1 O GENTÍLICO ACREANO: CADA UM FALA COMO QUEM É

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O GENTÍLICO ACREANO: CADA UM FALA COMO QUEM É
Universidade Federal do Acre – UFAC
Profª. Drª. Olinda Batista Assmar
Reitora
Texto elaborado por:
Prof.ª Dr.ª Luisa Galvão Lessa Karlberg
– Professora nacional Sênior - CAPES
A Universidade Federal do Acre, a convite da Assembléia Legislativa do Estado, por
meio de seu presidente, Deputado Edvaldo Magalhães, se pronuncia sobre a Base V, letra c, do
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que retira do universo lexical do mundo da
lusofonia o gentílico acreano, derivado de Aquiri e, depois, de Acre. Para esse feito, faz
considerações em defesa da manutenção do gentílico, por se tratar de vocábulo consagrado pelo
uso há 137 anos e incorporado à tradição regional.
Além do mais, há consenso, entre os estudiosos, que os adjetivos gentílicos não seguem
um padrão para as suas terminações. Essa ausência de padrão se observa principalmente em nomes
relativos às cidades. A maior parte deriva diretamente do nome do local em sua forma corrente ou
então da etimologia toponímica. Exemplos que demonstram essa ausência de padrão: Lisboa:
lisboeta, lisbonense, lisboês, lisbonês, lisbonino, olisiponense; Nova Iorque: nova-iorquino; Buenos
Aires: bonaerense, buenairense ou portenho; Londres: londrino; Paris: parisiense; Rio Grande do
Sul: gaúcho, rio-grandense-do-sul; São Paulo: paulista, bandeirante; Rio Grande do Norte: potiguar,
rio-grandense-do-norte, norte-rio-grandense, petiguar, pitaguar, pitiguar, pitiguara, potiguara; Santa
Catarina: catarinense, barriga-verde; Paraná: paranaense, paranista (usado no Sul) e tingui; Bahia:
baiano, baiense; Amazonas: amazonense, baré.
Os exemplos denotam que não há necessariamente na língua gentílicos para todos os
topônimos, mas há sempre a possibilidade de criá-los, com fácil aceitação geral. Também é fato
consagrado que quando um gentílico ganha força do uso ele se trona Lei. Um gentílico não se
muda, ele está preso à vida, à alma do lugar, enraizado nas tradições, costumes. E a linguagem é
o veículo tradutor de todo o arcabouço cultural de um povo, uma comunidade.
Entende a Academia que a abolição do gentílico acreano do VOLP, em decorrência do
Novo Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa, fere a legitimidade e a liberdade expressiva dos
falantes regionais que optaram por essa forma desde 1903, quando esta porção de terra foi
incorporada ao Território Brasileiro, após dura batalha contra os bolivianos.
Também compreende que desde Fernão de Oliveira (1536) consagrou-se, no meio
lingüístico, o fato de que ”os homens fazem a língua, e não a língua os homens”. O grande
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gramático, com esta frase, legou à posteridade a lição que iluminou o caminho das reflexões
lingüísticas em todos os tempos Esse dizer completou-se com a reflexão de que uma língua
dependeria do desenvolvimento cultural da sociedade que a praticasse.
Desse entendimento, resultou saber-se que uma língua histórica seria USUS, instituição
tradicional [costume], e as regras dessa mesma língua adviriam desses mesmos costumes.
Dizendo de outra forma, tomando por foco às normas sócio-históricas, consoante Oliveira, a
gramática de uma língua, em sua essência, seria sempre descritiva, nunca normativa. Seu
objetivo maior visa ao registro do costume e não à imposição de regras, não sendo legítima,
portanto, restrição alguma à liberdade de expressão dos falantes que, em contrapartida, devem
arcar com as escolhas lingüísticas que se arvorarem a fazer.
Ainda, na voz de Fernão Oliveira, repete-se que a gramática deve registrar “o bom
costume”, descrever as formas exemplares de um idioma, buscar alcançar o desempenho-padrão
– a língua padrão – entidade hoje negada por muitos estudiosos que, não raro, ideologizam os
conceitos sobre tal assunto. Ademais, da dita língua-padrão, Fernão Oliveira não descarta a
clareza nem a inteligibilidade geral: não fala, por conseguinte, de uma “língua da Corte” ou “da
Capital”, senão da língua dos que melhor se expressam. E esse “melhor” é ditado pela cultura e
pela experiência da vida, pelos que têm consciência da tradição, do seu compromisso histórico,
como ensinava o grande mestre seiscentista.
Fernão Oliveira tratou enfaticamente da diversificação interna da Língua Histórica. Não
se contentou em estabelecer diferenças diacrônicas e diatópicas dos dizeres, mas, sobretudo,
tratou da diferenciação social desses falares, chegando mesmo a demarcar, pelo menos no âmbito
do vocabulário, a existência de línguas especiais – e é nessa constatação que profere a assertiva
que faz parte do título deste artigo – “cada um fala como quem é”. Essa reflexão é
complementada com outra não menos fulcral: a de que “os homens falam do que fazem e, por
isso, os grupos e as camadas sociais não falam da mesma forma”. Eis, aí, o gérmen das
reflexões sobre variantes sócio-profissionais, socioculturais.
Dessa forma, fica claro, pelas lições de Oliveira (1536) que o USUS não nasce de
imposição e sim da vontade livre dos falantes. E como se está, aqui, a vasculhar antigos baús de
memórias lingüísticas, nada custa encadear, neste espaço textual, em que se busca comprovar a
antigüidade dos assuntos focados na variação lingüística, as palavras de Horácio, em Arte
poética (pp.118-9):
Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se um velho
amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; se uma matrona
autoritária ou uma ama dedicada; se um mercador errante ou um
lavrador de pequeno campo fértil; se um colco ou um assírio; se um
homem educado em Argos ou em Tebas (...).
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Essa citação apóia a inserção da questão ora trazida à baila, num quadro de
preocupações ancestrais, de vera e reconhecida importância para as discussões travadas entre os
que se sensibilizam com assuntos desse jaez. Até aqui, preparou-se o terreno em que se pretende
plantar, bem como daquilo que se concebe como verdade, no que tange a variações, inovação,
mudança. E para melhor explicitar a argumentação, daqui por diante, toma-se como aporte
teórico o pensamento de grandes mestres da atualidade.
Henri Gobbard [este agora já no século XX], ao se referir à forma expressiva
vernacular, cultivada no seio dos grupos geosocialmente delimitados, diz o seguinte:
[a linguagem vernacular] é a nobreza dos povos, o direito imprescritível
das etnias, o direito de nascimento lingüístico, a marca indelével de
pertencer a um grupo, o schibolleth irreversível da identidade orgulhosa
de si própria, de toda a comunidade lingüística circunscrita no tempo e
no espaço a beneficiar-se de um isolamento suficiente em relação às
outras comunidades para reduzir ao mínimo as interferências e preservar
a sua idiossincrasia lingüística, reflexo, causa e efeito de toda a sua
concepção de mundo.
E, desta feita, costurando, com pontos largos, as heranças deixadas por Fernão de
Oliveira, Homero e tantos mais [como Dante, Varrão, entre muitos outros não explicitados nesta
intervenção], apreendeu-se que o matiz diversificador de uma língua cria uma aparente
contradição na compreensão de ser ela [a língua], um fator social, posto que, com freqüência, os
usuários de um mesmo sistema comunicativo falam, comunicam-se de um modo diferenciado.
Melhor dizendo: um mesmo indivíduo pode variar o modo de se expressar segundo a sua
intenção, o espaço em que o discurso se realiza, o local em que o sujeito vive, dados esses que
atualizam, convenientemente, as lições de Fernão de Oliveira.
Desse modo, a unidade lingüística pela qual se asseguram a compreensão das idéias e a
própria integração do indivíduo na cultura comum é tarefa de todos. Consciente ou
inconscientemente o grupo almeja preservar o seu penhor de entendimento mútuo. De outra
parte, o transcurso vital dos sujeitos produtores de uma mesma cultura encarrega-se de esculpir
novas e renovadas formas de dizer o seu pensar, num desafio sem tréguas travado entre os
extremos de conservar e aquele de inovar.
Assim, para sustentar a defesa de conservar o gentílico acreano, a partir de agora, a
argüição centra-se no pensamento dos grandes mestres da linguagem. Em primeiro lugar,
Eugênio Coseriu (1979) ensina que o falante é alguém que autoriza a "língua-instituição" a
constituir-se de determinada forma, deixando-a agir sobre ele com força sugestiva e normativa.
Fatos sociais não seriam simplesmente tolerados, ou não seriam simplesmente obrigatórios,
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coercitivos. Ele diz que a adoção e a adaptação às exigências pessoais e ocasionais configuram,
para os fatos sociais, uma espécie de mudança.
Diz o autor que três conceitos dizem respeito ao modo como se processa uma
mudança: inovação, adoção e mudança. Uma inovação acontece quando se verifica um
afastamento qualquer dos modelos existentes na língua. A aceitação de uma inovação como
modelo para ulteriores expressões corresponde à adoção (1979, p. 71). Mas só há mudança na
língua com a difusão ou generalização de uma inovação, o que implica uma série de adoções.
Isso significa dizer que caso os falantes não aceitem a inovação, ainda mais quando nasce como
uma imposição, caso específico de “acriano”, havendo rejeição ou não adoção, não se configura
a mudança.
Também, segundo Coseriu, alguns fatores podem envolver uma inovação: alteração de
um modelo tradicional; seleção entre variantes; criação de formas segundo possibilidades do
sistema; empréstimos de outras línguas (com eventuais adaptações); economia funcional
(negligência de certas distinções, consideradas supérfluas). Implicando aquisição, modificação,
substituição, a adoção tem determinações culturais, estéticas ou funcionais – acrescenta o
lingüista. Dir-se-ia, hoje, ainda: determinações ideológicas e discursivas.
Compreende-se que intervém nesse processo, o critério do prestígio, de sujeitos ou de
comunidades, uns em relação aos outros. Todavia, uma inovação pode ser rejeitada (por alguns,
pelo menos) se parecer não-funcional, eventualmente menos elegante que uma forma/sentido já
existente. No caso de acreano, variante dicionarizada em Aulete, Nascentes, Aurélio e Houaiss,
é forma consagrada pelo uso regional. Isso significa dizer que “acreano” faz parte da cultura, da
tradição do povo do Acre, há 106 anos. É gentílico com registro em cartório, no Hino Acreano,
no selo do Acre, na literatura, produção científica e tecnológica, enfim, na história do Estado
desde o ano de 1903.
Como reconhece Mattoso Câmara Jr. (Dicionário de Lingüística e Gramática, 7ª Ed.,
Editora Vozes, Petrópolis, 1977, p.26) “não há necessariamente na língua gentílicos para todos
os topônimos, mas há sempre a fácil possibilidade de criá-los, com fácil aceitação geral.
Também é fato consagrado que quando um gentílico ganha força do uso ele se trona Lei..
Os gentílicos (também chamados etnônimos/etnónimos e, quando adjectivos,
adjetivos/adjectivos pátrios) são uma classe de palavras que designa um indivíduo de acordo com
o seu local de nascimento ou residência - um grupo a parte de adjetivos derivados de
substantivos relacionados a países, estados, continentes, regiões, províncias, cidades, aldeias,
vilas e povoados.
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E, aqui no Acre é acreano! Mudar, agora, o gentílico do topônimo Acre é mexer com
a cultura, a tradição, a alma, os costumes da população desta terra. E em linguagem, o falante é
soberano na escolha da melhor forma, que pode não coincidir com aquela eleita pelos gramáticos
ou filólogos. O falante toma a língua com ferramenta, em harmonia com o lugar onde vive e dela
se utiliza na sua expressividade comunicativa. Por isso, este texto apóia-se, sobremaneira, no
pensamento de Coseriu, ainda mais quando ele diz que "[...] estudar as mudanças não significa
estudar ‘alterações’ ou ‘desvios’ – como parece quando se toma a língua como έrgon – mas, ao
contrário, estudar a consolidação de tradições lingüísticas, ou seja, o próprio fazimento das
línguas" (p. 93-94). É nesse sentido que, em vez de se perguntar por que as línguas mudam, o
adequado é explicar "[...] por que as mudanças ocorrem tal como ocorrem" (p. 100) e em que
condições elas acontecem? Cabe lembrar que essas condições/determinações não "provocam" as
mudanças, apenas podem contribuir para acelerá-las ou, inversamente, para bloqueá-las.
As condições que se estabelecem para estudar mudanças são, diz ele, culturais e
funcionais. As mudanças se manifestam, do ponto de vista cultural, nas formas "esporádicas",
nos "erros correntes" em relação à norma e nos modos "heterossistemáticos" que se podem
comprovar no falar. Do ponto de vista funcional, pela presença, no mesmo modo de falar, de
variantes facultativas e modos isofuncionais. Note-se: "[...] aquilo que do ponto de vista
diacrônico já é mudança, do ponto de vista de um ‘estado de língua’ é condição de mudança,
ponto crítico do sistema e possibilidade de seleção entre modos equivalentes" (p. 104). Aliás,
[...] tudo aquilo que nas gramáticas correntes está assinalado como "outra
possibilidade" ou como "exceção", é um reflexo do diacrônico no sincrônico,
seja como constituição de um modo novo ou como persistência de um modo
antigo, e constitui um "ponto crítico" do sistema realizado. (ibidem, p. 108)
Depois de Coseriu, toma-se o pensamento de Martinet (1975, p. 177), quando este diz
que tudo pode mudar numa língua: a forma e o valor dos monemas, ou seja, a morfologia e o
léxico; a ordem dos monemas no enunciado, quer dizer, a sintaxe; a natureza e condições de
emprego das unidades distintivas, isto é, a fonologia. Aparecem novos fonemas, novas palavras,
novas construções, enquanto outras unidades e maneiras de dizer diminuem de freqüência e
caem no esquecimento. Não é o caso de acreano, um gentílico vivo, enraizado na cultura do do
povo do Estado do Acre.
Ressalte-se, ainda, que a Lingüística sempre tentou dar respostas, em diversas ocasiões,
a esta pergunta: por que as línguas mudam? Nos últimos tempos, duas das grandes teorias
lingüísticas dominantes, a escola estruturalista (saussuriana) e a gerativista (chomskyana),
planejaram respostas que merecem ser examinadas.
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A separação saussureana sincronia [corresponde à língua estática, sistema fechado e
completamente equilibrado] e diacronia [corresponde a mudanças cegas e pertencentes à fala]
levou os estruturalistas a caracterizar o câmbio pela máxima: os fonemas mudam. Assim, na
realidade latino-portuguesa, ocorreu a passagem / t / > / d / em posição intervocálica, como vita >
vida, rota > roda, nata > nada, maritu > marido, passatu > passado. Já para os gerativistas, a
separação falante ideal e língua homogênea de um lado, e variação de outro, levou o estudo da
mudança a ser encarado como uma adição de regras. Desse modo, o português, num tempo 1,
tinha a surda intervocálica e num tempo 2 a conversão em sua homorgânica sonora.
Percebe-se que as duas escolas responderam à questão nesta última metade do século
passado. A questão que surge, entretanto, agora, em relação a ambas as teorias, é como se
operacionaliza uma mudança? De fato, nenhuma dessas escolas oferece uma resposta a tal
pergunta. A explicação, com certeza, está no fato de nenhuma delas ter–se preocupado com o
intervalo decorrido entre o tempo 1 e o 2. Uma parte do estruturalismo declarava que não se
podia, por princípio, observar um câmbio sonoro que estivesse a ocorrer, eliminando, portanto, o
estudo desse intervalo e os gerativistas contentavam–se (contentam–se) com o ordenamento das
regras.
O estudo da difusão [inovação e adoção] resulta em tema de interesse vital para os
dialectólogos. Em primeiro lugar, eles perguntam: quem são os inovadores? E a resposta é
diferente, segundo as circunstâncias que rodeiam a inovação. Que elementos lingüísticos são
veículos da inovação? No avanço de qualquer mudança lingüística é natural que certos elementos
da sociedade tomem a iniciativa. Os dialectólogos, com o avanço da Sociolingüística, podem
determinar que grupos estejam na vanguarda de uma inovação, contrastando as variáveis
lingüísticas com as variáveis independentes (idade, sexo, classe social, escolaridade, grupo
étnico, religião, história social).
Os dialectólogos e os sociolingüístas preocupam–se com isso e afirmam, com
convicção, que uma parte importante dessa interrogação reside no que se conhece como difusão
lexical, a teoria pela qual uma mudança lingüística se estabelece, gradualmente, ao longo do
léxico, de um morfema a outro.Toda discussão sobre a variação e a mudança se baseia na
existência de variáveis na comunidade lingüística. Nem toda variação significa mudança, mas
toda e qualquer mudança só pode vir de uma variação ocorrida ou num determinado espaço ou
numa determinada comunidade ou num determinado tempo. E, no Acre, desde 1903 os falantes
optaram pelo gentílico acreano e não acriano, como impõe o Novo Acordo Ortográfico.
Vêm-se, então, que nesse processo de mudança lingüística a inovação, para cair no uso
da comunidade, dependerá dos falantes da língua, se aceitam ou não aceitam tal inovação. Então,
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essas fases (inovação, adoção e mudança) confundem-se pelo fato de que quando o falante toma
consciência da inovação ela já passou pela adoção e, portanto, já ocorreu a mudança. Mas no
caso do Acre, com o gentílico “acriano”, não tem havido aceitação ou adoção. Ao contrário, há
rejeição pela quebra da tradição, da cultura e dos costumes do lugar. Depois, o léxico não nasceu
na comunidade regional, resulta de coerção gramatical.
Dizem os lingüistas que não se pode, contudo, chegar ao indivíduo criador da inovação
ou impositor da inovação no momento em que ela se deu. Segundo Saussure, a inovação não
parte de outra comunidade ou de alguém em particular. As inovações devem-se à coletividade
dos indivíduos, à massa falante. Isso acontece, obviamente, devido às mudanças de ordem social
que não são observadas independentemente dos indivíduos. Na verdade, as modificações sociais
são feitas pelos indivíduos. Fato análogo se verifica com as mudanças lingüísticas.
Auroux (1997 e 1998) em Les limites de la grammaire, traz lição importante. Afirma
que qualquer gramática, em determinado momento, se mostrará inadequada para explicar
fenômenos produzidos pelos sujeitos, de modo que será preciso, periodicamente, produzir novas
gramáticas. Quer se trate de uma gramática formal, quer de uma com regras de prescrição, a
mudança e a novidade, em uma língua, apesar das fortes restrições sociais, são uma constante.
Uma concepção de linguagem humana mais de acordo com esse fenômeno deve supor "a
eficácia dos atos ou acontecimentos lingüísticos no sistema da língua":
Desde o momento em que introduzimos os atos e os acontecimentos
lingüísticos em nossa concepção da linguagem, introduzimos, além da
temporalidade, a possibilidade de descontinuidades entre o que se passa
antes e o que se passa depois. Em outras palavras, encaramos a
irreversibilidade de certos processos. (AUROUX, 1997, p. 127, tradução
nossa).
Auroux está, nesse contexto, criticando a concepção de criatividade lingüística, com
base na produtividade das regras da gramática. Para ele, a criatividade diz respeito a
procedimentos e estratégias interativas que englobam mundo, sujeito e outros sujeitos,
empiricamente considerados. Sempre ocorre heterogeneidade na gramática de uma língua:
construções em registros diferentes não podem ser descritas a partir das mesmas regras. Assim,
Auroux descarta regras homogêneas, em proveito de modelos interativos pondo em presença
sujeitos diferentes, com competências diferentes, cuja confrontação, no tempo, produzirá novas
competências e o aparecimento de novas regras e novas estruturas lingüísticas.
Isso significa reconhecer que a gramática "não exprime nem a totalidade das causas
produtoras da linguagem, nem mesmo os limites exatos da ação dessas causas produtoras"
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(ibidem, p. 138). Ele hipotetiza, por isso, que as atividades lingüísticas são subdeterminadas pela
gramática, ou seja, não são sempre o produto de regras gramaticais, como se exemplifica, aqui,
com o gentílico acreano.
Coseriu enfatiza que "a incompatibilidade não se verifica entre mudança e realidade da
língua, mas entre mudança e certa idéia de ‘língua’" (p. 19). Em sua perspectiva, o que não muda
é a língua abstrata (o que não significa irreal). De fato, uma gramática não pode mudar por si
mesma, nem um dicionário enriquecer-se por si mesmo. O que muda, então, é a língua real em
seu existir concreto, realizada nos falares.
Coseriu lamenta que as duas identificações feitas (língua = estado de língua = projeção
sincrônica) tenham adquirido "caráter dogmático" em uma parte da lingüística, que acabou
radicalizando a distinção sincronia/diacronia. "A não-historicidade (sincronicidade) pertence ao
ser da descrição, e não ao ser da língua. Por isso, não pode ser introduzida na definição do
conceito de ‘língua’". Ele deixa claro que "Saussure não fez ontologia, mas metodologia"
(ibidem, p. 27).
De outra parte, a Teoria da Variação e Mudança ao considerar a variação lingüística um
fenômeno inerente às línguas e altamente regular, oferece a possibilidade de um tratamento
explícito da mudança lingüística. Essencial nesta perspectiva é, como se sabe, a idéia de variante
lingüística, isto é, a possibilidade de duas formas exibirem o mesmo significado ou disporem do
mesmo valor de verdade. Assim, nessa perspectiva, acreano e acriano, as duas variantes, podem
traduzir o mesmo significado, embora não tenham o mesmo valor histórico-afetivo para a
comunidade do Acre. A diferença, entre elas, reside em uma pertencer ao costume, tradição,
cultura do lugar e a outra uma imposição de regra gramatical.
Também, não se pode perder de vista, nunca, que a língua não é só um instrumento, nem
um dado, mas um trabalho humano, um produto histórico-social. A mais extraordinária
engrenagem na qual circula a cultura de um povo, sem dúvida, é a Língua. A relação, portanto,
entre ambas (Língua/Cultura) é de profunda intimidade.
Bechara (2001), quando se dedica a conceituar língua, trata de duas possibilidades: a
língua histórica e a língua funcional. Assim, a língua seria um produto histórico e, ao mesmo
tempo, uma unidade idealizada, devido à impossibilidade de alcançar, na realidade, uma língua
que se quer homogênea, unitária (Grifo nosso).
Esse autor também considera que a língua nunca é um sistema único, mas um conjunto
de sistemas, que encerra em si várias tradições. Uma mesma língua apresenta diferenças internas:
no espaço geográfico, no nível sócio cultural e no estilo ou aspecto expressivo. Nesse sentido,
Bechara utiliza uma abordagem muito próxima àquela utilizada por Cunha e Cintra, quando
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esses autores se referem à língua como um diassistema. Importante destacar que, para Bechara,
um língua nunca está plenamente pronta, mas se faz continuamente, devido à atividade
lingüística dos falantes.
Quando Chomsky lançou a sua Gramática Transformacional (1957) - e com a sua
revisão (Aspects, 1965) - revolucionou o meio lingüístico porque transferiu a atenção dos
estudiosos do objeto pronto (como no Estruturalismo) para o processo de produção. Sem dúvida
um passo decisivo para o estudo da linguagem que, a partir daí, começou a se preocupar não só
com o resultado empírico do processo lingüístico, mas com os mecanismos envolvidos na sua
produção. A Lingüística passou então a ser de fato a ciência que estuda a linguagem (no seu
sentido mais amplo) e não mais o estudo da língua (produto).
Na década de 60, Michel Pêcheux lançou a Análise Automática do Discurso (1969),
onde cria uma nova maneira de se encarar a linguagem humana ao deslocar o ponto de partida da
análise do produto pronto ou do processo interno de produção, segmentado ou não, para as
condições de produção. Ou seja, o objeto de estudo deixou de estar centrado na fala, na escrita
ou no texto, em si mesmos, para recair nas condições, na situação, no momento de produção,
invertendo a linha de raciocínio a respeito do processo de produção. A questão deixou de ser "o
discurso existe independentemente do sujeito", como no Estruturalismo ou no Gerativismo, ou
"determinado tipo de indivíduo produz determinado tipo de discurso", como na Sociolingüística,
para ser "o porquê de determinado tipo de indivíduo produzir determinado tipo de discurso". A
atenção passou do texto para o sujeito.
Com isso, deseja-se dizer que o ser humano e a linguagem são produtos um do outro, se
pertencem. Como produto humano, a linguagem guarda a história das relações sociais, traz a
lembrança das oposições de classes, "constitui o meio no qual se produzem lentas acumulações
quantitativas de mudanças", e por isso "é capaz de registrar as fases transitórias mais íntimas,
mais efêmeras das mudanças sociais" (PÊCHEUX, 1969, p. 41).
Segundo historiadores, viajantes e cronistas, a origem do nome Acre vem de longa data, meados
do século XIX. Contam que os índios Apurinã, habitantes milenares da região, chamavam o rio
de Uwákürü ou Uakiry. Os seringueiros, que aqui chegaram, não afeiçoados à língua indígena,
pronunciavam Aquiry, Agri, Acri e, depois, Acre. O nome significa “Rio dos Jacarés”. A outra
versão é que o nome Acre adveio de Yasi'ri, Ysi'ri, 'água corrente, veloz', ou do tupi a'kir ü,
interpretado como “rio verde”.
Fato histórico de real valor é que essa designação Acre, para o rio Uwákürü, passa a
existir a partir de 1878-1880, exatamente no período em que começam a ocorrer as primeiras
expedições que abriram os pioneiros seringais na região. Logicamente, a partir daí nasceram os
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primeiros acreanos. Exemplo clássico é o nome do pajem que acompanhou Plácido de Castro1 na
fatídica emboscada, que resultou na sua morte, em 1908. Esse jovem se chamava Chico Acreano,
uma referência ao seu local de nascimento: o Acre.
Esse breve relato conduz à crença de que a primeira geração de “acreanos” não foi
constituída tão somente pelos que passaram a nascer aqui, a partir de 1880. É bem anterior a esse
tempo. Isso significa dizer que o gentílico “acreano” possui, no mínimo, 137 anos de vida.
Todavia, foi a Revolução Acreana que o consagrou. Foi a partir dali que “acreano” deixa de ser
a designação de um rio para se tornar o designativo gentílico da pessoa que nascia na região
[vales dos rios Acre, Iaco, Purus, Abunã].
Como prova viva dessa bela página da história brasileira, as terminologias Acre e
acreano estão gravadas, perenizadas, em artigos publicados nos jornais de Manaus, Belém, Rio
de Janeiro. Também figuram em jornais europeus e americanos, com os recorrentes títulos “Os
Successos do Acre”, “Questão do Acre e dos acreanos”. Assim também grafavam grandes
intelectuais brasileiros, como Rui Barbosa, Assis Brasil, Serzedelo Correia, Euclides da Cunha,
entre tantos outros. Eles polemizavam sobre a inação e o descaso do Governo Federal para com
os “brasileiros do Acre”, os acreanos, e a grave ameaça internacional a que essa gente estava
submetida.
E, muito embora nesses artigos figurem, vez ou outra, as variantes “acriano” e
“acreano”, esta última prevaleceu, consagrada pelo uso, na passagem do século XIX para o XX,
fruto de longo processo histórico, que definiu a trajetória de uma nova sociedade amazônica.
Assim, feitas essas remissivas históricas, será um grande desserviço à pátria brasileira, bem
como uma nova injustiça contra o povo acreano, decorrido mais de um século de uso,
considerar-se errado um gentílico construído, conquistado, constituído como signo de origem e
de destino de um povo que lutou para determinar seu futuro e eleger sua pátria. O Brasil deve
sentir orgulho dos acreanos que construíram o Acre e o legaram à Pátria Amada. Essa população
não almeja, hoje, ferir tratados, acordos, decretos. Deseja tão somente o respeito da nação por
sua história e tradição, bem como reconhecimento dos intelectuais, pelo viés histórico, na
convalidação dos tratados internacionais e nacionais, do nome que vem impregnado de lutas,
sangue, glórias. Acreano é o gentílico construído pela tradição do povo Amazônico do Acre.
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Ex-oficial do exército federalista, combatente veterano da Revolução de 1893-5 no Rio Grande do Sul, Plácido de
Castro teve sua vida e sua fama ligada à Revolução Acreana de 1902/3 contra a Bolívia. Fato que conduziu primeiro
a independência e depois a integração daquele território rico em seringais ao Brasil. O ímpeto vitorioso do caudilho
Plácido, logo foi sucedido pela habilidade do chanceler Barão do Rio Branco. A pólvora deu lugar à diplomacia que,
por meio do Tratado de Petrópolis, negociou com La Paz a absorção definitiva do Acre.
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De toda esta exposição, não se pretende modificar a tradição lingüística. Assim,
também, não se deseja imposição na língua, ainda mais em palavras nascidas no seio de uma
comunidade lingüística, em decorrência da história, tradição, usos e costumes. A língua
portuguesa não ficará pobre com a incorporação de acreano ao seu universo lexical, como até
então existia. Pelo contrário, manterá viva a tradição de um idioma que respeita a vontade
soberana de seus utentes.
Assim, acreano diz respeito a uma naturalidade. Quem nasce no Estado do Acre é
acreano. Há também os acreanos por opção. E é assim há muito tempo, o que envolve uma bela
e respeitável história. Há tradição e sentimentos. Há cultura e laço social. A grafia acreano não é
assim como uma folha seca ao sabor do vento que vem de longe, olhando a língua como algo
estático. Acreano não é apelido que pode ser adjetivado por “acriano”, imposto por força
coercitiva, sem o respeito à tradição regional. Ser acreano não é algo que se adjetiva ou se
diminui por acordos, regras ou tratados. Acreano resulta do “fazimento” da língua, no seio de
uma comunidade regional, por força da história, costumes tradição.
Igualmente, acreano não é uma palavra para ser vista pelas vogais que a compõem,
átonas ou não, mas por todo o conjunto que personifica os costumes, a história e a tradição do
lugar. Ser acreano é algo único, é aptidão revolucionária, é a caracterização de um povo, e isto
não é mutante. Ser acreano é perene! É uma lição de amor, igualmente a Primeira Carta de São
Paulo aos Coríntios.
De tudo que aqui se põe, confia-se que a Academia Brasileira de Letras, pelo que
representa no cenário nacional, não deixará os filhos do Acre na orfandade, sem o seu gentílico
histórico. Pois nunca se viu uma naturalidade ser mudada por regra nenhuma. E esta Academia,
mesmo sendo guardiã das regras de bem falar a língua, deve preservar aquilo que nela há de mais
puro e legítimo: a forma consagrada pelo uso de seus falantes. Assim, tão importante quanto
conhecer as regras é observar, respeitar e venerar a beleza comunicativa das línguas, a tradição
lingüística, as criações, os regionalismos, a palavra contextualizada. A variante acreano faz parte
da língua e jamais pode estar sujeita aos efeitos de atos normativos emanados de qualquer
autoridade pública. Acreano é mais do que um gentílico, faz parte da própria alma e vida do
povo desse extremo Oeste do Brasil.
Assim, no variado espaço continental brasileiro, a diversidade é esperada ao se ponderar,
além da sua extensão geográfica, o fato de a nação ter-se amalgamado em país a partir de uma
intensa e diferenciada ocupação étnica e histórica. Registre-se, por oportuno, serem as variações
lexicais e fonéticas [nem sempre nessa ordem] os demarcadores dos falares regionais, enquanto
as estruturas morfossintáticas apresentam apreciável unidade, com as raras exceções. Daí,
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observadas as peculiaridades histórico-geográficas forjadoras dos vários grupos sociais que
compõem a brasilidade, desponta, sem surpresa, a tendência para a diversificação. E foi essa
diversificação que ensejou e consagrou o gentílico acreano.
Então, por tudo que aqui se diz, as palavras do mestre Antonio Houaiss, em ‘Escrevendo
Pela Nova Ortografia’ (2ª edição. Rio de Janeiro: Instituto Antonio Houaiss. Publifolha, 2008),
são proveitosas para o êxito desta demanda. Diz ele:
Uma língua é muito mais que um meio de comunicação; ela é, sobretudo, um
patrimônio historicamente construído pelas sociedades que a falam e, em muitos
casos, também a escrevem... As variedades de uso fazem parte da língua e jamais
estão sujeitas aos efeitos de atos normativos emanados de qualquer autoridade
pública... Unificação ortográfica nada tem a ver com uniformização da língua.
As línguas são como são em virtude do uso que seus falantes fazem dela, e não
de acordos de grupos ou de decretos de governo.
O texto do mestre não deixa dúvidas, a língua é do povo e a consolidação das palavras
advém do uso delas pelos falantes. O Acordo não pode mudar expressões de caráter
personalíssimo, como um nome próprio ou uma naturalidade. Então, adiante da regra, está a
ordem natural da vida das palavras. Está o valor histórico, a bagagem cultural, a identidade de
um conjunto social. Muito adiante da regra está a personificação de um povo e sua herança de
tradições e conquistas.
Vê-se, então, que a língua não é só um instrumento, nem um dado, mas um trabalho
humano, um produto histórico-social. A mais extraordinária engrenagem na qual circula a
cultura de um povo, sem dúvida, é a Língua. A relação, portanto, entre ambas (Língua/Cultura) é
de profunda intimidade.
Não se pretende, aqui, fazer uma rejeição sistemática às normas lingüísticas
tradicionais, e sim compreender que toda expressão lingüística possui sua norma (transcrita ou
não em forma de gramática) que é construída socialmente [uma gramática social], sendo então
compreendida por seus usuários. Assim, do ponto de vista sociológico e antropológico,
simplesmente não existe nenhum ser humano que não esteja vinculado a uma cultura, que não
tenha nascido dentro de um grupo social com seus valores, suas crenças, seus hábitos, seus
preconceitos, seus costumes, sua arte, suas técnicas, sua linguagem.
Então, não se pode perder de vista que nenhuma língua é uniforme em toda extensão
que é falada. Além da variação dialetal, as línguas também apresentam variantes decorrentes dos
diferentes grupos sociais a que pertencem os falantes (etários, sócio-culturais, sócioprofissionais) e que são denominadas socioletos. Quando se iniciou o estudo de variantes
marcadas por fatores sociais, foi convicção generalizada, durante anos, que as variantes
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utilizadas por classes não escolarizadas eram linguisticamente mais pobres e insuficientes para
servir a expressão e comunicação de conceitos abstratos e sentimentos elaborados. Todavia,
trabalhos realizados por sociolinguistas, desde os anos 60, vieram provar que não há
insuficiências decorrentes das características lingüísticas desses socioletos que impeçam a
explicitação verbal de conceitos científicos ou filosóficos.
Antes de finalizar, tomam-se as palavras de Lessa [professora da Casa], em artigo
publicado no jornal “A Gazeta”, em 02/09/09, na cidade de Rio Branco, capital do Acre, que
assim se expressa:
(...) o gentílico acreano traduz a cultura expressiva de uma comunidade que
contabiliza 137 anos de história. Então, essa liberdade de escolha possui UMA
razão universal, que é a finalidade expressiva dos falantes acreanos, no uso de
tradições, costumes, história. A importância de ser acreano se confunde com o
próprio sentido do mundo em que se vive. Assim, mais que um ecossistema,
região ou bioma, mais que a porção mais verdejante do planeta, o Acre é um
poema. Ser acreano é uma epopéia.
Para concluir, recorre-se, mais uma vez, ao baú das memórias, em data mais longeva,
trazendo palavras da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, que fala a quem quiser ouvir
dos mistérios da existência, do verdadeiro valor a ser perseguido pelos homens de boa estirpe na
sua incrível, maravilhosa e sempre nova aventura existencial. E desse amor, e por esse amar,
fica-se sabendo que:
(...) se eu falar as línguas dos homens e dos anjos, mas não tiver amor, serei um
bronze que soa ou um címbalo que tine; e se tiver o dom da profecia e conhecer
todos os mistérios e toda a Ciência, e se tiver toda a fé, de modo a transportar
montanhas, não tendo amor, nada serei (...).
Solicita-se, finalmente, que a Academia Brasileira de Letras consagre o uso da variante
‘acreano’, como sempre existiu ao longo dos anos, com registros nos dicionários mais
renomados da Língua Portuguesa. Considere, também, que esse gentílico carrega consigo todo
um legado de lutas, tradições, história. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro
falso. A palavra foi feita para dizer, aqui no Acre, acreano, uma criação espontânea que, ao longo
dos anos, consagrou-se pelo uso, muito embora possa contrariar alguma regra. Todavia,
nenhuma regra é imutável no campo da linguagem. E o próprio Acordo Ortográfico está
recheado de exemplos, ora respeitando a tradição do português europeu, ora assegurando o
cânone brasileiro. Esses arranjos todos estão ali para dizer que a língua, assim como a vida, quer
palpitar, crescer, tornar-se flexível e colorida, expandir-se, enfim, viver.
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