21-Fundamentos_A Obra de Cristo CD 4

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A Obra de Cristo – Parte 4
Romeu Bornelli
Hebreus 5:1-10 - Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado
dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes (referentes) a
Deus, a favor dos homens, para oferecer assim dons como sacrifícios
pelos pecados, e é capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que
erram, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas. E, por esta
razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como de
si mesmo. Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão
quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão. Assim, também
Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote,
mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te
gerei; como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedeque. Ele, Jesus, nos dias da sua carne,
tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a
quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua
piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que
sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação
eterna para todos os que lhe obedecem, tendo sido nomeado por Deus
sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.
O livro de Hebreus é extremamente singular. A palavra sumo sacerdote é
mencionada em Hebreus dez vezes e, em sete delas, Cristo é citado como
Sumo Sacerdote de forma direta, explícita. Como nós já examinamos três
passagens, vamos apenas dar uma olhada nelas porque vamos olhar, hoje, a
quarta passagem neste capítulo que acabamos de ler.
‘
A primeira aparece no cap.2:14-18. O v.17 - Por isso mesmo
convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos,
para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote... (Hb 2:17). A primeira
vez que Cristo é mencionado como Sumo Sacerdote diz respeito à Sua
encarnação. Esse nosso Sumo Sacerdote é aquele Verbo eterno que o cap.1
inicia falando sobre Ele, aquele Filho, aquele herdeiro, aquele que é o
resplendor da glória - Hebreus 1:3 - aquele que é a expressão do Pai, a
expressão exata do Seu ser. Esse é o nosso Sumo Sacerdote, esse se
encarnou. O contexto vem desde o v.14 de Hebreus 2, mostrando que Cristo
em tudo se fez semelhante aos irmãos, ou seja, Ele participou de carne e
sangue. O nosso Sumo Sacerdote é um homem real, não é um homem de
mentira, fantasmagórico. É um homem de carne e sangue. O v.18 diz: Pois
naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para
socorrer os que são tentados (Hb 2:18). A primeira menção mostra que o
nosso Sumo Sacerdote é homem, verdadeiramente homem, em tudo
semelhante aos irmãos então, o contexto é com relação à encarnação. A
importância de nós vermos que o nosso Sumo Sacerdote, além de Deus, além
de Filho de Deus, é Filho do homem, é um homem real. Além de ser a
expressa imagem de Deus, além de ser o resplendor da glória - é o que fala o
1
começo do livro de Hebreus - além de ser a expressa imagem do caráter do
Pai, Ele é homem, é Deus Homem, Ele em tudo se fez semelhante aos irmãos.
Aquele que é maior que os anjos - cap.1:5 - Pois a qual dos anjos o
Senhor disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei (Hb 1:5)? A
nenhum dos anjos Deus chamou de filho, porque nenhum anjo é filho. Os
anjos são criaturas e são servos. Hoje se tem dado um lugar absolutamente
errado, na igreja, com relação ao ministério dos anjos. Absolutamente
distorcido, porque o Filho é quem tem primazia, os anjos são apenas servos
que ministram a favor de nós, que somos os eleitos de Deus, os herdeiros da
salvação. O ministério dos anjos é um ministério de assistência aos filhos de
Deus, eles não têm intermediação nenhuma entre nós e Deus. E hoje tem sido
pregado no meio da igreja: os anjos como tendo uma posição de
intermediário, de mensageiros de revelações de Deus. Isso é heresia! Eles não
são mensageiros, apenas o Espírito Santo é revelador de Deus e o revelador de
Cristo. Os anjos não têm ministério de revelação. O cap.1 diz que Cristo é
maior do que os anjos porque Ele é Filho, o Filho. E no cap.2 quando menciona
pela primeira vez o Senhor como Sumo Sacerdote, diz que além dEle ser Deus,
além d'Ele ser Filho, além dEle ser o Filho maior do que os anjos, Ele é
homem. Em todas as coisas se fez semelhante aos irmãos. Para quê? Para ser
misericordioso e fiel Sumo Sacerdote.
Segunda menção, cap.3:1 - Por isso, santos irmãos (ou separados,
colocados à parte, nós, que fomos escolhidos por Deus), que participais da
vocação celestial (olha que interessante, no cap.2:14: Visto, pois, que os
filhos têm participação...; e depois no meio do versículo: destes também Ele,
igualmente, participou... Olha aí, pela segunda vez, a mesma palavra. Agora,
cap.3:1: santos irmãos que participais... Participar é uma palavra importante
de Hebreus, é uma das palavras importantes - aparece quase 10 vezes.
Participou - que significa literalmente: ter parte. Cristo teve parte com a carne,
Ele foi homem. Ele não teve aparência humana apenas, Ele foi homem.
Participou, teve parte de carne e sangue. Então, quando você contrasta as
duas menções é muito lindo! Assim como Cristo participou de carne e sangue,
por causa disto que Ele fez como Sumo Sacerdote, nós participamos de uma
vocação celestial. Se Ele não tivesse parte na carne e no sangue e em tudo
não se tornasse semelhantes aos irmãos, nós não teríamos parte na vocação
celestial. Nós estaríamos sujeitos à morte, a uma vida debaixo de condenação
ao juízo e à ira de Deus. É porque Ele participou da carne e sangue que nós
participamos da vocação celestial. E esta palavra aparece muitas vezes mais.
Se você for olhar o livro de Hebreus vai ver muitas vezes esta palavra. O v.3
diz: participais da vocação celestial), considerai atentamente o Apóstolo e
Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus (Hb 3:1). Aqui aparece com
letras maiúsculas a palavra Sumo Sacerdote porque este nome está ligando
diretamente a Cristo. Ele é o Apóstolo e não um apóstolo, um guia, um líder,
um iluminado, Ele é o Apóstolo único, Ele é o Sumo Sacerdote. Então, a
segunda menção está aqui. Qual é o contexto dela? Que por causa desse nosso
Sumo Sacerdote ter participado da carne e sangue, nós participamos de uma
vocação celestial que irá se cumprir na nossa vida, à medida que nós
consideramos atentamente o nosso Apóstolo e Sumo Sacerdote. Nós fomos
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chamados para uma vocação celestial, eterna, gloriosa. Qual é nossa vocação?
Sermos semelhantes a Cristo! Simplesmente isto e tudo isto! Sermos
semelhantes a Cristo, transformados de glória em glória na Sua própria
imagem. Como isto pode se cumprir na nossa vida? Não se cumprirá se
estivermos distraídos, não se cumprirá se estivermos descentralizados, não se
cumprirá se estivermos enfocando outras coisas senão a Cristo, pode ser até
as bençãos de Cristo, mas apenas se nós estivermos considerando. Nós
falamos que essa palavra foi tirada da astronomia. Considerar significa fixar a
atenção em um foco. Considerar: como se observar num telescópio. A palavra
no original tem essa idéia: considerar o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa
confissão. O cap.12:2 diz a mesma coisa: olhando firmemente para o Autor
e Consumador da fé, Jesus... (Hb 12:2). Sem distração. Não olhando nem
a Igreja, não olhando nem a obra de Deus, que são coisas gloriosas, muito
gloriosas. Não olhando nem mesmo as dádivas de Deus, mas olhando o
próprio Deus, em Cristo, Sua Pessoa e Sua obra! Nós temos dito aos irmãos
que este é o fiel da balança do nosso crescimento espiritual. Nosso
crescimento espiritual é determinado por isso. As aflições da sua vida, as
tribulações, os sofrimentos, as angústias são capazes de lançar você no chão
se você não tiver uma visão renovada da Pessoa e obra do Apóstolo e Sumo
Sacerdote porque nenhuma experiência espiritual permanece em nós, ou
mesmo nos edifica se ela não revela mais de Cristo. Por isso o cap.3:1 mostra
de uma forma tão linda essa segunda menção do Senhor como Sumo
Sacerdote dentro deste contexto: Ele é o Apóstolo e Sumo Sacerdote, o qual
devemos enfocar, considerar atentamente.
Irmãos, as profundidades da glória da Pessoa e obra de Cristo nunca
serão vistas por nós de forma absoluta, nunca. Nós teremos toda uma
eternidade na presença dEle para estarmos descobrindo, vendo,
experimentando, entrando no gozo e na glória cada vez maior de tudo que Ele
é e fez. A eternidade não será suficiente para nós esgotarmos os valores de
Cristo porque Ele é maior do que a eternidade. Ele é antes de todas as coisas,
Ele é a fonte da eternidade, Ele é Deus. A eternidade não será suficiente para
descobrirmos as belezas da Pessoa e obra de Cristo. Será que a nossa vida
aqui na terra como Igreja vai ser suficiente para isso? Será que nós podemos
ter outra motivação no nosso reunir? Será que nós temos que ter outra
motivação na nossa busca espiritual? Nós temos que buscar a paz, a alegria,
isso e aquilo, o sucesso, o nosso bem estar? Será que esse é o motivo de
nossa busca? Paulo dizia que não. Paulo dizia que a suprema ambição da vida
dele era ganhar a Cristo, conhecer a Cristo e ser achado em Cristo porque as
belezas da Pessoa e obra de Cristo são inesgotáveis. Toda eternidade vai ser
insuficiente. Por isso o cap.3 diz: Considerai atentamente, sem distração, o
Apóstolo e Sumo Sacerdote para que a nossa vocação celestial possa se
cumprir. Qual é a nossa vocação celestial? E por que ela se cumpre quando
nós enfocamos o nosso Senhor? Porque a nossa vocação celestial é sermos
semelhantes a Ele. Então, quando nós enfocamos a Ele a nossa vocação
celestial se cumpre. A Sua pessoa, o Seu caráter é formado em nós. Aprendei
de mim que sou manso e humilde de coração, esta é a nossa vocação celestial.
Transformados de glória em glória na Sua própria imagem como pelo Senhor e
o Espírito. São tantos textos no Novo Testamento que mostram com clareza
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qual é a nossa vocação celestial. Não é ir para o céu, não é receber uma coroa
um dia, nossa vocação é sermos semelhantes a Cristo. E ela já começou no dia
em que Deus, pelo Seu Espírito e pela Sua palavra, nos regenerou. A nossa
vocação, então, no tempo e na história, começou e Cristo vai sendo formado
em nós. O apóstolo Paulo quando viu os gálatas se desviando dessa vocação
escreve aquela carta pesada. Talvez a epístola mais séria do Novo Testamento.
Paulo diz assim: ainda que desça um anjo do céu e vos pregue um outro
evangelho que não é aquele que eu tenho pregado, vocês devem reprovar.
Porque Paulo viu que eles estavam se desviando para muitas coisas:
misticismo, culto de anjos, judaismo, ascetismo, legalismo e mais um monte
de ismo. Então, Paulo escreveu aquela carta pesada dos Gálatas. Ele diz
assim: Meus filhos, por quem de novo sofro dores de parto até ser
Cristo formado em vós (Gl 4:19). Os irmãos vejam como o ministério de
Paulo era cristocêntrico. O que ele queria era Cristo formado na vida dos
irmãos. Ele não estava propriamente preocupado se o irmão estava sofrendo
ou não estava sofrendo, se estava passando por isso ou por aquilo, mas se ele
estava vendo Cristo, amando a Cristo, seguindo a Cristo, almejando Cristo.
Esse é também o fiel da balança para nós, tanto nas nossas vidas individuais
quanto na nossa vida corporativa. Considerai atentamente o Apóstolo e Sumo
Sacerdote da nossa confissão. E o que o livro de Hebreus faz é exatamente
abrir isso para nós. Este versículo de alguma maneira resume o tema de
Hebreus. Hebreus mostra para nós quem é o nosso Apóstolo, no sentido de
líder, pioneiro, capitão da nossa salvação, e mostra quem é o Sumo Sacerdote.
Todo o livro de Hebreus faz isso: as duas facetas. Ele revela glórias dessas
duas facetas da obra de Cristo, como Apóstolo e Sumo Sacerdote. Facetas as
quais teremos toda a eternidade para ir entrando no gozo e na experiência, no
conhecimento prático do que ela significa. Irmãos, somente isto pode nos dar
uma vida cristã de qualidade, segura, firme, alegre, cheia de gozo no meio do
sofrimento, aflições, tribulações, seja o que for. Porque esse é o fiel da balança
do nosso crescimento espiritual.
Depois, no cap.4:14, terceira vez no livro: Tendo, pois, a Jesus, o
Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus,
conservemos firmes a nossa confissão (e qual é o contexto aqui?).
Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se de
nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa
semelhança, mas sem pecado (Hb 4:14-15). Portanto, a conclusão, v.16:
aproximemo-nos. Outra palavra importante em Hebreus. Acheguemo-nos ou
aproximemo-nos são traduzidas dessas duas maneiras para o português.
Aparece lá no cap.10 de novo, mostrando que a nossa resposta a toda essa
glória da obra que o Senhor Deus realizou em Cristo é chegar perto,
aproximar, com ousadia, com confiança, com intrepidez. Lá no cap.10 fala
isto: Aproximemo-nos com sincero coração em plena certeza de fé... Então,
esta é uma outra palavra interessante do livro de Hebreus: achegar ou
aproximar. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça... (Hb 4:16). Não é confiando nas obras que eu tenho praticado, não é
confiando em que eu tenha melhorado na minha vida cristã, não é confiando
em que o meu testemunho está melhorando, então estou tendo mais ousadia
diante de Deus, mas é confiando no grande Sumo Sacerdote que penetrou os
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céus. O grande Sumo Sacerdote, este é o fundamento da nossa confiança,
então, acheguemo-nos confiadamente junto ao trono da graça. Este contexto
também é tão lindo. Mostra o nosso Sumo Sacerdote no trono da graça.
Naquele assento de misericórdia, o propiciatório, a tampa da arca, onde o
sangue era derramado pelo Sumo Sacerdote, uma vez por ano, no dia da
expiação. Está dizendo que o Senhor, como nosso Sumo Sacerdote, está neste
trono da graça, trono da misericórdia, até que Ele venha. Porque quando Ele
retornar, esse trono não será revelado mais como sendo o trono de graça embora Ele nunca deixará de ser - mas Ele será especialmente revelado como
sendo o trono da justiça, quando o Senhor irá julgar aqueles que responderam
e aqueles que não responderam ao Evangelho e irá até mesmo julgar a Sua
família, para recompensas e galardões. Mas nós temos o Senhor hoje, até que
Ele venha, nesta posição: assentado como Sumo Sacerdote no trono da graça,
então, não precisamos ter medo, em sentido nenhum. Nós somos encorajados
até mesmo à confissão dos nossos pecados porque Ele está assentado no trono
da graça e conhece as nossas fraquezas. Nós somos até mesmo encorajados a
compartilhar com Ele das nossas fragilidades – v.15 diz – Porque não temos
Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas,
antes foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas
sem pecado (Hb 4:15).
A quarta menção, nós acabamos de ler o contexto, no cap.5:1 - Porque
todo sumo sacerdote (olha quantas vezes esta palavra é mencionada aqui)
sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas
concernentes a Deus, a favor dos homens...(Hb 5:1). Leia comigo um
versículo e depois nós vamos voltar e eu quero explicar alguma coisa aos
irmãos. Olhe o cap.5:5 – Assim, também Cristo a si mesmo não se
glorificou para se tornar sumo sacerdote... (Hb 5:5). Mais uma vez.
Cristo não se glorificou para se tornar Sumo Sacerdote. Vamos dar uma olhada
neste contexto e nós vamos hoje, talvez ficar só com esta menção porque eu
queria examinar um texto de Êxodo com os irmãos que vai clarear uma visão
do sumo sacerdote diante de Deus. Primeiro queria olhar esse cap.5, em
alguns detalhes: v.1 - todo sumo sacerdote. Claro que ele está fazendo uma
analogia entre os homens e Cristo - os filhos de Arão, que eram separados
para serem sumo sacerdotes, e Cristo. Ele diz que todo sumo sacerdote,
primeiro: é tomado dentre os homens. Então, o nosso Senhor para ser um
Sumo Sacerdote eficiente teria que estar relacionado conosco. Os irmãos veem
a importância da encarnação? Do nascimento virginal de Cristo? Dele ser um
descendente de Davi, dEle ser um descendente de Abraão, dEle ser chamado
em Coríntios pelo apóstolo Paulo de o último Adão? Ele não foi um ET, que
participou da história humana de uma forma meio reclusa e afastada. Ele foi
homem, filho de Abraão, descendente de Davi. Homem, verdadeiramente
homem. Porque todo sumo sacerdote é tomado dentre os homens, então, nós
precisávamos de um homem intercedendo por nós. Um homem que
participasse da nossa história, um homem que, diante de Deus, pudesse ser
oferta pelo pecado por outros homens, porque pecadores não podem perdoar
pecadores. Nós precisávamos de um homem perfeito, absolutamente perfeito
para que o sacrifício desse homem pudesse satisfazer os requisitos de Deus a
respeito do homem. ...todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os
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homens, é constituído nas coisas concernentes (referentes) a Deus, a
favor dos homens... Queria que você notasse estas duas coisas: primeiro
que ele tem que ser um homem, é claro. Segundo que ele é alguém que no
seu ofício ministra a Deus a favor dos homens. A palavra sacerdote no latim é
a palavra pontífice. A gente sabe que o líder do catolicismo romano recebe o
título de sumo pontífice, o Papa. Pontífice é uma palavra latina que significa
edificador de pontes, que tem o sentido de mediador, uma ponte, um
intermediário. Então, o Papa seria o supremo pontífice. Mas nós sabemos que
só há um Supremo Pontífice: é Cristo, somente Cristo. Cristo é o Sumo
Pontífice, Ele é o Sumo Sacerdote, é o Supremo Edificador de pontes porque
foi Ele que fez a mediação entre Deus e os homens. Ele é tomado dentre os
homens nas coisas referentes a Deus, a favor dos homens. Ele é essa Ponte,
esse Pontífice. Essa é a segunda coisa que é dito sobre o sumo sacerdote.
Quando nós lermos o livro de Êxodo os irmãos vão ver a beleza dessa
verdade lá na figura. Deus estabeleceu a figura no Velho Testamento para nos
dar detalhes da beleza desse Pontífice que é Cristo. Detalhes da maravilha da
Sua obra como Pontífice. Então, estabeleceu aquelas figuras, aquelas sombras
naqueles pontífices, com letra minúscula, que seriam os sacerdotes do Velho
Testamento - eles eram sombra e figura. O Senhor mandou que certo tipo de
roupa fosse confeccionada para eles de forma muito especial porque o Senhor
ia falar através daqueles homens e daquelas vestes. E depois nós vamos ver o
que Ele queria falar. O sumo sacerdote é esse pontífice. Ele é tomado dentre
os homens nas coisas referentes a Deus a favor dos homens. Ele é o único
mediador! Paulo, em 1Timóteo 2:5, diz: Porquanto há um só Deus e um
só Mediador (Pontífice) entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.
Não disse Cristo Jesus um homem e nem disse Cristo Jesus o homem, mas diz
Cristo Jesus, homem. A ausência do artigo o, em Timóteo, denota o caráter
geral. Mostra que Ele assumiu a humanidade, Ele é homem. Cristo Jesus
homem. Ou seja, Ele assumiu a humanidade, tornou-se participante da
humanidade. Não é um homem, é Cristo Jesus, homem. É o que o autor de
Hebreus está dizendo aqui em outras palavras. Ele é o Mediador entre Deus e
os homens. É constituído nas coisas concernentes a Deus a favor dos homens.
Outros detalhes logo em frente: ...para oferecer assim dons como
sacrifícios pelos pecados (Hb 5:1) - outra característica importante que nós
precisamos ver. Um sacerdote não teria valor nenhum se ele não oficiasse
diante dele. Ele foi chamado para fazer alguma coisa, ele tem um ministério. O
rei vai reinar, o profeta vai profetizar e o sacerdote vai oferecer dons e
sacrifícios. Se um sacerdote não oferecer dons e sacrifícios ele não serve para
nada. Porque o ministério dele é oferecer dons e sacrifícios. Agora, irmãos,
olhem como a realidade mostra a beleza disso tudo: o sacerdote era uma
pessoa, no Velho Testamento, e ele oferecia um sacrifício que não era ele, com
sangue ou sem sangue. Quando era relacionado com pecado era com sangue os cordeiros e os novilhos que eram mortos e o sacrifício oferecido. Quando
era oferta sem sangue, era aquele bolo chamado de oferta de manjares, bolo
de manjares. Por isso se usam as palavras dons e sacrifícios. Dons se refere a
sacrifícios incruentos - ofertas sem sangue - dons, dádivas, sacrifícios sem
sangue. E sacrifícios pelos pecados são sacrifícios com sangue. Por isso as
palavras são separadas - dons e sacrifícios. Então, o ministério sacerdotal é
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fazer exatamente isto: oferecer dons e sacrifícios, oficiar a Deus. Agora, o
sacerdote do Velho Testamento oferecia os dons que não eram ele. Os dons
eram preparados por ele ou eram oferecidos por ele. O Senhor Jesus quando
veio cumprir essa realidade, uma das coisas magníficas que o livro de Hebreus
mostra é que o Senhor Jesus foi tanto o Sacerdote quanto a oferta. O que Ele
ia oferecer que pudesse satisfazer a Deus? O quê? Ele ia oferecer oferta de
manjares? Ele ia oferecer um cabrito, um touro, um bode? Ele a Si mesmo se
ofereceu. Ele é o Sacerdote e a vítima ao mesmo tempo. É o Sacerdote e a
oferta ao mesmo tempo. Como sendo Sacerdote Ele proveu essa mediação. Ele
está executando um serviço sacerdotal nas coisas referentes a Deus a favor de
nós. E quando Ele se oferece a Si mesmo, Ele satisfaz todas as exigências da
santidade violada de Deus. Porque isso era necessário.
Por mais que Deus quisesse efetuar uma comunhão com o homem isso
era impossível. Havia uma barreira espiritual entre Deus e o homem. Às vezes
nós achamos essas coisas muito esquisitas. Eu não sei qual foi a impressão de
alguns de vocês quando leram o livro de Levítico e de Êxodo pela primeira vez.
Talvez a impressão de muitos de vocês tenha sido bem estranha: para que
tanto sangue, para que tanta matança, o que Deus tem contra os animais?
Acho que os movimentos ecológicos devem ficar apavorados com o livro de
Levíticos, o Green Peace não deve gostar nem um pouco do livro de Levíticos.
Porque é animal morto para todo quanto é lado. Irmãos, mas os animais são
nada, eles são somente uma matéria animada. Eles não têm espírito, eles não
são eternos. Deus usou aqueles animais para prefigurar esse eterno e glorioso
sacrifício da Pessoa do Seu Filho. Ele falou através daqueles sacrifícios. E
quando nós olhamos aquela quantidade de sangue ficamos muito
impressionados e talvez isso nos leve até a ver de uma forma errada o caráter
de Deus. Para que sangue, para que tanto sangue? E quando nós vemos, no
Novo Testamento, João Batista anunciando o Senhor Jesus como sendo o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Aí nós começamos a vislumbrar
melhor, começamos a ver que a seriedade dessa entidade espiritual chamada
pecado. Ela é tão séria, tão tremenda, tão obscura e de consequências tão
profundas que esse assunto não podia ser resolvido de outra maneira senão
por Deus mesmo na Pessoa do Seu Filho. Deus mesmo, na Pessoa do Seu
Filho, teria que passar pela encarnação, por um viver humano de sofrimento,
de rejeição, de afronta, de injúria, de perseguição, de dores - homem de dores
como diz lá em Isaías e que sabe o que é padecer - humilhado. Então, lá na
cruz isso tudo ia culminar: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
Porque essa entidade espiritual chamada pecado fez uma separação
intransponível entre Deus e nós, instransponível como um manto espiritual. A
não ser que o pecado fosse tratado pelo próprio Deus ele nunca seria tratado.
O homem não teria condições de tratar o pecado, desde o Éden isso ficou
claro. Quando Adão cai, Deus o procura dizendo: Adão onde estás? Quando Ele
veste Adão com aquelas peles, daqueles sacrifícios, para colocar no lugar das
folhas que ele fez para tentar resolver o problema do pecado, problema da
nudez, do medo – “tive medo e me escondi, fiz essa roupinha aqui” - mas a
roupinha dele não ia resolver nada. Deus teve que vestir Adão com vestes de
pele. Aquele foi o primeiro sacrifício executado na Bíblia, em Gênesis 3,
mostrando que Deus ia intervir, pela Sua graça, para tratar com esse problema
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instransponível do pecado. Irmãos, só à medida em que conhecemos o que é o
pecado (.....??.....) suando gotas de sangue. Por que na cruz Ele passou por
aquela história? Por que ao meio dia quando Ele estava morrendo houve trevas
sobre a face da terra até a hora nona? Três horas de trevas, como que um
eclipse. Quando então, Ele clamou: Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste? O Senhor estava tratando com uma realidade espiritual
chamada pecado. Paulo diz: Àquele que não conheceu o pecado (o nosso
Senhor Jesus - puro e santo), ele (Deus) o fez pecado por nós, para que
nele (nós, pecadores), fôssemos feitos justiça de Deus (2Co 5:20). A
questão envolvida era a glória, a santidade, a justiça de Deus e isso não é um
problema pequeno, é um grande problema. O pecado ofuscou a nossa visão do
Deus santo e glorioso de uma tal forma que isso não podia ser resolvido senão
por Deus mesmo. Mas isso tinha que ser resolvido a favor dos homens, porque
o homem era o devedor. Então, o nosso mediador tem que ser homem porque
ele tem que tratar do nosso lado também. A questão não é apenas do lado de
Deus, é também do nosso lado, nós pecamos e nós precisávamos de um
homem para interceder por nós. E um homem que tivesse condições de
interceder. E para esse homem ter condições de interceder, diante de Deus,
Ele tinha que ser um homem segundo Deus, perfeito, sem pecado. Porque se
fosse alguém pecador ele não podia interceder nem por ele, que dirá pelos
outros. Então, quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça
e de verdade, nós tivemos, na Pessoa dEle, esse mediador. É por isso que a
pregação do Evangelho se centraliza em Cristo e é por isso que a nossa vida
cristã se centraliza em Cristo. Por causa da glória da Pessoa e da obra de
Cristo, do que Ele fez! Quanto mais lemos, quanto mais luz temos, mais
deslumbrados ficamos com a glória dessa Pessoa e com a glória dessa obra.
Então, o livro de Levítico e outros mostram a necessidade do sacrifício
exatamente por isso. Porque o pecado era uma questão séria diante de Deus.
Não era uma questão leviana, Deus não podia mesmo com todo Seu poder, de
fazer todas as coisas segundo a Sua vontade, mas não contrariamente ao Seu
caráter. Nós entendemos tão errado as coisas, quando vemos que Deus é todo
poderoso, que faz todas as coisas como Ele quer. Não é assim que a Bíblia
ensina? Conforme o conselho da Sua vontade. Nós achamos que isso inclui até
mesmo Ele negar o Seu próprio caráter. Mas a Bíblia diz que Ele não pode
fazer algumas coisas. O que Ele não pode? Ele não pode negar-se a Si mesmo.
Ele não pode negar o que Ele é, porque Ele é. Ele não pode negar Sua
santidade, Sua justiça, Sua glória. Ele não pode dizer: Eu perdoo vocês porque
o Meu coração é cheio de misericórdia e Eu quero todos vocês para Mim. Estão
todos perdoados! Deus não pode fazer isso. Porque o pecado é uma realidade
que se interpôs entre nós e Deus e Ele não pode perdoar, Ele tem que julgar.
Ele só pode perdoar se tiver executado Seu juízo. Agora, na nossa vida isso
gera um problema. Porque se Deus só pode perdoar mediante o juízo, porque
a justiça exige isso, nós estamos com um problema sério porque como Ele ia
nos perdoar? Primeiro Ele tem que julgar e se Ele fosse julgar Ele teria que
fazer o que conosco? Nos condenar. E se Ele vai nos condenar, Ele não pode
nos perdoar. Então, nós estamos com um problema. É como um pai
disciplinando um filho. Para que um pai leve o filho à experiência do perdão ele
precisa ministrar ao filho o juízo para que o filho conheça a beleza e a glória do
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perdão, senão o perdão soa levianamente. O perdão tem que ser baseado no
juízo. Isto é verdade até nos nossos relacionamentos naturais, quanto mais na
nossa relação com o Deus Santo! Se você disciplina corretamente seu filho, se
você relaciona-se corretamente com seu filho, no erro dele, você tem que
ministrar juízo sobre o erro e perdão. Se você ministrar um perdão fora da
base do juízo, isso não é perdão de jeito nenhum. Isto é leviandade. Não
houve juízo, não houve disciplina, não houve nada. Isto é leviandade, isto é
contrário ao caráter santo, justo. E se isso é verdade com relação a nós e os
nossos filhos, se nós fazemos assim com nossos filhos, ministramos juízo e
perdão, depois do juízo, imagine na nossa relação com Deus, que é santo e
perfeito. Então, o que aconteceu em Cristo? Deus ministrou juízo sobre um
Homem perfeito. Juízo sobre um pecado que não era dEle.
Outra questão que nós precisamos ver tão bem. O pecado não é
geográfico. O pecado é espiritual. Algumas pessoas têm dificuldade de
entender como os nossos pecados estavam em Cristo! Mas, meu irmão,
pecado não é geográfico, pecado é espiritual. Então, não há nenhuma
dificuldade para Deus colocar pecado em Cristo porque o pecado é uma
realidade espiritual. E quando Deus julgou Cristo na cruz Ele julgou o pecado
em Cristo porque o pecado foi colocado ali. A ira de Deus, que é tão gloriosa
quanto Seu amor: são dois atributos de Deus, que existem 100% nEle. Ele não
é 90% amor e 10% ira. Ele é 100% amor e 100% ira. Então, quando Deus
despejou 100% da Sua ira sobre o Filho foi porque Ele colocou sobre o filho,
não dentro do Filho - o Senhor Jesus não encarnou o pecado, em hipótese
nenhuma. O pecado foi colocado sobre Ele então, a ira de Deus se despejou
sobre o Filho. Nós podemos dizer que era um cordeiro com pele de serpente.
Ele não era uma serpente na cruz, Ele nunca foi uma serpente, Ele sempre foi
o Cordeiro, Santo, Justo e Puro. Ele não encarnou o pecado dentro dEle. Ele
tomou os seus pecados sobre Ele. Pedro diz assim: levando Ele mesmo sobre o
Seu corpo os nossos pecados. Ele foi julgado como uma serpente mesmo
sendo o Cordeiro e, por isso Ele pode nos substituir. Porque Deus estava
despejando Sua ira sobre uma realidade espiritual que chama pecado, que é
esse manto obscuro que fazia separação entre nós e Deus. Deus estava
despejando a Sua ira sobre o pecado, julgando o pecado 100%, só que na
Pessoa de um ser santo, de um homem santo. E esse homem experimentou o
resultado do pecado até a última gota. Ele foi separado de Deus porque pecado
é isso. Foi por isso que Ele clamou: Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste (Mt 27:46)? Se aquela fosse uma estorinha de brincadeira, o
nosso Senhor não teria clamado assim. Aquelas trevas sobre a face da terra
que se manifestaram eram apenas uma exteriorização do que o Verbo de
Deus, que é o criador, estava experimentando ali. Separação, por mais incrível
que isso possa parecer! Deus meu, Deus meu por que me desamparaste? Ele
estava assumindo e bebendo, como Ele disse, o cálice da ira de Deus sobre o
pecado. Ele pôde nos substituir porque esse pecado não era dEle, porque Ele
mesmo era Santo. E Ele tomou o pecado até o fim, e quando Ele entrou na
morte pôde destruir a morte porque Ele é santo, porque Ele é Deus, perfeito e
puro. Ele destruiu a morte e ressuscitou para a imortalidade e o nosso pecado
foi julgado em Cristo.
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É por isso que quando nós cremos em Cristo é outra realidade espiritual.
Assim como o pecado é uma realidade espiritual, a fé é uma realidade
espiritual. Assim como Deus julgou o pecado em Cristo, Deus concede fé aos
eleitos, àqueles que Ele escolheu. Quando nós cremos, fé é uma realidade
espiritual. O que a fé faz conosco? A fé não tem poder em si, a fé nos une a
Cristo. A fé é uma benção espiritual, é uma dádiva espiritual de promover
união entre o nosso espírito e o espírito de Cristo. Fé é união. É isto que
significa a palavra fé no grego. Crer significa unir-se. Somente aqueles que se
unem a Cristo experimentam aquilo que Ele fez na cruz, porque foi Ele que fez.
Se nós nos unirmos a uma ideologia, a gente pode até estar reunido no meio
dos santos, mas não somos santos. Se nós ouvimos uma pregação que não
centraliza Cristo, ela não é evangélica, em hipótese nenhuma. Nós nos
convertemos a uma idéia, a um plano, a uma promessa - e promessa hoje não
falta nos púlpitos cristãos - a uma ideologia, a uma filosofia e não a Cristo.
Isso é uma conversão psicológica não é uma conversão espiritual. Fé é união
com Cristo, é depositar a confiança do nosso coração em Cristo, não é no
pregador, na Igreja, na promessa, na benção, em nada, mas em Cristo e
somente em Cristo. E quanto mais nós temos visto a necessidade de ver mais
da Pessoa e obra de Cristo porque quanta coisa tem sido pregada no lugar de
Cristo. Conversão à promessa, aquele que é o objeto da nossa adoração, do
nosso culto, da nossa observação, do nosso louvor por toda a eternidade. Essa
é uma outra característica do sumo sacerdote. Ele oferece dons e sacrifícios
pelos pecados (Hb 5:1b).
Hebreus 5:2 - e (ele é) capaz de condoer-se dos ignorantes e dos
que erram, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas. Lá no
caso do Velho Testamento porque o sacerdote era um homem. Ele era capaz
de condoer-se porque era um pecador. Agora, a Bíblia diz que Cristo não era
um pecador, mas Cristo se fez carne e foi tentado em todas as coisas, e
naquilo que Ele mesmo sofreu tendo sido tentado é poderoso para socorrer os
que são tentados. Cristo tanto sofreu quanto é capaz de socorrer de uma
forma muito mais intensa do que aqueles sacerdotes. Queria que você também
notasse isto com relação a esse v.2. Se aquele sacerdote era capaz de
condoer-se dos ignorantes e dos que erram, porque ele também estava
rodeado de fraqueza, muito mais Cristo. Sabe por quê? Porque Cristo é Santo
e eles eram pecadores. Então, ninguém conhece o furor do pecado senão
alguém santo. Nós achamos o contrário. Nós achamos que alguém tem que
mergulhar de cabeça no pecado para conhecer o quanto o pecado é terrível, o
quanto o pecado é esse senhor terrível - que governa, que degenera as nossas
vidas como homens. Mas a Bíblia diz exatamente o contrário, que quanto mais
santo, mais nós conhecemos a crueldade do pecado, a malignidade do pecado.
Por isso que o Senhor Jesus sofreu na Sua vida humana como ninguém jamais
poderá sofrer porque Ele conhece todos os aspectos do pecado. Coisas que nós
achamos que são muito boas, muito religiosas, aceitáveis diante de Deus, se
nós tivéssemos o caráter de Cristo nós veríamos que são pecaminosas,
impuras, com motivações totalmente erradas, distorcidas. Jesus conheceu isto
até às últimas consequências, nós não conhecemos. Nós somos iludidos, de
certa forma, a respeito de nós mesmos, de muitas maneiras, mas Ele não. Ele
mergulhou na história humana sendo Santo no meio do pecado. Ele conheceu
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toda a agonia, a abrangência, a profundidade e a sutileza do pecado. Ele pode
então, desvestir o pecado dessas roupas que normalmente nós vestimos para
dar um aspecto aceitável a ele. O Senhor Jesus pode se compadecer e se
condoer como nenhum daqueles sacerdotes. Por isso, quando Ele viu o jovem
rico, por exemplo, ele achava que não tinha pecado nenhum. “Senhor, eu
tenho praticado os mandamentos desde a minha mocidade agora quero herdar
a vida eterna e quero que o Senhor me fale, porque acho que é um mestre de
Deus, então me fale o que devo fazer para herdar a vida.” O Senhor fala dos
mandamentos. “Mas já tenho guardado os mandamentos desde a minha
infância.” E ele não podia discernir o pecado da avareza no coração dele, mas
o Senhor podia. Ele era um pecador e não podia discernir o seu próprio pecado
agora, o Senhor pode se compadecer dos ignorantes e dos que erram porque
Ele é Santo e conhece o pecado desde um extremo até o outro.
Hebreus 5:3 – E, por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos
pecados, assim do povo, como de si mesmo. O v.4 diz assim: Ninguém,
pois, toma esta honra para si mesmo senão quando chamado por Deus
como aconteceu com Arão. Assim, também Cristo a si mesmo não se
glorificou para se tornar Sumo Sacerdote, mas aquele que diz: Tu és
meu filho (salmo 2 - profético, messiânico), eu hoje te gerei... (Hb 5:4-5).
Se refere, então, à natureza eterna do Filho. Ele é o Filho eterno, gerado
eternamente, não é menor que Deus, mas é Deus com Deus. Tu és meu Filho:
esse que é o Filho (v.5) é dito dEle no v.6)...Tu és Sacerdote (estes dois
versículos, de novo, resumem todo o livro de Hebreus. O tema do livro de
Hebreus está aí nestes dois versículos. O livro de Hebreus fala: Tu és meu
Filho. O livro de Hebreus revela a glória do Filho, fala: Tu és Sacerdote. O
tema do livro de Hebreus poderia ser esse: o Filho Sacerdote. Tu és meu Filho,
tu és o Sumo Sacerdote. Aquele do qual os do Velho Testamento eram só uma
figura, só uma sombra. Tu és meu Filho, tu és Sacerdote) para sempre,
segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5:6). Não o filho de Arão, porque
Jesus nem levita era, Ele era da linhagem de Judá. Ele foi profetizado como
Sacerdote de uma ordem superior, desse Melquisedeque que é um tipo de
Cristo, no Velho Testamento. Alguém que abençoa Abraão. Levi não tinha nem
nascido ainda, muito menos Arão. Melquisedeque é superior a Abraão, então,
ele abençoou a Abraão e ofereceu a ele vinho e pão. Ele era um sacerdote, diz
a Palavra, do Deus altíssimo. Uma figura linda e até enigmática de Cristo, no
livro de Gênesis onde diz que Melquisedeque não teve nem pai nem mãe –
todo mundo tem pai e mãe - não teve princípio de dias e nem fim de
existência. Foi feito semelhante ao Filho de Deus. Uma figura muito
interessante, esse Melquisedeque, no Velho Testamento. Ele é mostrado como
um tipo de Cristo.
O v.7 diz: Ele, Jesus (o Filho Sacerdote), nos dias da sua carne,
tendo oferecido com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a
quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua
piedade (a gente vai deixar para comentar esse versículo em outra ocasião. O
que significa Ele ter pedido, orado a quem o podia livrar da morte? Será que
Ele estava com medo? Será que na verdade o que Ele queria era fugir da
morte?), embora sendo Filho aprendeu a obediência pelas coisas que
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sofreu (porque além de Filho Ele era homem. Como homem Ele teve que
aprender, teve que crescer em obediência a Deus porque Ele não nasceu
adulto. Ele nasceu criança numa manjedoura mesmo. Ele precisou de cuidado
de pai e mãe e teve que aprender a obediência ouvindo a Deus e em
comunhão com Deus. O livro de Lucas diz que Ele crescia em sabedoria,
estatura e graça diante de Deus e dos homens. Então, esse Senhor, Homem,
foi aperfeiçoado pelas coisas que sofreu, quanto mais Ele sofria, mais se
tornava maduro. Presta atenção nesta palavra: aperfeiçoado. Obviamente não
significa que Cristo era imperfeito e se tornou perfeito, é claro que não. Ele é o
Filho perfeito. A palavra aí é teleios no grego e significa maduro, completo.
Significa que Jesus era imaturo como homem e se tornou maduro como
homem. Ele cresceu em maturidade. Ele aprendeu a obediência pelas coisas
que sofreu. Quanto mais sofria mais maduro se tornava. Assim é na nossa
vida. É por isso que o mínimo que esse tipo de falso evangelho que é pregado
faz é nos condenar a uma creche espiritual pelo resto da nossa vida. Esse
evangelho da felicidade e da prosperidade que não serve para nada, senão
para nos manter crianças. Porque nós somos amadurecidos na medida em que
sofremos, sofrimento nos conduz à maturidade, assim como conduziu a Cristo.
O sofrimento das tentações, das aflições, das fragilidades, das lutas interiores,
sofrimento pelos nossos próprios pecados, pela nossa carne, pelo mundo.
Quanto mais sofremos mais amadurecemos, mais conhecemos a Cristo e a nós
mesmos. Aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu) e, tendo sido
aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna (Ele não era
imperfeito e se tornou perfeito. Ele foi amadurecido como fonte da nossa
salvação. Esse é o sentido dessa palavra autor aqui. Ele foi aperfeiçoado para
poder ser fonte da nossa salvação. Ele tinha que ser um homem maduro para
que pudesse ser a fonte da nossa salvação. Maduro nos sofrimentos, maduro
no conhecimento de Deus, maduro no conhecimento do pecado. Nós não
temos alguém que interceda por nós de uma forma limitada. Nós temos
alguém que foi aperfeiçoado em tudo que sofreu. Fonte da salvação eterna)
para todos os que lhe obedecem (uma outra característica do nosso Sumo
Sacerdote, que nos dá confiança), tendo sido nomeado por Deus Sumo
Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5:7-10).
Êxodo 28:4 - As vestes, pois, que farão são estas (como o sacerdote
e o sumo sacerdote no Velho Testamento se vestiam. Alguns desses aparatos
aqui, eram só para os sumo sacerdotes, outros eram tanto para os sacerdotes
quanto para os sumo sacerdotes): um peitoral, uma estola sacerdotal,
uma sobrepeliz, uma túnica bordada, mitra e cinto... Mitra seria aquele
chapéu, que eles usavam, que tinha uma lâmina de ouro na frente e escrito:
Santidade ao Senhor, mostrando que aquele homem era um homem
completamente separado para oficiar diante do Senhor naquele ministério e é
óbvio que esse sacerdote era uma figura de Cristo. Eu queria mostrar alguns
aspectos de Cristo, da obra sacerdotal de Cristo aqui nestas vestes. Olha no
v.6: fala sobre a estola sacerdotal: e farão uma estola sacerdotal de ouro,
estofo azul, púrpura e carmesim e linho fino retorcido, obra esmerada
(Êx 28:6). O que significa isso? Significa Cristo como sendo Profeta,
Sacerdote e Rei. Azul fala do caráter profético de Cristo, púrpura fala do
caráter real - púrpura era a roupa usada por nobres da época, era um tecido
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muito caro, só adquirido pela nobreza - fala de Cristo como Rei. E carmesim
era o tecido utilizado pelos sacerdotes. Então, profeta, sacerdote e rei. Ouro
fala da glória de Deus e linho fino fala da natureza humana de Cristo. Ouro –
Divindade; linho fino - humanidade. Jesus é Deus, Jesus é homem. Jesus é
Profeta, Jesus é Sacerdote, Jesus é Rei aqui na tipologia. Quando descreve a
estola diz assim: Terá duas ombreiras que se unam às suas duas
extremidades, e assim se unirá. Olha agora no v.9: Tomarás duas pedras
de ônix, e gravarás nelas os nomes dos filhos de Israel: seis de seus
nomes numa pedra e os outros seis na outra pedra segundo a ordem
de seu nascimento (Êx 28:7;9). Esse primeiro detalhe eu queria que você
notasse aqui. Nós estamos vendo que, em Hebreus, Cristo é o nosso Sumo
Sacerdote no qual nos consideramos atentamente, fixamos a nossa atenção.
Lá na figura o que esse sumo sacerdote fazia? Ele ministrava a Deus. Duas
pedras e em cada pedra escrito seis nomes. Lá em cima duas pedras de ônix
no ombro. E quando ele entrava diante de Deus, olha o que fala o v.12 - E
porás as duas pedras nas ombreiras da estola sacerdotal, por pedras
de memória aos filhos de Israel: e Arão levará os seus nomes sobre
ambos os seus ombros, para memória diante do Senhor (Êx 28:12).
Eu vou comentar somente dois aspectos para os irmãos pensarem sobre
eles, na beleza com que o Senhor arquitetou a figura para mostrar Cristo para
nós, o que Cristo fez. Porque Cristo é o verdadeiro e eterno Sumo Sacerdote,
esse aí é só uma figura. Duas pedras com seis nomes em cada pedra, seis
tribos, as doze tribos, ou seja, todo o povo de Deus. Em João 17 o Senhor
Jesus diz assim: Não rogo pelo mundo, mas pelos que me deste do mundo,
porque são teus. Imãos, não estavam escritos naquelas pedras o nome de
todas as nações, estava escrito naquelas pedras o nome de todo o povo de
Israel. Cristo morreu pela Igreja e não por todas as nações. Quando Ele
intercede por nós Ele leva nos Seus ombros o Seu povo. Não rogo pelo mundo,
mas pelos que me deste do mundo, porque estes são teus e é por eles que eu
me santifico, que eles sejam santificados na verdade! Os irmãos vejam aí a
intercessão, é o que o Sumo Sacerdote está fazendo, intercedendo pelo povo
de Deus. Não rogo pelo mundo, seis nomes em cada pedra. Ombro - fala de
poder, o poder da sua intercessão. Hebreus 7:25 diz assim: (Ele)...pode
salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus (porque Ele, Jesus,
vive) vivendo sempre para interceder por eles. Estão vendo como essa
figura torna lindo o quadro do Novo Testamento? Por que nós precisamos da
figura e da realidade? A figura vai nos dar detalhes do ministério sacerdotal de
Cristo, tão magníficos!
Êxodo 28:15 - Farás também o peitoral do juízo... Doze pedras
naquele peitoral. Quatro fileiras de três pedras. Aqui descreve quais são as
pedras e os detalhes todos. Queria que você notasse o seguinte. Ex 28:28 - E
ligarão o peitoral com as suas argolas às argolas da estola sacerdotal
(peitoral está ligado na estola, não pode se separar, porque fala dos dois
aspectos do ministério sacerdotal de Cristo: expiação e intercessão. Os
mesmos pelos quais Ele fez expiação são os mesmos pelos quais Ele intercede,
não pelo mundo todo, mas por aqueles que me deste do mundo, como ele diz
em João 17. Olha o v.28 - ligará o peitoral com as argolas da estola
sacerdotal) por cima com uma fita azul (isto aponta para esse caráter
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celestial do ministério de Cristo. É o Sumo Sacerdote que vive, que
ressuscitou, que vive para interceder por nós) para que esteja sobre o cinto
da estola sacerdotal; e nunca o peitoral se separará da estola
sacerdotal (esses ministérios de Cristo não podem ser separados). Assim
Arão levará os nomes dos filhos de Israel no peitoral do juízo (a gente
já viu que os nomes estão lá em cima, nas pedrinhas, seis de cada lado. Agora
diz que o nome também está nestas doze pedras. Lá em cima duas pedras
com seis nomes em cada uma, aqui em baixo, doze pedras um nome em cada
uma, as tribos de Israel. O v.29 diz:...Levará os nomes no peitoral do juízo)
sobre o seu coração, quando entrar no santuário, para memória diante
do Senhor continuamente (Ex 28:28-29). Levará os nomes sobre o ombro,
levará os nomes sobre o coração. Estes dois aspectos não podem ser
separados: a estola e o peitoral. Cristo realizou expiação, o Seu coração foi
rasgado na cruz por nós. A Palavra de Deus diz que o soldado abriu o Seu lado
com uma lança e saiu sangue e água. Aqueles mesmos pelos quais Ele realizou
expiação levando-os no Seu coração, por esses mesmos Ele realiza intercessão
levando-os nos Seus ombros. Ele vive para interceder por nós.
Nós temos dupla segurança no ministério sacerdotal de Cristo. Ele
morreu por nós e Ele vive para interceder por nós. Por isso nós nunca
poderemos ser abandonados ou perdidos porque estamos seguros nos ombros
do eterno Sumo Sacerdote. Esse aqui entrava e saía do Santo dos Santos. O
nosso Sumo Sacerdote entrou e se assentou. Esse aqui nunca sentava, não
tinha cadeira no Santo dos Santos. Ele não podia sentar, ele tinha que ficar
trabalhando o tempo todo. O verdadeiro Sumo Sacerdote entrou e assentou. E
assentou fala de uma obra terminada. Nós sentamos quando a obra está
concluída. A palavra assentou aparece quatro vezes no livro de Hebreus. Ele se
assentou à destra do trono da majestade porque Ele é o verdadeiro Sumo
Sacerdote. Quanto mais nós vemos a glória desse ministério sumo sacerdotal
mais nós temos segurança, mais nós adoramos o Senhor. Amém!
Vamos orar: Senhor, nós Te louvamos, Te adoramos porque o Senhor se
fez carne e habitou entre nós. Te agradecemos porque o Senhor realizou por
nós expiação e intercessão e porque aqueles que são Teus ninguém os
arrebatará da Sua mão. Obrigado, Senhor, pela glória da Tua pessoa e da Tua
obra, pela segurança que temos em Ti. Ajuda-nos a Te contemplar com mais
clareza em nossos corações para que as nossas vidas possam Te seguir
fielmente, para que a Tua glória possa ser manifestada de nós. Aplica, Senhor,
a Tua Palavra aos nossos corações, esclarecendo-nos. Te pedimos que o
Senhor possa traduzir para cada coração aquilo que as palavras simplesmente
não podem fazer. Que o Senhor conceda revelação a nós sobre a glória de
Cristo e a glória do Seu ministério. Te agradecemos e pedimos em nome de
Jesus, amém!
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