OS BENEFÍCIOS DA EQUOTERAPIA NAS REAÇÕES POSTURAIS DO PORTADOR DE HEMIPLEGIA PÓS ANEURISMA CEREBRAL Eduardo Angelo Brogni1 Fabiana Durante de Medeiros2 RESUMO O propósito dessa pesquisa foi verificar a eficácia da prática da Equoterapia na melhora do Mecanismo de Reflexo Postural Normal, de um portador de hemiplegia espástica pós aneurisma cerebral. Foi realizado um estudo de caso, onde, para tal contou-se com a amostra de um indivíduo que recebeu intervenção equoterápica, durante trinta atendimentos. Para fins comparativos e evolutivos, foram utilizadas fichas para avaliação fisioterapêutica, sendo aplicadas antes do primeiro atendimento e após o último, juntamente com anotações diárias para registro da evolução clínica do praticante, questionários e fotos. No processo de análise qualitativa dos dados, observou-se ao final dos atendimentos no praticante, evolução principalmente do seu Mecanismo de Reflexo Postural Normal, melhora nos aspectos relacionados ao tônus muscular, amplitude de movimento, força muscular, melhora da marcha, melhora emocional e uma maior independência. Considera-se que a prática da Equoterapia contribuiu para melhora física, psíquica e social do praticante. Palavras-Chave: Equoterapia, Mecanismo de Reflexo Postural Normal, Aneurisma Cerebral, Hemiplegia Espástica. ABSTRACT The purpose of this research went verify to efficiency of the pratice in the Equoterapia in the change for the better of the mechanie of the Reflex Postural Normal, of a bearch of hemiplegia espástica post cerebral aneurism. It was done a case study,where, for such it was counted oneself with the an individual’s sample that reseived intervention equoterápica, during thirty attendances. In order to comparative and evolutionary endes, records were used for evaluation fisioterapêutica, being applied before the first attendance and after the last, together whith daily annotations for the registration of the practiser’s clinical evolution, questionaires and photos. In the process of qualitative analysis of the data, it observed oneself at the endes of the attendaces in the pratiser, evolution mainly in its mechanism of Reflex postural Normal, improves in the aspects related to the muscular tônus, movement wicth, forces muscular, it improves of the march, it improves emotional and a greatest independence. It considered oneself that the pratice of Equoterapia contributed for the practiser’s physical, psychie and social improvement. Key-words : Equoterapia, Reflex’s Mechanism Postural Normal, Cerebral Aneurism, Hemiplegia Espástica. INTRODUÇÃO Hemiplegia, ou paralisia de um lado do corpo, é o sinal clássico de doença neurovascular do cérebro. É uma das muitas manifestações da doença neurovascular, e ocorre com derrames envolvendo o hemisfério cerebral ou o tronco cerebral. A disfunção motora de um hemiplégico decorrente de um aneurisma é um dos sinais clínicos mais óbvios da doença. Embora o local e tamanho da lesão vascular cerebral inicialmente determine o grau de função motora, a presença concomitante de comprometimento sensorial soma-se aos componentes do problema de disfunção motora (RYERSON, 1994). Os pacientes hemiplégicos são potencialmente incapacitados e se constituem num grande desafio para a reabilitação. Além de apresentarem comprometimento motor de um hemicorpo, manifestam alterações de outras funções do sistema nervoso. (GOMES et al, 1995). O quadro clínico mostra muitas variações dependendo do grau e da distribuição da espasticidade e do tipo de distúrbios sensoriais associados. Apesar da grande variedade de sintomas encontra-se certos distúrbios sensoriais e motores de um tipo similar na maioria dos pacientes, dentre eles os distúrbios no mecanismo de reflexo postural normal estão presente. (BOBATH, 1978). O mecanismo de reflexo postural normal é a base para a realização dos movimentos voluntários normais e especializados. Este consiste de um grande número e variedade de respostas motoras automáticas, as quais são adquiridas na infância e são gradualmente desenvolvidas durante os primeiros três anos de vida. (BOBATH, 1978). Um dos métodos terapêuticos indicados para o atendimento do portador de hemiplegia decorrente de um aneurisma cerebral é a Equoterapia, que utiliza o cavalo como instrumento cinesioterápico, buscando o desenvolvimento biopsicossocial do praticante. O cavalo surge no âmbito terapêutico como recurso complementar no tratamento de pacientes neurológicos, possibilitando ao fisioterapeuta e sua equipe a facilitação de movimentos que são transmitidos constantemente ao paciente. “As oscilações e o movimento do cavalo estimulam as reações de equilíbrio e um melhor controle de posição do tronco e da cabeça no praticante” (FRAZÃO, 2001, p.5). Os objetivos desta pesquisa seria: • Verificar os benefícios da Equoterapia nas reações posturais do paciente com hemiplegia pós aneurisma cerebral. • Realizar levantamento bibliográfico; • aplicar exercícios sobre o cavalo que possam facilitar as reações posturais; • registrar o que é feito em cada sessão, bem como, descrever as evoluções de cada atendimento; • comparar os dados das fichas de avaliação, antes e após a intervenção equoterápica. MATERIAIS E MÉTODOS Esta pesquisa caracteriza-se como sendo do tipo quase experimental, em decorrência da variação do plano clássico do experimento devido à necessidade de se realizar um pré-teste e pós-teste do grupo único (RUDIO, 2000). Conforme Rudio (2000), a amostra desta pesquisa foi classificada com nãoprobabilística do tipo intencional, constituindo-se de um adulto jovem, que sofreu um aneurisma cerebral, apresentando como seqüela hemiplegia espástica leve esquerda. O mesmo nunca realizou equoterapia. A pesquisa foi realizada no Centro de Equoterapia Criciúma CECRI em Criciúma/SC. Como instrumento para o coleta de dados da pesquisa foram utilizados: 1. Ficha de avaliação motora, utilizada no trabalho de Equoterapia da UNISUL/APAE, Tubarão/SC, elaborada pela professora Fabiana Durante de Medeiros e pelo professor Júlio César de Oliveira e Araújo, tendo como modelo à ficha de avaliação da Associação Gaúcha de Equoterapia (AGE), como método comparativo do praticante, antes e depois do período do tratamento; 2. Aplicação de um questionário com o praticante; 3. Anotações da evolução diária do praticante nos atendimentos; 4. registro através de fotos. Nesta etapa da pesquisa adotou-se os seguintes procedimentos: 1. Contato com o paciente, e sua disponibilidade para realização desta pesquisa; 2. Local para prática da Equoterapia, e disponibilidade da equipe; 3. Disponibilidade de deslocamento da casa do praticante para o CECRI; 4. Obtenção de material para avaliação e tratamento; 5. Tratamento realizado em média duas vezes por semana, no CECRI, num total de 30 atendimentos, com duração de 30 minutos (conforme a disposição e aceitação do paciente), durante o período de abril a setembro de 2002. 6. Observação e armazenamento dos dados relativos à evolução diária do praticante; Os dados obtidos através da avaliação fisioterapêutica motora na ficha de avaliação (Anexo A), anotações diárias na evolução do praticante (Anexo B), aplicação de um questionário com o praticante (Apêndice A). ANÁLISE DOS DADOS Após os trinta atendimentos com o praticante foi possível observar: Diminuição da Hipertonia muscular Observou-se, no início do tratamento equoterápico, que o praticante apresentava uma hipertonia leve, que acometia seu hemicorpo esquerdo, resultando assim em uma hemiplegia espástica leve. Esta hipertonia leva o praticante a adotar posturas anormais com movimentos restritos, limitação funcional e propensão as instalação de padrões posturais patológicos criando assim um desequilíbrio muscular. Segundo Kumagai (1998), a espasticidade é uma das causas de limitações dos movimentos em pacientes neurológicos. Obteve-se melhora do grau de espasticidade do praticante com uma conduta terapêutica com ênfase em mobilizações passivas e alongamentos com o cavalo parado, utilização do passo como andadura predominante, inibição do padrão patológico, dissociação de cinturas escapular e pélvica, mudanças de posições e relaxamento. O paciente em vários dias de atendimento relatou um maior relaxamento, “a mão está menos fechada, consegui dar algumas capinadas na terra”. “Em toda literatura estrangeira e italiana, o passo foi sempre descrito como a andadura por excelência das atividades que usam o cavalo como meio terapêutico. Os grupos musculares espásticos, pelo efeito do movimento cíclico do cavalo, recebem alternativamente o impulso resultante póstero-antero-lateral, com diminuição da espasticidade sob o efeito da mobilização passiva, suave, gradual e simétrica” (CITTÉRIO, 1999). Aumento da Amplitude de Movimento passiva Quadro 1: Amplitude de movimento passiva do praticante (ADM) ADM Normal Avaliação Reavaliação Flexão dorsal 0º - 20º 5º 20º Flexão plantar 0º - 45º 5º 21º Adução 0º - 20º 15º 20º Abdução 0º - 40º 20º 18º Ao iniciar o tratamento equoterápico, através do exame físico, constatou-se com o uso do goniômetro uma diminuição das amplitudes de movimento passiva do tornozelo esquerdo. Obteve-se 5º de flexão dorsal, 5º de flexão plantar, 15º de adução e 20º de abdução Após os trinta atendimentos foi possível constatar o aumento das amplitudes de movimento do tornozelo esquerdo. Com a reavaliação, obteve-se 20º de flexão dorsal, 21º de flexão plantar, 20º de adução e 18º de abdução da articulação do tornozelo esquerdo. Conforme Marchizeli (1999), a Equoterapia é capaz de aumentar a amplitude de movimento global das articulações. Aumento da Força Muscular Quadro 2: Força muscular Força muscular Avaliação Reavaliação FLE. EXT. ABD.ADU. RI. RE. FLE. EXT. ABD.ADU. RI. RE. Ombro 1 1 1 1 4 4 4 3 4 5 5 5 Cotovelo 4 4 - 4 5 - Punho 1 0 0 0 - 4 0 0 0 - Quadril 4 3 3 4 4 4 5 5 5 5 4 4 Joelho 1 3 - 3 4 - tornozelo 1 1 0 1 - 3 1 0 1 - O praticante apresentava antes de começar a Equoterapia uma diminuição do grau de força muscular, principalmente da musculatura distal dos MMSS e dos MMII. Na avaliação os graus de força muscular do ombro eram: flexão 1, extensão 1, abdução 1, adução 1, rotação interna 4 e rotação externa 4. Os graus de força muscular do cotovelo eram: flexão 4 , extensão 4. Os graus de força muscular do punho eram: flexão 1, extensão 0, abdução 0 e adução 0. Os graus de força muscular do quadril eram: flexão 4 extensao 3, abdução 3, adução 4, rotação interna 4 e rotação externa 4. Os graus de força muscular do joelho eram: flexão 1 e extensão 3. Os graus de força muscular do tornozelo eram: flexão 1, extensão 1 abducao 0 e adução 1. Após os trinta atendimentos equoterápicos, com a reavaliação os graus de força muscular do ombro passaram a ser: flexão 4, extensão 3, abdução 4, adução 5, rotação interna 5 e rotação externa 5. Os graus de força muscular do cotovelo passaram a ser: flexão 4 e extensão 5. Os graus de força muscular do punho passaram a ser: flexão 4, extensão 0, abdução 0 e adução 0.Os graus de força muscular do quadril passaram a ser: flexão 5, extensão 5, abdução 5, adução 5, rotação interna 4 e rotação externa 4. Os graus de força muscular do joelho passaram a ser: flexão 3 e extensão 4. Os graus de força muscular do tornozelo passaram a ser: flexão 3, extensão 1, abdução 0 e adução 1. Ao final dos trinta atendimentos foi possível constatar um aumento do grau de força muscular, da musculatura comprometida. Conforme Medeiros; Dias (2002), a força muscular é adquirida por meio dos reajustes corporais constantes propiciados pelos deslocamentos do centro gravitário e pelas atividades propostas pelo terapeuta de acordo com as necessidades observadas no momento terapêutico. Melhora do MRPN Quadro 3: Posturas Posturas Curvas fisiológicas normais Protusão cervical Retificação cervical Estát. ( ) (X ) ( ) Avaliação Dinâm. Fora do cavalo ( ) ( ) (X ) (X ) ( ) ( ) Estát. ( ) ( ) ( ) Reavaliação Dinâm. Fora do cavalo ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Hiperlordose cervical ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Hiperlordose lombar (X ) (X ) (X ) ( ) ( ) (X ) Retificação lombar ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Escoliose em “S” (X ) (X ) (X ) (X ) (X ) (X ) Escoliose em “C” ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Outros ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) As reações de equilíbrio e endireitamento, que constituem o MRPN, estavam mais comprometidas antes do início dos trintas atendimentos equoterápicos. Por intermédio da avaliação inicial constatou-se uma deficiência do praticante em manter o equilíbrio em algumas movimentos com o cavalo, bem como seu endireitamento corporal. Através das fotos, da avaliação final, da evolução diária e do questionário foi possível constatar uma melhora significativa no MRPN. O paciente relatou na evolução diária um relaxamento e melhora do equilíbrio. Na avaliação o praticante apresentava uma protusão cervical, com o cavalo parado em movimento e fora do mesmo, após os trinta atendimentos equoterápicos o praticante não apresenta mais uma protusão cervical. O praticante apresentava uma hiperlordose lombar com o cavalo parado em movimento e fora do mesmo, após os trinta atendimentos equoterápicos o mesmo apresenta apenas uma hiperlordose fora do cavalo. Tanto antes como após os trinta atendimentos equoterápicos, o praticante permanece com uma leve escoliose em “S”. Segundo Rosa (1999), a Equoterapia, por meio do movimento tridimensional do dorso do cavalo, da sinérgica ação da musculatura agonista e antagonista, irá resgatar o mecanismo do reflexo postural global, mantendo a postura e o equilíbrio. Conforme Medeiros; Dias (2002), a equoterapia proporciona ao paciente melhora do equilíbrio, pela estimulação constante que o movimento tridimensional do cavalo realiza sobre os sistemas vestibular, cerebelar e reticular do paciente. Equilíbrio estático Equilíbrio no cavalo Sem apoio (AS) Apoio unilateral (AU) Apoio bilateral (AB) Sem estribo (SE) Com estribo (CE) Avaliação ( SASE) Reavaliação (SASE) Tanto antes quanto após os trinta atendimentos equoterápicos o praticante no cavalo parado ficava sem apoio e sem os pés no estribo. Equilíbrio dinâmico Equilíbrio no cavalo Linha direta Avaliação Reavaliação (SASE ) (SASE ) Curva aberta para a direita (SASE ) (SASE ) Curva aberta para a esquerda (SASE ) (SASE ) Curva fechada para a direita (AUSE ) (SASE ) Curva fechada para a esquerda (AUSE ) (SASE ) Curvas inesperadas (AUSE ) (SASE ) Ziguezague (AUSE ) (SASE ) Andar/parar (AUSE ) (SASE ) Alterações no ritmo das passadas (AUCE ) (AUSE ) Olhos fechados (AUCE ) (SACE ) Produzindo com o cavalo um linha direta, uma curva aberta para a direita e esquerda, o praticante antes e após os trinta atendimentos permaneceu sem apoio e sem os pés no estribo. Curvas fechadas para direita e esquerda, curvas inesperadas, ziguezague e andar/parar com o cavalo o praticante evoluiu do apoio unilateral sem estribo para sem apoio sem estribo. Alterações no ritmo das passadas o praticante evoluiu do apoio unilateral com estribo para o apoio unilateral sem estribo. O praticante com olhos fechados evolui do apoio unilateral com estribo para sem apoio com estribo. Melhora da Coordenação Motora Quadro 6: Coordenação motora Coordenação motora Negligência do membro Ataxia Atetose Avaliação (X) ( ) ( ) Reavaliação (X) ( ) ( ) Coordenação ampla MMSS Dissoc.cintura escapular Dissoc. cintura pélvica Rotação tronco p/ dir. Rotação tronco p/ esq. Pegar objetos Arremessar objetos Movimento unidirecional Movimento contralateral Tocar no cavalo Movimento simétrico Movimento assimétrico Comando do cavalo (X (X (X (X (X (X (X ( -(X ( -(X (X ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) (X (X (X (X (X (X (X (X (X ( -(X (X ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) (X (X (X (X (X ) ) ) ) ) (X (X (X (X (X ) ) ) ) ) (X ( -( -( -- ) ) ) ) (X ( -( -( -- ) ) ) ) Coordenação ampla MMII Bater pés barriga cavalo Colocar pés no estribo Tirar pés do estribo Movimento concomitante Movimento alternado Coordenação fina Apreensão de objetos Uso bilateral Manipular objetos trocando as mãos Jogos (X ) (X ) Movimentos. Intensionais ( -- ) ( -- ) Durante a avaliação, identificou-se uma diminuição da coordenação motora ampla de MMSS e MMII e da coordenação motora fina, em atividades realizadas em cima do cavalo. No decorrer dos atendimentos foi possível constatar uma melhora da coordenação motora ampla, principalmente de MMII. Foi constado quanto o praticante conseguiu colocar e retirar sem auxilio os pés do estribo, através do montar e apear sem auxílio na rampa e por intermédio da avaliação inicial e final. “A interação cavalo-cavaleiro propicia ganhos na parte biológica: controle de postura, normalização do tônus muscular, melhoria da coordenação motora, redução de espasmos e estimulação tátil vestibular” (FRAZÃO, 2001). No início da avaliação o praticante apresenta uma negligência mais acentuada do membro esquerdo do que após os trinta atendimentos equoterápicos. Em relação à coordenação ampla dos MMSS, o praticante evolui de um movimento contralateral negativo para um positivo, o movimento simétrico não evolui para melhor e os movimentos restantes permaneceram inalterados após os trinta atendimentos equoterápicos. Melhora emocional Conforme o praticante observava a cada atendimento sua melhora física, sua parte emocional e social melhoravam proporcionalmente. Constatou-se desta forma a melhora biopsicossocial através do questionário e da evolução clínica do praticante. O paciente relatou que: “Minha vida hoje está melhor, sinto mais disposição e mais vontade de trabalhar, com meus amigos ficou melhor o convívio, a Equoterapia trouxe bastante coisa boa, foi muito bom, fiquei com mais coragem para sair e para fazer as coisas”. De acordo com Medeiros; Dias (2002), os benefícios psicossociais proporcionados pela Equoterapia, são adquiridos por motivação que impulsiona o individuo pelo desejo e prazer, conseguindo atrair a atenção e com isso aumentar o grau de concentração, de iniciativa, auto-estima, autocontrole, autoconfiança, gerando liberdade e independência para maior interação social. Na coordenação ampla de MMII, os movimentos realizado pelo praticante antes e após os trinta atendimentos permaneceram inalterados. Na coordenação fina, os movimentos realizados pelo praticante antes e após os trinta atendimentos permaneceram inalterados. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base em vários momentos deste estudo, desde a etapa de contextualização do problema, do referencial teórico, da metodologia do trabalho, análise e discussão dos resultados, tornou-se possível à obtenção de importantes considerações finais contemplando, principalmente, os objetivos específicos desta pesquisa. Sendo assim, considera-se que: Primeiramente foram dados explicações e esclarecimentos sobre a pesquisa para o praticante e sua família, detalhes como: horários, dias de atendimento, meio de transporte até o Haras, tempo de sessão, vestimenta, equipe auxiliar, atividades realizadas em cima do cavalo, disponibilidade do praticante para fotos e filmagem, considerando de suma importância à assiduidade e disponibilidade para os atendimentos, mantendo assim uma seqüência de tratamento. Observou-se, no que se refere ao atendimento no Haras, que o terapeuta e sua equipe precisaram investir em criatividade tanto em recursos materiais como em ambiente para atendimento equoterápico, possibilitando assim, que todas as necessidades do praticante fossem atendidas. O investimento em criatividade não foi algo difícil, pelo fato que o tratamento equoterápico, proporciona constantemente novas idéias para construir meios que facilitaram a aquisição do movimento normal do praticante. De acordo com a comparação da ficha de avaliação com a evolução clínica do praticante, evidenciaram-se os principais ganhos do praticante com a terapia, como diminuição da espasticidade, aumento da amplitude de movimento, aumento da força muscular, melhora do MRPN, melhora da marcha, melhora emocional e maior independência. Sendo assim, através da prática da Equoterapia confirmou-se a melhora do Mecanismo de Reflexo Postural Normal do portador de hemiplegia espástica leve, bem como a melhora de seu estado emocional e social, relatado pelo próprio paciente e observado pela equipe. A Equoterapia possui uma abordagem bastante ampla e fascinante para o principiante, na arte de cavalgar, a satisfação é mútua tanto para o cavaleiro como para equipe que vê o cavalo como nova abordagem para tratar diversas patologias que dificultam o desenvolvimento de muitas pessoas. A Equoterapia, por ser um novo método terapêutico, na área de reabilitação de pessoas portadoras de necessidades biopsicossociais, se faz necessário novas pesquisas, publicações, estudos, trabalhos para uma maior divulgação, tornando-a um campo disponível para atuação profissional e científica. Por intermédio desta pesquisa foi possível observar que a Equoterapia possibilita também um trabalho de interação entre profissionais de várias áreas, possibilitando a união e crescimento de vários conhecimentos em prol de pessoas debilitadas em suas potencialidades. A pessoa com disfunção física psíquica ou social é quase sempre excluída da sociedade, levando-a a um mundo diferente das demais pessoas que a cercam. Num centro de Equoterapia é diferente, pois existe uma interação de diversas pessoas com ou sem problemas de desenvolvimento em igualdade de condições junto à natureza, esquecendo assim suas dificuldades emocionais, físicas e sociais. REFERÊNCIAS BOBATH, B. Hemiplegia em adultos: avaliação e tratamento. 3. ed. São Paulo: Manole, 1978. BOBATH, B. Atividade postural reflexa anormal causada por lesões cerebrais. 2. ed. São Paulo: Manole, 1978. CITTÉRIO, D. N. Os exercícios de Neuromotricidade no quadro das hipóteses de Reabilitação neuroevolucionística. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EQUOTERAPIA, 1., 1999, Brasília. Resumo... Brasília: CESPE/UnB, 1999, p. 35-42. FRAZÃO, T. Equoterapia: recurso terapêutico em discussão. O COFFITO, São Paulo, v. 4, n.11, jun. 2001, p. 4-8. GOMES, C. et al. Reabilitação em Hemiplegia. In: LIANZA, S. Medicina de Reabilitação. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. cap. 19, 268-287. KUMAGAI, Y. N.; ZONTA, B. M. Espasticidade: Tratamento. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 10, n. 2, p. 123-127, out. 1997, mar. 1998. MARCHIZELI, J. C. Equoterapia em um caso de paralisia cerebral com diplegia espástica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EQUOTERAPIA, 1., 1999, Brasília. Resumo... Brasília: CESPE/UnB, 1999, p. 215-218. MEDEIROS, M. DIAS, E. Equoterapia: Bases & Fundamentos. Rio de Janeiro: Revinter, 2002. RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 28. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. ROSA, J. S. Flexibilidade do equilíbrio de tronco no lesado medular: abordagem equoterápica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EQUOTERAPIA, 1., 1999, Brasília. Resumo... Brasília: CESPE/UnB, 1999, p. 213-214. RYERSON, S. D. Hemiplegia resultante de dano ou doença vascular. In: . UMPHERED, D. Fisioterapia neurológica. 2. ed. São Paulo: Manole, 1994. cap. 22, p. 615-625.