154 - International Plant Nutrition Institute

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INFORMAÇÕES
AGRONÔMICAS
No 154
MISSÃO
Desenvolver e promover informações científicas sobre
o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o
benefício da família humana
JUNHO/2016
ISSN 2311-5904
MANEJO NUTRICIONAL DA
CULTURA DO TRIGO
Fabiano Daniel De Bona1
Cláudia De Mori2
Sirio Wiethölter3
1. INTRODUÇÃO
E
mbora o Brasil seja aclamado como potência global
na produção agrícola, o país ainda é fortemente
dependente das importações de trigo, cujos montantes podem superar facilmente 50% do consumo nacional em
determinados anos. Em termos de sistemas de produção agrícola,
o trigo é uma excelente opção de cultivo para o período invernal, pois agrega diversificação ao sistema de rotação de culturas
e gera receitas com a produção de grãos. Similar às demais
grandes culturas agrícolas comerciais, como soja, milho e canade-açúcar, os custos de produção do trigo são muito dependentes
do uso de corretivos de acidez do solo e dos fertilizantes aplicados
na lavoura. Por outro lado, sabe-se que esses insumos contribuem
de forma efetiva para o aumento da produção da cultura do trigo.
Nesse contexto, salienta-se a importância de se buscar continuamente aumentos da eficiência de uso de nutrientes por meio do
conhecimento detalhado das demandas nutricionais da planta de
trigo e da melhoria das práticas de manejo adotadas na lavoura
tritícola. O presente artigo objetiva apresentar, de forma clara e
resumida, aspectos fundamentais da nutrição mineral do trigo e o
respectivo manejo preconizado para a cultura no campo.
2. ASPECTOS PRODUTIVOS, ECONÔMICOS E CUSTOS DE
PRODUÇÃO DA CULTURA DO TRIGO
2.1. Produção mundial e brasileira de trigo
O trigo possui grande relevância na dieta alimentar e é
cultivado em ampla gama de ambientes e regiões geográficas. O
cereal ocupa mais de 17% da terra cultivável no mundo e representa aproximadamente 30% da produção mundial de grãos.
Segundo dados do USDA (2016), no período de 2012 a 2016, a
área média anual cultivada de trigo no mundo era de aproximadamente 220 milhões de hectares (Tabela 1)1. Com rendimento
médio superior a 3.200 kg ha-1 de grãos, a produção mundial superou os 700 milhões de toneladas a partir de 2013/2014, atingindo
734 milhões de toneladas na safra 2015/2016. A produção mundial
de trigo concentra-se no hemisfério norte, em especial nos continentes asiático e europeu. No período de 2012-2016, os principais
países/blocos produtores de trigo no mundo, responsáveis por
mais de 60% da produção mundial, foram União Europeia, China,
Índia, EUA e Rússia. A produção brasileira corresponde a cerca
de 0,75% da produção mundial.
1
Valores calculados com base em dados do USDA (2016).
Abreviações: Al = alumínio; B = boro; Ca = cálcio; Cl = cloro; Cu = cobre; EUN = eficiência de uso do nitrogênio; Fe = ferro; K = potássio; MEE = máxima
eficiência econômica; Mg = magnésio; Mn = manganês; Mo = molibdênio; N = nitrogênio; P = fósforo; S = enxofre; Zn = zinco.
Pesquisador, Doutor em Solos e Nutrição de Plantas, Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS; e-mail: [email protected]
Pesquisadora, Doutora em Engenharia da Produção (Gerência da Produção e Economia da Tecnologia), Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP.
3
Pesquisador, Doutor em Fertilidade do Solo, Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS.
1
2
INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASIL
Avenida Independencia, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - CEP13419-160 - Piracicaba-SP, Brasil
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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
1
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS
Publicação trimestral gratuita do International Plant
Nutrition Institute (IPNI), Programa Brasil. O jornal
publica artigos técnico-científicos elaborados pela
comunidade científica nacional e internacional visando
o manejo responsável dos nutrientes das plantas.
ISSN 2311-5904
COMISSÃO EDITORIAL
Editor
Valter Casarin
Editores Assistentes
Luís Ignácio Prochnow, Eros Francisco, Silvia Regina Stipp
Gerente de Distribuição
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INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE (IPNI)
Presidente do Conselho
Norbert Steiner (K+S)
Vice-Presidente do Conselho
Tony Will (CF Industries Holdings, Inc.)
Tesoureiro
Dmitry Osipov (Uralkali)
N0 154
JUNHO/2016
CONTEÚDO
Manejo nutricional da cultura do trigo
Fabiano Daniel De Bona, Cláudia De Mori, Sirio Wiethölter ..................1
Uso de corretivos granulados na agricultura
Eduardo Fávero Caires; Helio Antonio Wood Joris ................................17
Divulgando a Pesquisa ...........................................................................22
IPNI em Destaque ..................................................................................23
Painel Agronômico .................................................................................25
Prêmios do IPNI Brasil - 2016 ..............................................................26
Eventos do IPNI .....................................................................................27
Cursos, Simpósios e outros Eventos .....................................................29
Publicações Recentes .............................................................................31
Ponto de Vista .........................................................................................32
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Vice-Presidente, Coordenadora do Grupo do
Oeste Europeu/Ásia Central e Oriente Médio
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Vice-Presidente Senior, Diretor de Pesquisa e
Coordenador do Grupo das Américas e Oceania
Paul E. Fixen
PROGRAMA BRASIL
Diretor
Luís Ignácio Prochnow
NOTA DOS EDITORES
Todos os artigos publicados no Informações Agronômicas estão disponíveis
em formato pdf no website do IPNI Brasil: <http://brasil.ipni.net>
Opiniões e conclusões expressas pelos autores nos artigos não refletem
necessariamente as mesmas do IPNI ou dos editores deste jornal.
FOTO DESTAQUE
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da diretoria. O cadastramento pode ser realizado no site do IPNI:
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2
Deficiência de magnésio em milho. Foto premiada no Concurso
Fotográfico do IPNI em 2015. Mais informações na página 26.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
Tabela 1. Evolução da área colhida, rendimento, produção, consumo e exportação de trigo no mundo, no período de 2012 a 2016.
Ano
Área colhida
(milhões ha)
Rendimento
(kg ha-1)
Produção
(milhões t)
Consumo
(milhões t)
Exportação
(milhões t)
2012/2013
215,8
3.051
658,3
686,9
137,5
2013/2014
219,6
3.256
714,9
690,3
165,9
2014/2015
221,3
3.286
726,9
699,3
164,1
2015/2016
223,8
3.280
734,1
705,3
166,9
2016/2017**
219,0
3.319
727,0
708,8
163,9
2012-2016*
219,9
3.238
712,2
698,1
159,7
* Média anual do período calculada pelos autores. ** Estimativa.
Fonte: Adaptada de USDA (2016).
O consumo mundial médio nos últimos cinco anos (20122016) foi de 698 milhões de toneladas e a quantidade mundial anualmente transacionada de trigo é de aproximadamente 160 milhões
de toneladas. No período de 2012-2016, os principais exportadores
mundiais de trigo foram: União Europeia, EUA, Canadá, Rússia e
Austrália. Quanto à importação, Egito, Indonésia, Argélia, Brasil
e Japão são os maiores importadores mundiais do cereal. A importação brasileira representa 4% do total mundial das importações
do cereal (USDA, 2016).
A Figura 1 apresenta a evolução da área colhida, da produção
e do rendimento de grãos de trigo no Brasil no período de 1980
a 2016. Neste período, a área semeada de trigo no Brasil oscilou
entre 1,0 e 3,9 milhões de hectares e a produção nacional variou de
1,5 a 6,1 milhões de toneladas. Entre 2011 e 2015, a média anual
foi de 5,4 milhões de toneladas de trigo colhidas e 2,3 milhões de
hectares semeados no país.
O rendimento do cereal aumentou expressivamente nos últimos
50 anos. No mundo, o rendimento médio passou de 1.256 kg ha-1 ano-1,
na década de 1960, para 3.238 kg ha-1 ano-1, no período de 2011
a 2015. No Brasil, os esforços dos programas de melhoramento
genético e as melhorias nos sistemas de produção têm permitido
crescente aumento de rendimento de trigo: de 771 kg ha-1 ano-1, na
década de 1960, a 2.382 kg-1 ha-1 ano, no período 2011-2015. Na
década de 1990, a produção de trigo sob irrigação prosperou nos
estados de Minas Gerais e de Goiás e no Distrito Federal, alcançando
rendimentos médios superiores a 4.000 kg ha-1. Cabe ressaltar que
no hemisfério norte o uso preferencial é por genótipos invernais, de
ciclo mais longo e semeados no outono. Esses genótipos têm maior
potencial de rendimento, devido ao maior período de acumulação de
reservas durante a fase vegetativa. No Brasil, os materiais genéticos
são primaveris, com menor ciclo de cultivo, ou seja, menor tempo
para acúmulo de reservas e menor potencial de rendimento.
A produção nacional de trigo sempre esteve concentrada na
Região Sul, que responde por mais de 90% da produção brasileira.
Entre 2011 e 2015, o estado do Paraná representou 50% da quantidade total colhida de trigo no país e o estado do Rio Grande do
Sul 39,7% do total da produção2. No período de 2012-2014 houve
registro de produção de trigo em 938 municípios (17% do total de
municípios brasileiros) sendo que 88 municípios responderam por
50% da produção nacional de trigo.
No período de 2012-2014, as microrregiões3 de Santo
Ângelo, RS (7,2% da produção nacional no período), Cruz Alta,
RS (5,2%), Ijuí, RS (4,1%), Guarapuava, PR (3,8%), Telêmaco
Borba, PR (3,4%), Ponta Grossa, PR (3,3%) e Santiago, RS
(3,2%) totalizaram 30,0% da produção de trigo do país. Os dez
principais municípios produtores de trigo (que representaram
12,9% da produção nacional) foram: Tibagi, PR; Castro, PR; São
Luiz Gonzaga, RS; Tupanciretã, RS; Palmeira das Missões, RS;
Guarapuava, PR; Cruz Alta, RS; Giruá, RS; Muitos Capões, RS,
e São Miguel das Missões, RS.
2.2. Custos de produção e uso de fertilizantes na
cultura do trigo no Brasil
Em estudo realizado por De Mori et al. (2007), visando caracterizar a produção e os custos de produção
de trigo no Brasil nos anos de 2003 e 2004,
foram identificados 36 diferentes sistemas de
cultivo, ou seja, manejos da cultura de trigo
empregando diferentes preceitos ou modelos
técnicos. Classificando-se os fatores de produção por importância, o fertilizante (de base e de
cobertura) foi o fator de maior participação na
composição dos custos, representando 24,8%
do custo operacional de produção (Figura 2).
Resultados de levantamentos sobre o uso de
tecnologias empregadas no cultivo de trigo na
safra 2009 (CAIERãO et al., 2010a, 2010b e
2010c) mostraram o predomínio da aplicação
Figura 1. Evolução da área colhida, da produção e do rendimento da cultura do trigo no Brasil,
no período de 1980 a 2016.
Fonte: Elaborada com dados da CONAB (2016).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
Valores calculados com base em dados da CONAB (2016).
3
Valores calculados com base em dados do
IBGE (2016).
2
3
prática, os dados apontam para um aumento da dose aplicada de N,
sendo que doses acima de 100 kg ha-1 de ureia foram utilizadas em
50% da área de trigo monitorada na safra de 2014. Em relação à
fonte de N em cobertura, destacam-se a ureia perolada e a granulada,
que foram utilizadas, respectivamente, em 44,5% e 32,1% das áreas
tritícolas amostradas no levantamento da safra 2014 (De MORI
et al., 2016). No entanto, o uso de outras fontes de N – sulfato de
amônio, nitrato de amônio e formulações de adubo N-P2O5-K2O –
tem-se ampliado, passando de 5,2% da área total de trigo monitorada
no levantamento realizado em 2012 (De MORI et al., 2014) para
18,7% da área cultivada com trigo no levantamento realizado em
2014 (De MORI et al., 2016). Adicionalmente, no levantamento
realizado em 2014 no Paraná, a adubação foliar com micronutrientes
foi utilizada em 11,3% das áreas estudadas (De MORI et al., 2016).
Figura 2. Custos de produção de trigo no Brasil nos anos de 2003 e 2004.
Dados médios de 36 sistemas de cultivos distintos.
Fonte: Modificada de De Mori et al. (2007).
de 150 a 200 kg ha-1 de N, P2O5 e K2O na adubação de base no Rio
Grande do Sul, de 150 a 250 kg ha-1 em Santa Catarina, e de 200 a
250 kg ha-1 no Paraná. Em relação à aplicação de nitrogênio (N) em
cobertura, na forma de ureia, a dose mais empregada pelos produtores
variou de 50 a 100 kg ha-1 no Rio Grande do Sul e no Paraná, e acima
de 100 kg ha-1 em Santa Catarina.
Um estudo sobre a caracterização dos sistemas de cultivo de
trigo praticados em algumas regiões dos estados do Rio Grande do
Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul (De MORI et al., 2012), realizado
em 2011, mostrou que a quantidade de adubo de base utilizada variou
de 125 a 500 kg ha-1. Em sistemas de produção com baixo uso de
insumos externos, as referências foram de menos de 200 kg ha-1,
nos sistemas intermediários, de aproximadamente 250 kg ha-1, e
nos sistemas com alto uso de insumos predominou a faixa de 300 a
400 kg ha-1. As formulações comerciais de N, P2O5 e K2O mais empregadas foram: 5-20-20, 8-16-16, 8-20-20, 8-25-20, 8-30-20, 10-15-15,
10-20-20 e 10-25-25. O estudo apontou, também, peculiaridades
regionais em relação à adubação de cobertura – que variou de 0 a
200 kg ha-1 de ureia, em alguns casos feita em duas aplicações –,
com referência ao uso de redutor de crescimento quando do uso
de mais de 150 kg ha-1.
Pesquisas realizadas por Harger et al. (2011), visando avaliar
o uso de insumos no cultivo de trigo no Paraná, apontaram uma
tendência de aumento de investimento em adubação da cultura nos
últimos 12 anos. Em 2002, somente em 9,8% da área total de trigo
amostrada foram utilizadas doses de N, P2O5 e K2O ≥ 250 kg ha-1
na semeadura. No levantamento realizado em 2012, esse nível de
adubação foi observado em 37,5% da área total de trigo amostrada
(De MORI et al., 2014), e em 2014, tal nível foi empregado em
41,9% da área de trigo monitorada (De MORI et al., 2016). No
levantamento realizado em 2014 (De MORI et al., 2016) foram
citadas as 48 fórmulas comerciais de adubo N-P2O5-K2O mais
empregadas na adubação de semeadura do trigo, destacando-se:
08-20-20, 10-15-15, 12-31-17, 08-20-15 e 14-34-00. O estudo
relatou, ainda, aumento na utilização de formulações enriquecidas
com outros nutrientes, especialmente zinco e enxofre.
Com relação à adubação nitrogenada em cobertura, realizada
no Paraná, as pesquisas demonstram que houve aumento da adoção
dessa prática nos últimos 15 anos, com flutuações expressivas entre
as safras, ou seja: 56,4% da área de trigo abrangida no levantamento
em 2000, 72% em 2005, 70,5% em 2007, 85,2% em 2012 e 74,8%
em 2014 (De MORI et al., 2016). Além da ampliação do uso dessa
4
3. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DA CULTURA DO TRIGO
De modo geral, as exigências nutricionais da cultura do trigo
são atendidas quando as concentrações de macro e micronutrientes
no tecido vegetal coletado no início do espigamento das plantas
situam-se na faixa de valores apresentados na Tabela 2.
Tabela 2. Concentração média de macro e micronutrientes no tecido vegetal
(folha bandeira) da planta de trigo no início do espigamento.
Macronutrientes
Concentração (g kg-1)
Nitrogênio
20-30
Fósforo
3,0-5,0
Potássio
15-30
Cálcio
2,0-5,0
Magnésio
1,5-5,0
Enxofre
1,5-4,0
Micronutrientes
Concentração (mg kg-1)
Boro
6-12
Cobre
5-15
Cloro
2.500-10.000
Ferro
25-100
Manganês
25-100
Molibdênio
0,1-0,3
Zinco
25-70
3.1. Nitrogênio (N)
A disponibilidade de N em quantidade adequada à planta é o
principal fator determinante do rendimento potencial da cultura do
trigo. O N tem papel fundamental porque é o nutriente encontrado
em maior concentração nos tecidos vegetativos e nos grãos, o que
o caracteriza como sendo o elemento mais demandado pela planta
de trigo. O N está envolvido na síntese de proteínas, clorofila, coenzimas, fitohormônios, ácidos nucleicos e metabólitos secundários (MARSCHNER, 2012). Plantas deficientes em N apresentam
baixo crescimento, clorose (amarelecimento ou branqueamento)
das folhas velhas e reduzida produção de grãos (Figura 3).
Considerando o acúmulo de N e de massa seca durante o
ciclo da cultura do trigo, observa-se que a maior parte da absorção
de N ocorre entre as fases fenológicas de alongamento do colmo
e de espigamento, atingindo teor máximo acumulado na antese,
que acontece próximo aos 100 dias após a emergência das plantas
(Figura 4). A partir desse estádio, a absorção de N continua ocorrendo, porém coincide com um aumento considerável de perda
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
Figura 3. Sintomas visuais da deficiência de nitrogênio em trigo: (a) plantas
adultas deficientes na lavoura, (b) clorose das folhas velhas e
(c) plantas jovens com deficiência.
Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia
(DAFWA) e Thomas County Ag (Georgia).
N absorvido
Matéria seca
140
12.000
120
10.000
100
8.000
80
6.000
60
4.000
40
2.000
20
0
0
20
40
60
80
100 120 140
Matéria seca (kg ha-1)
N absorvido (kg ha-1)
Antese (≈ 100 DAE)
0
Dias após a emergência das plantas (DAE)
Figura 4. Marcha de absorção de nitrogênio na cultura do trigo.
Fonte: Modificada de Wiethölter (2011).
(drenos) desse elemento por meio de processos, como senescência
e queda de folhas e exsudação de compostos nitrogenados pelas
raízes. As alterações na demanda de N de acordo com o ciclo da
planta constituem a base para o manejo eficiente da adubação nitrogenada na cultura do trigo, a qual se baseia na aplicação parcelada
da dose de N total visando sincronizar a disponibilidade de N no
solo com a demanda da planta (Figura 5).
A quantidade de N a aplicar na cultura do trigo varia, geralmente, de 60 a 120 kg ha-1 de N. A dose recomendada varia em
função do teor de matéria orgânica do solo, da cultura precedente
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
(gramínea ou leguminosa), da região climática e da expectativa
de rendimento de grãos, a qual é definida pela interação de vários
fatores de produção (características genéticas da cultivar, radiação
solar, época de semeadura, água, nutrientes, insetos-praga, doenças, plantas invasoras, etc.). Em termos práticos, aplica-se de 15 a
20 kg ha-1 de N na semeadura (sulco de plantio), visando propiciar
um crescimento inicial com vigor adequado. Quantidades excessivas de N não são recomendadas na semeadura, pois a planta em
fase inicial de crescimento, logo após a emergência, possui baixa
capacidade de absorção e reduzida capacidade fotossintética, o que
implica em perdas de N por lixiviação para o ambiente, especialmente em climas com inverno chuvoso, como os predominantes
no Sul do Brasil. O restante do N deve ser aplicado em cobertura,
nos estádios de perfilhamento e alongamento do colmo da cultura.
Geralmente, não há razão para a aplicação de doses de N menores
do que 30 kg ha-1 em cobertura. O afilhamento (ou perfilhamento)
ocorre durante um intervalo de cerca de 30 dias após a emergência do trigo, o qual coincide com o período compreendido entre
a emissão da 4ª até a 8ª folha do colmo principal. A partir desse
estádio, inicia o alongamento do colmo, quando o primeiro entrenó
se torna aparente. A disponibilidade de N no início do afilhamento
(4ª folha) define o número de espiguetas por espiga e, na fase final
(7ª folha), determina o número de afilhos que formarão espigas
férteis, ou seja, a quantidade final de espigas por unidade de área
(Figura 5). De modo geral, a aplicação alternativa de N em cobertura
após a fase de espigamento não aumenta o rendimento de grãos,
mas pode aumentar a concentração de N e proteínas nos grãos, o
que pode melhorar a qualidade tecnológica da farinha, embora esse
parâmetro seja dependente de outros fatores.
A aplicação de N ao solo, no cultivo do trigo, certamente
é uma das práticas de manejo da cultura mais seguras em relação
ao retorno econômico, pois as pesquisas têm demonstrado que a
eficiência de uso de N varia em função da dose aplicada, e seu
valor oscila entre 12 (RAMOS, 1981) e 21 (WIETHöLTER et
al., 2007) kg de grãos por kg de N adicionado. Esta amplitude de
valores é decorrente da variação entre safras e também da variação de resposta específica das cultivares ao aporte de N ao solo.
Avanços na área de melhoramento genético do trigo brasileiro,
bem como a melhoria dos manejos culturais, contribuíram para
o incremento da eficiência de uso do N (EUN) do trigo nacional.
Esse fato é ilustrado na Figura 6a, onde se observa que a máxima
eficiência econômica (MEE) de cultivares de trigo semeadas em
32 experimentos conduzidos pela Embrapa Trigo, na década de
1990-2000, foi alcançada com 83 kg ha-1 N, o que produziu um
rendimento de grãos e EUN médios de 3.410 kg ha-1 de grãos e
10 kg de grãos/kg de N aplicado, respectivamente. Considerando
os ensaios para recomendação de uso de N em cultivares na fase
pré-lançamento conduzidos em 2012 na região de Vacaria, RS
(Figura 6b), verifica-se que a MEE foi atingida com a aplicação
de aproximadamente 120 kg ha-1 N, o que resultou na produtividade de 5.800 kg ha-1 de grãos e EUN de 19,8 kg de grãos/kg de
N adicionado via adubação nitrogenada (WIETHöLTER, 2012,
dados não publicados).
Os principais fertilizantes utilizados como fonte de N no trigo
são ureia, nitrato de amônio (em desuso) e sulfato de amônio. As
eficiências agronômicas desses fertilizantes no trigo têm sido similares, sendo que ocasionais diferenças entre as fontes são resultantes
de efeitos ambientais (precipitação, temperatura e volatilização de
amônia). A ureia tem sido o principal fertilizante utilizado pelos triticultores, pois apresenta o menor custo por unidade de N dentre os
fertilizantes nitrogenados disponíveis no mercado. Convém ressaltar
5
folhas velhas, evoluindo da ponta para a
base da folha. O avanço da deficiência de
P causa secamento das folhas mais velhas,
baixo crescimento da planta e redução no
número de afilhos (Figura 7).
Após o N, o K é o elemento que
está em maior concentração no tecido
vegetativo e nos grãos do trigo. Isso evidencia a alta demanda de K pela cultura
do trigo e, por consequência, justifica o
cuidado que se deve ter com o manejo
da adubação potássica. Além de atuar na
osmorregulação (controle das concentrações de sais nos tecidos ou células) e
na resistência da planta de trigo à seca, o
K também atua em funções importantes,
como enchimento de grãos e qualidade
final do produto (BARKER; PILBEAM,
2015). Nas plantas de trigo, a deficiência
de K se expressa inicialmente nas folhas
mais velhas, as quais tornam-se amareladas na região do ápice e, em seguida,
apresentam necrose ou secamento da
região apical da folha em formato de “V”
invertido (Figura 8).
A análise química do solo é o
principal instrumento para diagnosticar
e monitorar o grau de disponibilidade de
P e de K no solo, bem como para decidir
quanto à necessidade da aplicação de fertilizantes contendo esses nutrientes para a
cultura do trigo. Análogo à adubação com
N, o suprimento de P e de K baseia-se
no conceito de produtividade variável,
de modo que o montante a ser aplicado
é proporcional ao rendimento esperado
da cultura do trigo. Prioriza-se aplicar
toda a dose de P recomendada em dose
-1
única diretamente no sulco de semeaLegenda: *O potássio somente necessita ser aplicado em cobertura quando a dose total exceder 100 kg ha de
K 2O.
dura (disposta 2,5 cm ao lado e abaixo da
semente) (Figura 5), usando como fonte
Figura 5. Manejo nutricional e fenologia da cultura do trigo.
os fertilizantes fosfatados simples ou a
Fonte: modificada de Pires et al. (2011).
fórmula NPK. Devido às características
que o momento ideal para a aplicação de ureia é até um dia antes dos argilominerais e a presença de óxidos de ferro e de alumínio
de precipitação pluvial de média intensidade (10 a 20 mm), pois a nos solos das regiões nas quais tradicionalmente se cultiva o trigo
dissolução dos grânulos e o transporte de N para o interior do solo no Brasil, não se recomenda a adubação de P a lanço em cobertura.
e para as raízes serão rápidos, evitando-se, assim, perdas de N por Considerando a adubação potássica, também recomenda-se aplicar
volatilização de amônia (NH3).
todo o K na linha de semeadura (disposto 2,5 cm ao lado e abaixo
da semente), desde que as doses requeridas não sejam excessivas
3.2. Fósforo (P) e potássio (K)
(< 100 kg ha-1 de K2O). Quando as doses forem muito altas
(>
100 kg ha-1 de K2O), recomenda-se aplicar parte do K antes da
A correção da deficiência de P no solo é um dos aspectos
semeadura
ou em cobertura nas fases iniciais de crescimento e desenprimordiais para o estabelecimento da cultura de trigo porque o
volvimento
da cultura. Na semeadura, usa-se a formulação NPK, e
nutriente está envolvido nos processos energéticos vitais da planta.
em
cobertura
geralmente opta-se pelo cloreto de potássio (Figura 5).
A adequada disponibilidade de P no solo auxilia a planta em estádio
inicial de crescimento e desenvolvimento na recuperação do efeito
subletal de temperatura baixa (FOWLER, 2002), razão pela qual se
recomenda sempre o uso de uma dose de P no sulco de semeadura,
mesmo que o teor do solo seja considerado satisfatório pela análise
química do solo. A deficiência de P é detectada principalmente nos
estádios iniciais de crescimento da cultura do trigo e caracteriza-se
pelo bronzeamento ou pigmentação de cor púrpura no colmo e nas
6
3.3. Cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S)
Dentre os macronutrientes, as demandas nutricionais
da cultura do trigo pelos elementos essenciais Ca, Mg e S são
menores quantitativamente se comparados principalmente ao N e
K (Tabela 2). A maior parte dos solos brasileiros que têm recebido
adequado manejo da correção da acidez do solo utilizando calcário
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
Figura 6. Rendimento de grãos de trigo e máxima eficiência econômica
(MEE) de cultivares de trigo adubadas com doses de nitrogênio: (A) 32 experimentos realizados no estado do RS durante a
década de 1990-2000 e (B) cinco cultivares de trigo em fase de
pré-lançamento cultivadas na região de Vacaria, RS.
Fonte: modificada de Wiethölter (2011).
Figura 7. Sintomas visuais de deficiência de fósforo em trigo: (a) plantas
deficientes com folhas exibindo pigmentação púrpura, (b) plantas deficientes apresentando pigmentação púrpura no caule e
(c) plantas no campo com deficiência prolongada.
Crédito das fotos: Yara United Kingdom e Real Agriculture.
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Figura 8. Sintomas visuais de deficiência de potássio em trigo: (a) plantas
adultas no campo com folhas velhas cloróticas e necróticas,
(b) clorose e secamento das folhas velhas devido à deficiência
prolongada e (c) redução no tamanho da espiga em plantas
deficientes em potássio.
Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia
(DAFWA) e International Potash Institute (IPI).
dolomítico ou magnesiano não apresenta limitações quanto aos
teores de Ca e de Mg para o crescimento e desenvolvimento da
cultura do trigo, principalmente se for considerada a camada de
solo de 0-10 cm. No entanto, em solos cultivados por longo tempo
sob sistema plantio direto, no qual a aplicação de calcário ocorre
na superfície do solo, tem-se verificado baixos teores de Ca em
subsuperfície (camada de 10-20 cm), os quais, associados à presença de acidez e alumínio tóxico, podem ser muito prejudiciais
ao crescimento das raízes e à produção do trigo. A formação e o
crescimento do sistema radicular da planta dependem da presença
de teores satisfatórios de Ca (Figura 9) em todo o perfil do solo, pois
esse nutriente é fundamental na síntese de células novas da região
apical da raiz (meristemas) ao atuar na composição da estrutura da
parede celular (MARSCHNER, 2012). Por outro lado, sabe-se que
o Ca é pouco móvel no solo e, portanto, depende do mecanismo de
contato íon-raiz (interceptação radicular) para ser absorvido pelas
raízes. Além disso, há perda da capacidade de absorção celular de
Ca com o aumento da idade da célula e formação da lamela média.
Embora pouco comum, a deficiência de Ca no trigo é caracterizada pelo amarelecimento dos ápices das folhas mais novas
(folhas superiores em pleno crescimento), que evolui para enrolamento e necrose da ponta e deformações das margens do restante da
folha – folhas com margens retorcidas (Figura 9). Como o Mg está
envolvido na constituição da clorofila, a sua deficiência em trigo é
caracterizada pela coloração verde-amarelada (clorose) nas folhas
mais velhas e/ou manchas com coloração amarelo-amarronzadas
espalhadas no limbo foliar (Figura 10).
Teores satisfatórios de S no solo são muito importantes para
o êxito da lavoura de trigo porque a disponibilidade adequada desse
nutriente aumenta a eficiência de uso do N (síntese de proteínas)
7
a elasticidade necessárias para o desenvolvimento e a formação de
uma massa de pão com boa capacidade para suportar a fermentação (retenção do gás carbônico) e o amassamento, sendo, por isso,
determinantes da qualidade reológica do glúten, e apresentam relação
direta com a qualidade de panificação (SGARBIERI, 1996). Tanto
a gliadina como a glutenina têm a sua biossíntese dependente do
S porque são compostas por aminoácidos, como cistina, cisteína
e metionina, e possuem ligações dissulfeto inter e intramoleculares, além de grupos sulfidrilas livres, na composição da rede do
glúten (WIESER, 2007). Assim, plantas de trigo deficientes em
S produzem farinha com baixa qualidade tecnológica para fins de
panificação (Figura 11).
Figura 9. Sintomas visuais de deficiência de cálcio em trigo: (a) necrose
dos pontas das folhas, (b) enrolamento da folha, (c) deformações
foliares e (d) atrofiamento e deformações dos meristemas da raiz
devido à falta de cálcio.
Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia
(DAFWA) e Yara Australia.
Figura 11. Qualidade do pão em função da farinha de trigo obtida de
plantas cultivadas com alto, médio e baixo teor de enxofre na
adubação, o que originou distintas concentrações de enxofre e
relação nitrogênio/enxofre (N/S) na farinha.
Fonte: modificada de Byers, Franklin e Smith (1987).
Para fins práticos, considera-se o teor de 10 mg dm-3 de solo
como o teor crítico de S disponível no solo (enxofre na forma de
sulfato determinado pelo método turbidimétrico) abaixo do qual
ocorre o aparecimento de sintomas de deficiência na cultura do trigo.
A deficiência de S no trigo se caracteriza pela clorose generalizada das folhas mais novas (Figura 12). O avanço da deficiência
de S pode ocasionar amarelecimento generalizado das folhas de
trigo, o que pode ser confundido facilmente com a deficiência de
N. Uma vez detectado o baixo teor de S na análise química do
solo, sugere-se a aplicação de 10 a 20 kg ha-1 de S por meio de
fertilizantes contendo o elemento na formulação (fórmulas NPK,
sulfato de amônio, superfosfato simples, sulfato de potássio, etc.)
ou pelo uso de gesso agrícola.
Figura 10. Sintomas visuais de deficiência de magnésio em trigo: (a) clorose
na bainha foliar, (b) detalhes da clorose em manchas de coloração
amarela e amarronzadas e (c) planta adulta com folhas velhas
cloróticas.
Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia
(DAFWA) e Yara Australia.
e a qualidade tecnológica do grão, o que agrega valor comercial ao
produto final (BYERS; FRANKLIN; SMITH, 1987). A classificação
comercial do trigo brasileiro não leva em consideração o conteúdo
proteico total dos grãos, porém, considera, para efeitos de segregação
de compra, a quantidade total (e proporções) das proteínas formadoras
do glúten (gliadina e glutenina), expressa pelo parâmetro reológico
força de glúten (W) (BRASIL, 2010). A gliadina e a glutenina são
proteínas do grão de trigo que conferem ao glúten a viscosidade e
8
3.4. Micronutrientes
Os solos da região produtora de trigo do Sul do Brasil raramente apresentam problemas relacionados à falta de micronutrientes,
excetuando-se situações de solos muito arenosos. Geralmente, a
recomendação de adubação com micronutrientes para essas regiões
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná somente é realizada
quando a análise do solo indicar baixa concentração disponível do
micronutriente e o potencial de rendimento de grãos da cultura do
trigo for alto. Os solos da região tropical do Brasil, especialmente
os do Cerrado, podem apresentar, com mais frequência, baixa
disponibilidade de alguns micronutrientes para o crescimento e
desenvolvimento normal da cultura de trigo. Dentre as limitações
de micronutrientes mais comuns destaca-se a deficiência de zinco,
especialmente em áreas com excesso de adubação fosfatada.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
Figura 12. Sintomas visuais de deficiência de enxofre em trigo: (a) detalhes da clorose na bainha foliar das folhas novas, (b) planta
apresentando deficiência na forma de clorose nas folhas novas
e (c) deficiência severa no campo, com clorose generalizada.
Crédito das fotos: R. Taylor e Department of Agriculture and Food,
Western Australia (DAFWA).
A seguir são apresentados os aspectos gerais da nutrição com
micronutrientes para a cultura do trigo e a descrição dos sintomas
visuais de sua deficiência.
3.4.1. Boro (B)
O B tem suas funções na planta associadas ao metabolismo
dos ácidos nucléicos, biossíntese de carboidratos, fotossíntese,
metabolismo de proteínas e estabilidade da membrana celular
(BARKER; PILBEAM, 2015). A adequada nutrição de B é preconizada para o trigo, pois esse nutriente afeta diretamente o rendimento da cultura ao favorecer a fertilização e germinação do grão
de pólen e atuar diretamente no processo de enchimento dos grãos
da espiga, o que aumenta o número e a massa dos grãos colhidos. A
deficiência de B no trigo se caracteriza pela deformação e morte dos
meristemas apicais, bem como pela deformação das folhas novas,
que apresentam rasgaduras próximas à nervura central associadas
a alterações estruturais nas margens da bainha, com aspecto de
“dentes de serra”. No que diz respeito às estruturas reprodutivas,
a planta de trigo deficiente em B apresenta inflorescências pouco
desenvolvidas ou deformadas (similar à deficiência de cobre), com
alta esterilidade e grande número de grãos com má formação ou
chochos (Figura 13). A adubação com B pode ser realizada com a
aplicação via foliar ou no solo. Esse elemento possui boa mobilidade
no solo. A dose de B aplicada não deve exceder certos limites, pois
a elevação demasiada dos teores no solo pode ocasionar toxidez
de B na cultura.
Figura 13. Sintomas visuais de deficiência de boro em trigo: (a) chochamento de grãos em plantas deficientes, (b) detalhe do bordo
da bainha foliar serrilhado ou “dentado” e (c) morte dos
meristemas apicais.
Crédito da foto: Department of Agriculture and Food, Western Australia
(DAFWA).
potássio. No entanto, vale a pena destacar que esse micronutriente
desempenha diversas funções fundamentais no metabolismo das
plantas relacionadas à fotossíntese, osmorregulação e ativação
de enzimas (BARKER; PILBEAM, 2015). A planta de trigo
pode exibir valores de concentração de Cl que variam de 200 a
22.000 mg kg-1 de matéria seca (ELGHARABLY, 2011), sendo que
o conteúdo do nutriente no tecido vegetal varia com o ambiente
e as práticas de manejo. Os sintomas visuais da deficiência de Cl
aparecem nas folhas velhas (maduras) de trigo, as quais exibem
clorose em forma de manchas amarelas ou amarronzadas e bainha
foliar retorcida (Figura 14).
3.4.2. Cloro (Cl)
O Cl é um elemento que não causa preocupação quanto
à sua disponibilização para as culturas agrícolas, pois ele é
fornecido como nutriente acompanhante em diversos adubos
de uso comum nas lavouras, como, por exemplo, o cloreto de
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
Figura 14. Sintomas visuais de deficiência de cloro em trigo: (a) clorose
em manchas nas folhas, (b) folhas normais e folhas de planta
deficiente em cloro e (c) aspecto das plantas deficientes no campo.
Crédito das fotos: International Potash Institute (IPI).
9
3.4.3. Cobre (Cu)
O Cu é fundamental para a formação do pólen e para a
biossíntese da clorofila e da parede celular (lignificação) da planta.
A deficiência desse micronutriente causa esterilidade do pólen da
espiga do trigo, o que acarreta má formação dos grãos e perdas
de produtividade (BARKER; PILBEAM, 2015). Plantas de trigo
deficientes em Cu caracterizam-se pela morte do meristema apical
e pelo murchamento, clorose, enrolamento e posterior secamento
(necrose) da ponta das folhas novas (Figura 15). Essa necrose
avança até aproximadamente metade da folha, sendo que a outra
parte pode permanecer com coloração verde normal. De modo geral,
as folhas velhas da planta de trigo deficientes em Cu mantém-se
verdes, embora essa coloração seja mais pálida do que a normal.
Após o espigamento, a lavoura de trigo com deficiência de Cu
caracteriza-se pelas espigas com porções esbranquiçadas e por
plantas com clorose e amadurecimento desuniforme (retardamento
da maturação). Além do aspecto esbranquiçado, as espigas de trigo
deficientes em Cu podem ficar retorcidas e/ou manchadas, sem
grãos (chochamento) ou com grãos atrofiados, que se desprendem
da ráquis com facilidade.
pois o elemento é relativamente imóvel no solo. Solos com alto teor
de matéria orgânica podem apresentar limitação de Cu devido ao
processo de complexação do elemento com as moléculas orgânicas
(SPARKS, 2003), o que indisponibiliza o nutriente para a planta. As
elevações dos teores de Cu do solo são alcançadas prioritariamente
com o uso da adubação do elemento no sulco de semeadura.
3.4.4. Ferro (Fe)
A essencialidade do Fe às plantas é comprovada pela sua
ação no metabolismo de proteínas de estrutura heme e não heme
ou na coordenação de estruturas proteicas, sendo que esses compostos atuam como enzimas (por exemplo, catalases, peroxidases)
ou como transportadores de elétrons no processo da fotossíntese
(ferredoxina, citocromo) e nas rotas metabólicas de assimilação de
outros nutrientes na planta (N e S) (BARKER; PILBEAM, 2015).
O envolvimento do Fe nos processos fotossintéticos e na síntese
de clorofila faz com que a sua limitação no solo cause clorose
generalizada das folhas novas (somente as nervuras da bainha
permanecem verdes – “reticulado fino”) da maioria das culturas
agrícolas, incluindo o trigo (Figura 16). Geralmente, essas deficiências ocorrem quando a planta de trigo se encontra nas fases iniciais
de crescimento, com sistema radicular pequeno e baixo potencial de
absorção de nutrientes. A deficiência de Fe é muito rara nos solos
brasileiros, pois a maioria deles possui em sua composição grande
quantidade de argilominerais ricos em ferro (por exemplo, óxidos
de ferro: hematita, goethita). Esporadicamente, podem ocorrer
sintomas de deficiência de Fe em plantas de trigo crescendo sob
condições de déficit hídrico no solo, mas que desaparecem tão logo
Figura 15. Sintomas visuais de deficiência de cobre em trigo: (a) folhas
deformadas pela deficiência, (b) chochamento e perda da qualidade dos grãos, (c) necrose das folhas e espigas esbranquiçadas, e
(d) aspecto visual da deficiência no campo, com plantas adultas.
Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia
(DAFWA) e Yara Australia.
As adubações com Cu, efetuadas para sanar as deficiências
da planta de trigo e do solo, podem ser realizadas via aplicação foliar
(efetiva somente para a safra corrente) e no sulco de semeadura. A
aplicação via foliar é ineficaz quando realizada após o florescimento
da cultura, pois as mais altas demandas do nutriente coincidem com
o período de pré-florescimento e visam o desenvolvimento do grão
de pólen. Adubações com Cu em cobertura também são ineficazes,
10
Figura 16. Sintomas visuais de deficiência de ferro em trigo: (a) início da
clorose das folhas novas, (b) clorose internerval e nervuras verdes – “reticulado fino” e (c) avanço da clorose na bainha foliar.
Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia
(DAFWA).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
a umidade do solo seja restabelecida. Caso necessária, pode-se
efetuar a a aplicação foliar de Fe, sendo esse o modo mais eficiente
de suprimento do nutriente à planta. Análogo ao Zn, o Fe também
tem destaque nos programas de biofortificação dos grãos de trigo,
visando o enriquecimento nutricional da farinha e seus derivados.
3.4.5. Manganês (Mn)
O Mn desempenha importantes funções metabólicas na
planta relacionadas à fotossíntese, respiração, síntese de proteínas
e ativação de hormônios (BURNELL, 1988). Nos cereais, como o
trigo, a limitação de Mn afeta a qualidade e o rendimento de grãos,
pois a deficiência desse nutriente faz com que ocorra redução no
número e no peso dos grãos produzidos, o que possivelmente está
associada à combinação de baixa fertilidade do grão de pólen e
de diminuição do suprimento de carboidratos para o processo de
enchimento de grãos (LONGNECKER; MARCAR; GRAHAM,
1991; SHARMA et al., 1991). Embora não seja muito comum nas
áreas tritícolas do Brasil, a deficiência de Mn em trigo pode ocorrer
com mais frequência em solos arenosos e/ou com pH alcalino, que
favorecem a sua oxidação química ou microbiológica e a consequente indisponibilidade do nutriente para a absorção pela planta
(RENGEL, 2000). A ocorrência de déficit hídrico no solo também
pode promover baixa disponibilidade temporária de Mn para as
plantas. A deficiência de Mn na cultura do trigo se caracteriza pelo
aparecimento de clorose internerval (as nervuras e parte da bainha
adjacente às mesmas permanecem verdes – “reticulado grosso”)
nas folhas novas e nas folhas do terço médio da planta (recémexpandidas). Geralmente, a clorose internerval avança para a formação de manchas estriadas necróticas de cor branco-acinzentadas ou
marrons nas referidas folhas (Figura 17). No estádio avançado de
deficiência, as folhas do cereal exibem aspecto retorcido ou dobrado e
acabam secando totalmente. Na lavoura, as plantas de trigo deficientes em Mn apresentam-se cloróticas e com crescimento prejudicado
(plantas pequenas, sem vigor). Para amenizar os efeitos prejudiciais
da limitação do nutriente às plantas, que ocorreram durante o ciclo da
cultura, o suprimento de Mn pode ser realizado via aplicação foliar.
No entanto, visando a correção efetiva dos teores de Mn disponíveis
do solo, deve-se realizar a adubação com fonte de Mn diretamente
no sulco de semeadura na implantação da próxima cultura agrícola.
3.4.6. Molibdênio (Mo)
Apesar de geralmente ser o nutriente com a menor concentração no tecido vegetal, o Mo tem funções importantes relacionadas
à ativação de importantes enzimas (por exemplo, Mo cofator) que
metabolizam outros elementos essenciais à planta (por exemplo,
N, S) (BARKER; PILBEAM, 2015). A sua deficiência é de difícil
diagnóstico no campo, pois os sintomas visuais são semelhantes
aos da deficiência causada por baixa disponibilidade de N. Assim, a
deficiência de Mo em trigo geralmente ocorre antes do espigamento,
e as plantas apresentam crescimento reduzido e clorose generalizada
das folhas (Figura 18). Sob condições de adubação nitrogenada elevada, as plantas deficientes em Mo apresentam clorose generalizada
das folhas localizadas a partir do terço médio até o topo da planta
(metabolismo e assimilação de N prejudicados pela limitação de Mo).
Com o avanço da deficiência de Mo no trigo, as pontas das folhas
tornam-se necróticas e secam. Devido aos baixos teores requeridos
pela planta, o suprimento de Mo pode ser realizado via aplicação
foliar (medida paliativa) e/ou tratamento de semente. Como o Mo é
pouco móvel no solo, as adubações devem ser realizadas no sulco
de semeadura, para facilitar o contato e a absorção do nutriente pela
raiz da planta de trigo. O uso em excesso de Mo deve ser evitado
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
Figura 17. Sintomas visuais de deficiência de manganês em trigo: (a)
clorose internerval que evoluiu para manchas necróticas; (b)
clorose internerval nas folhas novas; (c) necrose e secamento
das folhas; e (d) aspecto visual da deficiência no campo.
Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia
(DAFWA), Yara United Kingdom e R. Taylor (University of Delaware).
Figura 18. Sintomas visuais de deficiência de molibdênio em trigo: (a) clorose das folhas e (b) aspecto das plantas deficientes no campo.
Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia
(DAFWA).
em trigo de duplo-propósito, pois altas concentrações do nutriente no
tecido vegetal (> 10 mg kg-1 de Mo na matéria seca) ingerido pelos
animais pode causar intoxicação por Mo em ruminantes, denominada
molibdenose (SMITH; BROWN; DEUEL, 1987).
3.4.7. Zinco (Zn)
As importantes funções metabólicas do Zn nas plantas estão
ligadas à sua alta capacidade de formar complexos tetraédricos
com ligantes de N, oxigênio, e particularmente S. Esses complexos
fazem com que o Zn participe ativamente como catalisador e agente
estrutural de diversas reações enzimáticas na planta (VALLEE;
AULD, 1990). A limitação de Zn nos solos com cultivo de trigo
ocorre especialmente nas áreas de Cerrado e nos solos com alto pH
ou que receberam excesso de adubação fosfatada. A deficiência de
Zn afeta severamente o trigo nos estádios iniciais de crescimento
e desenvolvimento, sendo que as plantas deficientes apresentam
coloração clorótica (clorose internerval por toda a extensão da bainha foliar) nas folhas novas; a estatura é baixa, pelo encurtamento
11
dos entrenós, e o caule é frágil e fino (Figura 19). Nas folhas mais
maduras de trigo, a clorose internerval avança para a formação de
lesões necróticas amarronzadas, com margens escuras. Comumente,
o agravamento da deficiência de Zn faz a necrose se espalhar no
terço médio da bainha, causando o secamento dessa área. O suprimento de Zn durante o ciclo da cultura do trigo pode ser realizado
via aplicação foliar como medida paliativa, sabendo-se que essa
aplicação deve ser feita nos estádios iniciais do crescimento da
planta para que haja tempo de se reverter total ou parcialmente
os efeitos da deficiência. Aplicações em cobertura não são recomendadas, devido à pouca mobilidade do elemento no solo. É
indispensável que seja realizada a adubação com Zn no sulco de
semeadura da cultura subsequente para a elevação dos teores de
Zn do solo até o valor adequado. A habilidade do grão de trigo de
acumular Zn fez com que esse cereal fosse incluído em diversos
programas de biofortificação com o objetivo de enriquecer os alimentos derivados do trigo para a melhoria da qualidade nutricional
da alimentação humana.
Figura 19. Sintomas visuais de deficiência de zinco em trigo: (a) lesão
necrótica com borda amarronzada em folha velha, (b) clorose
internerval e necrose inicial nas folhas, (c) necrose e secamento
do terço médio das bainhas das folhas e (d) crescimento prejudicado e clorose nas folhas novas.
Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia
(DAFWA) e Yara United Kingdom.
4. BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE
FERTILIZANTES NA CULTURA DO TRIGO
Conforme relatado no início desse artigo, a cultura do trigo
tem grande parte dos custos de produção atribuída aos corretivos
e fertilizantes. No entanto, vale a pena enfatizar que esses insumos
também são responsáveis por grandes incrementos na produtividade
das lavouras tritícolas, seja por propiciar o cultivo do cereal em
solos com limitações de fertilidade, seja por suprir as demandas
nutricionais da planta, necessárias para expressar seu potencial
genético de rendimento de grãos. Nessa equação de ganhos e custos, deve-se buscar práticas de manejo que maximizem a eficiência
de uso dos nutrientes, resultando na mais alta produção de trigo
possível mediante o mais baixo custo de corretivos e fertilizantes
aplicados. A Figura 20 apresenta, de maneira esquemática, algumas
12
boas práticas agrícolas que podem ser utilizadas com o objetivo de
aumentar a eficiência de uso dos corretivos e fertilizantes e garantir
a produção satisfatória da cultura do trigo.
O conhecimento do histórico da área e de sua aptidão edafoclimática para o cultivo do trigo é de suma importância quando
se pretende cultivar o cereal em determinado local da propriedade
(Figura 20). As áreas de recomendação para plantio do trigo no
Brasil são divididas em quatro regiões homogêneas, de acordo com
o zoneamento climático da cultura (Figura 21): Região 1 (fria e
úmida), Região 2 (moderadamente quente e úmida), Região 3 (quente
e moderadamente seca) e Região 4 (quente e seca – Cerrado).
Devido às características específicas da planta de trigo (necessidade
de frio) e do regime hídrico de cada local, tem-se um potencial de
rendimento de grãos da cultura (sem uso de irrigação), decrescente
da Região 1 para a Região 4, embora existam cultivares de trigo selecionadas e recomendadas para cada um dos ambientes. Analisando
a Figura 22 constata-se, pelos dados históricos de mais de 25 anos
(safras agrícolas), que as produções de trigo nos locais pertencentes
à Região 1 (Vacaria, RS; Campos Novos, SC; Ponta Grossa, PR)
geralmente foram maiores, se comparadas às produções de lavouras
pertencentes à Região 2 (Santa Rosa, RS; Chapecó, SC; Cascavel,
PR) e Região 3 (Dourados, MS). Assim, ao se manejar a adubação
da cultura do trigo, deve-se levar em consideração se a resposta
pretendida por meio de suprimento de nutrientes não está limitada
pelas características intrínsecas ambientais da região de cultivo da
planta (zoneamento agrícola).
O planejamento da lavoura requer análise detalhada da área
de cultivo. A análise pormenorizada do solo sob plantio direto
envolve a coleta de amostras de solo nas camadas superficial
(0-10 cm) e subsuperficial (10-20 cm), e uma avaliação visual (ou com
equipamentos) das condições físicas do perfil de 0-20 cm de profundidade. A avaliação física tem o objetivo de verificar a presença de
camadas adensadas ou compactadas do solo. A compactação do solo
pode ser detectada a campo, com a abertura de uma minitrincheira
de 0-20 cm de profundidade no solo e a posterior inspeção da lateral
da trincheira com uma faca. Camadas adensadas ou compactadas
apresentam resistência à penetração do instrumento cortante (faca).
Indícios de compactação também podem ser visualizados na arquitetura do sistema radicular das plantas, o qual estará concentrado
na camada superficial do solo, e a posição das raízes tenderá à
horizontalidade (ângulo reto). Um solo compactado é muito danoso
à planta, pois impede que o sistema radicular explore as camadas
mais profundas do solo. A exploração da camada mais profunda do
solo pelas raízes garante maior teor de água disponível (resistência
a limitações hídricas, como seca ou veranico) e aumenta a capacidade de absorção de nutrientes e, por consequência, a recuperação
e aproveitamento do fertilizante aplicado.
Na análise química do solo deve-se observar cuidadosamente
os resultados referentes a pH e à concentração de alumínio (Al), Ca
e P, especialmente na camada subsuperficial do solo (10-20 cm). A
toxidez por Al, que surge com o pH baixo (< 5,5), afeta severamente
o crescimento radicular do trigo (Figura 23), sendo que essas injúrias nas raízes comprometem a capacidade de absorção de água e
nutrientes e causam, na parte aérea da planta, o fenômeno chamado
crestamento. Segundo Paiva (1942), crestamento é o conjunto de
sintomas visuais que englobam coloração violácea e queima das
folhas e definhamento da planta. Além do Al tóxico, baixos teores de
Ca e de P não permitem o crescimento das raízes em profundidade,
o que prejudica seriamente o estabelecimento da lavoura de trigo.
Nesse contexto, quando uma área destinada ao cultivo do
trigo, conduzida sob plantio direto, exibe baixo pH, alto teor de
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
Figura 20. Representação esquemática das principais práticas agrícolas a serem empregadas na cultura do trigo visando aumentar a eficiência de uso
dos fertilizantes. Abreviação: m = saturação por alumínio da CTC efetiva do solo.
Figura 22. Rendimento histórico de grãos de trigo em lavouras localizadas
nas Regiões 2 e 3 (esquerda) e na Região 1 (direita) de acordo
com o zoneamento agroclimático da cultura.
Fonte: Pires, Cunha e Pasinato (2004).
Figura 21. Zoneamento climático para a cultura do trigo no Brasil.
Fonte: Cunha et al. (2006).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
Al tóxico, baixos teores de Ca e P em subsuperfície associados à
compactação do solo e baixa produtividade das culturas (Figura 20),
recomenda-se a correção total do solo na profundidade de 0-20 cm
mediante a aplicação de corretivos de acidez, com dose recomendada
para atingir pH em água = 6,0 em toda a camada, motivo pelo qual o
referido corretivo deverá ser incorporado ao solo com equipamento
13
Figura 23. Toxidez de alumínio em trigo: (a) sintomas de crestamento no
campo e (b) injúrias e atrofiamento do sistema radicular com
o aumento da concentração do elemento no meio.
Fonte: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA)
e Washington State University.
Figura 24. Práticas de manejo e conservação do solo e da água: (a) construção de terraço e (b) área com terraceamento estabelecido.
Crédito das fotos: Fabiano Daniel de Bona e José Eloir Denardin (Embrapa
Trigo).
adequado (arado, grade e outros). O procedimento de incorporação
do corretivo na camada de 0-20 cm do solo também deve ser usado
quando o agricultor decidir iniciar o sistema plantio direto.
Na ausência de alumínio tóxico na camada superficial do
solo, o critério de decisão para a escolha do manejo corretivo do
solo na pré-semeadura da cultura do trigo deve ser a presença
de compactação no solo e de gradiente de fertilidade (teores do
nutriente muito altos na superfície e muito baixos na subsuperfície).
Assim, não havendo compactação e gradiente de fertilidade na
camada de 0-20 cm, opta-se por corrigir a acidez do solo mediante
a adição dos corretivos na superfície do solo. Por outro lado,
caso exista compactação ou gradiente acentuado de fertilidade
(especialmente de P) na referida camada, deve-se utilizar práticas
mecânicas, como escarificação ou uso de semeadoras equipadas
com facões sulcadores, para descompactar parcialmente o solo e
deslocar nutrientes (adubos) e corretivos de acidez para as camadas
subsuperficiais do solo.
Idealmente, ações de manejo que visam a melhoria das características químicas e físicas do solo devem ser acompanhadas por
práticas de conservação de solo e de água, como o terraceamento
(Figura 24), no intuito de reduzir as perdas de solo e de nutrientes.
A falta de cuidado com práticas conservacionistas de água e solo
faz com que se perca, por meio de enxurradas originárias de chuvas
torrenciais típicas de clima tropical e subtropical, parte considerável
dos fertilizantes e corretivos aplicados nas lavouras de todo o Brasil
(Figura 25). Tal processo é duplamente danoso, pois se perde parte
da fertilidade construída do solo e se contamina os mananciais de
água com nutrientes oriundos das lavouras.
Após as ações de correção do solo (Figura 20), iniciam-se
as práticas relacionadas diretamente ao manejo da cultura do
trigo. A adubação deve ser realizada seguindo rigorosamente a
análise de solo e a expectativa de rendimento da cultivar escolhida. Recomenda-se adicionar somente o nutriente limitante
detectado na análise química de solo. É importante lembrar que
a interpretação dos teores de nutrientes, expressos no laudo de
análise química do solo, quanto ao nível de fertilidade de cada
elemento no solo, deve ser realizada com base nos manuais ou
indicações técnicas para adubação e calagem específicos para
distintas regiões do país.
A expectativa de rendimento da cultivar determina a quantidade de nutrientes a ser suprida. Novamente, deve-se salientar que
esse potencial de rendimento da cultivar de trigo é dependente do fator
local (condições edafoclimáticas). Além da adubação de manutenção,
para rendimento superior a 3.000 kg ha-1, adiciona-se 20-30 kg ha-1
de N, 15 kg ha-1 de P2O5 e 10 kg ha-1 de K2O por tonelada adicional
de grãos a ser produzida (CQFS-RS/SC, 2004).
De modo geral, a adubação NPK e micronutrientes é realizada no sulco de semeadura e o suprimento de N é complementado
com duas aplicações em cobertura: uma na fase de perfilhamento
e a outra na fase de alongamento do colmo (Figura 5 e Figura 20).
Quando altas doses de N são requeridas e a cultivar de trigo utilizada
é suscetível ao acamamento, recomenda-se a aplicação de produtos
14
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
coletando-se amostras de folhas-bandeira da cultura na fase de
florescimento/antese (Figura 27). Geralmente, coletam-se de 40 a
50 folhas-bandeira de forma aleatória na lavoura, as quais devem
ser enviadas a um laboratório credenciado e certificado para a
realização de análises de tecido vegetal.
As boas práticas de manejo do solo preconizam que, após
a colheita do trigo, deve-se semear na área o mais rapidamente
possível uma nova cultura agrícola, de forma a reduzir o tempo
que o solo fica exposto (sem plantas) à chuva e à erosão hídrica
(Figura 25). A diversificação de culturas deve ser realizada nas
lavouras em que se cultiva trigo no inverno, especialmente com
espécies que possuam vasto e vigoroso sistema radicular, pois a
planta de trigo tem pouca massa radicular (Figura 28) para adicionar
matéria orgânica diretamente na matriz do solo, o que aumenta a
probabilidade de adensamento e compactação do solo.
Figura 25. Evidências da erosão hídrica em lavouras manejadas sem práticas adequadas de conservação do solo e da água.
Crédito da foto: José Eloir Denardin (Embrapa Trigo).
reguladores de crescimento à base de hormônios vegetais no início
do afilhamento, o que deixará a planta com estatura mais baixa e
menos propensa ao acamamento (Figura 26).
O monitoramento das práticas de manejo de solo e da cultura pode ser realizado por meio da análise foliar do trigo. Embora
seja complementar à análise de solo, a avaliação da nutrição da
planta por meio da análise do tecido vegetal é o indicador-mestre
de todas as práticas realizadas na lavoura e reflete a interação soloplanta-atmosfera. Na planta de trigo, a análise foliar é realizada
Figura 27. Folha-bandeira da cultura do trigo na fase de florescimento/
antese – ponto ideal para coleta do tecido vegetal para a análise foliar.
Crédito da foto: Dave Mengel (K-State Research and Extension).
Figura 28. Sistema radicular de diversas culturas agrícolas aos 60 dias
após a germinação.
Crédito da foto: José Eloir Denardin (Embrapa Trigo).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Figura 26. Acamamento da cultura do trigo.
Crédito da foto: John Eveson (http://johneveson.photoshelter.com/image/
I00008tKo6g3j35c).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
Os fatos demonstram que grande parte do território brasileiro
possui características propícias de clima e de solo para a ampla
expansão da área cultivada com trigo. Sob o ponto de vista da
15
nutrição da cultura, conclui-se que as melhores e mais responsivas
tecnologias para o aumento da eficiência de uso dos nutrientes estão
relacionadas aos processos adequados de manejo nutricional das
plantas. Esses processos devem ser fundamentados no conhecimento
do potencial climático da região escolhida para o plantio do cereal,
em práticas de manejo do solo visando adequar e/ou manter características químicas e físicas satisfatórias para o bom desempenho da
cultura, no manejo conservacionista do solo, e no suprimento das
demandas nutricionais do trigo com a aplicação correta do nutriente
limitante, na dose certa, no local certo e no momento certo do ciclo
de crescimento e desenvolvimento da planta.
6. REFERÊNCIAS
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Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. 3 p. 1. CD-ROM.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
USO DE CORRETIVOS GRANULADOS
NA AGRICULTURA
Eduardo Fávero Caires1
Helio Antonio Wood Joris2
1. INTRODUÇÃO
A
acidez do solo limita a produção agrícola em consideráveis áreas do mundo. Os maiores problemas de
fertilidade dos solos tropicais são a falta de fósforo
(P) e a acidez excessiva. A deficiência de cálcio (Ca) e a toxidez
provocada por alumínio (Al) e manganês (Mn) são os fatores que
mais têm causado limitação na produtividade das culturas em solos
ácidos de regiões tropicais e subtropicais.
Os problemas gerados pela acidez dos solos são comumente
corrigidos por meio da aplicação de calcário. A calagem reduz ou
elimina os efeitos tóxicos de Al e Mn, aumenta a disponibilidade
de nitrogênio (N), P, Ca, magnésio (Mg), enxofre (S) e molibdênio
(Mo) no solo e também aumenta a atividade microbiana. A calagem
pode ser considerada a prática que mais contribui para o aumento
da eficiência do uso de fertilizantes. Mesmo assim, tal prática tem
sido, muitas vezes, negligenciada, sendo empregadas quantidades
de calcário insuficientes para promover adequada correção da acidez
e aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. Isso tem ocorrido de
forma ainda mais generalizada com o crescimento da área cultivada
em sistema plantio direto no Brasil.
A calagem é um investimento realizado na busca de máximo
retorno econômico por meio da utilização de um corretivo que seja
eficiente e traga benefícios para o solo e para a produtividade das
culturas. Devido a problemas de ordem logística e também relacionados à aplicação dos corretivos da acidez, tem crescido o interesse
pela utilização de produtos granulados na agricultura. Produtos à
base de carbonatos, silicatos e óxidos de Ca e Mg, associados ou não
a sulfato de Ca (gesso agrícola), na forma granulada, têm surgido
no mercado, gerando facilidades de transporte, manuseio e distribuição. A maior parte desses produtos tem registro no Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como fertilizantes minerais simples ou mistos, os quais podem disponibilizar
Ca, Mg ou S, dependendo de sua composição, quando aplicados a
lanço ou no sulco de semeadura. Porém, como esses produtos são
formulados com componentes de corretivos da acidez, por vezes,
eles têm sido utilizados na agricultura como alternativa ao calcário
agrícola para melhorar as condições de acidez do solo. Os produtos
são variados e originários de diferentes processos de granulação. O
corretivo peletizado contém calcário finamente moído compactado
em grânulos por um agente de ligação à base de lignina, o que
permite distribuição uniforme e mais precisa do material, evitando
problemas de poeira no manuseio. Como o calcário peletizado e
outros corretivos granulados têm um custo bem mais elevado em
relação às fontes convencionais, em várias situações tais produtos
têm sido comercializados como sendo muito mais eficazes do que
o calcário agrícola, isto é, necessitando de doses bem mais baixas
para corrigir a acidez do solo em relação às fontes convencionais.
Será isso verdadeiro? O que, de fato, se conhece sobre esse assunto?
Nesse trabalho são discutidos aspectos relacionados à eficiência do uso de corretivos granulados na correção da acidez do
solo, mediante uma abordagem dos estudos realizados sobre esse
tema, com aplicações a lanço e no sulco de semeadura.
2. ENTENDENDO A CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO
Os corretivos da acidez do solo mais utilizados na agricultura são as rochas calcárias moídas, constituídas por misturas de
minerais, como a calcita e a dolomita, que contêm, em suas composições, carbonatos de cálcio (CaCO3) e/ou de magnésio (MgCO3).
São menos utilizadas as rochas calcárias calcinadas, que contêm
óxidos de cálcio (CaO) e de magnésio (MgO), compostos bem mais
solúveis que os carbonatos (QUAGGIO, 1986). Os silicatos de Ca
e de Mg também podem ser utilizados como corretivos da acidez.
A pequena dissolução dos carbonatos (CaCO3 e MgCO3),
que ocorre em presença de água (H2O) e de gás carbônico (CO2), é
suficiente para desencadear uma série de reações, representadas a
seguir, que resultam na neutralização da acidez do solo:
CaCO3 + H2O
Ca2+ + HCO3– + OH–
MgCO3 + H2O
Mg2+ + HCO3– + OH–
H+ + OH–
H+ + HCO3–
H2O
H2O + CO2
Abreviações: Al = alumínio; Ca = cálcio; CaO = óxido de cálcio; CO2 = gás carbônico; CaCO3 = carbonato de cálcio; H2O = água; HCO3- = íon bicarbonato;
MAPA = Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Mg = magnésio; MgCO 3 = carbonato de magnésio; MgO = óxido de magnésio;
Mn = manganês; Mo = molibdênio; N = nitrogênio; P = fósforo; PN = poder de neutralização; PRNT = poder relativo de neturalização total;
RE = reatividade; S = enxofre; SFS = superfosfato simples; SFT = superfosfato triplo.
1
Professor Associado do Departamento de Ciência do Solo e Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, Ponta Grossa, PR,
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq; e-mail: [email protected]
2
Professor Adjunto do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade, Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, Ponta Grossa, PR, Ex-bolsista
de Pós-Doutorado da CAPES – Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UEPG; e-mail: [email protected]
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
17
A hidroxila (OH–) reage com o íon H+ da solução do solo,
formando água. O bicarbonato (HCO3–) reage também com o H+,
originando CO2 e H2O. Dessa forma, a reação desloca-se para a
direita, enquanto houver íons H+ em solução. Deve-se lembrar que
a acidez ativa em solução está em equilíbrio com a acidez potencial
(H + Al). Isso permite que a acidez potencial do solo seja gradativamente neutralizada, inclusive o íon Al3+, que é precipitado na
forma de Al(OH)3 (RAIJ, 1991).
É importante destacar que a neutralização da acidez ocorre
pela presença dos ânions (OH– e HCO3–), que são receptores de
prótons, sem os quais a eliminação da acidez não seria possível. Os
íons Ca2+ e Mg2+ ocuparão o lugar dos cátions com caráter ácido
(H e Al) no complexo de troca catiônica do solo. A neutralização da
acidez potencial do solo ocorre na proporção de 1 t ha-1 de CaCO3
para cada 10 mmolc dm-3 de H + Al, na camada de 0-20 cm.
A neutralização da acidez deve levar em conta o conteúdo de
neutralizantes do corretivo e, no caso de rochas calcárias moídas, a
granulometria. Assim, a avaliação da eficiência dos calcários tem
sido feita com base no poder relativo de neutralização total (PRNT),
índice que congrega o poder de neutralização (PN), em função do
conteúdo de neutralizantes equivalente em CaCO3, e a reatividade
(RE), que depende da granulometria, de acordo com a expressão:
PRNT (%) =
PN x RE
100
O PN indica o potencial químico do corretivo em neutralizar a acidez, ao passo que a RE indica a velocidade de ação do
corretivo na correção da acidez do solo. O cálculo admite uma
correção para o PN do corretivo conforme a granulometria, sendo
atribuída eficiência zero para o material retido na peneira ABNT
no 10 (2 mm), 20% para o material retido na peneira ABNT no 20
(0,84 mm), 60% para o material retido na peneira ABNT no 50
(0,30 mm) e 100% para o material que passa na peneira ABNT
no 50. A adequada interpretação do PRNT é fundamental para a
avaliação da eficiência técnica dos corretivos da acidez, lembrando
que partículas finas de calcário conferem maior RE, indicando maior
velocidade de ação do corretivo na correção da acidez do solo, porém
menor efeito residual. O aumento do PRNT dos corretivos pode ser
obtido pela moagem mais fina ou pela calcinação (transformação
de carbonatos em óxidos ou hidróxidos): no primeiro caso, ocorre
somente aumento na RE e, no segundo, ocorre aumento de PN e
RE. Por isso, em geral, quanto maior o PRNT, maior será a RE do
corretivo. Mas será que o PRNT constitui uma avaliação absoluta
da eficiência de um corretivo? O conceito de eficiência está ligado à
lucratividade, isto é, o corretivo mais eficiente é aquele que proporciona maior lucro ao produtor. Para isso, é necessário levar em conta
aspectos técnicos e econômicos (ALCARDE, 2005).
Por causa da baixa solubilidade dos carbonatos (CaCO3 e
MgCO3), recomenda-se que o calcário seja distribuído de modo uniforme em área total sobre a superfície do solo, e que suas partículas
sejam intimamente misturadas com o solo para aumentar a superfície
de contato e a sua ação neutralizante. A ação do calcário é sempre mais
acentuada no local de sua aplicação no solo. A neutralização da acidez
do subsolo é dificultada pelo aumento da retenção de cátions, que
ocorre em função da geração de cargas elétricas variáveis negativas
com a elevação no pH do solo. Entretanto, dependendo da dose de
calcário empregada, do tempo de reação, das condições de clima e
de manejo do solo, a calagem pode ter efeito também em camadas
mais profundas do solo, conforme constatado em vários trabalhos
realizados em sistema convencional de cultivo anual e semiperene
(CAIRES; ROSOLEM, 1993; QUAGGIO; MASCARENHAS;
18
BATAGLIA, 1982; MORELLI et al., 1992; OLIVEIRA; PARRA;
COSTA, 1997), em cultivos perenes estabelecidos (CHAVES;
PAVAN; IGUE, 1984; PAVAN, 1994; SILVA et al., 2007) e no
sistema plantio direto (OLIVEIRA; PAVAN, 1996; CAIRES; BANZATTO; FONSECA, 2000; CAIRES et al., 2008, 2015).
3. CONHECENDO A EFICIÊNCIA DOS CORRETIVOS
GRANULADOS
Como os corretivos da acidez constituídos de partículas
mais finas possuem maior RE, eles apresentam maior velocidade de
reação no solo. A velocidade de reação é muito importante para os
agricultores que buscam maior retorno de seu investimento. Porém,
a desvantagem da utilização de partículas muito finas de calcário
consiste na dificuldade de sua aplicação no solo. Na forma peletizada
(calcário finamente moído compactado em grânulos), o corretivo é
protegido da deriva do vento, o que permite distribuição mais uniforme e eficiente. A propriedade mais atraente do calcário peletizado
é que ele pode ser espalhado uniformemente com precisão, utilizando
equipamento convencional de distribuição, tornando-se uma opção
mais conveniente para os agricultores. Aglutinantes sintéticos, tais
como lignossulfonatos, mantém os grânulos finamente moídos juntos,
os quais se dissolvem em contato com a água da chuva ou solução do
solo, rompendo-se por solubilização ou ação microbiana. Os grânulos
são resistentes o suficiente para resistir ao transporte, e o mínimo de
poeira é criado com a sua distribuição.
O calcário peletizado, quando usado nas doses recomendadas, tem um custo proibitivo porque ele é bem mais caro do que o
calcário agrícola convencional. Sendo assim, alguns produtores têm
considerado o uso de 200 a 400 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado,
a lanço ou no sulco de semeadura, como uma alternativa de mais
baixo custo para a sua aplicação. Embora as pesquisas sobre esta
prática sejam limitadas, especialmente no Brasil, estudos publicados
têm demonstrado que o uso de calcário peletizado em quantidades
inferiores à necessidade de calagem não neutraliza a acidez do solo
para os níveis desejados e resulta apenas em ligeiras alterações no
pH do solo (PIERCE; WARNCKE, 2000; GODSEY et al., 2007;
LENTZ et al., 2010; HIGGINS; MORRISON; WATSON, 2012;
LOLLATO; EDWARDS; ZHANG, 2013).
A velocidade de reação do calcário peletizado foi avaliada
em um estudo realizado na Universidade do Kentucky (EUA).
Quando aplicado na mesma equivalência de conteúdo de neutralizantes, o calcário peletizado reagiu mais lentamente do que qualquer outra rocha calcária moída estudada (MURDOCK, 1997). As
investigações sobre as possíveis causas desse efeito são limitadas,
mas um atraso na quebra da ligação do lignosulfonato foi dado como
uma possível explicação (MURDOCK, 1997). O agente de ligação
é fundamental quando se considera a taxa de reatividade dos corretivos peletizados. Em um estudo em laboratório, o calcário peletizado
não reagiu tão rapidamente quanto o calcário agrícola convencional
devido à insolubilidade do agente de ligação (WARNCKE; PIERCE,
1997). Apesar do pequeno tamanho das partículas dos corretivos,
o agente de ligação pode afetar negativamente a solubilidade do
grânulo, retardando a sua velocidade de reação no solo.
Em outro estudo realizado na Irlanda do Norte, Higgins,
Morrison e Watson (2012) verificaram que não houve diferença na
velocidade de reação do calcário peletizado quando comparada à do
calcário agrícola convencional, a partir da mesma fonte. Além disso,
a aplicação de pequenas quantidades de calcário peletizado anualmente (175, 350 e 525 kg ha-1 ano-1) em uma pastagem permanente,
utilizada para produção de silagem, não se mostrou uma alternativa
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
restritas a uma região de, aproximadamente, 1,27 cm em torno do
grânulo, enquanto a aplicação de calcário agrícola aumentou o pH
em toda a profundidade incorporada (Figura 2). A falta de difusão do
calcário peletizado ficou evidente quando foram abertas trincheiras
no perfil do solo e os grânulos puderam ser vistos no mesmo local
onde foram aplicados, aproximadamente 220 dias após a aplicação
(Figura 3). Nesse estudo, o crescimento do trigo nas parcelas com
calcário peletizado não foi diferente do tratamento controle, indicando
que não houve nenhuma vantagem do uso de calcário peletizado no
sulco de semeadura para a correção da acidez do solo. Os resultados
desse trabalho mostraram que a aplicação de calcário peletizado no
sulco comporta-se como grandes grânulos de calcário, ocasionando
melhoria no pH do solo somente ao redor do local de sua aplicação.
Como a magnitude de alteração no pH do solo é uma função
da quantidade de calcário aplicada, pequenas alterações no pH do
solo causadas pela aplicação anual de doses baixas de calcário
granulado têm sido documentadas na literatura. Higgins, Morrison
e Watson (2012), por exemplo, mostraram que a aplicação de 175,
350 e 525 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado resultou numa média
de aumento no pH do solo de 0,07; 0,09 e 0,25 unidades, respectivamente, aproximadamente 21 meses após a aplicação. Lollato,
Edwards e Zhang (2013) verificaram que a aplicação de 225 e
450 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado aumentou o pH do solo em
0,10 e 0,18 unidades, respectivamente, no primeiro ano do estudo.
No entanto, a vantagem da aplicação de calcário peletizado no sulco,
em relação ao tratamento controle, desapareceu nos anos seguintes,
provavelmente devido aos efeitos localizados da aplicação no sulco.
Em outro estudo realizado com os calcários granulados de conchas,
com ou sem gesso agrícola, e dolomítico, no sulco de semeadura
em sistema plantio direto, Escosteguy et al. (2015) observaram que
os corretivos granulados, na dose calculada para fornecer 83 kg ha-1
de Ca, aumentaram o pH do solo na ordem de 0,36 unidades, entre
40 e 50 dias após a aplicação, independentemente da fonte.
pH do solo
rentável durante o período de três anos. Os autores comentam, nesse
estudo, que o custo global da aplicação de pequenas quantidades
anuais de calcário peletizado seria consideravelmente maior do que
aquele obtido com uma única aplicação, em dose mais elevada, de
calcário agrícola convencional, a cada 8-10 anos.
Na região do Corn Belt americano, um estudo foi realizado
para avaliar a capacidade de neutralização da acidez do solo por meio
da utilização de baixas doses de calcário peletizado em comparação
com o uso de calcário agrícola convencional (LENTZ et al., 2010).
Verificou-se que a incorporação de doses de calcário abaixo da
necessidade de calagem não elevou o pH do solo (0-15 cm) ao nível
desejado (6,8), independentemente da fonte de calcário empregada
(Figura 1). Além disso, o calcário agrícola convencional apresentou
reação mais rápida no solo do que o calcário peletizado. A aplicação
de calcário peletizado em dose baixa proporcionou produtividades
de milho semelhantes às do tratamento controle (sem calagem). Os
resultados desse estudo revelaram que a aplicação de baixas doses
de calcário não corrige adequadamente a acidez do solo, e que a
aplicação de calcário peletizado não neutraliza a acidez de forma mais
rápida do que o calcário agrícola convencional. É muito improvável
que a aplicação de qualquer corretivo da acidez (peletizado ou não)
abaixo da necessidade de calagem proporcione a mudança desejada
no pH do solo. Esse estudo é um exemplo do risco que o produtor
corre ao aplicar calcário em uma dose consideravelmente mais baixa
do que a recomendada. Esse risco é ainda maior quando se utiliza
calcário granulado, que pode não reagir tão rapidamente quanto o
calcário agrícola convencional.
Em um trabalho recente e bastante minucioso, Lollato,
Edwards e Zhang (2013) avaliaram, de forma inédita, a distribuição
espacial do pH no perfil do solo após a aplicação de calcário agrícola
convencional incorporado (2,25 e 4,50 t ha-1) e de calcário peletizado
no sulco de semeadura (225 e 450 kg ha-1 ano-1). As alterações no
pH do solo pela aplicação de calcário peletizado no sulco ficaram
Calcário (t ha-1)
Figura 1. Efeito de doses de calcário agrícola convencional ( ) e de calcário peletizado ( ) no pH do solo, depois de 20, 40, 60, 140, 200 e 500 dias
da aplicação.
Fonte: Adaptada de Lentz et al. (2010).
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
19
Junho 2011
Controle
Junho 2012
Controle
225 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado
225 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado
450 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado
450 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado
2,25 t ha-1 de calcário agrícola convencional
2,25 t ha-1 de calcário agrícola convencional
4,50 t ha-1 de calcário agrícola convencional
4,50 t ha-1 de calcário agrícola convencional
pH do solo
5,0
5,0-6,0
6,0
Figura 2. Distribuição do pH ao longo do perfil do solo em junho de 2011 e junho de 2012 em função de estratégias de correção da acidez do solo
(* P < 0,05 e *** P < 0,001).
Fonte: Lollato, Edwards e Zhang (2013).
20
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
econômica de se utilizar, na adubação, gesso agrícola granulado ao
invés de superfosfato simples (que contém gesso em sua composição).
Destaca-se que o trabalho pioneiro que deu início aos estudos sobre
o uso de gesso para a melhoria do subsolo ácido no Brasil foi planejado, inicialmente, para comparar fontes de P [superfosfato simples
(SFS) e superfosfato triplo (SFT)] na região do Cerrado (RITCHEY
et al., 1980). Nesse estudo, durante um período de estresse hídrico,
os pesquisadores observaram que as plantas de milho adubadas com
doses elevadas de SFS apresentaram desenvolvimento muito melhor
e estavam muito mais vigorosas do que aquelas adubadas com doses
baixas de SFS ou com qualquer dose de SFT. A abertura de tricheiras
seguida de análises químicas em diferentes camadas no perfil do solo
revelou a presença de maior teor de Ca, menor concentração de Al e
maior quantidade de raízes nas camadas mais profundas do solo, nas
parcelas que haviam recebido as mais altas doses de SFS. Assim, é
possível que o uso continuado de doses relativamente altas de SFS
possa ocasionar melhoria no ambiente radicular do subsolo em longo
prazo, especialmente em solos tropicais ou subtropicais com baixa
capacidade de troca catiônica.
Figura 3. Trincheiras abertas em junho de 2011 (A) e junho de 2012 (B)
mostrando a falta de difusão do calcário peletizado ao longo do
perfil do solo, com grânulos visíveis e praticamente não modificados após aproximadamente 220 dias da aplicação.
Fonte: Lollato, Edwards e Zhang (2013).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os trabalhos documentados na literatura mostram de forma
bastante clara três aspectos importantes quando o intuito é corrigir
a acidez do solo de forma adequada por meio do uso de corretivos
agrícolas:
(i) O calcário não é um produto para ser aplicado no sulco de
semeadura devido à baixa solubilidade dos corretivos da acidez. O
calcário deve ser distribuído uniformemente em área total e misturado
ao solo para aumentar a superfície de contato e a ação dos neutralizantes. No caso do sistema plantio direto, o calcário deve ser incorporado
no solo, na camada mais profunda possível, no estabelecimento do
sistema e, depois disso, a calagem deve ser feita na superfície, sem
incorporação, adotando-se critérios de recomendação adequados para
a estimativa da dose e a frequência de aplicação.
(ii) O calcário peletizado (calcário finamente moído compactado em grânulos), quando utilizado nas doses recomendadas,
tem um custo proibitivo porque é bem mais caro do que o calcário
agrícola convencional e não apresenta reação mais rápida do que
qualquer outra rocha calcária moída de boa qualidade.
(iii) A aplicação de qualquer corretivo da acidez (granulado
ou não) abaixo das doses recomendadas não proporciona adequada
correção da acidez do solo e pode comprometer a produtividade
das culturas.
A aplicação de produtos granulados à base de gesso agrícola
em doses relativamente baixas (200 a 400 kg ha-1) deve se limitar ao
fornecimento de Ca e S para as plantas, pois não se devem esperar
efeitos na melhoria das condições químicas do subsolo com a sua
aplicação em curto prazo. Os efeitos da adição de baixas doses de
gesso agrícola granulado em longo prazo ainda não foram estudados e, portanto, não são conhecidos. Como o P é o nutriente mais
empregado na adubação de plantas em solos tropicais, em decorrência
da carência em P e da alta capacidade de adsorção de P dos solos
altamente intemperizados, cabe aqui uma reflexão sobre a viabilidade
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
REFERÊNCIAS
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21
DIVULGANDO A PESQUISA
ADUBAÇÃO NITROGENADA EM COBERTURA PARA O
CULTIVO DE MILHO COM ALTO POTENCIAL PRODUTIVO EM
SISTEMA DE PLANTIO DIRETO DE LONGA DURAÇÃO
1
Eduardo Fávero Caires, 2Robert Milla. Bragantia, Campinas, v. 75, n. 1, p. 87-95, 2016.
A
intensificação da produção para elevar a produtividade de milho tem aumentado a demanda por
fertilizantes nitrogenados. Com o objetivo de avaliar a acidificação do solo e definir as doses de máxima eficiência
técnica (MET) e econômica (MEE) de N-ureia em cobertura para
obtenção de alta produtividade de milho, realizou-se um experimento no município de Candói (PR), em um Latossolo Vermelho
de textura argilosa sob plantio direto de longa duração (30 anos).
Os tratamentos, dispostos em blocos ao acaso com 4 repetições,
constaram de 5 doses de nitrogênio (N), na forma de ureia:
0, 90, 180, 270 e 360 kg ha-1, aplicadas em cobertura no estádio
de desenvolvimento V4. O milho, híbrido P1630, foi cultivado
após aveia-preta, em 2012, com 65 kg ha-1 de N na semeadura.
dose de 209 kg ha-1 N em cobertura (19,6 t ha-1), a PR de
95% (18,6 t ha-1) seria obtida com a dose de 144 kg ha-1
de N em cobertura. De acordo as equações ajustadas para
concentração de N nas folhas e nos grãos de milho em função das doses de N empregadas em cobertura, é possível
inferir que as concentrações de N nas folhas e nos grãos
de milho seriam de 23,8 e 14,0 g kg-1, respectivamente,
para PR de 100%, e de 22,8 e 13,1 g kg-1, respectivamente,
para PR de 95%. Admitindo-se o intervalo de suficiência
nutricional entre 95 e 100% da PR, a faixa adequada de
teores de N para altos tetos de produtividade de grãos de
milho seria de 22,8 a 23,8 g kg-1 nas folhas e de 13,1 a
14,0 g kg-1 nos grãos.
Conclusões:
• A aplicação de 100 kg ha-1 de N, na forma de ureia,
reduziu o pHCaCl2, os teores de Ca2+ + Mg2+ trocáveis, a
capacidade de troca de cátions (CTC) efetiva e a saturação
por bases do solo.
• Os teores de N nas folhas e nos grãos, a altura das plantas
e da inserção da espiga, o número de grãos por fileira, a
massa de grãos por espiga, a massa de 1.000 grãos e a
exportação de N pelos grãos de milho aumentaram linearmente com as doses de N em cobertura. Embora a maior
estatura das plantas possa favorecer o seu acamamento,
no presente estudo não ocorreu acamamento das plantas
com as doses de N aplicadas.
• A produtividade de milho aumentou com as doses de N, de
acordo com o modelo Linear Response Plateau (Figura 1). A
dose de 209 kg ha-1 de N em cobertura proporciona máxima
eficiência técnica e econômica para produtividade de
19,6 t ha-1 de milho, cultivado após aveia-preta, em sistema
plantio direto de longa duração. Tomando-se como base
os preços médios da região de Candói (PR) dos últimos
5 anos, de R$ 2.640,00 por t de N-ureia e R$ 338,20 por
t de grãos de milho, o retorno econômico com a adubação
nitrogenada seria de R$ 2,50 por kg N por hectare aplicado
em cobertura até a dose de 209 kg ha-1, resultando numa
receita líquida de R$ 522,50 por ha com a aplicação da
dose que ocasionou maior produtividade (209 kg ha-1).
• Considerando-se a produtividade relativa (PR) de 100%
para a máxima produtividade de grãos alcançada com a
Figura 1. Produtividade de grãos (a) e exportação de N pela cultura do milho (b),
considerando-se as doses de N, na forma de ureia, aplicadas em cobertura
no sistema plantio direto. As doses de N foram aplicadas no estádio V4
de desenvolvimento da cultura do milho. **p < 0,01.
1
2
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Ciência do Solo e Engenharia Agrícola, Ponta Grossa (PR).
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Curso de Agronomia, Ponta Grossa, PR.
22
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
EM DESTAQUE
DIAS DE CAMPO PARA PRODUTORES DE MILHO E SOJA
IPNI NA NOVA FRONTEIRA AGRÍCOLA EM RONDÔNIA
Dr. Valter Casarin, Diretor Adjunto do IPNI Brasil, participou de dias de campo realizados no estado do Maranhão,
dirigidos a produtores regionais de soja e milho. O evento foi
organizado pela i9 Consultoria. Dr. Casarin discutiu as questões
técnicas sobre nutrição vegetal junto aos participantes, focando
principalmente os temas: adubação nitrogenada para a soja,
aplicação superficial de fósforo e preparação adequada do solo.
Um problema grave observado nas lavouras foi o efeito do déficit
hídrico, devido à pouca pluviosidade, o que proporcionou reduções na produção de soja na ordem de 30% a 50%. A estação
seca também resultou em graves ataques de pragas na lavoura.
Dr. Eros Francisco, Diretor Adjunto do IPNI, percorreu
a nova fronteira agrícola no estado de Rondônia em companhia
do Dr. Anderson Bergamin, parceiro local e professor da Unir,
em visita a propriedades dedicadas à produção de soja, milho
e arroz. “Alguns dos agricultores já são produtores de grãos há
algum tempo e outros estão na atividade há menos de 5 anos,
contudo, todos enfrentam os mesmos desafios como pioneiros em
uma nova fronteira agrícola, procurando desenvolver sistemas de
cultivo sustentáveis em suas propriedades”, disse Dr. Francisco.
“Eles estão ávidos por informações sobre pesquisas locais a
respeito não só do manejo de nutrientes, mas também sobre o
manejo das culturas como um todo”. As atividades do IPNI em
Rondônia estão focadas na difusão de informações acerca do
manejo eficiente de nutrientes e das práticas agrícolas sustentáveis. Durante a visita, Dr. Francisco ministrou palestra sobre
o manejo de nutrientes em sistema de produção soja/milho em
Rolim de Moura, Rondônia.
Dr. Casarin em dia de campo de soja, avaliando os resultados da região.
NITROGÊNIO E POTÁSSIO EM ALGODOEIRO ADENSADO
Informações sobre o manejo de fertilizantes em sistema
de cultivo de algodoeiro adensado são escassas no Brasil. Estudos são necessários para melhorar o manejo de nutrientes em tal
sistema. Dr. Eros Francisco, Diretor Adjunto do IPNI Brasil, em
conjunto com pesquisadores da Fundação MT, apresentaram os
resultados de uma pesquisa realizada para avaliar os efeitos da
aplicação de nitrogênio e potássio na produtividade e qualidade da
fibra de algodão cultivado em sistema adensado. Em experimento
de campo, conduzido por 3 anos, foram utilizadas quatro doses
de N e K e um tratamento controle, não fertilizado, e analisados
os parâmetros de produção e qualidade da fibra de algodão.
Observou-se, no sistema de cultivo adensado, que o rendimento
de algodão em pluma foi positivamente afetado pelas aplicações
de N e K. Em relação às aplicações de K, a produção de algodão
não dependeu das doses de N. A aplicação de K aumentou o índice
micronaire e a resistência da fibra, enquanto as altas doses de N
reduziram a sua resistência.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
Dr. Eros Francisco com produtor de soja em Rondônia.
IPNI NO CONGRESSO VIRTUAL BRASILEIRO
DE CIÊNCIA DO SOLO
Dr. Luís Prochnow, Diretor do IPNI Brasil, foi um dos principais oradores no Congresso Virtual Brasileiro de Ciência do Solo.
O foco de sua palestra foi o uso eficiente de fósforo na agricultura.
Este tema tem recebido muita atenção ultimamente no Brasil,
especialmente quando relacionado à localicação de fertilizantes.
Ele também apresentou dois webinars para consultores agrícolas
da COPACOL, Cooperativa Agropecuária de prestígio localizada
no estado do Paraná. Igualmente, a palestra abordou a localização
adequada de P no solo.
23
IPNI NO SHOW SAFRA
IPNI EM DIA DE CAMPO DE CAFÉ
Dr. Luís Prochnow, Diretor do IPNI Brasil, dedicou boa
parte de sua carreira ao estudo do uso eficiente de fósforo na
agricultura. Ele foi convidado a participar de muitos eventos
para discutir esse tema, com foco especial na localização do
fósforo no solo. Durante o Show Safra, em Lucas do Rio Verde,
MT, ele discursou para mais de 500 participantes. Atualmente, a
principal questão relacionada à nutrição de plantas diz respeito à
eficácia da aplicação de P a lanço. Os agricultores querem aplicar
o fósforo antes da semeadura por causa da logística operacional
(mais rápido e mais fácil). Dr. Prochnow abordou esse assunto ao
discutir ambos os aspectos da questão, agronômico e ambiental.
Dr. Valter Casarin, Diretor Adjunto do IPNI Brasil,
participou do dia de campo realizado na Fazenda Movimento,
localizada no município de Areado, Minas Gerais. Dra. Athena
Birkenberg, da Universidade de Hohenheim, Alemanha, iniciou
as atividades com uma palestra sobre sistemas de sequestro de
carbono em fazendas produtoras de café. A pesquisa está sendo
desenvolvida no Brasil. Mais tarde, os participantes visitaram
a Fazenda, onde o café é cultivado em consórcio com a braquiária. Esta gramínea fornece grandes benefícios ao sistema
como auxiliar no aumento da produtividade do cafeeiro e na
melhoria das condições físicas do solo, devido ao seu extenso
sistema radicular e alto sequestro de carbono, além de promover
maior qualidade do café. Por meio dessa técnica de manejo, o
produtor tem reduzido as doses de alguns nutrientes, herbicidas e pesticidas. Também estiveram presentes no dia de campo
os engenheiros agrônomos Luiz Fernando Ribeiro de Lima
(proprietário), Homero Vieira (Assistência Técnica e Extensão
Rural), Eduardo Sampaio (UTZ Certified, representante no país)
e Mariana Del Guerra, consultora independente, interessada na
classificação do café quanto à qualidade decorrente da nutrição e do processamento. Del Guerra está usando a técnica da
condutividade elétrica em café verde para medir a integridade
física dos grãos em relação ao clima e à nutrição das culturas.
Dr. Prochnow durante sua palestra no Show Safra.
IPNI NO SIMPÓSIO SOBRE CAFEICULTURA
Dr. Valter Casarin, Diretor Adjunto do IPNI Brasil,
apresentou a palestra “Uso eficiente de fertilizantes na cultura
do café” durante o XX Simpósio de Cafeicultura das Matas
de Minas, realizado em Manhuaçu (MG), em março último. O
estado é líder na produção de café no Brasil, sendo responsável
por 51% da safra nacional. A região de Matas de Minas ocupa
a segunda posição na produção, com 31% do café colhido no
estado de Minas Gerais. O programa incluiu eventos, cursos de
curta duração, palestras, debates e demonstração de máquinas de
cultivo de café. O simpósio contou com a participação de produtores, engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e exportadores.
Plateia do XX Simpósio de Cafeicultura das Matas de Minas.
24
Dia de Campo de Café: vista do cafezal em consórcio com a braquiária.
MANEJO DE NITROGÊNIO E FÓSFORO EM
PASTAGENS EM RONDÔNIA
Dr. Eros Francisco, Diretor Adjunto do IPNI Brasil,
ministrou palestra sobre adubação nitrogenada e fosfatada de
pastagens a alunos do curso de Agronomia da Universidade
Federal de Rondônia. “O estado de Rondônia é um importante
produtor de carne bovina destinada ao consumo interno no Brasil.
O estado abriga o sexto maior rebanho bovino do país e uma
grande extensão de terra é usada para pastagem”, disse Dr. Francisco. Dentre os estudantes, vários vivem em fazendas ou têm
relação direta com os produtores, porém, nem sempre estão conscientes do importante papel da nutrição de plantas no aumento
da produção de carne bovina, ou não têm conhecimento sobre
como manejar adequadamente as aplicações de fertilizantes em
pastagens. Desta forma, é importante educá-los e incentivá-los a
utilizar corretamente os nutrientes. Após a palestra, Dr. Francisco
visitou uma fazenda local que recentemente utilizou fertilizante
fosfatado pela primeira vez, em décadas, e na qual a produção
de biomassa de forragem aumentou significativamente.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
PAINEL AGRONÔMICO
PODA AUMENTA EM ATÉ 30% PRODUTIVIDADE
DE CAFEEIROS CANÉFORA
SERINGAIS PAULISTAS SÃO OS MAIS
PRODUTIVOS DO MUNDO
Nova técnica sistematizada pela Embrapa Rondônia, chamada
poda de formação, pode fazer com que os cafeeiros da espécie canéfora
(Conilon e Robusta) apresentem aumento de até
30% de produtividade na
primeira safra. A prática
ainda permite a padronização das podas de produção, já que as hastes
formadas apresentarão
a mesma idade. A poda
dos cafeeiros é praticada
por alguns cafeicultores, porém sem critérios e de forma empírica. A
sistematização traz embasamento técnico e comprovação de resultados.
A poda é realizada de forma manual, utilizando-se como
ferramenta uma tesoura de poda, e consiste de duas etapas: (a)
a poda do ponteiro e limpeza do caule das plantas; (b) a seleção
de brotos e a limpeza do caule das plantas. O primeiro passo é
a eliminação de todos os ramos de produção, folhas baixeiras e
gema apical (olho do cafeeiro). Cerca de 45 a 90 dias após a poda
apical, deve ser realizada a desbrota, eliminando-se o excesso de
brotos conforme a expectativa do número de hastes que se pretende
manter por planta. Dessa forma, mantém-se de três a quatro brotos
por planta, dando preferência para os brotos inseridos na parte mais
baixa do caule. No momento da desbrota, devem ser eliminados os
ramos de produção do baixeiro que tenham surgido após a poda.
(Embrapa Rondônia)
O Estado de São Paulo tem os seringais mais produtivos
do mundo, com produtividade superior a 1.300 kg ha-1 de borracha, ao ano, frente aos 1.100 kg ha-1 da Tailândia, 1.000 kg ha-1
da Malásia e 800 kg ha-1 da Indonésia – países heveicultores
tradicionais. A competência paulista nesta área tem como base
a pesquisa agrícola desenvolvida pela Secretaria de Agricultura
e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto
Agronômico (IAC), de Campinas, que desenvolve pesquisas de
melhoramento genético, manejo, tratos culturais e adubação e
nutrição em seringueira.
O principal objetivo do Programa do IAC é obter clones
de seringueira adaptados às diferentes condições edafoclimáticas
do Estado de São Paulo, com características de alto potencial de
produção e vigor. Nos lançamentos mais recentes, o IAC conseguiu
esse perfil aliado à precocidade. Nos novos materiais desenvolvidos pelo Instituto Agronômico, a extração do látex pode ser feita
em cinco anos a partir do plantio, isto é, dois anos antes do que
normalmente ocorre. Este perfil precoce está presente em quatro,
dos 15 clones lançados pelo Instituto. São eles: IAC 505, IAC 507,
IAC 511 e IAC 512 “Começar a sangrar com tempo 30% menor
significa antecipar ganhos para pagar o investimento”, explica Paulo
de Souza Gonçalves, pesquisador líder do Programa Seringueira
do Instituto Agronômico.
Todos os 15 novos clones selecionados pelo IAC têm também maior produtividade do que o material mais plantado em São
Paulo, atualmente, o importado da Ásia, RRIM 600, que produz em
torno de 1.250 kg ha-1 ao ano. O novo IAC 500 – o mais produtivo
dos selecionados – produz 1.731 kg ha-1 de látex, 38% superior que
o mais plantado. São ganhos de 500 kg de borracha seca por ano.
“As pesquisas do IAC envolvem 51 experimentos de campo
distribuídos em todo o Estado (aproximadamente 95 mil hectares)
e um total de 500 novos clones avaliados”, afirma Paulo de Souza
Gonçalves.
A cultura da seringueira é reconhecida como grande geradora
de emprego. Para cada cinco hectares, uma pessoa é contratada.
Nos 95 mil hectares plantados em São Paulo são gerados mais de
19 mil empregos diretos no campo. A mão de obra não é considerada “pesada”, de acordo com Gonçalves, possibilitando que toda
a família possa trabalhar na área.
Outra vantagem do cultivo é a produção ao longo de todo o
ano, possibilitando renda contínua ao produtor e diluição do risco,
principalmente quando comparada com as culturas anuais, em que
qualquer problema climático ou fitossanitário compromete a renda
durante o ano.
Considerando o aspecto ambiental, a seringueira auxilia na
fixação de gás carbônico no solo. Em setembro de 1996, foi considerada pelo Ministério do Meio Ambiente como uma espécie
para reflorestamento. “Ao término da vida útil dos seringais, aos
35 anos, o produtor terá ainda a renda pela venda da madeira, já bem
aceita pela indústria moveleira dos mercados orientais e dos Estados
Unidos, com preço de mercado em torno de US$ 200 o m³”, afirma.
(IAC Notícias)
NOVO SELO BUSCA VALORIZAR O
“VALE DO SILÍCIO DO CAMPO”
Pesquisadores e empreendedores do agronegócio lançaram
oficialmente o AgTech Valley – Vale do Piracicaba, primeiro selo de
denominação de um polo brasileiro de tecnologia voltado exclusivamente à inovação agrícola. A intenção é aproveitar o ambiente de
conhecimento do município paulista – fomentado pelo campus da
Escola de Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/
USP) – e as empresas agrícolas já instaladas na região para criar uma
marca capaz de gerar valor aos produtos e serviços desenvolvidos.
"Estamos entre as cinco melhores faculdades do mundo em
estudos de agricultura tropical e temos hoje no vale do rio Piracicaba dezenas de empresas de inovação pesquisando desde etanol
de segunda geração até microrganismos que capturam carbono.
Somos o "Vale do Silício do agronegócio". Precisamos usar isso a
nosso favor", afirma Mateus Modin, professor do Departamento de
Genética da Esalq e um dos idealizadores da iniciativa.
Um levantamento inicial realizado pelo professor Modin
identificou a presença de 89 empresas agrícolas no vale, incluindo
startups incubadas na Esalqtec e grandes empresas como a Raízen,
também representada no Parque Tecnológico. Mas há mais delas, e
outra vantagem do selo será juntar pontas, apresentar fornecedores
e compradores e criar uma rede local de inovação e de negócios.
(Valor Econômico)
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
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PRÊMIO IPNI BRASIL EM NUTRIÇÃO DE PLANTAS – 2016
PESQUISADOR SÊNIOR E JOVEM PESQUISADOR
O Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas tem por objetivo reconhecer pesquisadores do país que contribuem com pesquisas relevantes em assuntos relacionados à missão do Instituto. A premiação conta com o apoio da Sociedade Brasileira
de Ciência do Solo (SBCS).
Este ano, o prêmio será entregue na FERTBIO 2016, a ser realizada em Goiânia, GO, de 16 a 20/10/2016.
Este prêmio é anual e contempla os pesquisadores em duas categorias: Pesquisador Sênior e Jovem Pesquisador.
• Pesquisador Sênior
A indicação do premiado é feita por sócios da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), sendo o julgamento dos indicados realizado por comissão sugerida pela SBCS.
• Jovem Pesquisador
São candidatos ao Prêmio os alunos que submetem ao evento (Fertbio em anos pares e Congresso Brasileiro de Ciência do
Solo em anos ímpares) trabalhos científicos relacionados às áreas de Fertilidade do Solo, Nutrição de Plantas e/ou Adubos
e Adubação.
Premiados na categoria Pesquisador Sênior nos últimos anos: Premiados na categoria Jovem Pesquisador nos últimos anos:
(2015) Dr. Godofredo Cesar Vitti, ESALQ/USP
(2015) Luíz Paulo Figueredo Benício, UFV
(2014) Dr. Victor Hugo Alvarez Venegas, UFV
(2014) Lívia Pereira Horta, UFMG
(2013) Dr. Alfredo Scheid Lopes, UFLA
(2013) Roger Borges, UFPR
(2012) Dra. Janice Guedes de Carvalho, UFLA
(2012) Fernando Viero, UFRGS
(2011) Dr. Ibanor Anghinoni, UFRGS
(2011) Carlos Alberto Casali, UFSM
(2010) Dr. Bernardo van Raij, IAC
(2010) Gelton Geraldo Fernandes Guimarães, UFV
(2009) Dr. Segundo S. Urquiaga Caballero, Embrapa Agrobiologia
(2009) Tancredo Augusto Feitosa de Souza, UFPB
Inscrições e informações sobre o Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas estão disponíveis no site:
http://info.ipni.net/Premio_Brasil
CONCURSO FOTOGRÁFICO DO IPNI
O International Plant Nutrition Institute (IPNI) continuará, em 2016, a promover o concurso fotográfico sobre deficiências nutricionais
com o objetivo de incentivar a observação de campo e aumentar a compreensão sobre as deficiências nutricionais nas plantas.
“Esperamos que esse concurso estimule aqueles que trabalham na produção agrícola e em pesquisas”, disse Dr. Terry
Roberts, Presidente do IPNI. “Pesquisadores envolvidos em trabalho sob condições controladas também são convidados a
enviar suas fotos. Nós encorajamos consultores, agricultores e outros interessados a fotografar e documentar as deficiências
nutricionais nas culturas”.
Os vencedores serão anunciados e notificados no primeiro
trimestre de 2017, e os resultados serão publicados no site
do IPNI: www.ipni.net.
Prazo: as fotos e as informações adicionais devem ser enviadas até 6 de Dezembro de 2016 (até às 23:00 h)
Os prêmios são os seguintes:
1° Prêmio: US$ 250 para a melhor fotografia entre todas as
categorias.
1° Prêmio: US$ 150 e 2° Prêmio: US$ 100 para a melhor
fotografia dentro de cada uma das quatro categorias (Nitrogênio, Fósforo, Potássio e Outros Nutrientes).
Além disso, todos os premiados receberão um USB com uma
cópia de nossa mais recente coleção de imagens.
Mais detalhes sobre o concurso são encontrados no endereço: https://www.ipni.net/photocontest/learn
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Deficiência de fósforo em nabo. Foto vencedora em 2015.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
EVENTOS DO IPNI
IX SIMPÓSIO REGIONAL IPNI BRASIL SOBRE
BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES
Local: Sindicato Rural de Paragominas, Rodovia PA 125, s/n,
Paragominas, PA
Data: 30 e 31 de Agosto de 2016
Inscrições: Somente através do website do IPNI Brasil:
http://brasil.ipni.net
Informações: International Plant Nutrition Institute - IPNI Brasil
Contato: Kelly Furlan
Telefone/fax: (19) 3433-3254 ou (19) 3422-9812
Email: [email protected]
PROGRAMA
30/AGOSTO/2016 – TERÇA-FEIRA
31/AGOSTO/2016 – QUARTA-FEIRA
08:30-09:00 h Abertura
PERíODO III – Moderadora: Dra. Elaine Maria Silva Guedes
Lobato, UFRA Campus Paragominas, PA
PERíODO I – Moderador: Dr. Eros Francisco, IPNI Brasil,
Rondonópolis, MT
09:00-10:00 h Palestra 1: Dinâmica de nutrientes no sistema soloplanta visando as boas práticas para uso
eficiente de fertilizantes (BPUFs). Dr. Valter
Casarin, IPNI Brasil, Piracicaba, SP
10:00-10:30 h Coffee break
08:00-09:00 h Palestra 6: BPUFs em pastagens. Dr. Adilson de
Paula Almeida Aguiar, FAZU/Consupec, Uberaba,
MG
09:00-09:15 h Perguntas sobre a Palestra 6
09:15-09:30 h Momento BPUFs - Conceito 4C de nutrição de
plantas. Dr. Eros Francisco, IPNI Brasil, Rondonópolis, MT
10:30-11:30 h Palestra 2: Manejo da acidez do solo como
fundamento para BPUFs. Dr. Eduardo Fávero
Caires, UEPG, Ponta Grossa, PR
09:30-10:00 h Coffee break
11:30-12:00 h Perguntas sobre as Palestras 1 e 2
11:00-11:30 h Palestra 8: BPUFs na cultura do milho no sul do
Pará. Engº Agrº Basilio Wesz Carloto, Coopernorte,
Paragominas, PA
12:00-14:00 h Almoço
10:00-11:00 h Palestra 7: BPUFs na cultura do milho. Dr. Aildson
Pereira Duarte, IAC, Campinas, SP
PERíODO II – Moderador: Dr. Luís de Sousa Freitas, UFRA
Campus Paragominas
11:30-12:00 h Perguntas sobre as Palestras 7 e 8
14:00-15:00 h Palestra 3: Otimização na aplicação de fertilizantes e corretivos agrícolas. Dr. Pedro
Henrique de Cerqueira Luz, FZEA/USP, Pirassununga, SP
PERíODO IV – Moderador: Dr. Valter Casarin, IPNI Brasil,
Piracicaba, SP
15:00-16:00 h Palestra 4: Ferramentas da agricultura de precisão como suporte para as BPUFs. Dr. Leandro
Maria Gimenez, ESALQ/USP, Piracicaba, SP
15:00-15:30 h Palestra 10. BPUFs na cultura da soja no sul
do Pará. Dr. Dirceu Klepker, Embrapa Cocais,
Balsas, MA
12:00-14:00 h Almoço
14:00-15:00 h Palestra 9: BPUFs na cultura da soja. Dr. Adilson
de Oliveira Jnior, Embrapa Soja, Londrina, PR
16:00-16:30 h Coffee break
15:30-16:00 h Perguntas sobre as Palestras 9 e 10
16:30-17:30 h Palestra 5: Manejo das condições físicas do solo
como boa prática para uso de fertilizantes.
Dr. Anderson Cristian Bergamin, UNIR, Rolim
de Moura, RO
16:00-16:30 h Coffee break
17:30-18:00 h Perguntas sobre as Palestras 3, 4 e 5
17:30-17:45 h Perguntas sobre a Palestra 11
16:30-17:30 h Palestra 11: Sistemas de produção e eficiência
agronômica de fertilizantes. Dr. Carlos Alexandre
Costa Crusciol, UNESP, Botucatu, SP
17:45-18:00 h Momento BPUFs - Balanço de nutrientes na propriedade: como fazer e para que serve? Dr. Eros
Francisco, IPNI Brasil, Rondonópolis, MT
18:00-18:15 h Considerações finais e encerramento.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
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SIMPÓSIO IPNI BRASIL SOBRE BOAS PRÁTICAS PARA
USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES EM CAFEEIRO
Local: Espaço Cultural da Urca (Salão Nobre), Praça Getúlio
Vargas s/n, acesso pela Avenida João Pinheiro ou Avenida
Francisco, Poços de Caldas, MG
Data: 27 e 28 de Setembro de 2016
Inscrições: Somente através do website do IPNI Brasil:
http://brasil.ipni.net
Informações: International Plant Nutrition Institute - IPNI Brasil
Contato: Kelly Furlan
Telefone/fax: (19) 3433-3254 ou (19) 3422-9812
Email: [email protected]
PROGRAMA
27/SETEMBRO/2016 – TERÇA-FEIRA
28/SETEMBRO/2016 – QUARTA-FEIRA
08:30-09:00 h Abertura
PERíODO I – Moderador: Dr. Luís Ignácio Prochnow, IPNI
Brasil, Piracicaba, SP
PERíODO I – Moderador: Dr. Tiago Tezotto, UNIFEOB, São
João da Boa Vista, SP
09:00-09:30 h Palestra 1: Boas práticas para uso eficiente de
fertilizantes na cultura do café. Dr. Valter Casarin, IPNI Brasil, Piracicaba, SP
09:30-10:30 h Palestra 2: Construção da fertilidade do solo no
ambiente Cerrado. Carlos Alberto Silva, UFLA,
Lavras, MG
10:30-11:00 h Coffee break
11:00-11:45 h Palestra 3: Manejo nutricional no programa
de podas do cafeeiro. Engº Agrº Alysson Vilela
Fagundes, Fundação Procafé, Varginha, MG
11:45-12:15 h Perguntas sobre as Palestras 1, 2 e 3
12:15-14:00 h Almoço
PERíODO II – Moderador: Dr. Paulo Lazzarini, UNIFEOB,
São João da Boa Vista, SP
14:00-15:00 h Palestra 4: O atual sistema de manejo do solo
garante uma nutrição para altas produtividades de café? Dr. José Laércio Favarin, ESALQ/
USP, Piracicaba, SP
15:00-15:15 h Perguntas sobre a Palestra 4
15:15-16:15 h Palestra 5: Manejo da calagem e da gessagem em
café. Dr. André Guarçoni, INCAPER/ES, Vitória,
ES
16:15-16:30 h Perguntas sobre a Palestra 5
16:30-17:00 h Coffee break
17:00-18:00 h Palestra 6: Manejo da fertilidade do solo em
café de montanha. Engº Agrº João Carlos Peres
Romero, Consultor, Ouro Fino, MG
18:00-18:15 h Perguntas sobre a Palestra 6
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08:00-08:45 h Palestra 7: Agricultura de precisão como ferramenta para Boas Práticas de Uso de Fertilizantes no cafeeiro. Dr. José Paulo Molin, ESALQ/
USP, Piracicaba, SP
08:45-09:00 h Perguntas sobre as Palestra 7
09:00-09:45 h Palestra 8: Novas fontes de fertilizantes. Dr. Heitor
Cantarella, IAC, Campinas, SP
9:45-10:00 h Perguntas sobre a Palestra 8
10:00-10:30 h Coffee break
10:30-11:15 h Palestra 9: O uso de fertilizantes organo-minerais na cultura do cafeeiro. Engº Agrº Gilberto
Tozatti, Consultor, Araras, SP
11:15-11:30 h Perguntas sobre a Palestra 9
11:30-12:15 h Palestra 10: Uso de fertirrigação em café. Dr.
André Luís T. Fernandes, UNIUBE/FAZU, Uberaba, MG
12:15-12:30 h Perguntas sobre a Palestra 10
12:30-14:00 h Almoço
PERíODO II – Moderador: Dr. Valter Casarin, IPNI Brasil,
Piracicaba, SP
14:00-14:45 h Palestra 11: Atualidades sobre a nutrição com
macro e micronutrientes em café. Roberto
Santinato, MAPA/Procafé, Varginha, MG
14:45-15:00 h Perguntas sobre a Palestra 11
15:00-15:45 h Palestra 12: Nutrição com magnésio em café. Dr.
Kaio Gonçalves de Lima Dias, UFLA, Lavras, MG
15:45-16:00 h Perguntas sobre a Palestra 12
16:00-16:30 h Coffee break
16:30-17:15 h Palestra 13: A nutrição mineral como ferramenta para melhorar a qualidade da bebida. Dra.
Herminia Emilia Prieto Martinez, UFV, Viçosa, MG
17:15-17:30 h Perguntas sobre a Palestra 13
17:30-18:00 h Considerações finais e encerramento.
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS
1. XXVII JORNADA DE ATUALIzAÇÃO EM
AGRICULTURA DE PRECISÃO
Local: Departamento de Engenharia da ESALQ/USP, Piracicaba,
SP
Data: 11 a 15/JULHO/2016
Informações: FEALQ
Email: [email protected]
Website: http://www.fealq.org.br
2. II WORKSHOP INTERNACIONAL SOBRE CADEIA
SUCROENERGÉTICA
Local: Anfiteatro da Engenharia, ESALQ/USP, Piracicaba, SP
Data: 20 e 21/JULHO/2016
Informações: FEALQ
Email: [email protected]
Website: http://www.fealq.org.br
3. II SIMPÓSIO SOBRE DESAFIOS DA FERTILIDADE
DO SOLO NA REGIÃO DO CERRADO
Local: Centro de Eventos Pantanal, Cuiabá, MT
Data: 20 a 22/JULHO/2016
Informações: GAPE - ESALQ
Email: [email protected]
Website: http://www.simposiocerrado.com
4. AMAzON SOIL 2016 – II ENCONTRO REGIONAL DE
CIêNCIA DO SOLO NA AMAzÔNIA ORIENTAL
Local: Auditório Frei Leônidas Vavassori, Capanema, PA
Data: 10 a 13/AGOSTO/2016
Informações: Pauta Eventos
Email: [email protected]
Website: http://amazonsoil2016.com.br
5. I CONGRESSO BRASILEIRO ONLINE DE
AGRICULTURA
Local: Plataforma Online do Portal Ciência do Solo
Data: 7 a 13/AGOSTO/2016
Inscrição: gratuita
Informações: Luiz Tadeu Jordão - Portal Ciência do Solo
Email: [email protected]
Website: www.cboa.com.br
6. SIMPÓSIO - CAMINHOS PARA IMPLANTAÇÃO E
MANEJO DO SISTEMA INTEGRAÇÃO LAVOURAPECUÁRIA - ILP
Local: Sede do CREA-MS, Campo Grande, MS
Data: 12/AGOSTO/2016
Informações: FEALQ
Email: [email protected]
Website: http://www.fealq.org.br
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
7. VIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM
SOLOS
Local: Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo,
Cidade Universitária, São Paulo, SP
Data: 7 a 10/SETEMBRO/2016
Informações: Comisão Organizadora
Email: [email protected]
Website: http://viiisbes.fflch.usp.br/node/6
8. III ENCONTRO NACIONAL DA SOJA
Local: Parque de Exposições Ney Braga, Recinto Milton Alcover,
Londrina, PR
Data: 8 e 9/SETEMBRO/2016
Informações: FEALQ
Email: [email protected]
Website: http://www.fealq.org.br
9. INTERNATIONAL CITRUS CONGRESS - ICC 2016
Local: Mabu Thermas & Resort, Foz do Iguaçu, PR
Data: 18 a 23/SETEMBRO/2016
Informações: F&B Eventos
Email: [email protected]
Website: http://www.icc2016.com
10. 15º ENCONTRO NACIONAL DE PLANTIO DIRETO
NA PALHA
Local: Centro de Eventos da Universidade Federal de Goiás,
Goiânia, GO
Data: 20 a 22/SETEMBRO/2016
Informações: Win Eventos
Email: [email protected]
Website: http://www.15enpdp.com.br
11. XXXI CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E
SORGO
Local: Bento Gonçalves, RS
Data: 25 a 29/SETEMBRO/2016
Informações: Embrapa Milho e Sorgo
Email: [email protected]
Website: http://www.abms.org.br/cnms
12. FERTBIO 2016
Local: Centro de Convenções de Goiânia, Goiânia, GO
Data: 16 a 20/OUTUBRO/2016
Informações: F&B Eventos
Email: [email protected]
Website: http://www.eventosolos.org.br/
fertbio2016/home/
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ENCONTRO DE ADUBAÇÃO DE PASTAGENS
Local: Centro de Eventos do Ribeirão Shopping, Ribeirão Preto, SP
Data: 27 e 28 de Setembro de 2016
Organizadores: Scot Consultoria e Tec-fértil
Apoio e participação: IPNI
Informações: Scot Consultoria
Telefone: (17) 3343-5111
Email: [email protected]
Website: https://www.scotconsultoria.com.br/loja/
evento/78/encontro-dos-encontros-da-scotconsultoria
PROGRAMA PRELIMINAR
27/SETEMBRO/2016 – TERÇA-FEIRA
28/SETEMBRO/2016 – QUARTA-FEIRA
7:00 h
8:00 h
Entrega de materiais
Abertura
8:00 h
8:15 h
BLOCO 1 - Adubação de pastagens: onde
estamos e para onde vamos
A oferta de fertilizantes: o que tenho para comprar? José Francisco da Cunha, Tec-Fértil
O MAPA das pastagens no Brasil. Dr. Laerte
Guimarães Ferreira Junior, LAPIG, Universidade
Federal de Goiás, Goiânia, GO
Solo: a chave da produtividade das pastagens.
Dr. João Kluthcouski, Embrapa Arroz e Feijão,
Santo Antonio de Goiás, GO
Intervalo
Práticas corretivas na implantação, manutenção e recuperação de pastagens. Dr. Godofredo
César Vitti, ESALQ/USP, Piracicaba, SP
Debate
Almoço
10:00 h
10:30 h
10:55 h
12:00 h
14:00 h
BLOCO 2 - IPNI – Boas práticas para o uso
eficiente de fertilizantes em pastagens
Suplementação, a melhor aliada na redução
da pressão de pastejo. Dr. Ricardo Reis, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP
Manejo da adubação de pastagens para altas
produtividades. Dr. Moacyr Corsi, ESALQ/USP,
Piracicaba, SP
Inovações em adubação de pastagens: adubação foliar, fixação biológica de nitrogênio e
biorreguladores. Dr. Leandro Martins Barbero,
Universidade Federal de Uberlândia, MG
9:30 h
Intervalo
10:00 h
Caso de sucesso
Minha consultoria de intensificação de pastagens de maior sucesso até hoje. Dr. Adilson de
Paula Almeida Aguiar, FAZU/CONSUPEC, Uberaba, MG
10:30 h
Debate
12:00 h
Almoço
14:00 h
BLOCO 4 - Antena ligada, o mercado é soberano e a gestão é sua aliada
Manejo 4C na adubação de pastagens. Dr. Eros
Francisco, IPNI Brasil, Rondonópolis, MT
Mercado do boi gordo e a capacidade de compra
do criador. Alex Santos Lopes da Silva e Hyberville
Neto, Scot Consultoria, Bebedouro, SP
Construção do perfil do solo na reforma de
pastagens. M.Sc. Dirceu Luiz Broch, MS Integração, Maracajú, MS
A oferta de fertilizantes: qual o melhor momento
de compra? Rafael Ribeiro de Lima Filho, Scot
Consultoria, Bebedouro, SP
Adubação de pastagens irrigadas. Dr. Luís Cesar
Dias Drumond, Universidade Federal de Viçosa,
Rio Parnaíba, MG
15:30 h
16:00 h
17:00 h
30
Intervalo
Casos de sucesso – Recuperação de pastagens
via adubação
Até onde há viabilidade econômica? Eng. Agr.
Joel Hillesheim, Somaagro, Rondonópolis, MT
Caso de sucesso 1. Eng. Agr. Maxwell Costa Padin,
Rural Business, Rondonópolis, MT
Caso de sucesso 2. Eng. Agr. Daniel de Castro Martins, Lírio Agropecuária, Presidente Prudente, SP
Debate
BLOCO 3 - Terminação intensiva a pasto
Reposição, o mercado vai virar? Gustavo Aguiar,
Scot Consultoria, Bebedouro, SP
Gestão de patrimônio, quando a sucessão se faz
necessária. Daniel Pagotto, Tratto Consultoria,
Bauru, SP
15:55 h
Intervalo
16:25 h
Raio X da gestão: o que, como, quando, onde e
por que controlar? Guilherme Reis, Prodap,
Belo Horizonte, MG
16:45 h
Debate
18:00 h
Encerramento
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
PUBLICAÇÕES RECENTES
1. GUIA DE FERTILIDADE DO SOLO - Versão Web 4.0
atualizada e ampliada
Autores: Alfredo Scheid Lopes; Luiz Roberto G. Guilherme;
2016.
Conteúdo: Histórico; solo; calagem; nutrientes; diagnose; economicidade.
O Guia de Fertilidade do Solo, Versão Web 4.0
2016, é uma edição ampliada e atualizada da antiga
versão em DOS lançada pelos mesmos autores em
1992 e das versões Windows lançadas em 1998 e
2004. A estrutura teve como base o International
Soil Fertility Manual, publicado pelo Potash and
Phosphate Institute (PPI) em 1995 e traduzido pelo
primeiro autor. Foram acrescentados novos conceitos envolvendo a fertilidade do solo e princípios
de manejo, bem como exemplos e resultados de
pesquisa específicos para as condições brasileiras.
São mais de 700 páginas de informações básicas
pertinentes ao tema, incluindo: glossário com 314
palavras, 133 gráficos, 201 tabelas, 124 fotos coloridas,
43 fichas sobre temas relevantes, 28 painéis de cálculos para situações específicas, 2 fertigramas, 486
perguntas de revisão e 131 referências bibliográficas;
tudo isso interligado na mais avançada tecnologia
multimídia.
Preço: R$ 100,00 (profissionais), R$ 50,00 (estudantes)
Número de páginas: 700
Editor: Polaris-UFLA
Email: [email protected]
Website: http://alfredao.com.br/propaganda
2. MANUAL DE BIOSSEGURANÇA DA EMBRAPA MEIO
AMBIENTE: BOAS PRÁTICAS NA MANIPULAÇÃO
E CONDUÇÃO DE EXPERIMENTOS COM
ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS
(OGM), DO GRUPO 1 E SEUS DERIVADOS
Autores: Capalbo, D. M. F.; Jonsson, C. M.; Mendes, R.; Penteado,
A. L.; Prado, S. de S.; Moltocaro, R. C. R.; 2016.
Conteúdo: Responsabilidades; a CIBio da Embrapa Meio
Ambiente; áreas e Laboratórios com CQB; riscos
envolvidos nos trabalhos de pesquisa e sua classificação; regras gerais de segurança no laboratório;
regras básicas para o trabalho em laboratório que
possua Certificado de Qualidade em Biossegurança CQB - NB1; regras básicas para o trabalho em casa
de vegetação que possua CQB - NB; procedimentos
de emergência; gerenciamento de resíduos químicos
e biológicos; transporte de OGM; dúvidas mais
frequentes.
Preço: gratuito, disponível para download
Número de páginas: 59
Editor: Embrapa Meio Ambiente
Website: http://www.embrapa.br/meio-ambiente
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
3. BOLETIM DE RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA A
CONSERVAÇÃO DO SOLO NA CULTURA DA CANADE-AÇÚCAR
Autores: Vitti et al.; 2016.
Conteúdo: Legislação; solos e levantamento do meio físico;
clima; zoneamento agroambiental para a cana-deaçúcar; sistemas de produção no cultivo da canade-açúcar; planejamento da ocupação do solo; planejamento da conservação do solo; tratamento das
inovações.
Preço: gratuito, disponível para download
Número de páginas: 83
Editor: Instituto Agronômico – IAC
Website: http://www.iac.sp.gov.br
4. TÓPICOS EM SUSTENTABILIDADE AGRíCOLA
Autores: João Antonio Galbiatti et al.; 2015.
Conteúdo: A obra em questão reúne textos que discutem a
recuperação ambiental do solo e da água para
fins agrícolas e apresentam também o conceito de
desenvolvimento sustentável, abordando a questão
da vulnerabilidade, termo que indica o ponto onde
a sustentabilidade pode ser comprometida. Portanto,
para evidenciar indicadores quem revelem as relações entre os sistemas de produção e meio ambiente,
novas tecnologias devem ser criadas, avaliadas e
adaptadas para aumentar a oferta de ações e comportamentos que busquem a sustentabilidade.
Preço: R$ 60,00
Número de páginas: 349
Editor: FUNEP
Website: http://www.funep.org.br/listar_livros.
php?form_tipo=nome&form_buscar=T%F3picos%20
em%20sustentabilidade%20agr%EDcola
5. NUTRIÇÃO MINERAL DO FEIJOEIRO
Autores: Fageria, N. K.; Stone, L. F.; Santos, A. B. dos; Carvalho,
M. da C. S.; 2015.
Conteúdo: Este livro aborda temas relevantes sobre a cultura do
feijoeiro, como o manejo de nutrientes, a caracterização dos solos onde se cultiva essa leguminosa e a
fisiologia da produção. Apresenta, ainda, o estado da
arte na área de nutrição mineral e a discussão sobre
os resultados de pesquisa desenvolvida na região do
Cerrado, local de maior área cultivada com o feijoeiro.
Trata-se, portanto, de uma obra de interesse para
professores, pesquisadores, estudantes de agronomia,
extensionistas e produtores.
Preço: R$ 28,00
Número de páginas: 394
Editor: FUNEP
Website: http://www.funep.org.br/visualizar_livro.
php?idlivro=3387
31
Ponto de Vista
NOVO RELATÓRIO AFIRMA QUE OS ORGANISMOS
GENETICAMENTE MODIFICADOS SÃO SEGUROS
Terry L. Roberts1
Q
uando as pessoas me perguntam sobre a minha
profissão e respondo que estou envolvido com a
pesquisa e educação sobre os nutrientes das plantas, o próximo passo, muitas vezes, é indagarem sobre as culturas
geneticamente modificadas, ou seja, Organismos Geneticamente
Modificados (OGMs). Muitas pessoas estão preocupadas com o fato
dos alimentos transgênicos não serem seguros. Há um movimento
crescente no sentido de dizer que os OGMs podem causar problemas
de saúde e danos ambientais. Muitos países europeus já proibiram
o cultivo de plantas geneticamente modificadas.
As culturas geneticamente modificadas foram projetadas, ou
artificialmente manipuladas, para apresentar características desejáveis, as quais não existiriam de outra forma, como resistência a
insetos e herbicidas. Há 12 culturas transgênicas cultivadas em todo
o mundo, porém as mais comuns são milho, algodão, soja, canola e
beterraba. A mídia está repleta de desinformação sobre os OGMs,
a qual promove o medo, e os críticos querem que todos os alimentos que contenham ingredientes transgênicos sejam rotulados. As
pessoas têm preocupações legítimas, mas elas normalmente estão
mal informadas pelos críticos, com sua agenda particular.
Um relatório recém-lançado pela Academia Nacional de
Ciências dos EUA (U.S. National Academies of Sciences) deve dissipar esses temores. O relatório, intitulado "Culturas geneticamente
modificadas: experiências e perspectivas", afirma que as culturas
transgênicas são seguras para a alimentação dos seres humanos e
animais e não causam aumento nos índices de câncer, obesidade
e outras doenças, como alegam os oponentes. O relatório possui
mais de 400 páginas e constitui uma revisão sistemática completa
da ciência, realizada por um comitê diversificado de cientistas.
A equipe analisou dados epidemiológicos sobre a incidência de
câncer e outros problemas de saúde humana ao longo do tempo e
não encontrou provas de que os alimentos provenientes de culturas
transgênicas sejam menos seguros do que os alimentos provenientes
de culturas não transgênicas.
Não tenho dúvida de que os céticos e os críticos julgarão
o relatório e rejeitarão a ciência – eles costumam fazê-lo caso ela
não apoie a sua narrativa. Como cientista, confio nas conclusões
baseadas em dados. Não estou preocupado com os efeitos nocivos
das culturas geneticamente modificadas. Ao contrário, sou grato
pela tecnologia que proporciona melhor genética das culturas que
contribuem para a segurança alimentar global. Os agricultores precisam da melhor tecnologia disponível nas sementes utilizadas em
seus campos de produção. Eles também necessitam de fertilizantes
e de outras boas práticas agronômicas. O que eles não precisam é
de um público mal informado, ainda que bem intencionado, que
está tentando prejudicar sua capacidade de produzir alimentos ao
impedir a utilização da tecnologia GM.
1
Presidente do IPNI, Norcross, EUA.
INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE
Avenida Independência, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142
Fone/Fax: (19) 3433-3254 / 3422-9812 - CEP 13416-901 - Piracicaba (SP) - Brasil
LUíS IGNáCIO PROCHNOW - Diretor, Engo Agro, Doutor em Agronomia
E-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net
VALTER CASARIN - Diretor Adjunto, Engo Agro, Engo Florestal, Doutor em Ciência do Solo
E-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net
EROS FRANCISCO - Diretor Adjunto, Engo Agro, Doutor em Agronomia
E-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net
MEMBROS DO IPNI
• Agrium Inc.
• Arab Potash Company
• BHP Billiton
• CF Industries Holding, Inc.
• Compass Minerals Plant Nutrition
• International Raw Materials Ltd.
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• Kingenta Ecological Engineering Group Co., Ltd.
• LUXI Fertilizer Industry Group
• OCP S.A.
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• PhosAgro
• PotashCorp
• Shell Sulphur Solutions
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• Sinofert Holdings Ltd.
• SQM
• The Mosaic Company
• Uralchem, JSC
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• Arab Fertilizer Association (AFA)
• Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA)
• Fertiliser Association of India (FAI)
• Fertilizer Canada
• International Fertilizer Industry Association (IFA)
• International Potash Institute (IPI)
• The Fertilizer Institute (TFI)
• The Sulphur Institute (TSI)
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016
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