o desenvolvimento industrial de anápolis

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ISSN 2179-5212
O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DE ANÁPOLIS
Joana D’arc Bardella Castro
Acervo de Sultan Falluh
O início da industrialização de Anápolis coincide com o
apogeu do ciclo do café no Brasil. As primeiras máquinas de
beneficiamento do café instaladas na cidade provocaram uma
acelerada urbanização do município, surgindo assim em 1921
as olarias, que na década de 30 se transformaram em cerâmicas, indústrias de tijolos, telhas, ladrilhos, de propriedade
do Sr. Jad Salomão e do Sr. Agostinho de Pina. Entre 1930 e
1937, as máquinas de beneficiar o arroz também fizeram parte
do cenário da pequena indústria anapolina. Os investimentos
de empresários estabelecidos na cidade, antevendo as possibilidades de rentabilidade, se nortearam para a agroindústria.
Assim, a indústria teve como base a transformação de matéria-prima de origem animal e vegetal. Por conta disso, a primeira
charqueada de Anápolis foi fundada em 1935, por Carlos de
Pina.
Com a construção de Goiânia e a Marcha para o Oeste nas
décadas de trinta e quarenta, o Estado de Goiás torna-se centro
de imigração, e a transformação do setor industrial se constitui agora de pequenas empresas para atender as necessidades
prementes da população. Anápolis passa a ter 44 indústrias,
entre elas: marcenarias, cerâmicas, máquinas de beneficiamento de arroz, algodão, café, funilaria, casa de torrefação,
ferrarias, fábrica de bebidas alcoólicas e não alcoólicas, e tinturaria. O projeto de mudança da capital federal para Brasília
foi mais um marco da expansão econômica e populacional de
Anápolis, pois aqui se fez a base de apoio à construção da
nova capital.
Em 1958 foi fundada a Associação Industrial de Anápolis
com o objetivo de aglutinar os empresários do setor e desenvolver a industrialização da cidade. Em 1969 foi realizada a
1ª Feira de Amostra das Indústrias de Anápolis (FAIANA),
que contou com 293 pequenas indústrias, empregando 2.983
pessoas.
A partir dos anos setenta, Goiás se preocupa com o seu
parque industrial e cria a Superintendência de Distritos e Áreas Industriais, que mais tarde se transformou na GOIÁSINDUSTRIAL, com o objetivo de orientar e coordenar a política
industrial do Estado através dos distritos industriais estrategicamente localizados no território goiano. Buscava-se concretizar oportunidades latentes de cada município, e com isso
aumentar o nível geral de produtividade.
Anápolis foi então escolhida para iniciar esse processo
por apresentar os melhores coeficientes econômicos tais como
uma população de 150 mil habitantes, ser cortada por três
rodovias federais, ter 139 unidades de ensino e quatro faculdades nas áreas do direito, filosofia, odontologia e economia.
A cidade contava ainda com 18 agências bancárias, além da
Caixa Econômica Federal e da Estadual, sendo um dos municípios mais prósperos do Estado.
O projeto do DAIA (Distrito Agroindustrial de Anápolis)
foi enquadrado para receber o fundo de desenvolvimento industrial, uma dotação financeira a título de programas federais de desenvolvimento do Centro- Oeste a fundo perdido.
O custo inicial para sua implantação foi orçado em CR$ 257
Inauguração do DAIA (1976), com o presidente Geisel abraçando o
milhões de cruzeiros (valor de dezembro de 1975). Das indústrias que se instalariam no DAIA, esperavam-se investimentos de CR$ 455 milhões até 1976 e entre 1977 a 1978,
CR$ 1.062 milhões. Porém, as necessidades do projeto foram
redimensionadas e mais ajuda chegou, agora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, na ordem de 70 milhões
de cruzeiros.
Com um ano de implantação, 40 empresas já estavam em
negociação para fixação no Distrito. Dessas, 13 já possuíam
área escriturada e se achavam em fase de instalação. A ocupação do DAIA ficou sob responsabilidade da Secretaria da
Indústria e Comércio do Estado de Goiás. Lá se realizavam as
análises de projetos de viabilidade econômica que deveriam
ter como condição primeira a utilização da matéria-prima regional, observando o nível geral de empregos e a geração de
ICMS. Pelos meados de 1977, o DAIA gerava 7.500 empregos
diretos e 13.500 indiretos, com um incremento de 140% na arrecadação do ICM industrial do Estado. Passados cinco anos,
a realidade que cercava o DAIA era bem diferente do otimismo dos anos que precederam. Empresas de grande porte, planejadas e assinaladas para implantação, deixaram de fazê-lo,
algumas por falta de incentivos, outras por uma guerra fiscal
já iniciante e outras ainda por aguardarem na pendência de
decisões de órgãos oficiais ou financeiros, com planejamentos
perdidos na burocracia e no protocolo à espera de aprovação.
Também faz parte dos problemas enfrentados pelo DAIA o
processo de industrialização iniciado por Brasília.
Em 1980, Sultan Faluh, então presidente da ACIA, denunciava no Diário da Manhã a omissão de órgãos competentes na
divulgação do DAIA e falta de preparação dos estabelecimentos bancários de Anápolis em suportar a demanda de recursos
necessários à instalação das indústrias. Nesse período, só 14
indústrias estavam em funcionamento, seis em construção,
quatro com área escriturada, sete com área reservada e três
em análise. Em 1984, seis indústrias foram fechadas. Faluh,
em 1981, comenta “temos muitas casas, mas não temos habi-
Joana D’arc Bardella Castro Graduada em Economia, Mestre em Economia/UCB. Professora da UEG, UNIEVANGÉLICA e FLA
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tantes”, referindo-se aos diversos distritos industriais criados
no estado.
Na década de 90, no âmbito municipal, incentivos foram incrementados para atração de novas empresas, como a lei 1.915
de 12/12/91 que previa que as empresas ficariam isentas de pagar, por um período de cinco anos, os tributos municipais. No
âmbito federal, o FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste), as linhas de crédito do BNDE e os planos de incentivo da
SUDECO (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-
-Oeste) e no plano estadual, o FOMENTAR, hoje PRODUZIR,
todos foram programas que tornaram viável o DAIA, pois em
1993 ele já contava com 76 unidades industriais em funcionamento. As em- presas sediadas no DAIA contribuem com 8%
do total do ICMS arrecadado no estado, e propicia atualmente,
mais de oito mil postos diretos de trabalho e influi economicamente como fonte de renda para a subsistência de milhares de
pessoas que habitam em cidades vizinhas.
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