Sociologia da Administração - Resumo - Parte 4

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Disciplina: Sociologia e Antropologia Aplicadas à Administração
Profa: Daniela Cartoni
Resumo - Parte 4
Cultura e Sociedade
Sugestão de leitura: DIAS, Reinaldo. Sociologia Geral. Campinas: Alinea, 2010. (PLT 254) Capítulo 2.
Conforme discutido em aulas anteriores, as Ciências Sociais se voltam ao estudo das sociedades e dos
diferentes mundos sociais existentes. Para sua compreensão, um dos conceitos fundamentais é o de
cultura, que trata tanto do seu aspecto mais geral, como forma de unir membros e grupos em relações
sociais estruturadas, assim como no seu aspecto mais particular relacionado às empresas, neste caso, a
cultura organizacional.
O conceito de cultura
Todas as sociedades são unidas pelo fato de que seus membros são organizados em relações sociais
estruturadas, de acordo com uma cultura. Diante desta afirmação, pode-se dizer que nenhuma cultura
poderia existir sem uma sociedade e nenhuma sociedade poderia existir sem cultura.
É comum que as pessoas tomem como naturais suas respectivas maneiras de agir, pensar, se
comportar, enfim, seus hábitos e seus costumes. No entanto, é fundamental compreender a relatividade
de tudo que diz respeito ao ser humano, pois tudo a que ele dá importância e confere valor pode se
alterar ao longo do tempo, além de variar de sociedade para sociedade.
Muitos indivíduos tendem a naturalizar seus comportamentos, seus valores e seu modo de viver, isto é,
acreditam que as pessoas são como são porque nascem assim...mas o que as Ciências Sociais
apontam é que as pessoas são como são porque são construídas socialmente no contexto onde vivem,
isto é, a sociedade em que se vive determina o tipo de cultura que o indivíduo possuirá, o que acaba por
formatar seu modo de ser e de vida.
Na atualidade, vivendo as consequências do processo de globalização, existe uma considerável visão da
diversidade humana e, neste contexto, tem-se a relevância da compreensão do conceito de cultura, bem
como emerge a importância de se entender cada vez mais o quão relativos são os nossos julgamentos
do que é certo, errado, bom, ruim e assim por diante, pois qualquer elemento de uma cultura que tem um
certo significado para um grupo social, pode apresentar outro significado, completamente diferente em
outra sociedade.
As Ciências Sociais destacam então a necessidade de compreender os indivíduos a partir dos contextos
sociais nos quais estes se inserem porque toda sociedade possui a sua cultura própria e isto implica
ainda dizer que cada cultura e cada sociedade têm a sua integridade própria, o seu próprio sistema de
valores e seus costumes que, por sua vez, geram indivíduos diferentes.
É assim possível apontar que a cultura compreende a totalidade das criações humanas e inclui ideias,
valores, manifestações artísticas, crenças, instituições sociais, conhecimentos científicos e técnicos,
instrumentos de trabalho, tipos de vestuário, alimentação, construções, etc.
Portanto, as variações culturais entre os seres humanos são ligadas a diferentes tipos de sociedades,
por isso se diz que a cultura varia no tempo e no espaço. Hoje temos hábitos que para nós são
extremamente naturais e corriqueiros, contudo pode ser que estes mesmos hábitos sequer existissem
há cem anos. E pode ser que estes mesmos hábitos deixem de existir em nossa sociedade daqui a cem
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anos. Por outro lado, ainda, outras sociedades podem nunca chegar a apresentar tais hábitos como
parte de suas culturas.
É por isso que nossos julgamentos do que é certo, errado, bom, ruim, e assim por diante, não podem ser
generalizados a todas as sociedades e culturas existentes, porque eles são relativos quando
examinados fora de seu contexto cultural. O que se aplica em nossa realidade pode não fazer qualquer
sentido à realidade vivida por outros indivíduos que tenham uma cultura diferente da nossa.
Isso significa que as culturas não devem ser classificadas como melhores ou piores, atrasadas ou
avançadas. As culturas dever ser vistas como diferentes!
Vamos pensar em alguns exemplos. Os judeus não comem carne de porco; os indianos comem porco,
mas não comem carne de gado. A partir disso não se pode dizer quem está certo e quem está errado,
judeus e indianos podem ser entendidos apenas como resultado da cultura que os constrói como
indivíduos.Além disso, os hábitos e costumes do brasileiro de hoje não são iguais aos hábitos e
costumes de um massai que vive no Quênia.
Nesse sentido, se destaca a diversidade cultural humana e se afirma que os comportamentos dos
indivíduos variam de acordo com a cultura. Mas, o que pode ser definido como cultura?
A cultura é uma característica exclusiva das sociedades humanas, contudo esta não se adquire
biológica, mas sim socialmente. Ela compreende a totalidade das ações humanas, incluindo ideias,
valores, manifestações, artísticas, crenças, instituições sociais, conhecimentos científicos e técnicos,
instrumentos de trabalho, tipos de vestuário, alimentação, construções, etc.
Um indivíduo adquire a cultura do contexto em que se insere, por meio do processo de socialização.
A socialização é o principal canal para a transmissão da cultura de uma sociedade através do tempo e
das gerações. Isso porque é através da socialização que as crianças ou outros novos membros de uma
sociedade aprendem o modo de vida e a cultura existente nesta sociedade.
Desta maneira, tem-se que o processo de socialização é um processo profundamente cultural, pois
consiste na aquisição de maneiras de agir, pensar e sentir próprias do grupo, da sociedade ou da
civilização em que o indivíduo vive.
Os impactos da socialização são tão consideráveis no que se refere ao modo de viver e pensar dos
indivíduos, que estes passam a ver seus hábitos, costumes e valores como sendo superiores ou
melhores que os dos demais grupos sociais.
As culturas revelam o quão diferentes podem ser as sociedades e os indivíduos. Entretanto, isto não
deve remeter à perspectivas comparativas e graus de valoração. Uma cultura não pode ser dita como
melhor ou pior que a outra. Culturas são apenas diferentes umas das outras.
Apesar de toda a diversidade cultural existente no mundo, pode-se verificar que as culturas, ou melhor,
os indivíduos, apresentam uma tendência a considerarem seus hábitos, costumes e valores como
superiores ou melhores que os dos demais grupos sociais e culturas. Esta tendência, dos indivíduos de
uma sociedade julgarem sua própria cultura como superior a outras, é chamada de etnocentrismo.
Cabe destacar, no entanto, que as posturas etnocêntricas dificultam as relações entre diferentes povos
e, em casos extremos, podem até mesmo levar ao extremo da violência física e do desejo de eliminação
do outro. É neste contexto que se inserem os conflitos gerados por preconceito racial, pelo nacionalismo,
pela intolerância religiosa, entre outros.
A convivência com o outro passa pela necessidade de respeitar a cultura deste outro, ou seja, as marcas
que a sociedade deste outro imprimiu nele e que ele carrega consigo. Por mais que este outro apresente
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comportamentos e valores que na minha cultura não são aceitos, não cabe a mim julgá-lo e desmerecêlo com base no que eu acredito e no contexto social no qual me insiro.
Toda cultura possui seus próprios padrões de comportamento e é por isso que o contato com pessoas
de outras formações culturais às vezes envolvem conflitos. Mas seja como for, eu não posso ser
etnocêntrica a ponto de me colocar e colocar a minha cultura como sendo superior e melhor do que
outras culturas. Por mais que eu acredite que o que eu faça seja o correto.
Por exemplo, no Iraque os homens muçulmanos que são amigos andam nas ruas com os dedos
mínimos um grudado no outro. É assim bastante comum ver iraquianos nas ruas conversando com os
dedos colados e uma mulher – a esposa de um dos dois – andar atrás deles carregando as compras.
Considerando a socialização brasileira, esta cena pode parecer estranha e sem sentido, mas isso não
nos dá o direito de julgar os envolvidos nela, pois para estas pessoas isso é o habitual, o correto a se
fazer. Isto nos leva a constatação de que as culturas podem ser difíceis de se compreender de fora, por
isso não se pode conhecer as crenças e as práticas separadamente da cultura da qual fazem parte. Eu
não posso entender um iraquiano comparando-o com um brasileiro, mas sim como resultado das
construções existentes na sociedade iraquiana.
Uma tradição, um comportamento cultural, deve ser visto e entendido a partir do contexto e da sociedade
no qual ele existe e não ser comparado com realidades e contextos estranhos a ele. Diante disso,
configura-se o relativismo cultural, que é uma prática oposta ao etnocentrismo. O relativismo se refere à
visão pela qual deve ser entendido o comportamento em termos de seu próprio contexto cultural. Isto
significa dizer que qualquer cultura só pode ser analisada e compreendida por meio da utilização de seus
próprios valores e costumes para julgá-la.
Podemos dizer que “cultura” é a maneira pela qual os humanos se humanizam, com práticas que criam a
existência social, política, religiosa, intelectual e artística.
Cultura refere-se a:
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religião
culinária
vestuário
mobiliário e
habitação
hábitos à mesa
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relação com animais
instituições
familiares e políticas
costumes com
nascimento, morte,
puberdade, ..
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questões de
trabalho
festas e cerimônias
tribunais e sanções
relações amorosas e
sexuais, etc.
Nas definições de cultura, há alguns conceitos que são importantes:
* relativismo cultural
* etnocentrismo
* alteridade
As Ciências Sociais apontam que uma cultura tem que ser estudada em termos de seus próprios
significados e valores, a esta ideia dá-se a denominação de relativismo cultural.
Portanto, os sociólogos evitam os julgamentos etnocêntricos, ou seja, os julgamentos que se fazem de
outras culturas comparando-as com a nossa própria cultura, porque as práticas e crenças podem apenas
ser compreendidas relativamente ao contexto em que existem.
O respeito às culturas e suas práticas deve ser priorizado, entretanto, algumas realidades são
desafiadoras neste sentido, mesmo para o cientista social. Por exemplo, nos anos que se seguiram à
retirada da União Soviética do Afeganistão, o combate e a guerra civil assolaram a região. Foi então que
uma parte do país passou a ser controlada pelo Talibã, um grupo que objetiva construir uma sociedade
islâmica pura e fundamentada em seus princípios.
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Sob o domínio do Talibã, as mulheres afegãs passaram a ter suas vidas governadas por regras rígidas e
em caso de desobediência poderiam até mesmo serem punidas com a morte. As mulheres perderam o
direito de trabalhar fora e de serem educadas e, ainda, ao aparecerem em público precisam estar
cobertas da cabeça aos pés, por meio da utilização da burca como vestimenta.
Sabemos que as culturas e suas práticas precisam ser respeitadas e não julgadas, mas exemplos como
o citado apresentam certas barreiras ao exercício do relativismo cultural e ao não posicionamento
etnocêntrico. Por isso, mesmo para os sociólogos, é preciso estar atento às respostas automáticas e
sem reflexão. Para casos tão complexos, os cientistas sociais devem buscar ainda mais o exercício da
alteridade na busca por respostas nos mais diferentes ângulos.
É neste sentido que os conceitos de cultura, etnocentrismo e relativismo cultural, que não são apenas
trabalhados no campo das Ciências Sociais, mas também se aplicam às mais diversas áreas. Isto
porque dizem respeito à relação com o outro, com o diferente de mim, que pode ter um modo de pensar
e viver diferente do meu, mas que, assim como eu, merece ser respeitado e compreendido.
Esta forma de pensar, por sua vez, nos leva ao exercício da alteridade, que implica a capacidade de
fazer o exercício de se colocar no lugar do outro, a fim de pensar com a cabeça desse outro e para ver o
mundo com os olhos dele, sobretudo atentando para a maneira como ele me vê como o outro, o
diferente. Enxergar com os olhos que o outro me vê, me fixar na posição e na cabeça deste outro,
colocando-o no lugar do meu próprio ser; tudo isso para construir um entendimento sobre este outro e
seu mundo, e até mesmo sobre quem eu sou e qual é meu mundo.
Como o conceito de cultura se aplica às organizações?
Está relacionado à “Cultura Organizacional”
Cultura Organizacional Conjunto de valores que são desenvolvidos e reforçados com o decorrer do
tempo, fazendo com que estes se sedimentem como válidos para se lidar com algum tipo de conflito que
possa vir a ameaçar a ordem vigente na organização.
Compreende um conjunto de propriedades do ambiente de trabalho, percebidas pelos empregados,
constituindo-se numa das forças importantes que influenciam o comportamento.
Vejamos alguns personagens típicos...
Os contadores de histórias: são aqueles que interpretam a realidade de acordo com sua percepção e
normalmente se encontram em posição onde há grande quantidade de informações.
Os padres: são aqueles que mantêm o "bando unido", estão sempre dispostos a ouvir uma confissão,
têm sempre uma solução para os dilemas éticos e morais da empresa.
Os confidentes: são os que detêm o poder por detrás do trono, sabem ler rapidamente o que se passa
na mente do chefe e sabem de suas intenções e decisões em primeira mão, mantêm um vasto sistema
de contatos e estão sempre atualizados.
Os fofoqueiros: enquanto os padres falam por analogias, os fofoqueiros falam de nomes, datas, salários
e eventos. Seu papel é por vezes o de promover o divertimento, o que os torna pessoas queridas ou
toleradas.
Os espiões: são pessoas leais (ao chefe) que mantêm o chefe sempre muito bem informado a respeito
de como andam as coisas; se for preciso entregam os companheiros para se autopromoverem.
Diagnóstico da cultura organizacional
Envolve os seguintes elementos:
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Normas: podem ser explícitas (manuais, estatutos, regulamentos, etc.) como podem ser
implícitas (subentendidas).
Valores: o que se julga positivo ou negativo.
Recompensas: comportamento das pessoas na expectativa de ganhos
Poder: como é distribuído, se é centralizado e até que ponto determina as recompensas.
Além das normas formais, inclui também o conjunto de regras não escritas, que condicionam as atitudes
tomadas pelas pessoas dentro da organização - por este motivo, o processo de mudança é muito difícil,
exigindo cuidado e tempo.
Existem também ritos e cerimônias que são atividades planejadas para fortalecer a cultura. Exemplos:
1. Rituais de integração (como almoços, passeios, confraternizações de fim de ano,...) que tentam
promover uma maior coesão entre os membros de uma organização, dando-lhes a sensação de
que estão todos num mesmo barco.
2. Rituais de reconhecimento (como condecorações e eleição de funcionários-padrão da empresa),
que visam a enaltecer os valores organizacionais que os dirigentes acham ideais.
A cultura organizacional pode ser utilizada para que as pessoas tenham orgulho de pertencer a uma
determinada empresa, fazendo com que os membros se sintam importantes por trabalharem lá.
Entretanto, constrói-se uma ideologia que visa a manter um maior controle sobre os membros da
organização, que pode ser chamada de gerenciamento dos padrões culturais.
Diferenciação entre cultura e clima organizacional
Enquanto a cultura se refere ao conjunto de valores que moldam o comportamento dos indivíduos em
uma organização, o clima organizacional reflete o interno, ou seja, o “estado de espírito” dos
funcionários, por isso está intimamente relacionado com o grau de motivação e apreende suas reações
imediatas
Depende de aspectos como: condições econômicas da empresa, do estilo de liderança, das políticas e
valores existentes, da estrutura organizacional, das características das pessoas que participam da
empresa, da natureza do negócio (ramo de atividade da empresa) e do estágio de vida da empresa.
A compreensão dessas questões é fundamental para o estabelecimento de mudanças.
Portanto, para conseguir aprovar o implementar um novo projeto em sua empresa, deve ser levado em
consideração sua cultura para que se consiga maior adesão através do entendimento comportamental
das pessoas.
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