Atuação da Fisioterapia na Prevenção da Síndrome do Imobilismo

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Atuação da Fisioterapia na Prevenção da
Síndrome do Imobilismo em Pacientes Acometidos por Fraturas
Cominutivas no Membro Inferior
Marcos Sérgio Silva de Oliveira 1
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia – Faculdade FAIPE
Resumo
Introdução: As fraturas cominutivas são aquelas que possuem mais de dois fragmentos, estas
por sua vez devido ao grau de complexidade podem levar ao comprometimento da
mobilidade. O tempo prolongado no leito pode resultar no que a literatura médica
convencionou denominar de Síndrome do Imobilismo. Objetivos: Este estudo teve por
objetivo mostrar a importância da fisioterapia na prevenção da síndrome do imobilismo e
identificar os benefícios da fisioterapia durante o processo de imobilização do paciente com
fratura cominutiva. Metodologia: A pesquisa foi caracterizada como revisão de literatura, o
período estabelecido para a busca do material bibliográfico foi de dezembro de 2014 a
fevereiro de 2015. Foram revisados artigos encontrados em bases de dados de sites científicos
como: Scielo, Bireme, sites de universidades, revistas especializadas e livros datados entre os
anos de 1992 a 2012. Resultados: foram encontrados na literatura resultados positivos a
respeito da aplicação de técnicas da fisioterapia como forma de prevenção da síndrome do
Imobilismo. Foi identificada na literatura a aplicação de diversas técnicas de maneira passiva,
ativa e ativo-assistida. Conclusão: Além de favorecer e estimular a mobilização do paciente,
o fisioterapeuta pode contribuir para que outras complicações não se estabeleçam de modo a
promover o bem estar e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Palavras chave: Fisioterapia, Síndrome do Imobilismo, Fraturas Cominutivas no Membro
Inferior.
1. Introdução
O termo trauma deriva do grego, etimologicamente, significando “ferida”. Na medicina
possui vários significados ambos ligados a situações não previstas e indesejáveis acometidas a
um sujeito e nele produzindo algum tipo de dano. O trauma é percebido por muitos estudiosos
como um evento devastador da sociedade moderna, posto que se constitui em uma epidemia
silenciosa e letal, a ponto de lhe ser conferido status de problema na área da saúde pública
(MATTOS e SILVÉRIO, 2012).
Segundo Valente, Catarino, Ribeiro (2012) os traumas podem ser de dois tipos: fechado e
penetrante.
No trauma fechado existem duas forças envolvidas no impacto, compressão e
laceração/estiramento. Ambas podem produzir cavitação. A laceração/estiramento
surge como resultado da mudança abrupta de velocidade por parte de um órgão ou
estrutura. Esta diferença na aceleração ou desaceleração faz com que partes de
1
Pós-Graduando de Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia.
² Orientadora - Fisioterapeuta, Mestra em Bioética e Direito em Saúde.
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órgãos/estruturas se separem conduzindo ao rasgar de tecidos (VALENTE,
CATARINO, RIBEIRO, 2012, p. 12).
O trauma fechado é decorrente muita das vezes de acidentes com veículos automóveis,
motociclos, atropelamento, quedas etc.
O trauma penetrante, por sua vez, geralmente é “causado por armas branca, armas de fogo ou
pela penetração de objetos no corpo. [...] as suas consequências clínicas dependem da energia
transferida no momento do impacto e do local da lesão” (VALENTE, CATARINO,
RIBEIRO, 2012, p. 17).
Ambos os traumas podem atingir partes variadas do corpo e dependo da localização e
fisiologia afetada receberá denominações específicas. Quando a parte afetada do corpo é um
osso recebe a denominação de trauma ortopédico.
O trauma ortopédico é uma fratura na qual se dá à ruptura da continuidade do osso, ocorrendo
quando a força aplicada sobre este é maior que a força que ele consegue suportar
(SMELTZER E BARE, 2005). Kisner e Kolby (2009), definem fratura como sendo uma
quebra estrutural na continuidade do osso, uma placa epifisária ou uma superfície articular
cartilaginosa. Às fraturas podem ser fechadas quando o osso fragmentado não aparece na
superfície, ou seja, quando não ocorre ruptura das partes moles superficiais, apenas o desnível
e movimento anormal dos ossos, ou aberta quando os ossos fraturados aparecem na superfície
corporal, devido aos rompimentos da carne e da pele (MUNIZ, 2007).
Kisner e Kolby (2009) relatam que os fatores de risco ante a esta questão incluem: o impacto
súbito, osteoporose e o histórico de quedas (sobretudo com o aumento da idade, baixos
índices de massa corporal e baixos níveis de atividade física) destacam ainda que os tipos de
fraturas podem ser: transversa, oblíqua, espiral, longitudinal e cominutiva.
O presente trabalho tem assim o objetivo de mostrar a importância da fisioterapia na
prevenção da síndrome do imobilismo e identificar os benefícios da fisioterapia durante o
processo de imobilização do paciente com fratura cominutiva. Ao longo deste apresentamos
breve fundamentação e elementos resultantes do estudo realizado.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Fraturas cominutivas nos membros inferiores
As fraturas cominutivas são aquelas que possuem mais de dois fragmentos afetados (KISNER
E KOLBY 2009). Quando ocorrem no membro inferior, dificulta a mobilização a partir e
nesta parte do corpo.
O membro inferior é responsável pelo suporte e mobilidade do corpo humano, suas estruturas
são inervadas pelos plexos lombar e sacral (KENDAL et al., 2007). As articulações do
membro inferior são: Articulação do quadril, Articulação do joelho e Articulação do tornozelo
(HOPPENFELD, 2008).
Os membros inferiores são constituídos pelos seguintes ossos: íleo, ísquio, pubes, fêmur,
patela, tíbia, fíbula, ossos do tarso, ossos do metatarso e falanges (MIRANDA, 2008).
O fêmur é o osso mais longo e resistente, tendo como composição o osso compacto e
esponjoso e pelo corpo a diáfise e duas extremidades, as epífises: a proximal que se articulam
com o osso do quadril pelo acetábulo da pelve com a cabeça do fêmur estabilizada por um
conjunto de ligamentos capsulares, e a distal com a patela e a tíbia, colocando os joelhos e pés
mais próximos da linha mediana do corpo, sendo contornado por partes moles
(VASCONCELOS, 2012).
As figuras, 1 e 2, ilustram exemplos de fratura cominutiva nos membros inferiores. A
primeira em osso do pé e a segunda no osso da tíbia.
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Figura 1 – Fratura Cominutiva do Pé
Fonte: Rev Bras Anestesiol, 2006.
Nesta imagem percebemos claramente a fratura cominutiva nas partes que se despreendem
nos pés. Neste caso, a mesma, resultou no Bloqueio do Nervo Isquiático Via Médio Lateral da
Coxa como Opção Anestésica no Trauma.
Figura 2 – Fratura Cominutiva da Diáfise da Tíbia Esquerda
Fonte: http://www.lookfordiagnosis.com
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Esta imagems demonstra fratura cominutiva com rompimento triplo no segmento ósseo.da
diáfise da tíbia esquerda.
Kisner e Kolby (2009), sobre as fraturas cominutivas mencionam alguns padrões, conforme
observamos na figura abaixo.
A
B
C
Figura 3 – Padrões de Fraturas Cominutivas.
Fonte: Kisner e Kolby (2009), Exercícios Terapêuticos, pág. 335.
O padrão (A) em forma de cunha ou borboleta, (B) a fratura em 2 ou 3 níveis segmentares.
(C) fraturas com múltiplos fragmentos. Para os referidos autores mesmo nos casos em que a
fratura apresenta centenas de fragmentos, são ainda descritas como cominutivas,
Para Barbieri et al. (2001), algumas fraturas, principalmente as que apresentam cominuição,
traços intra-articulares e grandes desvios, representam um desafio ao tratamento conservador,
dada a dificuldade em obter e manter uma redução que restabeleça a congruência articular e
produza resultados clínicos e funcionais satisfatórios.
A utilização de fixadores nas fraturas cominutivas é um procedimento essencial no processo
de reabilitação (Ver figura 4). A utilização destes fixadores podem causar intensos episódios
álgicos. Segundo Imamura et al., (1995), a dor é o principal sintoma que interfere no ganho
funcional dos doentes acometidos de fratura cominutiva.
Figura 4 – Fratura Cominutiva do Colo do Fêmur com utilização de fixadores.
Fonte: Revista Acta Ortopédica Brasileira, 2010, Tratamento das fraturas femorais
subtrocantéricas com placas de bloqueio lateral da parte proximal do fêmur.
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O tratamento ante a estas situações na maioria das vezes resulta em cirurgia, com a utilização
de fixadores internos e externos no processo de reabilitação dos pacientes, isto depende da
situação e gravidade do problema. No que se refere à necessidade de mobilização precoce do
paciente sobre tal situação, esta é uma questão que cada vez mais se faz premente, uma vez
que durante muito tempo prevaleceu o posicionamento de que diante da doença, o ideal seria
o repouso. Logo, muitas pessoas diante de tal quadro, permaneciam longos períodos
imobilizados. Segundo Halar e Bell (1992), após a II Guerra Mundial, a experiência de
mobilização precoce de pessoas acometidas por lesões trouxe mais benefícios que danos,
apresentando um novo entendimento sobre o que até então vinha se desenvolvendo como
terapêutica.
Sabemos que dependendo do local e do modo como as fraturas cominutivas se apresentam,
far-se-á necessário a imobilização isolada de determinadas partes do segmento corporal, o que
não deve ser a sua totalidade. É importante destacar que devido ao uso dos fixadores externos
e internos, o paciente tende a evitar o movimento, uma vez que o mesmo resulta em um
quadro de muita dor. Contudo é necessário que este atende para a questão de que o processo
de imobilização pode acarretar sérios problemas às demais partes do corpo não afetadas,
gerando agravos à sua saúde e podendo conduzir ao que a literatura médica convencionou
denominar de Síndrome do Imobilismo.
2.2 Síndrome do Imobilismo
A Síndrome do Imobilismo pode ser definida como um descondicionamento ou redução da
capacidade funcional de todos os sistemas do organismo, em decorrência de um período
prolongado de imobilização no leito (ARRIAGADA; BACCO e CARRASCO, 1997,
ARTILES; RODRÍGUES e SUÁREZ, 1997, HALAR e BELL, 1992, OLIVEIRA; HADDAD
e KOYAMA, 1999, RUIZ e PARDO, 2001 In CAZEIRO 2010, p.153).
Segundo CHAIMOWICZ et al (2009), caracteriza-se por ser um
[...] conjunto de sinais e sintomas decorrentes da imobilidade, por restrição a uma
poltrona ou ao leito, por tempo prolongado, associada a múltiplas causas e com
implicações físicas e psicológicas e que pode levar ao óbito. Caracteriza-se por um
complexo de sinais e sintomas resultantes da limitação de movimentos e da
capacidade funcional que geram empecilho à mudança postural e a translocação
corporal. (p. 165).
Esta síndrome é resultante de um tempo prolongado de repouso. Excedendo o tempo,
caracterizado como tal. Segundo Fernandes et al (2013), considera-se que de 7 a 10 dias a
imobilidade no leito represente um período de repouso, de 12 a 15 dias de imobilização e a
partir de 15 dias decúbito de longa duração.
É certo mencionarmos que um período de imobilização e/ou decúbito de longa duração,
conduzirá o corpo a apresentar dificuldades em seu funcionamento. Silva et al (2010)
menciona que o imobilismo acomete o sistema muscoesquelético, gastrointestinal, urinário,
cardiovascular, respiratório e cutâneo e que intervenções precoces são necessárias para
prevenir problemas físicos e psicológicos. Halar e Bell (1992) citam que “os efeitos adversos
da imobilidade podem superar seus efeitos terapêuticos, tornando-se mais problemático que a
doença primária” (p.519).
Geralmente, o sistema
seguido das alterações
pressão, especialmente
proeminências ósseas.
musculoesquelético é o mais acometido pelo imobilismo,
tegumentares, que promovem a formação de úlceras de
em lugares com pouco tecido adiposo e nos locais de
Dentro do período de imobilidade no leito, o sistema
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cardiovascular também apresenta alterações em seu funcionamento, sendo que no
quadro de complicações de maior relevância encontram-se a hipotensão postural e a
trombose venosa profunda (TVP). Falta de apetite, diminuição de volume
plasmático e da absorção de nutrientes, desidratação e dificuldade no esvaziamento
da bexiga por fraqueza da musculatura do abdome e do assoalho pélvico também
são manifestações presentes na síndrome do imobilismo. No sistema respiratório, as
ameaças mais comuns são a perda de trocas gasosas eficazes devido a uma alteração
na relação V/Q (ventilação/perfusão), diminuição dos movimentos diafragmáticos e
da musculatura intercostal por perda de força muscular, e aumento da frequência
cardíaca devido a uma redução da respiração alveolar, que se torna mais
superficial (SILVA, 2014)
Dentre as principais alterações do sistema muscoesquelético resultantes do imobilismo estão:
a diminuição da força muscular, a resistência à fadiga e a força exercida pela gravidade nos
ossos e tecidos de apoio (DITTMER e TEASELL, 1993).
Para Aquino; Viana & Fonseca (2005), Caierão, Teodori e Minamoto (2007) in Cazeiro
(2010)
O sistema musculoesquelético é comumente acometido pela Síndrome do
Imobilismo, causando atrofia das fibras musculares e fraqueza muscular. Por 3 a 5
semanas de imobilização pode-se perder até metade da força muscular. Outras
alterações incluem rigidez articular, encurtamentos, contraturas, deformidades,
osteoporose por imobilização e mudanças no tecido conjuntivo (p. 153).
Ainda segundo Cazeiro (2010), durante o repouso prolongado, há uma tendência para a
formação de contraturas em posição de conforto (flexão de quadris e joelhos, tornozelos em
flexão plantar, adução e rotação interna do ombro, flexão do cotovelo, punho e dedos), como
limitações secundárias que dificultarão a mobilidade.
Em relação às complicações acometidas ao aparelho respiratório, destacamos a diminuição da
capacidade respiratória volume minuto. Diminuição do movimento do diafragma e da
excursão torácica em decorrência do comprometimento da função muscular.
Quanto ao Sistema Respiratório, a diminuição do movimento diafragmático e da
excursão torácica leva a um aumento da resistência mecânica à respiração,
diminuição da ventilação, redução da tosse e dificuldade para a eliminação das
secreções, o que pode ocasionar graves complicações, tais como atelectasia e
pneumonia hipostática. A posição deitada gera um acúmulo de líquido na base dos
pulmões, que serve de cultura para a proliferação de bactérias (CAZEIRO, 2010, p.
154).
Sobre esta questão Marcucci (2005) menciona uma complicação frequente em pacientes
acamados, a atelectasia. A atelectasia refere-se ao fechamento parcial ou total do alvéolo com
resultado de diminuição da capacidade funcional residual, da respiração superficial e
diminuição dos movimentos ativos e mudanças de decúbito. Pode levar a hipoxemia e ao
aumento de secreção, podendo ser prevenida com mudanças de decúbitos, incentivo da
atividade voluntária e aumento da profundidade da respiração.
No sistema cardiocirculalatório pode-se destacar aumento da frequência cardíaca, redução de
reserva cardíaca, hipotensão ortostática, hipotensão arterial, e tromboembolismo venoso
(FERNANDES, 2013). Perhonen et al (2001), observaram que mesmo em sujeitos normais, o
imobilização por um período de seis semanas causa alterações na função cardíaca. “Os
autores sugerem que esse fato ocorre devido à adaptação fisiológica à redução da carga e
trabalho miocárdico” (CAZEIRO, 2010, p. 154).
As alterações no Sistema Gastrointestinal podem ser de natureza referente:
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a perda do apetite, déficit nutricional, constipação e fecaloma (fezes endurecidas e
impactadas). Embora a constipação decorra de diferentes fatores, podemos citar
como possíveis causa a inibição da peristalse, a atonia muscular, a perda de volume
plasmático, a desidratação, a evacuação em posição não fisiológica (como ocorre no
uso de comadres) e o constrangimento social ( CAZEIRO, 2010, p. 154).
As úlceras por pressão e complicações cutâneas como micoses, ressecamentos, dermatite e
outras são problemas ocorrentes entre os casos dermatológicos, “O paciente em estado crítico
está sujeito às escaras; [...]. As escaras surgem quando a pele e as estruturas subjacentes são
comprometidas, fazendo com que o sangue seja desviado e os vasos sanguíneos sejam
forçosamente constritos, causa de isquemia e anoxia tecidual (KNOBEL, 2002)”.
Pode-se ter associado ainda a estas questões, problemas de ordem social e psicológica, uma
vez que o paciente fica à margem de suas atividades funcionais cotidianas. imobilismo.
A perda ou diminuição da capacidade funcional do paciente impede ou modifica a
sua vida pós-internação, independentemente de continuar seu trabalho e desfrutar de
uma vida social. A imobilidade prolongada pode alterar também o estado emocional
do paciente, independente da patologia que o levou ao decúbito prolongado,
podendo apresentar ansiedade, apatia, depressão, labilidade emocional, isolamento
social entre outros [...] (LEAL, S/D, p. 4)
Estas são apenas algumas entre tantas outras complicações que podem resultar como
consequência do imobilismo.
Partindo deste pressuposto a intervenção precoce no sentido de prevenir tais complicações se
torna cada vez mais necessária na área da Saúde, sendo um trabalho a ser desempenhado com
eficácia pela equipe em contato direto com paciente e quando possível de modo
multidisciplinar.
Dentre os profissionais necessários neste processo destacamos a figura do fisioterapeuta, que
possui quando de sua formação, competências e habilidades, indispensáveis junto ao paciente
em tais condições.
2.3 Fisioterapia, Fratura Cominutiva e a Síndrome do Imobilismo
A Fisioterapia ao longo do seu estabelecimento como profissão passou por vários momentos,
até se constituir como importante elemento a se fazer presente na realidade da equipe
multidisciplinar em Saúde, junto à recuperação de pacientes em seus vários agravos e no que
aqui discutimos, no atendimento das situações de fratura cominutiva. Segundo Leal,
o trabalho do fisioterapeuta é, portanto uma construção humana, e suas possíveis
imperfeições são as marcas das práticas da profissão, no sentido de se afirmar
decisivamente como uma ciência intervencionista na saúde das pessoas. Seu
trabalho em equipe ganha contornos decorrente da observação do cotidiano e suas
formas de organização resultam da evolução da profissão ao longo de sua história,
enquanto ciência de intervenção e auxiliar no processo de regulação. Desta forma, a
necessidade de um profissional de fisioterapia em postos de saúde, são de enorme
importância, já que esse profissional vai funcionar como apoio na recuperação das
funcionalidades do corpo humano perdidas com o advento das anomalias. (p. 3-4)
A Fisioterapia tem papel de grande importância junto à Síndrome do Imobilismo, tanto no
sentido de sua prevenção quanto na reabilitação do paciente ante ao quadro instaurado. O
trabalho do profissional em fisioterapia nesses casos tem se mostrado eficaz e imprescindível,
sendo considerada parte integrante da equipe responsável pelos cuidados nestes pacientes
(STILLER 2000).
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Muita das vezes o paciente com fratura cominutiva ou seus cuidadores, acreditam que a
imobilização é a melhor maneira de se lidar com a situação por acreditarem que a
movimentação poderia trazer comprometimentos ao quadro, agravando a real situação do
paciente. O Fisioterapeuta ante a esta realidade não só funciona como profissional a realizar
as técnicas preventivas e interventivas, mas também como um educador, um orientador para
tal situação.
De modo específico, sua prática através de técnicas aplicadas como a mobilização e o
alongamento pode contribuir nos processos preventivos. Quando a síndrome já está
estabelecida as técnicas fisioterapêuticas podem ajudar na manutenção da condição motora e
na orientação dos cuidadores, no sentido de evitar outras complicações.
Cazeiro (2010), mencionando resultado dos estudos de autores como: Caierão, Teodori e
Minamoto (2007), Dittmer e Tasell (1993), Halar e Bell (1994), Oliveira, Haddad e Koyama
(1999), Rosseau (1993), Sposito, Tellini e Itami (1993), sintetiza que,
a movimentação do paciente o mais precocemente, possível de forma livre ou por
meio de exercícios é um dos meios para a prevenção da síndrome do imobilismo.
Diferentes tipos de exercícios são citados como movimentação passiva para ganho
de amplitude de movimento ou alongamento, contrações musculares breves,
exercícios isométricos, isotônicos e isocinéticos (p.158).
Tais exercícios, quase sempre, ficam sobre a responsabilidade do fisioterapeuta,
profissional da equipe de saúde, capacitado com técnicas específicas para este tipo de terapia.
Seu trabalho neste processo pode começar pela utilização de técnicas de mobilização passiva,
evoluindo o mais rápido possível para mobilizações ativas, no sentido de reduzir o tempo de
imobilização no leito e assim evitar a síndrome decorrente.
No caso da imobilização prolongada, a fisioterapia vai estimular a movimentação
precoce no leito e a independência nas atividades; estimular a deambulação; prevenir
complicações pulmonares; auxiliar na resolução de patologias pulmonares já implantadas;
promover um padrão respiratório mais eficaz; reduzir a dor; manter a força muscular e
amplitude articular; evitar encurtamentos, atrofias e/ou contraturas musculares, possibilitar
melhor mobilidade, flexibilidade, coordenação e equilíbrio; promover relaxamento, prevenir e
tratar possíveis edemas; promover a reeducação postural, prevenir escaras entre outros
(SILVA et al, 2010). Daí a grande importância deste profissional na equipe de Saúde.
.3. Metodologia
A pesquisa foi caracterizada como Revisão de literatura, o estudo visou mostrar a importância
da fisioterapia na prevenção da síndrome do imobilismo e identificar os benefícios da
fisioterapia durante o processo de imobilização do paciente com fratura cominutiva. O
período estabelecido para a busca dos estudos foi de dezembro de 2014 a fevereiro de 2015.
Os unitermos utilizados para busca de material bibliográfico foram: Fisioterapia, Síndrome do
Imobilismo, fraturas cominutivas no membro inferior.
Foi excluído o material bibliográfico que não continham conteúdos relevantes para pesquisa
como os que relatavam tratamentos medicamentosos. Foram inclusas as referências que
relatavam a utilização de técnicas fisioterapêuticas utilizadas em pacientes acamados ou que
tinham maiores chances de adquirir a síndrome do imobilismo a partir de fraturas cominutivas
nos membros inferiores.
Foram encontrados 29 artigos, destes foram selecionados 17 para elaboração do estudo,
Foram revisados artigos encontrados em bases de dados de sites científicos como, Scielo,
Bireme, sites de universidades, revistas especializadas e livros datados entre os anos de 1992
a 2012.
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4. Resultados e Discussão
Nas fraturas cominutivas é comum à utilização de fixadores internos e externos no processo
de reabilitação dos pacientes. A utilização de fixadores nas fraturas cominutivas torna o
processo de reabilitação mais complexo, pois o paciente é tomado por insegurança e medo, a
utilização destes fixadores podem causar intensos episódios álgicos. Segundo Imamura et al.,
(1995), a dor é o principal sintoma que interfere no ganho funcional destes doentes. Imamura
et al., (1995), explicam ainda que a dor nestes doentes pode ser por aumento de estímulos
nociceptivos, por interrupção das vias discriminativas aferentes sensitivas dolorosas (dor por
desaferentação) ou pela associação de ambos os mecanismos.
Por muitas vezes com a exacerbação da dor ou a fim de preveni-la o paciente diminui sua
movimentação global ou adota posturas estáticas que não favorecem o quadro reabilitativo, tal
atitude pode levar o paciente a síndrome do imobilismo. Alguns pacientes apontam a
dependência, a falta de autonomia e a imobilização no leito como algumas das experiências
mais desagradáveis deste processo (CAZEIRO e PERES, 2010).
A Fisioterapia tem papel de grande importância junto à síndrome do imobilismo, tanto no
sentido de sua prevenção quanto na reabilitação do paciente ante ao quadro instaurado. Para
Silva et al., (2008), os efeitos deletérios do repouso prolongado no leito e imobilidade têm
sido reconhecidos atualmente, podendo ocorrer também os adversos da imobilização, tais
como contratura, atrofia muscular e óssea das partes sadias e membros. Silva et al., (2008),
complementam relatando que o sistema osteomuscular é o mais acometido pelo imobilismo,
podendo ocorrer hipotrofia, atrofia muscular e descondicionamento; contraturas; osteoporose
e osteopenia; deterioração articular; ossificação heterotópica; osteomielite e deformidades.
Citam ainda que os efeitos adversos da imobilização prolongada também podem ocorrer como
contratura articular e atrofia muscular e óssea das partes sadias do membro.
O principal objetivo da reabilitação, nos pacientes com fraturas, é alcançar um grau de
funcionalidade igual ou bem próximo ao anterior à lesão. O tratamento fisioterapêutico será
importante neste paciente, buscando a mobilidade, diminuição do quadro inflamatório,
prevenção de fenômenos tromboembólicos, alívio do quadro álgico, ganho de resistência e
força muscular (GRUDTNER, 2008).
Técnicas aplicadas como a mobilização e o alongamento podem contribuir nos processos
preventivos. Quando a síndrome já está estabelecida as técnicas fisioterapêuticas podem
ajudar na manutenção da condição motora e na orientação dos cuidadores, no sentido de evitar
outras complicações.
Para Porto (2002), A mobilização precoce é uma grande aliada na promoção da higiene
brônquica e, além disso, preveni complicações circulatórias decorrentes da cirurgia e da
imobilidade no leito. A princípio inicia-se com a realização de trocas de decúbitos frequentes
e evolui para as mobilizações de segmentos e deambulação. Deve-se orientar o paciente
quanto a realizações de exercícios metabólicos ativos para os membros inferiores após a
cirurgia, pois devido à desaceleração do fluxo sanguíneo há uma predisposição ao
desenvolvimento de trombose venosa profunda. Assim, a realização de plantiflexão e
dorsiflexão lentas e máximas para melhoria do retorno venoso, pelo mecanismo de bomba
muscular das panturrilhas se faz muito importante.
Cazeiro e Peres (2010), mencionando resultado dos estudos de autores ressalta que a
movimentação do paciente o mais precocemente possível de forma livre ou por meio de
exercícios é um dos meios para a prevenção da síndrome do imobilismo. Diferentes tipos de
exercícios são citados como movimentação passiva para ganho de amplitude de movimento
ou alongamento, contrações musculares breves, exercícios isométricos, isotônicos e
isocinéticos. Tais exercícios, quase sempre, ficam sobre a responsabilidade do fisioterapeuta,
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profissional da equipe de saúde, capacitado com técnicas específicas para este tipo de terapia.
Seu trabalho neste processo pode começar pela utilização de técnicas de mobilização passiva,
evoluindo o mais rápido possível para mobilizações ativas, no sentido de reduzir o tempo de
imobilização no leito e assim evitar a síndrome decorrente. Silva et al., (2008), ressaltam que
a mobilização articular é uma técnica utilizada com várias finalidades no processo de
reabilitação.
A cinesioterapia segundo Silva et al., (2008), reestabelecerá a amplitude de movimento
articular e a força muscular perdidas neste processo, seja ela passiva, ativa, ativo-assistida ou
resistida. O fisioterapeuta deve se preocupar com o processo de cicatrização dos tecidos periarticulares e com o processo álgico, pontos fundamentais para reabilitação com sucesso. No
caso da imobilização prolongada, deve estimular a movimentação precoce no leito e a
independência nas atividades, estimulando a deambulação, a prevenção de complicações
pulmonares e demais funções orgânicas, reduzindo a dor, mantendo a força muscular e
amplitude articular, evitando encurtamentos, atrofias e/ou contraturas musculares, e
possibilitando melhor mobilidade ao paciente em recuperação..
Para tanto o profissional fisioterapeuta junto à equipe multidisciplinar deve planejar suas
ações, efetivando-as de modo comprometido com a qualidade de vida do paciente e com
compromisso profissional que envolve sua prática.
5. Conclusão
O papel do fisioterapeuta cada vez mais se faz necessário junto à equipe multidisciplinar de
saúde. A prevenção da síndrome do imobilismo embora seja de responsabilidade de toda a
equipe, tem nas mãos do fisioterapeuta um posicionamento de destaque, uma vez que sua
formação envolve competências, habilidades e o manuseio de técnicas específicas no
tratamento de tal realidade.
Acreditamos que cada vez mais, as secretarias de saúde devem investir na contratação de tal
profissional para a composição de seu quadro, principalmente ante as situações de trauma
ortopédico com fraturas cominutivas.
Segundo Kfuri Junior (2011), a Fisioterapia
É uma área de atuação que requer investimentos imediatos. A começar pela
hierarquização de centros de atendimento, para que sejam distribuídos devidamente
os recursos entre unidades dedicadas a traumatismos mais simples (postos de saúde,
hospitais de nível secundário) e a traumatismos complexos (centros de referência em
traumas ortopédicos). A criação de uma hierarquia entre serviços contribui para
otimizar o atendimento e a alocação de recursos humanos e técnicos (p. 3).
Certamente que em termos de políticas públicas muito ainda se tem por fazer na área do
trauma ortopédico com fraturas cominutivas, não se podendo esperar que alguns serviços
sejam efetivados para que se realizem as intervenções. Algumas situações envolvem
necessidades emergentes, a fim de se evitar a síndrome do imobilismo decorrente de tais
situações. Acreditamos que devemos nos envolver na militância por melhores condições de
Saúde Pública em nosso país. Mas nos espaços dos possíveis deixarmos nossa marca
comprometida com a Saúde de nossa população no agora.
Referências
BARBIERI, Cláudio Henrique; MAZZER, Nilton; CABELLO, Ricardo José; CAMPOS,
Emerson Luiz Cardia de; ELUI, Valéria Meirelles Carril. Uso do fixador externo no
11
tratamento das fraturas cominutivas da extremidade distal do rádio. Acta Ortop Bras 9(4) out/dez, 2001.
BAHIA, Carlomagno. Ossos e Articulações dos Membros Inferiores. Departamento de
Anatomia – UFRJ. < http://www.anato.ufrj.br/material/09A_EduFisMembInf Carlo.pdf>.
Acesso em: 11.02.2015.
CAZEIRO, A. P. M, PERES, P. T. A Terapia Ocupacional na prevenção e no tratamento de
complicações decorrentes da imobilização no leito. Cadernos de Terapia Ocupacional da
UFSCa, São Carlos, Mai/Agos, v 18, n. 2, p. 149-167, 2010.
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