ENÉZIO FILHO-Críticas Abordagem Evolução Livros Biologia (Artigo

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CRÍTICAS À ABORDAGEM DA EVOLUÇÃO
EM LIVROS DIDÁTICOS DE BIOLOGIA
Enézio E. de Almeida Filho
Coordenador
NBDI - Núcleo Brasileiro de Design Inteligente
Campinas - SP
Introdução
Nós vivemos em um mundo influenciado profundamente pelo desenvolvimento científico e pela
tecnologia. Por isso, o MEC - Ministério da Educação, na administração do ministro Paulo Renato
Souza, por intermédio da SEMTEC  Secretaria de Educação Média e Tecnológica, organizou o
projeto de reforma do ensino médio “por dois fatores de natureza muito diversa”: o econômico e o
volume de informações (revolução do conhecimento), por entender que a formação do educando
deve priorizar “a aquisição de conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de
utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação”. (Parâmetros Curriculares Nacionais
do Ensino Médio  PCN, 1999, p. 15).
No nível do ensino Médio, o MEC propôs “a formação geral, em oposição à formação específica”,
mas com “o desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar informações, analisá-las e
selecioná-las; a capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de
memorização”. Esse projeto de reforma curricular do Ensino Médio teve por objetivo “facilitar o
desenvolvimento dos conteúdos, numa perspectiva de interdisciplinaridade e contextualização”,
pois a interdisciplinaridade estabelece “ligações de complementaridade, convergência,
interconexões e passagens entre os conhecimentos” (PCN, 1999, p. 16, 18, 26).
A Lei de Diretrizes Básicas (LDB) 9.394/96 preconiza no Art. 35, I, III que o ensino médio tem entre
suas finalidades habilitar o educando a ser capaz de continuar aprendendo, a ter autonomia
intelectual e pensamento crítico. Os PCNs do Ensino Médio, nas suas Diretrizes Curriculares
Nacionais (Competências e Habilidades das Ciências Naturais) afirma que o currículo deve permitir
ao educando “compreender as ciências como construções humanas, entendendo que elas se
desenvolvem por acumulação, continuidade ou ruptura de paradigmas...” e que “a ciência não tem
respostas definitivas para tudo, sendo uma de suas características a possibilidade de ser
questionada e de se transformar”.
Fundamentados nos PCNs, nossos livros didáticos de Biologia do ensino médio abordam a Teoria
do Big Bang, a hipótese de Oparin-Haldane e o experimento de Miller-Urey para explicar a origem
do universo e da vida. Quanto à explicação da origem e evolução das espécies, a Teoria Sintética
Moderna da Evolução (ou neodarwinismo) foi o paradigma acolhido pelo documento do MEC (PCN,
p. 116, 219, 222) mesmo com suas já sabidas insuficiências epistêmicas em três níveis
fundamentais:
A. Questões de Padrão, diz respeito à grande escala geométrica da história
biológica: Como os organismos são inter-relacionados, e como que nós sabemos
isso?
B. Questões de Processo, diz respeito aos mecanismos de evolução, e os vários
problemas em aberto naquela área, e
C. Questões sobre a questão central: a origem e a natureza da complexidade
biológica  a “complexidade biológica” diz respeito à origem daquilo que faz com que
os organismos sejam claramente o que são: complexidade especificada da
informação biológica.
Vide Bibliografia Comentada − Apêndice 1.
Exatidão e objetividade são aspectos importantes esperados em um livro de ciência. Há muitos
problemas com o livro Fundamentos da Biologia Moderna, de AMABIS & MARTHO (1998 e 2002):
ignora totalmente as sérias dificuldades que o darwinismo enfrenta com a evidência e o crescente
número de cientistas céticos do poder criativo da seleção natural como mecanismo evolutivo
responsável pela diversidade e complexidade dos seres vivos.
A seguinte análise examina o tratamento da evolução darwinista no livro didático Fundamentos da
Biologia Moderna, focalizando os quatro tópicos padrões importantes na abordagem da teoria
evolucionista e verifica se cada tópico foi devidamente coberto de modo a capacitar os alunos a
“compreender as ciências como construções humanas, entendendo que elas se desenvolvem por
acumulação, continuidade ou ruptura de paradigmas...” e que “a ciência não tem respostas
definitivas para tudo, sendo uma de suas características a possibilidade de ser questionada e de
se transformar”.
Uma visão crítica dos especialistas e pesquisadores
Recente publicação do MEC, “Ensino Médio: Construção Política - Sínteses das Salas Temáticas”
(2003), na seção sobre o livro didático, destacou que “alguns livros didáticos apresentam
reducionismos grosseiros e transposições simplificadas da realidade, o que compromete o
aprendizado do aluno” e que “há muitos livros de má qualidade em que o conhecimento é
apresentado de forma fragmentada, incluindo muitas vezes conceitos errados ou distorcidos” (p.
42). O artigo “Girafas, mariposas e anacronismos didáticos”, de Isabel Rebelo Roque, publicado na
revista Ciência Hoje, vol. 34, # 200, p. 64-67, de dezembro de 2003, abordou parcialmente esta
inusitada situação.
Mais recentemente em 2004, Rosana Tidon e Richard C. Lewontin publicaram o artigo “Teaching
evolutionary biology”, (Genetics and Molecular Biology 27, 1, 124-131, 2004) analisando o ensino
da teoria da evolução no ensino médio brasileiro. A evolução foi considerada como fator integrador
em diversas áreas da Biologia de maneira complexa e interativa, e que isso exige uma profunda
compreensão do assunto e do conhecimento em diversas áreas. Segundo os autores, esse
“conhecimento é freqüentemente inacessível para a maioria dos profissionais especializados,
inclusive dos professores” do ensino médio.
Nesse artigo, Tidon e Lewontin consideraram as interpretações biológicas incorretas da parte dos
professores e alunos, o currículo transdisciplinar e a inadequação do conteúdo dos livros didáticos
como sendo fatores responsáveis pelo ensino e aprendizagem sofríveis da teoria da evolução.
Apesar de apontarem sugestões para melhorar o ensino da evolução, em nenhuma instância o
neodarwinismo foi considerado uma teoria epistemicamente insuficiente para explicar a origem e a
evolução da vida.
Muito antes, no pequeno artigo "O convite de Darwin" publicado na revista Galileu, seção Idéias,
Agosto de 2003, p. 42, ficou demonstrado que a situação era muito mais grave do que tão-somente
esses dois anacronismos levantados por Rebelo Roque. Aquele artigo criticou en passant o
tratamento dado à teoria da evolução de Darwin em nossos melhores livros didáticos de biologia
do ensino médio brasileiro, tendo em vista a habilitação do educando em aprender, ter autonomia
intelectual e pensamento crítico e da compreensão do significado da ciência preconizados naqueles
documentos legais do MEC.
Destacamos que os livros didáticos repetidamente falham em satisfazer esses requisitos da LDB
9.394/96 e dos atuais PCNs. Como regra geral, os autores cobrem a evidência científica a favor da
teoria darwinista sem nenhuma crítica, sem sequer identificar suas fraquezas científicas
fundamentais discutidas em atualizada literatura científica por abalizados especialistas
evolucionistas. No processo, os livros didáticos também distorcem a evidência científica publicada
e ensinam uma série de erros factuais e duas fraudes (Uma centenária − os embriões de Haeckel
e outra mais recente − as Mariposas de Manchester).
No tópico "Currículo" do documento "Ensino Médio: Construção Política - Síntese das Salas
Temáticas", p. 38 o MEC destacou que "as disciplinas escolares propostas permanecem sendo as
mesmas que tradicionalmente compõem o currículo escolar: sua escolha e seus conteúdos não
são problematizados. Com isso, os conteúdos tradicionalmente ensinados são naturalizados,
tratados como universais, como se não tivéssemos de discutir a quem interessam esses saberes,
quais relações de poder sustentam e quais valores e visões de mundo privilegiam".
Na seção "Livros didáticos", Propostas, p. 46, afirma-se que na construção do livro didático os eixos
norteadores são "educação, comunicação e conhecimento" e quando se pensa a educação e a
comunicação "pensa-se na linguagem como não neutra, com significado, dialógica, que não
procura consensos, mas que expressa contradições". Nossos livros didáticos de Biologia, na
abordagem da teoria da evolução, privilegiam a visão do naturalismo filosófico travestido de ciência,
são consensuais quando existem sabidas contradições de opiniões de abalizados especialistas na
literatura especializada sobre as evidências encontradas na natureza que, em vez de apoiar as
teorias da origem e evolução da vida, demonstram sua insustentável suficiência epistêmica.
Já em 2000, Edgar Morin, francês, um dos maiores filósofos contemporâneos, escreveu o livro
Os sete saberes necessários à educação do futuro. Mesmo sendo academicamente
evolucionista, na sua sugestão à UNESCO para a educação do futuro, Morin assim se expressou:
"As ciências permitiram que adquiríssemos muitas certezas, mas igualmente
revelaram, ao longo do século XX, inúmeras zonas de incerteza. A educação
deveria incluir o ensino das incertezas que surgiram nas ciências físicas
(microfísica, termodinâmica, cosmologia), nas ciências da evolução biológica e
nas ciências históricas" (MORIN, 2000:16, ênfase inexistente).
São essas inúmeras zonas de incertezas que levaram a muitos cientistas duvidar do processo
darwinista não guiado de variação aleatória e seleção natural e considerá-lo insuficiente para
explicar a complexidade altamente ordenada encontrada nos sistemas biológicos, nítida
evidência de desenvolvimento direcionado ou “design inteligente”.
Nesta análise abordaremos tão-somente quatro aspectos teóricos da evolução no livro-texto
“Fundamentos da Biologia Moderna” de José Mariano Amabis (Professor-Doutor do
Departamento de Biologia do Instituto de Biociências da USP, Coordenador de Educação do
Centro de Estudos do Genoma Humano da USP) e Gilberto Rodrigues Martho (Licenciado em
Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da USP), São Paulo: Editora Moderna, 3ª edição
revista e atualizada, 2002, impressão de 2004, contrastado com a 2ª edição revista, 1997,
impressão de 1998.
Darwin admitiu existirem sérias objeções científicas à sua teoria. Escreveu quatro capítulos sobre
elas (quase 30% do seu livro!), salientando que suas inferências poderiam ter interpretações
diferentes, visões extremas da evolução:
"Estou bem a par do fato de existirem neste volume pouquíssimas afirmativas
acerca das quais não se possam invocar diversos fatos passíveis de levar a
conclusões diametralmente opostas àquelas às quais cheguei. Uma conclusão
satisfatória só poderá ser alcançada através do exame e confronto dos fatos e
argumentos em prol deste ou daquele ponto de vista, e tal coisa seria impossível
de se fazer na presente obra" (1994:36) [Ênfase inexistente].
Metodologia da análise
A análise das duas edições de Fundamentos da Biologia Moderna de AMABIS & MARTHOS
foram restringidas na cobertura dos seguintes tópicos:
1. A origem da vida. A experiência de Miller-Urey de 1953 que produziu os tijolos
químicos construtores da vida a partir da simulação de uma atmosfera primitiva
de metano, amônia, hidrogênio e vapor de água.
2.
O Big Bang da vida. A explosão cambriana, na qual os principais grupos de
animais surgiram de modo relativamente súbito no registro fóssil em vez de se
originarem de um ancestral comum, conforme implica a ‘árvore da vida’ de
Darwin.
3.
Descendência com modificação − ancestral comum. Fotos ou gravuras de
semelhanças em embriões de vertebrados usadas como evidência de
ancestralidade comum.
4.
A evolução em ação através da seleção natural. Fotos ou gravuras das
mariposas de Manchester repousando em troncos de árvores usadas para
ilustrar as experiências demonstrando a evolução em ação.
Diante do convite de Darwin para o exame e confronto dos fatos e argumentos, da sugestão de
Morin do ensino das zonas de incertezas e da proposta da LDB 9.394/96 para a formação ética
e desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico do educando vamos
examinar e confrontar a abordagem desses quatro aspectos teóricos da evolução abordados por
AMABIS & MARTHO no seu livro-texto Fundamentos da Biologia Moderna:
1. A origem da vida  Teoria da evolução química (Teoria de Oparin-Haldane e o
experimento de Miller-Urey)
AMABIS & MARTHO (1997), Cap. 1 Breve História das Origens, p. 2-15, (2002), Cap. 2 A origem
da biosfera, p. 2-15 (2004).
A teoria da evolução de Darwin aplica-se somente às coisas vivas. Darwin nunca propôs uma
teoria sobre a origem da vida, mas especulou como que a vida poderia ter começado num
"pequeno lago quente" (Francis Darwin, ed., "The Life and Letters of Charles Darwin", Vol. 2, p.
202). A teoria da evolução química geralmente apresentada nos livros didáticos é a de OparinHaldane dos anos 1930s do século 20.
AMABIS & MARTHO 1997 e 2002 mencionam os aspectos teóricos da evolução química, mas não
mencionam seus autores: Oparin e Haldane. Foi tão-somente no começo da década de 1950 do
século 20 que Stanley Miller, então aluno de pós-graduação na Universidade de Chicago, realizou
um experimento no laboratório de seu professor Harold Urey, iniciando assim a moderna pesquisa
da origem da vida.
Naquela década, os cientistas acreditavam que a atmosfera da Terra primitiva consistia
principalmente de vapor d’água, hidrogênio e gases ricos em hidrogênio tais como metano e
amônia. Miller colocou estes gases num aparato de vidro e os submeteu a uma descarga elétrica
simulando relâmpagos. Uma semana mais tarde, ele verificou que o aparato continha uma mistura
de moléculas orgânicas que incluía alguns aminoácidos -- os tijolos construtores de proteínas.
Depois que ele relatou os seus resultados em 1953, o experimento de Miller foi incorporado
mundialmente nos livros didáticos de Biologia para mostrar que os cientistas estavam começando
a entender a origem da vida.
Todavia, nos anos 1960s, os geoquímicos chegaram à conclusão de que a atmosfera da Terra
primitiva provavelmente continha um pouco de hidrogênio (que, sendo leve demais, teria subido
para o espaço exterior), mas em vez disto consistia de gases vulcânicos tais como dióxido de
carbono e nitrogênio. Quando o experimento de Miller-Urey é repetido com dióxido de carbono
(CO2), nitrogênio (N2) e vapor de água em vez de hidrogênio, metano, amônia e vapor de água,
os aminoácidos não são produzidos. Já por volta da década de 1980, a maioria dos geoquímicos
tinha concluído que o experimento de Miller-Urey era imensamente irrelevante para a origem da
vida.
Apesar de tudo isso, AMABIS & MARTHO (1997 e 2002) continuam apresentando o experimento
completo com desenho e fotografia do aparato original de Miller como evidência de que os tijolos
construtores podiam ter se formado espontaneamente na Terra primitiva. Apesar de informarem
aos estudantes de que a atmosfera da Terra primitiva era provavelmente bem diferente da mistura
de gases usados no experimento, não informam que quando o experimento é repetido com uma
mistura real ele simplesmente não funciona. Sem destacar os problemas sérios com o experimento
de 1953, AMABIS & MARTHO (1997 e 2002) informam aos alunos que misturas de gases mais
reais ainda produzem "diverso tipos de moléculas orgânicas" (2002, p. 8), sem informá-los de que
aquelas moléculas incluem elementos químicos tóxicos tais como cianureto e formoldeído, mas
não inclui aminoácidos.
A verdade é que os cientistas estão cada vez mais longe de entender como que os tijolos
construtores da vida se formaram na Terra primitiva, e mais longe ainda de entender como que as
células se formaram de tais tijolos construtores. Ao não informarem aos estudantes de que a
origem da vida ainda permanece um mistério impenetrável, AMABIS & MARTHO (1997 e 2002)
dão aos alunos a falsa impressão de que os cientistas fizeram grandes avanços em compreendêla. Para o atual conhecimento científico sobre a origem da vida, vide
http://www.issol.org/archive/newsF99.html/#summaries
Apesar de instarem aos alunos a compreensão de polêmicas sobre a origem dos seres vivos, ao
darem uma versão errônea do significado do agora já abandonado experimento de Miller-Urey, e
induzirem os estudantes ao erro sobre o atual estado da pesquisa da origem da vida, AMABIS &
MARTHO (1997 e 2002), não capacitam os estudantes na "sua autonomia intelectual e do
pensamento crítico" (LDB 9394/96).
2. A árvore da vida de Darwin e a "explosão cambriana"
AMABIS & MARTHO, (1997) Cap. 28 As grandes linhas da evolução, p. 569-80; (2002) Cap. 25
História evolutiva da vida, p. 472-87
Darwin chamou a sua teoria de "descendência com modificação". O termo "descendência" refletia
a crença de Darwin de que todos os organismos descendem de um ancestral comum que viveu
num passado distante. A única ilustração no livro de Darwin, "Origem das Espécies" [Belo
Horizonte: Villa Rica, 1994, p. 123] mostra o padrão da "árvore da vida" que alguém esperaria
encontrar no registro fóssil se a teoria de Darwin fosse verdadeira. O ancestral comum apareceria
primeiro, na base da árvore; as pequenas diferenças entre os indivíduos finalmente se tornariam
espécies diferentes, e as principais diferenças que distinguem os grupos modernos de organismos
(chamados de "filo") apareceriam por último. Os principais filos incluem os anelídeos (minhocas e
sanguessugas), moluscos (mexilhões e caracóis), artrópodes (lagostas e insetos), equinodermos
(estrela do mar e ouriços-do-mar) e cordatos (peixes e mamíferos).
Contudo, no registro fóssil, a maioria dos principais filos aparece plenamente formada no começo
do período geológico conhecido como Cambriano, sem evidência fóssil de que eles se
diversificaram a partir de um ancestral comum. Darwin estava ciente desta discrepância, admitindo
no "Origem das Espécies" que "determinadas espécies do mesmo grupo teriam aparecido
subitamente nas rochas fossilíferas mais antigas que se conhecem". Ele chamou este problema de
"sério" que "por ora, o caso ainda deverá permanecer inexplicável, podendo ser usado como
argumento de peso contra as idéias que aqui defendemos" ("Origem das Espécies", Cap. 9, p. 23637). Esse argumento considerado de peso por Darwin sequer é mencionado por AMABIS &
MARTHO (1997 e 2002).
Darwin temia que o registro fóssil pudesse por sua própria natureza ser tão incompleto que uma
solução para o problema não seria nunca encontrada; mas ele tinha esperanças de que a futura
coleta de fósseis pudesse, pelo menos, fornecer alguma evidência de que os animais
compartilhassem um ancestral comum. Todavia, um século e meio depois o problema é mais sério
do que nunca. Os paleontólogos pensaram uma vez que os animais pré-cambrianos pudessem ter
sido pequenos demais para serem detectados, mas fósseis unicelulares microscópicos muito mais
antigos do que o período cambriano têm sido descobertos desde então. Os paleontólogos também
costumavam pensar que os animais pré-cambrianos não podiam ter sido fossilizados porque eles
eram de corpos moles, mas agora está claro que a maioria dos animais fossilizados na "explosão
cambriana" era de corpos moles (Vide bibliografia abaixo).
O surgimento geologicamente súbito dos principais filos de animais tornou-se conhecido como "a
explosão cambriana", ou o "Big Bang da vida", e muitos paleontólogos o consideram como uma
das mais surpreendentes características do registro fóssil. Ele tem sido o assunto de artigos
recentes em publicações amplamente lidas tais como a revista Scientific American e em 1995 foi
até capa da revista Time.
AMABIS & MARTHO (1997 e 2002) lidaram com o registro fóssil como evidência a favor do ‘fato’
da evolução, mas não mencionaram o desafio que a explosão cambriana representa
epistemicamente à teoria de Darwin. Assim, eles não capacitam nossos alunos a analisar, revisar
e criticar explicações científicas, inclusive as teorias e hipóteses quanto aos seus graus de
possibilidade de serem verificadas cientificamente verdadeiras ou não, usando tão-somente
evidências e informações científicas.
3. Os embriões de vertebrados e os desenhos de Haeckel
AMABIS & MARTHO Cap. 27 Teorias da evolução, p. 548-68, especialmente a p. 550 (1997).
Darwin estava ciente dos problemas com o registro fóssil, incluindo a explosão cambriana, desse
modo ele se voltou para a embriologia para fornecer a melhor evidência para a sua teoria de que
todos os animais são descendentes de um animal comum. Darwin acreditava que a semelhança
de embriões de vertebrados nos seus estágios iniciais revela a sua ancestralidade comum, e ele
considerou aquelas semelhanças embriológicas "até aqui a mais forte classe de fatos a favor" de
sua teoria ("Origem das espécies", cap. 13; Francis Darwin, ed., "The Life and Letters of Charles
Darwin", Vol. 2, p. 311).
Logo após a publicação do "Origem das Espécies", o biólogo alemão Ernst Haeckel elaborou alguns
desenhos para ilustrar o ponto de Darwin mostrando que os embriões de vertebrados são quase
que idênticos nos seus primeiros estágios. Contudo, alguns dos colegas de Haeckel o acusaram
de fraude por fazer os embriões parecerem muito mais similares do que realmente são.
Na verdade, os desenhos de Haeckel descrevem enganosamente a evidência em três respeitos:
eles selecionam da ampla variedade de embriões de vertebrados somente aqueles que se
aproximam mais de se encaixar na teoria de Darwin, eles distorcem aqueles embriões selecionados
para fazê-los parecer mais semelhantes do que são realmente e eles omitem completamente os
estágios iniciais dos embriões -- nos quais as dessemelhanças são evidentes. (A dessemelhança
no estágio inicial não apóia a teoria de Darwin, mas deve ser invalidada pela teoria... ).
Estas distorções dos fatos encorajaram a Haeckel e Darwin na sua crença de os vertebrados
recapitulam a sua história evolutiva ("filogenia") durante o seu desenvolvimento embrionário
("ontogenia") -- uma crença que Haeckel imortalizou com a frase "a ontogenia recapitula a
filogenia". Hoje os cientistas sabem que esta doutrina é falsa. A fraude de Haeckel, originalmente
revelada no tempo de Darwin é periodicamente redescoberta. Em 1997, um grupo de
embriologistas comparou os desenhos de Haeckel com fotografias de verdadeiros embriões de
vertebrados. Numa entrevista com a publicação especializada Science, o líder do grupo declarou:
"Parece que isso está se revelando ser uma das mais famosas fraudes em biologia".
Em 2000, o eminente biólogo evolucionista de Harvard, Stephen Jay Gould, escreveu que os
desenhos de Haeckel dos embriões de vertebrados "exageraram as semelhanças pelas
idealizações e omissões. Ele também, em alguns casos -- num procedimento que somente pode
ser chamado de fraudulento -- simplesmente copiou a mesma figura muitas e muitas vezes". (Vide
bibliografia abaixo).
Apesar disso, os desenhos de Haeckel ou as suas versões redesenhadas têm aparecido nos livros
didátic...
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