UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Débora Furquim Heyse TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2010 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2010 Débora Furquim Heyse TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Relatório de estágio curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção de grau de Médico Veterinário. Orientadora Acadêmica:Professora Taís Marchand Rocha Moreira Orientador Profissional: Darlan André Guliani CURITIBA 2010 Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Prof. Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel Santos Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extenção Prof. Roberval Eloy Pereira Secretário Geral Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária Prof. Ana Laura Angeli Metodologia Científica Prof. Jair Mendes Marques CAMPUS PROF. SYDNEI LIMA SANTOS Rua: Sydnei Antônio Rangel dos Santos, 238- Santo Inácio CEP: 82.010-330-Curitiba-PR Fone: (41) 3331-7955 TERMO DE APROVAÇÃO Débora Furquim Heyse TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção de título de Médico Veterinário por uma banca examinadora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 25 de junho de 2010 ____________________________________________________ Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná ____________________________________________________ Orientador: Professora Msc.MV Taís Marchand Rocha Moreira Universidade Tuiuti do Paraná ______________________________________ Profª Msc.MV Marúcia Andrade e Cruz Universidade Tuiuti do Paraná ______________________________________ Profa Dra. Maria Aparecida Alcantara Universidade Tuiuti do Paraná AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer primeiramente a Deus por ter me acompanhado nessa jornada e me dado forças para nunca desistir. Em especial para meu pai, que investiu nos meus estudos e confiou em mim, pois se não fosse ele eu não estaria passando por este momento hoje. Agradeço aos meus filhos que me fizeram ter estimulo para ir mais longe. Aos professores que passaram por minha vida, sempre dedicados em transmitir os conhecimentos da melhor forma possível. A professora Taís Marchand Rocha Moreira, que é uma excelente profissional e com dedicação me orientou neste trabalho. Ao médico veterinário Darlan André Guliani, o qual me possibilitou acompanhar suas atividades em sua clínica veterinária e que me transmitiu muitos de seus conhecimentos, os quais utilizarei na minha vida profissional. APRESENTAÇÃO Este trabalho de conclusão de curso (T.C.C) apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário no qual contém um relatório de estágio, que está composto pelas atividades realizadas pela acadêmica Débora Furquim Heyse durante o período de 01 de março a 05 de maio de 2010, na Clínica Veterinária Pet Vida, situada na cidade de São Bento do Sul, Santa Catarina, na avenida Antonio Kaesemodel, número 1489. RESUMO O estágio curricular obrigatório foi realizado na Clínica Veterinária Pet Vida, que está localizada na cidade de São Bento do Sul, Santa Catarina, no período de 01 de março a 05 de maio, completando 360 horas, onde foi observada a rotina da clínica veterinária e suas atuações nas áreas de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais. O presente trabalho ainda descreve a clínica veterinária com algumas fotografias e cada setor que ela contém. Estão relatadas ainda as atividades desenvolvidas pela Clínica no período citado, onde foram realizados 104 atendimentos,75 cirurgias e 25 exames complementares onde durante esse período escolhi dois casos clínicos para relatar. Dois casos foram relatados: cardiomiopatia dilatada e piometra, onde buscamos através da literatura e sinais clínicos da enfermidade, diagnosticar enfermidades. O procedimento para o tratamento medicamentoso ou cirúrgico dessas enfermidades. Além disso, descreve-se sobre todas as atividades que foram realizadas na clínica com a supervisão do médico veterinário. Palavras- chave: estágio curricular obrigatório, cardiomiopatia dilatada e piometra. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Clinica Veterinária Pet Vida 2010 ............................................................. 15 Figura 2 – Recepção da Pet Vida, 2010.................................................................... 16 Figura 3 – Consultório da Pet Vida, 2010 .................................................................. 16 Figura 4 – Consultório da Pet Vida, 2010 .................................................................. 17 Figura 5 – Centro Cirurgico da Pet Vida, 2010 .......................................................... 17 Figura 6 – Centro Cirurgico da Pet Vida, 2010 .......................................................... 18 Figura 7 – Representação diagramática de cardiomiopatia dilatada. ........................ 23 Figura 8 – Exemplos Radiográficos De Cardiomiopatia Dilatada Em Cães. ............. 30 Figura 9 – Os disturbios do ritmo cardiaco na eletrocardiografia .............................. 32 Figura 10- Representação gráfica da técnica de plicatura da parede livre do ventrículo esquerdo, ramo interventricular paraconal e ramo marginal ventricular esquerdo. ................................................................................ 38 Figura 11 – Esquematização do Dispositivo Myosplint ............................................. 39 Figura 12 – Paciente 1 .............................................................................................. 41 Figura 13 – Paciente 2 .............................................................................................. 55 Figura 14 – Exposição do corno uterino esquerdo .................................................... 57 Figura 15 – Exposição dos cornos uterinos e corpo do útero ................................... 58 Figura 16 – Ligadura de tecidos adjacentes para posterior ligadura ......................... 58 Figura 17 – Ligadura dos vasos ................................................................................ 59 LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Relação de especialidades, números de casos e porcentagem atendidas no período de 01 de março a 05 de maio de 2010 na Clínica Veterinária Pet Vida, 2010 ....................................................... 20 Quadro 02 – Relação de técnicas cirúrgicas, números de casos e porcentagem atendidas no período de 01 de março a 05 de maio de 2010 na Clínica Cirúrgica do Pet Vida, 2010 ..................................................... 21 Quadro 03 - Relação de exames complementares, número de casos e porcentagem do período de 01 de março a 05 de maio de 2010 realizados na Clínica Veterinária Pet Vida, 2010. ................................ 22 Quadro 04 – Tratamento emergencial para insuficiência cardíaca. .......................... 37 Quadro 05 – Manutenção domiciliar para tratamento da CMD ................................. 37 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Relação de especialidades, números de casos e porcentagem atendidas no período de 01 de março a 05 de maio de 2010 na Clínica Veterinária Pet Vida, 2010.......................................................... 20 Gráfico 2 – Relação de técnicas cirúrgicas, números de casos e porcentagem atendidas no período de 01 de março a 05 de maio de 2010 na Clínica Cirúrgica do Pet Vida, 2010........................................................ 21 Gráfico 3 - Relação de exames complementares, número de casos e porcentagem do período de 01 de março a 05 de maio de 2010 realizados na Clínica Veterinária Pet Vida, 2010. .................................. 22 Gráfico 4 – A prevalencia da cardiomiopatia dilatada em diversas raças caninas. ... 25 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS %: por cento A.D: átrio direito A.E: átrio esquerdo A: aorta AP: artéria pulmonar AV: átrio ventricular AVAE: aumento de volume de átrio esquerdo BID ( bis in die): duas vezes ao dia cm: centímetros CMD: cardiomiopatia dilatada CPA: complexos prematuros atriais CPV: complexos prematuros ventriculares CVPV: clínica veterinária pet vida ECA: enzima conversora de angiostensina ECG: eletrocardiografia FA: fibrilação arterial HEC: hiperplasia endometrial cística HP: hipertensão pulmonar ICC: insuficiência cardíaca congestiva IM: intramuscular IV: intravenosa kg: quilogramas mg: miligramas ml: mililitros ºC: graus Celcius OSH: ovariosalpingohisterectomia P: pressão PA: pressão arterial PAD: pressão arterial direita PAE: pressão arterial esquerda PDE: pressão diastólica esquerda PGF2&: prostaglandina PPLVE: técnica de plicatura da parede livre do ventrículo esquerdo PVD: pressão ventricular direita RM: regurgitação mitral RT: regurgitação tricúspide SC: subcutâneo SID (semel in die): uma vez ao dia TC: transplante cardíaco TPC: tempo de preenchimento capilar V.D: ventrículo direito V.E: ventrículo esquerdo VO: via oral VPE: ventriculectomia parcial esquerda SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTAGIO ............................................................... 15 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................................................... 19 4 CARDIOMIOPATIA DILATADA ............................................................................ 23 4.1 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 23 4.2 RELATO DE CASO CLÍNICO ............................................................................. 41 4.3 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 43 5 PIOMETRA ............................................................................................................ 48 5.1 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 48 5.2 RELATO DE CASO CLÍNICO ............................................................................. 55 5.3 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 59 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 63 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64 14 1 INTRODUÇÃO O Trabalho de Conclusão de Curso apresentado tem como objetivo descrever os casos clínicos observados no período de estágio obrigatório, bem como os sinais clínicos da enfermidade, diagnóstico, e o tratamento realizados na prática confrontando com as referências bibliográficas. O estágio curricular foi realizado na Clínica Veterinária Pet Vida, localizada na cidade de São Bento do Sul, Santa Catarina, na rua Antonio Kaesemodel, 1489, Centro, obtendo a carga horária de 360 horas no período de 01 de março a 05 de maio de 2010, sob a orientação profissional do médico veterinário Darlan André Guliani com a supervisão acadêmica da professora Taís Marchand Rocha Moreira, professora de Clínica de Pequenos Animais I e II e Semiologia do Curso de Medicina Veterinária na Universidade Tuiuti do Paraná. O devido trabalho ainda descreve o local onde foi realizado o estágio, as atividades observadas e desenvolvidas, a casuística da clínica veterinária no período citado e dois casos clínicos e suas revisões de literatura , que versam sobre os temas: Cardiomiopatia dilatada e Piometra. 15 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTAGIO A Clínica Veterinária Pet Vida (CVPV) iniciou suas atividades em 2005 na cidade de São Bento do Sul, Santa Catarina, na Rua Antonio Kaesemodel, 1489, no centro da cidade. A Clínica Pet Vida (Figura 01) é uma micro empresa com apenas um veterinário atuando. Os demais funcionários se dividem em: uma recepcionista, um motorista, uma encarregada da limpeza geral da clínica, uma funcionária para dar o banho e mais quatro funcionários para a tosa dos animais. A Pet Vida atende de segunda–feira a sábado, sendo nos domingos somente atendimento de emergência. A clínica veterinária oferece ainda serviços a animais de pequeno porte e também a animais silvestres. Figura 1 - Clinica Veterinária Pet Vida 2010 A rotina da CVPV se divide em alguns setores que são: clínica médica e cirúrgica de pequenos animais e animais silvestres, internamento e hospedagem. O 16 atendimento é primeiramente realizado na recepção (Figura 2) onde se identifica o paciente ( raça, sexo, nome, idade), e o responsável. Figura 2 – Recepção da Pet Vida, 2010 Após este procedimento o paciente é levado a algum dos setores acima citados. As consultas são realizadas em um consultório (Figura 3) e (Figura 4) Figura 3 – Consultório da Pet Vida, 2010 17 Figura 4 – Consultório da Pet Vida, 2010 E o internamento é realizado no centro cirúrgico. (Figura 5) e (Figura 6). Figura 5 – Centro Cirurgico da Pet Vida, 2010 18 Figura 6 – Centro Cirurgico da Pet Vida, 2010 Além desses setores a CVPV tambem possui um pet shop, um banheiro, uma cozinha, uma lavanderia, um local para armazenamento de produtos do pet shop e também uma balança para a pesagem dos animais, uma sala ampla onde ficam vários animais silvestres da própria clínica, um gatil, um canil para hospedagem e um local para o banho e tosa dos animais. 19 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Durante o período de estágio foi possível acompanhar, com o devido auxílio do médico veterinário, consultas de rotina, supervisionar pacientes internados, retornos de consultas, exames físicos, e também procedimentos cirúrgicos. Além dessas atividades também foi possibilitado acompanhar a higiene dos pacientes internados, bem como, a alimentação mais adequada para cada paciente, e a sua contenção. O acesso aos prontuários eram de responsabilidade do médico veterinário que logo após o acesso era feito uma troca de informação sobre cada caso e qual seria o procedimento a ser tomado para aquele determinado caso. Nas cirurgias foi possível auxiliar na instrumentação cirúrgica, observar a paramentação cirúrgica, participar na colheita de material biológico, na interpretação de exames e de diagnóstico. Também foi possbilitado o acompanhamento na clínica como: controle de parasitas, aplicações de medicações e vacinas, a realização de curativos mais adequados para cada paciente e aprofundamento nos conhecimentos sobre a fluidoterapia. Nos casos descritos no trabalho sobre cardiomiopatia dilatada e piometra, foram realizados primeiramente uma anamnese, obtendo informações sobre o histórico do paciente com o responsável, após uma série de levantamentos obtidos era realizado o exame físico do paciente como realizar pesagem do animal, aferir temperatura, auscultação cardíaca e pulmonar, avaliação da perfusão sanguínea através do TPC, verificar se o paciente estava ou não com desidratação e o seu devido grau, palpação abdominal. Após realizado o exame físico, foi feito um diagnóstico com o auxílio de exames complementares como ultrassonografia, radiografia e eletrocardiografia. E por fim, inicializava-se o devido tratamento medicamentoso ou cirúrgico dependendo do paciente. Em todas essas atividades exceto a realização do exame complementar, estive acompanhando o veterinário, trocando informações e aprimorando conhecimentos acadêmicos. 20 Quadro 01 – Relação de especialidades, números de casos e porcentagem atendidas no período de 01 de março a 05 de maio de 2010 na Clínica Veterinária Pet Vida, 2010 ESPECIALIDADE Dermatologia NÚMERO DE CASOS 34 PORCENTAGEM % 32,69 Oftalmologia 15 14,44 Oncologia 11 10,58 Neurologia 9 8,65 Imunologia 9 8,65 Cardiologia 8 7,69 Ortopedia 7 6,73 Gastroenterologia 4 3,85 Odontologia 3 2,88 Nefrologia 2 1,92 Parasitologia 1 0,96 Toxicologia 1 0,96 104 100% Total Gráfico 1 – Relação de especialidades, números de casos e porcentagem atendidas no período de 01 de março a 05 de maio de 2010 na Clínica Veterinária Pet Vida, 2010 21 Quadro 02 – Relação de técnicas cirúrgicas, números de casos e porcentagem atendidas no período de 01 de março a 05 de maio de 2010 na Clínica Cirúrgica do Pet Vida, 2010 PROCEDIMENTO CIRÚRGICO Ovariohisterectomia Orquiectomia Ortopedia Cesarianas Caudectomia Profilaxia Odontológica Total NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM % 30 22 18 3 1 1 75 40 29,34 24 4 1,33 1,33 100% Gráfico 2 – Relação de técnicas cirúrgicas, números de casos e porcentagem atendidas no período de 01 de março a 05 de maio de 2010 na Clínica Cirúrgica do Pet Vida, 2010 22 Quadro 03 - Relação de exames complementares, número de casos e porcentagem do período de 01 de março a 05 de maio de 2010 realizados na Clínica Veterinária Pet Vida, 2010. EXAME COMPLEMENTAR Hematologia Radiologia Bioquímica Sérica Biopsia Cutânea Coproparasitológico Sorologia para Leptospirose Eletrocardiografia Ultrassonografia Total NÚMERO DE CASOS 12 3 3 2 2 1 1 1 25 PORCENTAGEM % 48 12 12 8 8 4 4 4 100% Gráfico 3 - Relação de exames complementares, número de casos e porcentagem do período de 01 de março a 05 de maio de 2010 realizados na Clínica Veterinária Pet Vida, 2010. 23 4 CARDIOMIOPATIA DILATADA 4.1 REVISÃO DE LITERATURA A cardiomiopatia dilatada (CMD) caracteriza-se por redução da contratilidade miocárdica, com ou sem a presença de arritmias. A maioria dos casos de CMD em cães são considerados primários ou idiopático (de causa desconhecida) (NELSON e COUTO, 2001). Segundo ETTINGER E FELDMAN (2004), a cardiomiopatia dilatada descreve toda doença miocárdica primária que seja caracterizada por dilatação da câmara cardíaca (em geral as quatro câmaras em algum grau, mas ás vezes predominantemente esquerda ou, em casos mais raros, predominantemente ventricular direita) e por disfunção ventricular sistólica causada pela contratilidade miocárdica prejudicada. Figura 7 – Representação diagramática de cardiomiopatia dilatada. NOTA: A = aorta; PA = Pressão Arterial; P = Pressão; HP = Hipertensão pulmonar; AE = Atreo Esquerdo; AP = Artéria Pulmonar; VE = Ventriculo Esquerdo; VD = Ventriculo direito; PAD = Pressão atrial Direita; PDE = Pressão Diastólica Esquerda; PVD = Pressão Ventricular Direita; FA = Fibrilação Arterial; RT = Regurgitação Tricúspide; RM = Regurgitação Mitral; AVAE = Aumento de volume do átrio esquerdo; PAE = Pressão atrial esquerda. (Fonte: BIRCHARD; SHERDING, 1998). 24 4.1.1 Epidemiologia Poucas estimativas sobre a prevalencia da CMD na população geral de cães foram relatadas na literatura veterinária. Em um estudo conduzido na Itália, Fioretti e Delli Carri identificaram CMD em 1,1% de 7.148 caninos. Com base em uma pesquisa da Veterinary Medical Data Base (VMBD) [Base de dados médicoveterinários{ na universidade de Purdue, EUA, para consultas registradas de janeiro de 1986 a dezembro de 1991 (Grafico 12), A CMD foi diagnosticada em 1.681 (cerca de 0,5%) dos 342.142 cães levados para serviços veterinários nas instituições participantes. Embora essas estimativas estejam sujeitas a tendenciosidade de encaminhamento de outros tipos (porque não são estudos com base em populações verdadeiras), elas demonstraram que a CMD é uma das cardiomiopatias adquiridas mais comuns dos cães ETTINGER e FELDMAN, (2004). Apesar da CMD parecer estar ocorrendo com frequencia crescente nas raças de médio porte, como o Cocker Spaniel ingles e americano e o dálmata, ela ainda é identificada mais comumente nos cães grandes e gigantes de raça pura. De acordo com a informação da VMDB citada anteriormente, a taxa de prevalencia de CMD nos cães de raças mestiças foi de cerca de 0,16%, comparada com 0,65% naqueles de raça pura. As raças mais comumentes acometidas de acordo com a VMDB são Scottish Deerhond, Doberman Pinscher, Irish Wolfhound, Dinamarques, Boxer, São Bernardo, Afghan Hound, Newfoundland e Old English Sheepdog (ETTINGER e FELDMAN, 2004). A cardiomiopatia dilatada é mais comum nas raças de cães grandes e gigantes incluindo Dog Alemão, Doberman Pinscher, São Bernardo, Deerhound Escoces, Wolfhound Irlandes, Boxer, Afgan Hound e Newfoundland (SISSON et al., 2005). Entre as raças menores, Cocker Spaniel ingles e americano, Buldogue e outros são acometidos, mas a doença é rara em cães que pesam menos de 12Kg. A prevalência de CMD aumenta com a idade, embora grande parte dos cães com insuficiência cardíaca esteja entre 4 a 10 anos de idade (NELSON e COUTO, 2001). Para ETTINGER E FELDMAN (2004), a idade mediana dos cães com CMD está entre 4 e 8 anos, população geralmente mais jovem de cães do que aquelas acometidas com doença valvular degenerativa. Ainda em contraste com a doença valvular adquirida, existem números significativos de filhotes com menos de um ano 25 de idade acometidos com CMD. Em estudos restrospectivos realizados em populações caninas com insuficiencia cardíaca ou morte súbita atribuída a CMD, os machos são acometidos com uma maior frequencia quase duas vezes maior que as femeas. Esta predominancia masculina foi questionada em animais das raças Doberman Pinscher ou Boxer assintomáticos com sinais clínicos devidos apenas a arritmia ventricular, porém os machos estão super- representados em quase todos os outros estudos, incluindo pesquisas recentes de cães da raça Doberman Pinscher com cardiomiopatia oculta que morreram repentinamente ou desenvolveram insuficiencia cardíaca congestiva. Gráfico 4 – A prevalencia da cardiomiopatia dilatada em diversas raças caninas. Nota: A prevalencia da CMD, demonstrada em porcentagem de novas admissões hopitalares, é mais elevada nos cães gigantes de raça pura. A predominancia masculina é observada na maioria das raças acometidas, mas não em todas. Fonte: De Veterinary Medical Data Base, Purdue Unversity. 26 4.1.2 Etiologia A CMD ocorre após alteração presumida no miocárdico, induzida por inflamação, toxinas, falta de nutrientes celulares essenciais, erros inatos do metabolismo miocárdico ( BIRCHARD e SHERDING, 1998). A causa da maior parte dos casos individuais de CMD nos cães (bem como na maioria das outras espécies, inclusive a humana) continua desconhecida. A CMD canina foi associada a uma variedade de diferentes agressões potenciais ao miocárdio, incluindo aquelas provocadas por mutações genéticas, agentes infecciosos, defeitos bioquimicos das mitocôndrias e das proteínas, estimulação rápida (taquiarritimias), e até prenhez. A pletora de causas potenciais aparentes e a ampla variedade de defeitos bioquímicos miocárdicos associados a CMD representam um problema difícil para os clínicos, patologistas e pesquisadores, que procuram uma teoria etiológica unificada que possa conferir prevenção eficaz ou estratégias de tratamento. A relativa homogeinidade morfológica, histológica, ultraestrutural e funcional dos pacientes com CMD clínica sugere que provavelmente há similaridades importantes na resposta do miocárdio a uma variedade de diferentes tipos de lesões e que alguns ramos celulares comuns que respondem a essas lesões causam e exarcebam as modificações estruturais e funcionais típicas da CMD. Pesquisas genéticas moleculares recentes em humanos, camundongos, hamsters e cães com CMD forneceram resultados excelentes, identificando genes que podem iniciar a CMD hereditária ou influenciar a progressão da CMD provocada por lesões ambientais. (ETTINGER e FELDMAN, 2004). A deficiencia de L-carnitina mereceu considerável atenção nos últimos anos como causa possível ou como fator de contribuição para a cardiomiopatia nos cães e nos humanos. A carnitina desempenha diversos papéis essenciais ao metabolismo mitocondrial incluindo o transporte de aminoácidos livres de cadeia longa para dentro da membrana interna mitocondrial, onde ocorre oxidação beta. Como os ácidos graxos são o principal combustível metabólico do coração, teoriza-se que quantidades inadequadas de L-carnitina livre para transportar ácidos graxos provoca disfunção miocárdica em consequencia do metabolismo energético alterado. (ETTINGER e FELDMAN, 2004). 27 4.1.3 Fisiopatologia De acordo com NELSON E COUTO (2001), o principal defeito funcional na cardiomiopatia dilatada é diminuição da contratilidade ventricular (disfunção sistólica). A dilatação cardíaca progride como resultado de piora na função de bombeamento sistólico e no débito cardíaco. A redução no débito cardíaco pode causar fraqueza, síncope e choque cardiogênico. Também há evidencias de que a maior rigidez diastólica contribui para o desenvolvimento de aumento nas pressões diastólicas finais, congestão venosa e finalmente insuficiencia cardíaca. O aumento do coração e a disfunção do músculo papilar muitas vezes causam má aposição sistólica dos folhetos mitral e tricúspide, resultando em insuficiência valvular. A maioria dos cães com cardiomiopatia dilatada não apresenta doença valvular AV degenerativa grave (endocardiose), embora alguns tenham alterações valvulares, que variam de leve a moderada, que podem exacerbar a regurgitação AV. A cardiomiopatia dilatada provavelmente desenvolve-se lentamente; por exemplo, há relatos de que a disfunção ventricular esquerda diminui gradativamente em Dobermans durante 2 a 3 anos antes que ocorram os sinais de insuficiencia cardíaca e deteorização final. A medida que o débito cardíaco cai, mecanismos compensatórios simpáticos, hormonais e renais tornam-se ativados, aumentando desse modo a frequência cardíaca, a resistência valvular periférica e a retenção de volume. A perfusão coronariana pode estar comprometida pelo fluxo sanguíneo insuficiente, o que acarreta isquemia miocárdica que compromete a função miocárdica e predispõe ao desenvolvimento de arritmias. Arritmias atriais, principalmente taquicardia, comumente decorre de aumento dos átrios. Como a contração atrial contribui de forma significativa para o volume ventricular diastólico final, principalmente em frequências cardíacas mais rápidas, a fibrilação atrial pode acarretar diminuição acentuada do débito cardíaco e causar descompensação clínica aguda. (NELSON e COUTO, 2001). Sinais de insuficiência cardíaca congestiva direita ou esquerda são comuns em cães com cardiomiopatia dilatada. Taquiarritmias ventriculares também ocorrem frequentemente e podem causar morte súbita. (NELSON e COUTO, 2001). 28 A dilatação de todas as câmaras em animais com cardiomiopatia dilatada é um achado característico, embora possa predominar aumento do átrio e do ventrículo esquerdos. O coração está geralmente descrito como morfologicamente debilitado e o espessamento da parede ventricular parece reduzido comparado ao tamanho do lúmen. Os músculos papilares muitas vezes estão achatados e atróficos, e pode ser observado espessamento endocárdico. As válvulas AV geralmente tem ou não alterações degenerativas que variam de leves a moderadas. (NELSON e COUTO, 2001). 4.1.4 Sinais Clínicos Do ponto de vista de BIRCHARD E SHERDING (1998), os sinais clínicos da CMD com raças gigantes e outros cães grandes (maior que 15Kg) são predispostos. Os animais são geralmente apresentados por sinais referíveis a cardiopatia progressiva, ICC (insuficiência cardíaca congestiva) ou arritmia cardíaca, incluindo o seguinte: − Intolerância a exercícios, letargia e cansaço. − Problemas respiratórios ( como taquipnéia, dispnéia ou tosse). − Edema pulmonar fulminante − Distenção abdominal ( a partir de ascite) − Fraqueza ou síncope súbitas ( provavelmente a partir de arritmia). − Perda de peso drástica. Já segundo ETTINGER e FELDMAN (2004), os sinais clínicos apresentados pelos cães com CMD é semelhante em todas as raças, mas a frequencia observada desses sinais varia com a raça, a localização geográfica, a família e em alguma extenção, o estilo de vida do animal. Em um recente resumo retrospectivo de 189 casos de CMD da Suécia, tosse, depressão, inapetencia, dispnéia, perda de peso, respiração ofegante, síncope e polidipsia foram todas notadas como queixas presentes. 29 Para NELSON e COUTO (2001), Os sinais clínicos podem desenvolver-se rapidamente, sobretudo em cães sedentários, nos quais os sinais iniciais amiúde podem não ser observados até que a doença esteja em uma fase avançada. As queixas apresentadas incluem qualquer uma ou todas as seguintes: fraqueza, letargia, taquipnéia ou dispnéia, intolerancia a exercícios, tosse, anorexia, distenção abdominal (ascite), e síncope. A perda de massa muscular (caquexia cardíaca), acentuada ao longo da linha média dorsal, pode ser dramática. Por outro lado, a cardiomiopatia dilatada subclínica está sendo agora reconhecida com mais frequencia, principalmente por meio da ecocardiografia. Algumas raças gigantes com disfunção ventricular esquerda leve a moderada são relativamente assintomáticas, mesmo na presença de fibrilação atrial. 4.1.5 Diagnóstico Radiografia: A CMD avançada caracteriza-se por cardiomegalia generalizada e sinais radiográficos de ICC. A dilatação do ventrículo esquerdo e atrio esquerdo torna-se mais evidente em alguns cães. O doberman é digno de nota, pois uma dilatação acentuada pode do átrio esquerdo com edema pulmonar constitui o principal achado. ( NELSON e COUTO, 2001). A congestão venosa pulmonar é uma característica da CMD antes do início do edema pulmonar . O edema pulmonar pode ser severo e difuso, particularmente nos dobermans e nos cães que desenvolvem subitamente fibrilação atrial (BIRCHARD e SCHERDING, 1998). As radiografias torácicas costumam revelar cardiomegalia generalizada, embora possa predominar aumento do coração esquerdo. A cardiomegalia pode ser grave ao ponto de mimetizar a silhueta cardíaca globóide típica de grande derrame pericárdico. Por outro lado, os Doberman Pinschers e alguns Boxers parecem ter apenas o átrio esquerdo aumentado sem cardiomegalia acentuada. O estágio da doença, a conformação do tórax e o estado de hidratação influenciam esses achados radiográficos. Veias pulmonares distendidas e opacidades pulmonares intersticiais ou alveolares, indicam a presença de insuficiencia cardíaca esquerda e edema pulmonar. Alguns cães tem distribuição assimétrica ou disseminada dos 30 infiltrados do edema pulmonar. Derrame pleural, distenção da veia cava caudal, hepatomegalia e ascite geralmente acompanham insuficiencia cardíaca direita (NELSON e COUTO, 2001). Figura 8 – Exemplos Radiográficos De Cardiomiopatia Dilatada Em Cães. Nota: Vistas dorsoventral (A) e lateral (B) mostrando cardiomegalia generalizada e infiltrados intersticiais hilares pulmonares de edema em um Dogue Alemão (macho). Vistas lateral (C) e dorsoventral (D) de um Doberman Pinscher (fêmea) evidenciando aumentos acentuados do átrio esquerdo e ventricular relativamente moderado, comumente encontrados em cães acometidos desta raça (Fonte: NELSON e COUTO, 1992). Ecocardiografia: A ecocardiografia constitui o padrão clínico atual principal para o diagnóstico da CMD. Os achados principais correspondem a dilatação ventricular e atrial com depressão da função sistólica miocárdica, a redução fracional fica baixa, menor que 25%, e geralmente menor que 15% nos cães sintomáticos. Os estudos de doppler podem registrar regurgitação mitral ou da 31 tricúspide e reduzir a velocidade de ejeção aórtica típica da insuficiência miocárdica (BIRCHARD e SHERDING, 1998). De acordo com Nelson e Couto (2001), A ecocardiografia é a melhor forma de avaliar as dimensões das camaras cardíacas e a função miocárdica e de diferenciar derrame pericárdico ou insuficiencia valvular cronica de cardiomiopatia dilatada . Outras características comuns são alargamento do ponto E da válvula mitralseparação septal e movimentação reduzida da raíz aórtica. A parede livre do ventrículo esquerdo e o espessamento septal estão normais a diminuídos. Regurgitação leve a moderada da válvula atrioventricular pode ser observada com a utilização da ecocardiografia Doppler. Eletrocardiografia: O ECG (eletrocardiografia) fica anormal na maioria dos cães com CMD. As anormalidades comuns incluem o seguinte: A taquicardia se deve frequentemente a taquicardia sinusal ou atrial, fibrilação atrial ou taquicardia ventricular. Podem ser observados complexos prematuros atriais (CPA) ou ventriculares (CPV) isolados. Eles podem constituir o primeiro sinal detectável da CMD em alguns cães assintomáticos. As ondas P ficam frequentemente prolongadas ( maior que 0,04s), indicando uma dilatação atrial. O prolongamento do QRS com uma onda R borrada descentemente associados com um borramento do S-T sugerem fortemente uma cardiomiopatia (BIRCHARD e SHERDING, 1998). Os achados eletrocardiográficos em cães com cardiomiopatia dilatada são bastante variáveis. Os complexos QRS podem estar aumentados( indicando a presença de dilatação do ventrículo esquerdo), do tamanho normal ou menores do que o normal. As ondas P em cães com ritmo sinusal costumam estar ampliadas e entalhadas, sugerindo a presença de aumento do átrio esquerdo. Complexos atriais prematuros, taquicardia atrial paroxística ou fibrilação atrial podem ser comumente observados, principalmente em raças gigantes (NELSON e COUTO, 2001). 32 Figura 9 – Os disturbios do ritmo cardiaco na eletrocardiografia Nota: os distrbios do ritmo cardiaco registrados comumente com CMD incluem fibrilação arterial atrial (a) despolarizações ventriculares (b) e taquicardia ventricular paroxistica(c). Fonte: ETTINGER e FELDMAN (2004). Achados de Laboratório: as alterações de patologia clínica nos cães com CMD refletem os efeitos do baixo débito cardíaco, da congestão e da ativação neuro-hormonal. As concentrações séricas de eletrólitos e de proteínas frequentemente estão dentro da variação normal, mas pode haver hipoproteínemia, hiponatremia, e hipercalemia moderadas. Outras anormalidades laboratoriais incluem enzimas hepáticas séricas e ácidos biliares modestamente elevados, e aumento nas concentrações séricas de uréia e de creatinina em pequena porcentagem dos casos ( ETTINGER e FELDMAN, 2004). 33 4.1.6 Tratamento A terapia utilizada em cães com CMD é suporte para alívio dos sinais clínicos, ou seja, melhora na qualidade de vida do animal e, para um prolongamento da sobrevida (BORGARELLI et al., 2001). Os objetivos do tratamento são controlar os sinais de insuficiência cardíaca congestiva, otimizar o débito cardíaco, controlar as arritimias, melhorar a qualidade de vida do animal e prolongar a sobrevida, se possível (NELSON e COUTO, 2001). Os princípios gerais da terapia incluem administração de drogas inotrópicas positivas, diuréticos e vasodilatadores. Devem-se controlar as arritimias cardíacas. A restrição de exercícios e a restrição de sódio também são apropriadas. O uso com a digoxina aumenta a contratilidade miocárdica e melhora a atividade barorreceptora para retardar a frequencia cardíaca. Deve- se administrar uma dose inicial de 0,005 a 0,007 mg/Kg, V.O ( via oral), cada 12 horas (BIRCHARD e SHERDING, 1998). A digoxina também é utilizada para suprimir taquiarritmias supraventriculares e diminuir a resposta ventricular em animais com fibrilação atrial. Cães com fibrilação atrial e frequencia ventricular acima de 230 batimentos/ minuto podem ser tratados cautelosamente com digoxina intravenosa. ( KEENE e RUSH, 1995). A digitalização, com digoxina ou digitoxina, também normaliza os reflexos barorreceptores que estão prejudicados na insuficiência cardíaca. Sua utilização em casos de taquiarritmias supraventriculares é indiscutível, sendo o medicamento de eleição nestes casos. Atuam por mecanismo vagomimético, por excitação do centro bulbar, onde, devido à sua propriedade anticolinesterásica, estimulam o nervo vago, permitindo a diminuição da velocidade de condução nodal e da freqüência do automatismo sinusal (KEENE e RUSH, 1995). Apesar dos efeitos benéficos desses fármacos, devem ser consideradas a reduzir a margem de segurança e a grande incidência de sinais de intoxicação como anorexia, vômito, diarréia, apatia e, até mesmo, arritmias (RAMIREZ et al., 2003). Com relação ao risco-benefício da digitalização, esta terapia é recomendada para tratamento das cardiopatias em que o defeito fisiopatológico primário é disfunção sistólica do miocárdio, como no caso da CMD. Para isso, deve-se avaliar se há contra-indicações sérias, como arritmias ventriculares, que aumentam em freqüência ou gravidade, com a terapia. Contudo, isso não implica que os digitálicos 34 são sempre efetivos em termos da melhora do funcionamento do miocárdio, em todos os casos de cardiomiopatia (KEENE e RUSH, 1995). Digoxina e digitoxina são utilizadas por via oral ou intravenosa. As injeções intramusculares são muito dolorosas e podem causar necrose muscular, além de absorção errática. A dose oral recomendada de digoxina é de 0,001 – 0,01 mg/kg, a cada 12 horas. Formulação em elixir é melhor absorvida (75 a 90%) do que em comprimidos (50 a 70%), tendo sido recomendada redução na dose de aproximadamente 25%, quando a opção for pela apresentação em elixir. ( SISSON e THOMAS, 1995). O uso de digitálicos também é indicado por via intravenosa em casos de emergência, devido à taquicardia supraventricular persistente, acompanhando insuficiência cardíaca grave. A dose recomendada é de 0,02 a 0,04 mg/kg, com administração de 25% a cada hora, durante 4 horas (SISSON e THOMAS, 1995). Diuréticos, a Furosemida é o diurético mais comumente usado. Altas doses (p.ex., 3 a 5 mg/Kg) por via parenteral podem ser administradas inicialmente, se necessário. Para tratamento crônico, é melhor administrar a menor dose oral eficaz a intervalos adequados. A dose e a frequencia de administração podem ser aumentadas se preciso. Hipocalemia e alcalose parecem ser sequélas incomuns, a menos que o paciente tenha anorexia ou vômitos. Se surgir hipocalemia, podem ser administrados suplemento de potássio, mas precisam ser administrados cautelosamente se um inibidor da ECA (enzima conversora de angiostencina) também estiver sendo fornecido. Como alternativa, pode-se usar a espironolactona em conjunto com furosamida para ajudar a reter o potássio. Pode ocorrer hipercalemia quando são utilizados diuréticos poupadores de potássio ou suplementos de potássio em conjunto com um inibidor da ECA ou se houver doença renal ( NELSON e COUTO, 2001). Para BIRCHARD e SHERDING (1998), administra-se parentalmente a furosemida (2 a 4 mg/Kg, cada 8 horas), para mobilizar o edema e a ascite. Inicia-se depois uma dosagem oral, que é titulada com a resposta do paciente. Para KENEE e RUSH (1995), A furosemida, atua no ramo ascendente da alça de Henle, na inibição do transporte ativo do cloreto, produzindo rápida diurese e redução da pré-carga. Por esse motivo, são bastante utilizadas para o tratamento agudo da insuficiência cardíaca. 35 A nitroglicerina causa relaxamento direto da musculatura lisa venosa, que resulta no aumento da capacitância venosa. Por isso, diminui a pré-carga e reduz a congestão pulmonar e edemas (RAMIREZ et al., 2003). É utilizada em forma de pomada a 2%, aplicada na face interior da pina , ou em outra região raspada, aproximadamente 0,5 – 2,5cm a cada 4 ou 6 horas. Podem ser utilizados sistemas auto-adesivos para aplicação transdérmica que proporcionam níveis sustentados de nitroglicerina por 24 horas (LORENZ et al., 1996). A hidralazina é um dilatador arterial que relaxa a musculatura lisa (RAMIREZ et al., 2003). A hidralazina possui grande utilidade para animais com insuficiência cardíaca de baixo débito, pois pode reduzir o volume regurgitante mitral, aumentando o débito cardíaco anterógrado e reduzindo as dimensões do átrio esquerdo. A dose oral varia de 1 a 3 mg/kg a cada 12 horas. Recomenda-se monitorar a pressão sanguínea arterial média e as tensões centrais venosas de oxigênio para determinar a dose de manutenção (KEENE e RUSH, 1995). O tratamento com inibidor da ECA é iniciado tão logo se evidencie crescimento significativo de câmara, independente da presença de sinais clínicos (KEENE e RUSH, 1995). Foi demonstrado que o uso do enalapril, na dose de 0,5 mg/kg a cada 12 horas, associado ao diurético, reduziu significativamente os sinais da insuficiência cardíaca e melhorou a tolerância ao exercício (SISSON e THOMAS, 1995 e BORGARELLI et al., 2001). O tratamento com enalapril deve ser continuado durante todo o restante da vida do animal (KEENE e RUSH, 1995). Bloqueadores do canal de cálcio têm efeito vasodilatador coronário e periférico pelo relaxamento do músculo liso, ao bloquear a entrada de cálcio nas células através dos canais lentos. Além disso, podem deprimir a contratilidade cardíaca, atuando, principalmente, como antiarrítmicos (KEENE e RUSH, 1995; BONAGURA, 2007). Os fármacos bloqueadores do canal de cálcio e do receptor beta- adrenérgico são utilizados com frequencia nos cães com CMD e fibrilação atrial, porque a digoxina apenas em geral falha em controlar adequadamente a frequencia cardíaca. Ambos os fármacos reduzem eficazmente a frequencia cardíaca nesta circunstância. Os fármacos antagonistas do cálcio e bloqueadores beta- adrenérgicos também 36 foram recomendados para o tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca, especialmente aqueles com CMD, no ritmo sinusal.O tratamento crônico com agentes bloqueadores beta- adrenérgicos melhora a sobrevivência, a tolerância ao exercício, e a qualidade de vida (ETTINGER e FELDMAN, 2004). O propanolol é o mais utilizado . É utilizado no tratamento da insuficiência cardíaca para o tratamento da fibrilação atrial. A dose varia de 0,1 a 0,2 mg/kg, a cada 8 horas, por via oral ou injetável. (NAGATSU et al., 2000). Esta dose será gradualmente aumentada, até que seja obtida resposta desejada para a freqüência cardíaca. Foram observados efeitos colaterais, como desarranjos, debilidade e trombocitopenia. (KEENE e RUSH, 1995 e ATKINS, 2007). Relata-se que o Enalapril, utilizado em combinação com fármacos convencionais (digoxina e furosamida), reduziram significativamente os sinais clínicos da insuficiência cardíaca e melhoraram a tolerância ao exercício nos cães com insuficiência cardíaca congestiva devida a CMD (ETTINGER e FELDMAN, 2004). Terapia hídrica: A administração de líquidos SC (subcutâneos) ou IV (intravenoso) pode ser necessária em alguns cães, principalmente após terapia diurética vigorosa. Solução de Ringer com lactato, glicose a 5% intravenosa com cloreto de potássio (12 mEq/500ml) ou uma solução de cloreto de sódio a 0,45% e glicose a 2,5% com adição de cloreto de potássio podem ser administradas em doses conservadoras, como 20 a 40 ml/Kg/dia. Acompanhamento cuidadoso é fundamental, pois pode ocorrer hiperidratação, e edema pulmonar pode desenvolver-se rapidamente ( NELSON e COUTO, 2001). Em associação às drogas, o excelente tratamento do cardiopata, também inclui atenção especial à dieta. Há algum tempo a restrição de sódio na dieta era considerada a mais importante alteração na dieta do cão cardiopata. Isto porque essa restrição auxiliaria na redução do acúmulo de líquido em cães com ICC. Hoje, com o avanço dos estudos, foi observado que o ideal é fornecer ao animal quantidade ideal de calorias, evitando deficiências ou excessos nutricionais, além de fornecer doses terapêuticas de determinados nutrientes (FREEMAN e RUSH, 2008). 37 Quadro 04 – Tratamento emergencial para insuficiência cardíaca. 1. Oxigenoterapia; 2. Acesso Venoso; 3. Reduzir edema pulmonar, ascite e vol. plasmático - diurético (ex. furosemida) - broncodilatador (ex. aminofilina) - vasodilatador (ex. nitroglicerina) 4. Inibidor da ECA (ex. enalapril); 5. Monitoração - Débito Urinário (sonda uretral) - Freqüência Respiratória - Pressão Arterial - Função Renal - Eletrólitos - Débito Cardíaco 6. Acompanhamento com ECG; 7. Inotrópicos positivos (Digitálicos X Dobutamina). Fonte: ANDRADE et al., 2004 Quadro 05 – Manutenção domiciliar para tratamento da CMD 1. Diurético de alça (ex. furosemida) + associação com outros diuréticos, se necessário; 2. Broncodilatador (ex. aminofilina) 3. Inibidor da ECA (ex. enalapril) 4. Inotrópico Positivo (avaliar necessidade) 5. Suplementação nutricional (L-carnitina e taurina) 6. Dieta hipossódica 7. Restrição de exercícios Fonte: ANDRADE et al., 2004 4.1.7 Tratamento Cirúrgico Na medicina humana, um estudo comparativo entre os procedimentos cirúrgicos para tratamento da CMD, de Ventriculectomia Parcial Esquerda (VPE) e de Transplante Cardíaco (TC) relatou que, inicialmente, ambos os procedimentos 38 eram igualmente satisfatórios. Entretanto, a longo prazo, notou-se que a maioria dos pacientes que foram submetidos à VPE, necessitou de TC (ETHOC et al.1999). CHRISTO et al.(2003), pode verificar em um estudo que a VPE foi capaz de possibilitar uma melhora muito significativa no desempenho da função sistólica e da qualidade de vida dos sobreviventes. Entretanto, também pôde ser claramente verificado que, numa importante proporção destes sobreviventes, a VPE foi incapaz de modificar a tendência das fibras miocárdicas de retornar ao modelo do préoperatório, na evolução tardia. Ou seja, apenas a curto prazo a VPE mostrou-se satisfatória. Este fato tornou-se uma limitação crucial para o uso rotineiro da reversão cirúrgica da dilatação da cavidade ventricular para tratar a cardiomiopatia dilatada (CHRISTO et al. 2003; WILHELM et al., 2005). ANDRADE et al. (2004) realizaram um estudo para avaliar a técnica de Plicatura da Parede Livre do Ventrículo Esquerdo (PPLVE) em cães. Figura 10- Representação gráfica da técnica de plicatura da parede livre do ventrículo esquerdo, ramo interventricular paraconal e ramo marginal ventricular esquerdo. Fonte: ANDRADE et al., (2004) Nesse estudo, foram selecionados 13 cães, dos quais oito receberam doxorrubicina até que a fração de encurtamento fosse menor que 20%. Quatro destes animais e os cinco não induzidos foram submetidos ao procedimento cirúrgico. Os demais cães não foram operados e, constituíram o grupo controle. A 39 técnica denominada ventriculectomia parcial, está fundamentada na lei de Laplace, na qual a redução da cavidade ventricular esquerda diminui a tensão na parede 33 livre do ventrículo esquerdo e melhora sua função ANDRADE et al., (2004). A técnica operatória foi descrita com a aplicação de três pontos em “U”, transfixantes, na parede livre do ventrículo esquerdo, estendendo-se do ápice ao terço dorsal, por baixo do ramo marginal ventricular esquerdo. O pericárdio não é suturado e o tórax é fechado de maneira rotineira. Este estudo obteve bons resultados e, concluiu-se que a PPLVE sem circulação extracorpórea reduziu a área e o volume ventricular esquerdo, e conseqüentemente, houve melhora da função cardíaca dos cães com CMD induzida por doxorrubicina. Foram, ainda demonstradas baixa morbidade e mortalidade tardia. Um dispositivo denominado Myosplint foi desenvolvido para mudar a forma do ventrículo esquerdo de cães com insuficiência cardíaca induzida através da utilização de um marcapasso de alta freqüência. Constitui-se de um implante transventricular ajustado às paredes do ventrículo esquerdo, reduzindo o raio ventricular. Foi observada redução do estresse da parede ventricular e melhora na função ventricular sistólica (ANDRADE et al., 2004). Figura 11 – Esquematização do Dispositivo Myosplint Fonte: Mccarthy et al., (2001). 40 4.1.8 Prognóstico O prognóstico de CMD sintomática com ICC, fibrilação atrial ou taquicardia ventricular recorrente é reservado. No caso de cuidados domésticos exelentes e de atenção veterinária regular, a maioria dos cães vive por 6 a 12 meses após o início da ICC ou síncope (BIRCHARD e SHERDING, 1998). De acordo com NELSON e COUTO (2001), o prognóstico para cães com cardiomiopatia dilatada varia de reservado a desfavorável. A maioria dos cães não sobrevive mais de 3 meses após a manifestação clínica de insuficiência cardíaca, embora aproximadamente 25 a 40% dos cães acometidos vivam mais de 6 meses se a resposta ao tratamento for boa. Morte súbita pode ocorrer mesmo no estágio oculto, antes do aparecimento de insuficiência cardíaca. Em cada caso, entretanto, é importante avaliar a resposta do animal ao tratamento inicial antes de estabelecer um prognóstico sombrio de forma equivocada. Segundo ETTINGER e FELDMAN (2004), o diagnóstico de CMD pode ser devastador para os clientes, porque atualmente não existe cura disponível para a esmagadora maioria dos cães com a afecção e a recuperação espontânea do distúrbio não foi relatada, embora alguns animais assintomáticos ou sintomáticos de forma mínima possam sobreviver por anos com a doença. 41 4.2 RELATO DE CASO CLÍNICO Nome: Moppy Espécie: Canina Raça: Pit Bull Sexo: Macho Idade: 8 anos Peso: 33 Kg 4.2.1 Histórico Descreve-se o caso de um cão da raça Pit Bull (figura 09) que há 5 dias estava apresentando os seguintes sinais: ascite, cansaço, intolerância a exercícios, fraqueza e desidratação de 5%. A responsável não observou tosse no paciente. Figura 12 – Paciente 1 42 4.2.2 Exame Físico Ao exame físico foi observado temperatura de 38,0°C , mucosas pálidas, no tempo de preenchimento capilar foi verificado um tempo de 3 segundos indicando um grau de desidratação de 5% (leve indelasticidade da pele e mucosa seca). O pulso arterial femoral estava hipocinético. Na auscultação verificou-se sopro cardíaco com grau II e na auscultação do pulmão verificou-se chiados. O paciente foi encaminhado para realizar exames comple-mentares. 4.2.3 Diagnóstico A conclusão do diagnóstico foi realizada através de exames complementares de radiografia torácica dorsoventral e eletrocardiografia. Os resultados dos exames complementares realizados e os sinais clínicos apresentados pelo paciente sugeriram a cardiomiopatia dilatada. 4.2.4 Exames Complementares Foi realizada uma radiografia de tórax e eletrocardiografia. Com o resultado desses exames foi notado na radiografia torácica o coração com dilatação nas quatro câmaras cardíacas. Na eletrocardiografia verificou-se Taquicardia sinusal com complexo ventricular prematuro ocasional. 4.2.5 Tratamento O paciente foi tratado com digoxina 0,25mg, V.O a cada 12 horas, furosemida com a dose de 40mg, V.O, a cada 12 horas, e também maleato de enalapril com 10mg V.O a cada 12 horas. Foi ainda aconselhado a manter uma dieta hipossódica, 43 recomendando comida caseira sem sal misturada com um pouco de ração Bravo, devido ao paciente ser um cardiopata, e restrição a exercícios. 4.3 DISCUSSÃO A cardiomiopatia dilatada é o distúrbio mais comum do miocárdio em cães (FOX, 1992). A CMD caracteriza-se por dilatação das câmaras cardíacas e redução acentuada da contratibilidade miocárdica (O’GRADY, 1995; BONAGURA 2007; SISSON, 1998). O paciente estava com dilatação nas câmaras cardíacas comprovando a CMD segundo relata a literatura ( SISSON e THOMAS, 1995). Poucas informações da prevalência da CMD em cães foram publicadas na literatura veterinária, mas acredita-se a CMD seja uma das afecções cardiovasculares mais comuns nos cães. Dentre as cardiopatias, apenas a doença valvular degenerativa e, em algumas regiões, a dirofilariose pode aumentar maior morbidade em cães (SISSON e THOMAS, 1995). A prevalência da CMD é quatro vezes maior em machos do que em fêmeas e a média da faixa etária de início dos sintomas para ambos os sexos é dos 4 aos 6 anos de idade; contudo, cães de qualquer idade podem desenvolver a doença (NELSON e COUTO, 1994; FOX, 1992). Foi detectado a enfermidade em um macho, conforme é a prevalência discutida por NELSON e COUTO (1994); FOX (1992). Embora a faixa etária não corresponda com a média dada pelos autores. Embora a CMD tenha sido identificada com frequência crescente em animais de raça definida de porte médio como os Cocker Spaniel Ingleses e Americanos, esta afecção permanece, basicamente acometendo cães de raça definida de porte grande e gigante (SISSON e THOMAS, 1995). O caso clínico se refere a um paciente da raça Pit Bull, considerado um animal de porte médio, assim como relata a literatura em que a CMD afeta animais de porte grande a gigantes, porém, raças de médio porte também são afetadas com a doença. 44 A etiologia da CMD em cães, como em outras espécies, ainda não está totalmente esclarecida, podendo corresponder ao resultado final de processos diversos que afetam a função da célula miocárdica, incluindo deficiência de substratos metabólicos (taurina, L-carnitina e selênio), miocardite com necrose de miócitos (ex: infecção por parvoviros), isquemia miocárdica global severa, ou lesão tóxica dos miócitos por doxorrubicina (VAN VLEET, 2007; FERRANS, 1986; BONAGUARA e LEHMKUL, 1988; FOX, 1992;). Os sinais clínicos podem ocorrer de forma aguda (de 1 a 3 dias) e subaguda (de 5 a 7 dias). Os mais observados são: dispnéia, tosse, síncope, intolerância aos exercícios, e distensão abdominal. Como alterações subagudas mais sutis, podem ser observados, anorexia, perda de peso (frequentemente pronunciada), caquexia e letargia leve a moderada (DARKE et al., 2000; FOX, 1992). No caso descrito, o paciente apresentava os sinais clínicos de cansaço, intolerância a exercícios, fraqueza, ascite, desidratação, porém sem tosse de acordo com as referências citadas no trabalho. De acordo com ETTINGER (1997) e FOX (1988), no exame físico o paciente pode encontrar-se fraco, com prolongado tempo de preenchimento capilar, mucosas pálidas, e pulsos arteriais femorais hipocinéticos. Pode ser detectada distensão ou pulsação venosa jugular, distensão abdominal (ascite) e hepato ou esplenomegalia. Frequentemente a auscultação revela sopro apical esquerdo ou direito de intensidade leve a moderada, devido à insuficiência valvular atrioventricular causada por alteração da forma geométrica da mitral e/ ou tricúspide. Podem estar presentes taquicardia ritmo irregular, e um ritmo de galope. Sons pulmonares e cardíacos alterados podem ocorrer devido a diminuição da contratilidade cardíaca, ou devido a presença de derrame pericárdico e pleural. No exame físico relatado, foi observado a temperatura de 38°C , mucosas palidas, no TPC ( tempo de preenchimento capilar) foi verificado um tempo de 3 segundos com um grau de desidratação de 5%. O pulso arterial femoral estava hipocinético. Na auscultação notou-se sopro cardíaco grau II. De acordo com o resultado do exame físico apresentado pelo veterinário, e o exame físico relado na literatura, o caso clínico coincide com a cardiomiopatia dilatada canina. 45 No diagnóstico, o exame clínico completo e detalhado é de extrema importância para o diagnóstico da doença cardíaca. O exame cardiovascular completo deve sempre começar com uma anamnese seguida de um exame físico completo do paciente. Espécie, idade, raça e sexo devem ser considerados, a que alguns distúrbios estão associados a esses fatores. Nenhuma queixa é especifica de doença cardíaca, mas alguns sinais clínicos como intolerância ao exercício, fraqueza, síncope, fadiga, dificuldade respiratória, tosse, cianose, edema de membros, perda de peso e dilatação abdominal, devem ser considerados (DARKE et al., 2000). Foi realizada no paciente uma anamnese, com exame físico detalhado, e exame complementar onde se utilizou de uma eletrocardiografia e uma radiografia torácica dorsoventral e assim com os sinais clínicos deste paciente chegou a um diagnostico provável de cardiomiopatia dilatada. Os objetivos primários do tratamento são proporcionar débito cardíaco adequado, minimizar a demanda miocárdia por oxigênio, promover alivio dos sintomas, controlar as arritmias e reduzir a frequência cardíaca. Geralmente são utilizados os seguintes medicamentos: − Drogas inotrópicas positivas que atuam aumentando a disponibilidade de cálcio no sarcômero, aumentando a contratilidade (p.ex.: Digoxina); − Diuréticos, que reduzem o volume sanguíneo e a congestão (p.ex.: Furosemida); − Vasodilatadores, que aumentam o débito cardíaco anterógrado e diminuem a congestão venosa (p.ex.: Pomada de nitroglicerina); − Antiarrítmicos, que são utilizados principalmente quando está presente a taquicardia ventricular ou supraventricular; − Restrição a exercícios, para minimizar a sobrecarga sobre o coração; − Restrição dietética de sódio, para que diminua a retenção de água. (KITTLESON, 1997; NELSON e COUTO, 1994). A escolha dos medicamentos depende dos resultados clínicos e da presença ou ausência de ICC e arritmias. A ICC deve ser tratada tipicamente com uma dieta restrita em sódio, restrição a exercícios, utilização de diuréticos e vasodilatador. Muitos cardiologistas também iniciam o tratamento com a digoxina, sendo esta 46 suspensa quando as arritmias ventriculares pioram com sua utilização. A digoxina também é indicada para o tratamento da fibrilação atrial e de arritmias supraventriculares. (RUSH e FREEMAN, 1999; RALSTON e FOX, 1988). A Furosemida (diurético) pode também causar venodilatação e redução da pré-carga, mesmo antes de seus efeitos diuréticos o que ajuda a aliviar a dispnéia causada pelo edema pulmonar. Em animais gravemente dispnéicos, furosemida é administrada por via IV ou IM na dose de 2,2 a 4,4 mg /kg a cada 8 horas (O’GRADY, 1994). No tratamento feito na Clinica Veterinária Pet Vida, o veterinário usou a furosemida com a dose de 40mg, VO, a cada 12 horas, sendo o tratamento diferente com o da literatura citada. Os digitálicos, drogas inotrópicas positivas, são utilizados para a estimulação do miocárdio deprimido. A digitalização oral na dose de manutenção é geralmente suficiente (0,01 a 0,015 mg /kg a cada 12 horas). Alguns animais, em especial os cães da raça Doberman e cães com função renal prejudicada, são muito sensíveis aos efeitos dos digitálicos. Nestas situações, a dose deve ser reduzida (0.25 a 0,35 mg duas vezes ao dia). Uma dose de ataque (duas vezes maior que a dose oral de manutenção divididas em duas tomadas) durante o primeiro dia é ocasionalmente defendida para que sejam atingidos os níveis sanguíneos de digoxina de modo mais rápido; contudo, tal prática aumenta a probabilidade de intoxicação por esta droga. A digitalização intravenosa com 0,01 a 0,02 mg /kg divididas em duas a quatro doses, administradas ao longo de quatro horas, foi sugerida por alguns autores, quando a frequência cardíaca devido a fibrilação atrial excede os 230 batimentos por minuto (KITTLESON, 1997). De acordo com o veterinário a digoxina foi administrada na dose de 0,25 mg VO a cada 12 horas sendo o tratamento correspondente com o usado na literatura. O veterinário ainda fez uso de maleato de enalapril como tratamento, na dose de 10mg, VO, a cada 12 horas. Segundo ABBOTTE, (1998), o uso com enalapril em cães com ICC devido a cardiomiopatia dilatada melhoram a qualidade de vida, além de prolongá-la. Ainda foi aconselhado ao responsável fornecer uma dieta hipossódica ao paciente e não deixar com que o animal faça qualquer tipo de exercício. 47 Para FOX (1992), O exercício deve ser restringido, assim como o sódio da alimentação, através do uso de alimentação comercial terapêutica ou preparação caseira, como frango e arroz cozidos sem sal, misturado a um pouco de ração (Bravo ou Natural Choice - Lamb & Rice) . Num prognóstico, atualmente a CMD em cães possui, em sua grande maioria de casos, prognostico reservado e quase sempre uma afecção fatal. Praticamente todos os cães com sinais de insuficiência cardíaca morrem dentro de 6 meses a 2 anos (SISSON e THOMAS, 1997). Alguns cães com sintomatologia importante melhoram consideravelmente com o tratamento, vivendo confortavelmente durante muitos meses, ou mesmo anos; Outros não resistem às 48 horas iniciais de hospitalização (SISSON e THOMAS, 1997). Considerando individualmente a resposta ao tratamento e o curso clínico da CMD, o tempo de sobrevida do animal é muito variável e de difícil a previsão (ABBOTT, 1998). 48 5 PIOMETRA 5.1 REVISÃO DE LITERATURA Piometra é um acúmulo de material purulento dentro do útero. É uma afecção que apresenta um risco à vida potencial, associada a hiperplasia endometrial cística. A hiperplasia endometrial cística e a piometra se desenvolvem durante o diestro (FOSSUM , 2005). 5.1.1 Epidemiologia A doença acomete geralmente cadelas, de meia-idade ou idosas, (PRESTES et., al .,1991; GILBERT, 1992; JOHNSON, 1997; NASCIMENTO e SANTOS, 2003). Deve-se desconfiar de piometra em qualquer cadela não castrada, independente da idade que apresente sinais característicos da patologia durante ou imediatamente após o estro (GILBERT, 1992; FELDMAN 2005; NELSON, 1996). Entretanto, não se pode desconsiderar fêmeas castradas, pois estas podem apresentar piometra de coto. Esta patologia é rara e acontece devido uma inflamação e infecção bacteriana da porção remanescente do corpo do útero após a ovariosalpingohisterectomia (GILBERT, 1992; SANTOS, 1999). 5.1.2 Etiologia Entretanto, outros autores citaram em seus trabalhos, que não existe relação da piometra com irregularidade do estro, fêmeas nulíparas e fêmeas que apresentaram pseudociese anteriormente, uma vez que a gravidez psicológica é um fenômeno comum de ocorrer no fim do diestro, e por isso a pseudociese não predispõe o complexo endometrial cístico-piometra (GILBERT, 1992). 49 5.1.3 Patogenia Para FOSSUM (2005), o período diestral de uma cadela não-prenhe normal dura aproximadamente 70 dias. O útero é influenciado pela progesterona produzida pelos corpos lúteos ovarianos. A progesterona estimula o crescimento e a atividade secretora das glândulas endometriais e reduz a atividade miometrial. A hiperplasia endometrial cística é uma resposta uterina anormal que se desenvolve durante o diestro, quando ocorre uma produção ovariana alta ou prolongada de progesterona. A influência de progesterona excessiva faz com que o tecido glandular uterino fique cístico, edematoso, espessado e infiltrado de linfócitos e plasmócitos. A drenagem uterina é prejudicada pela inibição por progesterona da contratilidade miometrial. Durante o diestro, a administração de estrógenos aumenta o risco de piometra. Os estrógenos aumentam o número de receptores uterinos de progesterona, o que pode explicar porque há uma incidência aumentada de piometra após a administração de estrógenos para evitar prenhez ( FOSSUM, 2005). Piometra é um estágio do complexo da hiperplasia cística- piometra. A piometra apresenta 4 tipos que são: o tipo I é a hiperplasia endometrial cística, que ocorre em cadelas de meia idade e não está relacionada ao ciclo ovariano. O endométrio espessado está revestido por numerosos cistos translúcidos, de paredes delgadas. O tipo II ocorre apenas durante o diestro, quando a cérvix está relaxada e desobstruída. No tipo III, a hiperplasia endometrial cística se faz acompanhar por reação inflamatória aguda do endométrio. No caso de endometrite crônica (tipo IV), a cérvix pode estar aberta ou fechada. Se a cérvix encontra-se aberta, ocorre corrimento vaginal crônico. Os cornos não estão muito dilatados, as paredes estão espessadas, e há pouco pús. São observadas hipertrofia e fibrose do miométrio. Se a cérvix está fechada, o útero estará grandemente distendido e as paredes uterinas podem estar delgadas. DOW (1958, 1959). Segundo DAVIDSON (1995); Piometra é afecção da fase diestral do ciclo ovariano, quando o corpo lúteo está secretando ativamente progesterona, que aumenta as secreções das glândulas uterinas, inibe a contração do miométrio, e mantém a oclusão da cérvix. A progesterona ovariana deve estar presente para que a piometra seja mantida. 50 5.1.4 Sinais Clínicos O tipo e a gravidade dos sinais clínicos dependem da permeabilidade da cérvix, duração da enfermidade, e patologias extragenitais associadas. Em cadelas os sinais mais frequentemente descritos são: anorexia, polidipsia, depressão, corrimento vaginal, vômito, diarréia e útero aumentado de volume durante a palpação (NELSON e FELDMAN, 1996). Os sinais clínicos que podem ser encontrados nas cadelas afetadas são letargia, anorexia, depressão, poliúria, polidipsia, vômito, diarréia, perda de peso, presença de corrimento vulvar e a desidratação (DERIVAUX, 1980; DAVIDSON, 1995; FELDMAN e NELSON, 1996; JOHNSON, 1997; TROXEL et al., 2002). As mucosas se apresentam pálidas e anêmicas e a vulva pode estar edemaciada e hipertrofiada (DERIVAUX, 1980). A temperatura retal pode estar elevada ou normal (FELDMAN e NELSON, 1996; JOHNSON, 1997). GEOFFREY (1979) mencionou que em piometras abertas, a temperatura pode estar normal ou, mais raramente, aumentada; mas nos casos de piometras fechadas, é comum a temperatura estar elevada. Segundo DERIVAUX (1980) a hipertermia inicial vai diminuindo proporcionalmente ao desenvolvimento de uma toxicose, terminando no final em hipotermia. Se a doença não for tratada, pode ocorrer toxemia ou septicemia (JOHNSON, 1997; NELSON e COUTO, 2006), e assim sinais de choque e iminência de óbito (NELSON e COUTO, 2006). Na palpação pode-se perceber distensão abdominal e útero aumentado de tamanho (JOHNSON, 1997; NELSON e COUTO, 2006). 51 5.1.5 Diagnóstico O diagnóstico é concluído relacionando o histórico da cadela com os achados de exames físicos e complementares (JOHNSON, 1997; TROXEL et al., 2002). Através do histórico pode-se obter informações como a realização de um tratamento prévio com estrógenos a fim de evitar a concepção por causa de acasalamento indesejável, ou o uso de progestinas para suprimir o estro (JOHNSON, 1997); fase do ciclo estral em que o animal se encontra; ocorrência de partos (JOHNSTON; KUSTRITZ; OLSON, 2001). A vaginoscopia, durante o exame clínico, auxilia na visualização da mucosa vaginal, permitindo a constatacão de sinais inflamatórios, infecções, presença de massas, corpos estranhos, alguma anormalidade congênita; além de auxiliar na descoberta da origem da descarga vulvar (FELDMAN e NELSON, 1996). Para FOSSUM (2005), o diagnóstico se dá através de: radiografia e ultrasonografia, onde deve-se detectar um útero preenchido por fluido em radiografias abdominais e /ou ultra-sonografia. O útero com tamanho aumentado se localiza no abdômen caudal e pode deslocar o intestino cranial e dorsalmente. As vezes, em casos de piometra aberta ou ruptura uterina, ocorre drenagem suficiente, de maneira que não se detecta radiograficamente o útero. A ultra-sonografia pode identificar estruturas fetais, avaliar a viabilidade fetal, identificar o fluido uterino e determinar a espessura da parede uterina. Ultra-sonograficamente, piometra, hidrometra, ou hematometra parecem a mesma coisa. O útero é identificado como uma estrutura tubular linear ou retorcida bem definida, com um lúmen hipoecólico a anecóico e paredes ecogênicas finas. Nos achados laboratoriais, pode-se identificar anormalidades metabólicas a partir de contagem sanguínea completa, perfil bioquímico e urinálise. Os achados de hemograma mais comuns são neutrofilia com desvio á esquerda, monocitose e evidências de intoxicação leucocitária. Em pacientes gravemente afetados, podem ocorrer anormalidades de coagulação e coagulação intravascular disseminada (FOSSUM, 2005). Comumente, o diagnóstico de piometra pode ser firmado com base na história clínica, exame físico, e valores laboratoriais além de radiografia, ultra-sonografia e urinálise. A urina para a cultura bacteriana e urinálise é obtida por cistocentese, 52 durante a cirurgia. Nas radiografias abdominais exploratórias, estruturas tubulares homólogas com uma densidade de material líquido podem ser observadas na parte caudal do abdômen. A ultra-sonografia tem utilidade na determinação das dimensões do útero, espessura da parede uterina, e presença de líquido no interior deste órgão (TROXEL et al., 2002). 5.1.6 Tratamento O tratamento deve ser feito imediatamente, após a detecção da patologia, uma vez que mesmo não estando presentes, a endotoxemia e a septicemia podem aparecer a qualquer momento (JOHNSON, 1997). É indicado fazer uma fluidoterapia intravenosa, para correção dos déficits existentes e para melhorar a função renal (GILBERT, 1992; JOHNSON, 1997). Além disso, deve-se administrar um antibiótico de largo espectro e eficiente contra E. coli (GILBERT, 1992; FELDMAN e NELSON, 1996; JOHNSON, 1997). Após a estabilização do animal e o começo da antibioticoterapia, os quais são imprescindíveis antes da cirurgia (FELDMAN e NELSON, 1996), deve-se optar pelo tratamento cirúrgico ou clínico da piometra. Essa opção é feita baseando-se nas condições clínicas do paciente, e de acordo com o que o proprietário espera daquele animal, no que se refere à coberturas futuras (JOHNSON, 1997). Caso o proprietário, não dê preferência em manter a vida reprodutiva da cadela, o tratamento preferencial é a ovariosalpingohisterectomia (PRESTES; colaboradores, 1991; GILBERT, 1992; FELDMAN e NELSON, 1996; JOHNSON, 1997). Em relação ao tratamento clínico, esta opção só é feita se o proprietário ainda pretender obter crias da fêmea incriminada (GILBERT, 1992; FELDMAN e NELSON, 1996; JOHNSON, 1997). Segundo FELDMAN e NELSON (1996), as terapias com estrógenos, andrógenos, quininas e oxitocina não tiveram sucesso, pois o uso desses hormônios para provocar o relaxamento cervical não é recomendado, pois eles aumentam os efeitos da progesterona no útero (JOHNSON, 1997). 53 Segundo JOHNSTON, KUSTRITZ e OLSON (2001), dois antiprogestágenos competidores de receptores de progesterona, RU 46534 e Aglepristone, tem sido descrito para tratamento do complexo hiperplasia endometrial cística – piometra em cadelas. De acordo com FOSSUM (2005), o tratamento médico se dá com terapia com prostaglandina (PGF2α). Só se deve considerar uma terapia médica com antibióticos por 2 a 3 semanas e PGF2α. Deve-se informar os proprietários de que a terapia com PGF2α não está aprovada para uso em cadelas e gatas que são possíveis complicações sérias (por exemplo, ruptura uterina ou vazamento de conteúdo intraluminal no interior do abdômen e sepsia). Os efeitos colaterais a curto prazo (30 a 60 min.) incluem ofego, salivação, emese, defecação, micção, midríase, aninhamento, tenesmo, lordose, vocalização e higiene intensa por lambedura. Altas doses de prostaglandina podem resultar em ataxia, colapso, choque hipovolêmico, desconforto respiratório ou morte. A terapia com PGF2α pode causar redução na fertilidade. Outras terapias que podem ser benéficas em alguns casos incluem antilipopolissacarídeos para reduzir endotoxinas ou antiprogestágenos para promover involução uterina. 5.1.7 Tratamento Cirúrgico No tratamento cirúrgico deve-se ser realizado uma ovariosalpingohisterectomia (OSH). NA técnica cirúrgica da OSH se descreve como: expondo o abdômen por meio de uma incisão na linha média ventral, começando 2 a 3cm caudalmente a cartilagem xifóide, e estendendo-se até o púbis. Explore o abdômen e localize o útero distendido. Observe quanto as evidências de peritonite ( ou seja, inflamação de serosa, aumento de fluido abdominal, petequiação). Colete fluido abdominal para cultura, evacue a bexiga por meio de cistocentese, e colete uma amostra urinária para cultura e análise, se não tiver sido enviada anteriormente. Exteriorize com cuidado o útero, sem aplicar pressão ou tração excessiva. Um útero preenchido com fluido fica frequentemente friável; portanto, levante-o em vez de puxá-lo para fora do abdômen. 54 Não use gancho de castração para localizar e exteriorizar o útero, pois este pode se rasgar. Não corrija uma torção uterina, pois isso liberará bactérias e toxinas. Isole o útero a partir do abdômen com tampões de laparotomia ou toalhas esterilizadas. Coloque pinças e ligaduras, exceto em que se pode resseccionar a cérvix além dos ovários, dos cornos uterinos e do corpo uterino. Ligue os pedículos com um material de sutura monofilamentar absorvível (ou seja, polidioxanona ou poligliconato 2-0 ou 3-0), e transeccione na junção da cérvix e da vagina. Lave completamente o coto vaginal. Colha amostras de cultura do conteúdo uterino sem contaminar o campo cirúrgico. Remova os tampões de laparotomia e troque os instrumentos, luvas e campos estéreis contaminados. Lave o abdômen e feche a incisão rotineiramente, a menos que se encontre presente peritonite. Envie o trato para avaliação patológica (FOSSUM, 2005). 5.1.8 Prognóstico O prognóstico dessa doença do ponto de vista reprodutivo é grave, uma vez que essas cadelas acometidas são incapazes de se reproduzirem. Além disso, não se realizando uma intervenção precocemente, a doença pode se tornar letal. A toxicose pode causar uma anemia e a morte ao animal (DERIVAUX, 1980). A morte geralmente ocorre sem terapia cirúrgica ou médica; no entanto, alguns animais se recuperam após a regressão do corpo lúteo e a drenagem uterina espontânea. O prognóstico após uma cirurgia será bom caso se evite a contaminação abdominal, se controle o choque e a sepsia e se revertam os danos renais por meio de fluidoterapia e eliminação de antígenos bacterianos. Pode ocorrer morte quando as anormalidades metabólicas ficam graves e não responsivas a uma terapia apropriada. As taxas de mortalidade após um tratamento cirúrgico de piometra são de aproximadamente 5-8%. 55 5.2 RELATO DE CASO CLÍNICO Nome: Ramona Espécie: Canina Raça: Yorkshire Terrier Sexo: Fêmea Idade: 6 anos Peso: 6 kg 5.2.1 Histórico Foi atendido uma paciente da Raça Yorkshire Terrier, fêmea, não castrada e que estava apresentando há 3 dias vômito, sede intensa e dor à palpação abdominal. A responsável relatou que a paciente teria feito cio há um mês e meio e que nunca esteve prenha pois usava anticoncepcional injetável. Figura 13- Paciente 2 56 5.2.2 Exame Físico Durante o exame físico observou-se temperatura de 39,2ºC, mucosas normocoradas, desidratação com grau 5 a 8% (constatada através de inelasticidade da pele e mucosa seca), dor a palpação abdominal, distensão abdominal, e ausência de secreção vaginal. A paciente foi submetida a fluidoterapia intravenosa com Ringer Lactato e glicose 5%. Diante dos sinais que a paciente revelou durante o exame físico e das informações obtidas com a responsável, que relatou que a cadela não era castrada e garantiu que a mesma não havia cruzado, a suspeita inicial foi de piometra. 5.2.3 Diagnóstico A conclusão do diagnóstico foi realizada através de ultrassonografia. O resultado do exame complementar e dos sinais clínicos apresentados pela paciente foram conclusivos para chegar ao diagnóstico de piometra. 5.2.4 Exame Complementar Foi realizado uma ultrassonografia, onde se observou presença de quantidade de líquido livre em cavidade abdominal, anecóico, sem celularidade, visibilizado entre os cornos uterinos: - sutil efusão abdominal. Nos ovários não foi possível o acesso, devido ao grande volume uterino. Útero com dimensões muito aumentadas ocupando todo o abdômen. Cornos uterinos mediram de 2,22 a 2,33cm de diâmetro, com conteúdo luminal hipoecogênico (com celularidade): - hemo, muco ou piometra. 57 5.2.5 Tratamento Foi administrado enrofloxacina 2,5%, por via subcutânea, na dose de 5 mg/kg, e ketoprofeno 1%, por via subcutânea, na dose de 0,2 mg/kg. No dia seguinte, a paciente foi submetida à ovariohisterectomia e após a cirurgia, foi feito enrofloxacina 2,5%, por via subcutânea, na dose de 5 mg/kg, ketoprofeno 1%, por via subcutânea, na dose de 0,2 mg/kg e curativo do local cirúrgico com Rifamicina Spray. Como tratamento domiciliar utilizou-se enrofloxacina na dose de 5 mg/kg, SID, PO, durante 15 dias, Amoxicilina com clavulanato na dose de 12,5 mg/kg, BID, PO, durante 7 dias e quetoprofeno, SID, PO, na dose de 0,2 mg/kg durante 3 dias. Além disso, recomendou-se limpeza da ferida cirúrgica com soro fisiológico e Rifamicina Spray, uma vez ao dia, e repouso até a retirada dos pontos. Após 07 dias da cirurgia, a paciente retornou para a retirada dos pontos. Figura 14 – Exposição do corno uterino esquerdo 58 Figura 15 – Exposição dos cornos uterinos e corpo do útero Figura 16. Ligadura de tecidos adjacentes para posterior ligadura 59 Figura 17. Ligadura dos vasos 5.3 DISCUSSÃO Piometra é um processo inflamatório do útero, caracterizado pelo acúmulo de secreção purulenta no lúmem uterino que provém de uma hiperplasia endometrial cística (HEC) associada a uma infecção bacteriana. É a mais comum das uteropatias e sua importância está ligada à freqüência e à gravidade. (WEISS et al., 2004; JONES et al., 2007). 5.3.1 Epidemiologia A piometra possui particularidades epidemiológicas quanto a sua manifestação em cadelas não castradas, geralmente de meia idade ou idosas (PRESTES e colaboradores, 1991; GILBERT, 1992; JOHNSON, 1997; NASCIMENTO e SANTOS, 2003). Pode acometer também fêmeas jovens devido ao uso de hormônios prévios com a finalidade de se evitar a gestação, ou impedir acasalamentos indesejados (GILBERT, 1992; JOHNSON, 1997; TROXEL et al., 60 2002). Geralmente, essas fêmeas se encontram um a dois meses após o estro (GILBERT, 1992; TROXEL et al., 2002). Porém, a doença deve ser considerada em qualquer cadela com sinais clínicos característicos durante ou logo após o diestro, independente da sua idade (GILBERT, 1992; FELDMAN e NELSON, 1996). 5.3.2 Etiologia Segundo GROOTERS (1998) e FELDMAN (2004), a piometra resulta de alterações induzidas JOHNSON (1997), afirma que uma resposta a progesterona que seja exagerada, prolongada, ou inadequada no útero, que permitem que ocorram infecções secundárias. Outro aspecto, resultará em uma hiperplasia endometrial cística, com acúmulo de líquido no interior das glândulas endometriais e lúmen uterino. 5.3.3 Sinais Clínicos Os sinais clínicos que se apresentam geralmente na piometra são letargia, anorexia, depressão, poliúria, polidipsia, vômito, diarréia, febre alta ou não, perda de peso, presença de corrimento vulvar e a desidratação (DERIVAUX, 1980; DAVIDSON, 1995; FELDMAN e NELSON, 1996; JOHNSON, 1997; TROXEL et al., 2002). No caso clínico descrito o animal apresentava sede intensa, abdômen distendido, febre alta, desidratação, dor á palpação abdominal, porém ausência de corrimento vaginal. Os sinais apresentados pelo animal eram semelhantes aos da piometra o que levou o veterinário a suspeitar da enfermidade mencionada. Pois além desses sinais, a paciente não era castrada e ainda fazia uso de anticoncepcional injetável o qual contém estrógenos, que eleva o número de receptores de progesterona no útero e assim contribui para o desenvolvimento de piometra. 61 5.3.4 Diagnóstico O diagnóstico é concluído relacionando o histórico da cadela com os achados de exames físicos e complementares (JOHNSON, 1997; TROXEL et al., 2002). O médico veterinário, através da anamnese, sinais clínicos apresentados e também do exame físico, suspeitou de piometra e assim encaminhou o paciente para um exame de ultra-sonografia a fim de confirmar sua suspeita e ter um diagnóstico mais conclusivo, no qual o resultado confirmou a suspeita inicial. 5.3.5 Tratamento O tratamento deve ser feito imediatamente, após a detecção da patologia, uma vez que mesmo não estando presentes, a endotoxemia e a septicemia podem aparecer a qualquer momento (JOHNSON, 1997). É indicado fazer uma fluidoterapia intravenosa, para correção dos déficits existentes e para melhorar a função renal (GILBERT, 1992; JOHNSON, 1997). Caso o responsável, não dê preferência em manter a vida reprodutiva da paciente, o tratamento preferencial é a ovariosalpingohisterectomia (PRESTES et al., 1991; GILBERT, 1992; FELDMAN e NELSON, 1996; JOHNSON, 1997). Em relação ao tratamento clínico, esta opção só é feita se o proprietário ainda pretender obter crias da fêmea incriminada (GILBERT, 1992; FELDMAN e NELSON, 1996; JOHNSON, 1997). O procedimento do veterinário foi optar pela ovariosalpingohisterectomia devido ao estado avançado da piometra, com a autorização da responsável. Foi realizado uma fluidoterapia na paciente, antes do tratamento cirúrgico como indica a literatura, com Ringer Lactato e glicose 5% IV. 62 5.3.6 Prognóstico O prognóstico dessa doença do ponto de vista reprodutivo é grave, uma vez que essas cadelas acometidas são incapazes de se reproduzirem. Além disso, não se realizando uma intervenção precocemente, a doença pode se tornar letal. 63 6 CONCLUSÃO O estágio curricular supervisionado é de grande importância para aperfeiçoar os conhecimentos adquiridos na teoria, utilizando a prática. Como ter postura diante dos clientes, aprofundar os conhecimentos, manter contato com o proprietário e a partir desta interação ter a conclusão do diagnóstico e assim possibilitando várias terapias condizentes com o paciente em questão. Além disso, neste período também vemos a importância do relacionamento com os demais profissionais desta área, para assim obter mais informações trocando novos conhecimentos. O estágio ainda ajudou na escolha da atuação profissional, deixado a certeza de que com empenho e dedicação poderemos nos tornar grandes profissionais. 64 REFERÊNCIAS ABBOTT, J.A.; Cardiomiopatia dilatada. In: WINGFIELD, W.E. Segredos em Medicina Veterinaria. Porto alegre. Ed. Artmed, 1998. p.218-225. ANDRADE, J.N.B.M.; CAMACHO, A.A; SANTOS, P.S.P.; FANTINATTI, A.P.; NUNES, N.; STOPGLIA, A.J.; LEAL, J.C.; BRAILE, D.M. Estudo da função ventricular na técnica de plicatura da parede livre do ventrículo esquerdo em cães. 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