FOTOTRANSDUÇÃO Os fotorreceptores são os responsáveis pela conversão da energia luminosa em alterações do potencial de membrana. Antes de falar sobre o processo de transdução, precisamos falar uma peculiaridade dos fotorreceptores: encontram-se despolarizados quando em completa escuridão. Essa despolarização ocorre devido ao influxo constante de sódio através de canais especiais de sódio presentes na membrana. Esse influxo constante de sódio é chamado de corrente de escuro. A partir desse conhecimento, podemos explicar o processo de fototransdução nos bastonetes e cones. A abertura desses canais de sódio é estimulada por um segundo mensageiro, o GMPc, produzido nos fotorreceptores pela guanilato ciclase. A energia luminosa ativa a rodopsina (fotopigmento responsável pela absorção da energia luminosa) que por sua vez estimula a proteína G transducina. Essa proteína G ativa uma enzima efetora, a fosfodiesterase (PDE). A PDE hidroliza o GMPc. Essa hidrolização reduz a concentração do GMPc, causando o fechamento dos canais de sódio e uma conseqüente hiperpolarização da membrana dos fotorreceptores. Quando eu e meu grupo de vias ópticas estávamos estudando esse assunto pro seminário de anatomia, a gente teve uma dúvida, que eu acho que deve ser a mesma de vocês. Como uma célula hiperpolarizada (na claridade) pode responder ao estímulo? Isso a gente só vai entender se pensarmos em nível de células ganglionares (não sei se vocês lembram, mas o sentido do estímulo é: fotorreceptor células bipolares células ganglionares). Os fotorreceptores, quando despolarizados, liberam glutamato. Quando estão hiperpolarizados, eles liberam menos ou não liberam glutamato. Para entender a aço do glutamato sobre as células bipolares, a gente precisa entender que há dois tipos de células bipolares: as do tipo ON e as do tipo OFF. As células bipolares do tipo ON são inibidas pelo glutamato. Já as do tipo OFF são excitadas. Se chega luz nos fotorreceptores. Esses fotorreceptores se hiperpolarizam e deixam de liberar glutamato na sinapse com as células bipolares do tipo ON, o que vai acontecer? Essas células vão deixar de ser inibidas pelo glutamato e vão transmitir o PA para as células ganglionares. Agora vamos pensar nas tipo OFF: chega a luz, hiperpolariza os fotorreceptores, que vão deixar de liberar glutamato para as células bipolares tipo OFF. Essas células vão deixar de ser estmuladas pelo glutmato, não enviando resposta para as células bipolares. Concluímos que as células tipo ON são ativadas em resposta a luz e as tipo OFF são inativadas. Agora vamos pensar de forma diferente: quando não chega luz nos fotorreceptores, ou seja, quando há presença de sombra. A sombra incide nos fotorreceptores, que são despolarizados. Como estão despolarizados, vão liberar glutamato. O glutamato liberado na sinapse com células bipolares do tipo ON vão inibir essa célula, fazendo com que a mesma não envie resposta às células ganglionares. Porém, se o glutamato for liberado na sinapse com as células tipo OFF, essas vão ser estimuladas, gerando uma resposta que segue para as células ganglionares. Concluímos então que na presença de sombra, as bipolares ON são inibidas e as OFF são excitadas. Agora deu pra entender como os fotorreceptores hiperpolarizados respondem ao estímulo, né? As células bipolares estão organizadas em campos, os campos receptivos. Esses campos são formados por duas regiões: o centro e a periferia. No centro, as células bipolares estão ligadas diretamente às células ganglionares. Já na periferia, as células bipolares estão ligadas às células ganglionares através das células horizontais. O paradísio diz que “os campos receptivos são organizados como centroperiferia, com centro e periferia antagônicos entre si”. Quando ele disse que são antagônicos entre si, ele quis dizer que se o centro é formado por células ON, a periferia vai ser formada por células OFF e vice-versa. Essa organização em centro-periferia passa das células bipolares para as células ganglionares. Na organização desses campos receptivos há a presença das células horizontais na periferia. Essas células funcionam como interneurônios inibitórios, liberando GABA. Elas ficam localizadas entre dois fotorreceptores. Centro Periferia Aqui em cima tem um esquema pra explicar com as células horizontais funcionam: chega luz num cone localizado na periferia. Esse cone vai hiperpolarizar e parar de liberar glutamato nas células horizontais. Como as células horizontais vão parar de receber glutamato, elas vão deixar de ser estimuladas e, consequentemente, não vão mais liberar GABA nos cones localizados no centro do campo. Como vão parar de liberar gaba, as células horizontais não vão mais bloquear os cones centrais, fazendo com que estes liberem glutamato nas sinapses com as células bipolares do tipo ON, inibindo-as. Essas células horizontais funcionam nos dois sentidos, tanto periferiacentro (o exemplo da figura), quanto centro-periferia. (essa parte do funcionamento das células horizontais foi o que eu entendi da aula de Dolores, por que não tem nada sobre isso no paradísio). Sabendo o funcionamento das células horizontais e como as diferentes células bipolares (ON e OFF) funcionam, dá pra saber como responde os diferentes tipos de campos (de centro-ON e de centro-OFF) ao estímulo luminoso. Por exemplo, se eu tenho um campo de centro-ON e incido luz no centro, esse centro vai responder com potenciais de ação. Se eu incido luz na periferia desse campo (a periferia é OFF), ela vai ser inibida. Espero que esse resumo tenha dado uma ajudinha. Acho que depois que vocês lerem isso, vai ficar mais fácil de entender o paradíso e a aula transcrita. Qualquer dúvida, mandem um e-mail pra mim ou pro pessoal de vias ópticas que a gente pode tentar ajudar! Bons estudos! Raíssa.