1 DESAFIOS À IMPLANTAÇÃO DAS NORMAS IFRS NAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS Isabel Cristina Soares Ferreira1 Ricardo Lúcio dos Santos Silva2 RESUMO Devido à expansão das práticas de comercialização, a contabilidade se tornou uma linguagem universal para os negócios, que influenciou em sua transformação no âmbito mundial. O Brasil não poderia ficar de fora de toda essa mudança, pois o País possui empresas com investidores internacionais. O presente trabalho tem por objetivo inicial descrever sobre os pontos mais relevantes das Convergências às Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil, destacando a implantação das IFRS (International Financial Reporting Standards) voltadas às Pequenas e Médias Empresas - PMEs, devido à sua importância na economia brasileira. Pretende-se ainda, demonstrar seus objetivos, mudanças, desafios na implantação e harmonização e as principais mudanças nos relatórios contábeis, bem como, evidenciar os desafios dos profissionais de contabilidade em relação às adesões das normas. A metodologia é realizada mediante pesquisas bibliográficas publicadas anteriormente em artigos, periódicos, revistas e livros, com a finalidade de demonstrar as mudanças nas implantações das IFRS para PMEs. Por fim, uma análise sobre o assunto descrito apresenta as principais mudanças nas demonstrações contábeis a serem apresentadas pelas PMEs e descreve os desafios sobre a adequação das empresas e profissionais às IFRS. Palavras-chave: Pequenas e Médias Empresas. Normas Internacionais. Implantação. IFRS. CPC PME. 1 INTRODUÇÃO A contabilidade teve sua origem diante da necessidade do ser humano em controlar o aumento de sua produção, troca e retorno de seus investimentos, onde os homens sempre buscavam alcançar maiores objetivos. Após deixar a caça, as pessoas começaram a adquirir suas próprias riquezas individuais e, desta forma, a organização econômica rompeu a vida comunitária em que viviam, constituindo a organização da agricultura e as divisões de propriedades. As primeiras atividades da contabilidade datam de 2000 anos a.C., com as práticas de troca e venda dos comerciantes semíticos, que necessitavam de conhecimento sobre as variações de seus bens a cada transação concluída. As trocas de produtos, terra, materiais e serviços eram realizadas com simples registros ou relatórios do que era acordado entre eles. Os primeiros instrumentos utilizados para a contabilização dos fatos ocorridos surgiram há 3.500 anos, sendo composto com varetas e pequenas bolas. Após a II Guerra Mundial, as práticas de comercialização tornaram a contabilidade indispensável às empresas, e isso ocorreu devido a alterações no crescimento do comércio internacional de bens, serviços e circulação do dinheiro. Segundo Niyama (2005), não dispõe de uma data específica que defina seu início para estudos, isso pode ter ocorrido por meados 1 2 Graduanda em Ciências Contábeis pela Faculdade de Pará de Minas- FAPAM Mestre em Finanças pela Faculdade de Pedro Leopoldo 2 dos anos de 1950/1960, após o fim da II Guerra Mundial, e a reestrutura do comércio internacional mundial. De acordo com Martins, Diniz e Miranda (2010), a expansão de grandes corporações, que ampliavam os negócios além de fronteiras territoriais, instalando-se em outros países e continentes, com regras jurídicas e padrões contábeis diferentes, começou a gerar informações com discordância, causando problemas, custos e incômodos, uma vez que cada país apresentava princípios contábeis distintos. No entanto, a contabilidade a nível mundial se torna indispensável, por ser considerada uma linguagem universal para os negócios. Em consequências das necessidades internacionais, as empresas precisavam suprir as exigências de padronização devido ao aumento econômico, político, financeiro, social e tecnológico. Devido à ausência de padronização na contabilidade, foi criado em 1973 o IASC (International Accounting Standards Committee), com a motivação de prosperar a harmonização internacional das normas e com o objetivo em diminuir as diferenças às práticas contábeis, aperfeiçoando as publicações em um novo padrão internacional que fosse universalmente aceito. O IASC, em 2001, passou por uma reestruturação, tornando-se IASB (International Accounting Standards Board), que segue aos objetivos, semelhante ao substituído, ou seja, melhorar os pronunciamentos anteriores. Atualmente, todos os pronunciamentos contábeis internacionais têm o nome de Pronunciamentos IFRS (International Financial Reporting Standards), e proporcionam com suas normas, que as demonstrações contábeis das empresas sejam apresentadas com informações constantes e relevantes para seus usuários. Desse modo, o IASB disponibiliza inclusive a comparabilidade entre empresas em diversos países. Assim, como houve adaptação mundial para suprir as necessidades dos usuários da informação contábil, os países também tiveram que se adaptar. No Brasil, não foi diferente, o País passa por modificações e adequações às IFRS. Essas mudanças estão representadas pelo aumento na participação do mercado internacional das empresas. Segundo Oliveira e Lemes (2011), ao adotar as IFRS, as informações contábeis tornam-se comparáveis, proporcionando a transparência e a confiabilidade das demonstrações financeiras e estendendo acessibilidade ao mercado mundial de investidores. Diante da necessidade de implantação das normas, foi criado em 2005 o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), “Entidade autônoma criada pela Resolução (CFC nº 1.055/05), cujo objetivo é estudar, preparar e emitir Pronunciamentos Técnicos Contábeis emitidos pelo IASB e divulgar informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais – IFRS”. As convergências para normas internacionais no cenário brasileiro deram início com as empresas de capital aberto e as de grande porte, tendo como objetivo, uma maior confiabilidade e transparência nas informações contábeis. (AZEVEDO, 2010) No entanto, empresas de pequeno e médio portes também são focos de investidores, por representar um elevado percentual na economia brasileira. Diante disso, foi divulgado em julho de 2009, pelo IASB (2009) as IFRS for SME - International Financial Reporting Standards for Small and Medium-Sized Entities propriamente para Pequenas e Médias Empresas (PMEs). Para se adaptar a essa assimetria e atender ao processo de convergências no Brasil, o CFC (Conselho Federal de Contabilidade), aprovou a NBC TG 1000 (Normas Brasileiras de Contabilidade), em dezembro de 2009 que definiu como Pronunciamento Técnico de Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas. A NBC TG 1000 foi outorgada pela Resolução n°1.255/09 do CFC, e vigorada nos exercícios iniciados a partir de 1° de janeiro de 2010, com objetivo de proporcionar procedimentos contábeis específicos para PMEs. 3 Devido às exigências de implantação dos padrões internacionais às PMEs, levando em consideração sua importância no setor econômico brasileiro, surge a seguinte questão de pesquisa: Quais os desafios ao implantar as normas internacionais de contabilidade para as Pequenas e Médias Empresas - PMEs? Neste contexto, o objetivo deste trabalho será avaliar através de levantamentos bibliográficos na literatura contábil, os desafios enfrentados sobre a implantação das normas internacionais para PMEs. Diante da necessidade de implantação da NBC TG 1000, torna-se relevante o presente trabalho, uma vez que a aplicação dessa norma já é obrigatória para as PMEs, e apesar da exigibilidade pouco se sabe de resultados das empresas que iniciaram essa prática. Então será importante demonstrar as mudanças e desafios que as empresas e profissionais terão ao iniciarem as adesões às IFRS. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Características das Pequenas e Médias Empresas antes da conversão As PMEs no Brasil, passam por diversas dificuldades para se manter no mercado, por falta de capital, ausência de mão de obra especializada, administração inadequada e grandes dificuldades de financiamentos junto aos bancos e investidores. (VIEIRA, 2002) Segundo Gonçalves e Koprowshi (1995), as características que marcam as PMEs são: a falta de administração especializada, uma vez que os proprietários fazem o trabalho de forma independente e conservadora, a maioria é composta por um pequeno grupo de pessoas ou até mesmo grupo familiar para desenvolver as atividades; o capital da empresa que é financiado basicamente pelo proprietário, que não participa de nenhum grupo econômico ou financeiro. Com isto, surgem as dificuldades em obtenção de crédito, por não terem um controle de suas reais condições praticando as demonstrações de forma incorreta e de difícil entendimento, o que representa ausência de controle e poder de negociação compra/venda para estar em concorrência com o mercado organizado. As PMEs representam um percentual importante na economia brasileira e, por esse motivo, elas precisam ser avaliadas e padronizadas para atender a seus diversos usuários e não mais somente ou ao fisco ou a interesses específicos. Com a adoção de políticas de inovação, sistemas operacionais e profissionais competentes tendem a se tornarem competitivos a diversos e amplos setores. Para Vieira (2002), o que é preciso ser destacado no desenvolvimento tecnológico não é o processo produtivo e sim o processo de conhecimentos da organização diante da produção para que se tenha, fluxos de caixa, controle de estoque, entre outros. 2.2 Metodologia de conversão mundial É essencial, para que as informações contábeis se tornarem benéficas às empresas, que disponham de certas características e qualidades que tenham sustentação aos registros efetuados. Essas informações contábeis são compostas por: Compreensibilidade, Relevância, Materialidade, Confiabilidade, Primazia da Essência sobre a forma, Prudência, Integralidade, Comparabilidade, Tempestividade e Equilíbrio entre Custo e Benefícios. (CFC, 2008) As Normas Internacionais de Contabilidade IFRS iniciaram em um contexto em que o mundo necessitava encontrar uma maneira simétrica para suas informações, de possível entendimento a diversos países e usuários. Dessa forma, a contabilidade é vista como a linguagem dos negócios, tornando- se uma base aos usuários externos, na tomada de decisão para investimentos. A Contabilidade por ser uma ciência social, é vigorosamente influenciada pelo ambiente em que opera, diante das diferenças históricas, valores culturais e estruturas políticas, legais e econômicas de cada país. (NIYAMA, 2013) 4 Segundo Carvalho (2006), as normas internacionais são eficientes geradoras para o desenvolvimento econômico, tornando um centro de comunicação e exposição de grandes empresas ao mercado de investidores. E as empresas visadas por investidores, são aquelas que demonstram serviço de qualidade, com competência de transparência as suas informações. Considerando o crescimento de transações entre países distintos, que tinham regras contábeis, sistemas diferentes, mensuração e informações divergentes, tornou-se um problema, principalmente para os investidores, devido à dificuldade de comparabilidade de relatórios, que deveria ser demonstrado de maneira transparente e de fácil entendimento aos usuários. Para NOBES (1992, p. 55), “a classificação precisa ser uma característica eficiente de representar e confrontar distintos sistemas”. O IASB é o órgão responsável por toda metodologia de convergência da contabilidade, além da evolução do comércio globalizado, e é adotado em mais de 120 países desde 2001. A União Europeia aderiu às normas IFRS com a finalidade de harmonizar as demonstrações financeiras consolidadas e divulgadas. A convergência fornece uma nova estrutura de Balanço Patrimonial, publicação do Fluxo de Caixa, Demonstrações do Valor Adicionado, os critérios de análise dos passivos e ativos, dentre outras. (CFC, 2009) O quadro 1 demonstra os países e quando ocorreram as Convergências às IFRS. Quadro 1- Implantação das convergências às IFRS por países Países Canadá Alemanha França Itália Reino Unido União Europeia Austrália África do Sul Turquia Estados Unidos Brasil Japão República da Coreia México Rússia Indonésia Argentina Índia Arábia Saudita Convergências para IFRS Todas as empresas já adotaram as IFRS Obrigatório desde 2005 Obrigatório desde 2005 Obrigatório desde 2005 Obrigatório desde 2005 Obrigatório desde 2005, todos os Estados membros da U.E Obrigatório desde 2005, para todas as empresas do setor privado e setor público Obrigatório desde 2005 para companhias abertas. Obrigatório desde 2005 para companhias abertas. Permitidos para empresas estrangeiras desde 2007, e a convergência iniciar a partir de 2012. Obrigatórias desde 2008 para demonstrações individuas, e para demais a partir de 2010. Adoção permitida para algumas empresas internacionais a partir de 2010 e obrigatória até 2016 Obrigatório a partir de 2011 Obrigatório a partir de 2012 Obrigatório a partir de 2012 Em curso para convergências as IFRS desde 2012. Obrigatória a partir de 2012. Tem interesse, mas sem data prevista para adoção. Convergência total para IFRS sem data prevista, mas obrigatório para empresas bancárias e seguros. Fonte: IFRS Foundation, 2012. 5 2.3 Metodologia de conversão no Brasil Os métodos de adaptação das convergências às Normas Internacionais se tornaram significativos no Brasil, em consequência da Bolsa de Valores, que tinha o reflexo de capital estrangeiro ao mercado nacional. De acordo com Saiki e Antunes (2010), as alterações vêm com tal intensidade para as demonstrações contábeis quanto para as práticas contábeis, uma vez que as normas são fundamentadas com maior intensidade em princípios do que nas regras. De acordo com CFC, o Brasil iniciou o processo de adoção às Normas Internacionais de Contabilidade, ordinariamente conhecida como IFRS, a partir de 2008, com a publicação da Lei 11.638/07. A adoção das convergências internacionais traz ao país inovação às práticas contábeis, com mudanças importantes sobre planejamento à implantação necessária para que o Brasil participasse definitivamente do processo internacional à convergência das IFRS. (NIYAMA, 2005) Segundo Padoveze, Benedicto e Leite (2011), o mercado de capitais dos países que cumprem as normas contábeis, em convergências com as normas internacionais tem vantagens e desempenho econômico-financeiro às demais, pois, investidores tendem a investir em empresas com alta qualidade de informações de confiabilidade e que possam averiguar a comparabilidade dos resultados para tomada de decisão e compreensibilidade a todos os usuários. Diferente dos membros da União Europeia, o Brasil não foi obrigado a implantar todas as IFRS de uma única vez, tornando-se um caso exclusivo de convergência, por não apresentar casos similares. Na primeira fase ocorreu adaptação de alguns Pronunciamentos Técnicos nas demonstrações contábeis de 2008 e 2009 e, na segunda, seguiu com adesão de todos os Pronunciamentos nas demonstrações contábeis de 2010. Os pronunciamentos contábeis no Brasil são elaborados pelo CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis, instituição criada para regularizar o procedimento de convergências, que emite os pronunciamentos de acordo com as IFRS, em função das necessidades internacionais. Em 2010 a adoção das normas internacionais de contabilidade, passou a ser obrigatória para todas as companhias brasileiras catalogadas na Bolsa de Valores. No caso do Brasil, mesmo que o processo seja complexo, alterações às IFRS trazem inúmeras vantagens ao país. Portanto, são essenciais alterações na administração dos negócios e na forma de as companhias se relacionarem, quanto interna ou externamente, pois isso se torna de extrema dimensão ao mundo dos negócios. “A tentativa de critérios ligados ao processo de harmonização contábil internacional, motiva uma compreensão no que diz respeito â linguagem universal de comparabilidade”. (NIYAMA, 2005) 2.4 Convergência das Pequenas e Médias Empresas - PMEs As PMEs representam atualmente um elevado percentual na economia brasileira, e têm recebido foco pelos órgãos, para que se adequem simultaneamente às convergências internacionais. Para Girotto (2010), a adesão às IFRS em geral deve apresentar inúmeras dúvidas e grandes desafios a todas as empresas, porém, as PMEs precisam de uma preocupação em especial, pelo fato de elas normalmente não possuírem pessoal treinado e suficiente para realizar as adoções às práticas contábeis com agilidade. Segundo CFC, as pequenas e médias empresas têm condições de adaptar a padronização internacional às normas contábeis, e se tornarem competitivas ao mercado de investidores. Suas adequações e estrutura são específicas para as entidades de menor porte, e essa harmonização proporciona às PMEs maior facilidade a fontes de financiamento. Segundo Resolução n° 1.255/09, são PMEs as empresas que: 6 a) Não têm obrigação pública de prestação de contas; e b) Elaboram demonstrações contábeis para fins gerais para usuários externos. Exemplos de usuários externos incluem proprietários que não estão envolvidos na administração do negócio, credores existentes e potenciais, e agências de avaliação de crédito. (CFC, 2009) Em consequência dessa competitividade no mercado, encontra-se em vigor a Resolução CFC n° 1.329/11, que alterou a Resolução do CFC n° 1.255/09, que aprovava a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica (NBC T) 19.41, fixada às PMEs, tornando-se NBC TG (Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral) 1000, mais uma peça da padronização às normas internacionais, IFRS for SME - International Financial Reporting Standards for Small and Medium Sized Entities, propriamente para PMEs, com a finalidade e objetivo em disponibilizar informações sobre sua colocação financeira (balanço patrimonial), desempenho (resultado e resultado abrangente) e fluxo de caixa das instituições, sendo indispensáveis por seus usuários, e que podem solicitar relatórios para satisfazer as informações. (CPC, 2009) A NBC TG 1000, pronunciamento para PMEs, abrange todo o CPC, mas com um pronunciamento específico que deve ser aplicado às empresas de pequeno e médio porte. Azevedo (2010) relata que o Pronunciamento Técnico - CPC PME abrange cerca de 10% da tradução original (completa) das normas internacionais, tornando um caminho simplificado para as empresas que implantam. As empresas de pequeno e médio porte no Brasil não tinham uma lei específica para as demonstrações de empresas desse seguimento, por isso durante anos as demonstrações atendiam, principalmente, as exigências e aspectos do Fisco. (KLEIN JÚNIOR; SOUZA, 2013). Essas demonstrações tinham como foco atender as exigências do fisco e, as informações elaboradas não acrescentavam valor às atividades empresariais nem aos seus gestores, pois não tinham a capacidade de fornecer informações de valores satisfatórios, conforme a necessidade dos diversos usuários. Conforme Decreto de Lei n° 9295/46, as organizações são responsáveis pelos serviços contábeis em geral, sendo esses profissionais responsáveis pela escrituração dos fatos empresariais em livros obrigatórios, balanços e demonstrações necessárias. Segundo Lopes (2011), o profissional contábil que presta serviços às empresas PMEs, deverá se preparar para as convergências aos padrões internacionais, uma vez que ele terá que analisar os detalhes referentes a essas mudanças e adaptá-las a realidade das empresas. Como em qualquer outra modificação, alteração ou mesmo adaptação, possui suas vantagens e desvantagens, e o Brasil ainda tem um longo percurso para conseguir as adaptações às IFRS. A conversão às novas normas contábeis, com suas exigências e complexidade, precisa de um novo perfil de Profissionais de Contabilidade para que a adaptação aconteça de forma natural. (LOPES, 2011) 3 METODOLOGIA O presente trabalho tem como objetivo a pesquisa bibliográfica e descritiva, e terá como base, artigos publicados em periódicos especializados na área contábil, e buscará conhecer o assunto com base em referenciais publicados anteriormente de modo a torná-los mais claros. Segundo Beuren (2009) esta pesquisa, apresenta materiais publicados com o mesmo tema abordado, através de revistas, teses, artigos, livros entre outros. Para Lakatos e Marconi (2001), esse método de pesquisa complementa ao pesquisador o maior conhecimento sobre os essenciais tópicos abordados, sendo constituída de uma forma descritiva, uma vez descrita como aquela que relata, identifica e compara aspectos de determinada população aplicada. Para Gil (2008), as pesquisas descritivas têm como objetivo a definição das características de uma população, experiências ou fenômeno. 7 Com os conhecimentos adquiridos através de periódicos já publicados, espera-se com a elaboração deste trabalho contribuir para o melhor entendimento das implantações às IRFS, bem como, demonstrar os desafios que as PMEs e profissionais de contabilidade enfrentarão ao realizar tais implantações. Pretende-se ao final, demonstrar as mudanças para as empresas e seus diversos usuários. 4 DESENVOLVIMENTO 4.1 Principais mudanças nas demonstrações contábeis para PMEs. Quadro 2 - Diferenças nas demonstrações antes e após as IRFS para PMEs DEMONSTRAÇÕES BP- Balanço Patrimonial DRE- Demonstração do Resultado do Exercício DRA- Demonstração do Resultado Abrangente DFC- Demonstração do Fluxo de Caixa DMPL- Demonstração das Mutações do Patrimônio e DLPA- Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados NE- Notas explicativas ANTES Ativo e Passivo Circulante composto por vários subgrupos, sendo o mesmo considerado para as contas de Ativo e Passivo Não Circulante. APÓS Ativos e Passivos separados em dois grandes grupos: Ativo e Passivo Circulante e Ativo Não- Circulante e Passivo Não- Circulante Apresentação detalhada, onde se tinha receita e despesas não operacionais. Demonstrava os ganhos ou despesas que não fossem correntes da empresa. Anulação de receitas e despesas ser agrupadas como não operacionais e a descaracterização das participações como despesas; as demonstrações do resultado líquido das operações descontinuadas deverão ser separadas das continuadas Não exigida Exigida sua apresentação Não exigida Exigida sua apresentação Era exigido sua apresentação Não exigia apresentação Exigidas A DMPL não sofreu nenhuma alteração. DLPA não é obrigatória para PMEs, mas é possível ser utilizada para substituir a DMPL, quando as mudanças do PL forem decorrentes de resultados, como correção de erros de exercícios anteriores e distribuição de lucros. Sem alteração Fonte: adaptado pela própria autora com base no CPC PME. Diante das mudanças e inovações para adesão das IFRS, o entendimento para aplicação correta necessita de maior atenção e estudo dos profissionais da área contábil, gestores, auditores. Além disso, essas informações também precisam ser de conhecimento de milhões de empresários que sequer não têm noção sobre as IFRS, para que estejam cientes das responsabilidades e proporção dos serviços que terão com as adesões. As alterações pelas quais as PMEs devem passar para se adequar às normas internacionais têm como foco as demonstrações financeiras, fornecer os resultados e as mudanças na posição financeira e patrimonial da empresa, demonstrando o desempenho e o 8 fluxo de caixa das PMEs. São, portanto, essas informações utilizadas por um extenso grupo de usuários, como fornecedores, clientes, investidores, instituições financeiras ou governamentais, tornando-se de grande visibilidade e comparabilidade. (CPC PME, 2009) De acordo com o CPC PME (2009), um item apenas deve ser relatado nas demonstrações contábeis quando da realização de benefícios econômicos futuros às instituições e se os custos ou valores forem avaliados de forma real e transparente. Em vínculo com o procedimento de convergência às IFRS no Brasil, uma relevante informação é a estrutura conceitual, que inicia com o Balanço Patrimonial passando a ter somente dois grandes grupos como divisão, Ativos e Passivos, classificados como Circulante e Não Circulante. Entretanto, classifica-se como Ativo Circulante nas seguintes situações: (a) espera realizar o ativo, ou pretender vendê-lo ou consumi-lo durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) o ativo for mantido essencialmente com a finalidade de negociação; (c) esperar realizar o ativo no período de até doze meses após a data das demonstrações contábeis; ou (d) o ativo for caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo seja restrita durante pelo menos doze meses após a data das demonstrações contábeis. (CPC PME, p 26) As empresas devem classificar as demais contas como Não Circulante ou em Notas Explicativas, que seguem iguais para o Passivo, que somente nos casos a seguir são classificados no Circulante: (a) espera liquidar o passivo durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) o passivo for mantido essencialmente para a finalidade de negociação; (c) o passivo for exigível no período de até doze meses após a data das demonstrações contábeis; ou (d) a entidade não tiver direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data de divulgação. (CPC PME, p 26) As apresentações da Demonstração do Resultado do Exercício-DRE devem obedecer à legislação e demonstrar as contas que constam valores, para que seja evidenciado na última linha Lucro Líquido ou Prejuízo. Dessa forma, diante da legislação brasileira as despesas podem ser identificadas de duas formas: Despesas baseadas na natureza ou Despesas por função que têm dentro da empresa e ser apresentada separadamente das Demonstrações do Resultado Abrangente-DRA. (CPC PME, p 31) Seguindo o CPC PME, a DLPA deve substituir a DMPL nas demonstrações contábeis, quando houver mudanças no Patrimônio Líquido que tendem ao resultado, ao serem efetuados dividendos ou outras formas de distribuição de lucro, alterações de políticas contábeis e de correção de erros de anos anteriores. As informações da DFC contêm as variações no caixa e sua equivalência que são aplicações financeiras de curto prazo com vencimento até três meses de sua aplicação e alta liquidez. Estas aplicações são usadas para cumprir compromissos com terceiros em curto prazo da empresa por um período contábil, relatando individualmente as mudanças nas atividades operacionais. Essas atividades são as que demonstram as receitas principais das empresas, e nelas são encontrados investimentos não demonstrados na equivalência e de aquisição de ativos ou alienação de longo prazo, logo, a formação do patrimônio líquido e dos empréstimos se classifica como atividade de financiamento. (CPC PME, p 34) Diante das mudanças contábeis, as informações e explicações referentes às demonstrações devem ser descritas em Notas Explicativas-NE, uma vez que deve ser fornecido detalhamento de informações que não estão de forma clara nas demonstrações publicadas a 9 diversos usuários. As NEs, no entanto, devem conter as informações adicionais que não tenham sido colocadas em: Balanço Patrimonial, DRA, DFC, DRE, DMPL e nas DLPA, quando utilizada. As alterações são inúmeras para que as PMEs se adequem às IFRS, mas sem dúvida será um grande avanço, que as normas se encaminhem para o maior reconhecimento da contabilidade. Para Martins e Lima (2012), é preciso dedicação, disposição e interesse dos contadores para interagir as empresas e gestores, a fim de que seja aplicado o CPC PME. 4.2 Desafios encontrados ao implantar as IFRS para PMEs Os maiores desafios para a implantação das IFRS se iniciam nas instituições de ensino brasileiras. Na perspectiva de Girotto (2010), a disciplina Contabilidade Internacional deve ser atualizada e demonstrar realmente quais as mudanças, dificuldades e benefícios oferecidos às empresas, bem como, a reformulação e atualização dos materiais didáticos com respeito às novas legislações vigentes. Os futuros profissionais estarão cientes dos efeitos e compreensão sobre o que as IRFS podem causar no patrimônio, e prepará-los para elaborar informações de confiabilidade e comparabilidade a qualquer usuário. Outra grande dificuldade de acordo com Alves (2011) é a capacitação dos profissionais já formados e que exercem atividade na área contábil, pois será necessário maior dedicação, estudos específicos e vontade de aprender para colocar em prática conforme as normas internacionais. É preciso fazer uma reciclagem sobre conhecimentos e participar de capacitações adequadas para conseguir adequar às IRFS de forma correta e tornar as PMEs competitivas no mercado. Para Girotto (2010), as adesões IFRS proporcionam um novo modelo de pensar em Contabilidade, além das novas regras para serem implantadas, e acrescentar essas informações no mundo empresarial não é simples pelas inovações que traduzem ser extensas. Seguindo essa mesma linha de raciocínio Alves (2011), argumenta que junto aos aperfeiçoamentos dos profissionais é preciso que os custos com a conversão às IFRS para PMEs, sejam colocados como um grande desafio. As mudanças variam desde a elaboração de um novo plano de contas até os custos com pessoal, pois estes treinamentos são necessários, acarretando assim um elevado custo para a implantação. E para que todas essas adequações internacionais sejam feitas, é preciso que os empresários, gestores, administradores e demais interessados em benefícios futuros a essa transformação estejam conscientes dessa relevante harmonização contábil, a fim de fornecerem informações capazes de serem comparadas ao extenso leque de usuários. No entanto, esses profissionais não estão capacitados a fornecer informações contábeis corretas e relevantes, o que pode ter como causa a informalidade das PMEs. Assim, quando não fornecidos os dados e valores para a escrituração das informações, podem prejudicar o real valor nas demonstrações da empresa e maquiar a sua transparência. (STROEHER E FREITAS, 2008) Um dos maiores e relevantes desafios da implantação às IRFS pelas PMEs, sem dúvida são o reconhecimento sobre o Valor Justo dos Ativos Imobilizado e Mensuração de Estoque. Girotto (2010) destaca que o valor justo, valor residual do imobilizado, e vida útil é um dos maiores desafios a serem fornecidos pelos empresários, e que pela ausência de ferramentas para mensuração torna a aplicação do teste de recuperabilidade do ativo um ponto a ser também observado. Junto a essas dificuldades há resistência dos empresários, sendo que deveria existir uma maior relação entre contador e empresário para que consigam avaliar os bens e determinar a vida útil de cada um deles seguindo as Normas Internacionais. Outro ponto que deve ser observado são as atualizações quanto aos sistemas utilizados nas empresas, pois muitas vezes o sistema de gestão e a contabilidade financeira são interligados. É preciso que se tenham o controle contábil e fiscal independentes, porque depois das adesões, as principais mudanças contábeis podem notar diferenças relevantes dos 10 resultados, tanto nos impactos que podem proporcionar nos lucros e dividendos, quanto aos empréstimos e investimentos que têm alterações às implantações das IRFS para PMEs. (GIROTTO, 2010) Os desafios são inúmeros, mas no decorrer do tempo, implantações são necessárias para que cada empresa e profissional enfrente os desafios e através de diferentes ângulos. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As normas internacionais de contabilidade surgiram em consequência da globalização e comercialização internacional, na qual tornou a contabilidade uma linguagem universal de negócios entre países. Diante dos avanços com adesão às IFRS, e tendo o fato de que as exigências eram somente para as Sociedades Abertas, o presente trabalho teve como objetivo demonstrar que as implantações também devem ser feitas nas PMEs, seguindo o CPC PME que é simplificado do aplicado às empresas de grande porte e à NBC TG 1000, resolução específica para as mesmas. Utilizando-se do método bibliográfico realizado através de periódicos, livros, revistas publicadas e legislação vigente, foi observado que as PMEs representam um elevado percentual na economia brasileira e nos escritórios de contabilidade, e as mudanças devem apresentar, preparar e divulgar informações que anteriormente não eram obrigatórias. Porém, ao divulgar as demonstrações contábeis ao formato internacional, as PMEs se tornam visíveis aos olhos dos investidores. O processo de implantação aos padrões internacionais pode ser um grande desafio para todos que compõem uma pequena e média empresa, sendo que a maioria delas não tem condições de arcar com os devidos custos. Outro desafio percebido, conforme o assunto explorado é a falta de conhecimento das IFRS, e que elas podem proporcionar benefícios às empresas que se adequarem, pois, estarão em vantagem em relação as que não se adequarem na busca de empréstimos e financiamentos junto às instituições financeiras. Conclui-se que as informações contábeis, seguindo a NBC TG 1000 tornam as empresas de fácil comparabilidade universal. As PMEs, portanto, têm somente a ganhar, apesar dos grandes desafios que precisam enfrentar, pois com as normas internacionais elas passam a ter suas demonstrações com real valor patrimonial e maior transparência. Isso traz junto, novos investidores e olhares positivos para o futuro por proporcionar a utilização de uma linguagem comum e seu ágil reconhecimento. Pode ser difícil, mas sem dúvida um grande avanço que as PMEs brasileiras possuem. Não se pode negar que as PMEs têm um longo caminho para conseguirem adequar totalmente as implantações às normas internacionais, porém, com uma nova forma de ver a contabilidade e os profissionais. Com o objetivo de evidenciar nas tomadas de decisões é preciso que as mudanças se iniciem desde os estudantes aos profissionais que estão no mercado de trabalho, e sempre realizadas em conformidade com as normas internacionais, o que só trará benefícios às PMEs. Após o estudo do tema, pôde-se concluir que com a legislação vigente no Brasil desde 2010 para aplicação das IFRS às PMEs, ainda em 2016 pode ser observado que não temos um número representativo de empresas que apresentam suas demonstrações seguindo essas exigências. Observa-se ainda que os profissionais não possuem o devido conhecimento ou interesse nesta harmonização. CHALLENGE OF THE IMPLANTATION OF THE IFRS STANDARDS IN SMALL AND MEDIUM-SIZED ENTERPRISES ABSTRACT 11 Due to the expansion of the commercialization practices, the accountancy has become a business global Language, which influenciated in its transformation worldwide. Brazil is not out of the change since the country has companies with international investors. The presente work aims at describing about the relevant points on Convergence to the International Accounting Standards in Brazil, highlighting the implantation of IFRS – International Financial Reporting Standards towards the Small and Medium-sized Enterprises – SMEs, due to its importance on the Brazilian economy. It is also intended to demonstrate its aims, changes, challenges in the implantation and harmonization and its main changes on the accounting reports, as well as, evidenciating the accounting professional challenges concerning to accession to the standards. The methodology is carried out face to bibliografic before published in articles, journals, magazines and books aiming at desmonstrating the changes on the IFRS implantation for SMEs. Finally, an analysis about the subject introduces the main changes on the accounting demonstrations to be introduced by the SMEs and describes the challenges about the suitability of the companies and professional to the IFRS. Keywords: Small and Medium-sized Enterprises. International Standards. Implantation. IFRS. CPC SMEs (Brazilian Accounting Pronouncement Committee). REFERÊNCIAS ALVES, Eudócia Rafaela Moreira; A implantação das IFRS nas PMES do Brasil Campina Grande –PB 2011, páginas 44 e 45. http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/1453/1/PDF%20%20Eud%C3%B3ci a%20Rafaela%20Moreira%20Alves.pdf. Acesso em: 31 out. 2016. AZEVEDO, Osmar Reis. Comentários às novas regras contábeis brasileiras. 4. ed. São Paulo: IOB, 2010. BEUREN, Lise M. et al. 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