relação entre a dureza caulinar e o sucesso de parasitas de

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XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
RELAÇÃO ENTRE A DUREZA CAULINAR E O SUCESSO DE
PARASITAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS NO PARQUE
ESTADUAL DA SERRA DO CONDURU, BA
Jaqueline Ribeiro Paiva - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista - BA
[email protected]
Elcia Clara Gomes Almeida - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista - BA
Isamara Mendes da Silva - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA
Malu Araújo Almeida - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA.
Lenira Eloína Coelho de Souza - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Departamento da Ciências Naturais,
Vitória da Conquista, BA.
Raymundo José Sá Neto - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Departamento da Ciências Naturais,
Vitória da Conquista, BA.
INTRODUÇÃO
As plantas relacionam-se por interações, que podem ser neutras, positivas ou negativas (GOTELLI, 2009). Essas
interações contribuem para a diversidade de animais e vegetais na natureza (TOWNSEND et al, 2006 )..
Geralmente os hospedeiros são muito maiores do que seus parasitas, que por sua vez vivem na superfície de seus
corpos ou dentro deles, levando a uma relação com forte interação espécie específica . Nas plantas, esse parasitismo
pode ocorrer através de interações planta-animal ou planta-planta (BOMFIM et al., 2009).
Diversas adaptações de plantas são associadas a respostas evolutivas contra herbivoria e parasitismo. Como:
presença de tricomas, produção de compostos secundários e esclerofilia. Mesmo sua função parecendo ser
indefinida, a esclerofilia atua diretamente tanto na conservação de água e nutrientes quanto na defesa da planta
contra a herbivoria, já que plantas com folhas mais duras tendem a ser menos consumidas (FONSECA et al. 2009).
Embora isso seja relacionado com folhas não se sabe se a dureza caulinar também pode ser associada como
resposta contra plantas parasitas.
OBJETIVO
Comparar a dureza caulinar entre espécies de árvores parasitadas e não parasitadas encontradas no Parque Estadual
Serra do Condurú.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado em um fragmento de Mata Atlântica no Parque Estadual Serra do Condurú, em Serra
Grande, município de Uruçuca, no sul do estado da Bahia. Para isso foi realizada uma busca ativa por 20 indivíduos
no total, sendo que cada um deveria pertencer a uma espécie diferentes sendo que 10 indivíduos com presença de
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parasitas e os outros 10 sem parasitas. Em cada individuo foi medido a dureza do tronco, sempre em galhos não
parasitados, com auxilio da um penetrômetro Instrutherm modelo PTR -100, adaptado com um prego, para avaliar
à dureza caulinar. Os dados foram analisados através de um teste t com auxílio do software R v.3.0.3 (R
DEVELOPMENT CORE TEAM, 2014),
RESULTADOS
As especies parasitadas apresentaram dureza média igual a 1,74.105 kg/cm2 e desvio padrão de 1,87.105, as
espécies não parasitadas obtiveram dureza média de 2,06.105 kg/cm2 e desvio padrão de 2,18.105 kg/cm2. Os
dados apresentaram uma diferença significativa, sendo que caules de plantas não parasitadas foram mais duros que
caules de plantas parasitadas (t=3,472; gl=18; p=0,001).
DISCUSSÃO
Os resultados deste estudos apontam para relação entre o sucesso do parasitismo e a dureza caulinar. Isso pode
indicar que a dureza caulinar seja um modo de defesa física contra o parasitismo. Diversas estruturas das plantas,
como esclerofilia, tricomas e espinhos são descritas como defesas físicas contra herbivoria (FONSECA et al.
2009).
A relação espécie específica entre planta-parasita e planta-hospedeiro ainda é incerta, uma vez que tanto existem
espécies com forte especialização ao hospedeiro, como espécies generalistas em relação ao hospedeiro. Norton &
De Lange (2002) verificaram que mesmo as plantas que tenham alta especialização poderiam estar mais associadas
a densidade do hospedeiro no espaço que necessariamente a história evolutiva dessas espécies (planta e
hospedeiro).
Assim, é provável que outras pressões seletivas possam estar influenciando mais o endurecimento do tronco, como
por exemplo a relação entre espécies de borda e núcleo, no qual plantas de núcleo podem apresentar troncos mais
rígidos que plantas de borda. Isso porque as plantas de áreas nucleares em florestas tropicais úmidas, tendem a
investir em altura para alcançar o dossel e assim aumentar a irradiação solar nas folhas e aumentar a produção
fotossintética (Souza,2008 et al.; Lüttge, 1997), desse modo, é necessário uma investimento em troncos rígidos
para sustentação em altura. Com isso, é provável que a dureza caulinar como defesa contra parasitismo seja análoga
ao encontrado para a dureza foliar como defesa física da planta contra a herbivoria em que a esclerofilia não é
necessariamente desenvolvida para este fim, pois também atua diretamente na conservação de água e nutrientes em
ambientes secos (FONSECA et al. 2009).
CONCLUSÃO
A dureza caulinar pode agir como um mecanismos de defesa da planta contra parasitismo vegetal, mesmo que não
tenha sido desenvolvida para este fim.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOMFIM, Z.V.; CARVALHO, R.S.; CARVALHO, C.A.L. Relações interespecíficas entre parasitoides nativos de
moscas-das-frutas e o braconídeo exótico Diachasmimorpha longicaudata em frutos de ‘umbu-cajá´. Ciência Rural,
Santa Maria, 2009.
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FONSECA M.B.; OLIVEIRA L.N.; OLIVEIRA K.N. Herbivoria e esclerofilia em diferentes estratos de Inga sp.
III Fórum, Unimonts, Universidade Estadual de Montes Claros, 2009;
GOTELLI J.N. Ecologia 4.Ed.Tradução Gonçalo Ferraz. Editora Planta, Brasil, P.102-105, 2009;
LUTTGE, U. 1997. Physiological ecology of tropical plants. Springer-Verlag, Berlim.
NORTON, D.A.; DE LANGE, J.P.;Host specificity in parasitic mistletoes (Loranthaceae) in New Zealand, P.
552–559, 2002.
R DEVELOPMENT CORE TEAM. (2014). R: A Language and Environment for Statistical Computing (Version
3.0.3). Viena: R Foundation for Statistical Computing. Retrieved from http://www.R-project.org.
SOUZA, E. S.; SARDINHA, E. L.; CARDIM, J. F.S.; ANJOS, M. S, DUARTE, T. V.; Correlação entre DAP,
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Uruçuca-Ba
TOWNSEND C.R.; BEGON M.; HARPER J.L. Fundamentos em ecologia 2.Ed. Editora Artmed, Brasil, P.258270;285-286, 2006.
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