UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE QUIMICA DEPARTAMENTO DE QUIMICA GERAL E INORGÂNICA Relatório inicial do projeto PET: Desidratação catalítica de etanol a eteno. Alunos: Roberto B. da Silva Junior Henrique Guimarães P. Santos Orientadoras: Profª. Dra. Soraia Texeira Brandão Profª. Dra. Thamy Cristina Hayashi 1 - Introdução: Na atualidade há uma busca por fontes renováveis em substituição ao petróleo. A utilização destas fontes visa minimizar os impactos ambientais, diminuir a emissão de CO2 e reduzir a dependência do petróleo [1,2]. Brasil é pioneiro na produção de etanol a partir da fermentação de biomassa vegetal. Ao se produzir etileno oriundo de etanol proveniente de fonte renovável, este é denominado “verde”. Daí a nomenclatura de “polímero verde” para o polietileno originário deste tipo eteno. Há uma forte demanda mundial por polímeros verdes o que incentivou a Braskem investir 1 bilhão de reais em três anos no pólo petroquímico de Triunfo com um projeto de produzir 200 mil toneladas anuais [7,8]. O eteno (etileno) é de fundamental importância para a indústria química, pois é utilizado para a preparação de: polietileno, acetato de vinila, acetaldeído, cloreto de vinila, etileno glicol, etc. Usualmente o etileno é obtido a partir da nafta, entretanto, estudos recentes focam na obtenção de etileno em escala industrial através da desidratação do etanol [1]. A desidratação do etanol a eteno é largamente estudada. Normalmente, têm-se como produtos da desidratação do etanol: o eteno e o dietil éter. A temperatura tem grande influência na formação preferencial de cada um destes. A catálise é utilizada comumente. Os catalisadores observados são: γalumina (Al2O3); zeólitas: HZSM-5, SAPO-34 e NiAPSO-34. Todas elas são catálises ácidas [1-4,9]. 2 - Objetivo: Estruturar a etapa inicial do projeto PET, sendo que esta visa o estudo de bancada para o sistema reacional da desidratação do etanol a eteno. Inicialmente, será utilizado o laboratório GPC (grupo de catálise e polímeros), daí a necessidade de optar por um sistema compatível com o mesmo. Com o avançar dos ensaios, numa etapa seguinte, instalar uma planta de pequeno porte para produção de eteno. É importante testar e decidir entre o etanol aquoso 10% e o absoluto, pois têm custos diferentes, já que o aquoso não é destilado (processo de alta demanda energética) [3]. 3 - Catálise envolvida: Vários pesquisadores tem dirigido seus estudos no sentido do desenvolvimento de catalisadores que aperfeiçoem o processo da conversão do etanol a etileno [5,6,9]. Para esta conversão, muitos catalisadores têm sido testados, dentre eles, zeólitas, titânia-sílica, alguns óxidos como, por exemplo, os de magnésio, manganês, cobalto, cromo, sais de prata, dentre outros que podem ou não serem promovidos por metais de transição, almejando diminuir a formação de coque (compostos sólidos a base de carbono) que terminam por envenenar os catalisadores em questão. Durante a desidratação catalítica do etanol, duas reações podem ocorrer: (1) C2H5OH = C2H4 + H2O ∆H = + 44,9 KJ/mol (2) 2 C2H5OH = C2H5OC2H5 + H2O ∆H = - 25,1 KJ/mol De acordo com a literatura científica, esta conversão é estudada numa faixa de temperatura de 300 – 450 ºC. A conversão do etanol a eteno (1) é uma reação favorecida a altas temperaturas dentro da faixa especificada acima. Baixas temperaturas ainda dentro desta faixa, dirigem a conversão no sentido da formação de dietíl éter (subproduto indesejado da reação), logo, é interessante se descobrir meios de se trabalhar isotermicamente numa temperatura que favoreça a formação de etileno e também se realizar modificações visando melhorar o desempenho do reator [4]. Sabe-se até então que a desidratação do etanol não é apenas em função da temperatura, mas também é em função do tempo de contato, da natureza dos centros ácidos e da geometria dos poros dos catalisadores [9]. 4 - Discussão breve e análise de alguns resultados encontrados na literatura: Neste tópico, são relatados possíveis catalisadores que poderão ser testados nos ensaios de bancada, assim como os resultados obtidos em testes catalíticos por alguns deles. Zeólitas HZSM-5 e HZSM-12: [9] Fig, 01: Conversão de etanol em função do tempo de reação sobre a zeólita HZSM-5 e HZSM-12 Fig, 02: Seletividade dos produtos da desidratação do etanol sobre as zeólitas HZSM-5 e HZSM-12. Testes catalíticos mostram que HZSM-5 apresenta um maior grau de conversão a 300 ºC em torno de 99%, com uma seletividade a etileno aproximadamente igual a 80%. HZSM-12 apresentou conversões um pouco menores (~ 65%) sendo obtido como principais produtos etileno e dietíl éter em quantidades relativas aproximadas (30-60%). HZM-5, NiAPSO-34, SAPO-34 e Al2O3 : [1] Fig. 03: Efeito da temperatura de reação na conversão de etanol em diferentes catalisadores. Fig. 04: Efeito da temperatura de reação na seletividade a etileno em diferentes catalisadores. Mais uma vez o catalisador HZSM-5, ao ser comparado neste trabalho com outros 03 catalisadores, mostrou melhor desempenho. O estudo comparativo entre estes 04 catalisadores revela que para a conversão do etanol e para a seletividade a etileno, o desempenho destes, obedece a seguinte ordem decrescente: HZSM-5 > NiAPSO-34 > SAPO-34 > Al2O3, sendo observado maior estabilidade no SAPO-34. 6 - Sistema reacional de bancada: Possível esquema de como deverá se assemelhar o sistema reacional que será implantado no Instituto de Química da UFBA – Grupo de Catálise e Polímeros: No intuito de melhor compreender a estrutura do sistema reacional que será implantado e utilizado para a realização dos testes catalíticos, descreve-se abaixo um modelo reacional encontrado na literatura e que servirá possivelmente de base para a construção do sistema que será construído para a realização dos trabalhos [3]. Fig. 05: Diagrama esquemático do reator de bancada que provavelmente servirá como base para a construção do reator que será utilizado no projeto. Para melhor compreensão do sistema reacional, dividiu-se o esquema acima em regiões hachuradas coloridas. A região em amarelo representa o sistema de gases que servirão tanto como fonte de reagentes como também para diluentes das espécies em estudo. A região em cinza que compreende os equipamentos 14 e 15, representa a unidade responsável pela injeção do etanol. É válido notar que o item 4 representa a linha aquecida responsável por dirigir o vapor de etanol até o meio reacional. A região em azul compreende o forno e seu controlador de temperatura. A de coloração verde é a unidade de coleta dos efluentes gasosos e líquidos. 7 - Referências: 7.1 – Artigos: [1] X. Zhang et al., Micropor. Mesopor. Mater (2008), doi: 10.1016/j.micromeso.2008.04.004; [2] Takahara I., Saito M., Inaba M., Murata K., Catal. Letters, 2005, 105, 3-4. 249-252; [3] Arenamnart S., Trakarnpruk W., Int. J. Appl. Sci. Eng., 2006. 4,1:21-32; [4] Chen G., Li, S., Jiao F. Yuan Q., Catal. Today 125 (2007) 111-119; [5] Chang, C. D. Catal. Rev. Sci. Eng., v. 25, p. 1,1983; [6] Derouane, E. G., Nagy, J. B., Dejaifve, P., Van Hoof, J. H. C., Spekman, B. P., Vedrine, J. C. 7.2 – Sites: [7]http://www.braskem.com.br/site/portal_braskem/pt/sala_de_imprensa/sala_d e_imprensa_detalhes_6970.aspx (acessado em 22/07/2008); [8]http://www.braskem.com.br/upload/portal_investidores/pt/financeiras/comunic ados/Pol_Verde_port.pdf; 7.3 – Trabalhos publicados: [9] Trabalho publicado: Lima S., Silva A., Síntese, caracterização e aplicação catalítica das zeólitas HZSM-5 e HZSM-12 na desidratação do etanol.