Luiz césar nazário Scala Prof. Associado da Fac. de Medicina da Univ. Fed. de Mato Grosso (UFMT) - Brasil coordenador de Pós-Graduação em epidemiologia cardiovascular - instituto de Saúde coletiva - UFMT coordenador da Unidade de Hipertensão Arterial do Hospital Universitário Júlio Müller - UFMT doutor em Medicina (cardiologia) pela Univ. Fed. de São Paulo (UniFeSP) - Brasil especialista em Hipertensão Arterial pela Sociedade Brasileira de Hipertensão A importância e o controle do sobrepeso e da obesidade Palavras-chave: Hipertensão arterial; Obesidade; Tratamento não farmacológico; Atividade física Resumo A obesidade atingiu proporção epidêmica em muitos países do mundo. Sob o ponto de vista de saúde pública as consequências dessa epidemia são muitas, desde a elevada morbidade e mortalidade cardiovascular, até o elevado custo socioeconômico. existe forte associação entre obesidade-hipertensão e outros fatores de risco cardiovascular. A relação entre aumento de peso e aumento da pressão arterial ocorre em adultos e adolescentes. controlar a obesidade significa reduzir o risco cardiovascular em cascata, com melhora das alterações metabólicas e redução da pressão arterial. O sucesso do tratamento não farmacológico da obesidade depende, essencialmente, da adesão a um estilo saudável de vida fundamentado em duas estratégias: planejamento alimentar e atividade física. Boas escolhas alimentares implicam em melhora da saúde em geral, mais longevidade e melhor qualidade de vida. Algumas dietas como a dASH e a Mediterrânica, das mais saudáveis do mundo, são importantes pelo elevado teor de gordura monoinsaturada e por estarem associadas a índices mais baixos de mortalidade cardiovascular. Se o objetivo é prescrever atividade física para a saúde, o indivíduo adulto deve acumular pelo menos 30 minutos de atividade física moderada em, pelo menos, cinco dias por semana, de maneira contínua ou acumulada. Quando o objetivo é recomendar atividade física para controle da obesidade a duração deve ser de 60 minutos por dia. Sempre que possível, a obesidade deve ser abordada de forma multidisciplinar. Obtido o sucesso, deve-se estimular o acompanhamento dos indivíduos com o objetivo de evitar novo ganho de peso. Introdução O excesso de peso é um importante fator de risco relacionado à hipertensão arterial sistêmica (HA), hipertrofia ventricular esquerda (HVe), dislipidemias, eventos vasculares trombóticos, insuficiência cardíaca, apneia do sono, entre outras condições. A HA compõe, frequentemente, uma condição clínica em que coexistem um agregado de alterações antropométricas (obesidade central) e metabólicas (hiperglicemia e/ou intolerância à glicose e dslipidemia), com maior prevalência do que na população geral, denominada síndrome metabólica1 . nas últimas décadas, a obesidade aumentou de forma alarmante no mundo, atingindo cifras de uma pandemia da sociedade moderna. Segundo a Organização Mundial de Saúde o excesso de peso atinge 1,4 bilhão de adultos com idade ≥ 20 anos, entre os 19 Nº32 Abr-Jun 2014 Pág. 19-32 quais 200 milhões de homens e 300 milhões de mulheres são obesos2,3. Nos EUA 65% dos adultos são obesos ou têm sobrepeso. No Brasil, onde quase metade da população adulta está acima do peso, a obesidade miológicos. O estado nutricional de um indivíduo pode ser facilmente avaliado por meio do IMC e da circunferência abdominal. Os critérios de sobrepeso, obesidade e obesidade mórbida são definidos, respectivamente, por Controlar a obesidade significa controlar o risco cardiovascular em cascata têm se elevado em todos os grupos étnicos, faixas etárias e gênero, em especial entre crianças e adolescentes. Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o excesso de peso em homens adultos aumentou de 18,5% para 50,1% em poucos anos (de 2006 a 2010), e em muheres de 28,7% para 48% no mesmo período. Em Cuiabá, Mato Grosso (Brasil), estudo epidemiológico de base populacional, de nosso grupo, revelou que 70,8% dos hipertensos tinham diagnóstico de síndrome metabólica, com significativa associação com índice de massa corporal (IMC) superior a 25 Kg/m2 e circunferência abdominal aumentada1. Em Portugal, a prevalência de excesso de peso atinge 31,5% das crianças de 7 a 9 anos, 54,0% dos homens e 46,0% das mulheres4,5. Resultados de uma extensa revisão, confirmam o excesso de peso e a obesidade como graves problemas de saúde pública em crianças e adolescentes portugueses, sendo necessário reprimir esta epidemia e inverter a situação o mais rapidamente possível6. Sob o ponto de vista de saúde pública, a obesidade resulta um gasto muito alto, principalmente pelo fato de esta estar relacionada com um grande número de doenças e fatores de risco para a doença cardiovascular. A pressão arterial (PA) é fortemente correlacionada com o índice de massa corporal (IMC), fato amplamente evidenciado em estudos de base experimental, clínicos e epide20 IMC ≥ 25 Kg/m2, ≥ 30 Kg/m2 e ≥ 40 Kg/m2. As metas antropométricas desejáveis são IMC < 25 Kg/m2 e circunferência abdominal < 102 cm para os homens e < 88 cm para as mulheres. Valores acima desses pontos de corte estão associados a aumento de risco cardiovascular. Como meta intermediária, deve ser atingida a redução de 5 a 10% do peso inicial, taxas que reduzem a PA e múltiplos fatores de risco. A classificação do estado nutricional de um indivíduo, de acordo com o IMC, está expressa na Tabela 1. Tabela 1 Classificação do estado nutricional de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC) IMC - Kg /m2 Diagnóstico Nutricional 18,5 – 24,9 Eutrofia 25,0 – 29,9 Obesidade grau I 30,0 – 34,9 35,0 – 39,9 ≥ 40,0 Sobrepeso Obesidade grau II Obesidade Grau III (obesidade mórbida) IMC = Índice de Massa Corporal. O controle da obesidade significa redução de risco cardiovascular em cascata. Ou seja, a redução do peso resulta na melhora de outros fatores de risco cardiovascular, tais como a hipertensão, a dislipidemia e o diabete. Relação entre obesidade e hipertensão A relação entre aumento de peso e PA é quase linear, sendo observada em adultos e adolescentes7. No estudo INTERSALT, com população amostral de mais de 10 mil homens e mulheres, observou-se correlação positiva entre IMC e pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), independentemente de variáveis como idade, tabagismo e taxa de excreção de sódio8. O impacto da obesidade no sistema cardiovascular é conhecido desde a antiguidade, e sobre a PA desde o início do século XX. Hipertensão e obesidade são doenças resultantes da interação de variáveis am- uma coorte de Framingham, com seguimento prospectivo de 44 anos, revelou que o sobrepeso e a obesidade estão diretamente relacionados com 26% dos casos de hipertensão nos homens e 28% nas mulheres, além de 23% dos casos de doença arterial coronária nos homens e 15% nas mulheres) 12. Outra coorte de Framingham, mostrou que pacientes com IMC ≥ 30 Kg/m2 apresentaram risco 50% maior de cursar com PA não controlada, comparados àqueles com IMC normal13. A obesidade é considerada um dos principais fatores que dificultam o controle da PA em casos de hipertensão resistente14,15. O estudo HYDRA, de corte transversal Os principais mecanismos apontados são: hiperatividade simpática, resistência à insulina, hiperatividade do sistema SRAA, alterações de adipocinas e de AG no tecido adiposo, disfunção endotelial e prejuízo da natriurese por alterações da medula renal bientais e genéticas, ambas poligênicas e de fisiopatologia complexa, com significativa participação de fatores raciais, demográficos, sociais, neuro-hormonais e relacionados ao gênero8. O excesso de peso se associa com maior prevalência de hipertensão desde idades jovens7. Na vida adulta, mesmo em indivíduos fisicamente ativos, o incremento de 2,4 Kg/m2 no IMC aumenta o risco de incidência de hipertensão. Em adultos, a obesidade central é fortemente associada com pressão arterial9. Em 1967, o estudo Framingham mostrou uma relação causal e direta entre obesidade e aumento do risco de hipertensão10. Em 1983 uma coorte desse estudo, com 26 anos de seguimento, mostrou que a obesidade é um fator de risco independente para a incidência de doenças cardiovasculares especialmente em mulheres11. Em 2002 (N= 45.125), mostrou que indivíduos com IMC ≥ 40 Kg/m2 apresentaram risco, respectivamente, de 3,2 e 5,3 vezes maior de receber tratamento com três ou quatro fármacos anti-hipertensivos para o controle da PA, comparados aos indivíduos com peso normal (IMC ≤ 25 Kg/m2)16. A prevalência de HVE foi estudada em um grupo multiétnico de crianças e adolescentes hiipertensos17. Observou-se associação entre aumento do IMC e taxas mais elevadas de massa de ventrículo esquerdo. A HVE ocorreu com frequência mais elevada em crianças hispânicas hipertensas com aumento do IMC, comparadas aos outros grupos étnicos. Os autores destacaram a importância de se prevenir e tratar a obesidade para reduzir o risco cardiovascular em crianças hispânicas, sugerindo novas avaliações em populacões multiétnicas.17 21 Nº32 Abr-Jun 2014 Pág. 19-32 Fisiopatologia da obesidade associada à hipertensão Os mecanismos da obesidade associada à hipertensão são complexos e ainda não completamente esclarecidos. Mas, de um modo geral, a literatura tem demonstrado uma hiperativação simpática em um grande grupo de indivíduos portadores dessas patologias, de grande impacto sobre a saúde individual e coletiva18. estimular o apetite, ganho de peso e aumento da atividade simpática19. Paralelamente a hiperinsuflinemia promove proliferação celular, hipertrofia e remodelamento vascular, ateroesclerose19. A hiperatividade simpática, uma das principais vias na hipertensão do obeso, é mais frequente em indivíduos com obesidade central do que periférica15. Além dos efeitos no controle do apetite e do metabolismo, a leptina aumenta A redução da ingestão de sódio entre 20 e 40 meq/dia é capaz de reduzir o peso isoladamente, além de potencializar a queda da PA Os principais mecanismos apontados são: hiperatividade simpática, resistência à insulina (a qual é atribuída um papel central), hiperatividade do sistema renina-angio-tensina-aldosterona (SRAA), alterações do perfil de liberação de adipocinas e de ácidos graxos pelo tecido adiposo, disfunção endotelial, além do prejuízo da natriurese causados por alterações estruturais e funcionais da medula renal15. • Aumento da atividade simpática, resistência insulínica, sistema renina-angiotensina-aldosterona Parece ocorrer uma relação do tipo círculo vicioso entre ganho de peso, aumento da atividade simpática, resistência à insulina e hipertensão. O ganho de peso resulta em aumento da atividade simpática, resistência à insulina e hiperinsulinemia. Em nível renal a hiperinsulinemia estimula a secreção da aldosterona por meio da ativação do SRAA, promove a reabsorção tubular de sódio e água e, consequentemente, vasoconstrição-hipertensão. Essa sequência é retro-alimentada pela tendência da hiperinsulinemia 22 a atividade simpática por ação direta no hipotálamo e, em experimentos de animais obesos, também em nível renal, podendo ser o elo entre obesidade e atividade simpática20. O tecido adiposo possui a capacidade de sintetizar todos os componentes do SRAA. O acúmulo da adiposidade visceral está diretamente envolvido na gênese de um processo inflamatório e aterogênico. Em humanos o tecido adiposo é capaz de secretar antiogensionogênio, angiotensina I (AI) receptor de angiotensina I (rAI), enzima conversora da angiotensina e receptor de angiotensina II (rAII). Em obesos o tecido adiposo visceral parece secretar maior quantidade de AI e rAI comparado ao tecido adiposo subcutâneo21. A AII estimula a diferenciação de adipócitos e a lipogênese, no momento da conversão da AI em AII, com participação no processo de acúmulo de gordura corporal. Além disso, a AII possui intenso papel aterogênico com estímulo direto à produção de moléculas de adesão e do fator estimulador de colônia de macrófagos no endotélio, aumento do metabolismo de óxido nítrico em radicais livres, aumento da atividade plaquetária e da expres- são de PAI-I. Assim, a elevada concentração de AII em obesos pode ser mais um elo na relação obesidade-hipertensão e doenças cardiovasculares21. • Fatores hemodinâmicos, disfunção endotelial, apneia obstrutiva do sono Hemodinamicamente os hipertensos-obesos cursam com aumento do débito cardíaco, da volemia e aumento desporporcional da resistência periférica. A expansão da volemia ocorre pelo aumento da retenção de sódio e líquidos pelo rim. A retenção de sódio em nível elevado desloca a curva de natriurese periférica, com necessidade de uma PA maior que o normal para manter o balanço entre a ingestão-excreção de sódio nesses pacientes22. Outro tipo de círculo vicioso ocorre também em nível renal. O aumento da reabsorção tubular de sódio produz uma resposta compensatória caracterizada pelo aumento da taxa de filtração glomerular. O curso da obesidade promove, sucessivamente, aumento da PA, hiperglicemia, dislipidemia, produção de fatores pró-inflamatórios, disfunção endotelial, lesão renal, deslocamento da curva de natriurese pressórica e aumento da PA, fechando-se assim o círculo vicioso. A disfunção endotelial desempenha importante papel na relação obesidade-hipertensão. Corresponde a um desequilibrio na produção endotelial de mediadores que regulam o tônus vascular, agregação plaquetária, coagulação e fibrinólise, sendo o tônus vascular o aspecto mais estudado. A disfunção endotelial, associada à obesidade promove piora dos fatores de relaxamento dependente do endotélio (EDRF), e redução da biodisponibilidade de óxido nitrico. Por meio desses mecanismos, ocorre aumento do tonus vasomotor, redução na vasodilatação, estado de hipercoagulabilidade e predisposição à hipertensão, doença cardio-vascular e trombose23. A hiperinsulinemia, dislipidemia e a disfun- ção endotelial potencializam os efeitos pressóricos causados pelo aumento da atividade simpática e do SRAA e, ainda, o dano renal causados pela hipertensão e hiperfiltração glomerular, fechando assim o circulo vicioso de manutenção de níveis pressóricos elevados. Por último, tratando-se de obesidade e hipertensão, vale a pena ressaltar a importância da apneia obstrutiva do sono, condição clínica frequente em pacientes obesos, que tem relação não só com a ativação simpática, mas também com a resistência à insulina, com a hiperleptinemia e a hipercitocinemia, comumente observadas no paciente com obesidade. Os sucessivos episódios de hipoxemia, capazes de causar hiperatividade simpática, níveis elevados de aldosterona e aumento dos níveis basais de endotelina, são apontados como os principais mecanismos de elevação da PA15. Benefícios da redução do peso Está bem estabelecido o papel da redução do peso, mesmo em valores modestos como 5%, na diminuição da atividade do SRAA no plasma e no tecido adiposo, na melhora das alterações metabólicas e na redução da PA24. Estudo com seguimento de 14 anos, mostrou que a manutenção do IMC < 25 Kg/m2, preveniu em 40% o desenvolvimento de hipertensão em mulheres25. Outro estudo mostrou que o aumento de 4,5 Kg de peso promove elevação da PAS de 4,4 mmHg e, inversamente, cada Kg de peso perdido, redução de 0,3 mmHg a 1 mmHg da PA26. Uma revisão sistemática composta por 38 estudos randomizados controlados, registrou queda da 6,3 mmHg da PAS e 3,4 mmHg da PAD, com a utilização de diversas dietas para a redução do peso27. Estudo de redução de peso, com PA avaliada pelo método de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial – 24 horas (MAPA-24 horas), mostrou que a perda de 10% do peso corporal causou redução da PAS em 4,3 mmHg e da PAD em 3,8 mmHg, independentemente de outros fatores28. A redução da ingestão de sódio entre 20 e 40 23 Nº32 Abr-Jun 2014 Pág. 19-32 Tabela 2 Impacto das medidas não farmacológicas na redução da pressão arterial Maior impacto Perda de peso, redução do consumo de sódio, dieta ao estilo dASH, atividades físicas regulares individualizadas, cPAP (se SAHOS grave), acompanhamento multiprofissional Podem ter efeito mais significativo se adotadas em conjunto: maior consumo de fibras, gorduras insaturadas, laticínios magros, chocolate amargo, chás (verde e preto), derivados de Menor impacto soja, alimentos ricos em alicina (principalmente em substituição ao sal) e controle do estresse psicossocial cPAP: pressão positiva contínua nas vias aéreas; dASH: dietary Aproach to Stop Hypertension; SAHOS: Síndrome da Apneia-Hipopneia Obstrutiva do Sono. Fonte: Malachias MVB, Lopes H. Ref. 43. meq/dia, é capaz de reduzir o peso isoladamente, além de potencializar a queda da PA, apesar desses efeitos ocorrerem de forma independente. Tratamento do excesso de peso: planejamento alimentar O sucesso do tratamento não farmacológico da obesidade associada à hipertensão depende, essencialmente, da adesão a um estilo saudável de vida, fundamentado em duas estratégias: planejamento alimentar saudável e realização de atividade física. Apesar dos benefícios, é preciso considerar que a redução do peso para valores adequados é, frequentemente, uma tarefa difícil de atingir, no entanto as metas devem ser sempre perseguidas29. O impacto do controle 24 do peso, de um estilo saudável de vida, e de outras medidas não farmacológicas na redução da pressão arterial estão expressos na Tabela 2. Pirâmide dos Alimentos considerando que a refeição é um momento no qual se deve ter prazer, boas escolhas alimentares implicam em melhora da saúde em geral, mais longevidade e melhor qualidade de vida. A recomendação de um planejamento alimentar saudável e balanceado, contribui para um peso ideal e facilita o controle da PA. não significa restrições alimentares, mas sim a escolha dos principais grupos de substâncias encontrados nos alimentos que são: proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais. Recomendar um planejamento alimentar saudável e balanceado, implica em considerar a «Pirâmide dos Alimentos». da base para o topo, este conceito compreende a utilização de um número decrescente de porções. A nova pirâmide alimentar contrapõe-se à clássica piramide americana de 1992 que levou a população americana aos maiores índices de obesidade do mundo, por não distinguirem os diferentes tipos de carboidratos (simples e complexos) e gorduras (saturadas e insaturadas) consumidos. A partir da base da pirâmide, e de forma ascendente, recomenda-se o consumo diário de: arroz, massas batata, mandioca e cereais (6 porções); legumes e verduras (3 porções); frutas (3 porções); leite, queijos e iogurtes (3 porções); feijões e oleaginosas (1 porção); car- brinha, berinjela, beterraba, brócolis, couve flor, cenoura com folhas e a salada com diferentes vegetais; Grupo das carnes e ovos: maior destaque para os peixes do tipo salmão e sardinha e regionais e para os cortes mais magros e grelhados, frango sem pele e ovos; Figura 1 – nova Pirâmide dos Alimentos nes e ovos (1 porção); óleos e gorduras (1 porção), açúcares e doces (1 porção). (Figura 1). no Brasil, a clássica pirâmide alimentar passou por diversas modificações para melhorar a qualidade da dieta da população. As proporções continuam as mesmas, assim como a disposição dos grupos de nutrientes na pirâmide. O que mudou foi a inclusão de alguns alimentos como o arroz integral, as folhas verdes-escuras, peixes como salmão e sardinha e oleaginosas como castanha-dopará. desde 2013, a nova pirâmide alimentar preconiza a realização de seis refeições por dia: café da manhã, almoço e jantar, com lanches intermediários. Os principais alimentos incluídos nessa nova proposta são: Grupo do arroz, pão, massa, batata, mandioca: destacou-se a presença do arroz integral, pão de forma integral, pão francês integral, farinha integral, biscoito integral, aveia e inclusão da quinoa e do cereal tipo matinal; Grupo das frutas: houve o realce maior para as frutas regionais como caju, goiaba, graviola e a inclusão dos sucos e salada de frutas; Grupo das verduras e legumes: foram incluídas as folhas verdes-escuras, repolho, abo- Grupo do leite, queijo e iogurte: maior visibilidade a todos os alimentos do grupo como fonte importante de riboflavina (B2) e principal fonte de cálcio na alimentação. iogurte apresenta alto valor nutricional; Grupo dos feijões e oleaginosas: o feijão e a soja como preparação culinária, a lentilha e o grão de bico, e oleaginosas como castanhado-Pará e castanha-de-caju; Grupo dos óleos e gorduras: houve destaque para o azeite; Grupo de açúcares e doces: colocou-se o chocolate e o açucareiro. • Dieta DASH Para os hipertensos a adesão ao padrão dietético dASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), rico em frutas e hortaliças, fibras, minerais e laticínios com baixos teores de gordura, mostrou grande impacto na redução da PA. Os benefícios no controle da PA desse padrão nutricional, são atribuídos ao alto consumo de potássio, magnésio e cálcio30, além de reduzir os níveis dos biomarcadores de risco carddiovascular31. A Tabela 3 contém as recomendações de uma dieta ao estilo dASH e a Tabela 4 o impacto das diversas modificações do estilo de vida na redução da PAS. 25 Nº32 Abr-Jun 2014 Pág. 19-32 Tabela 3 Recomendações de uma dieta ao estilo DASH Escolher alimentos pobres em gordura saturada, colesterol e gordura total. Por ex. carne magra, aves e peixes, utilizando pequenas quantidades Comer muitas frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por dia (uma porção é igual a uma concha média) Incluir duas ou três porções de laticínios desnatados ou semi-desnatados por dia Preferir alimentos integrais, como pão, cereais e massas integrais ou de trigo integral. Comer oleaginosas (castanhas) sementes e grãos, de quatro a cinco porções por semana (uma porção é igual a 1/3 xícara ou 40 gramas de castanhas, duas colheres de sopa ou 14 gramas de sementes, ou meia xícara de feijões ou ervilhas cozidas e secas) Reduzir a adição de gorduras. Utilizar margarina light e óleos vegetais insaturados (como azeite, soja, milho, canola) Evitar a adição de sal aos alimentos, molhos e caldos prontos, além de produtos industrializados Diminuir ou evitar o consumo de doces e bebidas com açúcar Fonte: www.nhlbi.nih.gov/health/public/heart/hbp/dash/new_dash.pdf Tabela 4 Modificações do estilo de vida e redução da pressão arterial sistólica* Modificação* Controle de peso Padrão alimentar Redução do consumo de sal Moderação de consumo de bebida alcoólica Exercício físico Recomendação Manter o peso na faixa de normalidade (IMC entre 18,5 e 24,9) Kg/m2 Consumir dieta rica em frutas e vegetais, alimentos com baixa densidade calórica, baixo teor de gorduras saturadas e totais. Adotar dieta DASH Reduzir a ingestão de sódio até 100 mm/ dia = 2,4 g sódio (6 g sal/dia = 4 colheres s de café rasas de sal = 4g + 2 g de sal dos próprios alimentos) Limitar o consumo a 30 g/dia de etanol para os homens e 15 g/dia para as mulheres Habituar-se à prática regular de atividade física aeróbica (caminhadas) por (pelo menos) 30 min/dia, 3-5 x / semana para prevenção, e diariamente para tratamento * Associar abandono de tabagismo para reduzir o risco cardiovascular ** Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas. Adaptado de Chonabanian AV Ref. 44 26 Redução aproximada da PAS** 5 a 20 mmHg para cada 10 Kg de peso reduzido 8 a 14 mmHg 2 a 8 mmHg 2 a 4 mmHg 4 a 9 mmHg Dieta Mediterrânica Outro exemplo prático da pirâmide alimentar é a dieta Mediterrânica, uma das mais saudáveis do mundo, hábito alimentar dos habitantes da europa do Sul. A dieta Mediterrânica, patrimônio cultural milenar em Portugal, recentemente distinguida pela UneScO como Patrimônio imaterial da Humanidade32, associa-se também à redução da PA7. A alimentação mediterrânica é considerada uma das mais saudáveis do mundo, como mostra o fato dos habitantes da europa do Sul terem a mais baixa mortalidade por doenças cardíacas da europa33. esta dieta é rica em vegetais e fruta, pão de trigo ou outros cereais pouco refinados, azeite e peixe, sendo pobre em gorduras saturadas e rica em gordura monoinsaturada (azeite), ácidos gordos ômega 3 (peixe) e fibra alimentar33. O azeite, rico em ácido gordo monoinsaturado, reduz os níveis de colesterol e, apesar das calorias extra que implicam a ingestão de todas as gorduras, não parece estar associado a excesso de peso e obesidade. O alto consumo de frutas e hortaliças mostrou-se inversamente proporcional aos niveis de PA, mesmo com um porcentual mais elevado de gordura34. A substituição do excesso de carboidratos nesta dieta por gordura insaturada induz a uma significativa redução da PA35. Dietas vegetarianas e radicais dietas vegetarianas são inversamente associadas com a incidência de doenças cardiovasculares, pelo fato de fornecerem menor quantidade de nutrientes, gordura saturada e colesterol7. entretanto, essas dietas são deficientes em macronutrientes como ferro, vitamina B12 e cálcio, sendo necessária a suplementação para atender às recomendações vigentes36. importante é a observação de que os vegetariamos apresentam, em geral, menor iMc, independentemente do tipo de dieta, associado a níveis mais baixos de PA. A utilização de dietas radicais, como as ricas em carboidratos ou em gorduras, devem ser desencorajadas, pois não são sustentáveis a longo prazo e resultam frequentemente em abandono do tratamento37. Tratamento do excesso de peso: atividade física Um dos problemas observados na prescrição da atividade física, exercícios e esporte é que os profissionais utilizam, via de regra, os termos como sinônimos, quando importantes diferenças existem entre os mesmos. Algumas definições, internacionalmente estabelecidas podem ser úteis37. Atividade física: é qualquer movimento resultante da contração muscular que leva a um gasto energético acima do repouso. Por exemplo: andar, dançar, correr, pedalar, subir escadas; exercício físico: é um tipo de atividade física mais organizada, que inclui intensidade, duração, frequência e ritmo. Por exemplo: andar, correr, pedalar ou nadar a uma determinada velocidade; Aptidão física: é um conjunto de atributos pessoais, genéticos e adquiridos, que viabilizam a pessoa realizar as tarefas cotidianas sem prejuízo de seu equilíbrio biológico, psicológico e social; esporte: é um tipo de atividade física que envolve o conceito de desempenho ou competição, ou seja o indivíduo tenta realizar a tarefa da melhor forma (ginástica olímpica), ou no menor tempo (natação, atletismo), ou no maior número de vezes (cestas no basquete, gols no futebol) 37. A atividade física pode ser dividida em aeróbica (isotônica) e anaeróbica (resistida). A primeira é uma atividade de baixa resistência, e a segunda uma atividade de alta resistência. embora ambas se associem a uma redução da PA e de peso, o recomendado é que a atividade física seja predominantemente aeróbica, sempre precedida por uma 27 Nº32 Abr-Jun 2014 Pág. 19-32 avaliação médica, e interrompida na presença de sintomas. O American College of Sports Medicine (AcMS) divide a atividade física aeróbica em: Baixa intensidade – de 30% a 49% da V02 máxima ou 35% a 59% da Fc máxima; Moderada intensidade - de 50% a 74% da V02 máx. ou 60% a 79% da Fc máxima; Alta intensidade: maior que 74% da V02 máxima ou > 79% da Fc máxima. ensaios clínicos controlados demonstraram que os exercícios aeróbicos (que devem ser complementados pelos anaeróbicos) promovem reduções da PA, estando indicados para a prevenção e o tratamento da hipertensão e da obesidade38. de acordo com o AcMS, se o objetivo é recomendar «Atividade Física para a Saúde» (uma proposta preventiva): • Todo indivíduo adulto deve acumular pelo menos 30 minutos de atividade física em pelo menos 5 dias da semana, se possível todos, de intensidade moderada que podem ser realizados de maneira contínua ou acumulada 39. Mas, se o objetivo é recomendar «Atividade Física para controle da Obesidade» o Institute of Medicine (iOM) recomenda que40: • A duração seja de 60 minutos por dia. esta útlima é uma recomendação adequada à perda de peso. entretanto, o conceituado AcMS se posicionou contra o uso de duas mensagens distintas à população, considerando confuso e sujeito à má interpretação, pois as evidências científicas são consistentes em mostrar que o mínimo de 30 minutos de atividade física moderada, na maior parte dos dias da semana, já traz importantes benefícios para a saúde, com pratica- 28 mente nenhum risco38. O AcSM ressalta que a «mensagem dos 60 minutos», por um lado pode adicionar efeitos benéficos e reduzir o risco de ganho de peso, mas por outro, pode desestimular grande parte da população sedentária (pelo menos 40-50 milhões de americanos) que se beneficiaria muito com o mínimo de 30 minutos de atividide física diária. neste contexto, Matsudo e Matsudo (2007), defendem a manutenção das duas modalidades, baseados nos seguintes argumentos38: • Se a frequência semanal preconizada é de pelo menos 5 dias por semana; benefícios maiores serão obtidos com durações superiores; • A intensidade moderada evita a obrigatoriedade de screening com testes de esforço, somente indicados para indivíduos sintomáticos detectados por anamnese ou questionários; • A proposta de atividades acumuladas é inovadora e apoiada por estudos que confirmam os benefícios desse tipo de protocolo sobre a redução do peso, da adiposidade, da PAS/ PAd e na percepção de bem-estar; • A atividade contínua não está contra-indicada, pois os profissionais de saúde passam a dispor de duas opções para tornarem seus pacientes fisicamente mais ativos, em sessões contínuas ou acumuladas. A Tabela 5 contém as recomendações de atividade física de acordo com os diferentes objetivos propostos. O nceP/ATP iii lista algumas estratégias para incorporar mais atividade no decorrer do dia, em especial se o paciente não tiver disponibilidade para realizar atividade física41. Tabela 5 Recomendações de atividade física aeróbica de acordo com o objetivo proposto: benefícios para a saúde; prevenção da obesidade ou ganho de peso; e manutenção do peso corporal Recomendação Benefícios para a Saúde Prevenir Obesidade ou Ganho de Peso Manutenção da Perda de Peso Intensidade Moderada Moderada Moderada Duração Pelo Menos 30 min Pelo menos 45 min; de preferência mais de 60 minutos/dia 60 a 90 min por dia; 200 a 300 minutos por semana Frequência Pelo menos 5 dias por semana, de preferência todos os dias Pelo menos 5 dias por semana, de preferência todos os dias Todos os dias da semana • Andar mais – procurar por oportunidades! • no shopping, estacionar mais longe das lojas, para uma caminhada mais longa; • caminhar ou ir de bicicleta, se o trajeto não for muito longo; • Subir e descer 1-2 lances de escada ao invés de esperar pelo elevador; • Andar pelo menos 30 min. após o trabalho, ao invés de ficar parado no trânsito; • caminhar para casa após descer do ônibus ou trem; • Andar com colega ou amigo pelo menos 20 minutos antes do almoço; • Fazer limpeza em casa, empurrar o carrinho da criança, ou caminhar com ela; • Fazer exercícios em casa enquanto assiste televisão • Sair para dançar ou realizar sessões de exercícios diversas vezes por semana; • Se for usuário de cadeira de rodas, deslocar-se com a cadeira boa parte do dia Importância da Equipe multidisciplinar na mudança do estilo de vida como a hipertensão é uma condição clínica multifatorial, frequentemente apresentada sob a condição de síndrome metabólica, a participação de uma equipe multiprofissional de apoio é desejável, sempre que possível. É importante destacar que, após o emagrecimento, deve-se estimular o acompanhamento dos indivíduos com o objetivo de evitar novo ganho de peso29. Tem-se tornado cada vez mais evidente que a forma de reduzir o risco cardiovascular de forma eficaz, melhorar a autoestima e até mesmo o psiquismo desses pacientes, requer uma abordagem multidisciplinar. nessa abordagem cada profissional tem uma função específica, porém o paciente deve ser visto como um todo e o entrosamento da equipe é fundamental para atingir o sucesso terapêutico29. A participação de diferentes profissionais da área da saúde (médico, nutricionista, educador físico, psicólogo, enfermeira) no tratamento de algumas doenças crônicas resulta em maior adesão e melhor resultado terapêutico. Outras estratégias para melhorar a adesão a um estilo de vida saudável, incluem o auto-monitoramento, a reestruturação cognitiva, o controle do estresse, o suporte social e a prevenção da recaída40. no instituto do coração (incOR-São Paulo) a atuação multidisciplinar (médico, psicólogo, nutricionista e educador físico) no tratamento de pacientes com síndrome metabólica, tem mostrado resultados animadores na redução do peso, melhor controle da PA, melhora dos parâmetros laboratoriais (insulinemia, nível de proteína-c-reativa ultrassensível) e TnF-α29. • Papel do Médico A função do médico em relação a abordagem do paciente obeso e hipertenso, consiste 29 Nº32 Abr-Jun 2014 Pág. 19-32 em avaliar o risco cardiovascular, o padrão da dieta consumida e, principalmente, motivá-lo a adotar um estilo de vida saudável7,29. de acordo com as recomendações do nceP/ATP iii, faz parte da responsabilidade do médico na primeira visita, a avaliação do risco cardiovascular, do padrão alimentar, e a prescrição detalhada do planejamento terapêutico apropriado. A sua atitude e habilidade pode influenciar fortemente o paciente a obter sucesso na dietoterapia.29 Após classificar o iMc e o estágio da hipertensão arterial, deve realizar-se a estratificação de risco, e solicitar os exames laboratoriais de rotina (sangue, urina, radiograma do tórax, eletrocardiograma, etc). na segunda visita, avalia os resultados desses exames, intensifica as mudanças do estilo de vida e, se necessário, encaminha o paciente para outro profissional, segundo os princípios da abordagem multidisciiplinar. nas visitas subsequentes a mudança do estilo de vida deve sempre ser estimulada. • Papel do Nutricionista nesse contexto multiprofissional, o nutricionista tem um importante papel no tratamento não medicamentoso do paciente obeso e hipertenso. Sua atribuição é avaliar o estado nutricional do paciente e seus dados médicos, incluindo os resultados de exames laboratoriais, história alimentar detalhada e prescrever o tratamento dietético personalizado. Além disso, deve avaliar o grau de conhecimento, atitudes e comportamento do paciente em relação aos seus hábitos alimentares, e sua motivação e disponibilidade para aceitar as orientações de um estilo saudável de vida. na avaliação deve-se levar em conta a história alimentar, as influências culturais e os hábitos alimentares atuais. compõe a avaliação clínica, o peso e sua evolução nos últimos anos, o iMc e a circunferência abdominal para pesquisa da obesidade central29. Por último, o nutricionista deve avaliar a percepção do paciente em relação a 30 associação dos alimentos com alterações metabólicas (hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, hiperglicemia ou diabete). É importante considerar a capacidade do paciente de ler rótulos dos alimentos, orientá lo nessa tarefa, e como os componentes da família poderão contribuir nas mudanças da dieta. de acordo com o nceP/ATP iii, para avaliar os hábitos alimentares atuais, devem ser questionados os seguintes aspectos40: • em quais momentos do dia o paciente habitualmente se alimenta? • deixa de fazer algumas refeições rotineiramente? • Quando o paciente come a sua maior refeição? • Qual o local do preparo e do consumo das refeições (restaurante, lanchonete do trabalho, restaurante fast-food, em casa ou na casa de outras pessoas)? • em alguma ocasião o estresse aumenta o consumo de comida? • As refeições feitas em casa são compradas fora, preparadas a partir de pacotes de comida processada, ou a partir de ingredientes frescos comprados no mercado? • Quais são as comidas favoritas e quais não gosta? • Quem é o responsável pela compra dos alimentos e preparo da comida? • Qual comida vai ser mais dificil de aumentar ou reduzir? • O paciente reconhece bem o tamanho das porções? • Papel do Educador Físico O controle do peso por meio apenas de restrição calórica é muito difíci. A realização doe exercícios físcos de forma regular auxilia muito na redução do peso pelo fato de aumentar a taxa metabólica de repouso. em algumas circunstâncias o paciente deve ser encaminhado para o educador físico, e esse profissional vai complementar o trabalho do nutricionista no sentido de implementar mudanças no estilo de vida por meio de um programa de exercício saudável. tral), hormonais (hipercortisolemia, diminuição dos esteróides sexuais) e a resistência à insulina, frequentemente encontradas em obesos-hipertensos ou na síndrome metabólica42. considerando que a remoção da causa é importante para o sucesso de qualquer terapêutica, é fundamental a abordagem desses problemas. A psicoterapia tem sido vista como um caminho promissor, por permitir a análise dos fatores psíquicos e as mudanças comportamentais que impedem um estilo de vida saudável 29. Bibliogafia 11. Hubert HB, Feinleib M, Mcnamara PM et al. 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