a uma doença psicofísica, crônica, que se desenvolve de
forma lenta, progressiva e, geralmente, mortal.
Kruger (2005) descreve que:
Psicofísica, porque ataca a parte psíquica e a parte física- o corpo - do
ser humano. Crônica, porque, após sua instalação, apresenta-se como
doença habitual. Lenta, porque leva um bom tempo para manifestar-se
e não mata de um dia para o outro. Progressiva, porque avança cada
vez mais rapidamente, e o doente piora constantemente. Mortal,
porque se o doente não cortar totalmente a bebida – se não se
recuperar-, acabará num hospício, numa cadeira de rodas ou morrendo
prematuramente. (p.12)
Perceber que a pessoa tornou-se dependente da substancia alcoólica
constitui uma tarefa difícil, que as vezes leva-se anos, e o doente já encontra-se
nos estágios finais da patologia, com afetações físicas irreversíveis. Os sinais do
vicio são difíceis de ser percebidos pelo dependente e pelos familiares. Muitos
consideram normal não conseguir controlar a quantidade consumida, pois ele
nunca se dá por satisfeito, abandonar outros interesses e pessoas e, mesmo que
seu único desejo seja de consumir a droga, isto não é percebido como algo ruim
em certos círculos culturais.
Os etilistas têm problemas psicológicos e emocionais decorrentes de sua
dependência e estes problemas só tendem a se agravar com o consumo. Os
dependentes químicos geralmente são vistos como degenerados, que
17
escolheram este tipo de vida, que continuam dentro do vício por falta de força de
vontade e maturidade e, que, permite-se perder até o auto-respeito. Mas, isto
não é verdade, o etilista se torna escravo do vício, ele depende do consumo tanto
física quanto psicologicamente. Um indivíduo dependente química precisa fazer
uso da droga para evitar os sintomas de abstinência.
O termo vício é empregado de modo intercambiável como o termo
dependência. Timby e Smith (2005), descreve esta relação:
O vício, de modo mais acurado, diz respeito a comportamento de busca
da droga que interferem no trabalho, mas relações e nas atividades
normais. Denomina-se tolerância a redução do efeito de uma droga,
devido a seu uso persistente. A tolerância ocorre porque o corpo
desenvolve mecanismos para usar ou inativar a droga de modo mais
eficaz. Conseqüentemente um indivíduo deve consumir quantidades
cada vez maiores da substancia para o efeito. (p. 166)
Segundo Wilson (1997) o processo de dependência é gradual e não
acontece do dia para a noite, é longo e é sinalizado de várias formas. Beber é
um ato cultural e habitual, porém, certos comportamentos são mais alarmantes,
como beber além do limite, a ponto de as pessoas próximas notarem,beber
sozinho freqüentemente, apresentar algumas manifestações orgânicas do
consumo de álcool e beber logo pela manhã são alguns dos sinais que indicam
a presença do vício.
Muitos começam o consumo da bebida alcoólica pelo seu efeito sedativo
e seu efeito depressor, que traz desinibição, estado de euforia e
diminuição da autocrítica. Contudo, os efeitos farmacológicos do álcool
modificam-se com a quantidade ingerida. Em pequenas quantidades, é
um estimulante, em grandes quantidades, o álcool atua como um
sedativo. Porém, o álcool proporciona uma fonte rica e poderosa de
calorias e energia, tornando-se um estimulando (MILAN; KETCHAM,
1991, p.56).
Com o passar do tempo o etilista não consegue ficar sem o consumo,
substituído a alimentação pela ingestão da substância. Nestes casos a falta do
álcool traz tristeza, irritabilidade e comportamento violento. O etilista, que sofre
de síndrome de abstinência, tem apenas uma prioridade: consumir a substância
alcoólica. Somente quando o etilista para de consumir a substancia é que sente
os efeitos colaterais do álcool no corpo (MILAN; KETCHAM, 1991).
O vício, no estágio mais avançado, é incontrolável. A pessoa não
consegue ficar sem ingerir a bebida por não suportar os sintomas de abstinência,
que incluem: náuseas, suores, tremores e ansiedade Kruger (2005).
O etilista tem grande tolerância ao consumo de álcool e está tolerância
reduz o efeito colateral provocado pela droga, tais como: sedativa-
18
hipnótica, desmaio, períodos de amnésia envolvendo eventos e
atividades durante a embriaguez, etc. Familiares e amigos observam
comportamentos caracterizados de alcoolismo,e há repercussões
sócias ou legais. Um histórico de problemas conjugais, financeiros e
profissionais reflete a incapacidade do indivíduo controlar o consumo
de álcool, apesar das conseqüências negativas não conseguem se
desvencilhar do uso (TIMBY; SMITH, 2005, p.323).
1.3
O alcoolismo como uma doença
De acordo com Nascimento, Carvalho e Marques (2006), o alcoolismo só
foi reconhecido como uma doença no século XIX por Huss em 1849, século
marcado pela classificação cientifica, onde a ciência e a medicina começaram a
catalogar e a diagnosticar doenças, particularmente as mentais.
A caracterização do etilismo como uma doença, operou uma metamorfose
no modo da sociedade encarar a embriaguez. A necessidade constante de
consumir bebida alcoólica, com a classificação etilismo agudo, o primeiro estágio
da doença, trouxe uma nova consciência social, que acarretou em leis para
regular o consumo.
Para os médicos que buscaram estabelecer a etiologia do etilismo,
origens da doença viam nos defeitos morais como sendo mais significativos do
que os aspectos biológicos. Porém, era difícil identificar quais pessoas, no diaa-dia, em meio de um complexo e novo ambiente social, as características de
um etilista (NASCIMENTO; CARVALHO; MARQUES, 2006)
A concepção social do etilista, mantida na época, era de uma pessoa que
expressava as seguintes qualidades:
Apático, indiferentes, sem iniciativa e sem energia, pusilânime,
descuidado dos seus próximos e de si próprio, se arrastando de
deboche em deboche, reduzindo a miséria e não recuando mesmo
diante do crime para procurar meio de satisfazer sua ignóbil paixão;
sórdido miserável, esfarrapado, fedendo a álcool, abjeto,
desmoralizado, crapuloso: que é habitualmente, o homem que se
transformou em álcool”. (NASCIMENTO; CARVALHO; MARQUES,
2006, p.152).
Apesar desses símbolos, classificar um indivíduo como etilista realizavase pelos médicos através do ponto de vista moral, pois ele era considerado mais
um sintoma de degradação moral do que uma doença.
Na América do norte, o médico chamado George Beard, com anos de
estudos sobre etilismo, chegou à conclusão de que o problema da doença
resultava do desequilíbrio entre energias gastas e energias disponíveis, pois o
19
álcool sendo estimulante artificial fazia com que o esforço físico e psicológico no
etilista, fosse fora do normal (NETO; GAUER; FURTADO, 2003). Estava implícito
nos seus estudos, que a etiologia do etilismo não estava em causas morais, mas
enfatizavam causas físicas.
Na França, Pierre Janet, um dos pioneiros na pesquisa do inconsciente,
chegou à conclusão semelhante, mas não baseando sua teoria na tensão física,
mas na psicológica. Propôs que os etilistas eram indivíduos “psicastênicos”, que
necessitavam de estimulo de algum tipo de dependência (NETO; GAUER;
FURTADO, 2003). Poucos profissionais posicionaram o etilismo fora do contexto
moral e eles não tiveram muita atenção por parte da classe médica do século
XIX.
De acordo com Santos (2004) foi só a partir do século XX, que outros
pontos de vistas, começaram a ser aceito pelo mundo cientifico e pela classe
médica. Os estudos realizados por Janet 1915, que examinou de perto questões
sociais, psicológicas e culturais que desencadeiam o etilismo, colocaram esta
doença num contexto mais amplo e menos moralista. Mas, como em nenhuma
outra doença mental e física, o termo ainda continuou a suscitar reações morais.
Schor (2005) diz que o etilismo, como a esquizofrenia e a dependência de
droga, é uma enfermidade controversa, pois, trata-se de uma condição
indesejável que alguns consideram doença, outros falha moral e outros,
finalmente, distúrbio psicológico; muitos a identificam como um problema social,
uma família disfuncional.
Para Milam e Ketcham (1991) o etilista ainda é considerado como um
degenerado moral, que escolhe o vício e uma vida degrada a ter uma vida
saudável e produtiva. Os sintomas do etilismo podem ser notavelmente
consistentes entre indivíduos em estágios avançados da doença, porém, nos
estágios iniciais eles podem passar despercebidos. Há subtipos de etilista que
podem apresentar idade de início, etiologia subjacente, grau de influência
hereditária, origens sociais e culturais e resultados naturais diferentes. Portanto
é importante compreender que está é uma doença que assume vários padrões
e é caracterizada por recaídas, e, não falta moral ou de caráter.
Os estudos longitudinaiscom pacientes diagnosticados, constatou que
alguns bebem até morrer, outros param de beber e terceiros ainda mostram um
padrão de longa abstinência estável sem qualquer forma de tratamento em
20
algum ponto de curso de sua doença (DIMEFF,et al.,2002). Em determinados
estudos, essa porcentagem melhora até cerca de 70% com alguma forma de
tratamento.
1.4
Conseqüência do consumo do álcool
O consumo de álcool ocorre ao longo de um continuum, havendo uma
variação nos padrões entre os indivíduos. Geralmente não existe uma
delimitação nítida entre consumo moderado e consumo problemático ou
prejudicial. Os indicativos são de que se há um aumento no consumo médio do
álcool, a intoxicação aumentará, o mesmo ocorrerá com os quadros de
problemas clínicos e psicossociais associados.
Lehmkuhl (2010) descreve o etilismo como uma doença na medida em
que implica numa situação de dependência tão intensa, que implica em visíveis
prejuízos físico, psíquico e interpessoal e à perda da liberdade sobre o ato de
beber.
Os sintomas de abstinências físicas provocada pela abstinência do álcool,
provocados quando o consumo é diminuído ou cessado, aparecem. Eles
consistem em: tremores, náuseas, vômitos, dificuldades de dormir, irritabilidade,
ansiedade e elevação nos batimentos cardíacos, pressão sanguínea e
temperaturas, podem ocorrer sintomas mais graves, tais como: convulsões,
delírios e ou alucinações.
O consumo crônico do álcool, afeta profundamente a função de vários
órgãos vitais, em geral, o fígado, o músculo esquelético, o sistema nervoso,
gastrintestinal e imune. Este quadro está diretamente associado ao risco de
morte, ou de doenças físicas e mentais, como: hepáticas, câncer, acidentes e
suicídios.
De acordo Schuckit (2006), o etilismo pode ser desencadeado por
diversos fatores, que vão desde problemas familiares, como afetos negativos,
auto eficácia baixa para lidar com problemas e ou pensamentos retaliatórios. Os
comportamentos familiares podem servir de reforço ao consumo de bebida
alcoólica. Pais usuários influenciam a criança genética ou ambientalmente.
Socialmente
os
problemas
associados podem
ser
problemas
legais,
incapacidade de cumprir obrigações, muitas vezes associada à atenção,
21
habilidade e coordenação motora e problemas de relacionamento interpessoal.
As conseqüências psicológicas, a culpa pelo consumo, muitas vezes
acompanhado de pensamentos suicidas, comportamento violento, mudanças de
valores, distorção e mudanças cognitivas, emocionais e de personalidade vem a
ocorrer pelo do uso compulsivo do álcool.
22
CAPÍTULO II
O TRATAMENTO CLÍNICO
2.
TIPOS DE TRATAMENTO PARA DEPENDENTES ALCOÓLICOS
Embora os problemas relacionados ao uso do álcool datem da
Antiguidade, os tratamentos especializados só apareceram muito mais tarde, a
partir do século XIX. Eles foram em geral dirigidos a casos crônicos e graves,
com ênfase no modelo médico. “As intervenções, até então, eram de cunho
religioso, ritualísticas ou com caminhamento para asilos de pacientes
‘‘inebriados” (HUNT, 1993).
De acordo com Vaissman (2004), o tratamento do dependente químico,
na maioria das vezes, restringia-se a hospitais psiquiátricos ou eram relegados
a instituições de caráter religioso-filantrópico, sendo, portanto verdadeira terra
de ninguém. Por volta de 1980, novas propostas de tratamento foram discutidas
em função das mudanças sociais e econômicas, procurando aproximar a
realidade da época, adequando às novas formas de intervenções.
Outro marco na história do tratamento do etilismo é o surgimento dos
Alcoólicos Anônimos (AA). De acordo com Makela (1996), oAA era composto por
um grupo de pessoas que propõem o tratamento por ajuda mutua. Eles
passaram a participar oficialmente de tratamento relacionando a medicina
psiquiátrica e a ciência psicológica, adotam o compartilhamento de experiências
em grupo cuja finalidade é resolver os problemas comuns através do exemplo
de superação e de vida de cada participante.
O etilismo, para o AAé definido como uma doença incurável, progressiva
e fatal, de base psicológica, caracterizada pela perda de controle sobre o uso do
álcool, levando o etilista a beber de maneira compulsiva, e que pode trazer
conseqüências diversas, que pode, inclusive, levar a óbito.
Diehl (2011) descreve que o objetivo do AA não é encontrar a etiologia do
etilismo, mas, por ter uma base cientifica, acredita-se que se trata de um fator
predominantemente orgânico e psicológico. O adicto em bebida alcoólica, que
23
toma o primeiro gole, após longo período sem consumir, não consegue parar de
beber, ele beberá até perder o controle.
O objetivo do AA é conscientizar que o etilista não possui controle sobre
o seu adicção e que precisa reconhecer que como dependente, ele precisa
renunciar a adicção de beber, evitando o primeiro gole. Para não voltar ao
consumo desenfreado, o membro do AA segue doze passos para mantê-lo
consciente de sua condição.
Indiferente do tempo de permanência do indivíduo no grupo, sua
conscientização de que ele é um doente em recuperação, possibilita uma
condição favorável para seu desempenho em se recuperar e não ceder ao
afeitos da abstinência.
Há, atualmente, diferentes abordagens Psicoterápicas em torno do
tratamento do etilismo, dentre elas, a abordagem Psicanalítica. Porém,
inicialmente, a psicanálise não foi uma técnica considerada boa para tratar a
dependência alcoólica.
Segundo Etchegoyen (2002), o álcool para o etilista é um objeto
idealizado, e ao mesmo tempo um objeto mal e perseguidor, que logicamente é
acompanhada de uma dissociação do self.
Para o mesmo autor, o etilista possui uma estrutura semelhante à da
psicose maníaco-depressivo1, que atua protegendo o etilista da dor depressiva
e das angustias persecutórias. Este pressuposto sustenta que os conflitos
básicos dos etilistas têm a ver com a fixação na etapa esquizoparanóide.
As características básicas da psicoterapia psicanalítica, aplicada no
tratamento do etilismo, consistem em oferecer apoio e fortalecimento de
recursos ao paciente. As intervenções podem ser individuais ou em grupo, e o
trabalho é mais eficaz quando realizado com o esforço combinado de uma
equipe interdisciplinar. A estratégia metodológica desse tipo de tratamento prevê
encontros freqüentes e o processo de melhora é de longa duração.
Outra abordagem que se propõe a tratar do etilismo é a FenomenológicoExistencial, seu foco de trabalho centra-se na intersubjetividade, não vendo o eu
como uma unidade independente da existencia de um outro. Diversos autores
segundo
1
Messas
(2006),
como
Husserl,
Heidegger,
Merleau
Ponty,
É uma desordem cerebral que causa alterações incomuns no humor, energia e capacidade de
desempenhar funções.
24
fundamentam a importância da experiência intersubjetiva para toda e qualquer
forma de conhecimento de si e do outro
De acordo com a compreensão fenomenologica existencial, viver significa
assimilar um mundo bastante complexo, repleto de inumeras possibilidades,
matizes, gostos, modos, cheiros, sensações. A nossa condição neste mundo é
a de seres que tem como essencia seu existir, ou seja, que não somos seres
constituidos de antemão, mas que se constitui e se constroem existindo
(DUBOIS, 2005).
O existir traz a responsabilidade do autocuidado, que é uma forma de lidar
com a angústia frente as possibilidades que a vida apresenta.
A dependência revela-se como uma das possibilidades de aliviar-se da
tarefa do cuidar, na precariedade do viver. O inicio do uso de
substância alcóolica proporciona uma vivência completamente diversa
daquele que a vida cotidiana ofereçe, a imediata e intensa sensação
de prazer ou ausência de desprazer.(MATOS; SIPAHI, 2001, p.503)
De acordo com Messas (2006) com o consumo do alcool o viver se torna
suportavél, pois tranforma o desconhecido e amortece a sensação de um futuro
que provoca desconforto. O consumo de alcóol prove a transformação do modo
de sentir e lidar com a angústia, com isso o indivíduo encontra a satisfação no
alcool, como uma via de acesso para um viver mais agradavél e ameno.
Realizar o diagnóstico das psicopatologias é importante para resolver a
maior parte dos problemas e melhorar o desconforto que eles provocam no
etilista. Diante disso, não basta tratar apenas do etilismo, é preciso cobrir outras
bases que compreende um tratamento mais amplo, que visa agir também nos
mecanismos que induz as recaídas.
As investidas terapêuticas desta abordagem consistem na ampliação da
visão de mundo do sujeito, para que ele percebe novos significados e
possibilidades de construção de uma história de vida que é definida e construida
atraves de suas escolhas e, que, protanto, é propriamente sua; mesmo as
incertezas do futuro. Ele é convidado a projetar e a realizar a busca de seu projeto
existencial.
2.1
Instrumentos avaliativos do etilismo
25
2.1.1 DSM-IV-TR
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-IV-TR), estabelece os seguintes critérios diagnostico para o
abuso e dependência de substâncias químicas:
Critérios para abuso de substância do DSM-IV-TR:
A. Um padrão mal-adaptativo de uso de substância levando ao prejuízo
ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por um (ou mais) dos
seguintes aspectos, ocorrendo dentro de um período de 12 meses:
• uso recorrente da substância, resultando em um fracasso em cumprir
obrigações importantes relativas a seu papel no trabalho, na escola ou em
casa
• uso recorrente da substância em situações nas quais isto representa
perigo físico
• problemas legais recorrentes relacionados à substância
• uso continuado da substância, apesar de problemas sociais ou
interpessoais persistentes ou recorrentes
B. Os sintomas jamais satisfizeram os critérios para Dependência de
Substância.
Critérios para dependência de substância do DSM-IV-TR:
Padrão mal-adaptativo de uso de substância, levando ao prejuízo ou
sofrimento clinicamente significativo, manifestado por três (ou mais) dos
seguintes critérios, ocorrendo a qualquer momento no mesmo período de
12 meses:
1) tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos:
a) uma necessidade de quantidades progressivamente maiores da
substância para adquirir a intoxicação ou efeito desejado
b) acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma
quantidade de substância
2) abstinência, manifestada por qualquer dos seguintes aspectos:
a) síndrome de abstinência característica para a substância.
b) a mesma substância (ou uma substância estreitamente relacionada) é
consumida para aliviar ou evitar sintomas de abstinência.
26
3) a substância é freqüentemente consumida em maiores quantidades ou
por um período mais longo do que o pretendido.
4) existe um desejo persistente ou esforços mal-sucedidos no sentido de
reduzir ou controlar o uso da substância
5) muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da
substância (por ex., consultas a múltiplos médicos ou fazer longas viagens
de automóvel), na utilização da substância (por ex., fumar em grupo) ou
na recuperação de seus efeitos.
6) importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são
abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância.
7) o uso da substância continua, apesar da consciência de ter um
problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser
causado ou exacerbado pela substância (por ex., uso atual de cocaína,
embora o indivíduo reconheça que sua depressão é induzida por ela, ou
consumo continuado de bebidas alcoólicas, embora o indivíduo
reconheça que uma úlcera piorou pelo consumo do álcool).
2.1.2 CID-10
A organização mundial de saúde, através da Classificação Internacional
de Doenças Relacionado á Saúde (CID-10), estabelece os seguintes critérios
avaliativos para o uso nocivo de substâncias:
Quadro 1 - abuso de substância:
a) O diagnóstico requer que um dano real deva ter sido causado à saúde
física e mental do usuário.
b) Padrões nocivos de uso são freqüentemente criticados por outras
pessoas e estão associados a conseqüências sociais diversas de vários
tipos. O fato de um padrão de uso ou uma substancia em particular não
ser aprovado por outras pessoas, pela cultura ou por ter levado a
conseqüências socialmente negativas, tais como prisão ou brigas
conjugais, não é por si mesmo evidência de uso nocivo.
c) O uso nocivo não deve ser diagnosticado se a síndrome de
dependência, um transtorno psicótico ou outra forma especifica de
transtorno relacionado ao uso de drogas ou álcool está presente.
27
Quadro 2 - Critérios diagnósticos da dependência de substancias
psicoativa:
a) Compulsão para o consumo: a experiência de um desejo incontrolável
de consumir uma substancia. O indivíduo imagina-se incapaz de colocar
barreiras a tal desejo e sempre acaba consumindo.
b) Aumento da tolerância: a necessidade de doses crescentes de uma
determinada substancia psicoativa para alcançar efeitos originalmente
obtidos com doses mais baixas.
c)Síndrome de abstinência: o surgimento de sinais e sintomas de
intensidade variável quando o consumo de substancia psicoativo cessou
ou foi reduzido.
d) Alívio ou evitação de abstinência pelo aumento do consumo: o consumo
de substâncias psicoativas visando ao alivio dos sintomas de abstinência.
Como o indivíduo aprende a detectar os intervalos que separam a
manifestação de tais sintomas, passa a consumir a substância
preventivamente, a fim de evitá-los.
e) Relevância do consumo: o consumo de uma substancia torna-se
prioridade, mais importante do que coisas que outrora eram valorizadas
pelo indivíduo.
f) Estreitamente ou empobrecimento do repertório: a perda das
referências internas e externas que norteiam o consumo. À medida que a
dependência avança, as referências voltam-se exclusivamente para o
alivio dos sintomas de abstinência, em detrimento do consumo ligado a
eventos sociais. Além disso, passa a ocorrer em locais onde sua presença
é incompatível, como por exemplo, o local de trabalho.
g) Reinstalação da síndrome de dependência: o ressurgimento dos
comportamentos relacionados ao consumo e dos sintomas de abstinência
após um período de abstinência. Uma síndrome que levou anos para se
desenvolver pode se reinstalar em poucos dias, mesmo o indivíduo tendo
atravessado um longo período de abstinência.
2.2
A terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do etilismo
28
2.2.1 Breve histórico da terapia cognitivo-Comportamental
Segundo Zanellato e Laranjeiras (2013) as terapias comportamentaiscognitivas (TCC) surgiram no final da década de 1960 como conseqüência da
insatisfação com a terapia comportamental baseada nos paradigmas de
aprendizagem do tipo estimulo e resposta.
Esta forma de conceber a interação do homem com o mundo não era
considerada suficientemente abrangente para favorecer uma compreensão mais
ampla que suscitava os problemas emocionais e sua complexidade que eles
sugeriam.
O tratamento psicodinâmico cognitivo também foi acometido por esta
atmosfera de insatisfação, contudo, com o crescente desenvolvimento das
ciências cognitivas houve a percepção de que ambas se complementavam.
Em síntese, houve uma série de estudos atestando a existência de
processos cognitivos mediando o comportamento, e que poderia ser inferido e
sustentado cientificamente. Isso permitiu que uma terapia hibrida surgisse a
partir dos pressupostos destas duas abordagens.
Portanto, para Beck (2007) a TCC, como uma abordagem terapêutica, é
resultado de uma série de empreendimentos científicos que foram acontecendo,
gradualmente nas ciências comportamentais e cognitivas, que culminou em uma
forma de abordar os assuntos tratados nos setting terapêutico por um viés maior.
As primeiras manifestações da terapia cognitiva surgiram com os estudos
de Aaron Beck, psiquiatra norte americano, que tentavam validar algumas de
suas impressões levantadas acerca da depressão. Embora ele acreditasse nos
pressupostos da psicanálise sobre o tema, ele não conseguia difundi-los por não
possuir dados científicos que comprovassem empiricamente e lhe servissem de
apoio.
Dotado por uma vontade de obter dados científicos, e impulsionado pela
motivação de desenvolver uma terapia breve que solucionasse rapidamente os
casos de depressões. Beck se deparou com um dado inesperado, que o fez
entrar em choque com a estrutura da psicanalítica da depressão, a de que os
pacientes deprimidos não tem uma necessidade de sofrer.
Seus estudos comprovaram que os deprimidos tinham uma inclinação
maior para buscar a aceitação nos outros, do que buscar evocar
29
comportamentos evocadores de rejeição e desaprovação. Isto foi o marco para
permitir a ele elaborar o sistema de crenças. E romper com a proposta
psicanalítica.
Os estudos de Beck o conduziram por um caminho novo e profundo da
psique humana, o que lhe permitiu perceber que o paciente deprimido não tinha
a tendência a autopunição, mas que alimentava uma visão distorcida de mundo
para uma experiência negativa.
Beck (2007), esta percepção o levou a desenvolver a tríade cognitiva da
depressão, composta por uma visão negativa de si mesmo, do mundo externo e
do futuro. Ele percebeu que se outra forma de pensar, mais positiva, fosse
sobreposta a esta, o paciente conseguia atingir uma melhora no quadro
depressivo. Esta técnica foi rotulada por Beck empirismo colaborativo, que
analisa experiências reais para corrigir as crenças errôneas.
2.2.2 Características da TCC
Beck (2007) descreve que é uma abordagem estruturada, diretiva, ativa,
de prazo limitado, utilizado para tratar uma variedade de situações e transtornos
psiquiátricos.
A mesma autora discorre que sua fundamentação se dá através da
racionalidade teórica subjacente de que o modo de interação com o mundo é
determinado pela sua concepção de mundo, sendo assim, se ele percebe que o
mundo é hostil, sua reação frente ao mundo será de medo e pavor. Seu
pensamento é dominado por pressuposições, ou seja, esquemas que permeiam
seu fluxo de consciência, que pode distorcer sua percepção da realidade, e, que,
a leva reagir de forma inadequada.
2.2.3 Técnica terapêutica
De acordo com Beck (2007) o emprego das técnicas exige que o
profissional conheça a fundo a teoria e que tenha o conhecimento do modelo
cognitivo presente em cada psicopatologia. O terapeuta tem que saber usar a
técnica para enquadrar estas duas atmosferas para a terapia seja efetiva.
30
As técnicas empregadas servem para descobrir as crenças que o paciente
traz consigo. Uma vez identificadas as crenças disfuncionais, são empregadas
técnicas que visam corrigi-las em cooperação com o paciente. Para que isso
ocorra, os esquemas disfuncionais que sustentam suas cognições equivocadas
são apresentados ao paciente (BECK, 2007).
Rangé (2001) discorre que se o paciente possuir conhecimento de que
como o seu processo cognitivo funciona, este estará mais preparado para
conduzir alternativas terapêuticas para solucionar situações e problemas que
antes julgava insolúveis.
Beck (2007) relata que o terapeuta, através das técnicas cognitivas,
auxilia o paciente a encontrar soluções adequadas e realistas para se adaptar
aos problemas psicológicos e reduzir seus sintomas.
A mesma autora descreve que para o paciente se tornar capaz de
perceber seus pensamentos distorcidos, ele tem que aprender a reconhecer as
seguintes características cognitivas:
a) Monitorar seus pensamentos automáticos;
b) Reconhecer as conexões entre cognição, afeto e comportamento;
c) Examinar as evidências a favor ou contra se pensamento automático
distorcido;
d) Substituir essas cognições tendenciosas por interpretações mais
orientadas à realidade;
e) Aprender a identificar e alterar as crenças disfuncionais que o
predispõem a distorcer suas experiências.
Descobrir o sistema de crença do paciente é realizado pela mediação do
terapeuta que faz uso de uma série de técnicas para descobri-las e valida-las.
Esse processo permite que o paciente passe a adquirir uma série de
características do terapeuta, passando a ser co-autor de sua terapia, até o ponto,
que possa assumir a direção de sua terapia, obtendo, assim, a alta terapêutica.
2.2.4 O sistema de crenças
Kruger (2005) descreve que as crenças teriam sua origem nos primeiros
anos de vida do indivíduo, elas são experiências organizadas em conjuntos
31
logicamente estruturados, que são capazes de ativar motivações e condutas
sociais.
De acordo com o mesmo autor, é preciso fazer uma diferenciação entre
crer e conhecer. O mesmo define estes dois conceitos do seguinte modo:
Crer significa “uma ocorrência subjetiva, caracterizando-se pelo grau
de assentimento ou adesão que decidimos aplicar a esse ou àquele
enunciado ou conjunto de proposições, sendo portanto mais uma
questão psicológica”. No que diz respeito à conhecer, este é um fato
gnosiológico, referente ao valor da verdade da proposição ou
argumento que esteja sendo examinado através de provas ou
demonstrações entendidas como pertinentes à análise da validade do
seu conteúdo. (KRUGER, 2005, p.17)
De acordo com Zanellato e Laranjeiras (2013) a crença é resultado da
vivência em si, mais o significado que o indivíduo dá a esta vivência, ou seja, o
valor que ele atribui a determinada experiência. De acordo com a repercussão
da experiência, o indivíduo coloca em categorias boas ou ruins e, a partir destas
categorias, ele passa a lidar com experiências parecidas através deste valor
atribuído.
Esses autores ressaltam três níveis de crenças ou estruturas cognitivas,
crenças centrais, intermediárias e pensamentos automáticos.
As crenças centrais são um conjunto de ideais, de características globais,
generalizadas e absolutistas, que a pessoa possui a respeito de si mesma, do
mundo e dos outros. Elas são desenvolvidas na tenra idade e influenciam
fortemente na forma como as experiências vividas são interpretadas. O acesso
e grau de dificuldade para modificá-las variam de paciente para paciente.
As crenças intermediárias são baseadas nas crenças centrais e se
apresentam na forma de regras ou suposições, introduzindo um componente
comportamental, que o indivíduo segue. Eles são resultados de processos de
aprendizagem, confirmadas como consequência de determinadas ações.
Por fim, os pensamentos automáticos, coexistem com o fluxo normal de
pensamentos. Eles são comuns a todos nós, são rápidos e involuntários,
eliciados a partir de situações corriqueiras do nosso dia a dia. Aparecendo em
forma de sentenças ou imagens.
Uma crença que não se alinha com a realidade, pode dar origem a um
processamento falho de informações. Estes erros interpretativos, como descreve
Beck (2007), gera e mantém a crença negativa e distorcida, validando-a, mesmo
diante de evidencias que indiquem a percepção equivocada.
32
Estas falhas, de acordo com Rangé (2001), tornam a pessoa propensa a
realizar categorias distorcidas, tais como:
f) Interferência arbitrária, extrair conclusões precipitadas, mesmo diante
da ausência de evidencias que apóiem as conclusões; Identificação de
pensamentos automáticos (PA);
g) Abstração seletiva consiste em focar-se em um aspecto da experiência,
exacerbando-o em detrimento do restante; Exame das vantagens e
desvantagens.
h) Hipergeneralização consiste no padrão de extrair uma regra geral ou
conclusões com base
em uma
situação
isolada
e
aplicá-lo
indiscriminadamente;
i) Maximizar ou minimizar ocorrem através de erros de interpretação
primários de importância ou magnitude que fomenta uma distorção
desproporcional;
j) Personalização estabelece relação a eventos externos a si próprios sem
que haja conexão;
k) Pensamento
dicotômico
absolutista,
tendência
de
colocar
as
experiências entre categorias, geralmente opostas.
As crenças de acordo comKruguer (2005) têm características básicas as
proposições sobre objetos da realidade objetiva (tangíveis), instaladas em
processos cognitivos ou na própria linguagem; são aceitas por ao menos uma
pessoa; são subjetivamente endossadas, segundo níveis qualitativamente
diversos de convicção; são passíveis de observação, quando declaradas
ostensivamente; encontram-se presentes em processos cognitivos de modo
geral, influenciando a percepção e a interpretação dos fatos, a formação de
identidades, as relações interpessoais e os processos sociais coletivos.
Conforme o modelo cognitivo, composto por seu sistema de crenças,
determinara o modo como o indivíduo interpreta determinada situação e
influência suas relações afetivas, comportamentais e motivacionais.
Desta forma, para Picolloto e Wainer (2007) o tratamento de dependência
alcoólica com a TCC será igualmente baseado na análise e modificação dos
pensamentos automáticos e
das crenças distorcidas que geram os
comportamentos e as emoções disfuncionais que levam ao consumo exagerado
da bebida.
33
2.2.5 A terapia Cognitivo-Comportamental na dependência química.
Atualmente, como descreve Range (2001), sabe-se que a TCC funciona
para os mais variados problemas psiquiátricos, inclusive com a dependência
química. Ele discorre que no que se refere ao tratamento de pessoas adictivas,
encontra-se uma série de vantagens com a sua adesão como forma de
tratamento, pois ela não é um sistema fechado em si, ela se alia em cooperação
com outros tipos de tratamento e poder ser usada juntamente com grupos de
apoio, como o AA; e, também, pode ser associada ao tratamento farmacológico,
que é indicado em casos com co-morbidades.
Dihel, Cordeiro e Laranjeiras (2011) descreve que o transtorno
relacionado ao uso de substâncias geralmente causam prejuízos na saúde, que
gradualmente se deteriora, além de causar prejuízos na vida social, profissional
e familiar. O consumo abusivo do álcool afeta quase todos os sistemas
orgânicos, em especial o trato gastrointestinal, e sistemas cardiovascular e
nervoso, acarretando em déficits cognitivos.
O modelo psicoterápico cognitivo-comportamental busca ressaltar a
importância dos processos mentais sobre os comportamentos e volta-se para o
entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do álcool.
Expectativas podem promover no indivíduo um consumo ainda mais
acentuado de álcool. O behaviorismo preconiza que situações que proporcionam
prazer ao indivíduo aumentam a chance de manutenção do comportamento em
busca da continuação desta sensação. Quando a pessoa aprende que o
consumo de álcool é capaz de trazer alívio diante de situações estressantes,
aumentam as chances de manter o comportamento e de generalizá-lo.
(ZANELLATO E LARANJEIRAS, 2013)
Knapp et. al (2004) ajudou os indivíduos a atingir independência de seus
comportamentos adictivos, de substâncias. O programa fornece instrumentos e
técnicas para quatro questões programáticas:
1) melhorar e manter a motivação para se abster;
2) enfrentamento de fissuras;
3) resolução de problemas, manejo de pensamentos, sentimentos e
comportamentos;
34
4) equilíbrio no estilo de vida, balanceando satisfações momentâneas e
duradouras.
Segundo Range (2001) semelhante a outros transtornos, como depressão
e ansiedade, o modelo cognitivo de abuso de álcool é baseado na pressuposição
de que experiências nas fases iniciais da vida são as bases para o
desenvolvimento
de
problemas
dessa
natureza.
Elas
favorecem
o
desenvolvimento de esquemas, crenças nucleares básicas e crenças
condicionais.
Segundo Zanelatto e Laranjeira (2013) algumas crenças observadas nos
etilistas são aquelas que envolvem baixa tolerância à frustração e crença
disfuncionais acerca do álcool. As crenças disfuncionais são geradas depois de
a dependência química estar instalada, evolui a partir das crenças
antecipatórias. Essas crenças que se manifestam, desde o início da
dependência e que geralmente, antecipam o estado de gratificação e privação
(ficarei mais tranqüilo e sociável se eu consumir ou se eu não consumir, perderei
meus amigos. E então evoluem para crenças permissivas que autorizam o
indivíduo a utilizar a substância.
Para o mesmo autor as crenças relacionadas ao álcool normalmente são
ativadas em situações específicas chamadas de situação-estímulo, que, por sua
vez geram a fissura. Entre essas situações a observação de outras pessoas
consumindo o álcool, o contato com alguém que esteja sob o efeito do mesmo
ou ainda estado emocionais pode ativar as crenças.
Como uso continuado, as crenças relacionadas ao álcool se tornam mais
difusas, destacadas e acessíveis. À medida que são ativadas por um numero
sempre
crescente
de
estímulos essas crenças tornam-se
freqüentes
automáticas e disponíveis. Os etilistas acabam presos em círculos viciosos de
consumo e reforços das crenças que aumentam o número desse consumo.
(SALKOVSKIS, 2005).
Segundo Barlow (2009), a bebida é evocada por estímulos ambientais que
ocorrem antes da bebida. A relação entre estímulos e resposta é mediada por
fatores cognitivos, afetivos e fisiológicos ou orgânicos e que as respostas são
mantidas por conseqüências positivas ou por evitar as conseqüências negativas
como resultado de beber.
35
Salkovskis (2005) salientam que os componentes essenciais da TCC para
abuso de substâncias são: o bom relacionamento terapêutico, que deve ser
colaborativos; a conceituação cognitiva do caso, estrutura da sessão, e o uso
das técnicas cognitivas comportamentais.
2.2.6 As principais técnicas utilizadas pela TCC no tratamento do dependente
químico
As técnicas da terapia cognitiva para o tratamento do etilismo são ricas e
variadas, O desempenho do paciente determina se ele almejará ou não o
objetivo da terapia com sucesso. Porém, para que isso ocorra, ele precisa aderir
ao tratamento e estar ciente de todo processo terapêutico.
Algumas das técnicas que são utilizadas no trabalho terapêutico são:
a) Identificação de pensamentos automáticos (PA);
b) Registro diário de pensamentos automáticos disfuncionais;
c) Solução de problemas;
d) Exame das vantagens e desvantagens;
e) Distração;
f) Cartões de enfrentamento;
g) Relaxamento;
h) Treinamento de assertividade.
As técnicas só são utilizadas quando a conceituação cognitiva do caso é
estabelecida.
A
conceituação
cognitivapermite
segundo
Beck
(2007)
compreender o papel dos esquemas cognitivos, que são compostos pelas
crenças: suposições, regras condicionais e estratégias compensatórias.
A conceituação traçará o perfil cognitivo do cliente e entenderá o motivo
que faz ele se empenhar para atingir alguns objetivos e outros não. Compreender
a satisfação ou sua ausência ao atingir uma meta, analisar as crenças de
autonomia, que em excesso, estão ligadas a necessidades patológicas de
vínculo, esquiva e controle, compreender os esquemas disfuncionais.
Ter esta dimensão funcional do paciente permite desenvolver metas que
ele facilmente alcançara, subindo o nível de dificuldade, a cada avanço
demonstrado na vivência prática.
36
Os esquemas cognitivos, de acordo com Beck (2007), são estruturas
cognitivas de significado que vamos desenvolvendo desde cedo e que nos
auxiliam a interpretar e explica o mundo, pois ela filtra, codifica e avalia os
estímulos aos quais o organismo é submetido, esta matriz permite ao indivíduo
interpretar experiências de maneira significativa.
Beck (2007) descreve que somos seres que buscam explicar o meio em
que vive de forma natural. A medida que vamos construindo a nossa identidade,
desenvolvemos os esquemas que são as estruturas centrais de formação e
significado que se auto perpetua e que tem uma resistência acentuada a
mudança.
Desta forma, o mesmo autor discorre, desde a infância explicamos nossas
percepções e sensações sobre nós, o mundo e o futuro (tríade cognitiva) de
modo contínuo e automático. A crença nessas explicações automáticas são tidas
como verdadeiras e assim vamos compondo nossos esquemas ou estilos
cognitivos. Desta forma, aprende-se o conceito equivocadamente sem que haja
a possibilidade para corrigi-lo, uma vez que podemos não ter conhecimento para
isso, e os modelos, apresentam as crenças tal como os demais a percebem, isto,
acaba gerando as distorções cognitivas.
As distorções cognitivas segundo Beck (2007) podem ser:
a) Tudo ou nada – vê-se uma situação em apenas duas categorias em vez
de um continuo.
b) Catastrofização – prevê-se o futuro negativamente sem considerar
outros resultados prováveis.
c) Supergeneralização – tira-se uma conclusão negativa radical que vai
muito além da situação.
d) Argumentação emocional – pensa-se que algo deve ser verdade porque
você sente, mesmo desconsiderando evidencias contrárias.
e) Leitura mental – acha-se que sabe o que estão pensando de você.
f) Personalização – acredita-se que os outros estão se comportando
negativamente devido a você.
g) Visão em túnel – vê-se apenas os aspectos negativos da situação.
h) Filtro mental -presta-se atenção indevida a um detalhe negativo em vez
de considerar o quadro geral.
37
i) Eu devo você deve – tem-se uma idéia exata estabelecida de como se
deve agir e superestima quão ruim é que essas expectativas não sejam
preenchidas.
j) Desconsiderando o positivo – crê-se que as experiências, atos ou
qualidades positivos não contam.
k) Rotulando – sem observar que as evidencias podem ser mais
razoavelmente conduzidas a uma conclusão menos desastrosa.
l) Magnificação/minimização – magnífica-se o negativo e ou minimiza-se
o positivo.
Até que o erro seja percebido as emoções e os comportamentos
continuarão sendo influenciados pelo pensamento errado. Portanto, identificar
as distorções cognitivas do etilista é fundamental para o tratamento e o emprego
de técnicas adequadas.
38
CAPÍTULO III
A PESQUISA
3.
INTRODUÇÃO
A fim de delinear os motivos da desistência dos etilistas ao tratamento
alcoólico dentro do contexto da instituição CAPS AD de Lins, foi realizada uma
pesquisa com método de estudo de caso com os clientes etilistas em tratamento.
Os dados colhidos foram obtidos da aplicação de um questionário
(APÊNDICE A) aplicado aos clientes. O questionário contém 10 questões
direcionadas ao tratamento e aos sentimentos que o acompanhamento
psicoterápico suscita no grupo.
A primeira parte do instrumento foi composta por questões sobre
escolaridade, profissão, idade e sexo. A segunda parte versa sobre perguntas
abertas e fechadas. A primeira pergunta procurou conhecer se o sujeito
participou de tratamentos anteriores, os motivos da desistência e os três
principais sentimentos; a questão dois obteve informes sobre os momentos mais
difíceis do tratamento; a questão verificou se a famíliainfluenciou o sujeito a fazer
o tratamento; a questão quatro procurou conhecer se o sujeito recebeu ajuda de
pessoas não pertencentes a família; com a questão cinco obteve-se informes
sobre suas tentativas anteriores para o comportamento de parar de beber, a
questão seis verificou se ele teve ou não e quais os sintomas de abstinência; a
questão sete procurou conhecer se além do sujeito há na família outro etilista,
a questão oito versou sobre os pensamentos que favorecem o consumo de
bebida alcoólicas, citando os três mais importantes;a questão nove procurou
conhecer se o paciente tem pensamento em abandonar esse tratamento e com
a questão dez foi verificado os três principais medos relacionados ao alcoolismo.
Um segundo questionário foi aplicado no psicólogo do CAPS AD de Lins
com uma única pergunta, sobre os motivos que levam o paciente a desistir do
tratamento, segundo sua opinião.
O CAPS AD de Lins foi inaugurado em dezembro de 2006. Ele atende
pessoas dependentes químico, a partir de 12 anos de idade. Além de oferecer o
39
serviço ao município de Lins, atende mais 7 municípios. Acredita-se que o CAPS
é de fácil acesso aos usuários de Lins e região.
O Método utilizado no CAPS Ad de Lins pelo Psicólogo é de acolhimento
dos usuários realizando triagens, oferecendo atendimentos a pessoas que
sofrem com transtornos mentais, provocados pelo uso abusivo de álcool e outras
drogas, dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua.
A abordagem terapêutica utilizada pelo psicólogo da instituição é a
Comportamental-Cognitivo. As atividades realizadas por ele são: triagens,
oferecer atendimento diário a pessoas que sofrem com transtornos mentais,
provocado pelo uso abusivo substâncias químicas, inclusive o álcool,
desenvolver atendimentos individuais a grupais, oficinas terapêuticas e visitas
domiciliares.
O objetivo da proposta interventiva oferecido pela instituição é garantir
tratamento a pessoas com transtornos comportamentais decorrentes da
dependência que apresentam danos psíquicos, promovendo o ser humano em
toda a sua complexidade, trabalhando a superação do estigma da dependência
química e oferecendo uma perspectiva de reflexão, em que a pessoa possa
pensar a retomada da cidadania como um processo de reconstrução social e
familiar. Dessa maneira, o psicólogo do CAPS AD busca evitar internações,
garantir direitos sociais e reduzir danos decorrentes do abuso de substâncias
psicoativas
O objetivo dos grupos de psicoterapia de dependência química e etilistaé
promover a comunicação, a expressão e a ampliação da consciência que o
paciente tem de si mesmo, possibilitando a identificação e o desbloqueio dos
núcleos de conflitos, buscando o equilíbrio emocional. Além de capacitar os
pacientes para prever e lidar com recaída, desenvolvendo habilidades para
prevenir ou interromper a evolução de um lapso para uma recaída.
3.1
Análise dos resultados
Os informes obtidos através das respostas foram agrupados por
semelhança para compor categorias que foram apresentadas em freqüência
devido ao numero reduzido de participantes, em outras questõesas respostas
40
obtidas, não foi possível realizar um agrupamento devido pulverização das
respostas, as quais passaram a ser relacionadas com os referenciais teóricos.
O psicólogo entrevistado é do sexo masculino, atua no CAPS AD de Lins.
Segundo sua opinião, os motivo que leva o etilista a abandonar o tratamento e
ter recaídassão: resistência ao tratamento, a não participação da família ao
tratamento; os sentimentos de ansiedade, medo e angústia.
De acordo com Zanellato e Laranjeiras (2013), a falta de adesão ao
serviço é um aspecto que influencia a desistência do sujeito, outro fator é a
desestrutura familiar e o sentimento de vergonha acerca do etilista. Estas
situações geram o abandono do tratamento. A forte resistência aparece, pois há
uma negação do abuso e da dependência alcoólica.
Marlatte e Donavan (2009) associam a falta de apoio familiar e
acompanhamento de saúde apropriado, o envolvimento com antigos amigos que
consomem álcool, a necessidade de aprovação social e frustração diante de
circunstancias adversas, traz a sensação de falta de confiança que, aliada ao
prazer do consumo de álcool, fazem com que o indivíduo continue bebendo.
Geralmenteas famílias expressam pelo o etilista emoções como: muita
tristeza, indignação e desprezo pela situação, sem assumir a parcela de
responsabilidade, como nos aponta Barlow (2009).
Segundo Marlatte e Donavan (2009) o paciente passa pelo medo da perda
do controle e a incapacidade de parar de beber, e atribuem as recaídas à
incapacidade de se controlar. Estas pessoas são os que têm a maior
probabilidade de abandonar o tratamento.
O mesmo autor relata diversos sentimentos e situações em torno da
recaída e do abandono do tratamento, tais como: emoções negativas,
ansiedade, depressão, culpa, pressão social com atribuições negativas, manejo
de situações difíceis e dos problemas físicos e psicológicos.
A seguir, os dados obtidos com o instrumento de pesquisa são
apresentados em tabelas, seguido pela análise qualitativa.
Dados de Identificação:
Tabela 1: Escolaridade dos entrevistados
41
ESCOLARIDADE
fi
Ensino Fundamental Incompleto
07
Ensino Fundamental Completo
01
Ensino Médio Incompleto
01
Ensino Médio Completo
0
Não respondeu
01
TOTAL
10
Fonte: As autoras, 2013.
Os dados mostram que 7 dentre 10 entrevistados não possuem ensino
fundamental, 1 possui ensino fundamental completo,1 possui ensino médio
Incompleto.
A baixa escolaridade observada entre os dependentes é tratada na
literatura como um grave problema, decorrente, muitas vezes, do próprio
consumo, que tem o início, na maior parte dos casos, precocemente,
contribuindo para a evasão escolarde acordo com Petersen e Wainer (2011)
Segundo Petersen e Wainer (2011), o abandono acaba ocorrendo, não
somente para fazer o consumo, mas também motivado pelo baixo desempenho
e pela dificuldade de aprendizagem, muitas vezes, conseqüência de prejuízos
cognitivas decorrente do consumo.
Tabela 2: Profissão dos entrevistados
PROFISSÃO
fi
Aposentados
01
Lavrador
01
Motorista
02
Pedreiro
03
Serviços gerais
02
Não respondeu
01
TOTAL
10
Fonte: As autoras, 2013.
A profissão de pedreiro foi a profissão que obteve maior número de
respostas, 3, seguida por motorista, 2, serviços gerais, 2 e aposentados e
Lavrador com 1 resposta. Os informes sobre escolaridade e profissão mostram
que a população atendida pela instituição é de classes menos favorecidas.
42
O alcoolismo acarreta uma série de problemas no âmbito de trabalho, e
de acordo com Vaissman (2004), os trabalhos que são mais encontrados em
etilistas referem-seatividades socialmente desprestigiadas, com situação de
risco à saúde; onde a possibilidade de qualificação ou ascensão profissional é
restrita; e envolve atos e materiais considerados desagradáveis ou repugnantes.
Tabela 3: Faixa Etária dos entrevistados
FAIXA ETÁRIA
fi
30 40
02
40 50
02
50 60
03
60 70
03
TOTAL
10
Fonte: As autoras, 2013
As idades dos etilistas variam: entre 50 e 60 anos, 3 sujeitos; entre 60 a
70 anos, 3 sujeitos; e 4 sujeitos ficam entre 30 a 50 anos. Sendo acima de 50
anos a maior freqüência de etilistas em tratamento. Os usuários de álcool levam
vários anos para chegar à dependência, porque a construção da dependência é
gradual segundo Dihel, Cordeiro e Laranjeiras (2011).
Através da questão 1, procurou conhecer se o sujeito participou de
tratamento anteriores, os três principais motivos que o levou a desistência e seus
principais sentimentos, frente a esta situação.
Questões:
Tabela 4: Participação emtratamento anteriores
RESPOSTA
fi
Sim
09
Não
01
TOTAL
10
Fonte: As autoras, 2013.
O total de sujeitos foram 10 sendo que 9 já tinham participado de tratamentos
anteriores e tiveram recaídas Porém, muitas vezes, mesmo mantendo anos de
abstinência e controle, o indivíduo com a doença alcoolismo falha na
manutenção do comportamento desejado de não utilizar bebidas alcoólicas,
43
tendo a recaída. Este fato está relacionado à característica da própria
dependência química, sendo natural acontecerem lapsos ou recaídas
(MARLATT; DONAVAM 2009)
Motivos frente à desistência anterior do tratamento foram: Ser doente; Por
causa dos amigos; Por causa da vontade de beber; Pelo longo tempo de
tratamento; Teste de autocontrole.
Sentimentos frente à desistência anterior do tratamento foram: Angústia;
Ficar bem; Dificuldades afetivas; Fraqueza; Medo; Nervoso; Raiva da bebida;
Saudades de casa; Vida sem sentido; Vontade de beber.
Dimeff (2002) comenta que os efeitos da quebra dos objetivos consistem
nas respostas cognitivas e afetivas vivenciadas pelo indivíduo tais como
frustração, desmoralização e desmotivação. Para aplacar a ansiedade e raiva o
álcool pode ser uma boa saída, pois como já afirmava o etilista não assume suas
responsabilidades.
A questão 2 procurou verificar na opinião dos sujeitos os 3 fatores mais
difíceis neste momento de tratamento.
O fator de dificuldade neste momento de tratamento que aparece com
maior freqüência é o trabalho, sendo configurado pela falta de emprego, e/ou
também de conciliar o horário do serviço com o tratamento, os outros fatores
foram: administrar a vida pessoal, medo de internação, realização de outros
tratamentos e vergonha. Aparecimento de complicações clínicas ligadas ao
consumo do álcool somado as conseqüências físicas, sociais e emocionais do
alcoolismo são difíceis de serem suportados (VALADARES, 2009).
A questão 3 refere-se as influências da família sobre o sujeito para a
realização do tratamento.
Tabela 5: Existência de influência da família no tratamento
RESPOSTA
fi
Sim
09
Não
01
TOTAL
10
Fonte: As autoras, 2013.
44
Quase em sua totalidade 9 dos sujeitos, receberam influência da família
para realizar algum tipo de tratamento, sob forma de aconselhamento,
imposição, ameaça de internação e incentivo para tratar-se.
Segundo Baptista e Teodoro (2012) o impacto o etilismo não incide
somente no contexto social, ele é mais amplo, atingindo a saúde do dependente,
interfere na relação familiar, pois os componentes da família vivenciam
diariamente a realidade do dependente do álcool. É importante, portanto, ter
clareza, que esse fenômeno se manifesta na relação familiar.
No âmbito familiar os conflitos interpessoais criado pela pressão ou pela
tentativa de controle dos membros da família, impulsiona a má comunicação e
pouca habilidade para solução de problemas, reforçando o consumo pelas
vivencias de afetos negativos, auto eficácia baixa para lidar com os problemas e
ou pensamentos retaliatórios segundo Marlatt e Donavam (2009).
Com a questão 4 procurou conhecer se o sujeito recebe algum tipo de
ajuda para fazer o tratamento de outras pessoas fora do ambiente familiar.
Tabela 6: Existência de ajuda pessoal no tratamento que não seja parente
RESPOSTA
fi
Sim
02
Não
08
TOTAL
10
Fonte: As autoras, 2013.
Dentre os 10 entrevistados, 8 responderam não receber ajuda pessoal no
tratamento, que não seja parente. Dos que responderam receber ajuda pessoal,
citaram que ela vinha por amigos e de colegas de trabalho.
Segundo Baptista e Teodoro (2012), verificou-se que a ajuda fica em torno
da família, pois os amigos consomem bebida alcoólica, a maioria não se afasta
do ciclo de amizade para não se sentir sozinho sem amigos, contudo, as
amizades o mantêm no vício.
Segundo o mesmo autor constata-se que muitos dos etilistas vivem
sozinhos, pois o vicio fez com que perdesse seus contatos sociais, além do mais,
o álcool tamponava superficialmente suas necessidades emocionais pois seus
sentimentos, pensamentos e os comportamentos são dirigidos para o consumo
de bebidas alcoólicas e acarretando no isolamento do mundo externo e social.
45
Segundo Abreu e Roso (2003) as características especificas da
personalidade do etilista são: dependência psíquica, capacidade insuficiente
para o contato interpessoal e intolerância grande frente às frustrações
resignando-os para trabalhos com menos exigência intelectual e interpessoal.
O álcool é uma droga capaz, pelo menos em curto prazo, de remover ou
afastar uma ampla variedade de sentimentos desagradáveis, como por exemplo,
angústia ou depressão. Para o indivíduo inseguro ou que duvida de seu próprio
valor, beber pode remover temporariamente estes sentimentos. A pessoa que
bebe demais estáfreqüentemente, usando o álcool para alterar sua percepção
do mundo, que ela acha difícil, ou para aliviar sentimentos insuportáveis a seu
próprio respeito
A questão 5 verificou se o sujeito realizou tentativas de parar de beber.
Tabela 7: Tentativas de parar de beber outras vezes
RESPOSTA
fi
Sim
09
Não
01
TOTAL
10
Fonte: As autoras, 2013.
Dos entrevistados, 9 sujeitos responderam ter feito tentativas de parar de
beber, varias vezes.
De acordo com Milan e Ketcham (1991) o princípio que atua as tentativas
dos etilistas a pararem de beber éidéia de “chegar ao fundo do poço”, geralmente
manifestado como crença de que os etilistas só podem ter essa iniciativa quando
compreendem a desesperança de sua condição.
Segundo Marlatt e Donavam (2009) ao mobilizar os etilistas para a
mudança dos padrões cognitivos, eles tendem aderir ao planejamento de um
sistema de tratamento norteado pela conceitualização do caso, que descreve o
perfil
da
população,
tornando-se,
assim
mais
eficaz.
Contribuindo
significativamente na melhora da qualidade de vida, na reinserção à vida social
e no resgate dos vínculos afetivos.
A questão 6 levantou informações se os sujeitos sentiram os sintomas da
abstinência durante a tentativa de parar de beber e quais foram.
46
Tabela 8: Sinais de abstinência alcoólica
RESPOSTA
fi
Sim
08
Não
02
TOTAL
10
Fonte: As autoras, 2013.
Dos 10 entrevistados, obteve-se 8 respostas de presença de sinais de
abstinência quando cessou o consumo alcoólico.
Para Marlatt e Donavam (2009) o objetivo do tratamento de abstinência,
visa o alívio de desconforto, o tratamento de complicações e a preparação para
reabilitação.
Tabela 9:Sintomas de abstinência alcoólica
SINTOMAS
fi
Ansiedade
01
Cefaléia
03
Convulsão
01
Delírios
02
Fraqueza
01
Náuseas e vômitos
03
Perca de forças no membro superior
01
Taquicardia
01
Tremores
04
Nenhum
02
TOTAL
19
Fonte: As autoras, 2013.
Os sinais de abstinência por ordem de freqüência apresentadas de foram:
Tremores, náuseas e vômitos cefaléia, delírios, taquicardia fraqueza, convulsão
e ansiedade.
De acordo com Kovacs et al. (2008) dentre os sintomas de abstinência de
álcool, cerca de 5% experimentam complicações mais graves da abstinência na
forma de delirium tremens 2
2
O delirium tremens é uma psicose causada pela abstinência ou suspensão do uso de drogas ou
medicamentos freqüentemente associada ao alcoolismo mas que também pode se apresentar com o uso
prolongado ou abusivo de benzodiazepínicos ou barbitúricos.
47
As variáveis do organismo podem incluir fissuras pelo álcool: sintomas de
abstinências; afetos negativos como raiva, ansiedade ou depressão, auto
avaliação negativa, ou aumento dos afetos negativos, redução de auto avaliação
negativas ou redução do foco em problemas e preocupações.
De acordo com Barlow (2009), há também outros fatores interpessoais,
na qual a pessoa pode reagir com fissura, como a expectativa positiva quanto ao
uso de álcool, desconforto pessoal e auto avaliações negativas por não beber.
As conseqüências interpessoais positivas do beber podem incluir redução da
fissura ou da ansiedade social, maior sensação de conexão social ou
divertimento bem como melhor alivio e assertividade.
A questão sete procurou se além do sujeito, existe ou teve alguém com
problema de alcoolismo.
Tabela 10: Dependência alcoólica em torna da família
RESPOSTA
fi
Sim
07
Não
03
TOTAL
10
Fonte: As autoras, 2013.
A freqüência das respostas dos entrevistados acerca da dependência
alcoólica em membros da família foi: 7 respostas apresentaram relação com a
dependência, 3 respostas de não haver na família relação com dependência
alcoólica.
Aproximadamente uma em cada três dependentes de álcool tem um
histórico familiar de etilismo. Também de acordo com Osório eValle (2011), a
probabilidade de separação e divórcio entre casais é aumentada em três vezes
quandoessa união se dá com um dependente de álcool.
A partir de Marlatt e Donovan (2009), os etilistas com históricos familiares
de dependência alcoólicaprovavelmentefará avaliação mais negativa do
enfrentamento com tendências em se apoiarem a idéia do outro elemento
familiar ser elitista, então ele também será. A auto eficácia diminuída torna o
individuo mais suscetível a uma resposta deenfrentamento ineficaz em dada
situação de risco, e a uma probabilidade aumentada de recaídas, combinada
coma tendência maior de dependência física dada a história familiar.
48
Tabela 11: Parentes com problemas relacionados ao consumo de bebida
alcoólica
RESPOSTA
fi
Irmãos
06
Sobrinho
01
Cunhado
01
Genro
01
Tio
01
Ninguém
03
TOTAL
13
Fonte: As autoras, 2013.
Dos entrevistados, 6 responderam que os irmãos são etilistas, sendo que
dois faleceram por motivo de cirrose.
Dimeff (2002) afirma que o vicio, visto entre irmãosadvêm de
convivências adquiridas, gerando assim ambiente facilitadores ao abuso de
álcool.
A questão 8 permitiu conhecer os principais pensamentos que favorecem
o consumo de bebida alcoólica pelo sujeito.
Tabela 12: Existência de pensamento que possibilita o consumo de bebida
alcoólica
RESPOSTA
fi
Sim
08
Não
02
TOTAL
10
Fonte: As autoras, 2013.
A Existência de pensamento que possibilita o consumo de bebida
alcoólica apareceu com a freqüência de 8 respostas entre os sujeitos
entrevistados, 2 deram como resposta não ter pensamentos de consumo de
bebida alcoólica.Os pensamentos que possibilitam o consumo de bebida
alcoólica foram: Beber para não ficar nervoso; Beber para não ficar angustiado;
Beber para esquecer os problemas; Beber para passar o tempo; Beber para que
a voz pare de cobrar; Conflitos familiares; Discussões; Gosto da bebida; Pensar
49
na bebida; Pensar na fissura; Pensar no cansaço; Pensar no passado; ouvir
vozes que pedem o consumo da bebida; pensar que tenho medo da voz; raiva;
sonhos; trabalho; Nenhum
Pensamentos relacionados ao consumo de álcool ou outras substâncias,
aparecem com certa freqüência em indivíduos que já conseguiram uma
mudança de comportamento e não apresentam indicativos de falta de motivação
para manutenção da abstinência, porém, caso não sejam manejados com
habilidade, constitui situação de risco para um lapso (ZANELATTO e
LARANJEIRAS, 2013).
Para Beck (2007) as crenças adtivas estão voltadas para a procura do
prazer, da solução de problemas e do alivio do desconforto. É o caso dacrença
de que o álcool é necessário para manter o equilíbrio psicológico ou emocional,
que melhorará o funcionamento emocional social e intelectual, que dará forças
e poder, que terá um efeito tranqüilizador, que aliviará a monotonia, a ansiedade
a tensão e a depressão.
Com o uso continuo do álcool, as crenças relacionadas as drogas se
tornam mais difundidas, destacadas e acessíveis. À medida que são ativadas
por um numero sempre crescente de estímulos, essas crenças tornam-se
freqüentemente automática e disponíveis.
Os etilistas acabam presos em círculos viciosos de consumo e
reforçadores das crenças que aumentam o consumo (SALKOVSKIS,2005).
Quando o desejo torna-se intenso, como caracteriza Beck (2007), como
uma fissura que causa dificuldade para evitar o consumo e que ativa as crenças
permissivas, justificando o beber, ainda que as conseqüências sejam negativas.
Segundo Salkovskis (2005), o comportamento de repetição obedece a
dois mecanismos básicos não patológicos: o reforço positivo e o reforço
negativo. O reforço negativo refere-se ao comportamento de evitação de dor ou
desprazer.
A fixação de uma pessoano comportamento de busca de álcool obedece
a esses dois mecanismos acima apresentados. No começo a busca é pelo prazer
que a bebida proporciona. Depois de um período, quando a pessoa não alcança
mais o prazer anteriormenteobtido, não consegue mais parar, por que sempre
que isso é tentado, surgem os sintomas desagradáveis da abstinência, e para
evitá-los, a pessoa mantém o uso do álcool. Os reforços positivos e negativos
50
são mecanismos ou recursos normais que permitem as pessoas se adaptarem
ao seu ambiente.
Para Barlow (2009), a bebida também é evocada por estímulos
ambientais que ocorrem antes do consumo da bebida, a relação entre estimulo
e resposta é mediada por fatores cognitivos, afetivos e fisiológicos, e que as
respostas são mantidas por conseqüências positivas ou evitar as conseqüências
negativas como resultado de beber.
Vários fatores individuais, familiares e outras pessoas estão associados à
bebida. Em nível individual, os antecedentes ambientais podem estar associados
a situação especifica, relacionado ao hábito de beber.
Questão 9 verificou se o sujeito tem pensamentos de abandonar o
tratamento e quais são.
Tabela 13: Pensamento de abandono do tratamento
RESPOSTA
fi
Sim
01
Não
09
TOTAL
10
Fonte: As autoras, 2013.
Constata que não ter nenhum pensamento quanto a desistência do
tratamento obteve 9 resposta, e 1 resposta em relação ao pensamento do
abandono do tratamento devido a motivo circunstancial de falta de transporte
para sua locomoção até a Instituição. A freqüência das outras respostas foi de
pensamentos de não abandonar o tratamento com justificativas especificas.
O significado de não abandonar o tratamento pode estar relacionado com
duas situações, a primeira que o psicólogotrabalhou as crenças adctivas ou que
elas ainda não manifestaram estando em estado de latência.
Segundo Barlow (2009), os etilistas experimentam vergonha e alienação
relacionadas ao consumo de álcool, sentindo-se envergonhados em procurar e
manter a realização de um tratamento para dependentes. Os efeitos dos
estigmas e da vergonha são geralmente desconfianças que levam a distorções
significativas e ao não relato de comportamentos e pensamentos relacionados
ao álcool.
51
De acordo com Dimeff (2002) para diminuir a freqüênciadestes
pensamentos, deve-se utilizar estratégias visando modificar tais pensamentos.
Forman novos hábitos de vida, associados pelo fortalecimento de efetividade das
respostas de enfrentamento, pela instalação e intensificação de habilidades
sociais e pelo aumento de auto-eficiência para manejo comportamental.
Com a questão 10 procurou-se conhecer os três principais medos do
sujeito em relação ao seu alcoolismo.
Os principais medosforam: Alguém me matar; Beber e não parar mais; De
a voz vir a falar de novo; De magoar as pessoas; Dormir na Sarjeta; Encontrar o
cara que me atropelou; Ficar acamado;Medo de doenças; Medo de ficar na rua;
Medo de morrer; Perder a família; Perder os bens; Perder o serviço; Ser um
covarde; Não tem medo; Não sabe.
As experiências iniciais de vida causam impressões duradouras no
indivíduo e resultam no desenvolvimento de crenças básicas e crenças
incondicionais, que são experiências contínuas.
Dentro dessas experiências há o modelo de desenvolvimento negativo.
Barlow (2009) fala sobre os esquemas como sendo estruturas psíquicas que
contém avaliações firmemente estabelecidas, que forma criação hipotéticas
chamadas de crenças básicas, estas quando disfuncionais caracterizam-se por
serem irracionais supergeneralizadas e rígidas. Levando a sofrimento psíquico
e comportamento mal adaptado.
52
PARECER FINAL
A hipótese inicial foi confirmada pelo estudo, pois o abandono ao
tratamento esta relacionado a pouca motivação para tratar-se, em determinadas
situações o comportamento de beber é reforçado pelo grupo de amigos, pela
não adesão dos familiares ao tratamento, pelo auto-reforço para o pensamento
de querer beber interrompendo assim o tratamento.
Através do estudo realizado, verificou-se que a maior parte dos
entrevistados já haviam participado de tratamentos e grande freqüência de
desistências anteriores, relacionando com lapsos de recaídas frente às fissuras,
nestes
casos
acompanhados
de
sentimentos
de
raiva,
angústia
e
desmotivações.
Dificuldade frente ao tratamento atual, influência social e familiar foram
questões abordadas,dados significativos foram colhidos sobre a forte pressão
que ocorre com esse grupo sobre formas deimposição e ameaça de internação.
Houve a porcentagem de 90 % para questão de haver de a tentativade
para de beber outras vezes, muitas das vezes por conta própria.
Sabe-se que grande parte dos entrevistados passaram por um ou mais
sintomas de abstinência, após a interrupção do consumo de álcool. Dentre esses
sintomas alguns mais citados são: presença de tremores, cefaléia, náuseas e
vômitos.
Pensamentos
integrados
ao
consumo
de
álcool,são
tidos
comofacilitadores, vindo muitas vezes acompanhados de sentimentos Beber
para não ficar angustiado; Beber para esquecer os problemas; Beber para
passar o tempo;Pensar no passado.
O pensamento de abandonodo tratamento atualapareceuem taxas
mínimas, caracteriza apenas por motivo circunstancial de falta de veiculo para a
vinda a instituição, apresentando pensamentos auto-motivadores para a não
desistência.
Por fim a abordagem sobre os medos em relação ao próprio alcoolismo
presentes nos sujeitos apresentaram dados relativos a doenças, a perdas
familiares e de bens como maior freqüência.
53
Em itens abordados como influentes na desistência do tratamento
alcoólicopara o psicólogo da instituição, foram resistência, a não participação da
família ao tratamento, os sentimentos de ansiedade, medo e angústia se,
relacionam com as análises obtidas com as respostas dos entrevistados.
Finalizando os procedimentos do presente projeto, realizando a
interligações teóricas que embasaram e conceituaram os comportamentos e
pensamentos tidos como influentes parao abandono do tratamento.
54
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Baseados nas identificações obtido através da pesquisa em campono
CAPS AD de Lins em torno dos fatores que influenciam o abandono do
tratamento alcoólico, é de grande importância empregar técnicas que visam
corrigi-las com a cooperação do paciente e a equipe multiprofissionais. Realizar
com o grupo de etilista encontros de2 vezes semanais para reforçar o automonitoramento do comportamento, de não beber, suporte e orientação mais
freqüente para diminuir o risco de abandono, orientar que durante o processo é
provável que ocorra o comportamento de recaídae que esse fato não deverá
gerar pensamentos derrotista que é uma situação à mais a ser trabalhada pelo
grupo, estudar e refletir textos relacionado ao alcoolismo, família trabalho e
perdas decorrentes do alcoolismo.Para que esses trabalhos ocorram com maior
probabilidade de sucesso, os pensamentos e sentimentos deverão ser focados
a cada etapa do tratamento.
A identificação e modificação de crenças disfuncionais e pensamentos
automáticos proporcionarão mudanças afetivas, comportamentais e emocionais.
Paralelamente a essa atividade, os familiares próximos ao sujeito deverão
ser orientados semanalmente
para aprenderem comportamentos
mais
adequados na relação com o etilista.Em tais encontros deverãoser trabalhados
informações acerca do etilismo, família do etilista, os pensamentos e
sentimentos relacionados ao etilista.
55
CONCLUSÃO
Através da pesquisa de campo com informes do questionário e analise
apoiado na abordagem comportamental-cognitivo, conclui-se que os fatores a
qual levam os etilistas a desistência do tratamento alcoólicoabordam distorções
cognitivas significativas caracterizadas como irracionais, supergeneralizadas e
rígidas.
A formulação cognitiva faz com que o paciente compreenda as variáveis
que ocasionam o comportamento de beber ou de recaídas, bem como as
crenças centrais, intermediárias e os pensamentos automáticos envolvidos no
processo.
Os pensamentos automáticos relacionado ao comportamento de beber
dos sujeitosestavam relacionados ao medo dos delírios, pensar no passado
saudável, problemas no trabalho e brigas familiares. Esses pensamentos que
surgem espontaneamente fazem com que as crenças manifestem ocasionando
erros na interpretação da situação.
Outros pensamentos automáticos disfuncionais como beber para não ficar
angustiado, beber para não sofrer com os problemas, beberpassa o tempo,
beber por que estou cansado, beber para se sentir bem, também faz parte do
processamento psíquico dos sujeitos da amostra.
Os reforços positivos ministrados pelos amigos e familiares, tais como
beber junto ou agressão verbal estão associados ao reforço.
Nos reforços positivos a situação do consumo é agradável, como as
referidas: Eu gosto da bebida, como relatada por alguns participantes, esta
relacionada com o auto-reforço e a pessoa busca novamente o consumo do
álcool. Já nos reforços negativos o consumo relacionasse com a evitação de
sentimento e eventos negativos como dores, desprezos de dadas situações,
como postas pelos participantes: Problemas familiares, realização de outros
tratamentos, angústias, dificuldades de relacionamentos, medo raiva, frustração.
Depois de um período, quando a pessoas não alcança mais o prazer da
situação antes agradável, ou a evitação de eventos e sentimentos tidos como
ruins, tornando difícil de extinguir o comportamento de consumir bebida
alcoólica, por que as tentativas vem acompanhado de sintomas desagradáveis,
56
da abstinência, ressaltada na pesquisa como dores de cabeça, náuseas, delírios,
fraqueza, taquicardia, tremores e ansiedades. Tais situações ocorrem com
grande freqüência ocasionando desistência, do tratamento.
As experiências iniciais de vidados entrevistados foram associadas a
familiares que apresentam ou apresentaram problemas relacionado ao álcool,
na qual possibilitou a aprendizagem através da observação e imitação de
modelos. As experiências iniciaisda vida causam impressões duradouras no
individuo e resultam no desenvolvimento de crenças que possibilita o consumo
do álcool.
Para Abreu e Roso (2003) as crenças adictivas facilitadora ao consumo
do álcool pode colocar em três categorias que se relacionam: As crenças
antecipatórias ao alivio, a qual leva o individuo a esperanças de recompensas
de prazer tidas nos entrevistados em dificuldades afetivas, assim com o consumo
é mais fácil relacionar-se, por causa dos amigos, temendo o distanciamento,
administrar a vida pessoal, sendo mais fácil tomar decisões com o consumo.
Segunda categoria é a crença disfuncional do alivio que levam o individuo
a criaro álcool como expectativade alívios, atenuação e eliminação de
desconfortos psicológico.Quando afirmam em respostas os nervoso, angústia,
ansiedade e medos serem fatores difíceis de controles sem o álcool como seu
aliado.
E por último as crenças permissivas ou facilitadoras que levamo
individuam a considerar o álcool como aceitável. Dando-lhes a permissão do uso,
ativados em situações de estímulos em relação da respostade pensar no
cansaço, no trabalho ,logo a ativação da crença estou cansado,trabalhei
demais,mereço uma bebida.
Essas crenças foram tidas de altas influências no consumo alcoólico, pois
sãorígidas de mobilização. Essas crenças adictivas quando não trabalhadas pelo
terapeuta facilitam as recaídas
As fissuras bem como os outras fatores tiveraminfluência na disposição
de recaídas e desistência, sendo relacionado com as respostas de desistências
anterioresdevido a vontade de beber, dificuldades a evitar o consumo, aonde as
crenças permissíveis são ativadas justificando o consumo: Beber para passar o
tempo, só para aliviar o tédio. Criando assim novamente o circulo vicioso do
consumo mantido em ativação de justificativas.
57
Os fatores emocionais,incluindo auto-avaliação negativa, auto-estima e
autocontrole distorcidostambém criam ativação nas crenças permissívas.
Encontrados diante das respostas: beber e não parar mais, ser um covarde, vida
sem sentido.
Apresentado em âmbito familiar os conflitos interpessoais, pela tentativa
de controle, pressão ameaças imposição, impulsiona a má comunicação e pouca
habilidade de soluçãode problema, causando defesas em discutir sobre sua
dependência e ativandoos reforços negativos para o consumo do álcool e
vergonhas e alienações advém dessas más condutas familiares, gerando
desconfianças e não relatos de comportamentos e pensamentos relacionados
ao álcool, como demonstrado na pesquisa com questões mantidas sem
respostas.
Podemos demonstrar os determinantes intrapessoais e interpessoais dos
entrevistados, relativo de reforços de consumo alcoólico sendo fatoresde
relevância a serem observado para uma possível desistência
Determinantes intrapessoais
Estados emocionais negativos: saudade,ansiedade, medo, triste, nervoso
e vida sem sentido.
Estado físicos negativos: relação com outros problemas de saúde.
Estados emocionais positivos: sentir-se bem com o consumo.
Teste de controle pessoal: Achar que pararia sozinho.
Determinantes interpessoais:
Conflitos interpessoais: discussões, conflitos familiares,
Pressão social: Ameaças de internações eimposições.
Estados emocionais positivos: ter tido desistência anteriores por causa de
amigos.
58
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62
APÊNDICES
63
APÊNDICE A –Estudo de Caso
Questionário para os clientes
I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
ESCOLARIDADE:
PROFISSÃO
IDADE:
SEXO:
( )M
( )F
II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1.Você já havia participado de algum tratamento anteriormente, se sim porque
desistiu? Citar 3 principais motivos e 3 principais sentimentos
Três principais motivos
A.
B.
C.
Três principais sentimentos
A.
B.
C.
2. Qual asituação esta sendo mais difícilpara você neste momento do
tratamento? Citar os 3 mais difíceis
A.
B.
C.
3.A sua família influenciou você no tratamento ?
S( ) N ( )
Como ?
64
4.Você recebe algum tipo de ajuda pessoal para fazer o tratamento, que não
seja parente?
S( ) N ( )
Quem?
5.Você já tentou parar de bebe outras vezes?
S( ) N ( )
6. Teve sintomas de abstinência diante essas tentativas?
S( ) N ( )
Quais?
7. Além de você, a sua família tem ou já teve alguémcom problemas
relacionados à dependência alcoólica?
S( ) N ( )
Quem?
8.Você tem algum pensamento que possibilita o seu consumo de bebidas
alcoólicas?
S( ) N ( )
Citar os 3 mais importantes
A.
B.
65
C.
9.Você pensa em abandonar esse tratamento?
S( ) N ( )
Quais os pensamento?
10.Citar os 3 principais medos que você tem em relação ao seu alcoolismo.
A.
B.
C.
66
APÊNDICE B- Questionário para o psicólogo
Questionário para o psicólogo
I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
SEXO:( ) M
( )F
LOCAL DE TRABALHO:
ESPECIALIDADE:
II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS
Em sua opinião, escrever por ordem de importância os motivos que levam os
etilistas abandonar o tratamento.
A-
B-
C-
D-
E-
67
ANEXOS
68
ANEXO I – Termo de Consentimento
CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) pelo pesquisador,
conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na
qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II.
________________________________
Assinatura
____________________________________
Testemunha
Nome .....:
Endereço.:
Telefone .:
R.G. .......:
____________________________________
Testemunha
Nome .....:
Endereço.:
Telefone .:
R.G. .......:
Lins,
/
/
69
ANEXO II – Termo de responsabilidade da Instituição
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