Dengue na Criança

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Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde
Programa Nacional de Controle de Dengue
Dengue
Febre Hemorrágica da Dengue
na População Pediátrica
Márcia Maria Ferrairo Janini Dal Fabbro
Perfil Epidemiológico

1986 a 1993- epidemias localizadas,

1994 a 2002- circulação viral disseminada com padrão endêmico
e epidêmico,

A partir 1999 – aumento do n° de internações por FHD,

Até 2003- >80% dos casos de FHD ocorriam em adultos,

2001 a 2003- Amazonas apresentou mudança de comportamento
da doença com o aumento de casos de FHD em crianças
Perfil Epidemiológico



Ocorrência de FHD em crianças < 15 anos:
2005- 18%(96) – 0,18 /100.000 hab
2006- 26%(239)- 0,43 /100.000 hab

Aumento de 1,4 vezes na incidência da doença comparada
ao ano de 2005,

2006- observado em 44,4%(12) das 27 UFs(MA, RJ, AL,
PI, RN, ES, PE, CE, SP, MG, AP, RR)
Epidemias
Cuba-1981- 1ª Epidemia DH- sorotipo 2
360.000 casos sendo 30.000 FHD
159 óbitos sendo 101 crianças
 El Salvador 2000 - 1ª Epidemia DH- sorotipo
2
2.883 casos com letalidade de 10%
32 óbitos de crianças

Dengue






Pode apresentar várias formas clínicas;
Síndrome febril inespecífica;
Geralmente ausência de manifestações respiratórias;
70% a 80% assintomáticos (lactente);
19% clínica de dengue clássico;
1% FHD
Dengue é uma só
enfermidade
SUB
CLÍNICA
Febre
Dengue
Clássico
FHD
Dengue na Criança




Sinais e Sintomas Clássicos
Sinais Inespecíficos: - apatia ou sonolência
- recusa da alimentação
- vômitos
- fezes amolecidas ou diarréia
- dor abdominal
- < 2 anos (principalmente < 6 meses): cefaléia, mialgia
e artralgia podem manifestar-se por choro persistente,
adinamia e irritabilidade geralmente com ausência de
manifestações respiratórias,podendo confundir com
outros quadros infecciosos febris próprios para dessa
faixa etária.
O exantema, quando presente, é maculopapular, podendo
apresentar-se sob todas as formas (pleomorfismo), com ou
sem prurido, precoce ou tardiamente.
Dengue na Criança
Formas Graves
- Geralmente após o 3° dia quando a febre pode ceder e
recorrer (forma bifásica) ou manter sem interrupção;
- Cças < 5 anos o início da doença pode
passar despercebido e o quadro grave
ser identificado como a primeira
manifestação clínica,
- O agravamento geralmente é súbito
diferentemente do adulto que ocorre de forma gradual,
Diagnóstico Clínico
Febre + 2 Critérios
- Cefaléia
- Mialgia
- Artralgia
- Prostração
- Dor Abdominal
- Rash
- Sangramento
Desde que não tenha:
-IVAS
-Tosse
-Diarréia
-Icterícia

Sinais de Alerta












Dor abdominal intensa e contínua;
Vômitos freqüentes e abundantes;
Hipotensão postural;
Queda da pressão arterial;
Hepatomegalia dolorosa;
Hemorragias (principalmente melena e hematêmese) ;
Agitação e/ou letargia;
Diminuição da diurese;
Diminuição repentina da temperatura corpórea ou hipotermia;
Aumento repentino do hematócrito;
Queda abrupta de plaquetas
Desconforto respiratório
Sinais de choque na
dengue

Pressão diferencial <20mmHg (PA
convergente);


Extremidades frias, cianose;

Pulso rápido e fino;
Atendimento de Caso Suspeito
Anamnese
A história clínica deve ser a mais detalhada possível e os itens a
seguir devem constar em prontuário.
 História da doença atual
 a) Cronologia dos sinais e sintomas;
 b) Caracterização da curva febril (estabelecer data do início);
 c) Pesquisa de sinais de alerta.
 d) pesquisa de manifestações hemorrágicas:hematêmese
(vômitos com raias de sangue ou tipo borra de café) fezes
escuras. Nas crianças podem passar desapercebidas.
 Epidemiologia
 a) Investigar casos semelhantes no local de moradia ou de
trabalho;
 b) História de deslocamento nos últimos 15 dias para área de
transmissão de dengue.
Atendimento de Caso Suspeito
Anamnese




História patológica pregressa
a) Doenças crônicas associadas: hipertensão arterial, diabetes melitus,
DPOC, doenças hematológicas crônicas (principalmente anemia
falciforme), doença renal crônica, doença severa do sistema
cardiovascular, doença acidopéptica e doenças auto-imunes.
b) Uso de medicamentos, sobretudo antiagregantes plaquetários,
anticoagulantes, antiinflamatórios e imunossupressores. Pesquisar
sobre o uso de salicilatos para controle da febre reumática e doença de
kawasaki;
c) Na criança, além das doenças de base já citadas, valorizar as
manifestações alérgicas (asma, dermatite atópica, etc.).

História vacinal

História materna de dengue recente em cças < 6 meses (persistência de
anticorpos)
Exame Físico Geral


Ectoscopia:
Destacar a pesquisa de edema subcutâneo (palpebral, de parede abdominal e
de membros), assim como manifestações hemorrágicas na pele, mucosa e
esclera. Avaliar o estado de hidratação


Verificar a pressão arterial, pulso, freqüencia respiratória, temperatura,
enchimento capilar e peso corporal.


Diferentemente do que ocorre em outras doenças que levam ao choque, na
dengue antes de haver uma queda substancial na PA sistólica(< 90mmHG)
haverá um fenômeno de pinçamento, ou seja, a diferença entre a PA sistólica
e diastolica será  20mmHG

Enchimento Capilar(EC) - a verificação do tempo do EC é
mandatório em todos os casos atendidos como suspeito de
dengue. O EC se faz normalmente em um tempo < 3 seg.
Para verificação compare o tempo de enchimento do
Exame Físico Geral

Quando não for possível aferir o peso, utilizar a fórmula
aproximada:
para lactentes de 3 a 12 meses: P = idade em meses x 0,5 + 4,5
para crianças de 1 a 8 anos: P = idade em anos x 2 + 8,5

Para se determinar hipotensão arterial considerar:

Pressão sistólica limite inferior(percentil 5) para crianças >1
ano= idade em anos x 2+70. Achados de PA sistólica abaixo
deste percentil ou valor, sinaliza hipotensão arterial.
Fonte: Murahovschi, J. 2003.



Referência de normalidade para
pressão arterial em crianças
RN até 92 horas:




sistólica = 60 a 90 mmHg
diastólica = 20 a 60 mmHg
Lactentes < de 1 ano: sistólica = 87 a 105 mmHg
diastólica = 53 a 66 mmHg


Pressão sistólica (percentil 50) para cças > de 1 ano = idade em
anos x 2 + 90
Exame Físico Geral

Segmento torácico: pesquisar sinais de desconforto
respiratório e de derrame pleural e pericárdico;

Segmento abdominal: pesquisar hepatomegalia, dor e ascite;

Em crianças, devido à dor abdominal e irritabilidade, fica
difícil determinar o limite inferior do fígado; dessa forma a
digitopercussão é útil na delimitação do tamanho deste órgão;

Neurológico: pesquisar sinais de irritação meningea, nível de
consciência, sensibilidade e força muscular.

Prova do laço: idem adulto

Diagnóstico
Diferencial
Considerando-se que a dengue tem um amplo espectro clínico,
as principais doenças que fazem diagnóstico diferencial são:
- influenza, enteroviroses,
-doenças exantemáticas(sarampo, rubéola, parvovirose, eritema
infeccioso, mononucleose infecciosa, exantema súbito, CMV e
outras);
- hepatites virais, hantavirose, arbovirose (febre amarela, Mayaro,
Oropouche e outras),
- escarlatina, pneumonia,sepse, infecção urinária,
meningococcemia, leptospirose, malária, riquetsioses, síndromes
purpúricas (síndrome de Henoch-Schonlein), doença de
Kawasaki, (púrpura autoimune), farmacodermias e alergias
cutâneas, abdome agudo na criança.
Estadiamento e
Tratamento

Os dados de anamnese e exame físico serão utilizados
para estadiar os casos e para orientar as medidas
terapêuticas cabíveis.

É importante lembrar que a dengue é uma doença dinâmica,
o que permite que o paciente evolua de um estágio a
outro rapidamente.


O
manejo
adequado
dos
pacientes
depende
do
reconhecimento precoce de sinais de alerta, do contínuo
monitoramento e reestadiamento dos casos e da pronta
reposição hídrica.

Com isso, torna-se necessária a revisão da história
clínica acompanhada do exame físico, a cada reavaliação
do paciente, com o devido registro em instrumentos
pertinentes (prontuários, ficha de atendimento e cartão



Estadiamento e
Tratamento
Grupo A
Hidratação oral :Crianças: orientar
hidratação oral a domicílio de forma
precoce e abundante com líquidos e
soro de reidrataçao oral de acordo
com a aceitação da criança. Orientar
sobre sinais de alerta e de
desidratação.
Sintomáticos: são recomendadas para
pacientes com febre elevada ou com dor. Deve
ser evitada a via intramuscular
Antitérmicos e analgésicos:Dipirona e
Paracetamol: Crianças: 10-15mg/kg/dose
até de 6/6 horas (respeitar dose
máxima para peso e idade)
Importante








Para seguimento do paciente, recomenda-se a
adoção do “Cartão de Identificação do
Paciente com Dengue”, que é entregue após a
consulta e onde constam as seguintes
informações:
dados de identificação,
unidade de atendimento,
data de início dos sintomas,
medição de PA,
prova do laço,
hematócrito, plaquetas,
sorologia,
orientações sobre sinais de alerta e local de
referência para atendimento de casos graves
na região.
Estadiamento e Tratamento
Hidratação
-Grupo A e B com Ht até 10% do basal: hidratação
oral a domicílio
-Grupo B com Ht >10% do basal, ou >42%:
hidratação oral em observação ou se necessário
parenteral(expansão 20ml/kg de SF ou Ringuer
lactato em 2 horas.
Reavaliação clínica e da diurese
Se normal: retorno à conduta do grupo A. Refazer
Ht com 4 horas.
Se não melhora: conduta inicial do grupo C e D.

Valores de Hematócrito
< 1 mês Ht=51%
 2 meses a 6 meses Ht=35%
 6 meses a 2 anos Ht=36%
 2 anos a 6 anos Ht=37%
 6 anos a 12 anos Ht=40%
 12 a 18 anos: masc Ht=43% fem Ht=41%

(adaptado de:Nelson e Dalman PR.in: Rudolph Pediatrics, NY, Appleton, 1997)
Estadiamento e Tratamento

Grupos C e D:
-Reposição rápida parenteral com SF ou Ringuer lactato 20ml/kg
(infusão rápida).
-Reavaliar clinicamente, se necessário repetir expansão até 3 vezes.
-Se melhora, hidratação de manutenção durante 8 a 12 horas.
Avaliação clínica contínua, Ht após 4 horas, plaquetas após 12
horas
-Se não houver melhora com a conduta do grupo C e D, Ht em
elevação, edema agudo do pulmão: Expansão plasmática:
albumina 20%, 0,5-1,0g/Kg IV, em 2 horas,
Esquema de Hidratação

Cças com quadro clínico sugestivo de Dengue
administrar soro oral de acordo com a faixa etária:
-Abaixo de 24 meses: 50-100ml(1/4-1/2 copo)
-Acima de 24 meses: 100-200ml(1/2-1 copo)
Esquema de Hidratação
Grau de
Desidratação
Terapia de
reidratação
Perdas anormais
Grupo A
Hidrataçao oral
50ml/kg em 4 h
10ml/kg(1/2-1
copo)
Grupo B
100ml/kg em 4 h
10ml/kg(1/2-1
copo)
Esquema de Hidratação-Grupo C e D
Tratar como Choque
Hidratação Venosa
-Fase de expansão: 20ml/kg SF 0,9% ou Ringuer lactato em 30
minutos
-Fase de manutenção(necessidades hídricas segundo a regra de
Holliday-Segar)
-até 10kg: 100ml/kg/dia
- entre 10 a 20 kg:1000ml+50 ml/kg/dia para cada kg >10kg
- >20kg:1500ml+20ml/kg/dia para cada kg de peso >20kg.

al,1998
Adaptado de MMWR 41(RR-16):1-2,1992;Ferreira et
Esquema de Hidratação-Grupo C e D
Tratar como Choque

Eletrólitos de Manutenção:
-Sódio:2-3mEq/kg/dia ou PD 0,6=mEq(P=peso
kg;D=132-Na atual).
-Potássio: 2-3mEq/kg/dia até 5 mEq em cada 100ml de
solução.
-Cálcio 1-mEq/kg/dia (se acidose metabólica)
Perdas Anormais: Acrescentar à solução de manutenção
20 a 50ml/kg de SF e SG(solução 1:1)
Adaptado de MMWR 41(RR-16):1-2,1992;Ferreira et
al,1998
Critérios de
internação hospitalar






a) Presença de sinais de alerta;
b) Recusa na ingestão de alimentos e líquidos;
c) Comprometimento respiratório: dor torácica, dificuldade
respiratória, diminuição do murmúrio vesicular ou outros
sinais de gravidade;
d) Plaquetas <20.000/mm3, independentemente de
manifestações
hemorrágicas;
e) Impossibilidade de seguimento ou retorno à unidade de
saúde.
Critérios de alta hospitalar





Os pacientes precisam preencher
todos os seis critérios a seguir:
a) Ausência de febre durante 24
horas, sem uso de terapia
antitérmica;
b) Melhora visível do quadro
clínico;
c) Hematócrito normal e estável
por 24 horas;
d) Plaquetas em elevação e acima
de 50.000/mm3;
Caso confirmado de FHD

É o caso confirmado laboratorialmente e com todos os critérios
presentes a seguir:

a) febre ou história de febre recente de sete dias;
b) trombocitopenia (<=100.000/mm3 ou menos);
c) tendências hemorrágicas evidenciadas por um ou mais dos
seguintes sinais: prova do laço positiva, petéquias, equimoses ou
púrpuras, sangramentos de mucosas do trato gastrointestinal e
outros;
d) extravasamento de plasma devido ao aumento de
permeabilidade capilar, manifestado por: hematócrito
apresentando um aumento de 20% sobre o basal na admissão ou
queda do hematócrito em 20%, após o tratamento; presença de
derrame pleural, ascite e hipoproteinemia.



Classificação da FHD
Grau I – febre acompanhada de sintomas inespecíficos, em que a
única manifestação hemorrágica é a prova do laço positiva;
Grau II – além das manifestações do grau I, hemorragias
espontâneas leves (sangramento de pele, epistaxe, gengivorragia
e outros);
Grau III – colapso circulatório com pulso fraco e rápido,
estreitamento da PA ou hipotensão, pele pegajosa e fria e
inquietação;
Grau IV – Síndrome do Choque da Dengue (SCD),
ou seja, choque profundo com ausência de PA e
pressão de pulso imperceptível.
SOMENTE QUATRO PERGUNTAS
PARA CLASSIFICAR UM PACIENTE
DURANTE UMA EPIDEMIA

Tem Dengue ?

Tem Sangramento ?

Presença de sinais de alarme ?

Está em choque ?
Dr Erik Martinez
SOMENTE QUATRO PERGUNTAS
PARA CLASSIFICAR UM PACIENTE
DURANTE UMA EPIDEMIA
Tem Dengue ?
GRUPO A
Dr Erik Martinez
SOMENTE QUATRO PERGUNTAS
PARA CLASSIFICAR UM PACIENTE
DURANTE UMA EPIDEMIA
Tem Sangramento ?
GRUPO B
Dr Erik Martinez
SOMENTE QUATRO PERGUNTAS
PARA CLASSIFICAR UM PACIENTE
DURANTE UMA EPIDEMIA
Presença de sinais de alarme ?
GRUPO C
Dr Erik Martinez
SOMENTE QUATRO PERGUNTAS
PARA CLASSIFICAR UM PACIENTE
DURANTE UMA EPIDEMIA
Está em choque ?
GRUPO D
Dr Erik Martinez
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