Artigo Original Inter-relações entre Variáveis Demográficas, Perfil Econômico, Depressão, Desnutrição e Diabetes Mellitus em Pacientes em Programa de Hemodiálise Relationships Among Demographic Variables, Economic Profile, Depression, Malnutrition and Diabetes Mellitus in Patient on Maintenance Hemodialysis Manuel Carlos Martins Castro1, Ana Castello Branco da Silveira2, Maria Valéria da Silva3, Jacqueline Lopes Couto4, Magdaleni Xagoraris1, Jerônimo Ruiz Centeno1 e José Adilson Camargo de Souza1 Trabalho realizado no Instituto de Nefrologia de Taubaté, Taubaté, SP 1 Médico; 2 Nutricionista; 3 Psicóloga; 4 Assistente Social RESUMO Objetivo: Avaliar as inter-relações entre variáveis demográficas, perfil econômico, depressão, desnutrição e diabetes mellitus em uma população de pacientes submetida à hemodiálise crônica em unidade de tratamento não hospitalar e não universitária. Métodos: Em 171 pacientes em hemodiálise, foi realizada a avaliação do perfil econômico para classificação nas classes A, B, C, D e E. A avaliação de depressão foi feita pelo Inventário de Beck. A avaliação nutricional foi realizada pelo índice de massa corpórea, avaliação subjetiva global e objetiva global, sendo a classificação feita em desnutrido e não desnutrido. Diabetes foi diagnosticado pela história clínica. Resultados: Dos pacientes estudados, 29% eram das classes B e C e 71%, das classes D e E. No sexo masculino, predominaram as classes B e C e, no feminino, D e E. Depressão ocorreu em 34% dos pacientes, sendo mais freqüente no sexo feminino. Desnutrição foi observada em 35% dos casos, sendo mais freqüente nos indivíduos idosos. A prevalência de desnutrição aumentou das classes B para E e foi maior no primeiro que no segundo ano de diálise. A prevalência de diabetes foi maior nos indivíduos masculinos, nos idosos e naqueles com maior Índice de Massa Corpórea (IMC). Os diabéticos apresentaram, também, menor tempo de diálise. Conclusões: Entre nossos pacientes, predominam as classes D e E, sendo a prevalência de depressão, desnutrição e diabetes elevada. Sexo feminino é fator de risco para depressão. Idade, classe econômica e tempo de diálisesão fatores de risco para desnutrição. Estas observações sugerem a necessidade do atendimento multidisciplinar no tratamento do paciente em diálise. Descritores: Hemodiálise. Desnutrição. Depressão. Diabetes Mellitus. Classificação econômica. ABSTRACT Objective: The objective to our study was to evaluate the relationship among demographic variables, economic profile, depression, malnutrition and diabetes mellitus in patients on maintenance hemodialysis. Methods: 171 patients on hemodialysis were evaluated with respect to economic profile and divided into classes A, B, C, D and E. Depression was evaluated by the Inventory of Beck. The patients were classified in malnourished and nonmalnourished according to body mass index, global subjective and objective assessment of nutritional status. The diagnosis of diabetes was performed by clinical history. Results: 29% of patients were classified in class B and C and 71% in class D and E. Males were predominate in class B and C and females in D and E. Depression was diagnosed in 34% of patients and was more frequent among females. Malnutrition was observed in 35% of the patients and was more frequent in older patients. The prevalence of malnutrition increased from classes B to E, and was more frequent in the first year of dialysis than in the second. The prevalence of diabetes was higher in males, older patients, and in those with higher BMI. Diabetes was associated with less time in dialysis therapy. Conclusions: In our unit the more prevalent economic classes were D and E. The prevalence of depression, malnutrition and diabetes was very high. The prevalence of depression was higher among females. The increase of age and time on dialysis induced greater malnutrition. These observations suggest that multidisciplinary patient care is mandatory for those on maintenance hemodialysis. Keywords: Hemodialysis. Malnutrition. Depression. Diabetes Mellitus. Economic classification. Recebido em 11/06/07 / Aprovado em 30/07/07 Endereço para correspondência: Dr. Manuel Carlos Martins Castro Instituto de Nefrologia de Taubaté Av. Bandeirantes 3.100 12070-100, Taubaté, SP, Brasil E-mail: [email protected] Características de um Programa de HD no Vale do Paraíba-SP 144 INTRODUÇÃO A doença renal crônica (DRC) está se tornando um problema de saúde pública em diversos países1, inclusive no Brasil2. As principais causas envolvidas na elevação do número de indivíduos com DRC são o aumento da expectativa de vida associada a uma prevalência elevada de diabetes mellitus e hipertensão arterial. Conseqüentemente, a demanda por terapias de substituição da função renal tem aumentado acentuadamente nos últimos anos. Paralelamente ao aumento da demanda, ocorreu grande avanço nas técnicas de diálise. O desenvolvimento de máquinas de hemodiálise com vários dispositivos de segurança, de filtros de diálise com melhor desempenho e biocompatibilidade, o surgimento de sistemas de tratamento de água eficientes e a difusão das técnicas de prescrição da diálise baseadas no modelo de cinética de uréia melhoraram muito as taxas de morbi-mortalidade do tratamento dialítico3. Conseqüentemente, a comunidade nefrológica passou a se preocupar com outros aspectos envolvidos no tratamento desses pacientes. Nesse sentido, estudos foram realizados com o objetivo de avaliar parâmetros nutricionais4 e de qualidade de vida5 nos pacientes em terapia renal substitutiva (TRS). Isso ocorreu não só em função da melhora na sobrevida dos pacientes, mas também pela observação de que desnutrição4, depressão6 e piores índices de qualidade de vida5 estão associados com pior prognóstico durante a TRS. Entretanto, a interpretação desses estudos é sempre prejudicada, pois os resultados observados em países desenvolvidos não se aplicam necessariamente aos países em desenvolvimento. Isso é particularmente marcante em países de dimensões continentais como o Brasil, onde resultados válidos para uma região mais desenvolvida podem não se aplicar às regiões menos desenvolvidas. Portanto, mais estudos com objetivo de caracterizar a população de doentes em diálise nas diversas regiões do país são necessários. Este é um estudo de corte transversal, observacional, que teve como objetivo caracterizar do ponto de vista demográfico, socioeconômico, psicológico, nutricional e da prevalência de diabetes mellitus um programa de hemodiálise na região do Vale do Paraíba Estado de São Paulo. Paralelamente, o estudo procurou avaliar as possíveis inter-relações entre essas variáveis. MATERIAL E MÉTODOS No período de 1º de maio a 31 de outubro de 2006, 171 pacientes em programa de hemodiálise no Instituto de Nefrologia de Taubaté – São Paulo foram submetidos à avaliação socioeconômica, nutricional e psicológica para estratificação da classe econômica e prevalência de desnutrição, depressão e diabetes mellitus. Todos os pacientes estavam em diálise há pelo menos três meses e foram submetidos às três avaliações em intervalo de tempo não superior a dois meses. Avaliação Socioeconômica Para avaliar o perfil socioeconômico, foram utilizados os critérios da Classificação Econômica Brasil (CCEB) da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa7. Os pacientes foram classificados nas classes A1, A2, B1, B2, C, D ou E, de acordo com a posse de bens de consumo e o grau de instrução do chefe da família. O questionário foi aplicado sob supervisão e orientação de uma assistente social, devidamente treinada no atendimento de pacientes em TRS. Avaliação da Depressão Para avaliar o diagnóstico presuntivo de depressão, foi utilizado o Índice Cognitivo de Depressão (Inventário de Depressão de Beck)8. Para aplicação do questionário, utilizamos a versão em português, proposta e validada por Gorestein e Andrade9 em 1998. Esse instrumento é composto de 21 perguntas de auto-avaliação com quatro alternativas, cujos valores de pontuação variam de 0 a 3, perfazendo um total de 0 a 63 pontos. Neste estudo, um escore maior que 15 foi considerado indicativo de depressão. O questionário foi aplicado por uma psicóloga treinada no atendimento de pacientes em TRS. Avaliação Nutricional Para a classificação do estado nutricional, os pacientes foram avaliados através de métodos subjetivos e objetivos como descrito por Martins & Riella10. Na avaliação subjetiva, foi utilizado o recordatório alimentar de um dia, o exame físico geral e a avaliação subjetiva global, baseada nas respostas a questões sobre perda de peso, aparência física, apetite, nível de energia e ônus da doença. De acordo com as respostas, o paciente era classificado como: nutrição normal, leve a moderadamente desnutrido ou severamente desnutrido11. Na avaliação objetiva, foram utilizadas medidas antropométricas e exames bioquímicos. As medidas antropométricas foram: índice de massa corpórea (IMC), calculado com o peso seco pósdiálise, prega cutânea do tríceps, circunferência muscular do braço (CMB), relação cintura-quadril e altura de joelho para estimar a altura corporal nos pacientes com amputações ou que não conseguiam ficar em pé. Na classificação pelo IMC, utilizamos os critérios da Organização Mundial da Saúde12. Os exames bioquímicos realizados foram: concentração de albumina e transferrina sérica, contagem total de linfócitos e ritmo de catabolismo protéico, estimado pelo modelo de cinética de uréia, normalizado pelo peso corpóreo. De acordo com esses índices, o paciente era classificado em: desnutrição grau 1, 2 ou 3, risco nutricional, eutrofia, sobrepeso ou obesidade grau 1, 2 ou 3. Quando, através de J Bras Nefrol Volume 29 - nº 3 - Setembro de 2007 diferentes índices, o paciente era classificado em diversas categorias de padrão nutricional, optou-se por aquela na qual o paciente apresentava o maior número de índices, respeitando-se a seguinte escala de importância: IMC, avaliação bioquímica, CMB, recordatório do registro alimentar e, por último, a avaliação subjetiva global. Finalmente, o diagnóstico de diabetes mellitus foi baseado nos dados de história clínica e no uso de insulina ou hipoglicemiante oral. A avaliação nutricional foi realizada por uma única nutricionista, devidamente treinada no atendimento de pacientes em TRS. Neste estudo, para fins de apresentação dos resultados, os pacientes com desnutrição grau 1, 2, 3 ou risco nutricional foram classificados como desnutridos e as demais categorias como não desnutridos. Características da Hemodiálise Todos os pacientes eram submetidos a três sessões de hemodiálise por semana, com duração de três e meia a quatro horas. O tempo de tratamento foi individualizado de acordo com o modelo de cinética de uréia e a função renal residual. Durante as diálises, o fluxo de sangue foi de 300 a 350ml/min e o fluxo de dialisato, de 500ml/min. A concentração de sódio, potássio e cálcio no dialisato era de 137, 1,0 e 3,0mEq/L respectivamente. O tampão utilizado foi bicarbonato na concentração de 36mEq/L. Ao dialisato era acrescido glicose na concentração de 100mg/dL. O filtro de diálise utilizado foi Fresenius Polissulfona série Hemoflow F 7, 8 ou 10 (Fresenius Medical Care- Germany), de acordo com o peso do paciente e os resultados do modelo de cinética de uréia, obedecendo às diretrizes da National Kidney Foundation7. As máquinas de hemodiálise utilizadas foram do tipo proporção com módulo de ultrafiltração controlada e o tratamento da água foi feito por osmose reversa. Análise Estatística Os dados são apresentados com média ± desvio padrão para as variáveis contínuas e como percentuais para as variáveis categóricas. As médias foram comparadas pelo teste de MannWhitney e as proporções pelo teste exato de Fisher. Nível de 5% foi aceito para significância. O programa utilizado para análise estatística foi GraphPad Prism version 3.00 for Windows (GraphPad Software, San Diego California USA). apresentação, os pacientes foram agrupados nas classes B2 e C ou D e E. A Tabela 1 mostra a distribuição percentual dos pacientes quanto à classificação econômica, escore de Beck, diagnóstico de desnutrição e presença de diabetes mellitus. Cinqüenta (29,2%) pacientes pertenciam às classes B2 e C e 121 (70,8%), às classes D e E. Para o escore de Beck, 65,5% apresentavam valor inferior ou igual 15 e 34,5%, valor superior a 15. Na avaliação nutricional, 60 (35,1%) pacientes apresentavam algum grau de desnutrição ou risco nutricional e 111 (64,9%) foram considerados não desnutridos. Na população estudada, a prevalência de diabetes mellitus foi de 27,5%. A Tabela 2 mostra as características clínicas e demográficas dos pacientes quando divididos nas classes econômicas B ou C e D ou E. Não houve diferença entre os grupos quanto à idade, tempo de diálise, sexo, escore de Beck, presença de desnutrição ou diagnóstico de diabetes. Entretanto, o perfil de distribuição econômica foi o inverso entre homens e mulheres. Enquanto a porcentagem de homens diminuiu das classes B2 para E, a porcentagem de mulheres aumentou nesse mesmo Tabela 1. Classificação econômica, escore de Beck de depressão, prevalência de desnutrição e diabetes em 171 pacientes em tratamento de hemodiálise em Taubaté - SP Classe Econômica B-C D-E 50 (29,2) 121 (70,8) Índice de Beck ≤15 >15 112 (65,5) 59 (34,5) Desnutrição Sim Não 60 (35,1) 111 (64,9) Diabetes Mellitus Sim Não 47 (27,5) 124 (72,5) (%) Tabela 2. Distribuição das variáveis demográficas e clínicas em 171 pacientes em tratamento de hemodiálise em Taubaté – SP divididos pela classificação econômica Variável Classe Econômica B-C (n=50) D-E (n=121) 53,4±14,6 52,4±13,6 Idade (anos) RESULTADOS Nos 171 pacientes analisados, a idade média foi de 52,7±13,8 anos (16 a 87 anos) e o tempo de hemodiálise foi de 35,0±21,9 meses (3 a 154 meses). Noventa e seis pacientes (56,1%) eram do sexo masculino e 75 (43,9%), do sexo feminino. Não observamos nenhum paciente das classes econômicas A1, A2 ou B1. Oito pacientes (4,7%) pertenciam à classe B2; 42 (24,6%), à classe C; cem (58,5%), à classe D e 21 (12,3%), à classe E. Para fins de 145 Tempo de HD (meses) Valor de p 0,91 33,3±29,7 35,7±17,9 0,12 Masc Fem 29 (58) 21 (42) 67 (55,4) 54 (44,6) 0,87 Índice de Beck ≤15 >15 35 (70) 15 (30) 77 (63,6) 44 (36,4) 0,48 Desnutrição Sim Não 15(30) 35 (70) 45 (37,2) 76 (63,8) 0,48 Diabetes Sim Não 15 (30) 35 (70) 32 (26,4) 89 (73,6) 0,71 Sexo (%) 146 Características de um Programa de HD no Vale do Paraíba-SP intervalo (Figura 1). Por outro lado, houve uma elevação progressiva na proporção de pacientes com algum grau de desnutrição, da classe econômica B2 em direção às classes D e E (Figura 2). A Tabela 3 mostra as variáveis estudadas quando os pacientes foram divididos pelo escore do índice de Beck. Não existiu diferença significante para idade, tempo de diálise, classificação econômica, presença de desnutrição ou diagnóstico de diabetes nos pacientes com escore menor ou igual a 15 e maior que 15. Por outro lado, o número de mulheres com escore de Beck maior que 15 foi significativamente maior (p<0,05). A Tabela 4 mostra a distribuição das variáveis quando os pacientes foram divididos em desnutridos e não desnutridos. Nos pacientes desnutridos, a idade foi significativamente maior (55,4±16 vs 51,2±12,4 anos; p<0,05) e o IMC significativamente menor (20,9±2,9 vs 26,2±4,1kg/m2; p<0,0001). Esta diferença no IMC é justificada, pois este índice foi uma das principais variáveis analisadas para estabelecer o diagnóstico de desnutrição. Com relação à distribuição por sexo, presença de diabetes, classificação econômica ou escore de Beck, não se observou diferença entre os grupos desnutridos e não desnutridos. Ainda na Tabela 4, observa-se que o tempo de hemodiálise foi maior nos pacientes desnutridos (38,3±23,9 vs 33,2±20,7 meses); entretanto a diferença não atingiu significado estatístico. Todavia, a reanálise da relação tempo de diálise e prevalência de desnutrição revelou que, nos indivíduos em tratamento entre três e 12 meses, a porcentagem de desnutridos foi de 35,7%. Nos pacientes em hemodiálise entre 13 e 24 meses, essa porcentagem cai para 20% e, a partir de 25o Tabela 3. Distribuição das variáveis sócio-demográficas e clínicas em 171 pacientes em tratamento de hemodiálise em Taubaté – SP divididos pelo escore de Beck Variável Índice de Beck ≤15 (n=112) >15 (n=59) 53,1±14,2 51,9±13,3 Idade (anos) Figura 1. Distribuição por sexo nos diversos perfis de classificação econômica em 171 pacientes em tratamento de hemodiálise em Taubaté - SP. Valor de p 0,60 Tempo de HD (meses) 36,0±23,9 33,2±17,5 0,70 Sexo Masc Fem 70 (62,5) 42 (37,5) 26 (44,1) 33 (55,9) 0,024 Cl. Econômica B-C D-E 35 (31,3) 77 (68,7) 15 (25,4) 44 (74,6) 0,48 Desnutrição Sim Não 40 (35,7) 72 (64,3) 20 (33,9) 39 (66,1) 0,87 Diabetes Sim Não 28 (25) 84 (75) 19 (32,2) 40 (67,8) 0,37 (%) Tabela 4. Distribuição das variáveis sócio-demográficas e clínicas em 171 pacientes em tratamento de hemodiálise em Taubaté – SP divididos pelo diagnóstico de desnutrição Variável Desnutrição Sim (n=60) Não (n=111) 55,4±16,0 51,2±12,4 Idade (anos) Tempo de HD (meses) 38,3±23,9 33,2±20,7 0,10 Sexo Masc Fem 38 (63,3) 22 (36,7) 58 (52,3) 53 (47,7) 0,20 Diabetes Sim Não 17 (28,3) 43 (71,7) 30 (27) 81 (73) 0,86 20,9±2,9 26,2±4,1 <0,0001 IMC (kg/m2) Figura 2. Distribuição dos casos de desnutrição nos diversos perfis de classificação econômica em 171 pacientes em tratamento de hemodiálise em Taubaté - SP. Valor de p 0,04 Cl. Econômica B-C D-E 15 (25) 45 (75) 35 (31,5) 76 (68,5) 0,48 Índice de Beck ≤15 >15 38 (63,3) 22 (36,7) 72 (64,9) 39 (35,1) 0,87 (%) J Bras Nefrol Volume 29 - nº 3 - Setembro de 2007 mês de tratamento, a proporção de desnutridos volta a se elevar, atingindo valor ao redor de 43,5% após o 37o mês de tratamento (Figura 3). A Tabela 5 mostra a distribuição das variáveis analisadas quando os pacientes foram divididos em relação à presença de diabetes mellitus. Nos diabéticos, a idade, o IMC e a proporção de pacientes do sexo masculino foram significativamente maiores. Por outro lado, os diabéticos estavam em diálise por tempo significativamente menor que os não diabéticos (27±18,3 vs 38,1±22,5 meses; p<0,01). Finalmente, não observamos diferenças com relação à classificação econômica, escore de Beck e diagnóstico de desnutrição entre diabéticos e não diabéticos. DISCUSSÃO Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o perfil econômico e a prevalência de depressão, desnutrição e diabetes mellitus em uma população em programa de hemodiálise no Vale do Paraíba – SP, uma das regiões economicamente mais desenvolvidas do Estado de São Paulo e, conseqüentemente, do Brasil. Apesar desse elevado padrão de desenvolvimento, constatamos que nossos pacientes pertencem às classes econômicas mais baixas, e a prevalência de depressão e desnutrição é muito alta. Paralelamente, verificamos que muitas das variáveis estudadas se inter-relacionam, o que torna as estratégias de atuação mais complexas, exigindo o enfrentamento dos problemas através de ações integradas. A classificação econômica dos pacientes em programa de hemodiálise na cidade de Taubaté – São 147 Paulo é bastante diferente daquela observada no Brasil e na região metropolitana da Grande São Paulo7. Entretanto, o perfil de nossos pacientes é muito semelhante àquele observado por Godinho e cols13 em pacientes que iniciaram diálise na cidade de Salvador – Bahia. A Tabela 6 mostra um comparativo entre as diversas classes econômicas nessas populações. Então, de acordo com a divisão arbitrária adotada neste estudo, que associou as classes B e C e D e E, observamos que, nos pacientes em hemodiálise, predominam as classes D e E, enquanto, no Brasil e na Grande São Paulo, predominam as classes B2 e C. Esses resultados sugerem que o perfil econômico dos indivíduos em diálise no Brasil é inferior ao observado na população geral. Este fato deve alertar as autoridades voltadas à gestão dos recursos públicos de saúde, pois os números evidenciam menor acesso às medidas de tratamento e prevenção da DRC nas camadas mais baixas da população, sendo isso particularmente relevante para o sexo feminino, como mostra a Figura 1. Apesar desse padrão desfavorável de distribuição de classes econômicas, observamos que ele pouco influenciou no diagnóstico de depressão, desnutrição ou Tabela 5. Distribuição das variáveis sócio-demográficas e clínicas em 171 pacientes em tratamento de hemodiálise em Taubaté – SP divididos pelo diagnóstico de diabetes mellitus Variável Diabetes Mellitus Valor Sim (n=47) Não (n=124) de p 59,6±12,7 50,1±13,4 <0,0001 Idade (anos) Tempo de HD (meses) 27,0±18,3 38,1±22,5 0,002 Sexo Masc Fem 33 (70,2) 14 (29,8) 63 (50,8) 61 (49,2) 0,025 Cl. Econômica B-C D-E 15 (31,9) 32 (68,1) 35 (28,2) 89 (71,8) 0,71 Índice de Beck ≤15 >15 28 (59,6) 19 (40,4) 84 (67,7) 40 (32,3) 0,37 Desnutrição Sim Não 30 (63,8) 17 (36,2) 81 (65,3) 43 (34,7) 0,86 25,6±4,7 23,8±4,3 0,031 IMC (kg/m2) (%) Tabela 6. Distribuição percentual das diversas classes econômicas no Brasil Figura 3. Distribuição dos casos de desnutrição de acordo com o tempo de tratamento em 171 pacientes em hemodiálise em Taubaté - SP. Classe Econômica A1 A2 B1 B2 C D E Brasil1 1 5 9 14 36 31 4 Grande São Paulo 1 1 6 10 16 38 26 2 Salvador – BA 8 0 0 0,9 2,6 15,5 62,9 18,1 Taubaté – SP 0 0 0 4,7 24,6 58,5 12,3 148 Características de um Programa de HD no Vale do Paraíba-SP diabetes. Esta última observação sugere que o controle do diabetes esteja, na região geográfica deste estudo, mais difundido que os cuidados com o tratamento e prevenção da DRC. O diagnóstico de depressão em pacientes com DRC é particularmente importante, pois, embora ela não pareça estar diretamente relacionada com a mortalidade em diálise 14,15, sabe-se que está intimamente associada à qualidade de vida dos pacientes com DRC16, bem como à aderência do paciente ao tratamento17. Na literatura, existe uma grande variação na prevalência de depressão nos pacientes em TRS. Esta variação está, em parte, relacionada com o instrumento utilizado para estabelecer o diagnóstico de depressão. Neste estudo, utilizamos o inventário de Beck, pois ele representa a medida de auto-avaliação de depressão mais usada em pesquisa clínica. De acordo com o “Center for Cognitive Therapy”, um escore de dez ou mais pontos é sugestivo de depressão18. Utilizando esse valor, diversos estudos têm demonstrado que, aproximadamente, 50% dos pacientes em diálise apresentam algum grau de depressão6,14,19,20. Entretanto, como o questionário envolve perguntas relacionadas a atitudes e sintomas, várias respostas podem ser influenciadas pela condição clínica do paciente em hemodiálise. Isso é particularmente verdadeiro nas questões que se referem aos distúrbios do sono, fadiga, perda do apetite, perda de peso e redução da libido. Diante disso, alguns autores têm proposto que, para pacientes em diálise, um escore acima de 15 seja utilizado para o diagnóstico de depressão21. Utilizando esse valor de corte, a prevalência de depressão é ao redor de 25%22,23. Em nosso estudo, observamos uma prevalência de 34,5%. As características clínicas e demográficas que melhor identificam os pacientes com DRC deprimidos são: história pregressa de episódio depressivo maior, sexo feminino, não ser casado, vida solitária, desemprego, idade jovem e menor tempo em diálise24. Em nosso estudo, entre os homens, a prevalência de depressão foi de 27%, enquanto, entre as mulheres, ela foi de 44%, sendo o sexo o único fator de risco identificado e estatisticamente significante para o diagnóstico de depressão (Tabela 3). Alguns autores têm relatado uma relação inversa entre tempo de diálise e depressão24 e uma relação direta entre depressão e desnutrição 25. Nossos resultados, entretanto, não confirmam esses dados. Na literatura, a prevalência de desnutrição nos pacientes em diálise varia entre 18% e 70%26. Esta grande variação é dependente da região estudada, do perfil socioeconômico da população, dos hábitos alimentares e, principalmente, dos parâmetros utilizados para diagnóstico de desnutrição. A maioria dos autores utiliza o IMC para avaliar a presença de desnutrição. Entretanto, esse índice, isoladamente, é sujeito a críticas, pois os parâmetros de normalidade variam de acordo com a idade. Isso é particularmente importante quando se observa uma elevação na idade média dos pacientes em diálise. Embora a maioria dos estudos adote um IMC menor que 18,5kg/m2 como indicativo de desnutrição, outros autores têm proposto valor menor que 20kg/m 2 para o diagnóstico 27. Um dos primeiros estudos a avaliar desnutrição em pacientes em hemodiálise no Brasil foi publicado por Valenzuela e cols em 2003, na cidade de Manaus – Amazonas28. Os autores observaram uma prevalência de desnutrição de 4% quando o critério utilizado foi um IMC<18,5kg/m2. Entretanto, a prevalência elevou-se para 44,8% quando os autores utilizavam a prega cutânea tricipital e/ou a CMB para o diagnóstico de desnutrição. Batista e cols29, em Blumenau – Santa Catarina, utilizando o IMC<18,5kg/m2, relataram desnutrição em 2% dos seus pacientes em hemodiálise, mas não especulam sobre os eventuais motivos dessa baixa prevalência de desnutrição. Cabral e cols30, avaliando 47 pacientes no Recife – Pernambuco, utilizando como critério diagnóstico o IMC<18,5kg/m 2, relataram desnutrição em 18,9% dos pacientes em hemodiálise. Mais recentemente, Santos e cols31, utilizando IMC<18,5kg/m2, observaram prevalência de desnutrição de 18,4% nos pacientes em hemodiálise em Sobral – Ceará. Entretanto essa prevalência elevou-se para 55,3% quando os autores utilizavam como critério diagnóstico a CMB. Portanto, com esse critério, os resultados foram muito próximos aos observados por Valenzuela e cols28. No estudo Cooperativo Nacional Francês27, os autores avaliaram o estado nutricional de 7.123 pacientes em hemodiálise e, utilizando IMC<20kg/m2, observaram uma prevalência de desnutrição de 24%. Em nosso estudo, utilizando um valor de IMC<18,5 ou <20kg/m2, observamos desnutrição em 7% e 14,6% dos pacientes respectivamente. O diagnóstico de desnutrição nos pacientes em tratamento dialítico é particularmente difícil. O problema tem origem no desconhecimento dos parâmetros que devem ser utilizados para o diagnóstico, pois não existe uma medida que funcione igualmente bem, tanto em clínica quanto em pesquisa. Para avaliar o estado nutricional, as medidas antropométricas mais precisas são as porcentagens do peso usual e do peso ideal e o IMC. Medidas menos precisas são as pregas cutâneas e as medidas de circunferência do braço. Todavia, enquanto o IMC tende a subestimar o diagnóstico de desnutrição, as medidas da prega cutânea tricipital e a CMB tendem a superestimar o diagnóstico de desnutrição. Portanto, J Bras Nefrol Volume 29 - nº 3 - Setembro de 2007 como esses parâmetros isoladamente não parecem adequados para a avaliação do estado nutricional, outras maneiras de avaliação, como a subjetiva global e a objetiva global, têm sido propostas. Em nosso estudo, utilizando esse dois critérios de avaliação, foi possível classificar o paciente na categoria de risco nutricional, situação muito próxima da desnutrição, mas que não é individualizada quando se realiza a avaliação apenas pelo IMC11. Utilizando esses critérios, observamos uma prevalência de desnutrição de 35,1% em nossos pacientes, sendo 8,8% com desnutrição grau 1 e 2 e 26,3% com risco nutricional. Neste estudo, os pacientes mais idosos apresentavam significativamente mais desnutrição. Por outro lado, a presença de depressão, que tem sido associada com níveis mais baixos de albumina sérica32, não foi um fator de risco para desnutrição dentro dos critérios utilizados. Ainda neste estudo, observamos que o tempo de hemodiálise, apontado em diversos trabalhos como fator de risco para desnutrição33,34, foi maior nos desnutridos, mas não atingiu significado estatístico. Provavelmente, isso ocorreu em conseqüência da elevada prevalência de desnutrição no primeiro ano de diálise. Como mostra a Figura 3, a relação entre tempo de hemodiálise e desnutrição foi representada por uma curva em jota, com o nadir no segundo ano de diálise. Este aspecto sugere que os pacientes estejam iniciando hemodiálise tardiamente, quando já sofreram as conseqüências da evolução natural da DRC e/ou do rígido tratamento conservador. Desta maneira, o primeiro ano de hemodiálise pode representar um período de resgate do estado nutricional do paciente. A Figura 2 mostra que a classe econômica pode ter influenciado no desenvolvimento de desnutrição. Isso sugere que medidas de apoio social, como a distribuição de cestas básicas às camadas mais baixas da população em diálise, possam melhorar os índices de desnutrição, o que seria particularmente significativo em unidades como a nossa, onde 70,8% dos pacientes pertencem às classes D e E. Experiência com suplementação alimentar foi relatada nas cidades de Recife – Pernambuco30 e Sobral – Ceará31 com melhora dos índices de ingestão protéicocalórica. O número de pacientes diabéticos em diálise tem aumentado nos últimos anos. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), no censo de 2006, 25% dos pacientes em diálise no Brasil apresentavam diabetes mellitus35. Peres e cols36 relataram aumento na prevalência de diabetes como causa de TRS de 6,9% para 24,6% entre os qüinqüênios de 1990-1995 e 2000-2005 na região oeste do Estado do Paraná. Nos Estados Unidos e Europa, essa cifra atinge valores de até 45% em algumas regiões37. As principais razões para este crescimento deri- 149 vam de mudanças no estilo de vida, que, em associação com o aumento na ingestão de alimentos com elevado teor calórico e redução na atividade física, resultam em elevação do IMC, que, por sua vez, está associado com elevação na prevalência de diabetes tipo II38. Paralelamente, tem-se observado crescimento na expectativa de vida dos diabéticos, decorrente de melhores estratégias de tratamento, que resultam em maiores taxas de complicações tardias da doença. Por outro lado, também a média de idade dos pacientes em diálise aumentou na última década. De acordo com dados do censo de 2006 da SBN, 25% dos pacientes em diálise no Brasil apresentam idade superior a 65 anos35. Estas associações têm tornado o diabetes mellitus uma das mais importantes causas de DRC e TRS. Em nosso estudo, verificamos uma prevalência de diabetes de 27,5% e identificamos como fatores de risco para sua presença a idade avançada e o sexo masculino. Concomitantemente, observamos que os pacientes diabéticos apresentam um IMC significativamente maior que os não diabéticos. Observação semelhante foi relatada por Cano e cols 4 e Jager e cols33. Verificamos ainda que, em nossos pacientes diabéticos, o tempo em diálise foi menor. Este fato provavelmente está associado à maior mortalidade cardiovascular39, bem como à idade mais avançada dos pacientes diabéticos em diálise4. Finalmente, neste estudo, não observamos influência da classificação econômica sobre a prevalência de diabetes. Paralelamente, a presença de diabetes não modificou a freqüência de depressão ou desnutrição. Entretanto, um aumento na prevalência de desnutrição tem sido descrita nos pacientes diabéticos em diálise 4,40. Provavelmente, estas diferenças podem estar relacionadas com os critérios utilizados no diagnóstico de desnutrição. Todavia, o elevado risco de morte nos diabéticos em diálise parece estar mais associado à idade que à presença de desnutrição4. Porém, mais uma vez, esses resultados devem estar sendo influenciados pelos critérios utilizados no diagnóstico de desnutrição. CONCLUSÕES Este estudo releva que nossa população em programa de hemodiálise na região do Vale do Paraíba – SP é economicamente classificada abaixo do padrão da sociedade brasileira. Isso sugere que as classes econômicas menos favorecidas podem estar enfrentando dificuldades no acesso aos programas de prevenção e desaceleração na progressão da DRC. Nesse sentido, programas voltados para o controle do diabetes e da hipertensão arterial, com especial atenção às complicações renais, são Características de um Programa de HD no Vale do Paraíba-SP 150 particularmente importantes no nível das Unidades Básicas de Saúde. Nosso estudo revela, também, a necessidade de diretrizes para padronizar a avaliação nutricional dos pacientes em diálise, uma vez que a prevalência de desnutrição é alta. Além disso, medidas de caráter médico e social devem ser incentivadas para reduzir a prevalência de desnutrição. Finalmente, observamos elevado índice de depressão, principalmente nas mulheres. Estas constatações e suas inter-relações sugerem que o atendimento ao paciente em TRS deve envolver a equipe médica, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas e, provavelmente, membros dos órgãos gestores dos recursos públicos de saúde. 12. World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva, 1995. (WHO Technical Report Series, n.854). 13. Godinho TM, Lyra TG, Braga PS, Queiroz RA, Alves JA, Kraychete AC, et al. Perfil do paciente que inicia hemodiálise de manutenção em Hospital Público em Salvador, Bahia. J Bras Nefrol 2006;28:96-103. 14. 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