UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Administração Célia Regina Soares Deisy Shibelli Corrêa Sanches Gomes GESTÃO DO LUXO Saison Lins - SP LINS – SP 2009 CÉLIA REGINA SOARES DEISY SHIBELLI CORRÊA SANCHES GOMES GESTÃO DO LUXO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração, sob a orientação da Profª. Esp. Jovira Maria Sarraceni e orientação técnica da Profª. M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva. Lins – SP 2009 653p. Soares, Célia Regina; Gomes, Deisy Shibelli Corrêa Sanches Gestão do Luxo: Saison Modas / Célia Regina Soares; Deisy Shibelli Corrêa Sanches Gomes. Lins, 2009. 80p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins – SP, para graduação em Administração, 2009 Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Heloisa Helena Rovery da Silva 1. Gestão do Luxo. 2. Diferenciação. 3. Marca. CDU 658 CÉLIA REGINA SOARES DEISY SHIBELLI CORRÊA SANCHES GOMES GESTÃO DO LUXO Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Bacharel em Administração. Aprovada em: _____/______/_____ Banca Examinadora: Profª. Orientadora: Jovira Maria Sarraceni Titulação: Especialista em Gestão Estratégica de Negócio (UNITOLEDO – Araçatuba) e em Marketing e Recursos Humanos (UNISALESIANO – Lins) 1º Prof. (a): _____________________________________________________ Titulação: ______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura: ________________________________ 2º Prof. (a): _____________________________________________________ Titulação: ______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura: ________________________________ A Deus Dedicamos este trabalho a Deus por todas as vezes que ele nos salvou, deu forças e não nos deixou desistir. Aos nossos pais que nos fizeram pessoas de bem, guerreiras e fortes para encarar as dificuldades da vida. Célia e Deisy AGRADECIMENTOS Aos meus pais José Soares e Aparecida A. de Souza Soares. A existência de vocês sempre foi vital para a minha vida. Para mim, vocês são as pessoas mais importantes e sagradas do mundo. Aos professores Agradeço a professora Jovira pela força, empenho e paciência na orientação deste trabalho. Sem ela, não iria muito longe. Agradeço também a todos os outros professores do Unisalesiano que me ensinaram e inspiraram. Aos Amigos Agradeço a todos os amigos que formaram esta sala de aula nestes quatro anos. Agradeço os nossos momentos de atritos e de descontração. Cada um, com seu jeito único, contribuiu para minha formação pessoal. Nunca esquecerei. À Empresa Agradeço aos proprietários da Saison, Marcos e Toninho, por abrirem as portas da empresa para a realização deste trabalho, pelo acolhimento, simpatia e tempo dispensado. Célia Regina Soares Aos meus amores: Marcelo e bebê Amor, impossível falar de nós sem citar nosso pequeno bebê, minha realização! Marcelo, você é a luz da minha vida e me deu de presente o meu maior sonho, o nosso bebê. Agora sinto nosso amor crescer dentro de mim e cada dia que passa este amor cresce mais e mais. Obrigada por tudo que você é na minha vida, meu amor, companheiro, amigo e mais que isso, o papai mais lindo do mundo! Bebê, você ainda nem nasceu e já é tão amado e querido, mamãe e papai estão muito felizes pela dádiva de te conceber, estamos preparando tudo para que você tenha uma vida maravilhosa. Amo vocês Marcelo e bebê... E que este amor continue sendo abençoado. A meus pais Eliana e Luiz Obrigada pai e mãe, pela vida que me destes e pelo amor que me criaste. Tenho orgulho do que me tornei e devo muito isso a vocês, que criaram uma pessoa de bem e apaixonada por vocês! “Se você não existisse sei que eu iria te inventar, seu amor é assim, ar que eu respiro, água que eu bebo, suor que eu transpiro, seu amor é assim som e imagem, sonho sem fim uma tatuagem, te amo com todas as forças do meu coração”. A minha tatá Keli e meu cunhado Fernando Keli, se a saudade apertar, procure no céu a estrela que mais brilhar, ela vai ser meu olhar... Quero que saiba que você é uma pessoa muito querida e amada. Saiba que sempre que precisar estarei aqui por você. Fer, também gosto muito de você, obrigada por tudo! Vó e Vô (Alice e Augusto) Exemplo de vida, de família e amor. Devo muito a vocês, pessoas maravilhosas que me deram exemplos que pretendo seguir sempre, uma família feliz e realizada. Amo vocês, meus lindos. Tia Eliete e Elaine e tios Wilson e Edvaldo... Queridas tias, o que dizer de pessoas tão maravilhosas como vocês, que cuidaram de mim como mães e hoje continuam sendo a base de minha vida. Obrigada por tudo e espero poder retribuir todo amor e carinho! Tios, adoro vocês também. Josefa e Sebastião Pessoas maravilhosas! Querido sogro e sogra, vocês são para mim muito mais do que especiais, acolheram-me na família e hoje sinto-me parte de vocês. Obrigada por todo apoio e ajuda! Minhas priminhas: Gabi, Gi e Ne (Rafaela) Mais do que primas, sinto-me irmã de vocês. Hoje sei o significado da expressão “vi você crescer”, nem dá para acreditar que já couberam em meu colo... Hoje moças lindas, inteligentes e cada uma com seus jeitinhos, uma mais sapeca; outra mais meiguinha e a outra bonequinha... Sempre que precisarem, sabem que podem contar comigo, quero ser para vocês o que suas mães são para mim. Minha amiga Jaqueline Mendonça Jaque, minha amiguinha, talvez nossa amizade possa se perder no tempo, porém quero que saiba que você foi uma pessoa fundamental em minha vida, sei que nossos caminhos serão diferentes, porém quero que saiba que sempre estarei aqui torcendo por você. Estes anos que passamos juntas fez-me entender o significado de amizade: dar, sem esperar receber. Deus a abençoe. Um beijo, tchau... rsrs. A nossa professora Jovira, que nos encorajou e ajudou durante o decorrer de toda a monografia. Jô, amigos são aqueles que te seguram e não te deixam cair! Obrigada, Jô. Deisy Shibelli Corrêa Sanches Gomes RESUMO Desde a pré-história, o homem busca a nobreza e diferenciação através de objetos ou experiências que significam luxo. A indústria de luxo no Brasil encontra-se em constante expansão devido às mudanças no significado do consumo na sociedade atual. As marcas têm o papel de despertar o desejo de luxo no consumidor, de transmitir uma imagem e qualidade. O consumo atual está cheio de significados simbólicos, tornou-se ato de prazer e é através dele que os consumidores dizem algo sobre si mesmos. O consumidor de luxo aspira ao mais belo, mais qualitativo e mais prazeroso e está disposto a pagar por isto. No passado, o luxo significava esnobismo e ostentação, mas hoje transmite excepcionalidade e diferenciação. Alguns estilistas e grifes começam a desenvolver um comportamento ético e ecológico ao fazer da sustentabilidade uma atitude de luxo. Elas produzem artigos de luxo a partir de materiais recicláveis ou orgânicos que não agridem ao meio ambiente e que atendem aos desejos de preservação, qualidade e ao mesmo tempo, o do luxo. Mesmo no cenário da crise atual, os consumidores mais abastados não deixaram de consumir luxo. Este setor não sofreu tanto quanto os outros na desaceleração do crescimento, pois o consumidor mais rico pode consumir menor quantidade, mas não em menor qualidade. A estratégia é útil para que a empresa identifique seus pontos fracos e fortes, as oportunidades e as ameaças. Planejar uma estratégia é direcionar a empresa para obter maiores resultados. A diferenciação é uma estratégia pela qual as empresas buscam aumentar o valor percebido de seus produtos ou serviços, em relação aos oferecidos por outras empresas. Através da diferenciação, a empresa cresce em vantagem competitiva e em maior margem de contribuição de seus produtos. Mas a diferenciação só acontece quando ela consegue atingir a percepção do cliente para o valor que lhe está sendo apresentado. Para demonstrar que as empresas que querem se diferenciar no mercado de bens de luxo devem realizar esforços e sondagens mercadológicas que as levem à inovação e que gerem vantagens competitivas sustentáveis, foi realizada uma pesquisa de campo na loja Saison, localizada na cidade de Lins, estado de São Paulo, com o objetivo de demonstrar as estratégias de diferenciação de produtos e serviços na Gestão do Luxo. Palavras-chave: Luxo; Marcas; Estratégias. ABSTRACT Since prehistoric man seeks the nobility and differentiation through objects or experiences that mean luxury. The luxury industry in Brazil is in constant expansion due to changes in the meaning of consumption in society. Marks have a role in awakening the desire for luxury consumer to transmit an image and quality. The current consumption is full of symbolic meanings, became an act of pleasure, it is through him that consumers say something about themselves. The luxury consumer aspires to more beautiful, more qualitative and more pleasurable, and is willing to pay for it. In the past, luxury meant snobbery and ostentation, but now conveys uniqueness and differentiation. Some brands and designers begin to develop an ethical and ecological sustainability by making an attitude of luxury. They produce luxury goods from recycled or organic materials that do not harm the environment and that meet the desires of preservation, quality and at the same time, luxury. Even in the scenario of the current crisis, the more affluent customers have left to consume luxury. This sector has not suffered as much as others in slower growth, because the consumer can consume richer fewer, but not in lower quality. The strategy is useful for the company to identify its strengths and weaknesses, opportunities and threats. Plan a strategy is to direct the company to get more results. Differentiation is a strategy by which companies seek to increase the perceived value of your products or services with those offered by other companies. By differentiating the company grows into a competitive advantage and a greater contribution margin of their products. But the differentiation only when it can reach the customer's perception of the value that is being presented. To show that companies that want to differentiate themselves in the market for luxury goods and make efforts. Market surveys that lead to innovation and to generate sustainable competitive advantages, we conducted a field survey in the store Saison, located in the city of Lins state Sao Paulo, with the subject to show strategies for differentiation of products and services on the Management of Luxury. Keywords: Luxury. Trademarks. Strategies. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Hierarquia das necessidades de Maslow.................................. 21 Figura 2: Transferência de Significados da Sociedade de Consumo....... 22 Figura 3: Mink com Filhote....................................................................... 27 Figura 4: Casaco de Pele de Mink ........................................................... 28 Figura 5: Fachada Saison ........................................................................ 49 Figura 6: Interior da loja ........................................................................... 50 Figura 7: Interior da loja ........................................................................... 51 Figura 8: Jardim de Inverno ..................................................................... 51 Figura 9: Vitrine Viva............................................................................... 52 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LMC – Luxury Marketing Council LVMH – Louis Vuitton Moit Hennessy INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial ONG – Organização não governamental WWF – World Wildlife Fu SÚMARIO INTRODUÇÃO.......................................................................................... 12 CAPÍTULO I – O MERCADO DO LUXO .................................................. 15 1 Histórico e desenvolvimento do Mercado de Luxo no Brasil..... 15 1.1 A percepção da marca para o consumidor do Luxo.................. 17 1.2 Consumo e necessidade .......................................................... 19 1.3 Perfil dos consumidores de Luxo .............................................. 22 1.4 Os novos valores do Luxo ........................................................ 25 1.4.1 A moda como instrumento dos novos valores do Luxo............. 25 1.4.2 O luxo sustentável .................................................................... 28 1.5 O Luxo e a Crise ....................................................................... 31 CAPÍTULO II – AS ESTRATÉGIAS DE DIFERENCIAÇÃO DO MERCADO DE LUXO .................................................................................................. 33 2 ESTRATÉGIA ........................................................................... 33 2.1 O planejamento como base das estratégias............................. 34 2.2 A estratégia da diferenciação ................................................... 36 2.3 As bases de diferenciação de produto...................................... 37 2.3.1 Características dos produtos .................................................... 37 2.3.2 Complexidade do produto......................................................... 38 2.3.3 Timing do lançamento do produto............................................. 39 2.3.4 Localização............................................................................... 39 2.3.5 Customização do produto ......................................................... 39 2.3.6 Marketing de consumo.............................................................. 40 2.3.7 Reputação ................................................................................ 40 2.3.8 Associação com outras empresas ............................................ 41 2.3.9 Mix de Produto.......................................................................... 42 2.3.10 Canais de distribuição............................................................... 42 2.3.11 Atendimento e suporte.............................................................. 43 2.4 As vantagens e os riscos da estratégia de diferenciação de produto 2.5 .................................................................................................. 43 As estratégias de diferenciação no setor de Luxo .................... 45 CAPÍTULO III – SAISON .......................................................................... 48 3 HISTÓRICO .............................................................................. 48 3.1 O Estudo de Caso Saison......................................................... 49 3.1.1 Estrutura Física......................................................................... 50 3.2 Produtos e Serviços.................................................................. 52 3.3 Apresentação dos dados da pesquisa com os clientes ............ 53 3.4 A palavra do proprietário........................................................... 58 3.5 Discussão ................................................................................. 61 3.6 Parecer sobre a pesquisa ......................................................... 62 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............................................................. 64 CONCLUSÃO........................................................................................... 65 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 66 APÊNDICES ............................................................................................. 72 12 INTRODUÇÃO O mercado de luxo é um segmento em crescimento na economia mundial que possui grande potencial para a geração de trabalho e de renda. Esse mercado movimenta consideráveis quantias no mundo todo e também aqui no Brasil. Além de atrair profissionais de marketing, dá origem a novos cursos e estudos voltados a esse mercado, como veremos a seguir. Os ricos da sociedade humana sempre procuram se diferenciar, nisto buscavam sempre exclusividades em todos os segmentos. O marketing dos bens de luxo não se vale das mesmas atitudes do marketing de bens de massa ou populares. O luxo compreende produtos caros, raros e originais, geralmente vinculados a uma grife. O luxo não pode pertencer a várias pessoas, tem que ser exclusivo. Tem que ser assinado para que o consumidor tenha garantias com relação às origens do objeto. O luxo varia com o tempo, o que era considerado luxo há anos atrás, hoje pode não ter nenhum significado. A marca demonstra valor, qualidade, cria e firma uma imagem, ela é de grande importância para os produtos e serviços de luxo. É através dela que o comunicador fixa-se na mente do consumidor, com o conjunto de valores e atributos. Ela por sua vez, é de suma importância para os bens de luxo, pois demonstra valor agregado com uma imagem de qualidade, portanto ela não é apenas um logo ou slogan, ela é o valor do produto de qualidade. A maioria dos consumidores do luxo são seletivos e na maioria das vezes estão dispostos a pagar o preço pelo seu desejo. As pessoas que consomem no mercado do luxo normalmente são pessoas de classe diferenciada das demais, onde diante de uma crise não querem deixar de possuir. O setor do luxo está conseguindo passar pela crise ileso, pois mesmo a economia emergente não conseguindo suprir esse mercado, existe uma pequena porcentagem de consumidores que mesmo na crise não conseguem 13 deixar de consumir produtos de luxo, e são esses consumidores que ajudam esse setor a ficar firme. No luxo é importante ter valor, imagem, origem e qualidade, porém a sua prioridade é a diferenciação, levando em consideração todos os demais comportamentos e emoções. A criação de uma marca de luxo, necessita de consistência nos aspectos de design, estilo, materiais definidos raros, bem como a origem, a tradição a imagem e personalidade diferenciada. A estratégia de diferenciação no mercado de Luxo surge com a missão de se destacar e diferenciar perante os demais. A intenção é apontar as estratégias de diferenciação utilizadas no mercado de luxo que realmente possuem resultados. A motivação para este estudo, se deu pelo motivo do Mercado de Luxo, ser um tema novo e atual e em grande expansão em nosso país. O confronto entre a teoria analisada através da revisão bibliográfica e a prática utilizada pela empresa obtida através de uma pesquisa de campo realizada na boutique Saison de Lins com a finalidade de verificar as estratégias de diferenciação e o que leva os consumidores adquirirem estes produtos. Devido a relevância das marcas de luxo, a Saison foi escolhida para o desenvolvimento da pesquisa, cujo objetivo principal é apresentar as estratégias de diferenciação que se destacam no mercado. Diante disto, surgiu a seguinte questão: as estratégias de diferenciação implantadas pela Saison são responsáveis pelo desenvolvimento da empresa no Mercado de Luxo? Para comprovação deste pressuposto, foram desenvolvidos os métodos de pesquisa: Estudo de Caso e pesquisa com as seguintes pessoas: Clientes da Saison e proprietário da mesma. As técnicas de pesquisa utilizada foram: Roteiro de estudo de caso (Apêndice A), Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice B), Roteiro de Entrevista com Clientes (Apêndice C), Roteiro de entrevista com Proprietário (Apêndice D). Este trabalho foi desenvolvido em três capítulos: O Capítulo I trata-se do Mercado de Luxo. O capítulo II trata das estratégias de diferenciação do 14 mercado de luxo. O Capitulo III trata do estudo de caso e resultados da pesquisa. Por fim, são apresentadas a Proposta de Intervenção e a Conclusão. 15 CAPÍTULO I O MERCADO DO LUXO 1 HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DO MERCADO DE LUXO NO BRASIL Exibir luxo sempre significou poder, desperdício e distinção. Desde a pré-história, a nobreza e diferenciação eram demonstradas na decoração dos corpos com objeto de caça, ossos, penas e outros. (VALENTE, 2008) O mercado de luxo progrediu bastante nas duas últimas décadas do século XX, em volume de vendas e consolidação de marcas. Nos mercados emergentes, as vendas se concentram nas marcas consideradas acessíveis e de preços menores como Armani, Pólo e D&G. (GALHANONE, 2008) A demanda por bens luxuosos cresce em países emergentes como Rússia, Índia, China e Brasil. Dados da Merril Lynch Capgemini indicam que, em 2014, o volume de consumo destes países será em torno de 32% das vendas mundiais. (GALHANONE, 2008) No Brasil, o primeiro impulso do luxo, foi com a abertura dos portos por Dom João VI em 1808, que permitiu que as classes bem abastadas importassem bens de luxo. No início do século XX os principais empreendimentos de luxo no país foram o hotel Copacabana Palace (1923) e a joalheria H. Stern (1945). Na segunda metade do século XX houve o fechamento das importações e o luxo ficou acessível apenas para poucos brasileiros que conseguiam viajar para o exterior. Na primeira década do século XXI, a estabilidade e o crescimento da economia aliado ao enriquecimento da população são fatores que contribuíram para a prosperidade atual deste mercado. (GALHANONE, 2008) O Brasil está entre os dez maiores mercados de luxo no mundo, nos últimos sete anos, o consumo de bens de luxo no país cresceu 35%, movimentando 2,5 bilhões de dólares anuais. Além de ser responsável por 70% do consumo de luxo na América Latina, corresponde hoje a 3% do PIB nacional 16 e cresce a cada ano. A cidade de São Paulo é líder no setor de luxo e responsável por mais da metade do consumo no país. (LACERDA, 2008) Marcas mundiais de luxo, famosas e bem sucedidas disputam o mercado brasileiro de luxo. Estudos realizados por organizações como TGI, Ibope, PROVAR e Ipsos-Marplan indicam que existe cerca de 3,5% de brasileiros com renda acima de 4.500 reais que podem ser considerados alvos para ações de marketing no setor de luxo. (GALHANONE, 2008; CAROZZI, 2004) Segundo Galhanone (2008), alguns fatores ajudam a explicar o interesse de tantas marcas num país emergente: a) no ano de 2004 o Brasil contava com 182 milhões de habitantes, sendo o quinto país mais populoso do mundo. Qualquer porcentagem desse número é significativa, comparada com um país com menos habitantes ainda que com mais ricos per capta; b) a recuperação e estabilidade da economia que é crescente; c) a valorização do dólar atraiu para as lojas locais muitos consumidores que tinham nas viagens a oportunidade de comprar; d) não existem constrangimentos de ordem religiosa e cultural que inibam o acesso das mulheres aos produtos de moda e que satisfaçam à auto-estima; e) o sistema de crédito é desenhado para uma baixa renda per capta, o que facilita o acesso da classe média ao luxo, com pagamentos parcelados; f) a evolução do papel da mulher na sociedade, que antes era uma consumidora dependente, mas hoje gera renda e consumo; g) a liberação do homem, que hoje aceita cuidar da própria aparência, ato considerado antes como coisa pouco masculina. O Brasil foi o primeiro país da América do Sul a ter lojas da joalheria Tiffany e Co. e o único a ter uma loja da grife Chanel localizada em São Paulo. A loja brasileira da LVMH – Louis Vuitton Moet Hennessy - é a terceira em vendas entre as 320 lojas em todo o mundo (RICCARDI, 2006). Segundo Lacerda (2008), pesquisa da MCF Consultoria e GFK Brasil com empresas de vários setores de luxo em 2009, apontou qual é a marca brasileira que vêm à cabeça do consumidor quando se fala em luxo. Em 17 primeiro lugar foi citada a marca Daslu, em segundo a H. Stern, empatadas em terceiro Fórum, Victor Hugo e Oklen e em quarto a Fasano. Algumas oportunidades mercadológicas são apontadas por D’Angelo (apud LACERDA, 2008) para o segmento do luxo no Brasil como: prestação de serviços de alto padrão, resgate da simplicidade natural e artesanal com ênfase na exclusividade, a personalização de produtos e também a ampliação dos negócios e das marcas em todo país. 1.1 A percepção da marca para o consumidor do Luxo A marca demonstra valor, qualidade, cria e firma uma imagem, ela é de grande importância para os produtos e serviços de luxo. É através dela que o comunicador fixa-se na mente do consumidor, com o conjunto de valores e atributos. Marca: “Nome, expressão, forma prática, etc., que individualiza e identifica uma empresa, um produto ou uma linha de produtos”. (FERREIRA, 2004, p.1277) Ela por sua vez, é de suma importância para os bens de luxo, pois demonstra valor agregado com uma imagem de qualidade, portanto ela não é apenas um logo ou slogan, ela é o valor do produto de qualidade. A marca deve transmitir história, genealogia e tradições. Para diferenciar-se é preciso ter qualidade diferenciada das demais e deve-se escolher com cuidado o nome dela, pois o nome é o maior influenciador. A marca é uma totalidade de percepções, tudo o que se vê , houve, lê , conhece, sente, pensa, entre outros sobre um produto, serviço ou negócio. (KOTLER, PFOERTSCH, 2008) Segundo Geargeoura (1997), marca é uma palavra ou símbolo (ou a combinação dos dois),de propriedade e utilização protegidas, através da qual, com cuidadosa administração,comunicação inteligente e largo uso, traz-se à mente do consumidor um conjunto atrativo e específico de valores e atributos tangíveis e intangíveis. Uma marca não é um simples nome,logotipo ou slogan publicitário aplicado a um produto ou serviço. 18 A legitimidade de uma marca premium fundamenta-se sobre a qualidade intrínseca do produto e seu refinamento, mas também na “lenda” associada àquele nome (BARTH, 1996). Em seu livro Lovemarks, Kevin Roberts (2005) chama a atenção para aspectos fundamentais do conceito de marca: A marca oferece proteção legal para as qualidades únicas de seus produtos ou serviços e faz uma declaração sobre seus interesses de negócio; as marcas definem um território os consumidores apegam-se às marcas porque elas oferecem segurança quanto à qualidade do que foi comprado a marca, tanto do ponto de vista dos consumidores quanto das empresas, sou um sinal de continuidade em um mundo em constante mutação. A marca registrada garante ao seu proprietário o direito de uso exclusivo em todo o território nacional em seu ramo de atividade econômica. Ao mesmo tempo, sua percepção pelo consumidor pode resultar em agregação de valor aos produtos ou serviços por ela identificados; a marca, quando bem gerenciada, ajuda a fidelizar o consumo, estabelecendo, assim, identidades duradouras - afinal, o registro de uma marca pode ser prorrogado indefinidamente - num mercado cada vez mais competitivo. (INPI, 2009) Fica claro, portanto, que a marca, ou griffe, é de fundamental importância para os bens de luxo, tendo como principais funções sinalizar valor, criar e firmar uma imagem, garantir uma origem e qualidade. Em um nível mais alto, a sua função prioritária é de diferenciação, sem esquecer sua mensagem gestáltica, de resumir a imagem e a promessa de um determinado bem. Criar uma identidade de marca para o mercado de luxo exige ações consistentes, tanto nos aspectos tangíveis dos produtos (design, estilo, materiais refinados e raros) quanto nos intangíveis (origem e tradição da marca, imagem do usuário alvo, personalidade da marca). Outra importante faceta das marcas de luxo é sua internacionalidade: ela está quase sempre ligada a uma origem bem definida (país, continente ou cidade) e tem que necessariamente passar por uma padronização de sua imagem onde quer que esteja. A universalidade, junto com a forte identidade 19 de origem, é intrínseca à sua identidade. Dessa forma, o consumidor de luxo torna-se uma espécie de “cidadão do mundo”. (CAROZZI, 2004) 1.2 Consumo e necessidade A lógica do consumo moderno passa por alterações culturais, econômicas e sociais que interferem no comportamento do consumidor. (LACERDA, 2008) O consumo talvez tenha um papel mais relevante do que apenas satisfazer motivos ou intenções, sua dimensão está relacionada às mais profundas questões que o indivíduo possa se fazer, questões do ser e do saber. (PINTO, 2007) Consumir é uma forma de se comunicar com o mundo. O valor funcional do objeto, somado ao seu valor simbólico, reflete as mudanças na estrutura da sociedade, e define a percepção desta sobre o indivíduo. (BAUDRILARD apud LACERDA, 2008) Segundo Rocha; Rocha (2007), o consumo é impregnado de significado simbólico. Os consumidores utilizam bens e serviços para dizer alguma coisa de si mesmos. O significado do seu consumo se torna maior que a simples ordem econômica, material e funcional. Um produto passa ter utilidade diante de um indivíduo, quando o seu significado lhe dá sentido e o torna útil e adequado a determinados grupos sociais. (MORAES; OLIVEIRA apud LACERDA, 2008) Atualmente temos um cenário, um pouco diferente, onde o consumo tomou uma forma hiperindividualista e emocional, que ocorre na relação do comprador consigo mesmo do que na relação com os outros. (HAAG apud LACERDA, 2008, p. 8) Nas sociedades antigas o consumo era um fenômeno caracterizado pelas competências de status e pela rivalidade social, que traduziam hierarquia. (HAAG, apud LACERDA, 2008) 20 Para a sociedade atual, o consumo tornou-se prazer, os indivíduos buscam se identificar com o produto de forma a promover sua própria imagem. (LACERDA, 2008) O consumidor não pode ser visto apenas como um agente passivo e nem o consumo como mero instrumento das empresas. O consumo produz lógicas sociais diferentes e opostas. (SORJ, 2006). Ele não está mais preocupado em impressionar socialmente, mas com sua satisfação pessoal e seu bem estar. (HAAG apud LACERDA, 2008). “Nesta perspectiva, surge o consumo com Spas, cirurgias plásticas, alimentações saudáveis, turismo ecológico entre outros”. (LACERDA, 2008, p.8) Os bens de consumo estão inseridos numa lógica de diferenciação de estilos de vida e não podem mais ser reduzidos a uma necessidade criada pela publicidade. (SORJ, 2006) Na sociedade de consumo pós moderna, destacam-se duas perspectivas. A primeira, classifica a sociedade como alienada e decadente, com consumidores fragmentados que procuram compensações através do consumo de sinais, espetáculos e superficialidades. A segunda perspectiva, classifica o consumidor de forma mais otimista, interpretando a fragmentação como uma força que libera o individual da conformidade. (PINTO, 2007) Segundo Barbosa (apud CARVALHO, 2008), existem muitas formas de análise do consumo na sociedade contemporânea podendo destacar quatro: a) consumo destrói as diferenças significativas entra as pessoas e sociedades (denominação capitalista); b) consumo pode ser considerado como oposto à sociabilidade (visão do mundo essencialmente capitalista), ou seja, os indivíduos não possuem relações sociais, havendo preocupação maior com os bens; c) consumo é o oposto de autenticidade, isto é, o aumento do consumo faz com que os indivíduos percam suas características autênticas, e d) consumo produz tipos humanos específicos, induzindo as pessoas a uma competição por status definindo a sociedade de consumo como mais hedonística do que outras anteriores. No contexto atual, o consumidor se volta à busca de valores intrínsecos do que simplesmente pela aquisição de bens necessários à sobrevivência. 21 (CARVALHO, 2008). “O indivíduo pós-moderno rejeita os valores dominantes e tudo que é normal e quer fazer suas próprias coisas”. (COVA apud PINTO, 2007, p.15 ) A Teoria de Maslow retrata que o ser humano é motivado por necessidades internas e externas, que se manifestam de maneira física e psicológica, e são organizadas de forma hierárquica (SERRANO, apud LACERDA, 2008). Segundo essa teoria, formulou-se uma pirâmide de necessidades humanas, em cuja base se encontram as necessidades mais urgentes - necessidades fisiologias - e no topo, as necessidades menos urgentes - necessidades de auto-realização. (LACERDA, 2008). Fonte: LACERDA. 2008, p. 10 Figura 1: Hierarquia das necessidades de Maslow Na base da pirâmide (Figura 1), encontra-se a prioridade de satisfação das necessidades humanas. No decorrer do processo de satisfação das necessidades surgem outras preferências e interesses que levam os indivíduos a se posicionarem de uma determinada forma frente às possibilidades de satisfação. (CRUZ, apud LACERDA, 2008) Os teóricos e praticantes do marketing perceberam a existência de 22 diferenças no consumo devido às diferenças sociais e culturais. Entender as diversas formas de cultura é uma forma de entender a essência do processo de consumo. (ROCHA; ROCHA, 2007) O consumo também está associado à qualidade de vida, à uma condição de sociabilidade e bem estar básico, como por exemplo, o acesso a uma geladeira, computador, internet, celular e outros. (SORJ, 2006). Segundo McCracken (apud ROCHA; ROCHA, 2007), o comportamento de consumo pode ser interpretado por meio da busca de significados que são criados e transferidos. Esses significados se produzem em grande parte pela ação da propaganda e do sistema de moda. Então o consumidor se apropria desses significados para definir identidade, posição social, status e outros. Contexto cultural Propaganda Moda Produtos Rituais de posse, troca, arrumação e descarte Consumidor Fonte: LACERDA, 2008 Fonte: HAAG, apud LACERDA, 2008 Figura 2: Transferência de significados da sociedade de consumo Os estudos de McCracken, (apud ROCHA; ROCHA, 2007) buscam mostrar que o ato de consumir está mais relacionado com os sistemas culturais do que com as necessidades biológicas e as psicológicas dos desejos. 1.3 Perfil dos consumidores de Luxo 23 O consumismo baseia-se na vontade de obter o produto, algo que desperte desejo e seja ostentável, ocorrendo assim à impulsividade de se obter. O desejo enquanto fenômeno do consumo tem semelhanças com outras tipologias, o impulsivo e o compulsivo. Não obstante, o desejo tem características especiais que deixam seu estudo ainda mais interessante. (BELK; GER ; ASKERGARD, 2003) A vanglória é um sinônimo da nobreza, que busca diferenciar-se socialmente, apenas pelo sentimento de ser melhor. O Luxo trata-se de uma legitima aspiração do homem ao mais belo, mais qualitativo e mais prazeroso. (CASTARÉDE, 2005) A maioria dos consumidores do luxo é seletiva e na maioria das vezes estão dispostos a pagar o preço pelo seu desejo. Os consumidores de hoje, desejam sofisticação em suas vidas e estão dispostos a pagar por ela e, além disso, aceitam produtos e serviços totalmente novos e inesperados do luxo. (DANZIGER, 2005) Para Serraf (1991), existem quatro dimensões ligadas aos comportamentos do consumidor de luxo: a) dimensão Subconsciente: ligada as motivações dos comportamentos de compra e uso, principalmente os desejos de afirmação e distinção do Eu. b) dimensão Pessoal: caracterizada pelo exibicionismo, busca de filiação, pela necessidade de cercar-se de objetos e signos de segurança, pela busca de dominação dos outros ou pela competitividade. c) dimensão Sociológica: englobando três níveis: o da sociedade (mitos, regras e valores culturais comuns a todos): o das subculturas, referente aos diferentes grupos intra-sociais: e dos valores pessoais, adquiridos pela educação e socialização. Os indivíduos tanto se referem o seu grupo de pertencimento, quanto se protejam em certos grupos de referência, de forma que o consumo de produtos luxuosos segue duas direções: um sentido horizontal (na direção da mesma classe social, em busca de prestígio e reconhecimento) e um sentido vertical (na direção de um grupo 24 julgado superior, ao qual se tenta assimilar, ou, na direção oposta de um grupo social menos levado, do qual se busca diferenciação). d) dimensão Econômica: composta de: riqueza possuída (bens e capacidade financeira), nível de renda, poder de compra discricionária (tudo o que sobra após as despesas com o custo de vida ter sido efetuada) e nível de crédito. Para discriminar o consumidor de luxo não se leva em consideração apenas fatores socioeconômicos, mais também nos componentes culturais e psicológicos envolvidos no consumo. O que leva uma pessoa a consumir os produtos e serviços de luxo, varia muito, por este motivo é necessário avaliar o perfil destes consumidores. O perfil deste consumidor muda de acordo com seu nível educacional, sua região e sub-cultura. Como exemplo disso é citada a diferença entre o consumidor carioca e o paulista. O primeiro tem mais personalidade, buscando assim um estilo próprio; o segundo, é mais clássico. Mas, no geral, os consumidores do luxo são muito exigentes e prestam mais atenção as falhas. (LACERDA, 2008) D´Angelo (2004) considera que o maior feito dos produtos luxuosos é que eles promovem experiências únicas e dão prazer a quem compra – dois dos atributos mais desejados por todos os negócios: qualidade superior, prazer estético, auto-recompensa, status. Mas, dentro disso, existem alguns detalhes que merecem registro e que dão um caráter peculiar ao consumidor brasileiro. Pesquisas realizadas em 2007 por órgons institucionais no Brasil, apontam como dados que 56% desses consumidores são mulheres com idade média que variam entre 26 e 50 anos que realizam compras duas vezes ao mês. Concentram-se no consumo primeiramente no setor da moda, seguido por alimentos e bebidas, depois cosméticos, jóias e relógios. Os principais meios de comunicação usados são a internet, tv por assinatura e revistas, respectivamente. (LACERDA, 2008) Essa pesquisa mostrou também que as mulheres solteiras entre 25 e 35 anos, consomem produtos de luxo que reforcem sua posição profissional. Entre os homens solteiros com idades entre 29 e 39 anos, consomem roupas, entretenimento e boa comida. Na categoria de homens e mulheres divorciados e sem filhos, entre 35 a 49 anos, o consumo varia entre jóias e sapatos, 25 relógios, produtos de cozinha e eletrônicos. No grupo dos casados com filhos adultos, com idade entre 45 e 65 anos, gastam com viagens, produtos eletrônicos, carros e com a casa. (HAAG apud LACERDA, 2008) O consumidor frequente de bens de luxo tem uma renda mensal de aproximadamente 25 mil, sendo, a cidade de São Paulo representante de 75% do luxo no país, Rabello (apud LACERDA, 2008). 1.4 Os novos valores do luxo Os produtos de luxo não podem mais ser classificados apenas por seu preço, mesmo que estejam relacionados a um preço diferenciado. Eles têm maior relação com o valor que proporcionam ao consumidor, do que ao seu preço de etiqueta. (CARVALHO, 2008) Segundo Campuzano (apud CARVALHO, 2008) pode-se dizer que o luxo é uma necessidade da alma, mesmo que não seja um bem necessário, ele atende aos desejos do homem de beleza e sofisticação, e também de prazer pessoal, traduzido no manuseamento dos objetos. Hoje, as práticas de luxo estão dominadas pela busca da saúde, do sensitivo e do bem-estar social, não é mais importante pôr a fortuna em evidência, mas parecer jovem e realçar a beleza. (PINTO, 2007) O especialista no mercado de luxo no Brasil, Ferreirinha (apud, CARVALHO, 2008), explica que no passado o luxo foi sinônimo de excesso, esnobismo e ostentação, mas hoje, significa excelência, excepcionalidade e diferenciação. A classe média também está buscando formas de se presentear com produtos de luxo. Está surgindo um novo movimento de consumo, em que as empresas produzem produtos de luxo com apelo para a classe média que aceita pagar mais por um produto, mas que não consegue pagar os preços de produtos da classe A. (PINTO, 2007) 1.4.1 A moda como instrumento dos novos valores do luxo 26 Um novo valor tem sido desenvolvido e transmitido pelas marcas e produtos de luxo. Atualmente elas têm incorporado ao seu trabalho ações éticas e ecológicas, para transmitir aos consumidores que moda e luxo podem satisfazer tudo o que eles procuram e desejam para si e também para a sociedade. As marcas de luxo começam a ser julgadas e percebidas pelas contribuições positivas que geram nas pessoas e no mundo, pela visão do comprometimento social. A compreensão da relevância da questão da sustentabilidade será possivelmente o aspecto mais importante de avaliação empresarial deste novo século. A era do conhecimento nos levará a novos patamares no consumo – o consumo será e terá que ser mais responsável. O consumidor terá novas exigências. Com isso, o negócio do Luxo terá novas medições. O luxo também terá que ser sustentável. (FERREIRINHA, 2009) O trabalho de algumas grifes mostra que já foi iniciado o processo de mudança cultural que domina até hoje. As marcas Osklen e Care não desprezam os elementos convencionalmente entendidos como luxuosos, mas sim, eleva o que é tido como simplório ao mesmo patamar. (VALENTE, 2008) As grifes e estilistas que adotaram o movimento ético e ecológico ainda são isolados. Um dos exemplos de como a moda e o meio ambiente podem ser uma fórmula de sucesso é o caso da grife Osklen. Suas campanhas publicitárias e coleções se inspiram na metrópole e na natureza do Brasil (VALENTE, 2008). A Osklen, apontada pela ONG ambiental WWF inglesa como uma das empresas que estão realizando ações concretas para conseguir criar novos padrões de comportamento, usa materiais não convencionais. O diretor de criação da marca, Oskar Metsavaht, investe na pesquisa de matérias-primas alternativas e sustentáveis para criar suas coleções, como seda, lã, algodão orgânico, sementes e couro de tilápia. A marca também apoiou projeto para desenvolvimento de um tecido criado a partir da reciclagem de garrafas pet coletadas por pessoas de baixa renda, no Rio de Janeiro (GRIFES..., 2009). Existem outras marcas que também fazem moda ecológica e responsável como a Zara, Armani, Ives Saint Laurent, e Stella MacCartney. As duas últimas se uniram em abril de 2008 e criaram uma marca para cuidados de beleza totalmente orgânica chamada Care. As duas grifes trabalharam 27 durante três anos e meio neste projeto. Seu principal compromisso é o de criar fórmulas que respeitem verdadeiramente o meio ambiente durante o processo de fabricação e testes (FERRARI, apud VALENTE, 2008) Marco Bizzarri, diretor executivo da marca Stella McCartney, revelou que no início passou por incertezas e não acreditava que o consumidor quisesse pagar mais por uma marca de luxo orgânica, mas percebeu em seguida, que é preciso ser sustentável e desenvolver produtos belos. Relatou também que como ser sustentável é um luxo raro, a marca conseguiu ganhar clientes nos quatro cantos do mundo. (STAUT, 2009) Segundo informações do site da Care, a marca não faz nenhum tipo de testes em animais, utiliza ingredientes de origem 100% natural, sem conservantes químicos. (VALENTE, 2008) Em sentido contrário às tendências apresentadas, encontra-se o trabalho de grifes como a Blackglama. Uma das mais famosas fabricantes de pele do mundo, que produz casacos à base mink, um animal cuja pela é bastante apreciada. No mundo todo ONG`s em defesa dos direitos dos animais têm se manifestado contra este tipo de produção de moda. Nos Estados Unidos cerca de três milhões de minks são abatidos por ano, mas, devido às manifestações e campanhas de ONG´s, a produção americana de peles está reduzindo consideravelmente. Os ativistas alegam que a indústria do luxo pode substituir a pele de animais por pele sintética. Se por um lado, algumas grifes se preocupam com o meio ambiente, outras ainda se sustentam de sua exploração (VALENTE, 2008). Fonte: Widlife Mysteries Figura 3: Espécie mink com seu filhote. 28 Fonte: Fórum Valinor Figura 4: Casaco de pele de Mink No futuro, os movimentos de responsabilidade social e ambiental exigirão ainda mais das empresas. Algumas ainda resistem a esses movimentos, movendo-se apenas quando forçadas por lei, ou por protestos organizados pelos consumidores. Empresas com mais visão, encaram as ações sociais como uma oportunidade de mercado. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007) 1.4.2 O luxo sustentável Hoje, as marcas de luxo estão aderindo aos poucos à uma nova tendência, às práticas que visam ao bem estar social e ambiental. Essa temática tem se manifestado no lançamento de coleções e nas abordagens de comunicação das marcas, mostrando que moda e luxo também tem a ver com atitudes inteligentes e responsáveis. (VALENTE, 2008) 29 Oskar Metsavaht – diretor da marca Osklen - é o primeiro em moda sustentável, criou o Instituto E para elaborar critérios de avaliação de materiais ecologicamente corretos a serem utilizados pela indústria da moda. Segundo Oskar, está havendo uma superpopulação de jacarés na Amazônia, o que está criando desequilíbrio na fauna da região e afetando as comunidades ribeirinhas. Com isso há instituições abatendo os animais, a carne fica com a população e o couro é aproveitado pela indústria da moda. Com isso surge a oportunidade de usar pele de animais de origens sustentáveis, pois estão ajudando a melhorar o ecossistema, aumentando a economia local e trazendo novas peças para a moda. (SILVESTRE, 2008) Segundo Lipovetski (apud VALENTE, 2008) o consumidor está mais atento e reflexivo, preocupado com questões que vão muito além da ostentação de produtos luxuosos. O consumidor de hoje é exigente e busca produtos que tenham um componente emocional que cativem a cultura e a razão, e que estejam em harmonia com as práticas ambientais e sociais. O The Marketing Insider traçou o perfil do público verde nos Estados Unidos e os chamou de Lohas (Estilos de Vida de Saúde e Sustentabilidade na sigla em inglês). Os resultados apontam que 60% dos Lohas são mulheres, não preocupadas com valores, mas com opções de consumo baseadas na sustentabilidade, e que aceitam pagar até 20% a mais por isso. (VIALLI, 2009) Hoje, o apelo ao consumo arraigou-se no cotidiano de toda pirâmide social, criando uma nova forma de relacionamento do indivíduo consigo mesmo e com o outro – para o bem e para o mal. O que vemos é um cenário onde se encontram e se chocam interesses individuais e coletivos; um consumo mais consciente, onde tal consciência se divide entre as preocupações do indivíduo e as preocupações da sociedade. (VALENTE, 2008 p. 5) Na atualidade, as organizações se vêem obrigadas a se posicionarem de forma diferente, se envolvendo com a sociedade e com as campanhas de responsabilidade social. Os movimentos ambientais e sociais ganham força e amadurecem, e fazem pressão para que as empresas assumam maior responsabilidade pelos impactos de suas ações no ambiente e na sociedade. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007) 30 O consumidor pode ignorar o consumo sustentável por estar habituado ao seu modo de vida confortável, ou ficar em dúvida quanto ao compromisso das empresas em contribuir com essa questão. Mas ele está convocado a fazer a sua parte, não desperdiçar, tomar consciência dos efeitos negativos do seu modo de vida na sociedade e no meio ambiente. A informação e a busca pela qualidade de vida, leva os indivíduos a recusarem um consumo sem consciência (VALENTE, 2008). O consumo, de um modo geral, tem muita culpa nos males causados ao meio ambiente e, especificamente, a indústria da moda, incluindo-se aqui as grifes de luxo, responsáveis por grandes emissões de gás carbônico, altos custos de eletricidade, sacrifício e sofrimento de animais, dentre inúmeros outros prejuízos. Assim, tanto as grifes, nas suas produções, quanto os consumidores, na aquisição e utilização, contribuem para a destruição do planeta e são igualmente responsáveis por isso. (VALENTE, 2008 p. 7) Após três anos de investigação o Greenpeace revelou marcas mundiais que, mesmo involuntariamente, impulsionam o desmatamento da Amazônia. São elas: Nike, Adidas/Reebok, Timberland, BMW, Carrefour, Honda, Gucci, IKEA, Kraft, Clarks, Nike, Tesco e Wal-Mart. O relatório indica que as marcas famosas impulsionam a indústria do desmatamento porque não checa se os produtos estão envolvidos ou não com os crimes praticados pela indústria pecuária brasileira, que ocupa 80% de todas as áreas desmatadas da Amazônia. (DENÚNCIA..., 2009) De acordo com a Ong, o envolvimento se dá por meio da pecuária brasileira — considerada pelos ambientalistas o maior vetor de desmatamento no mundo e a principal fonte de emissões de gases do efeito-estufa do Brasil. De acordo com o relatório, tudo tem o aval do governo que decidiu dominar o mercado global de produtos pecuários em geral e dobrar a participação brasileira no mercado internacional. (DENÚNCIA..., 2009) A Nike divulgou novas regras para a compra de couro usado em seus produtos. Apesar de constar no documento, a empresa disse que não compra couro da região. Mas que irá exigir dos fornecedores brasileiros um certificado que comprove que a matéria-prima não foi produzida na floresta. A Adidas 31 respondeu que partilha com o Greenpeace a preocupação sobre o impacto ambiental da Floresta Amazônica. O grupo Adidas é comprometido com práticas sustentáveis e se esforça para resolver os desafios ligados a esse objetivo. As demais grifes citadas não responderam. (GRIFES..., 2009) A publicidade pode exercer poder de persuasão, mas o consumidor tem seus próprios gostos, interesses e valores que filtram as mensagens. Ela busca transmitir um valor individual e único no ato do consumo, além de identidade e relação intima com a marca. Por isso o luxo contemporâneo se vê direcionado a apelos mais corretos. Pois hoje, o valor das grifes, tem muito a ver com as bandeiras que elas levantam, com o que fazem pelo meio ambiente e pelo bem estar social (VALENTE, 2008). Há muitas idéias voltadas a sustentabilidade, porém as atividades de luxo têm poucos exemplos nessa direção, mas é uma questão de tempo. O consumidor e os formadores de opinião serão os que acelerarão este processo. Cada vez mais a pergunta “de que é feito este produto?” será utilizada, e a resposta terá de contemplar aspectos de sustentabilidade. (FERREIRINHA, 2009). O desafio deste mercado é descobrir como operar de maneira sustentável sem reduzir a sensação de luxo. O mercado precisa continuar reconhecendo o valor monetário e intrínseco nos produtos. (VALENTE, 2008) A atividade do luxo tem que se ajustar e rapidamente. A cadeia produtiva terá que ser repensada pelo princípio da sustentabilidade. Produção, recursos utilizados, marketing e comunicação – pautados em novos valores. A indústria têxtil tem se exercitado nesta direção – do tecido ao corante. (FERREIRINHA, 2009). O momento parece propício para novas atitudes e pensamentos, pois o consumidor se mostra aberto a esse tipo de situação. Pode se tornar um diferencial para as grifes que já perceberam os novos valores presentes nos dias de hoje. Esses novos valores não podem ser encarados com pânico nem como modismo, mas como uma forma de agregar valor. Um produto pode se tornar mais distinto e valoroso se a estratégia da grife for se preocupar em minimizar os danos causados ao meio ambiente. (VALENTE, 2008) 1.5 O Luxo e a Crise 32 Segundo Allérès (2006), quando se fala em crise aumenta mais ainda a cobiça no setor do luxo, pois os bens adquiridos por utilidade e satisfação passam a ser consumido para compensar a indignação do mercado. O setor do luxo está conseguindo passar pela crise ileso, pois mesmo a economia emergente não conseguindo suprir esse mercado, existe uma pequena porcentagem de consumidores que mesmo na crise não conseguem deixar de consumir produtos de luxo, e são esses consumidores que ajudam esse setor a ficar firme. O segmento do luxo é realmente surpreendente. Mesmo com a crise financeira tendo afetado o consumo no último trimestre de 2008, o mercado cresceu 12,5% no ano passado e atingiu um faturamento de U$ 5,99 bilhões. A previsão para 2009 é de crescimento moderado de 8% e faturamento de U$ 6,45 bilhões. (SÁ, 2009) Os últimos números divulgados sobre esse mercado são de maio de 2008, data da pesquisa “O Mercado de Luxo no Brasil”, realizada pela MCF que ouviram cem empresas nacionais e internacionais que operam no País. Em 2007, o segmento de luxo brasileiro cresceu 17%, enquanto o avanço do PIB nacional foi de 5,4%. Isso representa 1% do faturamento do setor no mundo. O Brasil pode ter fôlego para dobrar 2% do consumo mundial do luxo em dez anos. É um resultado significativo, porém há muito espaço a ser explorado. (WERNECK , 2008) Alguns dos executivos entrevistados acusam a tributação elevada no Brasil como um dos principais obstáculos para o não crescimento do negócio seguido dos recursos humanos. As empresas do ramo do luxo estão investindo na renovação do portifólio para manter o interesse do cliente, levando em consideração que os clientes que consomem o luxo gostam de exclusividade dos produtos. As marcas do luxo continuam mantendo o ritmo na crise graças ao consumidor mais rico que consomem em menos quantidade mas não abre mão da qualidade. 33 CAPÍTULO II AS ESTRATÉGIAS DE DIFERENCIAÇÃO DO MERCADO DE LUXO 2 ESTRATÉGIA Segundo Ferreira (2009), estratégia é uma atividade racional de identificação de oportunidades e ameaças no ambiente em que a empresa opera ou vai operar. Ela também envolve a avaliação das forças e fraquezas da empresa, sua capacidade de adaptação às demandas e necessidades do mercado e em competir em condições de risco. A estratégia existe para planejar o futuro da empresa, buscar planos de ação que desenvolvam e ajustem a vantagem competitiva e requer dedicação por parte de toda a organização. (MONTGOMERY; PORTER,1998) As teorias estratégicas de uma empresa se baseiam no conjunto de suposições e hipóteses sobre a evolução do setor, e como essa evolução pode ser explorada para se obter lucro e vantagem competitiva. (BARNEY; HESTERLY, 2007) A vantagem competitiva é uma competência exclusiva de uma empresa, que não pode ser copiada pelos seus concorrentes e que gera uma posição de mercado superior e duradoura. Ela surge da capacidade da empresa em criar valor para o seu cliente. E valor é o que os clientes estão dispostos a pagar por um produto ou serviço (FERREIRA, 2009) Segundo Porter (1992), é através de atividades físicas e tecnologicamente distintas, que uma empresa cria um produto valioso para seus compradores. “As atividades de valor são, portanto, os blocos de construção distintos da vantagem competitiva.” (PORTER, 1992, p.36) Desenvolver uma estratégia tem como desafio conhecer se as capacidades da organização são suficientes para aprofundar sua direção. (MINTZBERG apud MONTGOMERY; PORTER, 1998) Por isso é necessário o planejamento para definir as estratégias que serão usadas para atingir os objetivos da empresa. 34 2.1 O planejamento como base das estratégias O planejamento estratégico é um processo gerencial que auxilia no direcionamento a ser seguido e obter otimização na relação entre empresa e seu ambiente. (FERREIRA, 2009) Em seus estudos, Porter (1999), identificou três estratégias genéricas que levam ao alcance e desempenho acima da média em uma empresa. São elas: a) liderança de custo; b) diferenciação; e c) enfoque. Na estratégia competitiva de liderança em custo, a empresa busca minimizar ao máximo os custos de fabricação de um produto ou da prestação de um serviço, sem que ele perca sua qualidade esperada. Nela, o preço é um dos principais atrativos do consumidor. (FERREIRA, 2008) A empresa que conta com amplo escopo e atende muitos segmentos, exige alto nível de investimento nas instalações, escala eficiente e controle rigoroso dos custos e despesas gerais, entre outros. “A posição de baixo custo de um líder no custo se traduz em retornos mais altos”. (HERRERA; ABREU; SIQUEIRA, 2009). Remover de um produto ou serviço todos os acessórios ou extras que o constituem é uma estratégia direta de custo baixo, que tem como objetivo gerar vantagem através de uma oferta enxuta e sustentável (PUFFAL; BONOTTO; AFFELDT, 2009) Um dos pontos fracos da estratégia de custo é a possibilidade de acabar com a chance de diferenciação, já que o preço torna o produto ou serviço acessível à massa. Além do surgimento de um concorrente que com novas tecnologias e processos, também derrube os custos e abocanhe parcela significativa do mercado. Quando várias empresas disputam por uma liderança em custo, as conseqüências sobre a rentabilidade do setor em longo prazo, podem ser desastrosas (PUFFAL; BONOTTO; AFFELDT, 2009). 35 A estratégia competitiva da diferenciação busca ser única e singular em alguma coisa que seja valiosa para o cliente. As empresas devem buscar a diferenciação naquilo que seja seu principal ponto forte. É preciso também que o cliente saiba que ela é a única que pode oferecer o que ele quer, mesmo que por um preço considerado elevado (FERREIRA, 2009) A lógica da diferenciação é aumentar a margem de contribuição partindo da variável preço e não da variável custo. Seu objetivo é atender às necessidades dos clientes, naquilo que estão dispostos a pagar mais. (GOLÇALVES, 2008) “A diferenciação implica em pesquisa extensiva, projeto de produto, materiais de alta qualidade, assistência ao cliente, assim a empresa se distancia da busca desenfreada pela redução de custos” (PUFFAL; BONOTTO; AFFELDT, 2009). Os riscos da estratégia de diferenciação podem ser o enfoque exagerado no produto e uma diferenciação excessiva, pelo preço muito elevado. Ela também pode se tornar vulnerável no mercado de concorrência perfeita, no qual nenhuma empresa e nenhum fornecedor tem poder para influenciar o preço de mercado, podendo ser copiada pelos concorrentes fazendo com que a vantagem competitiva desapareça em médio prazo (GONÇALVES, 2008) De acordo com Ferreira (2009) a estratégia competitiva de foco (ou enfoque) pode ser entendida como diferenciação, ou seja, a empresa opta por atender apenas uma faixa público-alvo do mercado, abrindo mão de outros segmentos que possam ser lucrativos no futuro. O enfoque pode estar voltado tanto para a liderança de custos, quanto à diferenciação. Por exemplo, a loja Daslu é uma boutique exclusiva que atende somente o segmento de público da classe A. “O segredo da estratégia de foco está em encontrar o mercado alvo para atuar, devendo a empresa dedicar todos os seus esforços neste mercado” (GONÇALVES, 2008, p. 4). O enfoque corre o risco de que o segmento escolhido não propicie massa crítica que permita à empresa operar. Ele implica na escolha do 36 mercado a ser atingido e envolve uma escolha entre rentabilidade e volume de vendas (PUFFAL; BONOTTO; AFFELDT, 2009). Para estabelecer uma boa estratégia é preciso conhecer bem o setor e as características que governam suas forças competitivas. (FERREIRA, 2009) 2.2 A estratégia da diferenciação A diferenciação de produto é um tipo de estratégia onde uma empresa procura ser única em seu mercado, ao longo de algumas dimensões amplamente valorizadas pelos seus compradores. A empresa seleciona um ou mais atributos que seus compradores consideram importantes, e posiciona-se de modo singular para satisfazer estas necessidades. Assim, será recompensada pela sua singularidade com um preço-prêmio. (PORTER, 1999) De acordo Thompson Jr. e Strickland (apud MACHADO, 2006) quando uma empresa opta pela estratégia da diferenciação, ela procura basicamente diferenciar o seu produto em relação ao mesmo produto oferecido pelos seus concorrentes, de maneira a atrair uma grande faixa de compradores e com isso ganhar alguns pontos de liderança no mercado. Mesmo com os esforços de diferenciação praticados por empresas, no final, é a percepção do consumidor que prevalece. Duas empresas diferentes podem vender produtos similares, mas se os consumidores atribuem mais valor ao primeiro do que ao segundo, então o primeiro produto tem a vantagem da diferenciação (BARNEY; HESTERLY, 2007). Uma definição mais abstrata de diferenciação do ponto de vista das expectativas dos consumidores, é a utilização dos fatores intangíveis como argumentação, afirmando que muitos clientes esperam um certo tipo de comportamento ético por parte das empresas com as quais negociam, não apenas a honestidade durante os negócios, mas, por exemplo, preocupação com o meio ambiente ou com os funcionários (KALAFUT; LOW apud MACHADO, 2006). 37 Uma empresa optar por mais de uma estratégia de diferenciação, caso tenha outros atributos muito valorizados pelos compradores. (PORTER, 1999, p. 12) 2.3 As bases de diferenciação de produto Segundo Barney; Hesterly (2007), inúmeros autores desenvolveram através de pesquisas teóricas e empíricas, uma lista que descreve diversas maneiras de como as empresas podem diferenciar seus produtos ou serviços. A finalidade destas bases de diferenciação de produto é criar a percepção de que os produtos ou serviços de uma empresa são excepcionalmente valiosos. (BARNEY; HESTERLY, 2007). Entre elas, são citadas: a característica dos produtos, a complexidade do produto, timing do lançamento do produto, customização do produto, marketing de consumo, reputação, associação com outras empresas, mix do produto, canais de distribuição e atendimento e suporte. 2.3.1 Características dos produtos Segundo Barney e Hesterly (2008), a maneira mais obvia e utilizada pelas em presas na diferenciação de seus produtos, é alterar as características dos produtos que vendem. Um setor que muito utiliza esta ferramenta de diferenciação é o automobilístico. Por exemplo, a Crysler, que lançou o design cab forward para diferenciar o visual de seus carros, enquanto a Audi usou um design curvo e radical para diferenciar os seus. Qualquer mudança na característica do produto, seja ela uma modificação em sua natureza, embalagem, tamanho, formas de apresentação, particularidades do desenho, cor, estilo ou melhoria na qualidade dá origem à uma mercadoria diversificada, e neste sentido, um produto diferente é considerado um produto novo. (KON, 1999) 38 2.3.2 Complexidade do produto A complexidade do produto pode ser entendida como uma alteração especial da característica de um produto para criar diferenciação. A ‘caneta cristal’da Bic por exemplo, tem poucos componentes, e por isso é mais simples, enquanto uma caneta Mont Blanc, tem mais componentes e por isso é mais complexa. Quando a complexidade de um produto convence o consumidor de sua valiosidade em relação a um outro produto de outra empresa, então, a complexidade se torna uma base de diferenciação de produto. (BARNEY; HESTERLY, 2008) Vender produtos complexos envolve dois tipos diferentes de complexidade: a) a complexidade do produto acontece quando os produtos tem muitas características que interagem umas com as outras para influenciar sua funcionalidade, seu preço, seu desempenho, sua fabricação e seu processo de entrega; b) a complexidade das necessidades surge na venda de produtos e serviços relativamente simples. O produto pode ser relativamente simples, mas muitos fatores entram em jogo quando se avaliam as necessidades de um cliente e se compara com o melhor produto ou serviço. Os produtos complexos, normalmente representam a margem mais alta em qualquer linha de produto, assim a qualidade da avaliação é fundamental para a rentabilidade. (KALAKOTA; ROBINSON, 2001) 2.3.3 Timing do lançamento do produto Lançar um produto no momento adequado também pode ser um potencial de diferenciação. O pioneirismo pode ser visto pelo consumidor de um produto ou serviço de forma mais valiosa que os produtos ou serviços de outra empresa. Nos Estados Unidos, as primeiras universidades fundadas (por 39 exemplo, Harvard e Yale) são vistas com mais prestígio do que as universidades Estaduais fundadas recentemente. Deste modo, a data de fundação atua como uma fonte de diferenciação de produto baseada em timing. (BARNEY, HESTERLY, 2008) Pequenos atrasos na introdução do produto podem ser mortais se quem chegar primeiro dominar o mercado. Se gerenciado apropriadamente, o projeto de produto e processo simultâneo diminui os lead times de desenvolvimento, mais do que faria uma abordagem seqüencial simples. A capacidade de desenvolver um processo de forma mais rápida garante uma vantagem estratégica à empresa. (HAYES et al., 2005) 2.3.4 Localização A localização física de uma empresa também pode ser fonte de diferenciação de produto. O Shopping Iguatemi, em Pinheiros, as imediações da rua Oscar Freire, Jardins, a Vila Daslu, no bairro da Vila Olímpia e o Shopping cidade Jardins, nas imediações da marginal Pinheiros, esses centros reúnem 150 marcas, algumas com lojas tão sofisticadas quanto as encontradas em grandes centros como Londres ou Nova York. (MEVER, 2008) 2.3.5 Customização do produto Na customização de produtos, os mesmos são personalizados para aplicações específicas para os clientes. Nela, a empresa dá ao consumidor a autonomia para desenhar o produto e o serviço de sua escolha, assim é capaz de atender cada cliente individualmente. A customização funciona muito bem em algumas áreas. Por exemplo: a De Beers – maior produtora mundial de diamantes - tem um programa, onde os clientes podem criar seu próprio anel de diamantes escolhendo qualquer uma das 189 combinações exclusivas de formato e quilate das pedras centrais e laterais, bem como o metal da base. 40 Alem disso, podem contatar um joalheiro local que os ajudará a comprar o anel. (KOTLER; KELLER, 2006) 2.3.6 Marketing de consumo O marketing de consumo busca por meio da publicidade e outros esforços de marketing, mudar a percepção do cliente sobre determinado produto, independentemente se seus atributos específicos foram ou não alterados. Por exemplo, o Mountain Dew – produto da PepsiCo – era anunciado como uma bebida frutada, levemente gaseificada, de sabor tão suave “quanto o orvalho da manhã nas montanhas”. Com o tempo, o Moutain Dew focou seus esforços de marketing em consumidores jovens, principalmente do sexo masculino, fãs de esportes radicais. O Reposicionamento da bebida aconteceu através das mudanças no seu marketing de consumo, as características do produto não mudaram em nada. (BARNEY, HESTERLY, 2008) No marketing de consumo, os produtos e serviços são vendidos aos indivíduos, esse marketing é mais visível, mais confiante no uso da propaganda. Os produtos mais difundidos dessa categoria, de compras mais freqüentes são conhecidos como bens de consumo de rápida movimentação. (FORSYTH, 1993) 2.3.7 Reputação A reputação é a relação mais importante entre a empresa e seus consumidores. Quando a reputação de uma empresa é bem desenvolvida, ela se torna duradoura, mesmo que a base para tal reputação não exista mais. A reputação corporativa é como a reação afetiva ou emocional dos clientes e do público em geral, diante do nome da empresa. A partir do momento em que uma empresa se estabelece, passa a ser reconhecida pelo 41 seu nome, que é associado unicamente as suas características e desempenho passado. O nome, ou de fato, a reputação é um bem intangível dessa empresa (FOMBRUN apud TOSINI, 2006) Fombrun e Foss (apud FASCIONI, 2007) analisaram o que o mercado avalia quando calcula a reputação de uma empresa, e os resumiram em seis grupos: a) apelo emocional – o quanto a empresa é amada, admirada e respeitada; b) produtos e serviços – percepções de qualidade, inovação, valor e credibilidade dos produtos e serviços que a empresa comercializa; c) performance financeira – percepções sobre a lucratividade, perspectivas e risco; d) visão e liderança – o quão a empresa demonstra ter visão clara e forte liderança; e) ambiente de trabalho – percepção de quão bem a empresa é a administrada e como é feito o trabalho de qualificação de seus funcionários; f) responsabilidade social – percepções da empresa como boa cidadã e suas relações com a comunidade, seus funcionários e com o meio ambiente. 2.3.8 Associação com outras empresas Trata-se da associação explícita entre produtos de diferentes empresas. Por exemplo, com o aumento da popularidade das corridas de stock car nos Estados Unidos, várias empresas têm buscado associar seus produtos ou serviços a nomes do Nascar. (BARNEY; HESTERLY, 2008) Empresas como Kodak, Gatorade, McDonald`s têm patrocinado equipes do Nascar. Elas buscam se associar ao Nascar devido a popularidade deste esporte. Esse tipo de associação acontece também com os filmes, principalmente com os campeões de bilheteria. Por exemplo, o MCDonald`s frequentemente usa personagens de filmes como brindes de seu Mc Lanche 42 Feliz. Também é usado inserir produtos da empresa em um filme, como fazer um ator beber uma lata de Coca-Cola. (BARNEY; HESTERLY, 2008) 2.3.9 Mix de produto O mix de produtos ou serviços pode ser uma fonte de diferenciação de produto quando são associados tecnologicamente e quando um único grupo de consumidores adquire vários produtos ou serviços de uma mesma empresa. Os shoppings são um exemplo de associação de mix de produtos. Vários consumidores preferem ir a um único lugar, comprar em várias lojas de uma só vez, do que ir a vários locais diferentes para comprar (BARNEY, HESTERLY, 2008) “Um mix de produtos (também chamado de sortimento de produtos) é o conjunto de todos os produtos e itens que uma empresa põe à venda” (KOTLER, KELLER, 2006, p.374) O aumento do mix de produtos traz renovação e reforça a marca no mercado. Como o grupo LVHM, que comprou a Hublot, fabricante suíça de relógios de altíssimo nível. O grupo já possui marcas de relógios como a Tag, Zenith, Dior Montres e Louis Vuitton. (GASPAR; PEREIRA, 2009) 2.3.10 Canais de distribuição “Os canais de distribuição são todas aquelas empresas através das quais é facilitada a informação e o acesso do comprador ao produto.” (BALANZÁ; NADAL, 2000, p. 23) Um produto pode passar por vários intermediários ou nenhum. Os intermediários de um canal de distribuição são, em geral, os atacadistas e varejistas, de modo que se possam mencionar três canais: a) canal longo: fabricante-atacadista-varejista-consumidor; b) canal curto: fabricante-varejista-consumidor; 43 c) canal muito curto: fabricante-consumidor. Os canais de distribuição têm outras funções que complementam suas atuações como, comunicar ou informar as características de seus produtos aos consumidores nos pontos de venda; coletar informações dos possíveis consumidores; coletar informação sobre a concorrência, permitindo que as empresas posam realizar pesquisa de mercado. ( BALANZÁ; NADAL, 2000) 2.3.11 Atendimento e suporte A diferenciação de produto também acontece pelo nível de atendimento e suporte associado a ele. Algumas empresas do mercado de eletrodomésticos e do setor automobilístico, desenvolveram uma rede própria de atendimento e suporte. A Saturn (uma divisão da GM), para oferecer atendimento e suporte, certa vez enviou um técnico para uma região erma do Alasca, para substituir um assento com defeito de um cliente proprietário de um carro Saturn (BARNEY, HESTERLY, 2007) No final, entretanto, qualquer esforço de enumerar todas as maneiras possíveis de diferenciar produtos e serviços está fadado ao fracasso. A diferenciação de produto é, em última análise uma expressão da criatividade de indivíduos e grupos nas empresas. Está limitada apenas pelas oportunidades que existem, ou que podem ser criadas, num determinado setor e pela disposição e habilidade das empresas de explorar criativamente maneiras de aproveitar essas oportunidades. (BARNEY; HESTERLY, 2007) Existem diversos estudos e cases que mostram como a estratégia da diferenciação contribui para uma vantagem competitiva no mercado. O setor de luxo também pode fazer uso das experiências e teorias existentes para desenvolver vantagens competitivas e sustentáveis, de forma a acompanhar e atender as mudanças nos valores, expectativas e busca dos clientes. 2.4 As vantagens e os riscos da estratégia de diferenciação de produtos 44 A diferenciação de produtos contribui para diminuir a ameaça de concorrentes, reduzir a rivalidade, a ameaça de fornecedores, e a ameaça de substitutos. Quando uma empresa vende um produto altamente diferenciado, ela tem um ‘quase – monopólio’ em seu segmento de mercado. Ou seja, ela neutraliza o poder de um potencial comprador, fornecedor e concorrente devido ao seu monopólio sobre um produto ou serviço altamente valorizado. (BARNEY, HESTERLY, 2007) Os alicerces da estratégia de diferenciação precisam ser suficientemente fortes, caso contrário, a estratégia perde sua eficácia a curto e longo prazo, além de gerar prejuízos. (MACHADO, 2006) Porter (apud MACHADO, 2006), afirmou que a estratégia de diferenciação pode se tornar mais sustentável sob algumas condições: a) quando as fontes de singularidade – serem únicas na transmissão de determinado valor para o cliente - criam barreiras para a concorrência; b) quando as fontes de diferenciação são múltiplas, protegendo a empresa contra possíveis imitações; c) quando a empresa cria custo de mudança para os clientes, ou seja, ele terá seu custo aumentado caso decida trocar de varejista. Algumas bases de diferenciação de produtos podem ser fáceis ou custosas para serem duplicadas por um concorrente. A empresa precisa verificar seu ambiente externo e se as estratégias de diferenciação escolhidas estão lhe proporcionando vantagem competitiva. A reputação, por exemplo, é uma base de diferenciação difícil de ser duplicada. Ela não pode ser comprada ou vendida, pois ela é desenvolvida ao longo do tempo de forma consistente no relacionamento entre a empresa e seus clientes. (BARNEY, HESTERLY 2007) As características de um produto são bases de diferenciação fáceis de duplicar. Pois é uma forma muito comum utilizada pelas empresas. (BARNEY; HESTERLY, 2007) Os principais riscos associados a estratégia de diferenciação se concentram nas diferenças entre custos agregados e preço incremental. Um risco são os clientes sacrificarem algumas características, serviços ou imagem detidos por um produto ou serviço único porque isso custa muito mais caro. Outro risco é que os clientes não considerem o produto como diferenciador, 45 eles podem chegar a um ponto em que estão tão familiarizados com os produtos que a imagem da marca não é mais importante. (HARRISON, 2005) Segundo Porter (1999), para crescer e sobreviver no mercado, é preciso estar menos vulnerável ao ataque das forças competitivas. Isso pode ser feito conquistando um relacionamento sólido com clientes favoráveis, diferenciando os produtos em termos materiais ou psicológicos e também com a conquista da liderança tecnológica. 2.5 As estratégias de diferenciação no setor de luxo O marketing dos bens de luxo não se vale das mesmas atitudes do marketing de bens de massa ou populares. Segundo Riccardi (2006), o marketing dos bens de luxo faz da marca, uma marca de desejo, a transforma em uma referência de elegância e de sofisticação. Os fabricantes de bens de luxo se preocupam em preservar a exclusividade e o prestígio de suas marcas e equilibrá-las com seus volumes de vendas. A marca ou grife de um bem de luxo é muito importante para garantir sua origem e qualidade. É ela que sinaliza valor, cria e firma uma imagem. Além de transmitir história, genealogia, tradições e um código. O que fundamenta e legitima uma marca é a qualidade intrínseca dos produtos e seu refinamento. Mas a lenda que é associada à marca, também conquista o interesse e imaginário dos consumidores. (RICCARDI, 2006) O marketing one to one (marketing personalizado) é o mais defendido para atingir o consumidor do luxo. Pois é através dele que o perfil do consumidor é conhecido, podendo assim oferecer os bens e serviços mais adequados. O consumidor é atendido de forma personalizada, estabelecendo assim uma relação de confiança e lealdade com a empresa. (RICCARDI, 2006) O design dos bens de luxo também é muito valorizado, acompanhado de sua matéria-prima, durabilidade e conforto. O design traz grande valorização ao bem, pois o consumidor busca distinção e status. De acordo com Maria Lúcia (apud LACERDA, 2008), publicitária da PublicisNorton, para atingir o consumidor de luxo é necessário conhecê-lo bem, 46 sem subestimá-lo, inovando continuamente, trazendo benefícios emocionais e provocando experiências novas. A inovação é fundamental para adquirir diferenciação frente à concorrência. É através dela que se obtém o reconhecimento do valor de uma marca no segmento de bens de luxo. A inovação envolve trabalho em processos e modelos de negócios que poderão ser implementados. (LACERDA, 2008). Ela pode ser buscada através da segmentação e reposicionamento das marcas, das estratégias de diferenciação, do aumento do portfólio ou da desmaterialização do consumo. A desmaterialização do bem de luxo é caracterizada pela união da aquisição do produto ao que o cliente sabe ou pode narrar a respeito dele. (LACERDA, 2008) Outro fator importante para vinculação de um bem no mercado de luxo é o seu preço. Ele atua como forma de segmentação, já que restringe o produto às classes mais altas. Portanto, o preço deve estar associado aos valores e benefícios equivalentes à marca e ao produto, isto é, além dos elementos racionais, são também considerados os emocionais (LACERDA, 2008, p.37). Analisando a distribuição destes bens, é importante reforçar a idéia de que algo importante não se encontra em qualquer lugar. Os consumidores de alta renda procuram pontos de venda qualitativos, que gerem imagem. Estes pontos são lojas de marcas próprias, ateliês, boutiques e espaços reservados em lojas seletivas. A comunicação dos bens de luxo primam pela imagem que se quer transmitir do mesmo. Por isso é mais usado o merchandising do que a publicidade. A publicidade é mais utilizada no luxo intermediário, pois ele busca manter a marca sempre em destaque. (GRANERO; ALBUQUERQUE apud LACERDA, 2008) Também são apontados por Carozzi (apud Lacerda, 2008) outras ações de Marketing no setor de luxo, como por exemplo, o telemarketing para a fidelização de clientes com o envio de mercadorias a domicílio; a formação dos vendedores conforme as inovações da moda; a escolha de uma embaixadora, de uma personalidade que represente a marca e eventos realizados na loja por ocasião dos lançamentos de uma coleção. Os produtos de luxo também têm lançado mão da ferramenta da internet 47 para se posicionarem e comunicarem sua marca e seu valor no mercado. Grifes como Chanel e Louis Vuitton, dentre outras, utilizam desta ferramenta para suas estratégias de marketing. (LACERDA, 2008) As empresas podem diferenciar sua oferta construindo através de um pacote único de benefícios, com foco em um grupo específico dentro de um segmento substancial. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 181) 48 CAPÍTULO III A PESQUISA 3 INTRODUÇÃO Para demonstrar que as empresas que querem se diferenciar no mercado de bens de luxo, devem realizar esforços e sondagens mercadológicas que as levem a processos inovadores gerando assim vantagens competitivas sustentáveis foi realizada uma pesquisa de campo na empresa Marcos Rogério Gomes ME (Saison), no período de março a setembro a 2009. O objetivo deste estudo é demonstrar as estratégias de diferenciação de produtos e serviços e analisar as expectativas do consumidor de produtos de luxo. A empresa localiza-se na cidade de Lins, estado de são Paulo na rua Pedro de Toledo, 1176 – centro. Na realização desta pesquisa foram utilizados os seguintes métodos e técnicas: Métodos: a) Estudo de caso: foi realizado um estudo de caso na Saison verificando as estratégias de diferenciação utilizadas pela loja e a percepção destes consumidores. b) Observação sistemática: foram observadas, analisadas e acompanhados os procedimentos da venda dos produtos de luxo assim como as estratégias de diferenciação que levam os consumidores deste nicho, a adquirir estes produtos como suporte para desenvolvimento para estudo de caso c) Histórico: foram observados os dados e evolução da historia da empresa. d) Estatístico: foram organizados analisados e apresentados os dados 49 da coleta com o público alvo que auxiliou na investigação e nas explicações obtidas no levantamento de dados com os clientes. Técnicas: Roteiro de estudo de caso (apêndice A) Roteiro de observação sistemática (apêndice B) Roteiro de histórico (apêndice C) Roteiro de entrevista para o cliente (apêndice D) Roteiro de entrevista para o sócio-proprietário da loja (apêndice E) 3.1 O Estudo de Caso - Saison A empresa Marcos Rogério Gomes ME (Saison) foi fundada em 1994, pelos sócios: Marcos Rogério Gomes, que trabalhava como consultor de moda na cidade de São Paulo e Sr. Antonio Carnoro, bacharel em direito e exbancário. Em uma visita a Lins, ele enxergou uma oportunidade na cidade de crescimento com uma ideia de abrir um espaço alternativo, com objetivo de comercializar moda e sediar diferentes expressões de arte, entre elas, artes plásticas e concertos musicais. Saison é uma palavra de origem francesa Lê Ceisôn e tem como significado simbolizar as estações do ano: primavera, verão, outono e inverno, afinal é paralelo a cada uma delas que a moda caminha. Fonte: Saison, 2009 Figura 5: Fachada Saison 50 Há um grande movimento de veículos nesta rua, em vários horários do dia. Sua vitrine tem uma posição estratégica no prédio, estruturada na diagonal, de forma que pode ser visualizada perfeitamente a distancia, isso porque só há um sentido de acesso na rua. 3.1.1 Estrutura Física A empresa possui apenas um prédio com 250m e esta localizado na rua Pedro de Toledo, 1176, estrategicamente localizada, por ser uma rua de grande movimento, porque é uma das principais vias de aceso da cidade e também via para um grande pólo industrial da cidade. Fonte: Saison, 2009 Figura 6: Jardim de inverno O Jardim de Inverno, fica no fundo da loja, sendo um espaço livre e acessível aos clientes, para que sejam melhores recebidos. Lá são fixados mensalmente outdoors das marcas com as quais eles trabalham, com uma iluminação ambiente que deixa um clima ainda mais aconchegante aos clientes. 51 Fonte: Saison, 2009 Figura 7: Interior da loja Fonte: Arquivo da empresa analisada Figura 8: Interior da loja O espaço interno possui lauge para melhor acomodação dos clientes, com poltronas espalhadas pela loja; revistas de moda e especificas desse setor; além de servir café e suco. Durante todo o horário de atendimento, duas 52 televisões 49” afixadas taticamente no balcão para melhor visualização. Elas reproduzem continuamente clipes de músicas, desfiles e artes. 3.2 Produtos e Serviços A Saison é uma empresa que atua no setor da moda, com vendas de produtos de vestuários e acessórios de luxo. Ela trabalha com as seguintes marcas: Carmim, Puma, M. Officer e Cavalera. Segundo o sócio Marcos Rogério, a marca mais comercializada é a Carmim e tem público fiel. Além disso, já promoveu eventos, do tipo vitrine viva para chamar atenção de seus clientes. A vitrine viva na Saison acontecia de modo aleatório, durante à noite, em véspera de algum evento na cidade, onde há um grande movimento de veículos na Rua em que está localizada a empresa. Sua realização tinha o objetivo de chamar a atenção e aguçar a curiosidade do consumidor sobre a loja e seus produtos. Além disso, a Saison também participa de eventos sociais quando convidada. Fonte: Arquivo da empresa analisada Figura 9: Vitrine viva 53 3.3 Apresentação dos dados da pesquisa com os clientes Durante o mês de setembro, foram realizas as entrevista com os clientes da Saison. Os dias de entrevista foram escolhidos de acordo com a autorização do proprietário e indicação do período de maior movimentação. Foram entrevistados 22 clientes, com a finalidade de demonstrar as expectativas dos consumidores em relação aos produtos de luxo e da loja Saison. Os principais resultados foram: Tabela 1: Faixa Salarial Item até 2 salários mínimos de 2 a 6 salários mínimos de 6 a 15 salários mínimos de 15 a 30 salários mínimos acima de 30 salários mínimos Total.................................................. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2009 Nº Participante 6 6 0 5 5 Percentual 27,27 27,27 0 22,73 22,73 100 22 Com base neste resultado, percebe-se que os clientes da Saison estão igualmente distribuídos nas diversas faixas salariais, não tendo um foco especifico. Tabela 2: Motivo da compra de produtos de luxo Item Por impulso Por status Pela qualidade Por estar na moda Outros Total.................................................. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2009 Nº Participante 0 1 17 3 1 22 Percentual 0 4,55 77,27 13,63 4,55 100 54 Os resultados relatam que o maior motivo da compra do vestuário de luxo é a qualidade das peças. Outro motivo citado foi para estar na moda, estar bem vestido. Uma opção citada como outros foi o bom caimento das roupas, como ela fica bem na pessoa que a veste, podendo equipará-la ao status. Tabela 3: Marca mais consumida pelo entrevistado Item Carmim Cavalera M. Officer Puma Outros Total.................................................. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2009 Nº Participante 8 3 6 3 2 22 Percentual 36,36 13,64 27,27 13,64 9,09 100 A marca mais consumida é a Carmim, por ser uma marca que se distingue pelo valor agregado, pela beleza e também pela diferenciação das peças. Além das roupas, a empresa também comercializa acessórios da referida marca. Tabela 4: Considerações do Consumidor na escolha de uma peça de luxo Item Marca O valor, a importância da peça Preço Outros Total.................................................. Fonte:Elaborada pelas autoras, 2009 Nº Participante 5 6 5 6 22 Percentual 22,73 27,27 22,73 27,27 100 Dentre os requisitos apresentados, houve uma equiparação dos resultados. O valor e importância da peça são os elementos que os clientes consideram mais importantes, estando em primeiro lugar, seguido da marca e o preço. O custo/benefício, o acabamento das roupas, a qualidade e a beleza da peça, também foram apontados pelos clientes como alternativas para a escolha de uma peça de luxo. 55 Tabela 5: Sensação após compra do produto Item Satisfação Exclusividade Item Outros Total.................................................. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2009 Nº Participante 10 7 Nº Participante 3 22 Percentual 45,45 31,82 (conclusão) Percentual 13,64 100 Quanto à sensação que o cliente sente após comprar um produto de luxo, é a satisfação que está em primeiro lugar; com a exclusividade em segundo. Os clientes sentem-se satisfeitos, pois adquirir uma peça de luxo, potencializa também o alcance e valorização da auto estima; assim como outras sensações. O constrangimento do cliente em comprar um produto de valor elevado, tendo em vista a situação do país, foi mencionado na pesquisa por um dos entrevistados. Tabela 6: Características que o vestuário de luxo atribui Item Status Indicador de posição social Conformidade com a moda Nada, apenas uma peça comum Outros Total.................................................. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2009 Nº Participante 4 0 7 10 1 22 Percentual 18,18 0 31,82 45,45 4,55 100 Quando perguntado aos clientes sobre quais características o vestuário do luxo atribui, a maioria respondeu que os produtos são comuns para eles e que não atribui outras características especiais, além da segunda mais votada que foi a conformidade com a moda. Tabela 7: Situação que compra vestuários de luxo Item Sempre que sente vontade Quando fica sabendo das novidades Quando precisa ir a um evento social continua Nº Participante 14 5 Percentual 2 9,09 63,64 22,72 56 Quando percebe que alguém próximo comprou Outros Total.................................................. Fonte: elaborada pelas autoras, 2009 0 0 1 4,55 100 22 Para a maioria destes clientes, a situação que levam a adquirirem produtos de luxo é quando sentem vontade, sem motivo determinado, apenas por quererem consumir. Isso contradiz o que foi respondido na pergunta 1, onde nenhum dos clientes diz comprar por impulso. Tabela 8: Primeiro contato com a Saison Item Indicação de um amigo Através de um evento Pela vitrine da loja Pelo conhecimento das marcas vendidas Outros Total.................................................. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2009 Nº Participante 3 1 7 Percentual 5 22,73 6 27,27 100 22 13,67 4,55 31,82 Quanto ao primeiro contato destes clientes com a Saison, a maioria relatou que foi despertado pela curiosidade através da vitrine, que se mostra interessante e chama muito a atenção. A amizade dos clientes com os proprietários da loja, também foi mencionada, pois percebem que o marketing de relacionamento é fator importante para as estratégias da Saison. Tabela 9: O que motiva a comprar na Saison ? Item O atendimento A beleza e o estilo das peças A variedade e exclusividade das peças O ambiente confortável As condições de pagamento Outros Total.................................................. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2009 Nº Participante 1 6 7 4 1 3 22 Percentual 4,55 27,27 31,82 18,18 4,55 13,67 100 Os itens que mais motivam os clientes a comprarem na Saison são: a beleza, o estilo das peças, a variedade e exclusividade das mesmas. 57 Tabela 10: Procurou por algum produto e não encontrou ? Item Sim Não Total.................................................. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2009 Nº Participante 2 20 22 Percentual 9,09 90,91 100 As respostas dadas a esta pergunta mostram uma grande satisfação dos clientes por sempre encontrarem os produtos que procura. O único problema relatado foi que às vezes não encontrarem as peças do tamanho desejado. Tabela 11: Compra em outra loja ? Item Sim Não Total.................................................. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2009 Nº Participante 20 2 22 Percentual 90,91 9,09 100 Destes clientes, a maioria compra em outras lojas que podem ser comparadas ao mesmo nível da Saison. Eles buscam outros valores e tipos de diferenciação, pois os concorrentes vendem marcas luxo diferentes das comercializadas pela Saison. Tabela 12: Compraria marca de luxo feito de produtos recicláveis. Item Sim Não Total.................................................. Fonte: Elaborada pelas autoras, 2009 Nº Participante 20 2 22 Percentual 90,91 9,09 100 Finalizando o questionário, foi realizada esta pergunta para analisar como anda o envolvimento desses clientes com o meio ambiente, mostrando resultado satisfatório, tendo em vista que a maioria deles compraria um produto de luxo feito de produtos recicláveis. Na pergunta aberta questionando o por quê consumiriam estes produtos, citaram que se a peça for bem elaborada, e agradá-los nos valores que 58 buscam, não importa o material de que ela é feita. Apenas dois entrevistados responderam que este tipo de vestuários não os agradam. Quando questionado sobre os motivos pelo quais estes clientes deixam de comprar produtos de luxo, grande parte dos entrevistados, justificou ser por motivos financeiros. O preço elevado das peças também foi citado como motivo que levam os clientes a não optarem pelo produto. 3.4 A palavra do Proprietário Marcos Rogério Gomes, do sexo masculino, bacharel em moda e com experiência na área de estilista de confecções, relatou: A aquisição dos produtos acontece através do contato com representantes regionais das marcas. É através deles que tomamos conhecimento dos eventos e showroom da marca. Em visita ao showroom, fazemos a escolha dos artigos que queremos vender na Saison: camisetas, vestidos, calçados, acessórios, calças, entre outros. Em seguida, é negociado com o representante as formas de pagamento. As marcas com as quais a Saison trabalha costumam realizar de 2 a 5 showroon no ano. Geralmente as marcas são encontradas apenas em um loja na cidade, como forma de exclusividade, mas em alguns casos, como os municípios que tem mais de 100 mil habitantes, elas concedem a representação há mais de uma loja na mesma cidade. Os representantes das marcas fazem exigências para os proprietários das lojas, principalmente nos quesitos de localização e instalações. Eles 59 avaliam até mesmo os provadores das lojas e é através dos representantes regionais que se obtêm a concessão para trabalhar com a marca. Há cerca de 2 meses a Saison começou a trabalhar com a marca Doc Dog, uma marca jeans wear a convite do próprio representante regional da marca. Ela era vendida em uma outra loja de Lins que foi fechada. O representante entrou em contato com a Saison, para saber se tinham interesse em vendê-la. O proprietário verificou a boa aceitação do seu público em relação à marca, que trabalha com: camisetas, vestidos, jeans e outros. O sócio-proprietário da Saison, citou como vantagem de possuir um empreendimento de luxo, o baixo índice de inadimplência e a baixa concorrência, em relação ao mercado de massa. Também em relação a este mercado, ele considera que a rentabilidade da Saison está em paridade com ele. O proprietário reconhece que o mercado de massa trabalha com altos giros de mercadorias e volume de vendas. Já a Saison trabalha com um giro menor, mas com uma margem de contribuição alta. Ao longo dos 15 anos da loja, o sócio-proprietário percebeu que o maior público consumidor da Saison pertence às classes B e C. Embora também trabalhe com produtos de luxo mais acessíveis às classes mais baixas. Os produtos mais caros que ele vende são os acessórios e as bolsas da marca Carmim. A bolsa mais cara da Carmim que já esteve em seu portfólio custou aproximadamente R$ 700,00. Também citou vestidos da referida marca como os mais caros. O vestido mais caro da marca vendido, custou R$ 1.200,00. Ao apresentar seus produtos mais caros para os clientes Marcos declarou que eles o perceberam como um produto luxuoso, ou seja, belo e exclusivo. Em relação ao tratamento aos clientes, o proprietário acredita que eles estão satisfeitos e que consideram ótimo os produtos, o atendimento e o ambiente oferecidos pela loja. Ele sempre obteve um feedback positivo dos clientes e até mesmo dos visitantes nesses aspectos. Apenas em relação às condições de pagamento, ele acredita que os clientes consideram como boa. Para agradar e manter seus clientes, a Saison utiliza o telemarketing para informá-los sobre as novidades. Marcos relatou que dessa prática ele obtém o retorno no mesmo dia e durante a semana. Além de oferecer 60 condições de pagamento especiais, customizadas, para os clientes mais antigos. A lealdade do cliente é avaliada através dos feedbacks que recebe. O ambiente da empresa é propício para que os clientes se abram e dêem o retorno em relação aos serviços e produtos oferecidos. O principal diferencial que a Saison oferece aos clientes, na visão do proprietário, é a diversificação de seus produtos e os estilos de roupas oferecidos. Em seguida, vem o atendimento. Os vendedores recebem e se despedem dos clientes na porta, fazem o acompanhamento deles desde a entrada, durante a escolha dos produtos na loja, até a sua saída. Segundo o proprietário, “a Saison veste da mãe à neta”. Hoje a loja não oferece nenhum produto personalizado com a marca Saison para seus clientes. No passado ela oferecia calçados e algumas peças de roupas personalizadas com o nome Saison. Os clientes não perceberam o valor proposto pela loja e esta atitude não deu certo. Os clientes não deram valor à marca local, pelo fato de a etiqueta ter origem em Lins. Nos primeiros anos da empresa, a comunicação e a divulgação da loja era realizada através do rádio e jornal. Hoje, os principais meios utilizados são o telefone e o e-mail. A Saison também participa de eventos, apenas um a cada ano. A empresa presa pelo prestígio e reputação da loja, seus meios de comunicação são muito pessoais, busca a atenção dos clientes pela sua vitrine e propaganda boca-a-boca. O proprietário disse já ter feito uso de outdoors, mas acredita não ter recebido retorno considerável. O local das instalações da Saison foi escolhido para dar maior visibilidade à empresa, de forma a chamar a atenção do público-alvo e para transmitir uma boa imagem e reputação, por a loja estar em um centro afastado, porém, movimentado. Para que o cliente desde sua movimentação para a chegada na loja, já saiba que está indo à busca da experiência do luxo. As marcas com as quais a Saison trabalha, foram escolhidas levando em consideração os benefícios que elas trariam para a empresa e o status que elas representam para loja e para as pessoas. A loja não trabalha com produtos sustentáveis. O proprietário acredita que o luxo e a diferenciação estão na matéria-prima diferenciada e de requinte. E não em uma matéria-prima, muitas vezes comum, como a dos produtos 61 sustentáveis. Ele também não identifica em seus clientes a busca por produtos de marcas sustentáveis, e acredita que esses tipos de marcas podem sim ser vendidas, mas não somente pelo fato de serem sustentáveis, e sim se trouxerem diferenciação, requinte e os demais atributos de um produto de luxo. A Saison possui de 1 a 3 concorrentes potenciais. O proprietário, identifica que seus maiores concorrentes são: a loja X e, em seguida, a Y. Elas também atendem o mesmo público da Saison, mas em segmentos e marcas diferentes, como por exemplo, uma delas vende roupas mais formais da marca Fórum, com a qual a Saison não trabalha. Em relação à crise atual, o proprietário não identificou impacto considerável em suas vendas. Houve um breve momento, quando ela começou a tomar mais proporção no Brasil, em que os clientes ficaram receosos, mas passou rápido e logo tudo voltou ao normal. O proprietário considera seu desenvolvimento ao longo desses anos de empresa como positivo, com crescimento estável e desenvolvimento melhorando a cada ano. 3.5 Discussão De acordo com o contexto que envolve este trabalho, concentraram-se os estudos nas estratégias de diferenciação implantadas pela Saison, as quais são responsáveis pelo desenvolvimento da empresa no Mercado de Luxo. O principal objetivo deste trabalho foi demonstrar as estratégias de diferenciação de produtos e serviços na Gestão de Luxo, utilizando como referência a loja Saison. Constata-se que os clientes escolhem o produto pela qualidade e beleza. Segundo Barth (1996), a legitimidade de uma marca premium fundamenta-se sobre a qualidade intrínseca do produto e seu refinamento, mas também na “lenda” associada àquele nome. A satisfação do cliente é um ponto primordial e, de acordo com Haag (Apud LACERDA, 2008), ele não está mais preocupado em impressionar socialmente, mas sim com sua satisfação pessoal e seu bem-estar. 62 Os consumidores de hoje desejam sofisticação em suas vidas e estão dispostos a pagar por ela e, além disto, aceitam produtos e serviços totalmente novos e inesperados do luxo. (DANZIGER, 2005) A marca é muito importante para os bens de luxo, pois demonstra valor agregado com uma imagem de qualidade. Segundo Kotler; Pfoertsch (2008), a marca é uma totalidade de percepções, de tudo o que se vê ; ouve; lê ; conhece; sente; pensa; entre outros, sobre um produto; serviço ou negócio. A metodologia aplicada na realização desta monografia foi a utilização de um referencial teórico, através de uma pesquisa bibliográfica, elaboração e aplicação de um questionário voltado aos proprietários e aos clientes da loja Saison. 3.6 Parecer sobre a pesquisa De acordo com a pesquisa realizada, notaram-se que os clientes valorizam a variedade e diferenciação das peças oferecidas pela loja Saison. Eles decidem primeiramente pela qualidade da peça; em seguida, pelo valor que elas lhes transmitem. Independentemente da renda declarada, buscam unir a qualidade da peça ao custo/benefício e ao valor percebido na mesma. Por isto, declararam que o vestuário de luxo não atribui característica especial ao seu usuário, a não ser o fato de estar bem vestido, usando peças diferenciadas e de qualidade. É desta união de fatores que surge a satisfação. Os clientes também apontaram que compram vestuário de luxo sempre que sentem vontade, pois já associaram a busca por beleza e diferenciação das peças com sua qualidade e muitos estão dispostos a pagar por isto. Quando a união de custo/benefício não atende a percepção de valor do cliente, acontece a situação em que ele deixa de comprar por motivos financeiros, pessoais ou por considerar o preço da peça elevado. Os clientes da Saison também se mostram abertos para consumir uma peça de luxo produzida com produtos recicláveis, desde que as peças atendam 63 os quesitos que eles já procuram nas peças de luxo clássicas, que são: qualidade, diferenciação e beleza ; tudo isto em um nível elevado. 64 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO A Saison mantém a liderança no mercado por vender marcas diferenciadas e por ser uma loja de maior destaque perante os concorrentes. Sugere-se que o portfólio dos produtos e o número de marcas sejam gradativamente aumentados, para que o cliente tenha mais opções, evitando ir ao concorrente para encontrar o produto desejado. É importante, também, retomar a estratégia da Vitrine Viva. Um fato esperado e admirado pelos clientes, algo realmente diferenciado no mercado. Sendo assim, a empresa obterá melhores resultados, crescimento rápido e dominará ainda mais o mercado de luxo na cidade de Lins e região. 65 CONCLUSÃO A estratégia competitiva da diferenciação busca ser única e singular em bens tangíveis ou intangíveis que seja valioso para o cliente. Analisando a distribuição destes bens, é importante reforçar a ideia de que algo importante não se encontra em qualquer lugar. Os consumidores de alta renda procuram pontos de venda qualitativos que possibilitem alcançar uma imagem diferenciada perante a sociedade. Estes pontos são lojas de marcas próprias, ateliês, butiques e espaços reservados em lojas seletivas. A estratégia de diferenciação é uma competência exclusiva de uma empresa, não pode ser copiada pelos seus concorrentes e gera uma posição de mercado distinto, superior e duradouro. Através dos estudos realizados na Saison, constatou-se que para atingir e manter-se líder no mercado é necessário investimento em estratégias de diferenciação e, a partir deste ponto, montar uma estratégia para se manter líder no seu segmento. Através das estratégias de diferenciação é possível enxergar outras possibilidades, até mesmo, de novos mercados. Ficou demonstrado teoricamente que mesmo sendo líder no mercado, a Saison pode e deve continuar com suas estratégias de diferenciação, investindo em marketing e diversificação do seu portfólio de produtos. 66 REFERÊNCIAS ALLÉRÈS, D. Luxo: estratégias de marketing. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. ANPTUR. Aquisição de vantagem competitiva por diferenciação: um estudo de atendimento virtual praticado em hotéis Resort no Brasil. 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APÊNDICES 73 APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso 1 INTRODUÇÃO Serão descritos os métodos e técnicas utilizadas na pesquisa, assim como os objetivos do estudo de caso e apresentação da Gestão de Luxo na boutique Saison de Lins. 1.1 Relato do trabalho referente ao assunto estudado a) Descrição das estratégias de diferenciação utilizadas pela Saison. b) Entrevistas com o responsável por vendas, o proprietário da boutique e com pessoas que adquirem produtos e serviços de luxo. 1.2 Discussão Confronto entre a teoria analisada através da revisão bibliográfica e a prática utilizada pelas pessoas obtida através de uma pesquisa de campo realizada na boutique Saison de Lins com a finalidade de verificar as estratégias de diferenciação e o que leva os consumidores adquirirem estes produtos. 1.3 Parecer final sobre o caso e sugestões sobre manutenção e modificações de procedimentos. 74 APÊNDICE B – Roteiro de Observação Sistemática I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Empresa: Localização: Cidade: Estado: Atividade Econômica: Porte: II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS 1 Estrutura física da empresa. 2 Procedimentos de vendas. 3 Verificar as estratégias de diferenciação utilizadas pela empresa. 4 Verificar a importância do luxo na vida das pessoas. 5 Avaliar o que leva as pessoas a adquirirem produtos de luxo. 75 APÊNDICE C – Roteiro de Entrevista para o Cliente I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Idade:.............................................................................. Sexo:............................ Residência – Cidade:...................................................... Estado:........................ Formação Acadêmica:......................................................................................... Experiência Profissional:....................................................................................... II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1 Qual a sua renda mensal? ( ) até 2 salários mínimos ( ) de 2 a 6 salários mínimos ( ) de 6 a 15 salários mínimos ( ) de 15 a 30 salários mínimos ( ) acima de 30 salários mínimos 2 Por que você compra vestuário de marcas de luxo? ( ) por impulso ( ) por status ( ) pela qualidade dos produtos ( ) para estar na moda ( ) outros __________________________________ 3 Qual a marca mais consumida por você? ( ) Carmin ( ) Cavalera ( ) M. Officer ( ) Puma ( ) outras ___________________________________________ 4 O que você leva em consideração na escolha de uma peça de luxo? ( ) a marca ( ) o valor pago ( ) o valor percebido 76 ( ) outros ________________________________________________ 5 Qual sensação você sente após a compra de um produto de luxo? ( ) satisfação ( ) auto-estima elevada ( ) exclusividade ( ) outra ________________________________________________________ 6 Você acredita que o vestuário de luxo atribui quais características aos seus usuários? ( ) status ( ) conformidade com a moda ( ) indicador de posição social ( ) nada, é apenas uma peça como qualquer outra ( ) outras______________________________________________________ 7 Em qual situação você compra peças do vestuário de luxo? ( ) sempre que sente vontade ( ) quando fica sabendo das novidades ( ) quando precisa ir a um evento social ( ) quando percebe que uma alguém próximo comprou ( ) outras _______________________________________________________ 8 Como foi seu primeiro contato com a Saison? ( ) indicação de uma amigo ( ) pela vitrine da loja ( ) pelo conhecimento das marcas vendidas ( ) através de um evento social ( ) outros ________________________________________________________ 9 O que o(a) motiva a comprar na Saison? ( ) o atendimento ( ) a variedade e exclusividade das peças 77 ( ) a beleza e estilo das pecas ( ) o ambiente confortável ( ) as condições de pagamento ( ) outros_______________________________________________________ 10 Em qual(is) situação(ões) você deixa de comprar um vestuário de luxo? 11 Existe algum produto que v. procurou na loja e não encontrou? ( ) Sim ( ) Não 11.1 Qual? ___________________________________________________ 12 Você compra produtos em outra loja? ( ) Sim ( ) Não 12.1 Qual? 13 a Você compraria uma marca de luxo que usa produtos recicláveis (malha pet, seda, lã, algodão orgânico, sementes)? ( ) sim ( ) não 12. 1 Por quê? 78 APÊNDICE D - Roteiro de Entrevista para o sócio-proprietário da loja. I – Dados de Identificação II – Perguntas 1. Quais as vantagens de ter um empreendimento de luxo? ( ) Baixo índice de inadimplência ( ) Maior rentabilidade ( ) Baixa concorrência ( ) público alvo ( ) outros.... 2 A quanto tempo existe a empresa? 3 Qual é a média de renda dos clientes da Saison? ( ) classe A: acima de 30 salários mínimos ( ) classe B: de 15 a 30 salários mínimos ( ) classe C: de 6 a 15 salários mínimos ( ) classe D: de 2 a 6 salários mínimos ( ) classe E: até 2 salários mínimos 4 Qual o produto mais caro da loja? (produto, marca, valor?) _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4.1 Como seu cliente considera este produto? ( ) normal ( ) necessário ( ) luxuoso 79 5 Como você acredita que seu cliente considera a empresa? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5.1 Em relação aos produtos oferecidos ( ) razoável ( ) boa ( ) ótima 5.2 Em relação ao atendimento: ( ) razoável ( ) boa ( ) ótima 5.3 Em relação ao ambiente da loja: ( ) razoável ( ) boa ( ) ótima 5.4 Em relação às condições de pagamento: ( ) razoável ( ) boa ( ) ótima 6 Quais estratégias você utiliza para fidelizar o seu cliente? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 80 7 Como você avalia a lealdade do seu cliente? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8 Qual diferencial que a Saison oferece aos seus clientes? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 9 A loja oferece algum produto personalizado com a marca Saison para seus clientes? Se sim, quais os retornos desta ação para a empresa? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 11- Quais as estratégias de comunicação e divulgação utilizadas? ( ) telefone ( ) e-mails ( ) outdoors ( ) outros ________________________________________________ 12 O que foi levado em consideração para a localização das instalações da Saison ? ( ) transmitir a boa imagem e reputação da loja ( ) criação do ambiente amplo e agradável ( ) retenção e captação do público alvo 13 O que foi levado em consideração na escolha das marcas com as quais trabalhar? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 81 14 A Saison trabalha com produtos sustentáveis? ( ) não ( ) sim. Quais? 14.1 A Saison tem planos para trabalhar com produtos sustentáveis? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 14.2 Você identifica nos seus clientes a busca ou interesse por estes produtos? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 15 Qual a quantidade dos concorrentes estabelecidos no setor? ( )1a3 ( ) 3 a5 ( ) 5 ou mais 15.1 Qual o seu maior concorrente? Por quais motivos? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 16 Qual o impacto da crise atual nas vendas da empresa? 17 Como você avalia o desenvolvimento da sua empresa e a procura dos clientes ao longo dos seus anos de estabelecimento? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________