O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DA CIDADE DE ANÁPOLIS SOBRE UM ÂMBITO GLOBAL Zuzy dos Reis Pereira Anápolis possui intensa importância no cenário, tanto local, regional, como global, por ser uma das econômicas mais importantes do estado de Goiás, pois é considerada o segundo em economia e o terceiro em população. Outro aspecto de suma relevância é o fato do município de Anápolis ser classificado como um pólo industrial do estado de Goiás. Onde o DAIA (Distrito Agroindustrial de Anápolis possui cerca de 102 industrias ativas, 7 em construção, além de uma centena de outros projetos prontos para entrar em execução. (CASTRO, 2009). De acordo com dados fornecidos pela SEPLAN (2008), em 2006, foi o segundo município mais rico de Goiás, com um Produto Interno Bruto assim dividido: 64,5% no setor serviços, 34,54% no setor industrial e 0,96% no setor primário. Ocupa o segundo lugar entre os municípios goianos, em termos do valor adicionado da indústria em Goiás, participando com 8,09% do Estado, advindos de indústrias do ramo farmacêutico, produção de adubos, produtos alimentícios, embalagens e metalurgia. Toda cidade só cresce a partir das possibilidades que lhe são oferecidas, e no caso de Anápolis para que haja esse crescimento é necessário empreendimentos, que é antecedido por inovações e abertura de novos mercados dentro da cidade. Sendo que o propiciador desse processo de inovação é a aprendizagem tecnológica, que é responsável por preparar a mão-de-obra necessária para dinamizar a economia. Ressaltando que a abertura de novas firmas com alto poder de mercado funciona como veículo dinamizador do desenvolvimento. Observa-se que na cidade de Anápolis, a informação, juntamente com a transmissão de dados, a baixo custo, possibilita processos como o de inovação, desenvolvimento para a cidade, devido ao fato de se tornar mais acessível. O crescimento e o desenvolvimento da cidade estão integrados à inovação, que por sua vez traz como conseqüência a concentração populacional, que ocorre em função da presença de universidades, do distrito industrial, mostrando a sua face tecnológica e estrutural. A renda per capita consiste como sendo o indicador do nível de desenvolvimento de determinada região. Sabendo disso, é necessário enfatizar que a renda per capita determina o desenvolvimento, porém, fatores como a mortalidade infantil e número de matriculados na escola, nem sempre indicam desenvolvimento. Pois, um alto nível de renda nem sempre determina a ausência de problemas. Fatores como o comércio ligado a tropeiros e imigrantes, e atualmente a expansão do pólo atacadista, com a Estação Aduaneira de Interior (EADI) e o Porto Seco Centro-Oeste, favorecendo a importação e exportação, trazem para a cidade investidores, gerando maior competitividade. E como o surgimento do transporte rodoferroviário e a criação de Goiânia e Brasília. Além da construção da Base Aérea, e a implantação do DAIA, que se tornou referencia no Brasil, principalmente devido à industria farmacêutica, e recentemente o pólo educacional. Esses são fatores sem dúvida responsáveis por impulsionar a dinâmica econômica da cidade. Em relação ao dinamismo em que se encontra o mercado produtivo de Anápolis, o número de empregos criados demonstra ao longo desses sete anos que o saldo é positivo, nos setores produtivos industriais e comerciais. Por outro lado, esse progresso foi pouco notório no setor primário, que representa apenas 1,5% do PIB municipal. (CASTRO, 2009, p. 23) Os produtos agrícolas e as aves e o gado são responsáveis por parte da produção econômica da cidade. Além disso, a soja também é dinamizadora do mercado, referente ao setor primário. A concentração do setor industrial de Anápolis se dá no DAIA, que se localiza em um contexto nacional sobre a área de influência de mercados consumidores como Brasília, Goiânia, Triângulo Mineiro e claro, Anápolis. Um fator benéfico é a infraestrutura rodo-ferroviária, que liga a cidade aos principais pólos nacionais. O pólo farmoquímico de Anápolis é o terceiro maior do país e o primeiro em fabricação de medicamentos genéricos. Com 23 indústrias que estão funcionando e outras em projeto de expansão. (SEPLAN, 2004). O pólo farmacêutico é responsável por empregar muitas pessoas, mas cabe analisar se a população anapolina é de fato beneficiada com esse número de empregos? Se são suficientes para atender à demanda da cidade? E se de fato, o salário pago aos trabalhadores é suficientemente o merecido, ou se há uma “exploração” e desvalorização do trabalho em torno disso? A expansão do DAIA se consolida através de um segmento de investimentos em tecnologia, o que por sua vez, necessita de competências ligadas à capacitação e treinamento da mão-de-obra do trabalhador. Cabe saber se esses investimentos da empresas quanto à capacitação pessoal são realizados com os trabalhadores anapolinos propriamente ditos, ou essa capacitação é proporcionada a trabalhadores vindos de outras localidades? Cabe mencionar nessa análise o destaque para o comércio atacadista, varejista e distribuidor, com destaque para secos e molhados. Com vários estabelecimentos comerciais. Para Castro (2009, p. 26) “A significância do setor primário na economia do município sofre os reflexos da baixa participação no valor dos financiamentos concedidos em relação ao Estado de Goiás, onde em 2003 o total das operações significou 0,63% do total do Estado e em 2007 caiu para 0,25%. A Plataforma Logística Multimodal de Goiás tem como intuito quando finalizada, a combinação entre multimodalidade, telemática, e realização de fretes, de forma eficiente, integrando ao país logisticamente, através do transporte rodoviário, ferroviário e aeroportuário. Esse projeto da Plataforma Multimodal pode ser considerado como sendo global, em função da sua imensa abrangência. Além disso, possui a finalidade de distribuir a produção de Manaus ao eixo do sul e sudeste do país. Com toda essa estrutura econômica, impulsionada por altos investimentos e alta tecnologia, a seguinte citação comprova que isso não é responsável por determinar o nível de vida da maioria dos anapolinos, ao contrário, a situação como vista seguir, registrada pelas pesquisas de Castro, mostra a desigualdade em distribuição de renda na cidade, marcada por altos índices de desemprego, surgimento de um mercado informal, desvalorização do trabalho, percebida pelos baixos salários pagos aos trabalhadores. Registros da renda familiar, em Anápolis, indicam que os dos chefes de família que recebem de 1 a 3 salários mínimos representam de 40,60% da população (salário mínimo de R$ 151,00 em 2000). Esse valor, somado ao percentual dos chefes de domicílio que não têm rendimento e aos do que ganham até um salário mínimo, chega a 73,47%. Em oposição a esse percentual, 6,25% ganham mais que 10 salários mínimos, o que indica uma distribuição de renda desigual como a apresentada pelo quadro nacional. Comparada à tabela 3, o número total dos chefes de domicílio aumentaram de 68.516 para 77.759, entretanto não houve alteração significativa no percentual de suas rendas. (CASTRO, 2009, p.28). As exportações e importações têm aumentado ao longo dos anos, levando a balança comercial a obter destaque. Sendo que o mercado de Anápolis tem se tornado cada vez mais competitivo, em função das inovações, seguidas pelo consumo por parte do exterior, responsáveis pela realização de novos investimentos, e propiciando novas pesquisas. A taxa de crescimento de Anápolis tem crescido bastante ao longo dos tempos, propiciada principalmente pelo poder de atrair migrantes que buscam melhores condições socioeconômicas, migrantes estes, que pertencem ao próprio estado de Goiás, de outros e também de outros países. Sem falar na taxa de urbanização da cidade que é elevadíssima, chegando atingir o patamar de 98%, isto é, a população urbana predomina na cidade. O papel que a educação estabelece com a cidade é essencial no que diz respeito à formação para o mercado de trabalho, principalmente para o setor industrial, que oferece vagas condizentes a pessoas qualificadas, eficientes e práticas, para o desempenho das funções impostas pelo presente mercado. Nesse sentido, é respaldada a importância da educação formal e tecnológica para o exercício dessa prática, colocando em foco as possibilidades de formar pessoas em um menor tempo possível, para que possam ocupar vagas referentes aos setores de serviço e indústria. Para tanto, fatores como, melhorias no sistema educacional, no sistema de saúde, na infra-estrutura da cidade são elementos fundamentais para a inovação e desenvolvimento econômico. Cabe refletir, a partir desse parêntese, se é positivo o saldo no número de empregos na cidade e se consta este desenvolvimento tão referenciado, então resta saber o por que da ocorrência desses vários problemas que assolam a cidade? Refletindo sobre a seguinte citação., onde de acordo com Castro (2009, p. 33): Em relação ao dinamismo em que se encontra o mercado produtivo de Anápolis, o número de empregos criados demonstra nesses oito anos, que o saldo é sempre positivo, ou seja, foram mais pessoas admitidas do que desligadas de suas funções, totalizando 166.845 e 149.940, respectivamente, gerando, saldo de 16.905 pessoas empregadas. Em termos anuais, a média é de 2.113 novas oportunidades de trabalho, onde se conclui que houve ganho de vagas de empregos nos setores produtivos anapolinos. Além do mais, é evidenciado por autores estudiosos da cidade de Anápolis, que a cidade sofre com a ocorrência de problemas ambientais e favelas, ocasionadas pelo inchaço populacional, em determinados locais da cidade, tendo como principais causas, o desemprego, deficiências no sistema de saúde, educação e dificuldades em acesso à melhorias de vida. Para finalizar, fica claramente comprovado que a cidade de Anápolis tem se desenvolvido ao longo dos anos, mas que esse desenvolvimento não tem ocorrido e atingidos todas as instancias e habitantes da cidade. Constata-se que é uma cidade favorável à qualificação profissional, em função do fácil acesso à educação de nível superior e tecnológico, e também à ocorrência de altos investimentos externos, veiculados pelos setores atrativos pertencentes à cidade. Porém, quando o olhar se volta para os problemas enfrentados por grande parte dos cidadãos anapolinos, percebe-se a má distribuição de renda, que por sua vez é responsável pelo alto índice de problemas de ordem ambiental e social. Essa é uma questão que necessita ser pensada, repensada e levada mais a sério e analisada pelos diversos estudiosos das diversas áreas. Pois assim, a partir de uma discussão a esse respeito é que poderão surgir alternativas referentes à melhoria das condições de vida, condizentes à grande parcela da população. E que o desenvolvimento econômico da cidade, seja um fator dinamizador, não só da faixa da população de alto poder aquisitivo, mas que esse desenvolvimento atinja todos os ângulos da cidade. Dessa forma, será plenamente dinamizado o desenvolvimento e crescimento econômico, tão referenciado pelas pessoas, pelos livros e pelo próprio país. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTRO, Joana D’arc Bardella. Anápolis: Desenvolvimento industrial e meio ambiente. Anápolis: Associação Educativa Evangélica, 2004. CASTRO, Joana D’arc Bardella. Anápolis, processo e desenvolvimento, um estudo econômico sobre a cidade centenária. Revista de economia da UEG, Anápolis (GO), vol. 5, nº 1, jan-jun, 2009, p. 20-39. Disponível <http://www.nee.ueg.br/seer/index.php/economia> Acesso em: 04/11/2009. em: