280 J. Bras. Nefrol. 1997; 19(3): 280-284 E. A. Furusawa et al - Síndrome Hemolítico-Urêmica Síndrome Hemolítico-Urêmica atípica na criança Erika Arai Furusawa, Vera Hermina Koch, Choong Ae Kim, Maria Fujimura, Luis Balthazar Saldanha, Yassuhiko Okay A Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU) apresenta-se como um grupo heterogêneo de doenças caracterizadas por anemia hemolítica microangiopática, plaquetopenia e insuficiência renal aguda. A lesão histopatológica típica é a microangiopatia trombótica. A SHU hereditária ou familiar é rara e apresenta um prognóstico pior quando comparada à forma clássica ou epidêmica. Os autores relatam o caso de uma criança que apresentou o quadro clínico e histopatológico de SHU e que apresentava nos antecedentes familiares paternos, 4 adultos de 2 gerações com quadro de hipertensão arterial grave, associada a gestação em 2 casos, com evolução para insuficiência renal. Com base nos dados clínicos e histopatológicos e através do heredograma desta família, os autores sugerem que neste caso o fator determinante da SHU possa ter sido devido a um gene autossômico dominante. Unidade de Nefrologia Pediátrica e Genética do Instituto da Criança "Prof. Pedro Alcântara" e Departamento de Anatomia Patológica - HCFMUSP Endereço para correspondência: Erika A. Furusawa Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 647 CEP 05403-000 - São Paulo, SP Tel: (011) 881-6311 Síndrome Hemolítico-Urêmica, Pediatria Hemolytic-Uremic Syndrome, Pediatric Introdução A Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU) é uma entidade clínica descrita inicialmente por Gasser em 1955.1,2 Apresenta-se como um grupo heterogêneo de desordens caracterizadas por anemia hemolítica microangiopática, plaquetopenia e insuficiência renal aguda. Acomete principalmente lactentes e crianças.1,3,4 A microangiopatia trombótica é a lesão histopatológica renal característica, sido descrita inicialmente por Habib e cols.5 Ambos os sexos são igualmente afetados A SHU pode ser classificada em 1) SHU típica, também conhecida como clássica, epidêmica ou enteropática. Afeta principalmente lactentes com pródromos de diarréia (D+).4 Muitos desses casos associam-se a infecções intestinais por Escherichia coli sorotipo 0157: H7 produtora de verotoxinas.1,3,4 2) SHU atípica ou esporádica, geralmente não está associada a história anterior de diarréia (D-),4 podendo estar etiologicamente relacionada ao uso de drogas como a ciclosporina A, anticoncepcionais orais, anti-neoplásicos, infecções virais, doença de Kawasaki e anomalias do complemento sérico.1,2,4 Outra forma de SHU atípica é aquela caracterizada pelo acometimento familiar. A SHU familiar não difere clinicamente das outras formas da doença. Assim sendo, afeta crianças previamente hígidas que apresentam palidez, vômitos, prostração, hematúria macroscópica ou oligoanúria. Em muitos casos podem apresentar alterações do sistema nervoso central como convulsões, alterações do nível de consciência e coma. Pode ocorrer hipertensão arterial grave levando a encefalopatia hipertensiva e insuficiência cardíaca. Constata-se acometimento renal com lesão glomerular e arteriolar. Neste grupo, a doença pode ocorrer após um ou mais anos do acometimento de um irmão e em várias gerações da família. Apresenta um prognóstico pior (68% de mortalidade) quando comparada a forma clássica (19% de mortalidade). 6 Esta forma de apresentação é rara e pode estar associada à herança autossômica recessiva ou dominante, 1, 3 podendo afetar somente crianças,6 adultos e crianças 7, 8, 9, 10 ou só adultos. 11 J. Bras. Nefrol. 1997; 19(3): 280-284 281 E. A. Furusawa et al - Síndrome Hemolítico-Urêmica O objetivo deste trabalho é a descrição do caso de uma criança com quadro clínico e histológico de SHU e que apresentava nos antecedentes familiares paternos, 4 adultos de duas gerações com história pregressa de hipertensão arterial grave, associada à gestação em 2 casos, com evolução para insuficiência renal. Através dos dados clínicos e histopatológicos do caso e dos familiares e estudo do heredograma da família, os autores sugerem que, neste caso, a predisposição genética com gene autossômico dominante possa ter sido o determinante da doença. Descrição do Caso C.C.C., 4 anos e 4 meses, sexo feminino, branca, natural e procedente de Guarulhos, SP. Dezoito dias antes da internação em nosso serviço, apresentava febre, vômitos incoercíveis e diarréia. Ficou internada em outro serviço por 8 dias, com melhora da diarréia e febre; recebeu uma transfusão sangüínea por anemia, sendo transferida por apresentar oligoanúria e recorrência dos vômitos. Trata-se de filha única, de mãe jovem de 25 anos, sadia. Nasceu de parto cesáreo, a termo, peso de 2.900 g, estatura de 47 cm, sem intercorrências neonatais. A paciente deu entrada em regular estado geral, hidratada, descorada ++/4+, acianótica, anictérica, eupnéica. Peso 13.740 g (p 2,5-10),12 estatura 101 cm (p 10-25),12 pressão arterial 150 x 90 mmHg (acima do percentil 95 para idade e sexo),13 freqüência respiratória de 30 inspirações por minuto, murmúrio vesicular presente bilateralmente sem ruídos adventícios, freqüência cardíaca de 112 batimentos por minuto, bulhas rítmicas e normofonéticas com sopro sistólico suave, audível em foco mitral ++/4+. Abdômen plano, normotenso, indolor a palpação, sem visceromegalias, ruídos hidroaéreos presentes, rins não palpáveis. Gênito urinário sem alterações. Extremidades com discreto edema pré-tibial. Sistema nervoso com desenvolvimento neuropsicomotor adequado para a idade. Os exames laboratoriais à entrada estão resumidos na tabela 1. O hemograma apresentava hemácias crenadas, anisocitose, hipocromia, poiquilocitose. As dosagens das bilirrubinas total e indireta foram normais. A urina tipo 1 apresentou sangue oculto +++, 17.300 eritrócitos/ml no sedimento urinário, proteinúria negativa (0,02 g em 24 horas). A avaliação ultrassonográfica renal e abdominal foi normal. A paciente evoluiu com melhora da função renal com Tabela 1 Exames laboratorais Exame uréia creatinina sódio potássio eritrócitos Hb Ht glóbulos brancos plaquetas reticulócitos DHL AST ALT TP TTPA gasometria venosa pH pCO² HCO ³ Resultado 160 mg/dL 2,0 mg/dL 129 mEq/L 3,1 mEq/L 1,4 milhões/mm³ 4,5 g/dL 14% 9.800/mm³ Referência 10 a 40 mg/dL 0,2 a 1,2 mg/dL 132 a 142 mEq/L 3,5 a 5,0 mEq/L 4,1 a 5,1milhões/mm³ 10,6 a 15,2 g/dL 32,5 a 42,5% 5.000 a 10.000/mm³ 97.000/mm³ 18% 2414 U/L 79 U/L 11 U/L 13 seg 40 seg 200.000 a 400.000/mm³ 0,8 a 1,2% 80 a 240 U/L até 20 U/L até 20 U/L 10 a 18 seg 22 a 35 seg 7,37 35 mmHg 20,4 mEq/L 7,32 a 7,42 41 a 51 mmHg 24 a 28 mEq/L Hb = Hemoglobina, Ht = Hematócrito, DHL = Desidrogenase láctica; AST = Aspartato aminotransferase, ALT = Alanina aminotransferase, TP = Tempo de Protrombina, TTPA = Tempo de tromboplastina parcial ativado, pH = Logaritmo negativo da concentração hidrogeniônica, pCO2 = Pressão parcial de dióxido de carbono, HCO3 = Bicarbonato tratamento conservador, hipertensão arterial sistêmica grave, necessitando a associação de nifedipina, captopril e furosemida para o controle dos níveis pressóricos. No 34º dia de internação, realizou-se biópsia renal que evidenciou glomérulos com forma, volume, celularidade preservadas, cápsula de Bowman preservados, membrana basal preservada. Túbulos dilatados com epitélio necrótico, em descamação para a luz. Interstício com fibrose focal, infiltrado linfo-histiocitário. Artérias com proliferação fibromuscular da íntima, edema mucóide da íntima, trombose arteriolar (Figura 1). A imunofluorescência direta revelou presença de IgM e C3 em média arterial. Recebeu alta hospitalar após 75 dias da internação, com insuficiência renal leve (clearance de creatinina 60 ml/min/1,73m²) 14 e drogas hipotensoras para o controle da pressão arterial. A análise dos antecedentes familiares paternos revelou a existência de casos comprovados de hipertensão arterial grave e insuficiência renal em 2 gerações sucessivas (Figura 2), que descreveremos resumidamente a seguir: • pai aos 31 anos de idade, apresentou hipertensão arterial grave e insuficiência renal, necessitando realizar diálise peritoneal intermitente 282 J. Bras. Nefrol. 1997; 19(3): 280-284 E. A. Furusawa et al - Síndrome Hemolítico-Urêmica Figura 1. Aspecto da biópsia renal de C.C.C., 4 anos e 4 meses. Notam-se endoarterite obliterante com edema mucóide em arteríola aferente (Tricrômio de Masson-140 X). Figura 2. Heredograma por 1 mês. Realizou biópsia renal percutânea, cujo exame histológico evidenciou glomérulos com forma e celularidade preservados, alguns com discreta diminuição do volume por isquemia, outros com expansão da matriz mesangial. Túbulos focalmente atróficos. Interstício com focos de fibrose. Os vasos arteriais e arteriolares apresentavam intensa hipertrofia da média e hiperplasia fibrointimal com obliteração da luz (Figura 3). A imunofluorescência direta revelou depósitos de IgM e C3 em mesângio com padrão granular e distribuição segmentar e focal. Faleceu aos 33 anos de idade. • tia de 25 anos de idade, com história de edema de membros inferiores, diminuição do volume urinário, com início 48 dias após parto normal, sendo diagnosticadas hipertensão arterial Figura 3. Aspecto da biópsia renal do pai da paciente com hipertensão arterial maligna e insuficiência renal. Notam-se endoarterite obliterante com edema mucóide e trombo misto oclusivo em arteríola aferente (Tricrômio de Masson - 160X). grave e insuficiência renal aguda, necessitando de tratamento dialítico. A biópsia renal revelou glomérulos com forma, volume e celularidade preservados, membrana basal com enrugamento. Espaço de Bowman aumentado e cápsula de Bowman sem alterações. Focos de atrofia tubular e fibrose intersticial. Algumas arteríolas com trombos fibrinosos oclusivos na luz, outras com deposição de fibrina no espaço subendotelial. Artérias com acentuada proliferação fibromuscular da íntima com edema mucóide (Figura 4). A imunofluorescência direta revelou depósitos de C3 em íntima e média arterial e C1q em íntima arterial. Esta paciente abandonou o seguimento. • tia de 23 anos, com história de hipertensão arterial em investigação há um ano. Na 20ª semana Figura 4. Aspecto da biópsia renal da tia da paciente com insuficiência renal pós-parto. Notam-se arteríolas com intensa hipertrofia da média com trombos fibrinosos ocluindo a luz (Tricrônio de Masson - 140X). J. Bras. Nefrol. 1997; 19(3): 280-284 283 E. A. Furusawa et al - Síndrome Hemolítico-Urêmica de gestação, iniciou com edema de membros inferiores, diminuição do volume urinário e piora dos níveis pressóricos. A gestação foi interrompida na 33ª semana devido a hipertensão arterial com risco materno. A biópsia renal evidenciou glomérulos com forma, volume e celularidade preservados, alças capilares patentes, membrana basal sem alterações. Cápsula e espaço de Bowman dilatados e alguns glomérulos com fibrose perivascular. Túbulos focalmente atróficos com espessamento e enrugamento da membrana basal. Interstício com fibrose moderada e infiltrado inflamatório linfocitária discreta. As artérias interlobulares e arqueadas apresentavam intensa fibrose da íntima com redução da luz e hipertrofia da média (Figura 5). A imunofluorescência direta evidenciou depósitos de C3 em alça capilar e mesângio com padrão granular e distribuição global e difusa. • avó falecida aos 50 anos por problemas renais e hipertensão arterial. Figura 5. Aspecto da biópsia renal da tia da paciente com hipertensão arterial e gravidez. Notam-se arteríolas com hipertrofia da média, com intensa fibrose da íntima e redução da luz (Tricrômio de Masson - 160X). Discussão A SHU ocorre predominantemente sob a forma clássica e raramente sob a forma familiar. Na SHU clássica, a incidência e a gravidade são variáveis e epidemias foram descritas em vários países tais como Argentina, África do Sul, costa oeste dos Estados Unidos e Holanda. Neste grupo, a prevalência varia com o período sazonal, predominando no verão e outono. A SHU familiar ou hereditária não apresenta predileção sazonal, a doença pode ocorrer após um ou mais anos do acometimento de um irmão, e em várias gerações da mesma família. Esta condição familiar é de ocorrência rara e pode apresentar duas formas de herança: autossômica recessiva e autossômica dominante. Há na literatura cerca de 50 famílias acometidas pela SHU familiar. A grande maioria apresenta o padrão de herança autossômica recessiva.11,15,16 Há relato de acometimento de SHU em gêmeos monozigóticos. 17 A forma de herança autossômica dominante é ainda mais rara. 7 ,8, 10 A forma autossômica recessiva manifesta-se em adultos ou crianças, o acometimento renal pode ser precedido por fenômenos respiratórios. A doença costuma evoluir de forma gradual, com recidivas freqüentes, levando comumente à insuficiência renal terminal. Aproximadamente 65% dos casos evoluem para o óbito. A forma autossômica dominante acomete freqüentemente adultos, o acometimento renal pode ser deflagado na mulher pelo estado gravídico. A evolução com curso gradual para insuficiência renal terminal é muito freqüente, podendo apresentar reagudizações, porém menos freqüentemente que a forma recessiva e apresenta uma mortalidade superior a 90%. 18 Carreras e cols. 2 descreveram 3 membros de uma família com SHU recidivante e encontraram fatores comuns como a hipocomplementenemia persistente e haplótipo HLA A3,B7 nos membros afetados, sugerindo uma condição hereditária e congênita, na qual os fatores imunogênicos tivessem implicados na patogênese da doença. O estudo do HLA da família presentemente descrita não foi infelizmente possível, pois o pai e avó paterna são falecidos e as duas tias afetadas abandonaram o seguimento clínico. Os achados histológicos encontrados na biópsia renal da paciente e de seu pai foram nitidamente arteriolares, traduzindo uma atividade da doença a nível renal. As alterações observadas na biópsia das tias de 23 e 25 anos são respectivamente compatíveis com a forma cicatricial do envolvimento renal da SHU e microangiopatia trombótica com endoarterite obliterante. As lesões histológicas dos familiares desta criança não são patognomônicas da SHU, sendo que também podem ser encontradas na nefroesclerose maligna e no envolvimento renal da esclerodermia. O quadro clínico de insuficiência renal aguda pósparto e o achado histológico de microangiopatia trombótica com endoarterite obliterante apresentada por uma das tias paternas, podem ser compatíveis com a SHU pós-parto. A SHU pós-parto, também chamada de insuficiência renal aguda pós-parto idiopática, é um quadro de insuficiência renal rapidamente progressiva 284 J. Bras. Nefrol. 1997; 19(3): 280-284 E. A. Furusawa et al - Síndrome Hemolítico-Urêmica que se desenvolve poucos dias a várias semanas após uma gravidez e parto sem intercorrências.19 A recorrência da SHU atípica tem sido descrita em associação com gravidez ou uso de contraceptivo oral, e também pré e pós-transplante renal.18 Em conclusão, a presença do quadro clínico e histopatológico de SHU na criança descrita, a ocorrência de duas tias paternas com insuficiência renal e hipertensão arterial grave, uma após parto normal e outra associada à gravidez, o óbito paterno relacionado a insuficiência renal e hipertensão arterial grave, e os achados histopatológicos de endoarterite obliterante com nítido envolvimento arteriolar nesses familiares sugerem neste caso uma predisposição genética com gene autossômico dominante. Infelizmente, este diagnóstico só poderá ser sugerido e não firmado, o que dificulta o aconselhamento genético da paciente e de outros membros da família paterna, pois há risco de ocorrência da doença em 50% nas gestações futuras. A avaliação deste caso ressalta a importância da avaliação global da história clínica e familiar da paciente. Até o momento, ainda não se dispõe de nenhum exame específico para o diagnóstico precoce e prevenção pré-natal da SHU familiar. Summary Hereditary hemolytic uremic syndrome (HUS) is a rare disorder presenting with a worse clinical prognosis than the classical or epidemic form of the disease. The authors present a case of HUS of suspected autossomal dominant inheritance characterized by similar clinical findings in family members of two generations and both sexes. Referências 1. Pickering LK, Obrig TG, Stapleton FB. Hemolytic-uremic syndrome and enterohemorrhagic Escherichia coli. Pediatr Infect Dis J. 1994; 13: 459-476 2. 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