1º Encontro de Jovens Empresários de Cabo Verde

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Discurso de sua Excelência, o Primeiro Ministro, José Maria Neves, proferido na
cerimónia de abertura do 1° Encontro de Jovens Empresários de Cabo Verde
A principal riqueza de Cabo Verde sempre foram as cabo-verdianas e os caboverdianos. Os cabo-verdianos sempre tiveram que fazer muito com pouco; tiveram que
arriscar sempre, que enfrentar a natureza para sobreviver; que espalhar-se pelo mundo
em busca de oportunidades, sem recursos, sem saber a língua, e sem garantias de
sucesso.
Nos últimos trinta e cinco anos, conseguimos construir e transformar o nosso país
através da energia, criatividade, da inovação, da esperança, da perseverança e, diria
mesmo, da teimosia dos cabo-verdianos.
Um povo assim, é um povo empreendedor. Num país sem chuva, sem recursos naturais,
que enfrentou fomes frequentes, o cabo-verdiano nasce empreendedor. Temos é de criar
as condições, as oportunidades, para que essas qualidades inatas se transformem em
cultura de empreender.
Hoje, neste mundo globalizado, em que a riqueza das nações estriba-se cada vez mais
no conhecimento, tornam-se ainda mais críticas as capacidades de criar e de inovar dos
cabo-verdianos. É precisamente por isso que o Governo vem investindo fortemente no
capital humano.
Cabo Verde de hoje é um país diferente. Entramos numa nova fase de desenvolvimento
que requer um verdadeiro “upgrade” na qualidade do capital humano. E, neste quadro,
os jovens, que constituem a maioria da Nação cabo-verdiana, vão ser cruciais. Temos
que mobilizar e dinamizar o potencial da juventude, para garantir o futuro.
Cabo Verde está crescendo e novas oportunidades de negócios e auto-emprego estão
surgindo todos os dias. Novos sectores estão surgindo, como as TICs, energias
renováveis, as indústrias culturais, as finanças internacionais. Mas também temos os
sectores já consolidados e de alto crescimento como o turismo, a agricultura e o agronegócio, a construção civil, os transportes, e toda a cadeia de actividades relacionadas
com a modernização das infra-estruturas. É fundamental que os jovens aproveitem essas
oportunidades para criar empresas, fazer negócios e criar empregos.
O Governo faz uma forte aposta no empreendedorismo juvenil. Com 60 por cento da
população nacional, estamos falando de uma fonte de riqueza enorme para Cabo Verde,
requerendo um investimento forte e concentrado no empreendedorismo. De facto, é a
população jovem – entre 15 e 30 anos – que está mais apta a empenhar-se na criação de
novas empresas, especialmente quando o conhecimento e as tecnologias tornaram-se em
factores chave.
O espírito empreendedor e o empoderamento dos jovens são fundamentais num país
como Cabo Verde para fazer crescer a economia e aumentar a riqueza. Queremos
empreendedores que transformam ideias em negócios viáveis; que criam oportunidades,
que dominam as tecnologias e a inovação. Queremos empreendedores que não têm
medo do risco.
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A Agenda de Transformação depende muito do vosso papel enquanto fundadores e
gestores das novas PMEs, dos novos empreendimentos, das novas iniciativas que geram
empregos e riqueza para a sociedade. O Cabo Verde de hoje é um país de
oportunidades. Cada dia vão surgindo novas oportunidades – que estão atraindo
investidores estrangeiros. Os empresários – os jovens empresários – têm que estar
prontos e atentos para abraçarem com garra essas oportunidades de negócios.
Numa economia nacional e internacional cada vez mais baseada no conhecimento, o
sucesso económico vai depender da visão e do espírito empreendedor dos jovens
empresários – que têm um outlook diferente, que são mais inclinados a buscar e a
arriscar oportunidades no campo global, que reúnem as condições para competir numa
economia com base no conhecimento.
Por isso, saúdo a realização deste 1º Encontro de Jovens Empresários. A AJEC está de
parabéns. È reconfortante ver que aqui encontramos muitas empresas e empresários
jovens que já estão no mercado.
Este Encontro marca um momento importante na consolidação e fortalecimento do
sector privado, que queremos que seja cada vez mais forte e mais competitivo. A
Associação de Jovens Empresários de Cabo Verde tem que assumir a responsabilidade
de ser um instrumento de desenvolvimento empresarial e inovação e um interlocutor
junto de parceiros públicos e privados.
Cabo Verde aposta no crescimento económico como o meio mais eficiente para gerar
emprego e mais rendimentos para as famílias, reduzindo, assim, a pobreza. Este
crescimento só é possível através de um sector privado dinâmico, inovador e
competitivo. A iniciativa privada – a criatividade, o empreendedorismo, e a ousadia de
cada um de vocês de arriscar, de buscar, de correr atrás de novas oportunidades – é o
motor, é o elemento indispensável para realizarmos a prosperidade do país.
E o compromisso do Governo é criar um Estado eficaz, amigo e aliado do sector
privado, que trabalha para criar condições para a actuação dos operadores económicos.
É um trabalho contínuo, difícil, de curto, médio e longo prazo, e de resultados as vezes
intangíveis a curto prazo.
Temos vindo a investir no desenvolvimento das microempresas e das PMEs que é o
domínio, por excelência, de actuação do jovem empresário. A nossa estratégia visa uma
estrutura de apoio para jovens empreendedores e empresas Start-Ups, integrando (i)
políticas públicas favoráveis, (ii) capacitação e outros programas de acompanhamento, e
(iii) melhoria de acesso ao financiamento.
A nível macro assume importância extraordinária para o ambiente de negócios a
estabilidade macroeconómica e a boa governação. A marca singular do nosso percurso
na última década é a boa gestão macroeconómica – uma marca reconhecida
internacionalmente. Essa estabilidade e boa gestão macroeconómica são os
fundamentos da economia. Sem isso, não vale a pena falar em acesso ao financiamento,
não vale a pena falar de novas tecnologias e inovação, não vale a pena falar de
empreendedorismo.
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Temos avançado muito a nível institucional e de regulação económica. As agências
reguladoras já estão em funcionamento. Em geral, todo o investimento que temos feito
na modernização do Estado é orientada nesta lógica de querer melhorar as condições e
serviços públicos para que os cidadãos e as empresas possam actuar com mais rapidez e
eficiência e reduzir os custos para as pessoas e as empresas.
Lançamos uma série de medidas e programas com o objectivo de fortalecer o sector
privado e fomentar o investimento e o empreendedorismo. Por exemplo, temos hoje um
pacote de incentivos fiscais, incluindo forte redução da carga tributária para as empresas
de promotores jovens.
Com a criação da Casa do Cidadão Cabo Verde é hoje um país pioneiro em matéria de
registo e licenciamento de novas empresas – permitindo o registo oficial e a iniciação de
actividades de uma empresa em menos de uma hora. Estamos neste momento a ultimar
a simplificação do processo de licenciamento. Para um jovem empreendedor, essas
reformas representam um grande ganho em termos de eficiência e redução drástica dos
custos relacionados com a criação e a iniciação de uma empresa.
Ciente que um factor crítico para iniciar um negócio e conseguir o sucesso de novos
empreendimentos é a capacidade gerencial e organizacional, continuamos a investir nos
programas que visam capacitar e acompanhar os empreendedores jovens sobretudo na
fase de desenvolvimento da ideia e do arranque do negócio. É necessário coordenar e
focalizar melhor os programas e entidades existentes, aproveitando as sinergias e
mobilizando recursos – hoje dispersos – para sectores e iniciativas específicas. È com
esse espírito que foi criada a Agência de Desenvolvimento Empresarial e Inovação
(ADEI), que deve trabalhar em estreita ligação e parceria com o sector privado e,
especificamente, com a AJEC. Inclui-se nessa parceria o desenvolvimento de
incubadoras, que, acredito, ser um instrumento precioso para o fomento de negócios.
Os investimentos que estamos fazendo no ensino superior – nas universidades – são
fundamentais, e vão permitir a criação a longo prazo de uma base de investigação, de
ciência e tecnologia, de investigação e desenvolvimento essencial para o fortalecimento
da economia. Uma forte ligação entre o sector privado e as universidades é um pilar
essencial para o surgimento de um sistema de inovação. A este propósito importa
sublinhar o início da construção do Centro Tecnológico que será um espaço de criação e
de inovação e de encontro entre o sector público, o meio académico e o sector privado.
Já lançamos a Escola de Negócios e Governação (ENG) da Universidade Pública de
Cabo Verde (UNICV), com a missão de formar os novos líderes empresariais, e
capacitar uma “classe gerencial” e os recursos humanos com as habilidades necessárias
nesta nova fase do desenvolvimento do país. Constatamos com satisfação que as
universidades privadas já vêm trilhando esse caminho. Isso é muito encorajador porque
é preciso introduzir o empreendedorismo e o empoderamento nos curricula.
O Governo vem investindo fortemente na formação profissional e qualificação de mãode-obra. Temos centros de formação profissional e escolas técnicas em vários
municípios, a formação profissionalizante está a ganhar espaço tanto nos liceus como na
UNI-CV, graduando jovens com habilidades e conhecimentos para se inserirem no
mercado de trabalho. O que desejamos é ir mais longe e ter jovens prontos para
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lançarem um negócio próprio, e aproveitarem as oportunidades que já existem na
economia ou explorar novos nichos.
Lançamos já o programa emprego jovem e coesão social, estão em fase de lançamento,
o Novo Banco, o Fundo de Garantia Mútua, o Fundo de Apoio a Pequenos Negócios.
Temos, agora, de alargar a AJEC a toda a Nação Global cabo-verdiana. Há na diáspora
uma extraordinária rede de empresas e de competências de jovens cabo-verdianos da
segunda e terceira gerações que deverão ser mobilizados para o reforço da AJEC e para
a densificação do tecido empresarial cabo-verdiano.
Ainda, há dias fiquei extraordinariamente impressionado com um encontro que tive em
Roterdão, com jovens empresários, jovens académicos e lideres associativos caboverdianos e que têm uma visão extraordinariamente grande, do desenvolvimento de
Cabo Verde, mas fundamentalmente do desenvolvimento do sector privado,
desenvolvendo áreas como o empreendedorismo e o “empoderamento” e, mostrando-se
totalmente disponíveis para trabalharem em Cabo Verde.
Temos de poder alargar a nossa capacidade de mobilização a essas capacidades, a essas
competências, a essa rede grande que está a surgir em Roterdão, em Paris há o
“Business Club”, a “Cape-Verdean American Business Organization” de Boston que
mobiliza os empresários cabo-verdianos nos Estados Unidos, que são iniciativas a todos
os títulos louváveis.
Estamos a preparar uma legislação sobre estágios profissionais de jovens da diáspora
nas instituições públicas e privadas em Cabo Verde e a discutir com os países de
acolhimento, acabo de dicutir estas questões com o Primeiro Ministro Juncker de
Luxemburgo, dizia, discutir com os países de acolhimento mecanismos de fomento e
apoio a iniciativas empresariais de jovens que queiram investir no seu país de origem.
Esta vertente poderá ser uma nova vertente dos Planos Indicativos de Cooperação
(PIC´s,) ou seja, disponibilizarmos parte dos “Budget” dos PIC´s para fomentar e
financiar iniciativas empresariais de jovens cabo-verdianos na diáspora aqui em Cabo
Verde.
Estamos também a trabalhar para lançar o Corpo Nacional do Voluntariado, visando a
mobilização das competências e das disponibilidades, particularmente dos jovens, nas
ilhas e na diáspora, para acelerarmos o ritmo de transformação de Cabo Verde num país
moderno e competitivo.
O futuro depende do esforço, da criatividade, da iniciativa e do sonho dos jovens
empresários; visão e ousadia para arriscar, para inovar, para procurar novos horizontes.
Visão e ousadia para ver, perceber e antecipar as novas oportunidades.
O que queremos é construir um Cabo Verde de todos, sem fronteiras, sem limites.
Dêem asas à vossa imaginação. O Governo é um parceiro e podem contar com ele.
Muito obrigado.
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