ANO 6 – NÚMERO 57 – MARÇO DE 2017 • PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS A conjugação de fatores determinantes das variações nos níveis de preços tem se mostrado extremamente favorável à queda observada nas últimas taxas mensais de inflação medidas pelo IPCA. Se por um lado a trajetória decrescente observada nessas taxas desde meados do ano passado gera benefícios generalizados sobre os diversos agentes e atividades econômicas, pelo outro, ela tem sido também reflexo de significativas reduções de demanda, resultantes da elevada taxa de desemprego observada no país nos últimos anos. Os dados referentes ao setor externo, embora relativos a outras economias, também refletem a trajetória recessiva atual da economia brasileira. Obtivemos um grande saldo em nossa Balança Comercial, mas ele se deve mais à queda da demanda interna influenciando na redução de nossas importações, do que em uma ainda leve retomada de exportações. Estas, aliás, cada vez mais dependentes de produtos básicos e não de produtos industriais, pois a indústria brasileira foi sendo destruída após anos de abertura comercial e moeda valorizada. Agora tem-se o problema das exportações de carne, onde somos altamente competitivos, com o risco de perdermos esta posição pela divulgação exacerbada de problemas relativos a uma ínfima parte desta produção. 2 – INFLAÇÃO BAIXA: POR QUÊ NÃO COMEMORAR? Prof. Flávio Riani O atual governo brasileiro foi premiado com uma trajetória decrescente nos níveis de preços sem que tivesse implementado qualquer política sua voltada para tal. Para sorte dos atuais “governantes” o país tem apresentado taxas mensais de inflação inferiores às observadas em períodos idênticos recentes. Indiscutivelmente taxas baixas de inflação são desejadas em quaisquer circunstâncias devido aos efeitos positivos que causam sobre previsibilidade, manutenção do poder de compra, etc. Porém, tais benefícios não têm sido extensivos a todos os indivíduos da sociedade na medida em que grande parte dos contribuidores dessas taxas não pode aproveitá-las na sua totalidade uma vez que, mesmo fazendo parte da força do trabalho, compõem a elevada taxa de desemprego que tem caracterizado o país nos últimos anos. – EXPEDIENTE – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler – Dom Walmor Oliveira de Azevedo | Reitor – Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães | Vice-Reitora – Professora Patrícia Bernardes | Assessor Especial da Reitoria – Professor José Tarcísio Amorim | Chefe de Gabinete do Reitor – Professor Paulo Roberto Souza | Chefia do Departamento de Economia – Professora Ana Maria Botelho | Coordenação do Curso de Ciências Econômicas – Professora Ana Maria Botelho | Coordenação Geral – Professor Flávio Riani e Professor Ricardo F. Rabelo Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 103 | Avenida Dom José Gaspar, 500 | Bairro Coração Eucarístico CEP: 30535-901 | Tel: 3319.4309 | www.pucminas.br/iceg/conjuntura | [email protected] Ressalte-se que, também nesse quesito, o atual governo tem sido ineficiente e incapaz de reverter à situação ao não apresentar alternativas para minimizar ou estancar a elevação dessa taxa. As diminuições nas variações das taxas de desemprego observadas mais recentemente são fruto do próprio mercado, cujos interesses são ainda os de obterem lucros abusivos característicos de vários segmentos da economia brasileira. 2.1 – PRINCIPAIS CAUSAS DA BAIXA NAS TAXAS DE INFLAÇÃO As recentes diminuições nas taxas de inflação no país têm sido consequência de fatores sobre os quais os governantes atuais tiveram pouca participação nesse processo. De um modo geral essa trajetória foi consequência de três fatores básicos: desemprego, câmbio e baixo nível de investimentos, sobretudo governamental. A elevação das taxas de desemprego no país geram, como resultado, diminuição no poder de compra da sociedade através da queda nominal e real da massa salarial com efeitos diretos sobre a demanda, contribuindo sobremaneira para a queda nos preços. As recentes valorizações do real também contribuíram para a queda da inflação na medida em que diminuem os preços de materiais e equipamentos importados, influenciando de forma positiva nos custos dos produtos e consequentemente na redução ou manutenção dos preços desses bens. Por fim, as reduções nos investimentos, sobretudo os públicos, também exercem influência nas taxas de inflação através da redução da demanda. Diga-se de passagem que, em se tratando dos investimentos públicos, tal procedimento não tem sido uma opção de governo, mas sim insuficiência de recursos financeiros para tal. 2.2 – Taxas de Inflação Mensais e Acumuladas. Conforme mencionado no item anterior, as taxas recentes de inflação medidas pelo IPCA têm apresentado valores bem abaixo das alcançadas recentemente. Tal constatação pode ser inicialmente observada por intermédio do gráfico 1. Nele observa-se que a taxa de 0,33% registrada em fevereiro foi inferior à apurada em janeiro e praticamente 30% daquela relativa ao mesmo mês do ano anterior. Gráfico 1 -Taxa Mensal de Inflação IPCA % Brasil 1,00 0,90 0,80 0,60 0,40 0,33 0,38 0,20 0,00 fevereiro/2017 Janeiro/2017 Fevereiro/2016 Os resultados acumulados dessas taxas recentes de inflação estão destacados no gráfico 2. Nele são apresentados os valores da inflação acumulada no ano e aquelas acumuladas nos últimos 12 meses até o mês de fevereiro. No que se refere às primeiras taxas nota-se a significativa queda ocorrida quando se compara os valores anuais acumulados até fevereiro de 2017 relativamente aos valores registrados até o mesmo mês em 2016. A queda é também observada no acumulado dos últimos 12 meses com a taxa acumulada até fevereiro de 2017 bem próxima à meta de 4,5% estabelecida pelo governo nos últimos anos. Gráfico 2 -Taxa de Inflação Acumulada IPCA Brasil 4,76 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 5,35 2,18 0,71 Acumulado até Acumulado até fevereiro de fevereiro/2016 2017 Acumulado Acumulado últimos 12 últimos 12 meses até meses até Fevereiro/2017 fevereiro/2016 Através das informações contidas no gráfico 3 pode-se observar a trajetória das taxas de inflação medidas pelo IPCA comparativamente às metas estabelecidas pelo governo. Gráfico 3 - Brasil - IPCA Acumulado 12 meses até fev. 2017 e metas 2017 12,00 11,50 11,00 10,50 10,00 9,50 9,00 8,50 8,00 7,50 7,00 6,50 6,00 5,50 5,00 4,50 4,00 4,75 Fonte: IBGE Tomando-se como referência os valores do gráfico 3 percebe-se que, ao longo do período nele destacado, as taxas acumuladas atuais são as que mais se aproximam da meta de inflação. Pelos indicativos que se tem até agora, provavelmente em 2017 teremos pela primeira vez taxas de inflação inferiores à meta. Como já foi amplamente discutido, até mesmo nas cartas de conjunturas anteriores, o descolamento ocorrido entre janeiro de 2015 até meados de 2016 foi fortemente influenciado pelas elevações nos preços administrados pelo governo ocorrido no período. 2.3 – TAXAS DE INFLAÇÃO REGIONAIS Como se sabe as taxas de inflação são diferentes por segmentos, bens, produtos, atividades, etc e também por região. Assim, o gráfico 4 destaca as taxas de inflação acumuladas em 12 meses até fevereiro de 2017 nas 13 regiões nas quais os índices são apurados. Gráfico 4 -Brasil - IPCA por Regiões Acum. 12 meses até Fevereiro 2017 8,00 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 6,33 4,76 6,92 5,35 2,98 Fonte: IBGE As taxas que compõem o gráfico 4 revelam grande concentração de valores próxima ao valor médio apurado. Os maiores desvios ocorreram nas regiões metropolitanas de Fortaleza e Campo Grande, enquanto em Curitiba e Goiânia os valores apurados foram significativamente inferiores. 2.4 – TAXAS DE INFLAÇÃO POR GRUPOS As taxas de inflação medidas pelo IPCA por grupos econômicos revelam as variações ocorridas nos principais elementos de consumo da sociedade. As taxas acumuladas por grupos, em 12 meses, até fevereiro de 2017 estão destacadas no gráfico 5. Gráfico 5- Brasil - IPCA Por Grupos Acumulado últimos 12 meses até FEVEREIRO 2017 12,00 10,00 10,44 7,95 8,00 6,72 4,76 6,00 4,00 2,00 1,68 0,00 Diferentemente dos resultados dos índices regionais, do ponto de vista dos grupos de consumo há grande disparidade entre as taxas neles apuradas.Chama a atenção os grupos com taxas superiores à média por se tratarem de segmentos importantes para a sociedade, sobretudo educação e saúde e cuidados pessoais. 3 - SETOR EXTERNO: GRANDES SALDOS COMERCIAIS GERADOS PELA RECESSÃO E COMPETITIVIDADE EM RISCO Prof. Ricardo Rabelo De acordo com o MDIC, as exportações brasileiras ultrapassaram as importações em US$ 47,69 bilhões em 2016. Apesar do grande saldo, em 2016 houve queda das exportações brasileiras em 3,18% ao se comparar com 2015, quando registraram US$ 191,13 bilhões. O superávit foi viabilizado pela queda ainda maior das importações: 19,78%, de US$ 171,45 bilhões em 2015 para US$ 137,55 bilhões em 2016. Essa redução das importações está fortemente vinculada à atual recessão, que implicou na queda da demanda por produtos e serviços produzidos no exterior. O Câmbio foi também um fator dessa queda, pois desvalorizou o real em 2016, tornando os produtos importados mais caros. Outro influência importante foi o superávit na chamada conta petróleo. Em 2015 essas conta petróleo havia tido um déficit de US$ 5,73 bilhões. Os principais fatores desse superávit foram: o baixo preço do petróleo no mercado internacional, o aumento das nossas exportações de petróleo e derivados e a redução nas importações de petróleo também devido à recessão interna em 2016. Em 2016, a conta do investimento direto registrou saldo de US$78,9 bilhões, representando 4,36% do PIB. A conta de serviços registrou despesas líquidas de US$30,4 bilhões, uma redução de 17,5% em relação ao ano anterior, com importantes quedas de 34,1% nas despesas líquidas de transportes e 26,4% em viagens, respectivamente. A conta de renda relativa à remessa de juros e lucros registrou expressivo déficit de US$41,1 bilhões, queda de 3,1% em relação a 2015. Gráfico 6 Balança Comercial Brasil - 2014 - 2017 250 200 150 Exportação Importação Saldo US$ Milhões 100 50 0 -50 2014 2015 2016 2017 Anos FONTE: MDIC 2017 – Janeiro e Fevereiro Em 2016, os ingressos líquidos da conta de transações unilaterais chegaram a US$3,0 bilhões, crescimento de 8,7% em relação ano anterior. O fluxo de aplicações líquidas no exterior atingiu US$7,7 bilhões, redução de 42,6% com relação a 2015. 3-1 RECUO NA REPRIMARIZAÇÃO? Ao analisarmos a evolução das exportações brasileiras evidencia-se um processo de reprimarização, já que a participação relativa dos produtos industriais exportados tem sido reduzida consideravelmente. Essa reprimarização é fruto do processo de especialização regressiva da estrutura industrial nacional que se volta aos segmentos intensivos em recursos naturais. Esse processo de especialização regressiva da industrial nacional está diretamente ligado ao avanço do processo de desregulação e liberalização das esferas comercial, produtiva e financeira da economia brasileira. As exportações de bens industrializados, com maior valor agregado, cresceram em 2016 na comparação com 2015. Esses bens, divididos em manufaturados e semimanufaturados, registraram elevação de 1,2% e 5,2% nas vendas, respectivamente, em relação a 2015. Houve crescimento das vendas de produtos como automóveis, aviões, suco de laranja e açúcar. No conjunto, no entanto, esta a elevação ficou abaixo do esperado. Essa tendência positiva das exportações de industrializados contrasta com o restante das exportações, já que a soma das vendas externas teve redução de 3,5% na média diária, comparando-se 2016 com o ano anterior. Essa redução foi provocada pelos produtos básicos, que tiveram suas exportações reduzidas em 9,6% em 2016 com relação ao ano anterior. A razão principal foi a redução nos preços das commodities, resultando em redução da renda obtida pelos exportadores brasileiros na exportação dessa categoria de produtos. O motivo pelo qual a balança comercial brasileira obteve, em 2016, o maior superávit da série histórica no valor de US$ 47,69 bilhões resulta do fato de que houve ainda maior redução das importações do que das vendas externas. Em razão da recessão e da reduzida demanda interna, as importações recuaram 20,1%. No contexto atual da economia brasileira, é fortemente positivo o crescimento das exportações de industrializados. Realmente, a participação do grupo na pauta de exportações cresceu de 51,9% em 2015 para 55% em 2016, do total exportado. É preciso ressaltar, no entanto, que foram as plataformas de exploração de petróleo e gás, o bem manufaturado que mais favoreceu a alta nas exportações do grupo. A média diária exportada do item cresceu 86,9% em 2016 na comparação com o ano anterior. Na verdade essas plataformas não são exportadas, mas compradas de fornecedores brasileiros por subsidiárias no exterior. Já o aumento da exportação de automóveis, é resultado do desaquecimento interno e não dos propalados acordos automotivos. A redução das vendas internas de veículos levou o mercado argentino a importar mais. Por outro lado, no ano em que o real superou R$ 4, o reflexo nas exportações brasileiras foi muito reduzido. Na verdade, o saldo da balança comercial foi positivo por causa de queda das importações. Dessa forma o que está havendo é um aprofundamento da especialização regressiva porque o país está importando menos equipamentos e bens de capital, necessários para permitir avanços na qualidade dos produtos brasileiros. 3-2 SALDO NA BALANÇA COMERCIAL DE FEVEREIRO: CONTINUA PREPONDERÂNCIA DOS BÁSICOS O saldo da balança comercial em fevereiro chegou a US$ 4,6 bilhões, o maior valor para este mês, devido a exportações de US$ 15,5 bilhões e importações de US$ 10,9 bilhões. No acumulado do ano, o saldo de janeiro e fevereiro chega a US$ 7,3 bilhões. Na verdade o saldo comercial de fevereiro apresentou um crescimento expressivo resultante do aumento de 27% nas exportações, comparado ao mês anterior, enquanto as importações cresceram somente 3% na mesma base de comparação. Já o avanço das exportações em fevereiro, de 16% em relação ao mesmo mês de 2015, foi devido ao grande crescimento das exportações de produtos básicos, de 40,5% na mesma base de comparação. No acumulado do ano, as exportações totais registram uma alteração ainda mais expressiva, de 23,6%, enquanto os básicos crescem 41,7%. Nesse sentido, toda a retomada recente das exportações é resultado do crescimento dos básicos a partir de novembro, ou seja, da continuidade da reprimarização da pauta exportadora brasileira. Dessa forma, o nível das exportações de básicos já é equivalente ao registrado no inicio de 2014, o que reforça a ideia de que esse comportamento deve ter continuidade. Na verdade, o bom desempenho dos básicos resulta de um conjunto de bens e não somente de poucos produtos. No acumulado do ano, têmse mmmm grandes variações (pelas médias diárias) em petróleo bruto (182,5%), minério de ferro (124,5%), soja em grão (99,9%), carne suína, (49,6%) e carne de frango (28,8%). As importações tiveram desempenho positivo nos últimos meses. Em fevereiro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o crescimento foi de 5,9% e teve como principais fatores a variação positiva de 27,8% dos combustíveis (devido ao aumento de preços) e, também, o aumento de 10,2% dos bens intermediários.Por outro lado, as outras categorias mantiveram uma forte queda. No acumulado do ano, o crescimento foi de 12,0%, também resultante dos bens intermediários e pelos combustíveis. As importações de bens intermediários registraram aumento desde janeiro de 2016, sem alterações significativas, com exceção de uma pequena queda em fevereiro. Por outro lado, há também a redução em 26,6% das importações de bens de capital. Já as importações de bens de consumo, a apresentam, depois de manter-se em queda por muito tempo, uma certa estabilidade. Gráfico 7 Exportações Por Valor Agregado – Brasil - Fevereiro de 2016/2017 24580,5 25000 20000 US$ Milhões 15472 15000 fev/16 fev/17 10000 7366 5540,4 5548 5242,8 5000 2283,1 2205 0 Básicos Semimanufaturados Manufaturados Total Categorias Fonte:MDIC Como já observamos em Cartas anteriores, o desempenho das exportações resulta tanto do aumento dos preços quanto das quantidades. Nesse período atual, os preços das exportações tem seu crescimento relacionado diretamente com o aumento de preços dos produtos básicos. Entre março do ano passado e janeiro deste ano (último dado disponível), os preços das exportações tiveram crescimento de 22%, ao mesmo tempo em que os dos básicos aumentaram 37%. Esse comportamento é muito influenciado pela significativa alta dos preços do minério de ferro, que tiveram aumento de 100% entre fevereiro de 2016 e o mesmo mês de 2017, e dos do petróleo em bruto, que já atingem o valor de US$ 60,00 no mercado internacional. Ainda assim, os preços em geral ainda permanecem em um patamar abaixo dos valores atingidos em 2011. Calcula-se que essa tendência de alta não se mantenha nos próximos meses, tendo em vista a situação atual da economia mundial. Recorde-se que em termos de quantum, após um bom período de elevação, voltou a haver uma queda a partir de abril do ano passado. No entanto, desde novembro de 2016, houve uma nova onda de alta devido, principalmente, aos básicos e semimanufaturados. E, em janeiro, os básicos cresceram 35% na comparação com outubro de 2016. Por outro lado, o crescimento das importações é resultado, basicamente, da elevação das quantidades importadas de bens intermediários. Esse crescimento é relevante entre produtos agrícolas e produtos alimentícios, mas envolve todos os principais componentes. Dessa forma, vêse que os bens de consumo voltam a crescer sob influência da valorização da moeda. 3-3 - A IMPORTÂNCIA DAS CARNES NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS As operações policiais desencadeadas recentemente colocando em dúvida a qualidade da produção de carnes brasileira já estão tendo efeitos danosos às exportações do país, tendo sido anunciadas suspensão de importações por vários tradicionais importadores da carne brasileira. Acreditava-se que a importância das exportações de carnes brasileiras fosse de conhecimento amplo e se tivesse natural cuidado operações deste tipo. Nos últimos anos a economia sofreu grandes prejuízos com o mesmo tratamento dado à Petrobrás e grandes empreiteiras brasileiras, o que levou a significativa redução do crescimento do PIB neste período, como mostram estudos realizados por várias agências especializadas. As carnes são um dos principais produtos (básicos) exportados pelo Brasil. De acordo com o MDIC, no período de 2012-2017 , as carnes ficaram em terceiro lugar, sendo superadas apenas pela soja e minérios de ferro; e sua participação tem aumentado nos últimos anos . No total, as exportações passaram de US$ 14,4 bilhões nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2013 para US$ 13,3 bilhões no período encerrado em fevereiro de 2017, representando 6,9 % das exportações totais do país. A queda se deveu fundamentalmente à redução do preço destas commodities no mercado mundial. Tabela 1 Fonte e elaboração: IPEA Em termos de mercados compradores, Rússia, China e países árabes representam os mais importantes destinos das nossas exportações desses bens. O Brasil é também um dos maiores exportadores mundiais, quando se leva em conta o total dos três produtos. Com base nesta análise, em 2015 o Brasil se tornou o segundo maior exportador, atrás apenas dos Estados Unidos. Essa situação se deve basicamente às exportações de carne de frango, em que temos o primeiro lugar, com 27% do total, seguidos bem atrás pelos Estados Unidos, com 15%. No que diz respeito à carne bovina, o Brasil aparece em terceiro lugar, com 11%, e os maiores concorrentes são Austrália, com 16%, e Estados Unidos, com 12%. Já na carne suína, o Brasil tem menor pesos, com 5% e em oitavo lugar; os maiores exportadores são Estados Unidos, Alemanha e Espanha. A análise mostra que nestes mercados a competição é muito forte e uma divulgação feita por autoridades brasileiras de que há problemas básicos de qualidade do produto pode causar prejuízos permanentes e de grande valor nas nossas exportações. Os dados mostram que as exportações brasileiras de carnes, de US$ 13,3 bilhões nos últimos 12 meses, são uma parte importante do conjunto de nossas exportações totais sendo o Brasil um dos maiores exportadores mundiais destes produtos. Isso pode, inclusive, afetar a tendência recente de retomada de exportações dos produtos básicos e ter efeitos importantes sobre a competitividade externa das exportações brasileiras.