SOCIOLOGIA VIOLÊNCIA URBANA São multiplas as causas da violencia urbana A agressão homofóbica é uma delas 1. A violência nas cidades tem se tornado uma constante, no Brasil e no mundo. No espaço público e no privado a violência pode explodir em qualquer lugar da cidade, variando no sentido de maior ou menor recorrência e também sobre sua natureza criminosa, num sentido mais amplo. A questão da intensidade é difícil de mensurar: por exemplo, um múltiplo assassinato no seio de uma família de classe média é um fato tão violento quanto uma agressão homofóbica em que a vítima venha a óbito. Estes e outros exemplos tornaram-se comuns no cotidiano das cidades. 2. Bom, sobre essa temática, a análise sociológica se distancia da análise psicológica, que trata dos possíveis distúrbios psíquicos de quem comete a ação criminosa ou delituosa, e também se distancia da análise criminológica, que está mais focada na motivação e nos meios usados para cometer o crime. No primeiro caso, o da análise sociológica, o indivíduo tem uma identidade social, como classe social, condição econômica, posição social, que deve ajudar na compreensão do ato praticado. No segundo caso, o da análise psicológica, a finalidade é a definição dos distúrbios psíquicos, se houver, que impulsionaram o ato de violência. E, por fim, para a criminalística, a ênfase é sobre a mecânica da violência e a motivação hipotética para a ação criminosa. 3. No sentido sociológico o fenômeno da violência urbana reflete a existência de conflitos na organização social. Claro, levando-se em conta que a violência é apenas uma das consequências da existência de conflitos, e não a causa em si. Ou seja, os conflitos existentes na organização social podem ser resolvidos de outras formas que não através de atos de violências. Para alguns analistas, e aqui fazemos coro com eles, o recurso à violência surge quando falta razão, diálogo, civilidade. Exclui-se, portanto, os atos de forte distúrbio psicológico, que são legalmente inimputáveis. 4. A violência, de acordo com a sociologia de Max Weber, é mais referendada às ações irracionais. Não há uma justificativa para a violência senão como ação irracional de indivíduos no seio da sociedade organizada. Esta apreensão é considerada como essencialmente humanista: depois que a humanidade estabeleceu regras, códigos de condutas e leis para a convivência pacífica e harmoniosa a violência como finalidade, então, deveria ser considerada como uma ação irracional, em última instância, pois ou não há compreensão, ou a ação criminosa é deliberadamente praticada e/ou se ignora o pacto social. Em qualquer sentido a ação irracional e passível de punição. 5. Com relação a Émile Durkheim, mesmo sem este ter se debruçado especificamente sobre a problemática, a violência urbana recorrente pode gerar um quadro de anomia social, de desordem e de incompreensão. Para ele, como fato social, a violência urbana deve ser encarada como um fenômeno típico de sociedades que não conseguem lidar com os seus conflitos, ou que não cessam de gerá-los. De um polo a outro: nas sociedades ditas “primitivas”, por exemplo, a violência interna inexiste. 6. Karl Marx. Diferentemente de Weber e Durkheim, Marx trata a problemática da violência sobre o prisma de classes sociais, das lutas de classes. Claro, para nossa análise aqui, as classes são compostas de indivíduos e estes são ou podem ser potencialmente violentos. Tanto o burguês quanto o proletário. Na análise de Marx, no entanto, a violência pode ser vista como uma negação necessária à separação de uma situação insuportável. Evidentemente ele se refere as lutas de classe e não a violência resultante de dramas individuais. 7. As análises dos fundadores da sociologia, pelo menos dos três grandes teóricos relacionados com a sociedade capitalista, pioneiros, portanto, não esgotam a compreensão da problemática da violência urbana. São, sem dúvida, referências, ponto de partida para entender que o fenômeno do qual tratamos não é somente devido a uma crise na educação familiar moderna e nem tampouco uma “falta de Deus no coração das pessoas”. Como fenômeno sociológico a violência urbana pode ser tudo isso e muito mais. 8. São múltiplas causas. Daí também múltipla opiniões, apreensões multidisciplinares, etc. Mas, duas características da sociedade atual, capitalista, globalizada e interconectada em rede de informática, são bastante citadas por especialistas na matéria: o excessivo individualismo e o consumo obsessivo. No primeiro caso, por exemplo, tal fenômeno leva à frieza e indiferença sobre a sorte, o sofrimento do outro, antes, durante e depois do ato criminoso. No segundo caso, o do consumo obsessivo, o desejo de ter ultrapassa os limites da razão e pode levar justamente ao ato delituoso. 9. A violência urbana na sociedade atual está por todos os lugares, nas cidades de todo mundo. É na cidade, na urbe, que está as multidões heterogêneas; é na cidade que está o indivíduo desajustado socialmente. A violência, nesse sentido da presença dicotômica dos atores que agem e sofrem a ação delituosa, produz a insegurança social, o medo em relação ao outro e, last but not least, o isolamento egoísta. 10. Enfim, de acordo com uma análise sociológica dessa problemática contemporânea, sobre a violência urbana há múltiplas causas, diversas consequências e nenhuma solução à vista, a julgar pelas recorrências dos crimes na rua e dentro das casas, no local de trabalho e nas áreas de lazer, no discurso e sentimentos, diuturnamente expressado em todas as mídias, aqui e acolá. REFERÊNCIA: SOUZA, Antonio. Blog IC FAMA – A Iniciação Científica da FAMA na Web. 22.09.13