Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 PRODUÇÃO DE BIOMASSA DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE FEIJÃO-CAUPI IRRIGADO COM ÁGUA SALINA IVIS ANDREI CAMPOS E SILVA1*, KYONELLY QUEILA DUARTE BRITO2, RONALDO DO NASCIMENTO3, JOYCE EDJA AGUIAR DOS SANTOS 4, JOSÉ MARCELO CORDEIRO POSSAS5 1 Graduando Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB. Email: [email protected] Mestranda Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB. Email: [email protected] 3 Professor Doutor Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB. Email: [email protected] 4 Mestranda Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB. Email: [email protected] 5 Doutorando Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB. Email: [email protected] 2 Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015 15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil RESUMO: Cultivado em regiões de clima quente úmido e semiárido, o feijão-caupi torna-se uma opção para a região Nordeste, uma vez que pode servir como alternativa de fonte de renda aos pequenos e médios produtores. Nesse sentido, objetivou-se avaliar as características produtivas de genótipos de feijão-caupi irrigados com água salina.Foram estudados dois fatores: Salinidade da água de irrigação (A1 – água de abastecimento com 0,8 dS m-1 e A2 – solução salina com 4,8 dS m-1) e Genótipos de feijão-caupi(G1 - MNC04-762F-9, G2- MNC04-762F-3, G3- MNC04-762F-21, G4MNC04-769F-62 e G5- MNC04-765F-153). Fatorialmente combinados (2 níveis de salinidade x 5 genótipos), resultou em 10 tratamentos, organizados num delineamento inteiramente casualizado, com 4 repetições. As variáveis analisadas foram a massa seca do caule, das folhas e da raiz; definindo assim a massa seca da parte aérea e do sistema radicular. A salinidade da água de irrigação reduziu consideravelmente as variáveis estudadas de genótipos de feijão-caupi. PALAVRAS–CHAVE: Qualidade de água, irrigação, vigna unguiculata DIFFERENT BIOMASS PRODUCTION GENOTYPES OF COWPEA WITH IRRIGATION WATER SALINA ABSTRACT: Grown in warm humid climates and semi-arid, cowpea with becomes an option for the northeast region, since it can serve as an alternative source of income for small and medium producers. In this sense, aimed to evaluate the production characteristics of cowpea genotypes irrigated with saline water.Were studied the factors irrigation water salinity (A1 - water supply with 0,8dSm-1 and A2 - saline 4,8 dSm-1) and cowpea genotypes (G1 - MNC04-762F-9, G2 - MNC04-762F-3, G3 MNC04-762F-21 G4 - MNC04-769F-62 and G5 - MNC04-765F- 153). Factorial combinations (2 x 5 salinity levels genotypes), resulted in 10 treatments, arranged in a completely randomized design with four replications. The variables analyzed were dry weight of stem, leaves and roots; thus defining the dry weight of shoots and sprouts system. The salinity of irrigation water considerably reduced the variables studied cowpea genotypes. KEYWORDS: Water quality, irrigation, vigna unguiculata. INTRODUÇÃO O feijão-caupi (Vigna unguiculataL. Walp), também conhecido por feijão macassar ou feijãode-corda, pertencente à família Fabacea,é uma planta leguminosa herbácea, originário da África, introduzida no Brasil no século XVI. Os maiores produtores e consumidores mundiais são a Nigéria, Níger e Brasil (Singh et al., 2002). O feijão-caupi, assim como outras culturas, é uma planta considerada extremamente sensível à salinidade. De modo geral, as regiões semiáridas do Nordeste dispõem de solos razoáveis para seu cultivo, entretanto, nessa região, uma limitação frequente, é a qualidade da água de poços, açudes e rios, que nem sempre é adequada ao desenvolvimento satisfatório das plantas, devido à concentração relativamente alta de sais (Audry e Suassuna, 1995), ocasionando redução em crescimento, desenvolvimento e produtividade, em razão do aumento da salinidade no solo. Nesse contexto, Brito et al. (2008) relatam, que a viabilização do uso de água de baixa qualidade e de solos salinos é possível por meio do cultivo de genótipos de elevada tolerância a esse fator abiótico. Tendo em vista a importância econômica do feijão-caupi e dos problemas causados pela salinidade, se faz necessários estudos que permitam conhecer formas de minimizar esses efeitos, tornando possível, práticas como o aproveitamento das águas salinizadas em genótipos tolerantes à salinidade, sem prejuízo de redução em crescimento, desenvolvimento e produtividade da cultura. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a produção de biomassa de diferentes genótipos do feijãocaupi sendo submetidos a irrigação com salinidade severa. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida em casa de vegetação da Universidade Federal de Campina Grande, nas instalações da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola/UFCG, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, em Campina Grande, PB. No período de Outubro a Dezembro. Foram estudados dois fatores: Salinidade da água de irrigação (A1 - água de abastecimento com 0,8 dSm-1 e A2 - solução salina 4,8 dSm-1) e Genótipos de feijão-caupi (G1 - MNC04-762F-9, G2 - MNC04-762F-3, G3 - MNC04-762F-21, G4 - MNC04-769F-62 e G5 - MNC04-765F-153), os quais foram cedidas pela EMBRAPA Meio Norte. Fatorialmente combinados (2 níveis de salinidade x 5 genótipos), resultou em 10 tratamentos, organizados num delineamento inteiramente casualizados, com 4 repetições. As plantas foram conduzidas em vasos de polietileno, com capacidade volumétrica de 20 L. Os vasos foram colocados em capacidade de campo, e foram postas a germinar 3 sementes por vaso. Com 10 dias após a semeadura foi realizado o primeiro desbaste, o segundo desbaste ocorreu aos 12 dias após a semeadura (DAS), com também a irrigação com água salina, colocando-se manualmente o volume necessário para manter o solo próximo à capacidade de campo, conforme o tratamento. A solução de água salina para irrigação foi preparada a partir do sal NaCl, feitas as avaliações de condutividade elétrica das água de abastecimento e salina, até alcançarem o valor desejado. No final do experimento, aos 75 DAS, foram determinadas as variáveis de massa seca da parte aérea e radicular. Para a determinação das massa secas, as plantas foram coletadas e levadas ao Laboratório de Irrigação e Salinidade (LIS) do Departamento de Engenharia Agrícola da UFCG, onde foram selecionados caule, folhas e raiz. Quanto à determinação da massa seca da parte aérea e do sistema radícular, as plantas foram acondicionadas em sacos de papel e postas para secar em estufa de circulação forçada de ar, em temperatura de 60 °C e pesados em balança analítica após 72 h. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, observa-se que a massa seca das folhas, caule, raízes e da parte aérea, apresentam diferenças significativas para o tratamento, em todas as épocas avaliadas. Entretanto não houve efeito significativo entre os genótipos estudados. O tratamento utilizando água salina na irrigação, influencia a 1% todos os parâmetros avaliados. Tabela 1. Resumo da análise de variância para massa seca das folhas (MSF), massa seca do caule (MSC), massa seca da raiz (MSR) e massa seca da parte aérea (MSPA) em genótipos de feijão-caupi sob irrigação com água salina. Campina Grande, 2014. Quadrados Médios GL MSF MSC * 180,6250 MSPA * 1144,9020* Tratamento (T) 1 140,6250 Genótipo (G) 4 3,5625ns 3,7500ns 5,1625ns 4,9625ns TXG 4 3,0625ns 2,0000ns 1,4375ns 5,9625ns Erro 27 3,1768 4,0472 2,8398 9,8800 16,78 25,55 30 17,08 CV (%) 525,6250 MSR * ns = não significativo, * = significativo a 1% e ** = significativo a 5%, de probabilidade pelo teste Tukey; CV = coeficiente de variação e GL = grau de liberdade Na Figura 1A, observa-se que a maior média para a massa seca foliar é a do genótipo G1 (14,25 g), seguido do G2 (12,75 g). Diferindo das maiores médias encontramos o G5 (11,25 g), com menor média. Com avaliação levando em consideração os tratamentos o genótipo que apresentou maios diferença foi o G1 (63,14%). Figura 1. Teste de médias para massa seca das folhas (MSF), massa seca do caule (MSC) e massa seca da raiz (MSR). Campina Grande, PB, 2014. 1A a a a MSF (g) 12 b 9 b b 15 a a b b Água 1 6 Água 2 3 a a a a 9 6 b b b b b Água 1 Água 2 3 0 0 G1 G2 G3 G4 G1 G5 G2 G3 G4 G5 Genótipos Genótipos 15 1B a 12 MSC (g) 15 1C MSR (g) 12 9 6 a a a a a b 3 Água 1 b b b b G2 G3 G4 G5 Água 2 0 G1 Genótipos Para a variável massa seca do caule (Figura 1B), as maiores médias encontradas foram a dos genótipos G1 e G2 (12,75 g e 12,50 g respectivamente), para o fator de tratamento o G2, continuou obtendo maior média. A massa seca das raízes (Figura 1C), o genótipo G1 obteve maior média (7,25 g) no tratamento correspondente a água de abastecimento, diferindo do genótipo G5 que obteve menor média (5,50 g). Para o tratamento com a irrigação com água salina o genótipo que obteve melhor resposta foi o G1 com o peso médio de 4,25 g e o G3, G4 e G5 com menores médias de 1,75 g cada um. Moya et al., sugerem que a elevada redução no crescimento da raiz diminui a extração de íons potencialmente tóxicos do solo e favorecem a aclimatação da planta ao estresse salino. Prisco (1980) esclarece que os sais na zona radicular da planta provocam redução da permeabilidade do sistema radicular à água, introduzindo ao déficit hídrico que, por consequência, leva à redução na taxa de fotossíntese e na taxa de crescimento. Na Figura 2 encontra-se o teste de médias para a parte aérea, em que o genótipo que possuiu a melhor resposta em relação a irrigação com água salina foi o G3, porém as melhores médias de irrigação com água de abastecimento foram dos genótipos G1 e G2, obtendo médias de 25,75 g e 24,75 g, respectivamente. Figura 2. Teste de médias para massa seca da parte aérea da planta (MSPA). Campina Grande, PB, 2014. 30 a a MSPA 25 a a a 20 15 b b b b b Água 1 10 Água 2 5 0 G1 G2 G3 G4 G5 Genótipos Semelhantemente, Bayuleo-Jiménez et al., (2003) verificaram a diminuição da produção de matéria seca total, das raízes e da parte aérea e da área foliar total em seis genótipos de feijoeiro cultivados em solução nutritiva com níveis crescentes de salinidade, dentro de casa de vegetação. Uma das explicações mais aceitas para a inibição do crescimento pelo estresse salino é o desvio de energia do crescimento para a manutenção, isto é, a redução na matéria seca das plantas pode refletir o custo metabólico de energia, associado à adaptação a salinidade e redução no ganho de carbono (Richardson e Mccree, 1995). CONCLUSÕES A salinidade da água de irrigação reduziu todas as variáveis analisadas de biomassa,e dentre os 5 genótipos estudados, foi identificado que o mais tolerante a salinidade da água de irrigação, G3(MNC04-769F-49) exceto na variável de massa seca da raiz, não sendo recomendada o nível de salinidade na utilização da irrigação. REFERÊNCIAS Audry, P.; Suassuna, J. A salinidade das águas disponíveis paraa pequena irrigação no sertão do Nordeste: Caracterização,variação sazonal, limitação de uso. Recife: CNPq, 995. 128p. Bayuelo-jimenez, J.S.; Debouck, D.G., Lynch, J.P. Growth, gas exchange, water relations, and in composition of Phaseolus species grown under saline conditions.Field CropsResearch. Madison, v.80, p.207-222, 2003. Brito, M.E.B.; Fernandes, P.D.; Gheyi, H.R.; Melo, A.S.; Cardoso, J.A.F.; Soares Filho, W.S. Sensibilidade de variedades e híbridos de citrange à salinidade na formação de porta-enxertos. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.3, n.4, p.343-353,2008. Moya, J.L.; Primo-Millo, E.; Talon, M. Morphological factors determining salt tolerance in citrus seedlings: the shoot to root ratio modulates passive root uptake of chloride ions and their accumulation in leaves. Plant, Cell and Environment, Logan, v.22, n.11, p.1425-1433, 1999. Prisco, J.T. Alguns aspectos da fisiologia do "stress" salino. Revista Brasileira de Botânica, v.3, n.1/2, p.85-94, 1980. Richardson, D.R.; Hefter G.T.; May, P;M.; Webb, J.; E Baker E ( 1995 ) quelantes de ferro da classe isonicotinoilohidrazonapiridoxal. III. . Constantes de formação com cálcio (II), magnésio (II) e zinco (II) MetBiol3 : 161 -167 Singh, B.B. et al. Recent progress in cowpea breeding. In: Fatokun, C. A. et al. (Ed.). Challenges and opportunities for enhancing sustainable cowpea production. Ibadan: IITA, 2002. p. 22-40.