XXXVII CONGRESSO PARANAENSE DOS ESTUDANTES DE ZOOTECNIA ISSN: 2176-1272 Universidade Estadual de Maringá Maringá 22 a 24 de Setembro de 2016 Os benefícios da equoterapia: uma revisão Carlos Eduardo Zanon1, Priscilla Ayleen Bustos Mac Lean2, Juliana Edwiges Martinez3 1 Discente de Engenharia de Biossistemas, Univ. Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Engenharia, Tupã – SP, e-mail: [email protected] 2 Docente do curso de Engenharia de Biossistemas, Univ. Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Engenharia, Tupã – SP. 3 Docente do curso de Fisioterapia, Faculdade da Alta Paulista (FADAP/FAP), Fisioterapeuta da APAE/Tupã, Tupã- SP Resumo: A equoterapia é um recurso terapêutico que utiliza o cavalo como um instrumento para proporcionar uma melhora nas áreas motoras, cognitivas e emocionais de indivíduos portadores de necessidades especiais. Ela parte do princípio de que o amor e a amizade que surge entre seres humanos e animais geram benefícios, já que é uma atividade bilateral: os animais se sentem úteis, e os pacientes parecem ter uma vontade maior para se recuperar. Os motivos principais da utilização do cavalo na habilitação ou na reabilitação motora, provêm do movimento que o passo do animal transmite ao praticante característico por ser ritmado, repetitivo e simétrico. Estudos tem mostrado os benefícios gerados pela Terapia Assistida por Equinos, que está dentro do ramo da terapia assistida por animais na zooterapia. Esta revisão mostrará como ela é realizada e quais as melhorias que traz a saúde. Palavras-chave: bem-estar humano, cidadania, equinos, método terapêutico, saúde, TAA The benefits of equine therapy: a review Abstract: Equine therapy is a therapeutical method which uses horses as an instrument to seek improvements on motor, cognitive and emotional skills in patients with special needs. This method assumes that the love and friendship that emerges from this relationship generates benefits, since it is a bilateral cooperation: animals can feel themselves useful and patients show a stronger wish to recover. The main reason for using horses in rehabilitation comes from the fact that horses produce rhythmic, repetitive and symmetrical steps. Besides, specialists have shown the benefits acquired from using Equine Assisted Therapy. The present review aims to expose how this method is used and which improvements it can bring for human health. Keywords: AAT, citizenship, echinus, health, human well-being, therapeutic method Introdução A utilização da equoterapia como recurso terapêutico não é uma descoberta recente, todos os relatos acerca de sua história afirmam que ela existe a mais de dois mil anos. Considerado o pai da medicina, Hipócrates (458 – 370 a.C.) já defendia a equitação como meio de regeneração da saúde, sendo utilizado para prevenção de insônia, recuperação de militares acidentados na guerra, entre outros problemas. As primeiras experiências em 1 XXXVII CONGRESSO PARANAENSE DOS ESTUDANTES DE ZOOTECNIA ISSN: 2176-1272 Universidade Estadual de Maringá Maringá 22 a 24 de Setembro de 2016 equoterapia no Brasil foram realizadas, a partir de 1971, pelas fisioterapeutas Elly Kogler e Gabriele B. Walter (RIBEIRO, 2006) e seu reconhecimento como método terapêutico, iniciou-se em 1989, com a fundação da Associação Nacional de Equoterapia – ANDE, em Brasília. A equoterapia vem como um tratamento de suporte, não é uma prática para substituir terapias e tratamentos convencionais, é voltada para a diversidade, para melhorar a qualidade de vida de pessoas comumente ignoradas pela sociedade, como no caso de pacientes com deficiências físicas, mentais e motoras (ABELLÁN, 2009). Silva (2011) e Eckert (2013) enfatizam que “é um método de reabilitação e educação que trabalha o praticante de forma global”. Essa atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo assim, para o desenvolvimento do tônus e da força muscular, do relaxamento, da conscientização do próprio corpo, do equilíbrio, do aperfeiçoamento da coordenação motora, da atenção e da autoestima. Um dos seus principais fundamentos é a transmissão de impulsos nervosos ao praticante, consequente do movimento tridimensional característico da marcha equina, a qual foi descrita na literatura como a que mais se aproxima à marcha normal do ser humano. Em 1890, Dr. Gustavo Zander, afirmou que as vibrações transmitidas ao cérebro, por 180 oscilações por minuto, estimulam o Sistema Nervoso Simpático (SNS), teste comprovado sem associar ao andar do cavalo. Em 1984, Dr. Detlev Rieder mediu as vibrações sobre o dorso do cavalo ao passo, e elas corresponderam exatamente aos valores que Zander havia recomendado (RIBEIRO, 2006). O objetivo desta revisão é mostrar a importância da terapia assistida por animais e os benefícios descritos na literatura que a prática da equoterapia proporciona. Desenvolvimento Zooterapia Dentro do ramo da Zooterapia, há diversas formas dos animais participarem do tratamento de pacientes hospitalizados, mas as mais comuns são: Atividade Assistida por Animais (AAA) que é feita com brincadeiras nas quais os pacientes hospitalizados podem se divertir com os animais. Esta atividade pode ser conduzida tanto pelo dono do animal como por um profissional da saúde e é direcionada a pessoas de diferentes faixas etárias. Segundo relatos de experiências levantados por Gullo (2000) para a revista ISTO É, o contato com animais aumenta as células de defesa e deixa o organismo mais tolerante a bactérias e ácaros, diminuindo a probabilidade das pessoas desenvolverem alergias e problemas respiratórios. Além disso, os pacientes internados que cuidavam de animais gastavam 16% a menos de medicamentos e saíam dois dias antes dos hospitais do que os doentes que não mantinham contato com os bichos. A Atividade Assistida por Animais pode ser aplicada em áreas relacionadas ao tratamento de distúrbios mentais e emocionais, em programas destinados a melhorar a socialização e recuperação da autoestima. Já na Terapia Assistida por Animais (TAA), as atividades são diferentes, pois o animal ajudará diretamente no tratamento da doença, fazendo parte do processo de cura e 2 XXXVII CONGRESSO PARANAENSE DOS ESTUDANTES DE ZOOTECNIA ISSN: 2176-1272 Universidade Estadual de Maringá Maringá 22 a 24 de Setembro de 2016 não somente servindo para distração. A TAA deve ser feita com a supervisão de um profissional de saúde especializado na área indicada e os animais devem ter acompanhamento de médico veterinário garantindo o bom estado sanitário do animal, e principalmente zelar pelo seu bem-estar. Para escolher a melhor espécie a participar do tratamento, é preciso avaliação profissional do especialista junto com o responsável pela terapia, que verão o animal que possui melhor perfil para participar do tratamento. Obviamente, os pacientes com fobias e aversão a animais não devem ser incluídos em programas de TAA (MACHADO et al. 2008). De acordo com Dotti (2005), durante a terapia há produção e liberação do hormônio endorfina no corpo do paciente, o que resulta sensação de bem-estar e relaxamento, assim como diminuição na pressão arterial e no nível do hormônio cortisol. Uma das vantagens da TAA, segundo Silva (2011), é que o paciente fornece e recebe afeto, é esta reciprocidade que faz a zooterapia diferente de outras modalidades terapêuticas. Terapia Assistida por Animais: Equoterapia A equoterapia utiliza a similaridade que existe entre o ritmo do movimento do cavalo e do ser humano, esse recurso terapêutico pode ser aplicado a portadores de necessidade físicas, sensoriais e/ou mentais; indivíduos com necessidades educativas especiais e distúrbios comportamentais. Martinez (2015), da APAE-Tupã, lembra que as contraindicações para a prática de equoterapia precisam ser conhecidas, entre elas destacamse: epilepsia não controlada, cardiopatias agudas, instabilidade da coluna vertebral, graves afecções da coluna cervical, luxações de ombro ou quadril; a precaução maior é o caso de paciente com Síndrome de Down, isso por motivo da instabilidade da articulação atlantoaxial. Segundo Silva & Grubits (2004), os efeitos terapêuticos que podem ser alcançados com a equoterapia são de quatro ordens: Melhoramento da relação: considerando aspectos de comunicação, da autoconfiança e vigilância em relação a tempo e espaço. Melhoramento da psicomotricidade: nos aspectos do tônus, da mobilidade da coluna e da bacia, do equilíbrio e do tronco ereto e na precisão dos gestos. Melhoramento de natureza técnica: aprendizagens referentes aos cuidados com os cavalos e técnicas de equitação. Melhoramento da socialização: facilitando a integração de indivíduos com danos cognitivos ou corporais com os demais participantes. Clemente (2009) ressalta que não existe uma raça própria de cavalo para trabalho na equoterapia. Os requisitos principais que o animal deve apresentar é os três andamentos regulares: passo, trote e galope, o animal deve apresentar comportamento dócil e compatível para a prática. É preciso que seja equilibrado o centro de gravidade abaixo do garrote para que o praticante fique mais próximo do cavalo e seu corpo fique como se estivesse em pé, com ombros e calcanhares em linha reta. 3 XXXVII CONGRESSO PARANAENSE DOS ESTUDANTES DE ZOOTECNIA ISSN: 2176-1272 Universidade Estadual de Maringá Maringá 22 a 24 de Setembro de 2016 São necessárias algumas adaptações na sela de montaria, que deve vir com alça para apoio, coxim para ajustar a sela à pelve do paciente para melhor posicioná-lo. Existe também a possibilidade de utilizar mantas próprias para a atividade, que deve envolver todo o dorso e as regiões laterais do tronco do cavalo, sendo presa na barriga do animal por uma cinta. Em relação a exercícios físicos, o praticante pode durante a montaria acariciar o cavalo, simular um jogo de basquete, arremessando bolas em direção a uma cesta; percorrer o trajeto contornando cones dispostos em fila. É comum também mudar a posição corporal do praticante sobre o dorso do cavalo, colocando-o de costas e de lado em relação a cabeça do animal, estimulando a levantar os braços simultaneamente ou um de cada vez. Conclusões O estudo de diferentes autores sobre a equoterapia, proporcionou importantes reflexões sobre esse recurso terapêutico. A interação homem-animal sempre nos trouxe benefícios, e com essa atividade não foi diferente. Além de promover saúde física e emocional, é de grande importância desenvolver iniciativas que torne o mundo mais humano onde crianças e adultos demonstrem empatia, compaixão, responsabilidade pelos animais e natureza. Agradecimentos À APAE de Tupã, pela gentiliza e disponibilidade do local e pessoal técnico, e a Proex, pela bolsa de extensão e pelo financiamento que permitiu a criação do projeto “Mãos & Patas” Literatura citada ABELLÁN, R.M. Atención a la diversidade y terapia assistida por animales. Revista Educación Inclusiva, v.2, n.3, p.111-133, 2009. CLEMENTE, P.M. Intervenção da Equoterapia na Distrofia Muscular de Duchenne. UNIFESP – São Paulo, 2009. DOTTI, J. Terapia & Animais. São Paulo: Noética, 2005. 294p. ECKERT, D. Equoterapia como recurso terapêutico: Análise eletromiográfica dos músculos reto do abdômen e paravertebral durante a montaria. Centro Universitário UNIVATES. Lajeado, 2013. GULLO, C. Benefício animal. Revista ISTOÉ. São Paulo, 25 jan.2000. Disponível em: < http://istoe.com.br/32014_BENEFICIO+ANIMAL+/>. Acesso em: 03 ago. 2016. MACHADO, J.A.C.; ROCHA, J.R.; SANTOS, L.M.; PICCININ, A. Terapia Assistida por Animais (TAA). Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. Ano VI - Número 10 – Janeiro de 2008. 4 XXXVII CONGRESSO PARANAENSE DOS ESTUDANTES DE ZOOTECNIA ISSN: 2176-1272 Universidade Estadual de Maringá Maringá 22 a 24 de Setembro de 2016 MARTINEZ, J.E.; SANTOS, F.; SANTOS, S.C.B.; SILVA, R.F. Análise do comportamento neuropsicomotor da criança com autismo durante atividade de equoterapia: Um estudo do caso. Faculdade da Alta Paulista de Tupã – FAP. Tupã/SP – 2015. RIBEIRO, R.P. A repercussão da equoterapia na qualidade de vida da pessoa portadora de lesão medular traumática. Universidade Católica Dom Bosco. Campo Grande, 2006. SILVA, B.R.G. ZOOTERAPIA: A INTERAÇÃO HOMEM – ANIMAL. Revisão bibliográfica para a conclusão do curso de graduação em zootecnia. UEM - Centro de Ciências Agrárias. Maringá, 2011. SILVA, C.H.; GRUBITS, S. Discussão sobre o efeito positivo da equoterapia em crianças cegas. PSIC - Revista de Psicologia da Vetor Editora, Vol. 5, nº.2, 2004, pp. 06-13 5