METODOLOGIAS ATIVAS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) BRASÍLIA, DF JUNHO-2013 Diretoria Geral Diretoria Acadêmica Núcleo Interdisciplinar de pesquisa Coordenação Geral de Trabalho de Conclusão de Curso METODOLOGIAS ATIVAS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) Trabalho apresentado para Conclusão de Curso - TCC do Programa do Curso de Graduação em Pedagogia das Faculdades Integradas PROMOVE de Brasília e do Instituto Superior de Educação do ICESP. Orientador(a) M.Sc. Sônia Regina Basili Amoroso. Avaliador(a) _______________________________. Avaliador(a) _______________________________. BRASÍLIA, DF JUNHO-2013 METODOLOGIAS ATIVAS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) Gilvani Jacobino ¹ Jakeline Soares² Resumo Este trabalho tencionou apresentar elementos para analisar as questões relativas à Educação de Jovens e Adultos (EJA), tais como os conflitos sociais e econômicos que são possíveis influencias para o fracasso escolar destes alunos, sendo que acredita-se serem de total relevância as metodologias, estratégias e práticas escolares apropriadas à modalidade de ensino em questão, para tornar este ensino eficaz e também obter uma possível melhora no processo de ensino e aprendizagem dos alunos inseridos na EJA. Assim, este estudo qualitativo, de cunho explicativo e exploratório teve como objetivo geral identificar as diferentes metodologias utilizadas na (EJA), que podem influenciar a didática do docente, visando garantir efetividade no processo de ensinoaprendizagem. Para isso foram ouvidos, por meio de um questionário, docentes de duas instituições de Ensino da Rede Pública da Secretaria de Educação do Distrito Federal que atuam na modalidade em foco. Como resultados foi possível concluir que há boa compreensão dos docentes sobre a importância das metodologias ativas para a Educação de Jovens e Adultos, porém, não obstante a isso, os mesmos ainda estão sentindo-se despreparados e queixam-se do apoio à sua formação e atuação. Palavras chave: Formação docente; Educação de Jovens e Adultos; Metodologias de ensino. Abstract: This work stages present elements to analyse issues relating to youth and adult education (EJA), such as social and economic conflicts that are possible influences for the scholastic failure of these students, believed to be of total relevance methodologies, strategies and practices appropriate to the school teaching mode in order to make this effective teaching and also get a possible improvement in the teaching and learning process of students entered in the EJA. So, this qualitative study, explanatory and exploratory nature had as general objective to identify the different methodologies used in (EJA), which can influence the didactics of teaching, in order to ensure effectiveness in the teaching-learning process. To this were heard, through a questionnaire, teachers of two public education institutions of the Department of education of the Federal District who work in focus mode. As a result it was possible to conclude that there is good understanding of teachers on the importance of active methodologies for the education of young people and Adults, however, despite this, they are still feeling unprepared and complain about support for their training and performance. Key Words: Teacher training; Adult and youth education; Teaching methodologies. ________________________________________________________________________ ¹Gilvani Jacobino de Sousa, graduanda do 6º semestre do curso de Pedagogia das Faculdades Icesp/PROMOVE de Brasília. ² Jakeline Soares dos Santos, graduanda do 6º semestre do curso de Pedagogia, das Faculdades Icesp/PROMOVE de Brasília. INTRODUÇÃO A Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil tem sido pautada por campanhas ou movimentos desenvolvidos a partir do pressuposto de que é preciso reformular o sistema educacional vigente com medidas eficazes para sanar os atuais conflitos sociais, como o analfabetismo, a baixa escolarização e a falta de preparo da população, dentre outros fatores que influenciam direta e indiretamente o contexto social. As atuais políticas públicas são marcadas por ideias extremamente autoritárias em que se observa que ainda resistem os desafios implantados pelo próprio sistema educacional, demonstrando ainda impossibilidade de ofertar uma educação de qualidade. O que seguramente afeta no desenvolvimento desses alunos, que necessitam de uma educação igualitária e comprometida com a formação de sujeitos autônomos, críticos e participativos. Além disso, é premente que se atendam seus anseios e expectativas, permitindo-lhes construir um perfil profissional e serem inseridos numa sociedade menos excludente, assim como no mundo letrado. O debate é intenso e reflete na temática a necessidade de um resgate do atual sistema escolar, para que possa suprir as reais necessidades desses alunos, pois a Educação de Jovens e Adultos vem permeada, por décadas, de conflitos sociais e culturais, tendo como fator preponderante na prática pedagógica a forma equivocada e tradicional de atuar. A aparente falta de motivação dos educadores, tanto no que tange a sua formação como no processo de ensino e aprendizagem, que acaba desvinculando a prática pedagógica da realidade do aluno, pode ser destacada como preocupante. Sem haver a preocupação de adaptar o que se ensina aos interesses desses alunos que, geralmente vêm do ensino regular, também desmotivado, seja por fatores pessoais, seja pela falta de incentivo, assim como o descaso com a modalidade por falta de políticas públicas centralizadoras e incipientes, dentre outros fatores concebe-se que não haverá o atendimentos às metas essenciais para o resgate destes indivíduos. Diante destas discussões acerca desses conflitos, a evasão escolar está atrelada à EJA de forma bastante forte e observa-se que se necessita urgentemente de estratégias que possam diminuí-la, sejam práticas pedagógicas mais eficazes, sejam estratégias motivacionais para solucionar estes problemas sociais. Neste contexto nota-se que a educação não tem sido plena ao alcance de todos os indivíduos, e nesta modalidade de ensino, surge à classe trabalhadora, que busca o seu espaço numa educação inclusiva para melhor inserir-se no mercado de trabalho. Esta classe tem ainda peculiaridades e necessidades bastante distintas que precisam ser pensadas e compreendidas, pois o sucesso profissional depende da formação plena do individuo numa sociedade ativa de mão de obra capacitada, o que se entende como essencial para estes alunos. No que tange a educação, a legislação brasileira determina a responsabilidade da família e do estado como responsáveis e que têm o dever de orientar a criança ou jovem em seu percurso sócio educacional. A Lei de Diretrizes e Bases da educação é bastante clara a este respeito. Em seu Art.2 diz que: “a educação, dever da família e do estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996, p.2). Assim sendo, o que se observa que não basta legislar sobre a obrigatoriedade de matricular as crianças e jovens n escola, é preciso que os pais, professores e toda a sociedade se responsabilizem e se mobilizem no sentido de promover sua permanência e desenvolvimento. Portanto, este estudo buscou identificar como objetivo geral as diferentes metodologias utilizadas na (EJA), que podem influenciar a didática do docente, visando garantir efetividade no processo de ensino-aprendizagem. E como objetivos específicos conhecer as possíveis estratégias utilizadas comumente como prática pedagógica; identificar durante a prática escolar, quais são os desafios enfrentados pelo professor para atuar na EJA; identificando como se dá seu processo de formação. REFERENCIAL TEÓRICO Quando pensamos na formação do professor da educação de jovens e adultos, surgem alguns conceitos em relação à questão legal que deve ser a base que garantirá as orientações sobre esta formação. Assim, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, faz referência a EJA definindo-a como uma “educação” que deve enfatizar um currículo que aponte a necessidade de formação coletiva e interdisciplinar do educador, isto significa dizer que este profissional precisa ter em sua formação atributos mais específicos, que lhe garantam uma atuação assertiva na modalidade da EJA. (Brasil, 1996) Ainda sobre a Lei acima citada, a resolução 01/2000 do Conselho Nacional de Educação, de 5, de Julho de 2000, estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de jovens e adultos que enfaticamente diz que há uma necessidade de formação específica para atuação na área de trabalho.(BRASIL, 2000) Porém, segundo afirma o autor Soares (2006) observa-se que apenas recentemente a formação do professor da EJA passou a ser reconhecida como modalidade que reconhece a habilitação nas instituições de ensino superior para dar o segmento devido ao perfil docente que encontra, segundo o mesmo autor deve estar em contínua construção e aperfeiçoamento desta formação, principalmente para atuar na EJA. Ou seja, a formação continuada ou específica do professor nesta modalidade de ensino, assim como em todas as outras é de extrema importância, especialmente quando a educação de jovens e adultos não foi contemplada numa formação acadêmica inicial do professor. Segundo Soares (2006) a formação específica do docente da EJA surgiu mediante a oferta de especialização realizada como curso de Pós-graduação, visando assim, se tornar eficaz no processo de preparação deste profissional para atuar no ensino e para atender a demanda de alunos que visam melhorar o seu conhecimento para serem considerados cidadãos letrados. Isto se dá em virtude de que o educador desta modalidade precisa ter em mente o permanente estudo na troca de experiências em seu espaço e no tempo, para poder reformular suas ideias e refletir, reconstruído seus saberes, para criar momentos de aprendizado sobre a melhor prática pedagógica e com a capacidade de adaptar ao ensino da EJA. Dessa forma, o professor pode inserir conteúdos relevantes a esse segmento, que venha atender em seus alunos a capacidade de elaborar grandes projetos, e suprir as expectativas voltadas às suas necessidades, tais como a alfabetização. Mas isso não se restringe a apenas letramento, mas leitura de mundo e capacidade de se tornarem sujeitos letrados, autônomos e participativos na sociedade. É essencial que os docentes aproveitem as experiências de vida dos alunos inseridos na EJA e que muito contribuirão com o ensino, uma vez que estes alunos podem trazer para o contexto escolar, através de suas vivências, ideias, soluções, informações sobre seus grupos sociais, culturais, políticos e religiosos, além de propiciarem muitas trocas de experiências, valiosas para todos que ali estão. Isto significa que ao mesmo tempo em que se ensina também se aprende. Portanto, em relação ao contexto de formação continuada, o professor dessa modalidade de ensino deve estar atento às varias transformações pelas quais passa a sociedade em que se insere, reconhecendo seu próprio universo e procurando adquirir novas funções, assumindo que sua formação atual encontra-se desatualizada. Requerendo, portanto a modificação de sua ação, já que essas funções tradicionalistas de ensino, que privilegiam o conteudismo ou que são infantilizadas para atuar com esta faixa etária, já não atende ao que é fazer pedagógico como prática em sala de aula. Onde realmente possa suprir essa modalidade tão defasada em metodologias ativas. (SILVA, Apud MOURA 1991, p.7). Ainda afirma a autora acima, que o educador tradicional não tem condições de assumir uma práxis educativa intimamente inserida na prática política e participante, pois deve acompanhar o processo de desenvolvimento da consciência da classe trabalhadora, que procura adequar a realidade globalizada para melhor inserir-se no mundo profissional, que se encontra em processo de competição dos melhores qualificados. Isto nos leva a refletir que este contexto educacional é bastante denso e precisa de um olhar especial sobre a diversidade que dele participa. Assim sendo, nesta visão, a educação se encontra em constante aperfeiçoamento sobre uma nova perspectiva, ou novo paradigma de produção, e para isso é preciso envolver o novo modelo de produção e o desenvolvimento de novos métodos, que acompanhe os avanços do mundo globalizado, com uso das tecnologias para melhor qualificação profissional, destes docentes. (LIBÂNEO, 1998) Nesta concepção cabe ressaltar que é necessária uma reflexão sobre um repensar da função docente. As novas tecnologias exigem desses profissionais um aperfeiçoamento constante. Porém, a função do professor deve ser pautada em constante aprendizado, em que possa melhorar o seu aprendizado, colocando em evidencia as novas circunstâncias que o mercado de trabalho exige, tanto para ensinar como para aperfeiçoar seus conhecimentos e poder formar indivíduos críticos, conhecedores de seus direitos e deveres, diminuindo a desigualdade social, que vem atualmente atrelada a vários fatores sócio econômicos, assim como na educação e no mundo letrado. Estratégias para a prática pedagógica: Diante da importância que se dá ao processo de ensino, essas estratégias surgem no decorrer da prática pedagógica, quando o educador precisa ficar atento às necessidades e as dificuldades enfrentadas por estes alunos da EJA. Cabe compreender que para inovar sua metodologia e dar ênfase numa educação de qualidade, deve buscar então não a quantidade de conteúdos ou materiais didáticos, mas uma adequação à realidade e interesse dos alunos. Assim, quem sabe juntos possam desenvolver um trabalho pedagógico, com foco na motivação, para que os alunos permaneçam na escola. Sem participar do ensino tradicional que pode desencadear o esmorecer do aluno em seu ambiente escolar. A escola deve propiciar a esses alunos que em grande parte corresponde à classe trabalhadora, um ambiente acolhedor, emotivo e criativo, visando à participação de todos os envolvidos nesse processo de ensino e aprendizagem, com objetivo de atrair novos alunos para essa modalidade e manter os existentes estudando. (PERRENOUD, 2000). Leal afirma que: A experiência com a alfabetização leva a conceber o desenvolvimento da consciência fonológica não como um treinamento de habilidades “ x ou y”, mas como jogos e atividades que fazem parte de uma didática mais ampla que, além de dar conta do letramento do mundo letrado. O deixa-nos a reflexão sobre o funcionamento das palavras escritas. (LEAL, 2010, p.63) Ainda segundo a autora, algumas habilidades citadas como a didática com jogos, ajudam e são essenciais para melhor desempenho das turmas de alfabetização da EJA, pois envolve a capacidade de comparar as palavras quanto a silabação e a semelhança sonora, e visual quanto as silabas, separadas em rimas ou fonemas iniciais. Leal (2010) salienta, entretanto que, alfabetizar de acordo com a dimensão sonora das palavras, pode ajudar na forma de falar, ou seja, na linguagem oral, quando pode envolver textos poéticos, músicas, quadrilhas, cantigas da tradição popular, parlendas e trava línguas que contêm rimas e semelhança. Por serem curtos os alunos assimilam melhor o conteúdo. Nesse enfoque pode-se observar que há grande importância dada pelos jovens e adultos às habilidades necessárias ao domínio da autonomia da leitura e da escrita. Assim como contribuem para suas motivações, pois nem sempre é relativa à dificuldade para saber lidar com os problemas concretos da sua vida cotidiana. Ainda para Leal (2010) muitas vezes o que move os jovens e adultos da EJA são desejos relativos ao direito de adquirir autonomia e a capacidade de agir em situações em que a escrita está presente. Talvez com o sonho de não precisar sempre de alguém para mediar esta leitura de mundo, ou seja, a possibilidade de acessar e interpretar diferentes textos, o que lhes garantirá uma real inserção social, sem serem discriminados. De forma a sentirem-se incluídos e valorizados socialmente, já que os alunos que não sabem ler e escrever são tidos em muitos casos como pessoas menos capazes na nossa sociedade. Para a autora ainda é cabível pensar que a escolarização ou alfabetização para os alunos da EJA significa uma porta de acesso aos bens culturais e sociais, demonstrando que são capazes pessoal e potencialmente, tendo domínio da leitura e da escrita. Neste sentido destaca a referida autora que a escola desempenha importante papel para cumprir e favorecer este acesso, resgatando estes alunos, e preparando-os para viver em sociedade e assumir sua cidadania. Destaca Leal (2010) que quanto à oralidade, há muitos indivíduos que se sentem excluídos em função de sua capacidade linguística, sendo por isso excluídos e vítimas de preconceito. Finda por refletir que o status social é o que mais desejam os indivíduos que, invariavelmente estão à procura de atenção dos que são por eles considerados economicamente mais bem sucedidos. Sair da condição de analfabetos e do estigma que carrega a classe trabalhadora dos não alfabetizados, fez com que muitos buscassem conhecimento, mesmo assumindo-se como pessoas que não falam adequadamente. Afirma Amorim (2009, p.94), “que se observa nos depoimentos dos alunos que há aparente dificuldade de reconhecer a língua falada, ou seja, a língua portuguesa.” Ainda segundo a mesma autora acima citada, os estudantes temem ser discriminados e estigmatizados pela forma como falam, por isso, querem aprender a língua culta. Assim sugere que se inspira em sala de aula oportunidades de reflexão sobre como a linguística é variada e como o preconceito acompanha sua má utilização. Na essência pode se propor aos alunos que identifiquem as diferentes variações e padrões da língua, pois na sociedade cada um pode ser usado, desde que esteja adequado à situação. Então pode perceber que, as situações de discussão sobre a variação e preconceito linguístico seja promovida de modo que venha ajudar aos alunos a fortalecerem suas identidades e autonomia e entenderem melhor o processo sobre exclusão social, e não causar constrangimento nesses alunos, que já trazem muitas dificuldades no processo de aprendizado por causa da má formação e a falta do conhecimento necessário para desenvolver o processo cognitivo. Segundo Leal (2010, p.80), afirma que, “para o educador atender as várias expectativas e anseios de alunos da EJA, é necessário promover variadas situações de escrita, em que os estudantes possam interagir por meio da escrita, atendendo a diferentes papeis sociais, intervindo na sociedade”. Ainda sobre este conceito, observa-se que, no caso de jovens e adultos que ainda não estão alfabetizados, as atividades que forem aplicadas devem propiciar primeiro uma apropriação de assimilação do sistema alfabético e da escrita no mundo letrado, mais é preciso considerar que existem outras habilidades e domínio da linguagem necessária para poder aplicar a seu contexto social. A intervenção do educador, no sentido de auxiliar a tomada de consciência sobre os processos cognitivos e motivacionais, envolvidos na aprendizagem também se destaca como aspecto essencial na EJA. (RIBEIRO, 2001, p.59). Ainda segundo a mesma autora acima citada essa aprendizagem é uma prática que exige um alto padrão de controle, assim essa intervenção do mediador no sentido que abrange o auxilio e a tomada de consciência, deve partir de um planejamento avaliativo numa concepção contextualizada da prática pedagógica, com o incentivo ao diálogo sobre a leitura e a escrita, sendo a proposta pedagógica mais efetiva nesse sentido, na medida em que estimula os alunos, eles passam a refletir sobre suas próprias ações, passando a compará-las. Diante das várias temáticas enfrentadas nesta modalidade de ensino, cabe destacar a importância de efetivar o direito a educação de jovens e adultos, a vagas nos sistemas públicos de ensino. Ensino este que deve ser adequado aos que ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular, onde ele proponha a qualidade e valorização, respeitando as suas experiências e os conhecimentos existentes no decorrer de suas vivências ou num processo de maturação biológica. Portanto, a Secretaria de educação continuada, alfabetização e diversidade (SECAD),proporcionou a criação de um material pedagógico inovador, que buscou demonstrar em relação a essa modalidade de ensino, uma preocupação e atenção aos novos métodos de ensino, para superar a visão tradicional da EJA, como mera suplência, ou seja, a reprodução muito rápida do currículo e dos conteúdos que são destinados às crianças. Assim, o intuito desse material foi abordar um ensino, diferenciando, seguindo as orientações curriculares do MEC, para ordenar os componentes de conteúdos de acordo com os reais eixos temáticos com alguns temas, dando ênfase ao trabalho docente como eixo integrador para a flexibilidade e a liberdade para decidir o que deve ser utilizado e tornar este material didático, uma ferramenta eficaz para a prática pedagógica. (BRASIL, 2007) Resultados no processo de organização do ensino e aprendizagem, onde o educador pode inserir textos e atividades, de forma livre para enriquecer o aprendizado destes alunos da EJA, que traz uma grande deficiência, decorrente de uma serie de fatores. Ainda assim sobre a Secretaria de educação continuada, alfabetização e diversidade (SECAD) e o Ministério da educação e Cultura em parceria, desenvolveu um material didático sob a construção de algumas características para nortear a pratica pedagógica, diante dos vários desafios enfrentados pelos profissionais dessa modalidade de ensino, com objetivos amplos para melhorar a qualidade de ensino e também visando abordar conteúdos escolares de modo criativo e interdisciplinar, que podem envolver várias áreas do conhecimento para melhor adaptar a formação destes alunos. (BRASIL, 2007) Dessa forma irá contribuir para auxiliar o docente da melhor maneira possível, ajudando-o a sanar as carências. De forma que possa despertar os novos desafios a serem enfrentados durante a prática pedagógica. Ressalta-se ainda que um dos desafios mais visíveis pode-se considerar a escassez de materiais didáticos necessários, que possam ofertar os conteúdos e assuntos especiais para público alvo, a EJA, com uma linguagem adequada ou estruturada, buscando relacionaras vivencias destes alunos, ou seja, seu cotidiano ao que se vai propor a ensinar. Porém, observa-se que o surgimento de novos materiais didáticos, buscam propor aos educadores que atuam nessa modalidade de ensino, ideias e subsídios necessários para um salto na qualidade ou no processo educativo desses jovens e adultos. (BRASIL, 2007) “A partir da Constituição Federal de 1988 e da LDB/1996, a Educação de jovens e adultos (EJA), passou a ser entendida não mais como uma modalidade que complementa o ensino, mais sim como um direito, ou seja, um importante instrumento, essencial para a construção de uma sociedade mais justa, tendo como principio, a garantia do exercício da cidadania”. (BRASIL, 2007, p. 9) Ainda sobre esta iniciativa da SECAD, em prol da criação de um material que intentou proporcionar ao educador uma melhor adequação de suas aulas e a utilização de recursos apropriados, com ênfase no resgate das vivências dos alunos e que trouxe a tona uma série de conflitos para serem solucionados, tais como: a questão da necessidade de uma linguagem adequada, partindo de temas instigantes que estão relacionados ao cotidiano destes alunos. Porém este material didático traz algumas atividades para as diversas áreas do conhecimento, que vão orientar o educador um melhor aprendizado, para planejar um melhor conteúdo ao aprendizado, assim planejar e organizar, ajudando-o a construir aulas mais atraentes para este processo de ensino. Tornando-se influencia em várias temáticas. Além desse estimulo, buscou-se ainda a construção da própria autonomia e da cooperação, assim como cultivar, valores essenciais como a solidariedade e o respeito as diversidades, dentre eles serão propostos na pauta para ser trabalhada, alguns textos, onde desperte neste público, o interesse de pessoas com diferentes faixas etárias, grupos étnico raciais, culturas regionais e vários níveis sociais, mostrando os diversos fatores que contribuem significativamente para resgatar o aprendizado destes alunos. É inserir em um mundo pelo qual eles ainda não fazem parte. (BRASIL, 2007) Em relação a essa proposta ao educador, que deve atuar como professor polivalente, tendo competência nas diversas áreas, o mesmo autor acima citado salienta que por meio desta prática o educador poderá promover o diálogo entre ambos interessados nesta construção de conhecimentos, obstinadamente buscando desafiar os alunos a uma possível reflexão sobre o mundo em que vivem e incentivá-los a atuar de forma diferenciada, para transformar sua realidade. Assim, este material tenciona promover oportuna reflexão sobre o diálogo, oportunizando ao educando a capacidade de tornar-se crítico, adquirindo os saberes necessários para saber lidar frente ao discurso em relação ao outro. (BRASIL.2007) Portanto emerge destes cadernos a possibilidade de ajudar na formação dos alunos, quando os mesmos passam a impor seus ideais para melhor adequar à sua realidade, podendo assim rejeitar o individualismo ou a competição desenfreada, que são pontos predominantes no contexto social e cultural. Por meio do mesmo material observa-se que se busca ofertar uma formação adequada à educação de jovens e adultos, que tem como ponto de partida a liberdade de expressão, sem se prender a discriminação por falta de conhecimento como, por exemplo, às partes sonoras da linguagem ou outros fatores que podem acarretar discriminação em suas vivências, pela má formação da língua formal, orientando-os sobre saber se expressar corretamente, ou seja, poder lidar com vários desafios que o mundo letrado proporciona. Propõe também ajudar ao educador no trabalho coletivo e na ajuda mútua, que são hábitos e valores fundamentais para o processo de formação e construção da cidadania.(BRASIL, 2007). Neste sentido, busca ofertar materiais didáticos apropriados, para que o docente possa atuar de forma significativa, formando indivíduos com hábitos e valores fundamentais para saber cooperar, para um melhor desenvolvimento como cidadão ético, crítico, proativo para a construção de uma sociedade mais justa. Leal sugere que sejam implantados como essência básica, tanto na leitura como na escrita o uso contínuo de materiais diversificados, frutos da cultura dos alunos, que promovam uma produção da linguagem, que seja usada ao escrever e ao ler e, com isso, podese compreender que os alunos que ingressam em turmas de alfabetização, sejam crianças, jovens ou adultos, possuem experiências de letramento e conhecimentos diferenciados de gêneros textuais, pelos quais convivem em seu cotidiano. (LEAL, 2010) Assim, pode-se constatar sobre o que afirmam diferentes autores inclusive em Soares (1998), que as práticas de ensino da leitura e da escrita desenvolvidas em diferentes níveis de segmento de ensino na EJA, tornam-se essenciais, mas para os quais deve-se considerar os dois tipos de fenômenos de extrema importância, a alfabetização e o letramento que são duas ações distintas, porém que caminham juntas perante a prática do ensino. Assim como propõe Soares quando afirma que o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, “de modo que o sujeito seja capaz de tornar ao mesmo tempo uma pessoa alfabetizada, que esteja sabendo interpretar a leitura, ou seja, identificando o significado do que está sendo lido. Para torna-se um indivíduo essencialmente letrado”. (SOARES, 1998, p.47) Ao se falar em desafios educacionais, principalmente na área de educação de jovens, devem os aspectos qualitativos e quantitativos, pois se trata de universalizar o ensino fundamental, sem perder o padrão de qualidade. “A universalização do ensino elementar, a garantia de domínio dos códigos básicos da leitura e escrita e a superação do fracasso escolar terão que ser por nós enfrentados de forma tal que o próprio conteúdo do ensino receba tratamento adequado ao mais pleno desenvolvimento cognitivo”. (LIBÂNEO, 1994, p.35) Ainda para o mesmo autor acima citado não é apenas o alfabetizar por alfabetizar, ou seja, ensinar a ler, mas sair da realidade em que ler era privilégio de poucos, principalmente os mais ilustres, mas sim modificando esta leitura para uma compreensão de mundo, capaz de decodificar a informações escritas o compreende-se seja importante para o lazer, o consumo e o trabalho. (Libâneo, 1994) Cabe destacar que o referido autor acima citado afirma que este letramento torna o indivíduo capaz de decifrar códigos de linguagem e quem sabe tornar-se capaz de aprender outras linguagens tão importantes, tais como as simbólicas e não verbais, como as da informática e as da arte. Portanto, ensinar significa apresentar ao indivíduo a realidade de forma que a conhecendo pode transformá-la e de uma forma mais direta intervir na mesma, “recriando a prática necessária para ensinar que exige segurança, competência profissional e generosidade, entendo-a como fundamental no processo do aprendizado e com conteúdos para a verdadeira construção da liberdade que se assume”. (LIBÂNEO, 1994, p.35). Neste contexto é relevante abordar a questão do papel da didática, no processo de ensino que é de extrema importância, sendo, portanto necessário o educador desempenhar durante sua prática pedagógica a criação de métodos ou técnicas que ajudem na assimilação do aluno e propiciem uma melhor aprendizagem. Porém, esta deve contribuir em diversos campos do conhecimento, onde também auxiliem no desempenho do seu papel de educador comprometido, com atitudes, habilidades e iniciativas para melhor exercer sua prática educacional, ou seja, o educador nunca estará definitivamente “pronto”, formado ou capacitado, ele deve permanecer em continua aprendizagem, assim deve, portanto acontecer num processo de maturação, que se faz no dia a dia, na meditação teórica sobre a prática educacional, assim como em seu objeto de ação. (CANDAU, 2004). A autora afirma ainda que, o termo pronto ou formado é extremamente autoritário e leva à concepção de uma educação bancaria cunhada por Paulo Freire. Nesta concepção o ideal, segundo a autora, é na relação educador e educando que se dá conjuntamente, fazendoos refletir sobre a prática, buscando desenvolver tanto conhecimentos sobre a realidade como a construção de atitudes crítica frente aos desafios e enfretamento, para melhor educar e aprender. (CANDAU, 2004) Ainda sobre a autora, acima citada, dessa forma, o educador deve-se ter consciência de que, o ensino com a didática passou a ser um ensino voltado para a aprendizagem de modo que contribua com sua ação pedagógica, no ponto de vista do “saber fazer”, ou seja, que propicie um bom aprendizado de tal maneira que o educando aprenda com maior facilidade e assim aconteça, de forma didática e interativa para melhor assimilação do alunado, chegando a um determinado objetivo. Pois pode enfatizar que, existem no decorrer da ação pedagógica deficiência na organização do ensino que são decorrentes dos objetivos e programas muito extensos ou muito simplificados, assim como ocorre a inadequação a idade e ao nível de preparo dos alunos para uma melhor assimilação, decorrentes de fatos e acontecimentos do meio exterior ou social, que estes alunos estão inseridos. (LIBANÊO, 1990). Enfatiza-se que existem no decorrer da ação pedagógica, situações ou escassez de recursos pedagógicos, que acabam influenciando na ação do docente, que impedem numa adequação da prática pedagógica. Assim, durante a formação dos alunos, a escola, a gestão, o currículo, os procedimentos metodológicos ou didáticos dos educadores, precisam ser adequados, tornar-se específicos para essa modalidade de ensino. Isso pode ocorrer durante o processo de ensino e aprendizagem, em que de alguma forma seja caracterizado por inadequada organização pedagógica, didática, e administrativa dando ênfase aos aspectos sociais da maioria dos que frequentam a escola pública, e em se tratando da educação de jovens e adultos, observa-se que isto não é diferente. É muito comum que ocorram conflitos sociais e desafios a serem enfrentados para mudar este contexto, como a marginalização, a exclusão e até mesmo o fracasso escolar, que findam no resultado de evasão escolar Assim acontecem outros fatores que também podem ser considerados importantes, trata-se da questão da objetividade que deve ser pensada, principalmente no tocante a como avaliar esta estrutura pedagógica, como ela pode ser fator preponderante de insucesso. Além disso, há um reflexo disso no contexto social, ou seja, na realidade destes alunos, pois uma escola que não atenda às expectativas e anseios dos alunos, estará longe de ser o que pretende. Neste conceito, posso ressaltar que assim como a escola e todos que fazem parte dela, devem ter o comprometimento de cumprir suas funções, no verdadeiro engajamento contra o fracasso escolar, tendo como ponto de partida, “ponto vulnerável” a ser atacado frente ao discurso coletivo, a busca de recursos e formação continuada, sobre experiências e vivências profissionais, para que cheguem a um consenso formativo e qualitativo do educando, assim como no combate a alfabetização, como o domínio da leitura e da escrita, tarefa essa que deve viabilizar todas as áreas do conhecimento humano, assim como todas as séries escolares, tendo como eixo de que os alunos, aprendam a expressar suas ideias, e motivações, onde os mesmos também consigam lidar com situações concretas de sua própria realidade.E procurem aperfeiçoar suas possibilidades cognitivas, para poder interpretar a leitura do mundo de que fazem parte. Neste sentido, a alfabetização deve ser bem conduzida ou instrumentada pelo educador dessa modalidade de ensino; dando ênfase a resolução das situações concretas da vida destes alunos, como meio de conquista, da liberdade intelectual e política. (LIBANÊO, 1990, p.43) O desenvolvimento da alfabetização ocorre, durante o ambiente social, mas as práticas sociais, assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelos indivíduos, quando os mesmos tentam compreender, pois necessariamente transformam o conteúdo recebido, para assimilação do conhecimento especifico em relação ao sistema de escrita, que depende da informação fornecida pelo ambiente. (FERREIRO, 2009. P22, 23). De acordo com a temática, sobre o desenvolvimento de como pode ofertar a alfabetização durante o processo de formação ou de maturação do individuo, partindo desse ponto de vista de que o individuo transforma o que foi recebido em conhecimento, e devido as vivências em grupos culturais pelos quais estes alunos estão inseridos, e também na sociedade que fazem parte como todo, onde atuam e trabalham, vivem culturalmente no mundo letrado,e assim constrói espontaneamente, seus próprios conhecimentos sobre a escrita e a leitura, antes mesmo de receber instrução sistemática a decodificação das letras.(FERREIRO,1983). A ação pedagógica e a ação política tornam-se polos de uma mesma imagem, visto que a “leitura de mundo é sem dúvida o fazer pedagógico político, isto é, da prática a ação política que envolve a organização dos grupos e das classes populares, para poder intervir na reinvenção da sociedade” (FREIRE, 2000,P.42). No entanto á pratica docente é, na sua essência, uma prática política, caracterizada, algumas vezes pela leitura do mundo que o próprio professor constrói ao longo de seu percurso profissional, dessa forma viabiliza aprendizagens durante sua ação pedagógica, seja na sala de aula ou não, as vezes acontece também no tocante ao diálogo coletivo, onde buscam outros recursos para adaptar a sua prática no ensino. Com isso, notamos que desde os anos 70, ou até mesmo antes, o uso da cartilha e metodologias inadequadas na educação de jovens e adultos preocupavam os educadores da época e, infelizmente, essa problemática permeia os tempos atuais. Por isso a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Esta é a razão pela qual procuraremos um método que fosse capaz de fazer instrumento também do educando e não só do educador e que identificasse, como claramente observou um jovem sociólogo brasileiro (Celso Beisiegel), o conteúdo da aprendizagem com o processo de aprendizagem. Por essa razão, não acreditamos nas cartilhas que pretendem fazer uma montagem de sinalização gráfica como uma doação e que reduzem o analfabeto mais à condição de objeto de alfabetização do que de sujeito da mesma. (FREIRE, 1979, p. 72). Neste sentido, a educação deve ser o processo através do qual o indivíduo toma a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma. Acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher sabendo assumir as consequências de sua escolha, para mudar esse contexto. Mas isso não será possível se continuarmos bitolando os alfabetizados com desenhos pré-formulados para colorir, com textos criados por outros para copiarem, com caminhos pontilhados para seguir, com historias que alienam, com métodos que não levam em conta a lógica de quem aprende (FUCK, 1994). METODOLOGIA Este é um trabalho de pesquisa de cunho qualitativo e caráter exploratório e explicativo, que tenciona obter dados por meio da aplicação de questionários semiestruturadas a serem aplicada a docentes de Instituição que atue com a modalidade de ensino da EJA. Num primeiro momento as pesquisadoras tencionam desvelar as principais expectativas e possíveis dificuldades enfrentadas pelos docentes em sua prática cotidiana, compreendendo como fazem seu aperfeiçoamento para atuar na modalidade da EJA. Assim, acredita-se que esta pesquisa possa oportunizar que haja uma aproximação sobre a temática e ampliar os conhecimentos dos leitores sobre a realidade em questão, permitindo compreender um pouco mais sobre como se estabelece a prática docente. Apresentação e Discussão dos Dados Caracterização do Respondente Tabela 1 - Gênero dos participantes das escolas A e B. Escola Masculino Feminino Total A 2 2 5 B 3 3 5 Total 5 5 10 Fonte: dados obtidos com os docentes das duas instituições Observou-se que na realidade da EJA é mais comum que existam docentes do sexo masculino, o que difere da realidade do ensino fundamental I na educação básica de ensino regular, quando a maioria dos professores são mulheres. Tabela 2 - Quanto ao tempo de atuação na EJA. Escolas Menos de 1 ano 1 a 5 anos 6 a 11 anos 12 a 20 anos Total A 1 2 - 2 5 B - 2 2 1 5 Fonte: dados obtidos com os docentes das duas instituições. Quanto à atuação na EJA observou-se que a grande maioria dos docentes participantes, nas duas realidades tem pouco tempo de atuação na EJA, o que nem sempre pode significar que não sejam experientes. Tabela 3 - Tempo de magistério. Escolas 1 a 5 anos 6 a 11 anos 12 a 25 anos Total A 1 2 2 5 B 1 1 3 5 Fonte: dados obtidos com os docentes das duas instituições No tocante ao tempo total de magistério observa-se que nas duas instituições a maioria dos docentes tem experiência no magistério, o que significa que podem ter mais habilidade para distinguir as duas realidades em que atuaram. Tabela 4 - Quanto a formação Escolas Graduação Pós- graduação Total A 2 3 5 B 1 4 5 Fonte: dados obtidos com os docentes das duas instituições Quanto à formação pode-se destacar que os docentes são todos graduados e a grande maioria possui especialização, o que indica que estão buscando formação. Isso, na realidade brasileira é algo que tem sido mais comum, principalmente em Brasília, campo da pesquisa.. Diferentemente do que ocorre em outros contextos brasileiros, em que muitas vezes os docentes não têm nem mesmo graduação. Após a caracterização dos docentes participantes da pesquisa, para a análise e discussão dos dados as pesquisadoras optaram por apresentar cada questão e o que emergiu de significativo das respostas obtidas junto aos respondentes. Logo após fazem a análise e discussão dos dados encadeando de forma lógica a percepção que têm sobre o que foi dito, pois acredita-se que desta forma torne-se mais imediato a compreensão do leitor, iniciam fazendo a análise da caracterização dos respondentes pelos docentes. A partir deste momento passa-se a apresentar as questões e os dados obtidos por meio do questionário trazendo a seguir a análise comparativa das respostas. As pesquisadoras optaram por agrupar respostas semelhantes e destacar o que for mais significativo delas, fazendo assim a análise oportuna. Como primeira pergunta questionou-se como ocorreu o acesso do professor na docência na EJA. Para o que obteve-se como resposta. Na Escola A: observou-se que uma grande maioria fez concurso para a secretaria de educação do Distrito Federal, com carga horária de 20hs, no noturno o que aparentemente lhes possibilita trabalhar em outras instituições já que estas 20hs, nos os tornou em situação de exclusividade, permitindo lhe uma jornada ampliada que pode chegar a 60 h semanais. Na Escola B: foi resultado com maior ênfase o gostar de trabalhar com adultos a necessidade de trabalhar apenas 20 h. Além de ter surgido um docente que afirma ser aluno oriundo da EJA e que isso trouxe de volta à esta modalidade de ensino. Como comparação pode-se refletir que há grande semelhança no que foi dito nas duas realidades, mas na instituição B, ficou mais evidente a vontade de trabalhar com adultos e que, de certa forma é o ideal, visto ser uma realidade bastante diferenciada que vai requerer do professor mais do que conhecimentos sobre os conteúdos. Isto coincide com o que foi dito, segundo a autora que: O educador deve esta atento às mudanças, e buscar sempre um melhor aperfeiçoamento, como se fosse uma formação continua, pois o educador nunca está “pronto”, formado ou capacitado para atuar, portanto a sua preparação deve ocorrer durante seu cotidiano de forma que venha refletir como uma meditação teórica sobre a prática, para desencadear atitudes, diálogos, para estimular interesses para o aprendizado dos alunos. (CANDAU, 2004, p.29). Como segunda questão perguntou-se qual era o motivo de atuar na educação de jovens e adultos. Obteve-se como resposta, após agrupar-se as respostas semelhantes que pode-se perceber que: Na Escola A: os docentes optaram em atuar na EJA, por ser uma experiência diferente e desafiadora. Destacando-se como significativo a fala da professora “M.C”, onde ela ressalta que: “Professora “MC” (sic): “ Tendo em vista que a educação de jovens e adultos oferece o ensino àqueles que não tiveram educação no tempo adequado, então seria necessário resgatar o tempo perdido a essa clientela, ofertando assim um ensino de qualidade, voltado para a teoria e a prática, pois é um público interessado em aprender o que o torna o trabalho uma experiência prazerosa, assim tentam ensinar visando uma leitura de mundo mais atuante para envolver os alunos”. Na escola B: foi observada com maior ênfase a simpatia dos docentes pela clientela, visando o comprometimento para ajudar o aluno a desenvolver seu aprendizado, pois segundo os docentes que participaram da pesquisa nesta instituição, os alunos dessa modalidade de ensino (EJA), têm como objetivo um maior interesse e participação para aprender. Destacando como interessante a fala de um docente que: Professor “P” (sic): “Nesta modalidade de ensino os alunos demonstram maior interesse para os estudos, assim como procuram interagir mais com o professor em sala de aula, que acaba contribuindo para um trabalho gratificante”. Como comparação pode-se refletir que há semelhança no que foi dito nas duas realidades, pois ficou claro que os docentes têm interesse na modalidade de ensino apesar de destacar que sabem que os alunos são de certa forma diferentes quanto às carências, mas também são mais interessados e mais participativos, pois sabem da nova oportunidade. Isto coincide com o que afirma Leal: “A escolarização, portanto significa para muitos destes jovens e adultos a oportunidade de ter acesso aos bens culturais e sociais, assim como a valorização social do domínio da leitura e da escrita, que muitos sentem necessidade de adquirir para poder dominar suas expectativas sem precisar de alguém para mediar à leitura de mundo, sabendo interpretar diferentes textos para garantir sua inserção no mundo social”. (LEAL, 2010.p, 72). Neste sentido, a educação tem um importante papel a cumprir, ao favorecer o acesso a tais tipos de habilidade, através da mediação do educador. Assim como assume o comprometimento para com os educando, no dever de ensinar a produzir e compreender suas aprendizagens e vivências dentro de um contexto concreto de suas realidades e da sociedade como parte essencial para a formação do individuo. Dando ênfase no que se refere à autora Tura complementa que “a escola é um local privilegiado de troca de ideias, de encontros, de legitimação de práticas sociais, de interação entre gerações, de articulações entre diversos padrões culturais e modelos cognitivos”. (TURA, 2005, p.150). Na terceira questão perguntaram-se quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos docentes para atuar na modalidade da EJA. Na Escola A: Surgem como fatores mais recorrentes a concentração, o interesse, a assiduidade e as dificuldades dos alunos, principalmente no aspecto da leitura e escrita e interpretação dos conteúdos. Também foram citadas em menor escala a heterogeneidade das turmas, a evasão escolar, o currículo reduzido e a falta de materiais adequados á faixa etária. Destaca-se a fala da Professora “N”, que aborda que Professora “N” (sic): “Falta de material direcionado a esse público adulto, além disso, o tempo é curto para cumprir-se o currículo”. Na Escola B: observou-se que a maioria dos docentes entrevistados sente dificuldade de atuar significativamente por falta de material especifico, direcionado ao público EJA, assim como temem a evasão escolar devido aos conflitos vivenciados em sala, por causa da heterogeneidade das turmas. Desta forma, destaca-se como relevante a fala do professor P.S onde ele ressalta que: Professor “PS" (sic): “É difícil controlar os conflitos entre os alunos de idade e geração diferentes, ao passo que os alunos mais “idosos” se interessam mais para aprender, os mais “novos” se envolvem com facilidade em conversas paralelas prejudicando dessa maneira o bom andamento da aula”. Como comparação pode-se refletir que existe uma grande semelhança no que foi dito nas duas realidades, porém na instituição B, ficou mais evidente a preocupação dos docentes para mudar esta realidade. A heterogeneidade é destacada como problema, como se esperava e já é bastante recorrente na modalidade de educação da EJA. Dessa forma, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD, 2007), teve a iniciativa de propiciar um material pedagógico, com objetivo de favorecer significativamente a prática docente, com intuito de subsidiar as carências de recursos específicos para adaptar ao ensino da EJA, para que os educadores possam sanar as expectativas dos alunos, que sentem dificuldades para aprender, principalmente pela falta de materiais inadequados. (BRASIL, 2007) Por este motivo concordamos com este autor, quando diz: Diversidade de educandos; adolescentes, jovens, adultos em várias idades; diversidade de níveis de escolarização, de trajetórias escolares e sobretudo de trajetórias humanas; diversidade de agentes e instituições que atuam na EJA, diversidade de métodos, didáticas e propostas educativas; diversidade de organização do trabalho, dos tempos e espaços; diversidade de intenções políticas, sociais e pedagógicas ...Essa diversidade do trato da educação de jovens e adultos pode ser vista como uma herança negativa. Porém, pode ser vista também como riqueza, pode refletir a pluralidade de instituições da sociedade, de compromissos e de motivações tanto políticas como pedagógicas. (ARROYO, 2005, p.25). Como quarta questão questionou-se quanto à ação metodológica do docente nesta modalidade de ensino EJA, se existem recursos e apoios pedagógicos adequados para nortear e ajudar eficientemente as aulas da EJA. Neste sentido perguntaram-se quais eram as mais utilizadas: Obeteve-se como resposta na escola A: que a maioria dos docentes, falaram que não existem recursos adequados, assim como o apoio pedagógico também sentem carência de atividades, no entanto eles tentam improvisar suas aulas, para que tornem mais atrativas com materiais concretos, como audiovisuais, exposição de figuras, leitura dos conteúdos no próprio livro dos alunos. Na Escola B: observou-se que a maioria dos docentes sente dificuldade para atuar na EJA, pois não existem recursos apropriados, assim como a modalidade sente necessidade de aula expositiva, como deveria possuir nas instituições da EJA, um laboratório de informática, para poder expor aulas diferenciadas e interativas. Como comparação entre as duas realidades existe uma grande semelhança no que foi dito pelos docentes, pois em ambas as realidades há carência de materiais, de recursos e orientações, visto que a realidade da EJA é bastante específica e requer maior preparo dos docentes. Porém vale destacar que os docentes são conscientes das dificuldades e nem por isso se acomodam e apresentam que invariavelmente buscam inovar, mesmo que de improviso sem saber ao certo se está indo na direção correta. Isto coincide como o que (PERRENOUD 2000), diz que: o docente durante sua prática pedagógica deve esta sempre estimulando os educandos para que os mesmos não venham “esmorecer”, e buscar novos projetos de vida. Assim como ressalta Freire, em sua ideologia para a prática pedagógica. Complementa Paulo Freire dizendo: “a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação teoria e prática sem a qual a teoria pode ir virando blá blá e a prática ativismo, então ensinar segundo ele, não significa apenas transmitir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua produção ou construção”. (FREIRE, 1996, p. 22). Ainda em relação a essa concepção Freire ressalta que, ensinar exige rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes dos educandos, criticidade, estética, ética, risco, consciência do inacabamento, que considera os saberes fundamentais a prática educativa, para poder extrair o melhor tanto do educando como do educador. Como quinta questão afirmou-se que no atual contexto das políticas públicas, e no que tange a formação dos profissionais que atuam na EJA, perguntou-se se existem cursos de aperfeiçoamento adequados e pediu-se que dissessem quais são os maiores desafios enfrentados para esta formação. Na escola A, obteve-se como resposta que existem poucos cursos e são curtos, porém os cursos que estão disponíveis não propõem um horário adequado para a realização. Além disso, os maiores desafios encontrados nesta modalidade de ensino são compreendidos entre os poucos materiais de pesquisa e a falta de cursos online para serem ofertados aos docentes, em horário acessível. Na Escola B, obteve-se como resposta que a maioria dos docentes responderam que existem em parte, e destaca-se como interessante a fala da professora M.E., onde afirma que: Professora “M.E”, (sic): “Nos últimos anos a EJA, tem recebido maior atenção, e estão sendo oferecidos alguns cursos voltados para esta modalidade, inclusive está acontecendo no campus Darci Ribeiro (UnB), uma pós-graduação destinada a professores da EJA, e na EAPE”. E ainda segundo a professora os desafios para esta formação às vezes é a incompatibilidade de horários, a falta de tempo, ou interesse do professor. Neste sentido, como comparação pode-se refletir que há semelhança no que foi dito nas duas escolas, há cursos disponíveis, porém nem sempre são acessíveis em horário e em meio virtual, o que atenderia a flexibilidade de horário. Isto coincide com o que afirma o autor, ARROYO, que diz: “Se caminharmos no sentido de que se reconheçam as especificidades da educação de jovens e adultos, assim com certeza, teremos de ter um perfil específico do educador da EJA e, consequentemente uma política especifica para a formação desses educadores” (ARROYO, APUD, SOARES, 2006, p.21) Neste contexto, pode se dizer que é neste processo educacional que os educadores da EJA devem buscar, considerando toda a bagagem cultural e experiências vivenciadas pelos educandos, para que possam adequar a sua ação pedagógica, visando atender as atuais expectativas em torno desse público. Como sexta questão questionou-se em relação à prática docente, e que diante da realidade atual o que é preciso melhorar para que o professor da EJA, possa realmente contribuir significativamente para um aprendizado de qualidade. Obteve-se como resposta: Na escola A: observou-se que os docentes sentem necessidade de poder desenvolver sua prática pela falta de material didático adequado aos alunos, assim como a redução do número de alunos em sala para poder sanar as dificuldades destes alunos, assim como ofertar projetos voltados para a EJA, como também devem oferecer uma comunicação constante online, sites específicos aos professores da EJA, tendo como objetivo projetos voltados para a modalidade de Educação proposta. Na escola B: obteve-se como resposta que a grande maioria dos docentes respondeu que existe, porém destacando-se como significativo a fala da professora M que afirma que: Professora “M” (sic) : “Nos últimos anos a EJA, tem recebido maior atenção, e está sendo oferecidos alguns cursos voltados para esta modalidade”. Como comparação pode-se perceber que há semelhança no que foi dito nas duas realidades, porém tanto na escola A, quanto na escola B, os docentes enfrentam alguns desafios em relação à sua própria formação, que destacam como ainda inadequada e também a falta de materiais online disponíveis, além de vias de acesso à formação e informação mais dinâmicas e acessíveis. Depreende-se desta fala que de fato os docentes se concernem como profissionais que querem acertar, mas não obstante a isso, ainda se sentem um tanto quanto desamparados frente aos desafios de formação e atuação. Isto coincide com o que afirma (SILVA Apud MOURA, 1991) quando diz que: O professor não deve ser neutro, na luta por melhores condições de trabalho, ou formação; no entanto o mesmo deve buscar acompanhar as exigências para melhorar o processo de formação, e durante esta busca por novos caminhos para os profissionais da educação tem levado os mesmos as reflexões acerca do papel dos docentes perante uma sociedade em constante movimento. Assim pensar a formação implica necessariamente em pensar a educação e a sociedade na qual essa educação se desenvolve. Neste sentido, a autora ressalta que: Através de uma concepção dialética da educação inserida no processo de luta de classes e da transformação revolucionária da sociedade. Seu significado político, em conflito com suas tarefas pedagógicas, e o compromisso com a escola pública popular, passaram a polarizar a compreensão da educação e a condicionar a análise da função e formação do educador (SILVA, Apud MOURA, 1991, P.9). Como sétima questão questionou-se qual era o perfil dos alunos da EJA, e como o docente pode descrever as atuais dificuldades de aprendizagem desses alunos. Obtiveram-se como respostas: na escola A que uma grande maioria, após agruparamse as respostas constatou-se que os docentes responderam que são alunos adultos, que trabalham o dia todo, e não têm muito tempo para estudar, assim como precisam melhorar seu desempenho para atuar no mercado de trabalho, tendo em vista o tempo que estes alunos retornaram a escola, destacando como principal obstáculo a falta de pré-requisito, falta de concentração, pouca interpretação dos conteúdos, e principalmente a falta de motivação para aprender. Isto requer que a instituição desta modalidade de ensino, além de ser a transmissora de conhecimentos deve proporcionar momentos prazerosos e lúdicos. Na escola B, obteve-se como resposta e agrupando as mesmas, os docentes responderam que atualmente o perfil desta modalidade, esta mudando do que era antes uma educação voltada para a maioria dos alunos adultos, hoje pode-se perceber que tem muitos jovens, e as dificuldades de aprendizagem desses alunos está em torno do cansaço físico, por ser uma classe trabalhadora. Surgem outros desafios como: a infrequência, conflitos de gerações, dificuldades no aprendizado, principalmente no acesso a leitura e a escrita. Citam ainda fatores como a baixa autoestima, que acaba influenciando na evasão escolar, porém, alguns docentes afirmam que apesar de todos estes desafios, alguns dos alunos sentem vontade de progredir financeiramente, mas infelizmente estão sentindo dificuldades para conciliar suas tarefas, como família, trabalho e escola, pois não tem o apoio da família em alguns casos. Como comparação pode-se refletir que há grande semelhança no perfil destes alunos, no que foi dito nas duas realidades. O que fica mais evidente é que o perfil deste aluno é bastante variado indo do jovem que está ali, muitas vezes por obrigação, até o idoso que sente vontade de mudar sua realidade. A diferença de idade é fator preponderante deste perfil e, certamente atender ás demandas das diferentes faixas etárias não é algo que se possa traduzir fácil. São gerações diferentes e muito distantes em formação, pré-requisitos etc. Isto coincide com o que foi dito, sobre o grande desafio do educador da EJA de precisar manejar a heterogeneidade sociocultural dos educandos, como explica a autora quando ressalta que; Por mais que se busque associar os alunos em níveis e series ou turmas por características semelhantes, tais conjuntos sempre serão formados por uma multiplicidade de sujeitos, em si mesmos múltiplos. Nenhum professor lida em uma mesma sala de aula, e todos conhecem bem isso por experiências própria com os grupos homogêneos de sujeitos, sejam quais forem os mecanismos de ordenação utilizados. Isso significa que, a despeito de todo o aparato legal e formal do currículo, o trabalho pedagógico sempre se realizará tendo por fundamento essa multiplicidade. (OLIVEIRA, 2007, p. 237). Neste contexto, segundo a autora, essa tem sido uma realidade recorrente na EJA; a heterogeneidade etária, de níveis de aprendizagem, de interesses ou grau de motivação, desta forma, essa situação precisa ser considerada na prática docente, uma construção de um currículo, no sentido de se desenvolver o diálogo entre essas diversidades. Como oitava questão perguntou-se se há um currículo e materiais acessíveis, adequados à atuação do docente na EJA. Observou-se como resposta e agrupando-se as mesmas que alguns docentes tentam construir e melhorar o currículo, para adaptar para os alunos, mas ainda não é o ideal, assim como a instituição acaba ofertando alguns materiais para o apoio dos professores, porém ainda existem muitas carências e ausência de materiais adequados, principalmente para o primeiro segmento da EJA. Destacando-se como interessante a fala do professor E, onde ele afirma que: Professor “E”(sic): “A instituição cumpre o currículo, porém os materiais disponíveis para o ensino na EJA são muito fracos e sem equivalência com o ensino regular, assim os alunos que saem da EJA, não adquirem a mesma bagagem que os outros”. Na escola B; observou-se como resposta e agrupando as mesmas que os docentes e a equipe pedagógica procura trabalhar em sintonia com os conteúdos, buscando a aprendizagem dos alunos de forma continuada, e que o atual currículo da EJA, não difere muito do currículo do ensino regular, mas estão acontecendo alguns encontros e discussões para reformulação do mesmo, e que existe o projeto político pedagógico na escola. Como comparação pode-se analisar que há certa semelhança entre as duas realidades, porem na instituição B, os docentes procuram atuar de forma continuada, buscando uma melhor adequação do currículo para reformular, buscando atender as reais necessidades dos alunos desta modalidade de ensino. Isso demonstra que já estão buscando inverter a situação ou minimizar o impacto da realidade que está posta no tocante a materiais. Quando se observa que os docentes já abrem espaço para debater a temática, pode-se inferir que haverá mudança e construções importantes neste sentido. Isto coincide com o pensamento de Freire, quando ressalta que: Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. Então, ainda sobre Freire, não seria possível a educação problematizadora, que rompe com os esquemas verticais característicos da educação bancária, realizar-se como pratica da liberdade, sem superar a contradição entre o educador e os educandos. Como também não seria possível fazê-lo fora do diálogo (FREIRE, 2011, P. 95). Como nona questão perguntou-se se no tocante a esta modalidade de ensino o docente acredita que a EJA está promovendo uma real transformação social e a mudança gradativa da exclusão imposta a estas pessoas até o momento. Obteve-se como respostas que na escola A, a grande maioria respondeu que sim, no entanto ainda falta muito, pois existe a temática da evasão escolar sendo necessário encontrar uma maneira de adaptar o ensino para sanar as dificuldades dos alunos com relação aos horários e seus desafios para poder conciliar suas responsabilidades, com os problemas vivenciados em seu cotidiano. Ainda pode destacar como interessante a fala da professora M, onde ressalta que: Professora “M” (sic) “É fato que muitos dos alunos da EJA conseguem cursar um curso superior, o que os tornam profissionais competentes”. Na escola B, como resposta e agrupando-as respostas foi possível perceber que nesta instituição de ensino alguns professores afirmam que a EJA não está promovendo uma transformação social, pois está ligada diretamente ao sistema socioeconômico que a nossa sociedade está submetida, ou seja, o sistema capitalista. Assim, anda a passos lentos, mas constante. No entanto, segundo um docente, a EJA, não tem conseguido promover transformações significativas e que ainda há muito a ser feito. Porém, destaca-se como relevante a fala da professora “A”, oque ressalta que: Professora “A” (sic): “A grande mola propulsora de processo de mudança é a elevação da autoestima, pois a partir do momento que o aluno se sente importante é capaz e visível sua melhora. Neste sentido, alguns alunos terminam os estudos e voltam para falar, dando seu testemunho que estão fazendo uma faculdade”. Como comparação pode-se refletir que na instituição A, a EJA tem feito à transformação social dos alunos, na visão dos docentes, porém destacam que ainda falta muito para ser o ideal o que é natural diante da situação socioeconômica do país. Já na instituição B, os docentes responderam que esta modalidade de ensino está submetida a conflitos sócios econômicos e por isso, anda a passos lentos, mas eles acreditam no desenvolvimento da instituição, pois procuram adaptar o currículo, assim acreditam como no potencial de seus alunos. Isso nos leva a refletir que há nesta instituição clareza de necessidades, mas há um ideal que os move e, de certa forma isso é essencial para que não se fique esperando a ação dos gestores ou das políticas públicas para mudar a realidade. Como décima questão perguntou-se se durante sua formação inicial, no curso de graduação você considera que houve uma preocupação adequada para atuar na educação de jovens e adultos. Obteve-se como resposta: na escola A, que uma grande maioria não teve uma preparação especifica e adequada para atuação na EJA, pois os mesmos destacaram que só aprendem com a experiência, vivenciando á pratica na sala de aula. Na escola B: observou-se que os docentes consideram que não existiu uma preparação para esta modalidade de ensino, e que na faculdade durante a formação visou-se apenas a teoria, porém a prática é outra realidade que aprenderam apenas no ambiente da sala de aula, e que o conhecimento e as realidades de cada segmento das escolas e comunidades, são diferentes. Afirmam ainda os mesmos que é necessário cada professor se adaptar sempre, pois a cada ano, tem uma clientela diferente. Como comparação pode refletir que existe uma grande semelhança entre as duas realidades, mas é importante que o professor procure sempre um conhecimento de forma continuada para adaptar-se profissionalmente ao mundo globalizado, e para que assim possa proporcionar a esse publico da EJA uma verdadeira formação, voltada para a ampliação de sua visão sobre este mundo, onde a mudança é constante e muito rápida. (CANDAU, 2004), ressalta quando diz que: A discussão em torno de “como” fazer alguma coisa no caso da educação, conduz ao educador encontrar caminhos apropriados, visando um melhor ensino e aprendizagem, sendo necessária a teoria e a prática, pois ambas devem caminhar com os mesmos objetivos, para que possa chegar há um resultado, sendo essencial a consciência de como utilizar está ação do “como fazer”, para solucionar os desafios que a educação propõe diante dos educadores, com soluções eficientes, com foco numa educação de qualidade. Nesta distorção segundo a autora a cima citada; “Essa separação entre teoria e prática, entre “o que fazer” e o “como fazer”, conduz a distorções, mais complexas na prática educacional, quando caminhamos para as especializações do setor educacional, onde estão presentes profissionais que planejam e, contudo, não executam nem avaliam profissionais que executam, sem ter planejamento e que não vão avaliar; profissionais que vão avaliar, sem ter planejado ou executado”. (CANDAU, 2004, p.32). Sendo essencial que o educador busque vivenciar sua prática sobre a ação e reflexão pedagógica como um todo inseparável, para melhorar a compreensão e qualidade da educação de forma lógica e didática no processo de ensino e aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo do trajeto educacional brasileiro a Educação de Jovens e Adultos EJA, vem permeada por grandes modificações sociais, tendo em vista uma constante busca por reformular o sistema de ensino, sobre uma nova perspectiva de educação, principalmente no tocante à valorização desta modalidade de ensino que sente diferentes carências. Dentre elas pode-se destacar a carência de uma melhor preparação do corpo docente para um fazer pedagógico mais eficiente, o que ficou bastante nítido, inclusive no que emergiu da pesquisa na fala dos próprios docentes, quando destacaram que têm pouco acesso a cursos especializados na área. Destaca-se aqui que as metodologias também costumam ser deficientes nesta modalidade de ensino e foram destacadas pelos docentes como tal, pois os mesmos se sentem desconhecedores em sua maioria de estratégias adequadas ou equivalentes ao necessário para o ensino deste público, fazendo do seu cotidiano momentos de improvisos e buscas. Destacam que os materiais didáticos são infantilizados e inadequados ao trabalho que realizam, pois seu público é bastante heterogêneo. Neste sentido, a atual educação de jovens e adultos se encontra diante de novos e antigos desafios que ainda estão por serem solucionados, sendo premente repensar, rever alguns aspectos tais como a formação dos docentes na oportunidade de formação continuada, voltada às especificidades da educação de jovens e adultos, permitindo-lhes elaborar um currículo adequado às diferentes realidades, propiciador de uma formação da identidade de sujeitos livres, autônomos e críticos, abertos a mudança e capazes de intervir em sua vida em sociedade e assumir sua cidadania de forma plena. Esta educação precisa ser valorizada, pois se depreende deste estudo que há uma nova intencionalidade para ela e o momento parece oportuno, quando a esfera governamental sai na frente buscando cumprir o ideal de formação do povo brasileiro, massificando as oportunidades para esta formação e incentivando as iniciativas neste sentido. Ficou claro que os docentes reconhecem que estes jovens e adultos são oriundos de vários seguimentos sociais, frutos de conflitos socioeconômicos, que acabaram desencadeando sua desistência de participar da escola na época afeita. Os docentes percebem que há muitos fatores concorrendo para o fracasso escolar e hoje precisam possibilitar que eles não voltem a fracassar. Dentre estes fatores está o fato de que os mesmos geralmente são portadores de baixa autoestima, que há falta de pré-requisitos, que ainda ocorre o analfabetismo funcional, que há a falta de concentração muito comum, além do cansaço que muitos têm em função da árdua rotina de trabalho. Destaca-se que, portanto, os docentes precisam compreender como podem diminuir o impacto destes fatores e evitar a evasão dos alunos. Para isso será essencial melhorar sua prática, evitando a forma equivocada de ensinar, driblando a falta de interesse dos alunos e até mesmo do próprio professor, buscando ampliar seus conhecimentos, inovando suas práticas pedagógicas, viabilizando medidas eficazes para sanar estes desafios enfrentados cotidianamente. Sugere-se a novas pesquisas que busquem aprofundar este trabalho e desvelar possíveis formas de promover esta formação docente, ampliando sua capacidade de agente transformador da realidade, de modo a tornar suas aulas mais interativas, que estimulem diariamente estes alunos, promovendo uma educação igualitaria e comprometida. Conclui-se que há boa compreensão dos docentes sobre a importância das metodologias ativas para a Educação de Jovens e Adultos, porém, não obstante a isso, os mesmos ainda estão sentindo-se despreparados e queixam-se do apoio à sua formação e atuação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AMORIM, Leila B. “Será que quero somente aprender a ler e escrever?” Quais são as expectativas dos alunos da EJA para o ensino de Língua Portuguesa e o que diz a proposta Curricular da Rede Municipal do Recife? Monografia de Especialização Globalização, Multiculturalidade e Educação de Jovens e Adultos. Recife: UFPE, 2009. ARROYO, Miguel Gonzalez, Educação de Jovens e Adultos, Um campo de direitos e de responsabilidade pública; In: Diálogos na Educação de Jovens e Adultos, (org.) Leôncio Soares, Maria Amélia Gomes de Castro, Giovanetti Nilma Lino Gomes; Editora, Autêntica: Belo Horizonte, 2005. 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