Sacerdotes e Monarcas [Modo de Compatibilidade]

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Sacerdotes e Monarcas,
enfrentamentos pelo poder na
XVIII dinastia egípcia
Prof. Marcio Sant´Anna dos Santos
Linha temporal do Egito antigo
Período dinástico inicial (c. 3150-2868 a.C.)
Antigo Império (c. 2686-2181 a.C.)
Período de desintegração, anarquia a caos.
Médio Império (c. 2040-1780 a.C.)
Construção das pirâmides de Gizé.
1º Período Intermediário (c. 2181-2040 a.C.)
Menés – primeiro rei do Egito, unificou o país.
Restabelecimento da ordem no país.
2º Período Intermediário (c. 1780-1570 a.C.)
Governantes fracos permitem a invasão dos hicsos.
As pirâmides de Gizé
Quéfren, Quéops e Miquerinos
Imhotep,
o sábio arquiteto da
primeira pirâmide
Linha temporal do Egito antigo
Novo Império (c. 1570-1070 a.C.)
3º Período Intermediário (c. 1070-525 a.C.)
Cleópatra VII
Enfraquecimento do poder dos faraós.
Período Tardio (c. 525-332 a.C.)
Expulsão dos hicsos;
Crescimento do poder e da riqueza do Egito;
Akhenaton impõe Aton como divindade única no Império;
Tutankhamon e o retorno à antiga religião;
Ramsés II, último grande faraó do Egito.
Invasão dos persas.
Período Greco-romano (c. 332-30 a.C.)
Alexandre conquista o Egito;
Cleópatra VII;
O Egito torna-se uma província do Império Romano.
Múmia de Ramsés II
O Império egípcio na XVIII dinastia
Busto de Tutmósis III, o faráo que expandiu as
fronteiras do Império egípcio até a Ásia. Fonte:
Museu egípcio do Cairo.
O Egito da XVIII dinastia
Expulsão dos invasores
hicsos;
Supremacia da cidade de
Tebas;
Crescimento do culto a
Amon;
Expansão territorial.
Cabeça de estátua do faraó Amósis, fundador da XVIII dinastia.
Fonte: Museu egípcio do Cairo
A religião egípcia – Enéada de Heliópolis
Atun – o criador do universo (uma das formas de Rá)
Shu (o ar) e Tefnut (a umidade)
Nut (o céu) e Geb (a terra)
Néftis (senhora do palácio), Seth (senhor do caos),
Ísis (senhora do trono) e Osíris (senhor dos mortos)
A religião egípcia – a tríade de Tebas
Aspectos masculino (Amon),
feminino (Mut) e o resultado
deste casamento simbólico
(Khonsu);
Necessidade de transformar
Amon em um deus que
ultrapassasse os limites de um
deus local e o transformasse em
um deus dinástico;
Processo de solarização – Amon
recebe atributos de Rá (da
Enéada) e passa a ser uma
divindade criadora.
Amon, Mut e Khonsu – a tríade tebana
Culto a Amon
Expandiu-se com a expulsão
dos hicsos;
Recebeu favorecimento dos
faraós seguintes como forma
de legitimação do poder;
Divindade
expansionista,
tornou-se a principal do
império egípcio.
Amon, deus principal da cidade de Tebas
O poderio do clero de Amon
Devido ao constante favorecimento dos soberanos da
XVIII dinastia, o clero de Amon se tornou extremamente
poderoso e praticamente auto-suficiente, ameaçando o
poder real.
Templo
Terrenos em km²
Dependentes
Cabeças de gado
Ptah, em Mênfis
28
3.079
10.047
Rá, em Heliópolis
441
12.963
45.554
Amon, em Tebas
2.393
86.496
421.362
Fonte: MELLA, Federico A. Arborio. O Egito dos faraós: história, civilização, cultura. São Paulo: Hemus, 1998.
O Aton
Inicialmente era uma divindade menor da cidade
de Heliópolis, representado pelo disco solar;
Foi elevado a deus dinástico pelo faraó
Akhenaton (Amenhotep IV) em uma tentativa de
diminuir o poder excessivo dos sacerdotes de
Amon;
Além disso, Akhenaton proclamou-se como a
única encarnação de Aton na Terra, o único
humano
que
podia
adorar
e
comunicar
diretamente com deus.
Akhenaton, Nefertiti e suas filhas realizando oferendas a Aton.
Fonte: Museu egípcio do Cairo.
Akhenaton: “Aquele que agrada a Aton”
Amenhotep IV, rei da XVIII dinastia declarou
luta direta contra os poderosos sacerdotes de
Amon;
Proclamou
Aton
gradativamente,
o
baniu
deus
o
dinástico
culto
às
e,
outras
divindades mas sempre focado no clero tebano;
Mudou a capital para Akhetaton (Tell-elAmarna), cidade projetada por ele, onde pôde
ficar longe da influência dos sacerdotes de
Amon;
Trocou seu nome Amenhotep (“Amon está
satisfeito”) para Akhenaton (“Aquele que agrada
a Aton”);
Seu lema de governo era: “Viver na verdade”.
Verdade esta que era encontrada no Aton.
Detalhe de um baixo relevo proveniente de uma
tumba real de Amarna representando Akhenaton
realizando uma oferenda a Aton.
Fonte: Museu egípcio do Cairo
A tríade de Amarna
Estela
onde
aparecem
Akhenaton, Nefertiti e suas
filhas sob a proteção de
Aton. Fonte: Museu egípcio
do Cairo
De acordo com a teologia amarniana, somente se chagaria à divindade
celeste, o Aton, através do culto às suas contrapartes terrenas, ou seja, o rei
Akhenaton e a rainha Nefertiti.
As tríades de Amon x Aton
Amon - ♂
Mut - ♀
Khonsu
Aton
Akhenaton - ♂
Nefertiti - ♀
Notamos que a tríade de Aton era inversa à tríade de Amon e
às demais tríades da religião tradicional egípcia.
Os templos tradicionais e os templos de
Aton
(À esquerda) Templo de Philae dedicado a deusa Ísis.
(Acima) Reconstituição de um templo de Aton.
Problemática da religião de Amarna
Importância de Amon na reorganização do reino no Novo
Império. Tal divindade era muito próxima dos homens comuns
e somente um longo processo poderia substituí-la;
Religião abstrata e pobre de mitos;
Pacifismo pregado pela nova crença que levou à perda de
territórios e desestruturação do Império.
Retorno à ortodoxia
Após o reinado de Akhenaton, seu sucessor Tutankhaton (Imagem viva de Aton),
muda seu nome para Tutankhamon (Imagem viva de Amon) e retorna a religião aos
cânones tradicionais;
Os templos dedicados a Aton foram posteriormente desmantelados e seus blocos
usados na construção de outros templos;
A cidade de Akhetaton foi esvaziada e tornou-se uma cidade-fantasma,
posteriormente seus blocos foram usados na construção da cidade de HermópolisMagna;
Os nomes de Akhenaton e Tutankhamon não constam na listagem dos reis egípcios
no templo do faraó Séthi I em Ábidos.
Referências Bibliográficas
CARDOSO, Ciro Flamarion Santana. Considerações funcionais acerca das Cidades Egípcias do Reino
Novo (XVIIIª - XXª Dinastias). PHOÎNIX, Rio de Janeiro, n. 2, p. 71-82, 1996.
_____________. De Amarna aos Ramsés. PHOÎNIX, Rio de Janeiro, n. 7, p. 115-141, 2001.
_____________. Deuses, múmias e ziguratts: uma comparação das religiões antigas do Egito e da
Mesopotâmia. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999.
_____________. O Egito antigo. São Paulo: Brasiliense, 2004.
_____________. Sociedades do antigo Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 2002.
CARTER, HOWARD. A descoberta da tumba de Tutankhamon. São Paulo: Planeta, 2004.
GRALHA, Júlio. Deuses, faraós e o poder: legitimidade e imagem do deus dinástico e do monarca no
antigo Egito. Rio de Janeiro: Barroso Produções Editoriais, 2002.
JOHNSON, Paul. História ilustrada do Egito antigo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
MELLA, Federico A. Arborio. O Egito dos faraós: história, civilização, cultura. São Paulo: Hemus, 1998.
PERNIGOTTI, Sérgio. O sacerdote. In: DONADONI, Sergio. O homem egípcio. Lisboa: Presença, 1994.
SILVERMAN, David P. O Divino e as Divindades no Antigo Egito. In: SHAFER, Byron E. As religiões no
Egito antigo – deuses, mitos e rituais domésticos. São Paulo: Nova Alexandria, 2002.
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