UNISALESIANO Centro Universitário Católico Unisalesiano Auxilium Curso de Psicologia Alcilene Ferreira da Costa Gabriela Januário Guedes OS FATORES QUE LEVAM O ETILISTA A DESISTÊNCIA DO TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA ALCOÓLICA NO CAPS AD de Lins LINS – SP 2013 ALCILENE FERREIRA DA COSTA GABRIELA JANUÁRIO GUEDES OS FATORES QUE LEVAM O ETILISTA A DESISTÊNCIA DO TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA ALCOÓLICA NO CAPS AD de Lins Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Psicologia, sob a orientação do Prof° Me. Oscar Xavier de Aguiar e orientação técnica da Profa Ma. Jovira Maria Saraceni. LINS – SP 2013 C87f Costa, Alcilene Ferreira da; Guedes, Gabriela Januário Os fatores que levam o etilista a desistência do tratamento de dependência alcoólica no CAPS AD de Lins / Alcilene Ferreira da Costa; Gabriela Januário Guedes. – – Lins, 2013. 70p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2013. Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Oscar Xavier de Aguiar 1. Etilismo. 2.Tratamento alcoólico. 3.Terapia ComportamentalCognitiva.I Titulo. CDU 159.9 ALCILENE FERREIRA DA COSTA GABRIELA JANUÁRIO GUEDES OS FATORES QUE LEVAM O ETILISTA A DESISTÊNCIA DO TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA ALCOÓLICA NO CAPS AD de Lins Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Bacharel em Psicologia. Aprovada em: _____/_____/_____ Banca Examinadora: Prof° Orientador: Oscar Xavier de Aguiar Titulação:_______________________________________________________ ______________________________________________________________ Assinatura:___________________________________ 1º Prof(a): _______________________________________________________ Titulação:_______________________________________________________ ______________________________________________________________ Assinatura:___________________________________ 2º Prof(a): _______________________________________________________ Titulação:_______________________________________________________ ______________________________________________________________ Assinatura:___________________________________ Vida é a grande indulgência - morte, a grande abstinência. Portanto, faça o melhor da vida - aqui e agora! Não há nenhum céu de glória radiante, e nenhum inferno onde os pecadores queimam. Aqui e agora é nosso dia de tormento! Aqui e agora é nosso dia de júbilo! Aqui e agora é nossa oportunidade! Escolha você este dia, esta hora. Anton Szandor Lavey AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, a Deus, por me conceder a dádiva da vida repleta de saúde e fé, por me proteger, acolher e conceder paciência diante das dificuldades, pela força, sabedoria na concretização deste trabalho e conclusão de mais uma etapa de minha vida. Aos meus pais, Geralda e Oseías e meus irmãos: Alcione, Ocileide, Lucas, pelo carinho, amor, apoio, paciência e compreensão e pelos ensinamentos ao longo de minha jornada e esforços dispensados para minha formação. Obrigada sou imensamente grata pelo que fizeram e fazem por mim. Amo vocês! Ao meu marido Willian, pelo amor, carinho, atenção, paciência, suportando meu cansaço, ausência e impaciência durante essa trajetória. Amo você! Ao Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Droga de Lins (CAPS-AD), ao Tiago e Fabiana por contribuírem para esta pesquisa. Em especial a minha amiga Gabriela Januario Guedes e meu orientador Oscar Xavier de Aguiar aos qual devo agradecimento pela conclusão e sucesso do mesmo. Alcilene Ferreira da Costa Agradeço a contribuição de todos acerca deste trabalho, sendo estes os professores, o orientador Oscar, a equipe da instituição CAPS AD de Lins em destaque o Psicólogo Tiago, a qual compartilhou conosco seus conhecimentos e práticas, de muito préstimo para realização deste trabalho. E a mim mesma, pelas incansáveis buscas de conhecimentos, pelos esforços, dedicação, persistência e diligência postas na elaboração do trabalho. . Gabriela Januário Guedes RESUMO O álcool tem sido apontado como a droga mais consumida ou, pelo menos, experimentada no Brasil. Pelo fato de ser uma das poucas drogas que têm o consentimento da sociedade e facilidade com que essa droga é comercializada - por ser lícita- tem favorecido o seu elevado consumo, o que é apontado como umas das causas do alcoolismo, um problema que atinge milhões de brasileiros. Esse trabalho vem enfocar os fatores que predominam acerca da desistência do tratamento alcoólico, abordando os fatores sociais, familiares, culturais, psicológicos e comportamentais. A metodologia de pesquisa neste trabalho de conclusão de curso foi de caráter qualitativo e quantitativo, utilizando como instrumental a aplicação de questionários para 10 clientes adultos do sexo masculino em tratamento alcoólico e para o psicólogo do grupo, dentro da instituição CAPS AD de Lins (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) Os dados colhidos foram analisados sob a referencial da Terapia Comportamental-Cognitiva através dos sistemas de crenças, desenvolvimento de esquemas, pensamentos automáticos e estímulos positivos e negativos. Apoiando-se em autores como: Rangé (2001), Beck (2007), Salkovskis (2005) para embasar as propostas de fatores cognitivas disfuncionais como influentes na desistência do tratamento. Espera-se que este estudo contribua significativamente para aderir em um planejamento de um sistema de tratamento norteado na diminuição do comportamento aditivo, libertando os etilistas dos círculos viciosos de consumo e reforçadores das crenças que aumentam o consumo, levando-os a percorrer um caminho continuo para sua a recuperação. Assim favorecendo a melhoria da qualidade de vida e reinserção da vida social. Palavras-chave: Etilismo. Tratamento alcoólico. Terapia ComportamentalCognitiva. ABSTRACT Alcohol has been touted as the most consumed drug or at least experienced in Brazil. Because it is one of the few drugs that have the consent of the company and the ease with which the drug is marketed - to be lawful , has favored its high consumption, which is touted as one of the causes of alcoholism , a problem that affects millions Brazilians. This work is focusing on the factors that predominate on the alcohol withdrawal treatment, addressing the social, familial, cultural, psychological and behavioral. The research methodology in this work of completion was qualitative and quantitative, using as instruments the application of questionnaires to 10 male adult clients in treatment for alcohol and the psychologist of the group within the institution CAPS Lins AD (Center Psychosocial Care Alcohol and Drugs) the data collected was analyzed under the framework of Cognitive - Behavioral Therapy through belief systems, development schemes, automatic thoughts and positive and negative stimuli. Relying on authors such as: Rangé (2001), Beck (1967), Salkovskis (2005) to support the proposals of dysfunctional cognitive factors as influential in treatment withdrawal. It is hoped that this study contributes significantly to join in planning a treatment system guided the reduction of addictive behavio, freeing alcoholics vicious cycles of consumption and reinforcing beliefs that increase consumption, causing them to go a continued way for recovery. Thus favoring the improvement of quality of life and reintegration of social life. Keywords: Alcoholism . Alcohol treatment. Cognitive - Behavioral Therapy. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AA: Alcoólicos Anônimos CAPS AD: Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas CID-10: Classificação Internacional de Doenças Relacionado à Saúde DSM-IV: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais OMS: Organização Mundial de Saúde PA: Pensamento Automático TCC: Terapia Comportamental-Cognitiva SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10 CÁPITULO I - ALCOOLISMO .......................................................................... 12 1. 1.1 1.2 1.3 1.4 BREVE HISTÓRICO ACERCA DO ÁLCOOL ....................................... 12 Definição de alcoolismo.......................................................................... 14 O álcool acerca do vício ......................................................................... 16 O alcoolismo como uma doença ............................................................ 18 Conseqüência do consumo do álcool ..................................................... 20 CAPÍTULO II - O TRATAMENTO CLÍNICO ..................................................... 22 2. 2.1 2.1.1 2.1.2 2.2 TIPOS DE TRATAMENTO PARA DEPENDENTES ALCOÓLICOS ..... 22 Instrumentos avaliativos do etilismo ....................................................... 24 DSM-IV-TR ............................................................................................. 25 CID-10 .................................................................................................... 26 A terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do etilismo ............ 27 2.2.1 Breve histórico da terapia cognitivo-Comportamental ............................ 28 2.2.2 Características da TCC .......................................................................... 29 2.2.3 Técnica terapêutica ................................................................................ 29 2.2.4 O sistema de crenças ............................................................................. 30 2.2.5 A terapia Cognitivo-Comportamental na dependência química. ............. 33 2.2.6 As principais técnicas utilizadas pela TCC no tratamento do dependente químico ......................................................................................................... 35 CAPÍTULO III - A PESQUISA .......................................................................... 38 3. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 38 3.1 Análise dos resultados ........................................................................... 39 PARECER FINAL ............................................................................................. 52 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 54 CONCLUSÃO ................................................................................................... 55 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 58 APÊNDICES ..................................................................................................... 62 ANEXOS ........................................................................................................... 67 10 INTRODUÇÃO A dependência e o abuso de álcool representam um grande problema de saúde pública. Mesmo os melhores tratamentos para alcoolismo apresentam prognóstico pouco favoráveis. O uso de bebidas alcoólicas começa a ser um problema social, coletivo, quando acontecem circunstanciais sociais e culturais, de fato o consumo de álcool é freqüentemente nomeado como um grave problema de saúde pública, podendo interferir simultaneamente na vida pessoal, familiar, escolar, ocupacional e social do etilista. O álcool tem sido apontado como a droga mais consumida ou, pelo menos, experimentada no Brasil. A facilidade com que essa droga é comercializada - por ser lícita- tem favorecido o seu elevado consumo, o que é apontado como umas das causas do alcoolismo, um problema que atinge milhões de brasileiros, que é considerado, por órgãos competentes, como um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e um dos grandes responsáveis por fatalidades em acidentes de trânsito, homicídio, suicídio e agressão (BUCHER, 1992). Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool também é considerado uma droga psicotrópica, pois ele atua ao nível do sistema nervoso central, provocando uma mudança no comportamento de quem o consome, além de ter potencial para desenvolver dependência. (NASCIMENTO, 2013) O dependente torna-se um problema não apenas de nível social e econômico, mas principalmente familiar porque ele geralmente apresenta comportamentos agressivos que influência diretamente a família, pois freqüentemente a agressão é feita aos familiares. O etilismo é uma doença que pode prejudicar a pessoa que o consome, pois muitas vezes pode originar comportamentos violentos. Estes comportamentos muitas vezes são originados por frustrações e tensões que, com o consumo excessivo de álcool, acabam por manifestar. O interesse pelo tema originou-seem torno das aulas teóricas de Psicologia, aplica as condições comportamentais e cognitivas dos sujeitos, 11 influenciando em seus pensamentos, sentimentos e emoções, dentro do contexto do alcoolismo. O presente trabalho tem por propósitoapresentar os fatores que levam os etilistas a desistência do tratamento alcoólico no CAPS AD de Lins acerca dos conceitos e bases da teoria Comportamental-Cognitiva. O trabalho parte da seguinte questão: Conhecer quais os fatores que afetam individualmente o paciente no abandono do tratamento Diante deste questionamento foi levantada a seguinte pressuposição: O abandono do tratamento vem de fatores influentes às vezes da família, do ambiente social de pessoas que não necessariamente tenham algum parentesco com o etilista, e sua cultura pode ser um fator relevante porque em alguns casos há um consumo freqüente de bebidas alcoólicas preservados nas culturas. Também destaca o fator psicológico porque em determinadas ocasiões o indivíduo se sente incapaz de proceder com o tratamento, por tem vário sentimentos negativos ao longo do tratamento sobre o sucesso do mesmo. Para realizar a identificação da proposta dos fatores influentes na desistência foi realizada uma pesquisa a campo na instituição CAPS AD de Lins. Cujos métodos e técnicas serão explicitados no III capítulo. O presente trabalho esta assim dividido: No capitulo I será focado breve visão histórica do uso de bebida alcoólica ao longo da história da humanidade, algumas definições de alcoolismo, o conceito de vicio e sua relação com o alcoolismo; o reconhecimento do alcoolismo como doença e as conseqüências do uso da bebida alcoólica. No capitulo II será abordado o tratamento clinico para dependentes alcoólicos, os tipos de tratamento para acerco do etilismo, Instrumentos avaliativos do etilismo, terapia comportamental-cognitivo no tratamento do etilismo, Históricos, características e técnicas do TCC. No capitulo III consta a pesquisa realizada pelas autoras, as analises dos resultados, o parecer final, a proposta de intervenção e finalizando com a conclusão do trabalho presente. 12 CÁPITULO I ALCOOLISMO 1. BREVE HISTÓRICO ACERCA DO ÁLCOOL O consumo de bebidas alcoólicas é um assunto antigo e que faz parte da história do ser humano. Não se sabe ao certo como ou quando o álcool surgiu, porém, estima-se que a bebida alcoólica teve origem na pré-história, durante o período neolítico, juntamente com a agricultura e a cerâmica. (MILAN; KETCHAM,1991) A bebida era produzida a partir de um processo de fermentação natural O fermentado passou a ser consumido e produzido por diversas culturas e ter diversificado sentidos para seu uso. Há registros históricos que os povos celtas, gregos, romanos, egípcios e babilônios de produção e de consumo bebidas alcoólicas. Segundo Braun (2007), a estocagem de grãos em vasos de argila ocorreu a fermentação do grão. A primeira bebida alcoólica, que intencionalmente foi preparada, ocorreu na china, por volta do ano 8000 a.C. A análise de jarros encontrados em Jiahu, no norte do país, mostrou que eles continham uma mistura feita de arroz, mel, uvas, num tipo fermentado. A civilização dos sumérios aperfeiçoou o processo de fermentação e desenvolveu dezenove tipos de bebida alcoólica, sendo que dezesseis deles a base de trigo e cevada. Uma delas era a cerveja. Inicialmente a cerveja era uma bebida da elite, consumida apenas pelos aristocratas sumérios. Porém, logo ela seria usada como forma de pagamento. Segundo Gately(2009), cada trabalhador, no Egito, ganhava 5 litros de cerveja por dia. Ela era considerada como o pão líquido, por ser a única fonte de alimento que sustentavam os operários para aguentar a jornada de trabalho na construção egípcia, além de contentar as massas operárias pelo seu fator de embriaguez. A destilação foi descoberta na Arábia. As bebidas destiladas eram mais fortes que as fermentadas, e continham cerca de algo em torno de 40 e 75% de 13 álcool puro. Este álcool também era usado para fortificar os vinhos, aumentando sua porcentagem alcoólica (MILAN; KETCHAM, 1991) A partir de Gately (2009) cada localidade, devido seu clima e produção agrícola, desenvolveu sua própria bebida alcoólica. Na Grécia e Roma o solo e o clima eram propicio para o cultivo da uva e, conseqüentemente, a produção do vinho. Os gregos e romanos também começaram a fermentação do mel e da cevada, mas o vinho era a bebida mais difundida nos dois impérios, tendo importância social, religiosa e medicamentosa. No Egito Antigo, os egípcios deixaram documento nos papiros às etapas de fabricação, produção e comercialização da cerveja e do vinho. Eles também acreditavam que as bebidas fermentadas eliminavam os germes e parasitas e deveriam ser usadas como medicamentos, especialmente na luta contra os parasitas provenientes das águas do Nilo. Já na Idade Média, a comercialização de bebidas alcoólicas cresceu e, com isso, começaram a aparecer formas de regulamentar seu uso devido a embriagues e confusões decorrentes desta condição. A intoxicação alcoólica deixou, neste período, de ser condenada apenas pela igreja católica, mas a ser considerada regulamentada pelas leis sociais, e de ser passível de punição. Durante a Renascença passa-se a ser fiscalizado os estabelecimentos que fornecem, sendo estipulados regras que regulamentaram o funcionamento e a venda de bebida alcoólica. Os cabarés e tabernas eram considerados locais onde as pessoas podiam se manifestar livremente o uso de álcool. (CARNEIRO, 2010) O início da Revolução Industrial é acompanhado de mudanças demográficas e comportamentos sociais. É durante este período que o uso excessivo de bebidas passa a ser visto por alguns como uma doença ou desordem psicofísica. No início do século 19 alguns estudiosos teceram algumas considerações sobre as diferenças entre as bebidas destiladas e as bebidas fermentadas, em especial o vinho e a conseqüência de seu uso desenfreado, especulando sobre seu consumo e dependência. Durante o século XX, países como a França, estabeleceram regras para o consumo do álcool, uma delas, vigente até os dias atuais, é a de permitir seu consumo apenas para maiores de 18 anos e, em janeiro de 1920, o estado 14 Americano, decreta a Lei Seca, que teve duração de quase 12 anos. (MILAN; KETCHAM, 1991) A Lei Seca proibiu a fabricação, venda, troca, transporte, importação, exportação, distribuição, posse e consumo de bebida alcoólica. Ela foi considerada por muitos um desastre para a saúde pública e economia americana. De acordo com Pulcherio e Bicca (2002) a história tem demonstrado o constante gosto que a espécie humana tem pela bebida alcoólica. Ela, desde o início, agradou devido seu efeito tóxico e euforizante, por aliviar angústias e libertarem tensões, e devido estas características, estar presente por tanto tempo na história da humanidade. Com o aumento do número de pessoas que consomem e se tornam dependentes de bebidas alcoólicas, a conseqüência tem gerado problemas sociais que fez-se necessário a criação de centros de tratamentos entre outros projetos de reabilitação. Afirma Dihel, Cordeiro e Laranjeiras (2011) que uso de bebidas alcoólicas começa ser um problema social, de responsabilidade coletiva, quando acontecem circunstâncias que tornam possível o uso generalizado, com todas suas conseqüências, sem que se desenvolva a conscientização para desenvolver no consumidor uma atitude que não permita o uso excessivo de qualquer substancia inebriante que traz conseqüências sociais desastrosas 1.1 Definição de alcoolismo O alcoolismo é uma das conseqüências do consumo freqüente de álcool. Ele é uma das drogas mais consumidas no mundo por ser legalizada, barata e ser de fácil acesso. Estes fatores contribuem para que o número de dependentes cresça a índices cada vez maiores. O diagnóstico do alcoolismo define-se com base em quatro grupos de indicadores: consumo, dependência psicológica, dependência física e problemas relacionados ao álcool. (DIHEL; CORDEIRO; LARANJEIRAS, 2011) A Organização Mundial de Saúde (OMS),classifica o alcoolismo como uma toxicomania (HARRIS; GRUBITS, 2001), conceituada como um estado psíquico e físico, resultante da interação entre o organismo vivo e uma 15 substância tóxica, cujas reações incluem compulsão para ingerir a droga de forma contínua ou periódica, com finalidade de experimentar seus efeitos psíquicos e evitar o desconforto provocado pela abstinência. O uso do álcool traz consigo inúmeros problemas. O mais conhecido de acordo comDrummond e Filho (1998), é o alcoolismo, que está relacionado com o consumo crônico de álcool. Para Krueger (2005) o alcoolismo é uma dependência emocional e orgânica do álcool, causada pelo consumo prolongado de bebidas alcoólicas, que se manifesta acompanhada ingestão compulsiva da substância. O efeito da dependência no alcoolista, após beber o primeiro copo, é não parar de ingerir até chegar ao estado de embriaguez. O alcoolismo envolve vários fatores, tais como: psicológicos, fisiológicos e genéticos. Há pessoas que fazem uso da bebida em grandes quantidades por um período de tempo prolongado e não desenvolve o alcoolismo, por outro lado, há as que ingerem em poucas quantidades e já se tornam dependentes. O alcoolismo é uma doença multissistêmica, Crônica e progressiva, caracterizada pela incapacidade de controlar o consumo de álcool. As conseqüências graves do alcoolismo estãorelacionadasà quantidade consumida, quanto mais álcool um indivíduo consome, mais rapidamente ele apresenta problemas de saúde. É mais comum que mulheres tenham problemas de saúde decorrentes do consumo exagerado de álcool mais precocemente que os homens devido sua estrutura física. A mesma quantidade de álcool ingerida pelo homem, torna-se mais concentrada e tóxica para mulheres. O alcoolismo é uma doença que sujeita toda população, independe de classe social, raça, etnia ou gênero, adquiri-la. O alcoólico começa a beber pelos mesmos motivos do não alcoólico. De acordo com Krueger (2005) aproximadamente 10% a 15% das pessoas que consomem bebidas alcoólicas tendem abusar da ingestão, gerando a dependência. São diversos os fatores que contribuem para a dependência. Ela inicia-se com uma dependência leve, passando a dependência moderada e, finalmente, à dependência grave. No último estágio o alcoolista torna-se crônico (LEHMKUHL, 2010). 16 Krueger (2005) descreve que no estado avançado, a ausência da bebida provoca desmaios, alucinações, tremores. É comum a diminuição da potência sexual, atrofia dos testículos e a excreção hormonal diminui. A saúde mental também é afetada no etilista, pois ele vive num estado de tensão, leva-o progressivamente, a falta de domínio emocional. 1.2 O álcool acerca do vício Timby e Smith (2005) refere as causas da dependência química como complexas e envolvendo fatores psicobiológicos. O abuso de substancias tóxicasfreqüentemente inicia-se por curiosidade e evolui para a habituação, dependência psicológica e física e, por fim, o vício. Um fator que explica o abuso de substancia são os efeitos agradáveis deauto reforço que algumas substâncias produzem no sistema límbico do cérebro. O etilismo não é sinônimo de consumo excessivo ou irresponsável de álcool. Ela refere-se a uma doença psicofísica, crônica, que se desenvolve de forma lenta, progressiva e, geralmente, mortal. Kruger (2005) descreve que: Psicofísica, porque ataca a parte psíquica e a parte física- o corpo - do ser humano. Crônica, porque, após sua instalação, apresenta-se como doença habitual. Lenta, porque leva um bom tempo para manifestar-se e não mata de um dia para o outro. Progressiva, porque avança cada vez mais rapidamente, e o doente piora constantemente. Mortal, porque se o doente não cortar totalmente a bebida – se não se recuperar-, acabará num hospício, numa cadeira de rodas ou morrendo prematuramente. (p.12) Perceber que a pessoa tornou-se dependente da substancia alcoólica constitui uma tarefa difícil, que as vezes leva-se anos, e o doente já encontra-se nos estágios finais da patologia, com afetações físicas irreversíveis. Os sinais do vicio são difíceis de ser percebidos pelo dependente e pelos familiares. Muitos consideram normal não conseguir controlar a quantidade consumida, pois ele nunca se dá por satisfeito, abandonar outros interesses e pessoas e, mesmo que seu único desejo seja de consumir a droga, isto não é percebido como algo ruim em certos círculos culturais. Os etilistas têm problemas psicológicos e emocionais decorrentes de sua dependência e estes problemas só tendem a se agravar com o consumo. Os dependentes químicos geralmente são vistos como degenerados, que 17 escolheram este tipo de vida, que continuam dentro do vício por falta de força de vontade e maturidade e, que, permite-se perder até o auto-respeito. Mas, isto não é verdade, o etilista se torna escravo do vício, ele depende do consumo tanto física quanto psicologicamente. Um indivíduo dependente química precisa fazer uso da droga para evitar os sintomas de abstinência. O termo vício é empregado de modo intercambiável como o termo dependência. Timby e Smith (2005), descreve esta relação: O vício, de modo mais acurado, diz respeito a comportamento de busca da droga que interferem no trabalho, mas relações e nas atividades normais. Denomina-se tolerância a redução do efeito de uma droga, devido a seu uso persistente. A tolerância ocorre porque o corpo desenvolve mecanismos para usar ou inativar a droga de modo mais eficaz. Conseqüentemente um indivíduo deve consumir quantidades cada vez maiores da substancia para o efeito. (p. 166) Segundo Wilson (1997) o processo de dependência é gradual e não acontece do dia para a noite, é longo e é sinalizado de várias formas. Beber é um ato cultural e habitual, porém, certos comportamentos são mais alarmantes, como beber além do limite, a ponto de as pessoas próximas notarem,beber sozinho freqüentemente, apresentar algumas manifestações orgânicas do consumo de álcool e beber logo pela manhã são alguns dos sinais que indicam a presença do vício. Muitos começam o consumo da bebida alcoólica pelo seu efeito sedativo e seu efeito depressor, que traz desinibição, estado de euforia e diminuição da autocrítica. Contudo, os efeitos farmacológicos do álcool modificam-se com a quantidade ingerida. Em pequenas quantidades, é um estimulante, em grandes quantidades, o álcool atua como um sedativo. Porém, o álcool proporciona uma fonte rica e poderosa de calorias e energia, tornando-se um estimulando (MILAN; KETCHAM, 1991, p.56). Com o passar do tempo o etilista não consegue ficar sem o consumo, substituído a alimentação pela ingestão da substância. Nestes casos a falta do álcool traz tristeza, irritabilidade e comportamento violento. O etilista, que sofre de síndrome de abstinência, tem apenas uma prioridade: consumir a substância alcoólica. Somente quando o etilista para de consumir a substancia é que sente os efeitos colaterais do álcool no corpo (MILAN; KETCHAM, 1991). O vício, no estágio mais avançado, é incontrolável. A pessoa não consegue ficar sem ingerir a bebida por não suportar os sintomas de abstinência, que incluem: náuseas, suores, tremores e ansiedade Kruger (2005). O etilista tem grande tolerância ao consumo de álcool e está tolerância reduz o efeito colateral provocado pela droga, tais como: sedativa- 18 hipnótica, desmaio, períodos de amnésia envolvendo eventos e atividades durante a embriaguez, etc. Familiares e amigos observam comportamentos caracterizados de alcoolismo,e há repercussões sócias ou legais. Um histórico de problemas conjugais, financeiros e profissionais reflete a incapacidade do indivíduo controlar o consumo de álcool, apesar das conseqüências negativas não conseguem se desvencilhar do uso (TIMBY; SMITH, 2005, p.323). 1.3 O alcoolismo como uma doença De acordo com Nascimento, Carvalho e Marques (2006), o alcoolismo só foi reconhecido como uma doença no século XIX por Huss em 1849, século marcado pela classificação cientifica, onde a ciência e a medicina começaram a catalogar e a diagnosticar doenças, particularmente as mentais. A caracterização do etilismo como uma doença, operou uma metamorfose no modo da sociedade encarar a embriaguez. A necessidade constante de consumir bebida alcoólica, com a classificação etilismo agudo, o primeiro estágio da doença, trouxe uma nova consciência social, que acarretou em leis para regular o consumo. Para os médicos que buscaram estabelecer a etiologia do etilismo, origens da doença viam nos defeitos morais como sendo mais significativos do que os aspectos biológicos. Porém, era difícil identificar quais pessoas, no diaa-dia, em meio de um complexo e novo ambiente social, as características de um etilista (NASCIMENTO; CARVALHO; MARQUES, 2006) A concepção social do etilista, mantida na época, era de uma pessoa que expressava as seguintes qualidades: Apático, indiferentes, sem iniciativa e sem energia, pusilânime, descuidado dos seus próximos e de si próprio, se arrastando de deboche em deboche, reduzindo a miséria e não recuando mesmo diante do crime para procurar meio de satisfazer sua ignóbil paixão; sórdido miserável, esfarrapado, fedendo a álcool, abjeto, desmoralizado, crapuloso: que é habitualmente, o homem que se transformou em álcool”. (NASCIMENTO; CARVALHO; MARQUES, 2006, p.152). Apesar desses símbolos, classificar um indivíduo como etilista realizavase pelos médicos através do ponto de vista moral, pois ele era considerado mais um sintoma de degradação moral do que uma doença. Na América do norte, o médico chamado George Beard, com anos de estudos sobre etilismo, chegou à conclusão de que o problema da doença resultava do desequilíbrio entre energias gastas e energias disponíveis, pois o 19 álcool sendo estimulante artificial fazia com que o esforço físico e psicológico no etilista, fosse fora do normal (NETO; GAUER; FURTADO, 2003). Estava implícito nos seus estudos, que a etiologia do etilismo não estava em causas morais, mas enfatizavam causas físicas. Na França, Pierre Janet, um dos pioneiros na pesquisa do inconsciente, chegou à conclusão semelhante, mas não baseando sua teoria na tensão física, mas na psicológica. Propôs que os etilistas eram indivíduos “psicastênicos”, que necessitavam de estimulo de algum tipo de dependência (NETO; GAUER; FURTADO, 2003). Poucos profissionais posicionaram o etilismo fora do contexto moral e eles não tiveram muita atenção por parte da classe médica do século XIX. De acordo com Santos (2004) foi só a partir do século XX, que outros pontos de vistas, começaram a ser aceito pelo mundo cientifico e pela classe médica. Os estudos realizados por Janet 1915, que examinou de perto questões sociais, psicológicas e culturais que desencadeiam o etilismo, colocaram esta doença num contexto mais amplo e menos moralista. Mas, como em nenhuma outra doença mental e física, o termo ainda continuou a suscitar reações morais. Schor (2005) diz que o etilismo, como a esquizofrenia e a dependência de droga, é uma enfermidade controversa, pois, trata-se de uma condição indesejável que alguns consideram doença, outros falha moral e outros, finalmente, distúrbio psicológico; muitos a identificam como um problema social, uma família disfuncional. Para Milam e Ketcham (1991) o etilista ainda é considerado como um degenerado moral, que escolhe o vício e uma vida degrada a ter uma vida saudável e produtiva. Os sintomas do etilismo podem ser notavelmente consistentes entre indivíduos em estágios avançados da doença, porém, nos estágios iniciais eles podem passar despercebidos. Há subtipos de etilista que podem apresentar idade de início, etiologia subjacente, grau de influência hereditária, origens sociais e culturais e resultados naturais diferentes. Portanto é importante compreender que está é uma doença que assume vários padrões e é caracterizada por recaídas, e, não falta moral ou de caráter. Os estudos longitudinaiscom pacientes diagnosticados, constatou que alguns bebem até morrer, outros param de beber e terceiros ainda mostram um padrão de longa abstinência estável sem qualquer forma de tratamento em 20 algum ponto de curso de sua doença (DIMEFF,et al.,2002). Em determinados estudos, essa porcentagem melhora até cerca de 70% com alguma forma de tratamento. 1.4 Conseqüência do consumo do álcool O consumo de álcool ocorre ao longo de um continuum, havendo uma variação nos padrões entre os indivíduos. Geralmente não existe uma delimitação nítida entre consumo moderado e consumo problemático ou prejudicial. Os indicativos são de que se há um aumento no consumo médio do álcool, a intoxicação aumentará, o mesmo ocorrerá com os quadros de problemas clínicos e psicossociais associados. Lehmkuhl (2010) descreve o etilismo como uma doença na medida em que implica numa situação de dependência tão intensa, que implica em visíveis prejuízos físico, psíquico e interpessoal e à perda da liberdade sobre o ato de beber. Os sintomas de abstinências físicas provocada pela abstinência do álcool, provocados quando o consumo é diminuído ou cessado, aparecem. Eles consistem em: tremores, náuseas, vômitos, dificuldades de dormir, irritabilidade, ansiedade e elevação nos batimentos cardíacos, pressão sanguínea e temperaturas, podem ocorrer sintomas mais graves, tais como: convulsões, delírios e ou alucinações. O consumo crônico do álcool, afeta profundamente a função de vários órgãos vitais, em geral, o fígado, o músculo esquelético, o sistema nervoso, gastrintestinal e imune. Este quadro está diretamente associado ao risco de morte, ou de doenças físicas e mentais, como: hepáticas, câncer, acidentes e suicídios. De acordo Schuckit (2006), o etilismo pode ser desencadeado por diversos fatores, que vão desde problemas familiares, como afetos negativos, auto eficácia baixa para lidar com problemas e ou pensamentos retaliatórios. Os comportamentos familiares podem servir de reforço ao consumo de bebida alcoólica. Pais usuários influenciam a criança genética ou ambientalmente. Socialmente os problemas associados podem ser problemas legais, incapacidade de cumprir obrigações, muitas vezes associada à atenção, 21 habilidade e coordenação motora e problemas de relacionamento interpessoal. As conseqüências psicológicas, a culpa pelo consumo, muitas vezes acompanhado de pensamentos suicidas, comportamento violento, mudanças de valores, distorção e mudanças cognitivas, emocionais e de personalidade vem a ocorrer pelo do uso compulsivo do álcool. 22 CAPÍTULO II O TRATAMENTO CLÍNICO 2. TIPOS DE TRATAMENTO PARA DEPENDENTES ALCOÓLICOS Embora os problemas relacionados ao uso do álcool datem da Antiguidade, os tratamentos especializados só apareceram muito mais tarde, a partir do século XIX. Eles foram em geral dirigidos a casos crônicos e graves, com ênfase no modelo médico. “As intervenções, até então, eram de cunho religioso, ritualísticas ou com caminhamento para asilos de pacientes ‘‘inebriados” (HUNT, 1993). De acordo com Vaissman (2004), o tratamento do dependente químico, na maioria das vezes, restringia-se a hospitais psiquiátricos ou eram relegados a instituições de caráter religioso-filantrópico, sendo, portanto verdadeira terra de ninguém. Por volta de 1980, novas propostas de tratamento foram discutidas em função das mudanças sociais e econômicas, procurando aproximar a realidade da época, adequando às novas formas de intervenções. Outro marco na história do tratamento do etilismo é o surgimento dos Alcoólicos Anônimos (AA). De acordo com Makela (1996), oAA era composto por um grupo de pessoas que propõem o tratamento por ajuda mutua. Eles passaram a participar oficialmente de tratamento relacionando a medicina psiquiátrica e a ciência psicológica, adotam o compartilhamento de experiências em grupo cuja finalidade é resolver os problemas comuns através do exemplo de superação e de vida de cada participante. O etilismo, para o AAé definido como uma doença incurável, progressiva e fatal, de base psicológica, caracterizada pela perda de controle sobre o uso do álcool, levando o etilista a beber de maneira compulsiva, e que pode trazer conseqüências diversas, que pode, inclusive, levar a óbito. Diehl (2011) descreve que o objetivo do AA não é encontrar a etiologia do etilismo, mas, por ter uma base cientifica, acredita-se que se trata de um fator predominantemente orgânico e psicológico. O adicto em bebida alcoólica, que 23 toma o primeiro gole, após longo período sem consumir, não consegue parar de beber, ele beberá até perder o controle. O objetivo do AA é conscientizar que o etilista não possui controle sobre o seu adicção e que precisa reconhecer que como dependente, ele precisa renunciar a adicção de beber, evitando o primeiro gole. Para não voltar ao consumo desenfreado, o membro do AA segue doze passos para mantê-lo consciente de sua condição. Indiferente do tempo de permanência do indivíduo no grupo, sua conscientização de que ele é um doente em recuperação, possibilita uma condição favorável para seu desempenho em se recuperar e não ceder ao afeitos da abstinência. Há, atualmente, diferentes abordagens Psicoterápicas em torno do tratamento do etilismo, dentre elas, a abordagem Psicanalítica. Porém, inicialmente, a psicanálise não foi uma técnica considerada boa para tratar a dependência alcoólica. Segundo Etchegoyen (2002), o álcool para o etilista é um objeto idealizado, e ao mesmo tempo um objeto mal e perseguidor, que logicamente é acompanhada de uma dissociação do self. Para o mesmo autor, o etilista possui uma estrutura semelhante à da psicose maníaco-depressivo1, que atua protegendo o etilista da dor depressiva e das angustias persecutórias. Este pressuposto sustenta que os conflitos básicos dos etilistas têm a ver com a fixação na etapa esquizoparanóide. As características básicas da psicoterapia psicanalítica, aplicada no tratamento do etilismo, consistem em oferecer apoio e fortalecimento de recursos ao paciente. As intervenções podem ser individuais ou em grupo, e o trabalho é mais eficaz quando realizado com o esforço combinado de uma equipe interdisciplinar. A estratégia metodológica desse tipo de tratamento prevê encontros freqüentes e o processo de melhora é de longa duração. Outra abordagem que se propõe a tratar do etilismo é a FenomenológicoExistencial, seu foco de trabalho centra-se na intersubjetividade, não vendo o eu como uma unidade independente da existencia de um outro. Diversos autores segundo 1 Messas (2006), como Husserl, Heidegger, Merleau Ponty, É uma desordem cerebral que causa alterações incomuns no humor, energia e capacidade de desempenhar funções. 24 fundamentam a importância da experiência intersubjetiva para toda e qualquer forma de conhecimento de si e do outro De acordo com a compreensão fenomenologica existencial, viver significa assimilar um mundo bastante complexo, repleto de inumeras possibilidades, matizes, gostos, modos, cheiros, sensações. A nossa condição neste mundo é a de seres que tem como essencia seu existir, ou seja, que não somos seres constituidos de antemão, mas que se constitui e se constroem existindo (DUBOIS, 2005). O existir traz a responsabilidade do autocuidado, que é uma forma de lidar com a angústia frente as possibilidades que a vida apresenta. A dependência revela-se como uma das possibilidades de aliviar-se da tarefa do cuidar, na precariedade do viver. O inicio do uso de substância alcóolica proporciona uma vivência completamente diversa daquele que a vida cotidiana ofereçe, a imediata e intensa sensação de prazer ou ausência de desprazer.(MATOS; SIPAHI, 2001, p.503) De acordo com Messas (2006) com o consumo do alcool o viver se torna suportavél, pois tranforma o desconhecido e amortece a sensação de um futuro que provoca desconforto. O consumo de alcóol prove a transformação do modo de sentir e lidar com a angústia, com isso o indivíduo encontra a satisfação no alcool, como uma via de acesso para um viver mais agradavél e ameno. Realizar o diagnóstico das psicopatologias é importante para resolver a maior parte dos problemas e melhorar o desconforto que eles provocam no etilista. Diante disso, não basta tratar apenas do etilismo, é preciso cobrir outras bases que compreende um tratamento mais amplo, que visa agir também nos mecanismos que induz as recaídas. As investidas terapêuticas desta abordagem consistem na ampliação da visão de mundo do sujeito, para que ele percebe novos significados e possibilidades de construção de uma história de vida que é definida e construida atraves de suas escolhas e, que, protanto, é propriamente sua; mesmo as incertezas do futuro. Ele é convidado a projetar e a realizar a busca de seu projeto existencial. 2.1 Instrumentos avaliativos do etilismo 25 2.1.1 DSM-IV-TR De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR), estabelece os seguintes critérios diagnostico para o abuso e dependência de substâncias químicas: Critérios para abuso de substância do DSM-IV-TR: A. Um padrão mal-adaptativo de uso de substância levando ao prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por um (ou mais) dos seguintes aspectos, ocorrendo dentro de um período de 12 meses: • uso recorrente da substância, resultando em um fracasso em cumprir obrigações importantes relativas a seu papel no trabalho, na escola ou em casa • uso recorrente da substância em situações nas quais isto representa perigo físico • problemas legais recorrentes relacionados à substância • uso continuado da substância, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes B. Os sintomas jamais satisfizeram os critérios para Dependência de Substância. Critérios para dependência de substância do DSM-IV-TR: Padrão mal-adaptativo de uso de substância, levando ao prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por três (ou mais) dos seguintes critérios, ocorrendo a qualquer momento no mesmo período de 12 meses: 1) tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos: a) uma necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para adquirir a intoxicação ou efeito desejado b) acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade de substância 2) abstinência, manifestada por qualquer dos seguintes aspectos: a) síndrome de abstinência característica para a substância. b) a mesma substância (ou uma substância estreitamente relacionada) é consumida para aliviar ou evitar sintomas de abstinência. 26 3) a substância é freqüentemente consumida em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido. 4) existe um desejo persistente ou esforços mal-sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da substância 5) muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da substância (por ex., consultas a múltiplos médicos ou fazer longas viagens de automóvel), na utilização da substância (por ex., fumar em grupo) ou na recuperação de seus efeitos. 6) importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância. 7) o uso da substância continua, apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pela substância (por ex., uso atual de cocaína, embora o indivíduo reconheça que sua depressão é induzida por ela, ou consumo continuado de bebidas alcoólicas, embora o indivíduo reconheça que uma úlcera piorou pelo consumo do álcool). 2.1.2 CID-10 A organização mundial de saúde, através da Classificação Internacional de Doenças Relacionado á Saúde (CID-10), estabelece os seguintes critérios avaliativos para o uso nocivo de substâncias: Quadro 1 - abuso de substância: a) O diagnóstico requer que um dano real deva ter sido causado à saúde física e mental do usuário. b) Padrões nocivos de uso são freqüentemente criticados por outras pessoas e estão associados a conseqüências sociais diversas de vários tipos. O fato de um padrão de uso ou uma substancia em particular não ser aprovado por outras pessoas, pela cultura ou por ter levado a conseqüências socialmente negativas, tais como prisão ou brigas conjugais, não é por si mesmo evidência de uso nocivo. c) O uso nocivo não deve ser diagnosticado se a síndrome de dependência, um transtorno psicótico ou outra forma especifica de transtorno relacionado ao uso de drogas ou álcool está presente. 27 Quadro 2 - Critérios diagnósticos da dependência de substancias psicoativa: a) Compulsão para o consumo: a experiência de um desejo incontrolável de consumir uma substancia. O indivíduo imagina-se incapaz de colocar barreiras a tal desejo e sempre acaba consumindo. b) Aumento da tolerância: a necessidade de doses crescentes de uma determinada substancia psicoativa para alcançar efeitos originalmente obtidos com doses mais baixas. c)Síndrome de abstinência: o surgimento de sinais e sintomas de intensidade variável quando o consumo de substancia psicoativo cessou ou foi reduzido. d) Alívio ou evitação de abstinência pelo aumento do consumo: o consumo de substâncias psicoativas visando ao alivio dos sintomas de abstinência. Como o indivíduo aprende a detectar os intervalos que separam a manifestação de tais sintomas, passa a consumir a substância preventivamente, a fim de evitá-los. e) Relevância do consumo: o consumo de uma substancia torna-se prioridade, mais importante do que coisas que outrora eram valorizadas pelo indivíduo. f) Estreitamente ou empobrecimento do repertório: a perda das referências internas e externas que norteiam o consumo. À medida que a dependência avança, as referências voltam-se exclusivamente para o alivio dos sintomas de abstinência, em detrimento do consumo ligado a eventos sociais. Além disso, passa a ocorrer em locais onde sua presença é incompatível, como por exemplo, o local de trabalho. g) Reinstalação da síndrome de dependência: o ressurgimento dos comportamentos relacionados ao consumo e dos sintomas de abstinência após um período de abstinência. Uma síndrome que levou anos para se desenvolver pode se reinstalar em poucos dias, mesmo o indivíduo tendo atravessado um longo período de abstinência. 2.2 A terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do etilismo 28 2.2.1 Breve histórico da terapia cognitivo-Comportamental Segundo Zanellato e Laranjeiras (2013) as terapias comportamentaiscognitivas (TCC) surgiram no final da década de 1960 como conseqüência da insatisfação com a terapia comportamental baseada nos paradigmas de aprendizagem do tipo estimulo e resposta. Esta forma de conceber a interação do homem com o mundo não era considerada suficientemente abrangente para favorecer uma compreensão mais ampla que suscitava os problemas emocionais e sua complexidade que eles sugeriam. O tratamento psicodinâmico cognitivo também foi acometido por esta atmosfera de insatisfação, contudo, com o crescente desenvolvimento das ciências cognitivas houve a percepção de que ambas se complementavam. Em síntese, houve uma série de estudos atestando a existência de processos cognitivos mediando o comportamento, e que poderia ser inferido e sustentado cientificamente. Isso permitiu que uma terapia hibrida surgisse a partir dos pressupostos destas duas abordagens. Portanto, para Beck (2007) a TCC, como uma abordagem terapêutica, é resultado de uma série de empreendimentos científicos que foram acontecendo, gradualmente nas ciências comportamentais e cognitivas, que culminou em uma forma de abordar os assuntos tratados nos setting terapêutico por um viés maior. As primeiras manifestações da terapia cognitiva surgiram com os estudos de Aaron Beck, psiquiatra norte americano, que tentavam validar algumas de suas impressões levantadas acerca da depressão. Embora ele acreditasse nos pressupostos da psicanálise sobre o tema, ele não conseguia difundi-los por não possuir dados científicos que comprovassem empiricamente e lhe servissem de apoio. Dotado por uma vontade de obter dados científicos, e impulsionado pela motivação de desenvolver uma terapia breve que solucionasse rapidamente os casos de depressões. Beck se deparou com um dado inesperado, que o fez entrar em choque com a estrutura da psicanalítica da depressão, a de que os pacientes deprimidos não tem uma necessidade de sofrer. Seus estudos comprovaram que os deprimidos tinham uma inclinação maior para buscar a aceitação nos outros, do que buscar evocar 29 comportamentos evocadores de rejeição e desaprovação. Isto foi o marco para permitir a ele elaborar o sistema de crenças. E romper com a proposta psicanalítica. Os estudos de Beck o conduziram por um caminho novo e profundo da psique humana, o que lhe permitiu perceber que o paciente deprimido não tinha a tendência a autopunição, mas que alimentava uma visão distorcida de mundo para uma experiência negativa. Beck (2007), esta percepção o levou a desenvolver a tríade cognitiva da depressão, composta por uma visão negativa de si mesmo, do mundo externo e do futuro. Ele percebeu que se outra forma de pensar, mais positiva, fosse sobreposta a esta, o paciente conseguia atingir uma melhora no quadro depressivo. Esta técnica foi rotulada por Beck empirismo colaborativo, que analisa experiências reais para corrigir as crenças errôneas. 2.2.2 Características da TCC Beck (2007) descreve que é uma abordagem estruturada, diretiva, ativa, de prazo limitado, utilizado para tratar uma variedade de situações e transtornos psiquiátricos. A mesma autora discorre que sua fundamentação se dá através da racionalidade teórica subjacente de que o modo de interação com o mundo é determinado pela sua concepção de mundo, sendo assim, se ele percebe que o mundo é hostil, sua reação frente ao mundo será de medo e pavor. Seu pensamento é dominado por pressuposições, ou seja, esquemas que permeiam seu fluxo de consciência, que pode distorcer sua percepção da realidade, e, que, a leva reagir de forma inadequada. 2.2.3 Técnica terapêutica De acordo com Beck (2007) o emprego das técnicas exige que o profissional conheça a fundo a teoria e que tenha o conhecimento do modelo cognitivo presente em cada psicopatologia. O terapeuta tem que saber usar a técnica para enquadrar estas duas atmosferas para a terapia seja efetiva. 30 As técnicas empregadas servem para descobrir as crenças que o paciente traz consigo. Uma vez identificadas as crenças disfuncionais, são empregadas técnicas que visam corrigi-las em cooperação com o paciente. Para que isso ocorra, os esquemas disfuncionais que sustentam suas cognições equivocadas são apresentados ao paciente (BECK, 2007). Rangé (2001) discorre que se o paciente possuir conhecimento de que como o seu processo cognitivo funciona, este estará mais preparado para conduzir alternativas terapêuticas para solucionar situações e problemas que antes julgava insolúveis. Beck (2007) relata que o terapeuta, através das técnicas cognitivas, auxilia o paciente a encontrar soluções adequadas e realistas para se adaptar aos problemas psicológicos e reduzir seus sintomas. A mesma autora descreve que para o paciente se tornar capaz de perceber seus pensamentos distorcidos, ele tem que aprender a reconhecer as seguintes características cognitivas: a) Monitorar seus pensamentos automáticos; b) Reconhecer as conexões entre cognição, afeto e comportamento; c) Examinar as evidências a favor ou contra se pensamento automático distorcido; d) Substituir essas cognições tendenciosas por interpretações mais orientadas à realidade; e) Aprender a identificar e alterar as crenças disfuncionais que o predispõem a distorcer suas experiências. Descobrir o sistema de crença do paciente é realizado pela mediação do terapeuta que faz uso de uma série de técnicas para descobri-las e valida-las. Esse processo permite que o paciente passe a adquirir uma série de características do terapeuta, passando a ser co-autor de sua terapia, até o ponto, que possa assumir a direção de sua terapia, obtendo, assim, a alta terapêutica. 2.2.4 O sistema de crenças Kruger (2005) descreve que as crenças teriam sua origem nos primeiros anos de vida do indivíduo, elas são experiências organizadas em conjuntos 31 logicamente estruturados, que são capazes de ativar motivações e condutas sociais. De acordo com o mesmo autor, é preciso fazer uma diferenciação entre crer e conhecer. O mesmo define estes dois conceitos do seguinte modo: Crer significa “uma ocorrência subjetiva, caracterizando-se pelo grau de assentimento ou adesão que decidimos aplicar a esse ou àquele enunciado ou conjunto de proposições, sendo portanto mais uma questão psicológica”. No que diz respeito à conhecer, este é um fato gnosiológico, referente ao valor da verdade da proposição ou argumento que esteja sendo examinado através de provas ou demonstrações entendidas como pertinentes à análise da validade do seu conteúdo. (KRUGER, 2005, p.17) De acordo com Zanellato e Laranjeiras (2013) a crença é resultado da vivência em si, mais o significado que o indivíduo dá a esta vivência, ou seja, o valor que ele atribui a determinada experiência. De acordo com a repercussão da experiência, o indivíduo coloca em categorias boas ou ruins e, a partir destas categorias, ele passa a lidar com experiências parecidas através deste valor atribuído. Esses autores ressaltam três níveis de crenças ou estruturas cognitivas, crenças centrais, intermediárias e pensamentos automáticos. As crenças centrais são um conjunto de ideais, de características globais, generalizadas e absolutistas, que a pessoa possui a respeito de si mesma, do mundo e dos outros. Elas são desenvolvidas na tenra idade e influenciam fortemente na forma como as experiências vividas são interpretadas. O acesso e grau de dificuldade para modificá-las variam de paciente para paciente. As crenças intermediárias são baseadas nas crenças centrais e se apresentam na forma de regras ou suposições, introduzindo um componente comportamental, que o indivíduo segue. Eles são resultados de processos de aprendizagem, confirmadas como consequência de determinadas ações. Por fim, os pensamentos automáticos, coexistem com o fluxo normal de pensamentos. Eles são comuns a todos nós, são rápidos e involuntários, eliciados a partir de situações corriqueiras do nosso dia a dia. Aparecendo em forma de sentenças ou imagens. Uma crença que não se alinha com a realidade, pode dar origem a um processamento falho de informações. Estes erros interpretativos, como descreve Beck (2007), gera e mantém a crença negativa e distorcida, validando-a, mesmo diante de evidencias que indiquem a percepção equivocada. 32 Estas falhas, de acordo com Rangé (2001), tornam a pessoa propensa a realizar categorias distorcidas, tais como: f) Interferência arbitrária, extrair conclusões precipitadas, mesmo diante da ausência de evidencias que apóiem as conclusões; Identificação de pensamentos automáticos (PA); g) Abstração seletiva consiste em focar-se em um aspecto da experiência, exacerbando-o em detrimento do restante; Exame das vantagens e desvantagens. h) Hipergeneralização consiste no padrão de extrair uma regra geral ou conclusões com base em uma situação isolada e aplicá-lo indiscriminadamente; i) Maximizar ou minimizar ocorrem através de erros de interpretação primários de importância ou magnitude que fomenta uma distorção desproporcional; j) Personalização estabelece relação a eventos externos a si próprios sem que haja conexão; k) Pensamento dicotômico absolutista, tendência de colocar as experiências entre categorias, geralmente opostas. As crenças de acordo comKruguer (2005) têm características básicas as proposições sobre objetos da realidade objetiva (tangíveis), instaladas em processos cognitivos ou na própria linguagem; são aceitas por ao menos uma pessoa; são subjetivamente endossadas, segundo níveis qualitativamente diversos de convicção; são passíveis de observação, quando declaradas ostensivamente; encontram-se presentes em processos cognitivos de modo geral, influenciando a percepção e a interpretação dos fatos, a formação de identidades, as relações interpessoais e os processos sociais coletivos. Conforme o modelo cognitivo, composto por seu sistema de crenças, determinara o modo como o indivíduo interpreta determinada situação e influência suas relações afetivas, comportamentais e motivacionais. Desta forma, para Picolloto e Wainer (2007) o tratamento de dependência alcoólica com a TCC será igualmente baseado na análise e modificação dos pensamentos automáticos e das crenças distorcidas que geram os comportamentos e as emoções disfuncionais que levam ao consumo exagerado da bebida. 33 2.2.5 A terapia Cognitivo-Comportamental na dependência química. Atualmente, como descreve Range (2001), sabe-se que a TCC funciona para os mais variados problemas psiquiátricos, inclusive com a dependência química. Ele discorre que no que se refere ao tratamento de pessoas adictivas, encontra-se uma série de vantagens com a sua adesão como forma de tratamento, pois ela não é um sistema fechado em si, ela se alia em cooperação com outros tipos de tratamento e poder ser usada juntamente com grupos de apoio, como o AA; e, também, pode ser associada ao tratamento farmacológico, que é indicado em casos com co-morbidades. Dihel, Cordeiro e Laranjeiras (2011) descreve que o transtorno relacionado ao uso de substâncias geralmente causam prejuízos na saúde, que gradualmente se deteriora, além de causar prejuízos na vida social, profissional e familiar. O consumo abusivo do álcool afeta quase todos os sistemas orgânicos, em especial o trato gastrointestinal, e sistemas cardiovascular e nervoso, acarretando em déficits cognitivos. O modelo psicoterápico cognitivo-comportamental busca ressaltar a importância dos processos mentais sobre os comportamentos e volta-se para o entendimento das expectativas do indivíduo acerca dos efeitos do álcool. Expectativas podem promover no indivíduo um consumo ainda mais acentuado de álcool. O behaviorismo preconiza que situações que proporcionam prazer ao indivíduo aumentam a chance de manutenção do comportamento em busca da continuação desta sensação. Quando a pessoa aprende que o consumo de álcool é capaz de trazer alívio diante de situações estressantes, aumentam as chances de manter o comportamento e de generalizá-lo. (ZANELLATO E LARANJEIRAS, 2013) Knapp et. al (2004) ajudou os indivíduos a atingir independência de seus comportamentos adictivos, de substâncias. O programa fornece instrumentos e técnicas para quatro questões programáticas: 1) melhorar e manter a motivação para se abster; 2) enfrentamento de fissuras; 3) resolução de problemas, manejo de pensamentos, sentimentos e comportamentos; 34 4) equilíbrio no estilo de vida, balanceando satisfações momentâneas e duradouras. Segundo Range (2001) semelhante a outros transtornos, como depressão e ansiedade, o modelo cognitivo de abuso de álcool é baseado na pressuposição de que experiências nas fases iniciais da vida são as bases para o desenvolvimento de problemas dessa natureza. Elas favorecem o desenvolvimento de esquemas, crenças nucleares básicas e crenças condicionais. Segundo Zanelatto e Laranjeira (2013) algumas crenças observadas nos etilistas são aquelas que envolvem baixa tolerância à frustração e crença disfuncionais acerca do álcool. As crenças disfuncionais são geradas depois de a dependência química estar instalada, evolui a partir das crenças antecipatórias. Essas crenças que se manifestam, desde o início da dependência e que geralmente, antecipam o estado de gratificação e privação (ficarei mais tranqüilo e sociável se eu consumir ou se eu não consumir, perderei meus amigos. E então evoluem para crenças permissivas que autorizam o indivíduo a utilizar a substância. Para o mesmo autor as crenças relacionadas ao álcool normalmente são ativadas em situações específicas chamadas de situação-estímulo, que, por sua vez geram a fissura. Entre essas situações a observação de outras pessoas consumindo o álcool, o contato com alguém que esteja sob o efeito do mesmo ou ainda estado emocionais pode ativar as crenças. Como uso continuado, as crenças relacionadas ao álcool se tornam mais difusas, destacadas e acessíveis. À medida que são ativadas por um numero sempre crescente de estímulos essas crenças tornam-se freqüentes automáticas e disponíveis. Os etilistas acabam presos em círculos viciosos de consumo e reforços das crenças que aumentam o número desse consumo. (SALKOVSKIS, 2005). Segundo Barlow (2009), a bebida é evocada por estímulos ambientais que ocorrem antes da bebida. A relação entre estímulos e resposta é mediada por fatores cognitivos, afetivos e fisiológicos ou orgânicos e que as respostas são mantidas por conseqüências positivas ou por evitar as conseqüências negativas como resultado de beber. 35 Salkovskis (2005) salientam que os componentes essenciais da TCC para abuso de substâncias são: o bom relacionamento terapêutico, que deve ser colaborativos; a conceituação cognitiva do caso, estrutura da sessão, e o uso das técnicas cognitivas comportamentais. 2.2.6 As principais técnicas utilizadas pela TCC no tratamento do dependente químico As técnicas da terapia cognitiva para o tratamento do etilismo são ricas e variadas, O desempenho do paciente determina se ele almejará ou não o objetivo da terapia com sucesso. Porém, para que isso ocorra, ele precisa aderir ao tratamento e estar ciente de todo processo terapêutico. Algumas das técnicas que são utilizadas no trabalho terapêutico são: a) Identificação de pensamentos automáticos (PA); b) Registro diário de pensamentos automáticos disfuncionais; c) Solução de problemas; d) Exame das vantagens e desvantagens; e) Distração; f) Cartões de enfrentamento; g) Relaxamento; h) Treinamento de assertividade. As técnicas só são utilizadas quando a conceituação cognitiva do caso é estabelecida. A conceituação cognitivapermite segundo Beck (2007) compreender o papel dos esquemas cognitivos, que são compostos pelas crenças: suposições, regras condicionais e estratégias compensatórias. A conceituação traçará o perfil cognitivo do cliente e entenderá o motivo que faz ele se empenhar para atingir alguns objetivos e outros não. Compreender a satisfação ou sua ausência ao atingir uma meta, analisar as crenças de autonomia, que em excesso, estão ligadas a necessidades patológicas de vínculo, esquiva e controle, compreender os esquemas disfuncionais. Ter esta dimensão funcional do paciente permite desenvolver metas que ele facilmente alcançara, subindo o nível de dificuldade, a cada avanço demonstrado na vivência prática. 36 Os esquemas cognitivos, de acordo com Beck (2007), são estruturas cognitivas de significado que vamos desenvolvendo desde cedo e que nos auxiliam a interpretar e explica o mundo, pois ela filtra, codifica e avalia os estímulos aos quais o organismo é submetido, esta matriz permite ao indivíduo interpretar experiências de maneira significativa. Beck (2007) descreve que somos seres que buscam explicar o meio em que vive de forma natural. A medida que vamos construindo a nossa identidade, desenvolvemos os esquemas que são as estruturas centrais de formação e significado que se auto perpetua e que tem uma resistência acentuada a mudança. Desta forma, o mesmo autor discorre, desde a infância explicamos nossas percepções e sensações sobre nós, o mundo e o futuro (tríade cognitiva) de modo contínuo e automático. A crença nessas explicações automáticas são tidas como verdadeiras e assim vamos compondo nossos esquemas ou estilos cognitivos. Desta forma, aprende-se o conceito equivocadamente sem que haja a possibilidade para corrigi-lo, uma vez que podemos não ter conhecimento para isso, e os modelos, apresentam as crenças tal como os demais a percebem, isto, acaba gerando as distorções cognitivas. As distorções cognitivas segundo Beck (2007) podem ser: a) Tudo ou nada – vê-se uma situação em apenas duas categorias em vez de um continuo. b) Catastrofização – prevê-se o futuro negativamente sem considerar outros resultados prováveis. c) Supergeneralização – tira-se uma conclusão negativa radical que vai muito além da situação. d) Argumentação emocional – pensa-se que algo deve ser verdade porque você sente, mesmo desconsiderando evidencias contrárias. e) Leitura mental – acha-se que sabe o que estão pensando de você. f) Personalização – acredita-se que os outros estão se comportando negativamente devido a você. g) Visão em túnel – vê-se apenas os aspectos negativos da situação. h) Filtro mental -presta-se atenção indevida a um detalhe negativo em vez de considerar o quadro geral. 37 i) Eu devo você deve – tem-se uma idéia exata estabelecida de como se deve agir e superestima quão ruim é que essas expectativas não sejam preenchidas. j) Desconsiderando o positivo – crê-se que as experiências, atos ou qualidades positivos não contam. k) Rotulando – sem observar que as evidencias podem ser mais razoavelmente conduzidas a uma conclusão menos desastrosa. l) Magnificação/minimização – magnífica-se o negativo e ou minimiza-se o positivo. Até que o erro seja percebido as emoções e os comportamentos continuarão sendo influenciados pelo pensamento errado. Portanto, identificar as distorções cognitivas do etilista é fundamental para o tratamento e o emprego de técnicas adequadas. 38 CAPÍTULO III A PESQUISA 3. INTRODUÇÃO A fim de delinear os motivos da desistência dos etilistas ao tratamento alcoólico dentro do contexto da instituição CAPS AD de Lins, foi realizada uma pesquisa com método de estudo de caso com os clientes etilistas em tratamento. Os dados colhidos foram obtidos da aplicação de um questionário (APÊNDICE A) aplicado aos clientes. O questionário contém 10 questões direcionadas ao tratamento e aos sentimentos que o acompanhamento psicoterápico suscita no grupo. A primeira parte do instrumento foi composta por questões sobre escolaridade, profissão, idade e sexo. A segunda parte versa sobre perguntas abertas e fechadas. A primeira pergunta procurou conhecer se o sujeito participou de tratamentos anteriores, os motivos da desistência e os três principais sentimentos; a questão dois obteve informes sobre os momentos mais difíceis do tratamento; a questão verificou se a famíliainfluenciou o sujeito a fazer o tratamento; a questão quatro procurou conhecer se o sujeito recebeu ajuda de pessoas não pertencentes a família; com a questão cinco obteve-se informes sobre suas tentativas anteriores para o comportamento de parar de beber, a questão seis verificou se ele teve ou não e quais os sintomas de abstinência; a questão sete procurou conhecer se além do sujeito há na família outro etilista, a questão oito versou sobre os pensamentos que favorecem o consumo de bebida alcoólicas, citando os três mais importantes;a questão nove procurou conhecer se o paciente tem pensamento em abandonar esse tratamento e com a questão dez foi verificado os três principais medos relacionados ao alcoolismo. Um segundo questionário foi aplicado no psicólogo do CAPS AD de Lins com uma única pergunta, sobre os motivos que levam o paciente a desistir do tratamento, segundo sua opinião. O CAPS AD de Lins foi inaugurado em dezembro de 2006. Ele atende pessoas dependentes químico, a partir de 12 anos de idade. Além de oferecer o 39 serviço ao município de Lins, atende mais 7 municípios. Acredita-se que o CAPS é de fácil acesso aos usuários de Lins e região. O Método utilizado no CAPS Ad de Lins pelo Psicólogo é de acolhimento dos usuários realizando triagens, oferecendo atendimentos a pessoas que sofrem com transtornos mentais, provocados pelo uso abusivo de álcool e outras drogas, dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua. A abordagem terapêutica utilizada pelo psicólogo da instituição é a Comportamental-Cognitivo. As atividades realizadas por ele são: triagens, oferecer atendimento diário a pessoas que sofrem com transtornos mentais, provocado pelo uso abusivo substâncias químicas, inclusive o álcool, desenvolver atendimentos individuais a grupais, oficinas terapêuticas e visitas domiciliares. O objetivo da proposta interventiva oferecido pela instituição é garantir tratamento a pessoas com transtornos comportamentais decorrentes da dependência que apresentam danos psíquicos, promovendo o ser humano em toda a sua complexidade, trabalhando a superação do estigma da dependência química e oferecendo uma perspectiva de reflexão, em que a pessoa possa pensar a retomada da cidadania como um processo de reconstrução social e familiar. Dessa maneira, o psicólogo do CAPS AD busca evitar internações, garantir direitos sociais e reduzir danos decorrentes do abuso de substâncias psicoativas O objetivo dos grupos de psicoterapia de dependência química e etilistaé promover a comunicação, a expressão e a ampliação da consciência que o paciente tem de si mesmo, possibilitando a identificação e o desbloqueio dos núcleos de conflitos, buscando o equilíbrio emocional. Além de capacitar os pacientes para prever e lidar com recaída, desenvolvendo habilidades para prevenir ou interromper a evolução de um lapso para uma recaída. 3.1 Análise dos resultados Os informes obtidos através das respostas foram agrupados por semelhança para compor categorias que foram apresentadas em freqüência devido ao numero reduzido de participantes, em outras questõesas respostas 40 obtidas, não foi possível realizar um agrupamento devido pulverização das respostas, as quais passaram a ser relacionadas com os referenciais teóricos. O psicólogo entrevistado é do sexo masculino, atua no CAPS AD de Lins. Segundo sua opinião, os motivo que leva o etilista a abandonar o tratamento e ter recaídassão: resistência ao tratamento, a não participação da família ao tratamento; os sentimentos de ansiedade, medo e angústia. De acordo com Zanellato e Laranjeiras (2013), a falta de adesão ao serviço é um aspecto que influencia a desistência do sujeito, outro fator é a desestrutura familiar e o sentimento de vergonha acerca do etilista. Estas situações geram o abandono do tratamento. A forte resistência aparece, pois há uma negação do abuso e da dependência alcoólica. Marlatte e Donavan (2009) associam a falta de apoio familiar e acompanhamento de saúde apropriado, o envolvimento com antigos amigos que consomem álcool, a necessidade de aprovação social e frustração diante de circunstancias adversas, traz a sensação de falta de confiança que, aliada ao prazer do consumo de álcool, fazem com que o indivíduo continue bebendo. Geralmenteas famílias expressam pelo o etilista emoções como: muita tristeza, indignação e desprezo pela situação, sem assumir a parcela de responsabilidade, como nos aponta Barlow (2009). Segundo Marlatte e Donavan (2009) o paciente passa pelo medo da perda do controle e a incapacidade de parar de beber, e atribuem as recaídas à incapacidade de se controlar. Estas pessoas são os que têm a maior probabilidade de abandonar o tratamento. O mesmo autor relata diversos sentimentos e situações em torno da recaída e do abandono do tratamento, tais como: emoções negativas, ansiedade, depressão, culpa, pressão social com atribuições negativas, manejo de situações difíceis e dos problemas físicos e psicológicos. A seguir, os dados obtidos com o instrumento de pesquisa são apresentados em tabelas, seguido pela análise qualitativa. Dados de Identificação: Tabela 1: Escolaridade dos entrevistados 41 ESCOLARIDADE fi Ensino Fundamental Incompleto 07 Ensino Fundamental Completo 01 Ensino Médio Incompleto 01 Ensino Médio Completo 0 Não respondeu 01 TOTAL 10 Fonte: As autoras, 2013. Os dados mostram que 7 dentre 10 entrevistados não possuem ensino fundamental, 1 possui ensino fundamental completo,1 possui ensino médio Incompleto. A baixa escolaridade observada entre os dependentes é tratada na literatura como um grave problema, decorrente, muitas vezes, do próprio consumo, que tem o início, na maior parte dos casos, precocemente, contribuindo para a evasão escolarde acordo com Petersen e Wainer (2011) Segundo Petersen e Wainer (2011), o abandono acaba ocorrendo, não somente para fazer o consumo, mas também motivado pelo baixo desempenho e pela dificuldade de aprendizagem, muitas vezes, conseqüência de prejuízos cognitivas decorrente do consumo. Tabela 2: Profissão dos entrevistados PROFISSÃO fi Aposentados 01 Lavrador 01 Motorista 02 Pedreiro 03 Serviços gerais 02 Não respondeu 01 TOTAL 10 Fonte: As autoras, 2013. A profissão de pedreiro foi a profissão que obteve maior número de respostas, 3, seguida por motorista, 2, serviços gerais, 2 e aposentados e Lavrador com 1 resposta. Os informes sobre escolaridade e profissão mostram que a população atendida pela instituição é de classes menos favorecidas. 42 O alcoolismo acarreta uma série de problemas no âmbito de trabalho, e de acordo com Vaissman (2004), os trabalhos que são mais encontrados em etilistas referem-seatividades socialmente desprestigiadas, com situação de risco à saúde; onde a possibilidade de qualificação ou ascensão profissional é restrita; e envolve atos e materiais considerados desagradáveis ou repugnantes. Tabela 3: Faixa Etária dos entrevistados FAIXA ETÁRIA fi 30 40 02 40 50 02 50 60 03 60 70 03 TOTAL 10 Fonte: As autoras, 2013 As idades dos etilistas variam: entre 50 e 60 anos, 3 sujeitos; entre 60 a 70 anos, 3 sujeitos; e 4 sujeitos ficam entre 30 a 50 anos. Sendo acima de 50 anos a maior freqüência de etilistas em tratamento. Os usuários de álcool levam vários anos para chegar à dependência, porque a construção da dependência é gradual segundo Dihel, Cordeiro e Laranjeiras (2011). Através da questão 1, procurou conhecer se o sujeito participou de tratamento anteriores, os três principais motivos que o levou a desistência e seus principais sentimentos, frente a esta situação. Questões: Tabela 4: Participação emtratamento anteriores RESPOSTA fi Sim 09 Não 01 TOTAL 10 Fonte: As autoras, 2013. O total de sujeitos foram 10 sendo que 9 já tinham participado de tratamentos anteriores e tiveram recaídas Porém, muitas vezes, mesmo mantendo anos de abstinência e controle, o indivíduo com a doença alcoolismo falha na manutenção do comportamento desejado de não utilizar bebidas alcoólicas, 43 tendo a recaída. Este fato está relacionado à característica da própria dependência química, sendo natural acontecerem lapsos ou recaídas (MARLATT; DONAVAM 2009) Motivos frente à desistência anterior do tratamento foram: Ser doente; Por causa dos amigos; Por causa da vontade de beber; Pelo longo tempo de tratamento; Teste de autocontrole. Sentimentos frente à desistência anterior do tratamento foram: Angústia; Ficar bem; Dificuldades afetivas; Fraqueza; Medo; Nervoso; Raiva da bebida; Saudades de casa; Vida sem sentido; Vontade de beber. Dimeff (2002) comenta que os efeitos da quebra dos objetivos consistem nas respostas cognitivas e afetivas vivenciadas pelo indivíduo tais como frustração, desmoralização e desmotivação. Para aplacar a ansiedade e raiva o álcool pode ser uma boa saída, pois como já afirmava o etilista não assume suas responsabilidades. A questão 2 procurou verificar na opinião dos sujeitos os 3 fatores mais difíceis neste momento de tratamento. O fator de dificuldade neste momento de tratamento que aparece com maior freqüência é o trabalho, sendo configurado pela falta de emprego, e/ou também de conciliar o horário do serviço com o tratamento, os outros fatores foram: administrar a vida pessoal, medo de internação, realização de outros tratamentos e vergonha. Aparecimento de complicações clínicas ligadas ao consumo do álcool somado as conseqüências físicas, sociais e emocionais do alcoolismo são difíceis de serem suportados (VALADARES, 2009). A questão 3 refere-se as influências da família sobre o sujeito para a realização do tratamento. Tabela 5: Existência de influência da família no tratamento RESPOSTA fi Sim 09 Não 01 TOTAL 10 Fonte: As autoras, 2013. 44 Quase em sua totalidade 9 dos sujeitos, receberam influência da família para realizar algum tipo de tratamento, sob forma de aconselhamento, imposição, ameaça de internação e incentivo para tratar-se. Segundo Baptista e Teodoro (2012) o impacto o etilismo não incide somente no contexto social, ele é mais amplo, atingindo a saúde do dependente, interfere na relação familiar, pois os componentes da família vivenciam diariamente a realidade do dependente do álcool. É importante, portanto, ter clareza, que esse fenômeno se manifesta na relação familiar. No âmbito familiar os conflitos interpessoais criado pela pressão ou pela tentativa de controle dos membros da família, impulsiona a má comunicação e pouca habilidade para solução de problemas, reforçando o consumo pelas vivencias de afetos negativos, auto eficácia baixa para lidar com os problemas e ou pensamentos retaliatórios segundo Marlatt e Donavam (2009). Com a questão 4 procurou conhecer se o sujeito recebe algum tipo de ajuda para fazer o tratamento de outras pessoas fora do ambiente familiar. Tabela 6: Existência de ajuda pessoal no tratamento que não seja parente RESPOSTA fi Sim 02 Não 08 TOTAL 10 Fonte: As autoras, 2013. Dentre os 10 entrevistados, 8 responderam não receber ajuda pessoal no tratamento, que não seja parente. Dos que responderam receber ajuda pessoal, citaram que ela vinha por amigos e de colegas de trabalho. Segundo Baptista e Teodoro (2012), verificou-se que a ajuda fica em torno da família, pois os amigos consomem bebida alcoólica, a maioria não se afasta do ciclo de amizade para não se sentir sozinho sem amigos, contudo, as amizades o mantêm no vício. Segundo o mesmo autor constata-se que muitos dos etilistas vivem sozinhos, pois o vicio fez com que perdesse seus contatos sociais, além do mais, o álcool tamponava superficialmente suas necessidades emocionais pois seus sentimentos, pensamentos e os comportamentos são dirigidos para o consumo de bebidas alcoólicas e acarretando no isolamento do mundo externo e social. 45 Segundo Abreu e Roso (2003) as características especificas da personalidade do etilista são: dependência psíquica, capacidade insuficiente para o contato interpessoal e intolerância grande frente às frustrações resignando-os para trabalhos com menos exigência intelectual e interpessoal. O álcool é uma droga capaz, pelo menos em curto prazo, de remover ou afastar uma ampla variedade de sentimentos desagradáveis, como por exemplo, angústia ou depressão. Para o indivíduo inseguro ou que duvida de seu próprio valor, beber pode remover temporariamente estes sentimentos. A pessoa que bebe demais estáfreqüentemente, usando o álcool para alterar sua percepção do mundo, que ela acha difícil, ou para aliviar sentimentos insuportáveis a seu próprio respeito A questão 5 verificou se o sujeito realizou tentativas de parar de beber. Tabela 7: Tentativas de parar de beber outras vezes RESPOSTA fi Sim 09 Não 01 TOTAL 10 Fonte: As autoras, 2013. Dos entrevistados, 9 sujeitos responderam ter feito tentativas de parar de beber, varias vezes. De acordo com Milan e Ketcham (1991) o princípio que atua as tentativas dos etilistas a pararem de beber éidéia de “chegar ao fundo do poço”, geralmente manifestado como crença de que os etilistas só podem ter essa iniciativa quando compreendem a desesperança de sua condição. Segundo Marlatt e Donavam (2009) ao mobilizar os etilistas para a mudança dos padrões cognitivos, eles tendem aderir ao planejamento de um sistema de tratamento norteado pela conceitualização do caso, que descreve o perfil da população, tornando-se, assim mais eficaz. Contribuindo significativamente na melhora da qualidade de vida, na reinserção à vida social e no resgate dos vínculos afetivos. A questão 6 levantou informações se os sujeitos sentiram os sintomas da abstinência durante a tentativa de parar de beber e quais foram. 46 Tabela 8: Sinais de abstinência alcoólica RESPOSTA fi Sim 08 Não 02 TOTAL 10 Fonte: As autoras, 2013. Dos 10 entrevistados, obteve-se 8 respostas de presença de sinais de abstinência quando cessou o consumo alcoólico. Para Marlatt e Donavam (2009) o objetivo do tratamento de abstinência, visa o alívio de desconforto, o tratamento de complicações e a preparação para reabilitação. Tabela 9:Sintomas de abstinência alcoólica SINTOMAS fi Ansiedade 01 Cefaléia 03 Convulsão 01 Delírios 02 Fraqueza 01 Náuseas e vômitos 03 Perca de forças no membro superior 01 Taquicardia 01 Tremores 04 Nenhum 02 TOTAL 19 Fonte: As autoras, 2013. Os sinais de abstinência por ordem de freqüência apresentadas de foram: Tremores, náuseas e vômitos cefaléia, delírios, taquicardia fraqueza, convulsão e ansiedade. De acordo com Kovacs et al. (2008) dentre os sintomas de abstinência de álcool, cerca de 5% experimentam complicações mais graves da abstinência na forma de delirium tremens 2 2 O delirium tremens é uma psicose causada pela abstinência ou suspensão do uso de drogas ou medicamentos freqüentemente associada ao alcoolismo mas que também pode se apresentar com o uso prolongado ou abusivo de benzodiazepínicos ou barbitúricos. 47 As variáveis do organismo podem incluir fissuras pelo álcool: sintomas de abstinências; afetos negativos como raiva, ansiedade ou depressão, auto avaliação negativa, ou aumento dos afetos negativos, redução de auto avaliação negativas ou redução do foco em problemas e preocupações. De acordo com Barlow (2009), há também outros fatores interpessoais, na qual a pessoa pode reagir com fissura, como a expectativa positiva quanto ao uso de álcool, desconforto pessoal e auto avaliações negativas por não beber. As conseqüências interpessoais positivas do beber podem incluir redução da fissura ou da ansiedade social, maior sensação de conexão social ou divertimento bem como melhor alivio e assertividade. A questão sete procurou se além do sujeito, existe ou teve alguém com problema de alcoolismo. Tabela 10: Dependência alcoólica em torna da família RESPOSTA fi Sim 07 Não 03 TOTAL 10 Fonte: As autoras, 2013. A freqüência das respostas dos entrevistados acerca da dependência alcoólica em membros da família foi: 7 respostas apresentaram relação com a dependência, 3 respostas de não haver na família relação com dependência alcoólica. Aproximadamente uma em cada três dependentes de álcool tem um histórico familiar de etilismo. Também de acordo com Osório eValle (2011), a probabilidade de separação e divórcio entre casais é aumentada em três vezes quandoessa união se dá com um dependente de álcool. A partir de Marlatt e Donovan (2009), os etilistas com históricos familiares de dependência alcoólicaprovavelmentefará avaliação mais negativa do enfrentamento com tendências em se apoiarem a idéia do outro elemento familiar ser elitista, então ele também será. A auto eficácia diminuída torna o individuo mais suscetível a uma resposta deenfrentamento ineficaz em dada situação de risco, e a uma probabilidade aumentada de recaídas, combinada coma tendência maior de dependência física dada a história familiar. 48 Tabela 11: Parentes com problemas relacionados ao consumo de bebida alcoólica RESPOSTA fi Irmãos 06 Sobrinho 01 Cunhado 01 Genro 01 Tio 01 Ninguém 03 TOTAL 13 Fonte: As autoras, 2013. Dos entrevistados, 6 responderam que os irmãos são etilistas, sendo que dois faleceram por motivo de cirrose. Dimeff (2002) afirma que o vicio, visto entre irmãosadvêm de convivências adquiridas, gerando assim ambiente facilitadores ao abuso de álcool. A questão 8 permitiu conhecer os principais pensamentos que favorecem o consumo de bebida alcoólica pelo sujeito. Tabela 12: Existência de pensamento que possibilita o consumo de bebida alcoólica RESPOSTA fi Sim 08 Não 02 TOTAL 10 Fonte: As autoras, 2013. A Existência de pensamento que possibilita o consumo de bebida alcoólica apareceu com a freqüência de 8 respostas entre os sujeitos entrevistados, 2 deram como resposta não ter pensamentos de consumo de bebida alcoólica.Os pensamentos que possibilitam o consumo de bebida alcoólica foram: Beber para não ficar nervoso; Beber para não ficar angustiado; Beber para esquecer os problemas; Beber para passar o tempo; Beber para que a voz pare de cobrar; Conflitos familiares; Discussões; Gosto da bebida; Pensar 49 na bebida; Pensar na fissura; Pensar no cansaço; Pensar no passado; ouvir vozes que pedem o consumo da bebida; pensar que tenho medo da voz; raiva; sonhos; trabalho; Nenhum Pensamentos relacionados ao consumo de álcool ou outras substâncias, aparecem com certa freqüência em indivíduos que já conseguiram uma mudança de comportamento e não apresentam indicativos de falta de motivação para manutenção da abstinência, porém, caso não sejam manejados com habilidade, constitui situação de risco para um lapso (ZANELATTO e LARANJEIRAS, 2013). Para Beck (2007) as crenças adtivas estão voltadas para a procura do prazer, da solução de problemas e do alivio do desconforto. É o caso dacrença de que o álcool é necessário para manter o equilíbrio psicológico ou emocional, que melhorará o funcionamento emocional social e intelectual, que dará forças e poder, que terá um efeito tranqüilizador, que aliviará a monotonia, a ansiedade a tensão e a depressão. Com o uso continuo do álcool, as crenças relacionadas as drogas se tornam mais difundidas, destacadas e acessíveis. À medida que são ativadas por um numero sempre crescente de estímulos, essas crenças tornam-se freqüentemente automática e disponíveis. Os etilistas acabam presos em círculos viciosos de consumo e reforçadores das crenças que aumentam o consumo (SALKOVSKIS,2005). Quando o desejo torna-se intenso, como caracteriza Beck (2007), como uma fissura que causa dificuldade para evitar o consumo e que ativa as crenças permissivas, justificando o beber, ainda que as conseqüências sejam negativas. Segundo Salkovskis (2005), o comportamento de repetição obedece a dois mecanismos básicos não patológicos: o reforço positivo e o reforço negativo. O reforço negativo refere-se ao comportamento de evitação de dor ou desprazer. A fixação de uma pessoano comportamento de busca de álcool obedece a esses dois mecanismos acima apresentados. No começo a busca é pelo prazer que a bebida proporciona. Depois de um período, quando a pessoa não alcança mais o prazer anteriormenteobtido, não consegue mais parar, por que sempre que isso é tentado, surgem os sintomas desagradáveis da abstinência, e para evitá-los, a pessoa mantém o uso do álcool. Os reforços positivos e negativos 50 são mecanismos ou recursos normais que permitem as pessoas se adaptarem ao seu ambiente. Para Barlow (2009), a bebida também é evocada por estímulos ambientais que ocorrem antes do consumo da bebida, a relação entre estimulo e resposta é mediada por fatores cognitivos, afetivos e fisiológicos, e que as respostas são mantidas por conseqüências positivas ou evitar as conseqüências negativas como resultado de beber. Vários fatores individuais, familiares e outras pessoas estão associados à bebida. Em nível individual, os antecedentes ambientais podem estar associados a situação especifica, relacionado ao hábito de beber. Questão 9 verificou se o sujeito tem pensamentos de abandonar o tratamento e quais são. Tabela 13: Pensamento de abandono do tratamento RESPOSTA fi Sim 01 Não 09 TOTAL 10 Fonte: As autoras, 2013. Constata que não ter nenhum pensamento quanto a desistência do tratamento obteve 9 resposta, e 1 resposta em relação ao pensamento do abandono do tratamento devido a motivo circunstancial de falta de transporte para sua locomoção até a Instituição. A freqüência das outras respostas foi de pensamentos de não abandonar o tratamento com justificativas especificas. O significado de não abandonar o tratamento pode estar relacionado com duas situações, a primeira que o psicólogotrabalhou as crenças adctivas ou que elas ainda não manifestaram estando em estado de latência. Segundo Barlow (2009), os etilistas experimentam vergonha e alienação relacionadas ao consumo de álcool, sentindo-se envergonhados em procurar e manter a realização de um tratamento para dependentes. Os efeitos dos estigmas e da vergonha são geralmente desconfianças que levam a distorções significativas e ao não relato de comportamentos e pensamentos relacionados ao álcool. 51 De acordo com Dimeff (2002) para diminuir a freqüênciadestes pensamentos, deve-se utilizar estratégias visando modificar tais pensamentos. Forman novos hábitos de vida, associados pelo fortalecimento de efetividade das respostas de enfrentamento, pela instalação e intensificação de habilidades sociais e pelo aumento de auto-eficiência para manejo comportamental. Com a questão 10 procurou-se conhecer os três principais medos do sujeito em relação ao seu alcoolismo. Os principais medosforam: Alguém me matar; Beber e não parar mais; De a voz vir a falar de novo; De magoar as pessoas; Dormir na Sarjeta; Encontrar o cara que me atropelou; Ficar acamado;Medo de doenças; Medo de ficar na rua; Medo de morrer; Perder a família; Perder os bens; Perder o serviço; Ser um covarde; Não tem medo; Não sabe. As experiências iniciais de vida causam impressões duradouras no indivíduo e resultam no desenvolvimento de crenças básicas e crenças incondicionais, que são experiências contínuas. Dentro dessas experiências há o modelo de desenvolvimento negativo. Barlow (2009) fala sobre os esquemas como sendo estruturas psíquicas que contém avaliações firmemente estabelecidas, que forma criação hipotéticas chamadas de crenças básicas, estas quando disfuncionais caracterizam-se por serem irracionais supergeneralizadas e rígidas. Levando a sofrimento psíquico e comportamento mal adaptado. 52 PARECER FINAL A hipótese inicial foi confirmada pelo estudo, pois o abandono ao tratamento esta relacionado a pouca motivação para tratar-se, em determinadas situações o comportamento de beber é reforçado pelo grupo de amigos, pela não adesão dos familiares ao tratamento, pelo auto-reforço para o pensamento de querer beber interrompendo assim o tratamento. Através do estudo realizado, verificou-se que a maior parte dos entrevistados já haviam participado de tratamentos e grande freqüência de desistências anteriores, relacionando com lapsos de recaídas frente às fissuras, nestes casos acompanhados de sentimentos de raiva, angústia e desmotivações. Dificuldade frente ao tratamento atual, influência social e familiar foram questões abordadas,dados significativos foram colhidos sobre a forte pressão que ocorre com esse grupo sobre formas deimposição e ameaça de internação. Houve a porcentagem de 90 % para questão de haver de a tentativade para de beber outras vezes, muitas das vezes por conta própria. Sabe-se que grande parte dos entrevistados passaram por um ou mais sintomas de abstinência, após a interrupção do consumo de álcool. Dentre esses sintomas alguns mais citados são: presença de tremores, cefaléia, náuseas e vômitos. Pensamentos integrados ao consumo de álcool,são tidos comofacilitadores, vindo muitas vezes acompanhados de sentimentos Beber para não ficar angustiado; Beber para esquecer os problemas; Beber para passar o tempo;Pensar no passado. O pensamento de abandonodo tratamento atualapareceuem taxas mínimas, caracteriza apenas por motivo circunstancial de falta de veiculo para a vinda a instituição, apresentando pensamentos auto-motivadores para a não desistência. Por fim a abordagem sobre os medos em relação ao próprio alcoolismo presentes nos sujeitos apresentaram dados relativos a doenças, a perdas familiares e de bens como maior freqüência. 53 Em itens abordados como influentes na desistência do tratamento alcoólicopara o psicólogo da instituição, foram resistência, a não participação da família ao tratamento, os sentimentos de ansiedade, medo e angústia se, relacionam com as análises obtidas com as respostas dos entrevistados. Finalizando os procedimentos do presente projeto, realizando a interligações teóricas que embasaram e conceituaram os comportamentos e pensamentos tidos como influentes parao abandono do tratamento. 54 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Baseados nas identificações obtido através da pesquisa em campono CAPS AD de Lins em torno dos fatores que influenciam o abandono do tratamento alcoólico, é de grande importância empregar técnicas que visam corrigi-las com a cooperação do paciente e a equipe multiprofissionais. Realizar com o grupo de etilista encontros de2 vezes semanais para reforçar o automonitoramento do comportamento, de não beber, suporte e orientação mais freqüente para diminuir o risco de abandono, orientar que durante o processo é provável que ocorra o comportamento de recaídae que esse fato não deverá gerar pensamentos derrotista que é uma situação à mais a ser trabalhada pelo grupo, estudar e refletir textos relacionado ao alcoolismo, família trabalho e perdas decorrentes do alcoolismo.Para que esses trabalhos ocorram com maior probabilidade de sucesso, os pensamentos e sentimentos deverão ser focados a cada etapa do tratamento. A identificação e modificação de crenças disfuncionais e pensamentos automáticos proporcionarão mudanças afetivas, comportamentais e emocionais. Paralelamente a essa atividade, os familiares próximos ao sujeito deverão ser orientados semanalmente para aprenderem comportamentos mais adequados na relação com o etilista.Em tais encontros deverãoser trabalhados informações acerca do etilismo, família do etilista, os pensamentos e sentimentos relacionados ao etilista. 55 CONCLUSÃO Através da pesquisa de campo com informes do questionário e analise apoiado na abordagem comportamental-cognitivo, conclui-se que os fatores a qual levam os etilistas a desistência do tratamento alcoólicoabordam distorções cognitivas significativas caracterizadas como irracionais, supergeneralizadas e rígidas. A formulação cognitiva faz com que o paciente compreenda as variáveis que ocasionam o comportamento de beber ou de recaídas, bem como as crenças centrais, intermediárias e os pensamentos automáticos envolvidos no processo. Os pensamentos automáticos relacionado ao comportamento de beber dos sujeitosestavam relacionados ao medo dos delírios, pensar no passado saudável, problemas no trabalho e brigas familiares. Esses pensamentos que surgem espontaneamente fazem com que as crenças manifestem ocasionando erros na interpretação da situação. Outros pensamentos automáticos disfuncionais como beber para não ficar angustiado, beber para não sofrer com os problemas, beberpassa o tempo, beber por que estou cansado, beber para se sentir bem, também faz parte do processamento psíquico dos sujeitos da amostra. Os reforços positivos ministrados pelos amigos e familiares, tais como beber junto ou agressão verbal estão associados ao reforço. Nos reforços positivos a situação do consumo é agradável, como as referidas: Eu gosto da bebida, como relatada por alguns participantes, esta relacionada com o auto-reforço e a pessoa busca novamente o consumo do álcool. Já nos reforços negativos o consumo relacionasse com a evitação de sentimento e eventos negativos como dores, desprezos de dadas situações, como postas pelos participantes: Problemas familiares, realização de outros tratamentos, angústias, dificuldades de relacionamentos, medo raiva, frustração. Depois de um período, quando a pessoas não alcança mais o prazer da situação antes agradável, ou a evitação de eventos e sentimentos tidos como ruins, tornando difícil de extinguir o comportamento de consumir bebida alcoólica, por que as tentativas vem acompanhado de sintomas desagradáveis, 56 da abstinência, ressaltada na pesquisa como dores de cabeça, náuseas, delírios, fraqueza, taquicardia, tremores e ansiedades. Tais situações ocorrem com grande freqüência ocasionando desistência, do tratamento. As experiências iniciais de vidados entrevistados foram associadas a familiares que apresentam ou apresentaram problemas relacionado ao álcool, na qual possibilitou a aprendizagem através da observação e imitação de modelos. As experiências iniciaisda vida causam impressões duradouras no individuo e resultam no desenvolvimento de crenças que possibilita o consumo do álcool. Para Abreu e Roso (2003) as crenças adictivas facilitadora ao consumo do álcool pode colocar em três categorias que se relacionam: As crenças antecipatórias ao alivio, a qual leva o individuo a esperanças de recompensas de prazer tidas nos entrevistados em dificuldades afetivas, assim com o consumo é mais fácil relacionar-se, por causa dos amigos, temendo o distanciamento, administrar a vida pessoal, sendo mais fácil tomar decisões com o consumo. Segunda categoria é a crença disfuncional do alivio que levam o individuo a criaro álcool como expectativade alívios, atenuação e eliminação de desconfortos psicológico.Quando afirmam em respostas os nervoso, angústia, ansiedade e medos serem fatores difíceis de controles sem o álcool como seu aliado. E por último as crenças permissivas ou facilitadoras que levamo individuam a considerar o álcool como aceitável. Dando-lhes a permissão do uso, ativados em situações de estímulos em relação da respostade pensar no cansaço, no trabalho ,logo a ativação da crença estou cansado,trabalhei demais,mereço uma bebida. Essas crenças foram tidas de altas influências no consumo alcoólico, pois sãorígidas de mobilização. Essas crenças adictivas quando não trabalhadas pelo terapeuta facilitam as recaídas As fissuras bem como os outras fatores tiveraminfluência na disposição de recaídas e desistência, sendo relacionado com as respostas de desistências anterioresdevido a vontade de beber, dificuldades a evitar o consumo, aonde as crenças permissíveis são ativadas justificando o consumo: Beber para passar o tempo, só para aliviar o tédio. Criando assim novamente o circulo vicioso do consumo mantido em ativação de justificativas. 57 Os fatores emocionais,incluindo auto-avaliação negativa, auto-estima e autocontrole distorcidostambém criam ativação nas crenças permissívas. Encontrados diante das respostas: beber e não parar mais, ser um covarde, vida sem sentido. Apresentado em âmbito familiar os conflitos interpessoais, pela tentativa de controle, pressão ameaças imposição, impulsiona a má comunicação e pouca habilidade de soluçãode problema, causando defesas em discutir sobre sua dependência e ativandoos reforços negativos para o consumo do álcool e vergonhas e alienações advém dessas más condutas familiares, gerando desconfianças e não relatos de comportamentos e pensamentos relacionados ao álcool, como demonstrado na pesquisa com questões mantidas sem respostas. Podemos demonstrar os determinantes intrapessoais e interpessoais dos entrevistados, relativo de reforços de consumo alcoólico sendo fatoresde relevância a serem observado para uma possível desistência Determinantes intrapessoais Estados emocionais negativos: saudade,ansiedade, medo, triste, nervoso e vida sem sentido. Estado físicos negativos: relação com outros problemas de saúde. Estados emocionais positivos: sentir-se bem com o consumo. Teste de controle pessoal: Achar que pararia sozinho. Determinantes interpessoais: Conflitos interpessoais: discussões, conflitos familiares, Pressão social: Ameaças de internações eimposições. Estados emocionais positivos: ter tido desistência anteriores por causa de amigos. 58 REFERÊNCIAS ABREU, C. N.; ROSO, M. Psicoterapias Cognitiva e Construtivista: Novas Fronteiras da Prática Clínica.Porto Alegre: Artmed, 2003. 335 p. BAPTISTA, M. N.; TEODORO,M. L. Psicologia de Família: Teoria, Avaliação e Intervenções.Porto Alegre: Artmed, 2012. 284 p. BARLOW,D. H. Manual Clínico dos Transtornos Psicológicos: Tratamento passo a passo. 4° ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 717 p. BECK,J.S.; Terapia cognitiva: teoria e prática.Porto Alegre: Artmed, 2007. 348p. BRAUN,I.M. Drogas perguntas e respostas. São Paulo: MG Editores, 2007. 194p. BUCHER,R. Drogas Médicas,1992. e drogadição no Brasil. Porto Alegre: Artes CARNEIRO,H. Bebida, Abstinência e Temperança. São Paulo: Senac, 2010.287p. 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S( ) N ( ) Quem? 8.Você tem algum pensamento que possibilita o seu consumo de bebidas alcoólicas? S( ) N ( ) Citar os 3 mais importantes A. B. 65 C. 9.Você pensa em abandonar esse tratamento? S( ) N ( ) Quais os pensamento? 10.Citar os 3 principais medos que você tem em relação ao seu alcoolismo. A. B. C. 66 APÊNDICE B- Questionário para o psicólogo Questionário para o psicólogo I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO SEXO:( ) M ( )F LOCAL DE TRABALHO: ESPECIALIDADE: II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS Em sua opinião, escrever por ordem de importância os motivos que levam os etilistas abandonar o tratamento. A- B- C- D- E- 67 ANEXOS 68 ANEXO I – Termo de Consentimento CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) pelo pesquisador, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II. ________________________________ Assinatura ____________________________________ Testemunha Nome .....: Endereço.: Telefone .: R.G. .......: ____________________________________ Testemunha Nome .....: Endereço.: Telefone .: R.G. .......: Lins, / / 69 ANEXO II – Termo de responsabilidade da Instituição