A Obra de Cristo – Parte 4 Romeu Bornelli Hebreus 5:1-10 - Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes (referentes) a Deus, a favor dos homens, para oferecer assim dons como sacrifícios pelos pecados, e é capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas. E, por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como de si mesmo. Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão. Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei; como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem, tendo sido nomeado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. O livro de Hebreus é extremamente singular. A palavra sumo sacerdote é mencionada em Hebreus dez vezes e, em sete delas, Cristo é citado como Sumo Sacerdote de forma direta, explícita. Como nós já examinamos três passagens, vamos apenas dar uma olhada nelas porque vamos olhar, hoje, a quarta passagem neste capítulo que acabamos de ler. ‘ A primeira aparece no cap.2:14-18. O v.17 - Por isso mesmo convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote... (Hb 2:17). A primeira vez que Cristo é mencionado como Sumo Sacerdote diz respeito à Sua encarnação. Esse nosso Sumo Sacerdote é aquele Verbo eterno que o cap.1 inicia falando sobre Ele, aquele Filho, aquele herdeiro, aquele que é o resplendor da glória - Hebreus 1:3 - aquele que é a expressão do Pai, a expressão exata do Seu ser. Esse é o nosso Sumo Sacerdote, esse se encarnou. O contexto vem desde o v.14 de Hebreus 2, mostrando que Cristo em tudo se fez semelhante aos irmãos, ou seja, Ele participou de carne e sangue. O nosso Sumo Sacerdote é um homem real, não é um homem de mentira, fantasmagórico. É um homem de carne e sangue. O v.18 diz: Pois naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados (Hb 2:18). A primeira menção mostra que o nosso Sumo Sacerdote é homem, verdadeiramente homem, em tudo semelhante aos irmãos então, o contexto é com relação à encarnação. A importância de nós vermos que o nosso Sumo Sacerdote, além de Deus, além de Filho de Deus, é Filho do homem, é um homem real. Além de ser a expressa imagem de Deus, além de ser o resplendor da glória - é o que fala o 1 começo do livro de Hebreus - além de ser a expressa imagem do caráter do Pai, Ele é homem, é Deus Homem, Ele em tudo se fez semelhante aos irmãos. Aquele que é maior que os anjos - cap.1:5 - Pois a qual dos anjos o Senhor disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei (Hb 1:5)? A nenhum dos anjos Deus chamou de filho, porque nenhum anjo é filho. Os anjos são criaturas e são servos. Hoje se tem dado um lugar absolutamente errado, na igreja, com relação ao ministério dos anjos. Absolutamente distorcido, porque o Filho é quem tem primazia, os anjos são apenas servos que ministram a favor de nós, que somos os eleitos de Deus, os herdeiros da salvação. O ministério dos anjos é um ministério de assistência aos filhos de Deus, eles não têm intermediação nenhuma entre nós e Deus. E hoje tem sido pregado no meio da igreja: os anjos como tendo uma posição de intermediário, de mensageiros de revelações de Deus. Isso é heresia! Eles não são mensageiros, apenas o Espírito Santo é revelador de Deus e o revelador de Cristo. Os anjos não têm ministério de revelação. O cap.1 diz que Cristo é maior do que os anjos porque Ele é Filho, o Filho. E no cap.2 quando menciona pela primeira vez o Senhor como Sumo Sacerdote, diz que além dEle ser Deus, além d'Ele ser Filho, além dEle ser o Filho maior do que os anjos, Ele é homem. Em todas as coisas se fez semelhante aos irmãos. Para quê? Para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote. Segunda menção, cap.3:1 - Por isso, santos irmãos (ou separados, colocados à parte, nós, que fomos escolhidos por Deus), que participais da vocação celestial (olha que interessante, no cap.2:14: Visto, pois, que os filhos têm participação...; e depois no meio do versículo: destes também Ele, igualmente, participou... Olha aí, pela segunda vez, a mesma palavra. Agora, cap.3:1: santos irmãos que participais... Participar é uma palavra importante de Hebreus, é uma das palavras importantes - aparece quase 10 vezes. Participou - que significa literalmente: ter parte. Cristo teve parte com a carne, Ele foi homem. Ele não teve aparência humana apenas, Ele foi homem. Participou, teve parte de carne e sangue. Então, quando você contrasta as duas menções é muito lindo! Assim como Cristo participou de carne e sangue, por causa disto que Ele fez como Sumo Sacerdote, nós participamos de uma vocação celestial. Se Ele não tivesse parte na carne e no sangue e em tudo não se tornasse semelhantes aos irmãos, nós não teríamos parte na vocação celestial. Nós estaríamos sujeitos à morte, a uma vida debaixo de condenação ao juízo e à ira de Deus. É porque Ele participou da carne e sangue que nós participamos da vocação celestial. E esta palavra aparece muitas vezes mais. Se você for olhar o livro de Hebreus vai ver muitas vezes esta palavra. O v.3 diz: participais da vocação celestial), considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus (Hb 3:1). Aqui aparece com letras maiúsculas a palavra Sumo Sacerdote porque este nome está ligando diretamente a Cristo. Ele é o Apóstolo e não um apóstolo, um guia, um líder, um iluminado, Ele é o Apóstolo único, Ele é o Sumo Sacerdote. Então, a segunda menção está aqui. Qual é o contexto dela? Que por causa desse nosso Sumo Sacerdote ter participado da carne e sangue, nós participamos de uma vocação celestial que irá se cumprir na nossa vida, à medida que nós consideramos atentamente o nosso Apóstolo e Sumo Sacerdote. Nós fomos 2 chamados para uma vocação celestial, eterna, gloriosa. Qual é nossa vocação? Sermos semelhantes a Cristo! Simplesmente isto e tudo isto! Sermos semelhantes a Cristo, transformados de glória em glória na Sua própria imagem. Como isto pode se cumprir na nossa vida? Não se cumprirá se estivermos distraídos, não se cumprirá se estivermos descentralizados, não se cumprirá se estivermos enfocando outras coisas senão a Cristo, pode ser até as bençãos de Cristo, mas apenas se nós estivermos considerando. Nós falamos que essa palavra foi tirada da astronomia. Considerar significa fixar a atenção em um foco. Considerar: como se observar num telescópio. A palavra no original tem essa idéia: considerar o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão. O cap.12:2 diz a mesma coisa: olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus... (Hb 12:2). Sem distração. Não olhando nem a Igreja, não olhando nem a obra de Deus, que são coisas gloriosas, muito gloriosas. Não olhando nem mesmo as dádivas de Deus, mas olhando o próprio Deus, em Cristo, Sua Pessoa e Sua obra! Nós temos dito aos irmãos que este é o fiel da balança do nosso crescimento espiritual. Nosso crescimento espiritual é determinado por isso. As aflições da sua vida, as tribulações, os sofrimentos, as angústias são capazes de lançar você no chão se você não tiver uma visão renovada da Pessoa e obra do Apóstolo e Sumo Sacerdote porque nenhuma experiência espiritual permanece em nós, ou mesmo nos edifica se ela não revela mais de Cristo. Por isso o cap.3:1 mostra de uma forma tão linda essa segunda menção do Senhor como Sumo Sacerdote dentro deste contexto: Ele é o Apóstolo e Sumo Sacerdote, o qual devemos enfocar, considerar atentamente. Irmãos, as profundidades da glória da Pessoa e obra de Cristo nunca serão vistas por nós de forma absoluta, nunca. Nós teremos toda uma eternidade na presença dEle para estarmos descobrindo, vendo, experimentando, entrando no gozo e na glória cada vez maior de tudo que Ele é e fez. A eternidade não será suficiente para nós esgotarmos os valores de Cristo porque Ele é maior do que a eternidade. Ele é antes de todas as coisas, Ele é a fonte da eternidade, Ele é Deus. A eternidade não será suficiente para descobrirmos as belezas da Pessoa e obra de Cristo. Será que a nossa vida aqui na terra como Igreja vai ser suficiente para isso? Será que nós podemos ter outra motivação no nosso reunir? Será que nós temos que ter outra motivação na nossa busca espiritual? Nós temos que buscar a paz, a alegria, isso e aquilo, o sucesso, o nosso bem estar? Será que esse é o motivo de nossa busca? Paulo dizia que não. Paulo dizia que a suprema ambição da vida dele era ganhar a Cristo, conhecer a Cristo e ser achado em Cristo porque as belezas da Pessoa e obra de Cristo são inesgotáveis. Toda eternidade vai ser insuficiente. Por isso o cap.3 diz: Considerai atentamente, sem distração, o Apóstolo e Sumo Sacerdote para que a nossa vocação celestial possa se cumprir. Qual é a nossa vocação celestial? E por que ela se cumpre quando nós enfocamos o nosso Senhor? Porque a nossa vocação celestial é sermos semelhantes a Ele. Então, quando nós enfocamos a Ele a nossa vocação celestial se cumpre. A Sua pessoa, o Seu caráter é formado em nós. Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, esta é a nossa vocação celestial. Transformados de glória em glória na Sua própria imagem como pelo Senhor e o Espírito. São tantos textos no Novo Testamento que mostram com clareza 3 qual é a nossa vocação celestial. Não é ir para o céu, não é receber uma coroa um dia, nossa vocação é sermos semelhantes a Cristo. E ela já começou no dia em que Deus, pelo Seu Espírito e pela Sua palavra, nos regenerou. A nossa vocação, então, no tempo e na história, começou e Cristo vai sendo formado em nós. O apóstolo Paulo quando viu os gálatas se desviando dessa vocação escreve aquela carta pesada. Talvez a epístola mais séria do Novo Testamento. Paulo diz assim: ainda que desça um anjo do céu e vos pregue um outro evangelho que não é aquele que eu tenho pregado, vocês devem reprovar. Porque Paulo viu que eles estavam se desviando para muitas coisas: misticismo, culto de anjos, judaismo, ascetismo, legalismo e mais um monte de ismo. Então, Paulo escreveu aquela carta pesada dos Gálatas. Ele diz assim: Meus filhos, por quem de novo sofro dores de parto até ser Cristo formado em vós (Gl 4:19). Os irmãos vejam como o ministério de Paulo era cristocêntrico. O que ele queria era Cristo formado na vida dos irmãos. Ele não estava propriamente preocupado se o irmão estava sofrendo ou não estava sofrendo, se estava passando por isso ou por aquilo, mas se ele estava vendo Cristo, amando a Cristo, seguindo a Cristo, almejando Cristo. Esse é também o fiel da balança para nós, tanto nas nossas vidas individuais quanto na nossa vida corporativa. Considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão. E o que o livro de Hebreus faz é exatamente abrir isso para nós. Este versículo de alguma maneira resume o tema de Hebreus. Hebreus mostra para nós quem é o nosso Apóstolo, no sentido de líder, pioneiro, capitão da nossa salvação, e mostra quem é o Sumo Sacerdote. Todo o livro de Hebreus faz isso: as duas facetas. Ele revela glórias dessas duas facetas da obra de Cristo, como Apóstolo e Sumo Sacerdote. Facetas as quais teremos toda a eternidade para ir entrando no gozo e na experiência, no conhecimento prático do que ela significa. Irmãos, somente isto pode nos dar uma vida cristã de qualidade, segura, firme, alegre, cheia de gozo no meio do sofrimento, aflições, tribulações, seja o que for. Porque esse é o fiel da balança do nosso crescimento espiritual. Depois, no cap.4:14, terceira vez no livro: Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão (e qual é o contexto aqui?). Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se de nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado (Hb 4:14-15). Portanto, a conclusão, v.16: aproximemo-nos. Outra palavra importante em Hebreus. Acheguemo-nos ou aproximemo-nos são traduzidas dessas duas maneiras para o português. Aparece lá no cap.10 de novo, mostrando que a nossa resposta a toda essa glória da obra que o Senhor Deus realizou em Cristo é chegar perto, aproximar, com ousadia, com confiança, com intrepidez. Lá no cap.10 fala isto: Aproximemo-nos com sincero coração em plena certeza de fé... Então, esta é uma outra palavra interessante do livro de Hebreus: achegar ou aproximar. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça... (Hb 4:16). Não é confiando nas obras que eu tenho praticado, não é confiando em que eu tenha melhorado na minha vida cristã, não é confiando em que o meu testemunho está melhorando, então estou tendo mais ousadia diante de Deus, mas é confiando no grande Sumo Sacerdote que penetrou os 4 céus. O grande Sumo Sacerdote, este é o fundamento da nossa confiança, então, acheguemo-nos confiadamente junto ao trono da graça. Este contexto também é tão lindo. Mostra o nosso Sumo Sacerdote no trono da graça. Naquele assento de misericórdia, o propiciatório, a tampa da arca, onde o sangue era derramado pelo Sumo Sacerdote, uma vez por ano, no dia da expiação. Está dizendo que o Senhor, como nosso Sumo Sacerdote, está neste trono da graça, trono da misericórdia, até que Ele venha. Porque quando Ele retornar, esse trono não será revelado mais como sendo o trono de graça embora Ele nunca deixará de ser - mas Ele será especialmente revelado como sendo o trono da justiça, quando o Senhor irá julgar aqueles que responderam e aqueles que não responderam ao Evangelho e irá até mesmo julgar a Sua família, para recompensas e galardões. Mas nós temos o Senhor hoje, até que Ele venha, nesta posição: assentado como Sumo Sacerdote no trono da graça, então, não precisamos ter medo, em sentido nenhum. Nós somos encorajados até mesmo à confissão dos nossos pecados porque Ele está assentado no trono da graça e conhece as nossas fraquezas. Nós somos até mesmo encorajados a compartilhar com Ele das nossas fragilidades – v.15 diz – Porque não temos Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, antes foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado (Hb 4:15). A quarta menção, nós acabamos de ler o contexto, no cap.5:1 - Porque todo sumo sacerdote (olha quantas vezes esta palavra é mencionada aqui) sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens...(Hb 5:1). Leia comigo um versículo e depois nós vamos voltar e eu quero explicar alguma coisa aos irmãos. Olhe o cap.5:5 – Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote... (Hb 5:5). Mais uma vez. Cristo não se glorificou para se tornar Sumo Sacerdote. Vamos dar uma olhada neste contexto e nós vamos hoje, talvez ficar só com esta menção porque eu queria examinar um texto de Êxodo com os irmãos que vai clarear uma visão do sumo sacerdote diante de Deus. Primeiro queria olhar esse cap.5, em alguns detalhes: v.1 - todo sumo sacerdote. Claro que ele está fazendo uma analogia entre os homens e Cristo - os filhos de Arão, que eram separados para serem sumo sacerdotes, e Cristo. Ele diz que todo sumo sacerdote, primeiro: é tomado dentre os homens. Então, o nosso Senhor para ser um Sumo Sacerdote eficiente teria que estar relacionado conosco. Os irmãos veem a importância da encarnação? Do nascimento virginal de Cristo? Dele ser um descendente de Davi, dEle ser um descendente de Abraão, dEle ser chamado em Coríntios pelo apóstolo Paulo de o último Adão? Ele não foi um ET, que participou da história humana de uma forma meio reclusa e afastada. Ele foi homem, filho de Abraão, descendente de Davi. Homem, verdadeiramente homem. Porque todo sumo sacerdote é tomado dentre os homens, então, nós precisávamos de um homem intercedendo por nós. Um homem que participasse da nossa história, um homem que, diante de Deus, pudesse ser oferta pelo pecado por outros homens, porque pecadores não podem perdoar pecadores. Nós precisávamos de um homem perfeito, absolutamente perfeito para que o sacrifício desse homem pudesse satisfazer os requisitos de Deus a respeito do homem. ...todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os 5 homens, é constituído nas coisas concernentes (referentes) a Deus, a favor dos homens... Queria que você notasse estas duas coisas: primeiro que ele tem que ser um homem, é claro. Segundo que ele é alguém que no seu ofício ministra a Deus a favor dos homens. A palavra sacerdote no latim é a palavra pontífice. A gente sabe que o líder do catolicismo romano recebe o título de sumo pontífice, o Papa. Pontífice é uma palavra latina que significa edificador de pontes, que tem o sentido de mediador, uma ponte, um intermediário. Então, o Papa seria o supremo pontífice. Mas nós sabemos que só há um Supremo Pontífice: é Cristo, somente Cristo. Cristo é o Sumo Pontífice, Ele é o Sumo Sacerdote, é o Supremo Edificador de pontes porque foi Ele que fez a mediação entre Deus e os homens. Ele é tomado dentre os homens nas coisas referentes a Deus, a favor dos homens. Ele é essa Ponte, esse Pontífice. Essa é a segunda coisa que é dito sobre o sumo sacerdote. Quando nós lermos o livro de Êxodo os irmãos vão ver a beleza dessa verdade lá na figura. Deus estabeleceu a figura no Velho Testamento para nos dar detalhes da beleza desse Pontífice que é Cristo. Detalhes da maravilha da Sua obra como Pontífice. Então, estabeleceu aquelas figuras, aquelas sombras naqueles pontífices, com letra minúscula, que seriam os sacerdotes do Velho Testamento - eles eram sombra e figura. O Senhor mandou que certo tipo de roupa fosse confeccionada para eles de forma muito especial porque o Senhor ia falar através daqueles homens e daquelas vestes. E depois nós vamos ver o que Ele queria falar. O sumo sacerdote é esse pontífice. Ele é tomado dentre os homens nas coisas referentes a Deus a favor dos homens. Ele é o único mediador! Paulo, em 1Timóteo 2:5, diz: Porquanto há um só Deus e um só Mediador (Pontífice) entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem. Não disse Cristo Jesus um homem e nem disse Cristo Jesus o homem, mas diz Cristo Jesus, homem. A ausência do artigo o, em Timóteo, denota o caráter geral. Mostra que Ele assumiu a humanidade, Ele é homem. Cristo Jesus homem. Ou seja, Ele assumiu a humanidade, tornou-se participante da humanidade. Não é um homem, é Cristo Jesus, homem. É o que o autor de Hebreus está dizendo aqui em outras palavras. Ele é o Mediador entre Deus e os homens. É constituído nas coisas concernentes a Deus a favor dos homens. Outros detalhes logo em frente: ...para oferecer assim dons como sacrifícios pelos pecados (Hb 5:1) - outra característica importante que nós precisamos ver. Um sacerdote não teria valor nenhum se ele não oficiasse diante dele. Ele foi chamado para fazer alguma coisa, ele tem um ministério. O rei vai reinar, o profeta vai profetizar e o sacerdote vai oferecer dons e sacrifícios. Se um sacerdote não oferecer dons e sacrifícios ele não serve para nada. Porque o ministério dele é oferecer dons e sacrifícios. Agora, irmãos, olhem como a realidade mostra a beleza disso tudo: o sacerdote era uma pessoa, no Velho Testamento, e ele oferecia um sacrifício que não era ele, com sangue ou sem sangue. Quando era relacionado com pecado era com sangue os cordeiros e os novilhos que eram mortos e o sacrifício oferecido. Quando era oferta sem sangue, era aquele bolo chamado de oferta de manjares, bolo de manjares. Por isso se usam as palavras dons e sacrifícios. Dons se refere a sacrifícios incruentos - ofertas sem sangue - dons, dádivas, sacrifícios sem sangue. E sacrifícios pelos pecados são sacrifícios com sangue. Por isso as palavras são separadas - dons e sacrifícios. Então, o ministério sacerdotal é 6 fazer exatamente isto: oferecer dons e sacrifícios, oficiar a Deus. Agora, o sacerdote do Velho Testamento oferecia os dons que não eram ele. Os dons eram preparados por ele ou eram oferecidos por ele. O Senhor Jesus quando veio cumprir essa realidade, uma das coisas magníficas que o livro de Hebreus mostra é que o Senhor Jesus foi tanto o Sacerdote quanto a oferta. O que Ele ia oferecer que pudesse satisfazer a Deus? O quê? Ele ia oferecer oferta de manjares? Ele ia oferecer um cabrito, um touro, um bode? Ele a Si mesmo se ofereceu. Ele é o Sacerdote e a vítima ao mesmo tempo. É o Sacerdote e a oferta ao mesmo tempo. Como sendo Sacerdote Ele proveu essa mediação. Ele está executando um serviço sacerdotal nas coisas referentes a Deus a favor de nós. E quando Ele se oferece a Si mesmo, Ele satisfaz todas as exigências da santidade violada de Deus. Porque isso era necessário. Por mais que Deus quisesse efetuar uma comunhão com o homem isso era impossível. Havia uma barreira espiritual entre Deus e o homem. Às vezes nós achamos essas coisas muito esquisitas. Eu não sei qual foi a impressão de alguns de vocês quando leram o livro de Levítico e de Êxodo pela primeira vez. Talvez a impressão de muitos de vocês tenha sido bem estranha: para que tanto sangue, para que tanta matança, o que Deus tem contra os animais? Acho que os movimentos ecológicos devem ficar apavorados com o livro de Levíticos, o Green Peace não deve gostar nem um pouco do livro de Levíticos. Porque é animal morto para todo quanto é lado. Irmãos, mas os animais são nada, eles são somente uma matéria animada. Eles não têm espírito, eles não são eternos. Deus usou aqueles animais para prefigurar esse eterno e glorioso sacrifício da Pessoa do Seu Filho. Ele falou através daqueles sacrifícios. E quando nós olhamos aquela quantidade de sangue ficamos muito impressionados e talvez isso nos leve até a ver de uma forma errada o caráter de Deus. Para que sangue, para que tanto sangue? E quando nós vemos, no Novo Testamento, João Batista anunciando o Senhor Jesus como sendo o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Aí nós começamos a vislumbrar melhor, começamos a ver que a seriedade dessa entidade espiritual chamada pecado. Ela é tão séria, tão tremenda, tão obscura e de consequências tão profundas que esse assunto não podia ser resolvido de outra maneira senão por Deus mesmo na Pessoa do Seu Filho. Deus mesmo, na Pessoa do Seu Filho, teria que passar pela encarnação, por um viver humano de sofrimento, de rejeição, de afronta, de injúria, de perseguição, de dores - homem de dores como diz lá em Isaías e que sabe o que é padecer - humilhado. Então, lá na cruz isso tudo ia culminar: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Porque essa entidade espiritual chamada pecado fez uma separação intransponível entre Deus e nós, instransponível como um manto espiritual. A não ser que o pecado fosse tratado pelo próprio Deus ele nunca seria tratado. O homem não teria condições de tratar o pecado, desde o Éden isso ficou claro. Quando Adão cai, Deus o procura dizendo: Adão onde estás? Quando Ele veste Adão com aquelas peles, daqueles sacrifícios, para colocar no lugar das folhas que ele fez para tentar resolver o problema do pecado, problema da nudez, do medo – “tive medo e me escondi, fiz essa roupinha aqui” - mas a roupinha dele não ia resolver nada. Deus teve que vestir Adão com vestes de pele. Aquele foi o primeiro sacrifício executado na Bíblia, em Gênesis 3, mostrando que Deus ia intervir, pela Sua graça, para tratar com esse problema 7 instransponível do pecado. Irmãos, só à medida em que conhecemos o que é o pecado (.....??.....) suando gotas de sangue. Por que na cruz Ele passou por aquela história? Por que ao meio dia quando Ele estava morrendo houve trevas sobre a face da terra até a hora nona? Três horas de trevas, como que um eclipse. Quando então, Ele clamou: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? O Senhor estava tratando com uma realidade espiritual chamada pecado. Paulo diz: Àquele que não conheceu o pecado (o nosso Senhor Jesus - puro e santo), ele (Deus) o fez pecado por nós, para que nele (nós, pecadores), fôssemos feitos justiça de Deus (2Co 5:20). A questão envolvida era a glória, a santidade, a justiça de Deus e isso não é um problema pequeno, é um grande problema. O pecado ofuscou a nossa visão do Deus santo e glorioso de uma tal forma que isso não podia ser resolvido senão por Deus mesmo. Mas isso tinha que ser resolvido a favor dos homens, porque o homem era o devedor. Então, o nosso mediador tem que ser homem porque ele tem que tratar do nosso lado também. A questão não é apenas do lado de Deus, é também do nosso lado, nós pecamos e nós precisávamos de um homem para interceder por nós. E um homem que tivesse condições de interceder. E para esse homem ter condições de interceder, diante de Deus, Ele tinha que ser um homem segundo Deus, perfeito, sem pecado. Porque se fosse alguém pecador ele não podia interceder nem por ele, que dirá pelos outros. Então, quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, nós tivemos, na Pessoa dEle, esse mediador. É por isso que a pregação do Evangelho se centraliza em Cristo e é por isso que a nossa vida cristã se centraliza em Cristo. Por causa da glória da Pessoa e da obra de Cristo, do que Ele fez! Quanto mais lemos, quanto mais luz temos, mais deslumbrados ficamos com a glória dessa Pessoa e com a glória dessa obra. Então, o livro de Levítico e outros mostram a necessidade do sacrifício exatamente por isso. Porque o pecado era uma questão séria diante de Deus. Não era uma questão leviana, Deus não podia mesmo com todo Seu poder, de fazer todas as coisas segundo a Sua vontade, mas não contrariamente ao Seu caráter. Nós entendemos tão errado as coisas, quando vemos que Deus é todo poderoso, que faz todas as coisas como Ele quer. Não é assim que a Bíblia ensina? Conforme o conselho da Sua vontade. Nós achamos que isso inclui até mesmo Ele negar o Seu próprio caráter. Mas a Bíblia diz que Ele não pode fazer algumas coisas. O que Ele não pode? Ele não pode negar-se a Si mesmo. Ele não pode negar o que Ele é, porque Ele é. Ele não pode negar Sua santidade, Sua justiça, Sua glória. Ele não pode dizer: Eu perdoo vocês porque o Meu coração é cheio de misericórdia e Eu quero todos vocês para Mim. Estão todos perdoados! Deus não pode fazer isso. Porque o pecado é uma realidade que se interpôs entre nós e Deus e Ele não pode perdoar, Ele tem que julgar. Ele só pode perdoar se tiver executado Seu juízo. Agora, na nossa vida isso gera um problema. Porque se Deus só pode perdoar mediante o juízo, porque a justiça exige isso, nós estamos com um problema sério porque como Ele ia nos perdoar? Primeiro Ele tem que julgar e se Ele fosse julgar Ele teria que fazer o que conosco? Nos condenar. E se Ele vai nos condenar, Ele não pode nos perdoar. Então, nós estamos com um problema. É como um pai disciplinando um filho. Para que um pai leve o filho à experiência do perdão ele precisa ministrar ao filho o juízo para que o filho conheça a beleza e a glória do 8 perdão, senão o perdão soa levianamente. O perdão tem que ser baseado no juízo. Isto é verdade até nos nossos relacionamentos naturais, quanto mais na nossa relação com o Deus Santo! Se você disciplina corretamente seu filho, se você relaciona-se corretamente com seu filho, no erro dele, você tem que ministrar juízo sobre o erro e perdão. Se você ministrar um perdão fora da base do juízo, isso não é perdão de jeito nenhum. Isto é leviandade. Não houve juízo, não houve disciplina, não houve nada. Isto é leviandade, isto é contrário ao caráter santo, justo. E se isso é verdade com relação a nós e os nossos filhos, se nós fazemos assim com nossos filhos, ministramos juízo e perdão, depois do juízo, imagine na nossa relação com Deus, que é santo e perfeito. Então, o que aconteceu em Cristo? Deus ministrou juízo sobre um Homem perfeito. Juízo sobre um pecado que não era dEle. Outra questão que nós precisamos ver tão bem. O pecado não é geográfico. O pecado é espiritual. Algumas pessoas têm dificuldade de entender como os nossos pecados estavam em Cristo! Mas, meu irmão, pecado não é geográfico, pecado é espiritual. Então, não há nenhuma dificuldade para Deus colocar pecado em Cristo porque o pecado é uma realidade espiritual. E quando Deus julgou Cristo na cruz Ele julgou o pecado em Cristo porque o pecado foi colocado ali. A ira de Deus, que é tão gloriosa quanto Seu amor: são dois atributos de Deus, que existem 100% nEle. Ele não é 90% amor e 10% ira. Ele é 100% amor e 100% ira. Então, quando Deus despejou 100% da Sua ira sobre o Filho foi porque Ele colocou sobre o filho, não dentro do Filho - o Senhor Jesus não encarnou o pecado, em hipótese nenhuma. O pecado foi colocado sobre Ele então, a ira de Deus se despejou sobre o Filho. Nós podemos dizer que era um cordeiro com pele de serpente. Ele não era uma serpente na cruz, Ele nunca foi uma serpente, Ele sempre foi o Cordeiro, Santo, Justo e Puro. Ele não encarnou o pecado dentro dEle. Ele tomou os seus pecados sobre Ele. Pedro diz assim: levando Ele mesmo sobre o Seu corpo os nossos pecados. Ele foi julgado como uma serpente mesmo sendo o Cordeiro e, por isso Ele pode nos substituir. Porque Deus estava despejando Sua ira sobre uma realidade espiritual que chama pecado, que é esse manto obscuro que fazia separação entre nós e Deus. Deus estava despejando a Sua ira sobre o pecado, julgando o pecado 100%, só que na Pessoa de um ser santo, de um homem santo. E esse homem experimentou o resultado do pecado até a última gota. Ele foi separado de Deus porque pecado é isso. Foi por isso que Ele clamou: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste (Mt 27:46)? Se aquela fosse uma estorinha de brincadeira, o nosso Senhor não teria clamado assim. Aquelas trevas sobre a face da terra que se manifestaram eram apenas uma exteriorização do que o Verbo de Deus, que é o criador, estava experimentando ali. Separação, por mais incrível que isso possa parecer! Deus meu, Deus meu por que me desamparaste? Ele estava assumindo e bebendo, como Ele disse, o cálice da ira de Deus sobre o pecado. Ele pôde nos substituir porque esse pecado não era dEle, porque Ele mesmo era Santo. E Ele tomou o pecado até o fim, e quando Ele entrou na morte pôde destruir a morte porque Ele é santo, porque Ele é Deus, perfeito e puro. Ele destruiu a morte e ressuscitou para a imortalidade e o nosso pecado foi julgado em Cristo. 9 É por isso que quando nós cremos em Cristo é outra realidade espiritual. Assim como o pecado é uma realidade espiritual, a fé é uma realidade espiritual. Assim como Deus julgou o pecado em Cristo, Deus concede fé aos eleitos, àqueles que Ele escolheu. Quando nós cremos, fé é uma realidade espiritual. O que a fé faz conosco? A fé não tem poder em si, a fé nos une a Cristo. A fé é uma benção espiritual, é uma dádiva espiritual de promover união entre o nosso espírito e o espírito de Cristo. Fé é união. É isto que significa a palavra fé no grego. Crer significa unir-se. Somente aqueles que se unem a Cristo experimentam aquilo que Ele fez na cruz, porque foi Ele que fez. Se nós nos unirmos a uma ideologia, a gente pode até estar reunido no meio dos santos, mas não somos santos. Se nós ouvimos uma pregação que não centraliza Cristo, ela não é evangélica, em hipótese nenhuma. Nós nos convertemos a uma idéia, a um plano, a uma promessa - e promessa hoje não falta nos púlpitos cristãos - a uma ideologia, a uma filosofia e não a Cristo. Isso é uma conversão psicológica não é uma conversão espiritual. Fé é união com Cristo, é depositar a confiança do nosso coração em Cristo, não é no pregador, na Igreja, na promessa, na benção, em nada, mas em Cristo e somente em Cristo. E quanto mais nós temos visto a necessidade de ver mais da Pessoa e obra de Cristo porque quanta coisa tem sido pregada no lugar de Cristo. Conversão à promessa, aquele que é o objeto da nossa adoração, do nosso culto, da nossa observação, do nosso louvor por toda a eternidade. Essa é uma outra característica do sumo sacerdote. Ele oferece dons e sacrifícios pelos pecados (Hb 5:1b). Hebreus 5:2 - e (ele é) capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas. Lá no caso do Velho Testamento porque o sacerdote era um homem. Ele era capaz de condoer-se porque era um pecador. Agora, a Bíblia diz que Cristo não era um pecador, mas Cristo se fez carne e foi tentado em todas as coisas, e naquilo que Ele mesmo sofreu tendo sido tentado é poderoso para socorrer os que são tentados. Cristo tanto sofreu quanto é capaz de socorrer de uma forma muito mais intensa do que aqueles sacerdotes. Queria que você também notasse isto com relação a esse v.2. Se aquele sacerdote era capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, porque ele também estava rodeado de fraqueza, muito mais Cristo. Sabe por quê? Porque Cristo é Santo e eles eram pecadores. Então, ninguém conhece o furor do pecado senão alguém santo. Nós achamos o contrário. Nós achamos que alguém tem que mergulhar de cabeça no pecado para conhecer o quanto o pecado é terrível, o quanto o pecado é esse senhor terrível - que governa, que degenera as nossas vidas como homens. Mas a Bíblia diz exatamente o contrário, que quanto mais santo, mais nós conhecemos a crueldade do pecado, a malignidade do pecado. Por isso que o Senhor Jesus sofreu na Sua vida humana como ninguém jamais poderá sofrer porque Ele conhece todos os aspectos do pecado. Coisas que nós achamos que são muito boas, muito religiosas, aceitáveis diante de Deus, se nós tivéssemos o caráter de Cristo nós veríamos que são pecaminosas, impuras, com motivações totalmente erradas, distorcidas. Jesus conheceu isto até às últimas consequências, nós não conhecemos. Nós somos iludidos, de certa forma, a respeito de nós mesmos, de muitas maneiras, mas Ele não. Ele mergulhou na história humana sendo Santo no meio do pecado. Ele conheceu 10 toda a agonia, a abrangência, a profundidade e a sutileza do pecado. Ele pode então, desvestir o pecado dessas roupas que normalmente nós vestimos para dar um aspecto aceitável a ele. O Senhor Jesus pode se compadecer e se condoer como nenhum daqueles sacerdotes. Por isso, quando Ele viu o jovem rico, por exemplo, ele achava que não tinha pecado nenhum. “Senhor, eu tenho praticado os mandamentos desde a minha mocidade agora quero herdar a vida eterna e quero que o Senhor me fale, porque acho que é um mestre de Deus, então me fale o que devo fazer para herdar a vida.” O Senhor fala dos mandamentos. “Mas já tenho guardado os mandamentos desde a minha infância.” E ele não podia discernir o pecado da avareza no coração dele, mas o Senhor podia. Ele era um pecador e não podia discernir o seu próprio pecado agora, o Senhor pode se compadecer dos ignorantes e dos que erram porque Ele é Santo e conhece o pecado desde um extremo até o outro. Hebreus 5:3 – E, por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, assim do povo, como de si mesmo. O v.4 diz assim: Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo senão quando chamado por Deus como aconteceu com Arão. Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar Sumo Sacerdote, mas aquele que diz: Tu és meu filho (salmo 2 - profético, messiânico), eu hoje te gerei... (Hb 5:4-5). Se refere, então, à natureza eterna do Filho. Ele é o Filho eterno, gerado eternamente, não é menor que Deus, mas é Deus com Deus. Tu és meu Filho: esse que é o Filho (v.5) é dito dEle no v.6)...Tu és Sacerdote (estes dois versículos, de novo, resumem todo o livro de Hebreus. O tema do livro de Hebreus está aí nestes dois versículos. O livro de Hebreus fala: Tu és meu Filho. O livro de Hebreus revela a glória do Filho, fala: Tu és Sacerdote. O tema do livro de Hebreus poderia ser esse: o Filho Sacerdote. Tu és meu Filho, tu és o Sumo Sacerdote. Aquele do qual os do Velho Testamento eram só uma figura, só uma sombra. Tu és meu Filho, tu és Sacerdote) para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5:6). Não o filho de Arão, porque Jesus nem levita era, Ele era da linhagem de Judá. Ele foi profetizado como Sacerdote de uma ordem superior, desse Melquisedeque que é um tipo de Cristo, no Velho Testamento. Alguém que abençoa Abraão. Levi não tinha nem nascido ainda, muito menos Arão. Melquisedeque é superior a Abraão, então, ele abençoou a Abraão e ofereceu a ele vinho e pão. Ele era um sacerdote, diz a Palavra, do Deus altíssimo. Uma figura linda e até enigmática de Cristo, no livro de Gênesis onde diz que Melquisedeque não teve nem pai nem mãe – todo mundo tem pai e mãe - não teve princípio de dias e nem fim de existência. Foi feito semelhante ao Filho de Deus. Uma figura muito interessante, esse Melquisedeque, no Velho Testamento. Ele é mostrado como um tipo de Cristo. O v.7 diz: Ele, Jesus (o Filho Sacerdote), nos dias da sua carne, tendo oferecido com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade (a gente vai deixar para comentar esse versículo em outra ocasião. O que significa Ele ter pedido, orado a quem o podia livrar da morte? Será que Ele estava com medo? Será que na verdade o que Ele queria era fugir da morte?), embora sendo Filho aprendeu a obediência pelas coisas que 11 sofreu (porque além de Filho Ele era homem. Como homem Ele teve que aprender, teve que crescer em obediência a Deus porque Ele não nasceu adulto. Ele nasceu criança numa manjedoura mesmo. Ele precisou de cuidado de pai e mãe e teve que aprender a obediência ouvindo a Deus e em comunhão com Deus. O livro de Lucas diz que Ele crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens. Então, esse Senhor, Homem, foi aperfeiçoado pelas coisas que sofreu, quanto mais Ele sofria, mais se tornava maduro. Presta atenção nesta palavra: aperfeiçoado. Obviamente não significa que Cristo era imperfeito e se tornou perfeito, é claro que não. Ele é o Filho perfeito. A palavra aí é teleios no grego e significa maduro, completo. Significa que Jesus era imaturo como homem e se tornou maduro como homem. Ele cresceu em maturidade. Ele aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu. Quanto mais sofria mais maduro se tornava. Assim é na nossa vida. É por isso que o mínimo que esse tipo de falso evangelho que é pregado faz é nos condenar a uma creche espiritual pelo resto da nossa vida. Esse evangelho da felicidade e da prosperidade que não serve para nada, senão para nos manter crianças. Porque nós somos amadurecidos na medida em que sofremos, sofrimento nos conduz à maturidade, assim como conduziu a Cristo. O sofrimento das tentações, das aflições, das fragilidades, das lutas interiores, sofrimento pelos nossos próprios pecados, pela nossa carne, pelo mundo. Quanto mais sofremos mais amadurecemos, mais conhecemos a Cristo e a nós mesmos. Aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu) e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna (Ele não era imperfeito e se tornou perfeito. Ele foi amadurecido como fonte da nossa salvação. Esse é o sentido dessa palavra autor aqui. Ele foi aperfeiçoado para poder ser fonte da nossa salvação. Ele tinha que ser um homem maduro para que pudesse ser a fonte da nossa salvação. Maduro nos sofrimentos, maduro no conhecimento de Deus, maduro no conhecimento do pecado. Nós não temos alguém que interceda por nós de uma forma limitada. Nós temos alguém que foi aperfeiçoado em tudo que sofreu. Fonte da salvação eterna) para todos os que lhe obedecem (uma outra característica do nosso Sumo Sacerdote, que nos dá confiança), tendo sido nomeado por Deus Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5:7-10). Êxodo 28:4 - As vestes, pois, que farão são estas (como o sacerdote e o sumo sacerdote no Velho Testamento se vestiam. Alguns desses aparatos aqui, eram só para os sumo sacerdotes, outros eram tanto para os sacerdotes quanto para os sumo sacerdotes): um peitoral, uma estola sacerdotal, uma sobrepeliz, uma túnica bordada, mitra e cinto... Mitra seria aquele chapéu, que eles usavam, que tinha uma lâmina de ouro na frente e escrito: Santidade ao Senhor, mostrando que aquele homem era um homem completamente separado para oficiar diante do Senhor naquele ministério e é óbvio que esse sacerdote era uma figura de Cristo. Eu queria mostrar alguns aspectos de Cristo, da obra sacerdotal de Cristo aqui nestas vestes. Olha no v.6: fala sobre a estola sacerdotal: e farão uma estola sacerdotal de ouro, estofo azul, púrpura e carmesim e linho fino retorcido, obra esmerada (Êx 28:6). O que significa isso? Significa Cristo como sendo Profeta, Sacerdote e Rei. Azul fala do caráter profético de Cristo, púrpura fala do caráter real - púrpura era a roupa usada por nobres da época, era um tecido 12 muito caro, só adquirido pela nobreza - fala de Cristo como Rei. E carmesim era o tecido utilizado pelos sacerdotes. Então, profeta, sacerdote e rei. Ouro fala da glória de Deus e linho fino fala da natureza humana de Cristo. Ouro – Divindade; linho fino - humanidade. Jesus é Deus, Jesus é homem. Jesus é Profeta, Jesus é Sacerdote, Jesus é Rei aqui na tipologia. Quando descreve a estola diz assim: Terá duas ombreiras que se unam às suas duas extremidades, e assim se unirá. Olha agora no v.9: Tomarás duas pedras de ônix, e gravarás nelas os nomes dos filhos de Israel: seis de seus nomes numa pedra e os outros seis na outra pedra segundo a ordem de seu nascimento (Êx 28:7;9). Esse primeiro detalhe eu queria que você notasse aqui. Nós estamos vendo que, em Hebreus, Cristo é o nosso Sumo Sacerdote no qual nos consideramos atentamente, fixamos a nossa atenção. Lá na figura o que esse sumo sacerdote fazia? Ele ministrava a Deus. Duas pedras e em cada pedra escrito seis nomes. Lá em cima duas pedras de ônix no ombro. E quando ele entrava diante de Deus, olha o que fala o v.12 - E porás as duas pedras nas ombreiras da estola sacerdotal, por pedras de memória aos filhos de Israel: e Arão levará os seus nomes sobre ambos os seus ombros, para memória diante do Senhor (Êx 28:12). Eu vou comentar somente dois aspectos para os irmãos pensarem sobre eles, na beleza com que o Senhor arquitetou a figura para mostrar Cristo para nós, o que Cristo fez. Porque Cristo é o verdadeiro e eterno Sumo Sacerdote, esse aí é só uma figura. Duas pedras com seis nomes em cada pedra, seis tribos, as doze tribos, ou seja, todo o povo de Deus. Em João 17 o Senhor Jesus diz assim: Não rogo pelo mundo, mas pelos que me deste do mundo, porque são teus. Imãos, não estavam escritos naquelas pedras o nome de todas as nações, estava escrito naquelas pedras o nome de todo o povo de Israel. Cristo morreu pela Igreja e não por todas as nações. Quando Ele intercede por nós Ele leva nos Seus ombros o Seu povo. Não rogo pelo mundo, mas pelos que me deste do mundo, porque estes são teus e é por eles que eu me santifico, que eles sejam santificados na verdade! Os irmãos vejam aí a intercessão, é o que o Sumo Sacerdote está fazendo, intercedendo pelo povo de Deus. Não rogo pelo mundo, seis nomes em cada pedra. Ombro - fala de poder, o poder da sua intercessão. Hebreus 7:25 diz assim: (Ele)...pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus (porque Ele, Jesus, vive) vivendo sempre para interceder por eles. Estão vendo como essa figura torna lindo o quadro do Novo Testamento? Por que nós precisamos da figura e da realidade? A figura vai nos dar detalhes do ministério sacerdotal de Cristo, tão magníficos! Êxodo 28:15 - Farás também o peitoral do juízo... Doze pedras naquele peitoral. Quatro fileiras de três pedras. Aqui descreve quais são as pedras e os detalhes todos. Queria que você notasse o seguinte. Ex 28:28 - E ligarão o peitoral com as suas argolas às argolas da estola sacerdotal (peitoral está ligado na estola, não pode se separar, porque fala dos dois aspectos do ministério sacerdotal de Cristo: expiação e intercessão. Os mesmos pelos quais Ele fez expiação são os mesmos pelos quais Ele intercede, não pelo mundo todo, mas por aqueles que me deste do mundo, como ele diz em João 17. Olha o v.28 - ligará o peitoral com as argolas da estola sacerdotal) por cima com uma fita azul (isto aponta para esse caráter 13 celestial do ministério de Cristo. É o Sumo Sacerdote que vive, que ressuscitou, que vive para interceder por nós) para que esteja sobre o cinto da estola sacerdotal; e nunca o peitoral se separará da estola sacerdotal (esses ministérios de Cristo não podem ser separados). Assim Arão levará os nomes dos filhos de Israel no peitoral do juízo (a gente já viu que os nomes estão lá em cima, nas pedrinhas, seis de cada lado. Agora diz que o nome também está nestas doze pedras. Lá em cima duas pedras com seis nomes em cada uma, aqui em baixo, doze pedras um nome em cada uma, as tribos de Israel. O v.29 diz:...Levará os nomes no peitoral do juízo) sobre o seu coração, quando entrar no santuário, para memória diante do Senhor continuamente (Ex 28:28-29). Levará os nomes sobre o ombro, levará os nomes sobre o coração. Estes dois aspectos não podem ser separados: a estola e o peitoral. Cristo realizou expiação, o Seu coração foi rasgado na cruz por nós. A Palavra de Deus diz que o soldado abriu o Seu lado com uma lança e saiu sangue e água. Aqueles mesmos pelos quais Ele realizou expiação levando-os no Seu coração, por esses mesmos Ele realiza intercessão levando-os nos Seus ombros. Ele vive para interceder por nós. Nós temos dupla segurança no ministério sacerdotal de Cristo. Ele morreu por nós e Ele vive para interceder por nós. Por isso nós nunca poderemos ser abandonados ou perdidos porque estamos seguros nos ombros do eterno Sumo Sacerdote. Esse aqui entrava e saía do Santo dos Santos. O nosso Sumo Sacerdote entrou e se assentou. Esse aqui nunca sentava, não tinha cadeira no Santo dos Santos. Ele não podia sentar, ele tinha que ficar trabalhando o tempo todo. O verdadeiro Sumo Sacerdote entrou e assentou. E assentou fala de uma obra terminada. Nós sentamos quando a obra está concluída. A palavra assentou aparece quatro vezes no livro de Hebreus. Ele se assentou à destra do trono da majestade porque Ele é o verdadeiro Sumo Sacerdote. Quanto mais nós vemos a glória desse ministério sumo sacerdotal mais nós temos segurança, mais nós adoramos o Senhor. Amém! Vamos orar: Senhor, nós Te louvamos, Te adoramos porque o Senhor se fez carne e habitou entre nós. Te agradecemos porque o Senhor realizou por nós expiação e intercessão e porque aqueles que são Teus ninguém os arrebatará da Sua mão. Obrigado, Senhor, pela glória da Tua pessoa e da Tua obra, pela segurança que temos em Ti. Ajuda-nos a Te contemplar com mais clareza em nossos corações para que as nossas vidas possam Te seguir fielmente, para que a Tua glória possa ser manifestada de nós. Aplica, Senhor, a Tua Palavra aos nossos corações, esclarecendo-nos. Te pedimos que o Senhor possa traduzir para cada coração aquilo que as palavras simplesmente não podem fazer. Que o Senhor conceda revelação a nós sobre a glória de Cristo e a glória do Seu ministério. Te agradecemos e pedimos em nome de Jesus, amém! 14