UNIVERSIDADE CEUMA - UNICEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA LISIANE LOBATO GOMES BORGES PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA SÍFILIS, GONORREIA, HEPATITES B E C NO MARANHÃO São Luís 2015 LISIANE LOBATO GOMES BORGES PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA SÍFILIS, GONORREIA E HEPATITES B E C NO MARANHÃO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biologia Parasitária. Orientador: Profa. Dr. Sílvio Gomes Monteiro Co-orientador: Profa. Drª. Andrea Monteiro São Luís 2015 B732p Borges, Lisiane Lobato Gomes. Perfil Epidemiológico da Sífilis, Hepatite B e C e Gonorreia no Maranhão/ Lisiane Lobato Gomes Borges - São Luís, 2015. 87p.:il. Impresso por computador (Fotocópia) Orientador: Sílvio Gomes Monteiro Dissertação (Mestrado) – Mestrado em Biologia Parasitária. Universidade CEUMA, 2015. 1. Sífilis gestacional. 2. Sífilis congênita. 3. Hepatite B. 4. Hepatite C. 5. Gonorreia. I Título. CDU: 618.3:616.972(812.1) LISIANE LOBATO GOMES BORGES PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA SÍFILIS, HEPATITE B E GONORREIA NO MARANHÃO A Comissão julgadora da Defesa do Trabalho Final de Mestrado em Biologia Parasitária, em sessão pública realizada no dia / / /, considerou o (a) candidato(a) ( ) APROVADA ( ) REPROVADA 1) Examinador __________________________________ 2) Examinador ___________________________________ 3) Examinador ___________________________________ 4) Presidente (Orientador)__________________________ Aos meus filhos, Márcio Guilherme e Márcio Diego, milagres de Deus e frutos de um grande amor. AGRADECIMENTOS Ao Senhor Deus, por ser essencial em minha vida e me fazer conhecer o AMOR de variadas formas, elevando esse sentimento ao seu nível máximo, através da maternidade. Ao meu querido e eterno amor, Márcio Roberto Castro Borges, vivo através de mim e dos nossos filhos, presente de Deus em minha vida. Fonte de força, sabedoria, obstinação, paciência e amor à vida. Nunca te esquecerei! Aos meus filhos, Márcio Guilherme e Márcio Diego, presentes divinos. Aos meus queridos pais Linaldo e Olda, por serem o meu alicerce, nessa estrada da vida, aprendizado que levarei aos meus filhos . Verdadeiros amigos , presença constante em todos os momentos. A minha irmã Lucylene, pela sua amizade e companheirismo, estando presente em todos os momentos de minha vida de forma generosa. Ao meu sobrinho Cláudio Lucas, pelo seu carinho. A toda minha família pela torcida nessa vitória. Com carinho, dedico este trabalho. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Ao Prof. Dr. Silvio Gomes Monteiro, pela sua importante participação como mediador na finalização deste trabalho e consequentemente, orientador de alto nível. Obrigada, mesmo! A Profª Dra. Andrea Souza Monteiro por sua disponibilidade e paciência na realização deste trabalho. À querida Profa. Dra. Maria Rosa Quaresma, por sua sabedoria em contemporizar momentos de dificuldade. Ao Prof. Dr. Marcos Augusto Grigolin Grisotto, por ser mais que um coordenador de mestrado, preocupando-se com o aluno de forma humanizada e justa. A todos os docentes membros do colegiado, que compreenderam de forma humana, toda a situação por mim vivida durante esses últimos anos, propiciando a conclusão desse objetivo tão sonhado. A todos os docentes e colegas do Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária. “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que retine.” I Coríntios 13 RESUMO As Doenças Sexualmente transmissíveis (DSTs), estão entre as principais causas de busca por assistência no mundo, com consequências econômicas, sociais e sanitárias importantes. Mesmo com campanhas preventivas e avanços diagnósticos, principalmente após o surgimento da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDs), continuam tendo alta prevalência na população. Na atualidade as DSTs, são consideradas de alta morbidez, em virtude de suas complicações sobre a saúde, além de agravos em outros órgãos, como por exemplo as hepatites virais B e C. A atividade sexual sem preservativo, associada à promiscuidade, determinam o risco de se adquirir uma DST em sua forma mais clássica, porém outras formas de contágio, como transfusões sanguíneas, contatos com sangue contaminado, além do compartilhamento de seringas por drogas ilícitas, tornam-se grandes responsáveis no aumento dessa estimativa. Nesse trabalho serão abordados 5 principais DSTs: a sífilis gestacional, sífilis congênita, gonorreia e hepatite B e C. Aspectos epidemiológicos no período de 2003 a 2013 no estado do Maranhão serão analisados frente às variáveis mais relevantes de cada doença. Os resultados obtidos confirmam altas incidências das 4 primeiras DSTs analisadas , no estado do Maranhão, como já informado previamente pela Organização Mundial de Saúde(OMS), da ocorrência no Brasil de aproximadamente 12 milhões de casos novos por ano, tornando-se um grave problema de saúde pública. No caso da gonorreia, por não ser de notificação compulsória e tratada informalmente, apresentou subnotificação extrema. Dentre todas as doenças analisadas, a que apresentou maior relevância estatística no Maranhão foi a hepatite C, com grande número de notificações. Doença silenciosa, capaz de em sua forma assintomática, transformar-se em hepatocarcinoma a longo prazo. Com os dados obtidos, enfatizase a necessidade de contínuos e intensos Programas do governo no combate às DSTs, visando cada vez mais informar à população em todos os municípios e povoados sobre os riscos de contágio dessas doenças e suas consequências. A ampliação de unidades de saúde faz-se necessário, para a realização de diagnóstico precoce e tratamento em especial às gestantes, evitando a transmissão vertical. Palavras-chave: Sífilis Gestacional. Sífilis Congênita. Gonorreia. Hepatite C. Hepatite B. ABSTRACT The Sexually transmitted diseases (STDs) are among the leading causes for seeking assistance in the world, with economic consequences, social and important health. Even with preventive campaigns and diagnostic advances, especially after the emergence of acquired immunodeficiency syndrome (AIDs), continue to have high prevalence in the population. Nowadays STDs are considered high morbidity because of its complications on the health, and diseases in other organs, such as viral hepatitis B and C. The unprotected sexual activity, associated with promiscuity, determine the risk to acquire an STD in its classical form, but other forms of infection, such as blood transfusions, contact with contaminated blood, needle sharing the addition of illegal drugs, they become responsible for the large increase in this estimate. This work will address five major STDs: gestational syphilis, congenital syphilis, gonorrhea and hepatitis B and C. Epidemiological aspects in the 2003-2013 period in Maranhão state will be analyzed regarding the most relevant variables of each disease. The results confirm high incidences of 4/1 analyzed STDs in the state of Maranhão, as previously reported by the World Health Organization (WHO), the occurrence in Brazil of approximately 12 million new cases per year, becoming a serious problem public health. In the case of gonorrhea, because it is not reportable and treated informally presented extreme underreporting. Among all analyzed diseases, with the highest statistical significance in Maranhão was hepatitis C, with large numbers of notifications. Silent disease capable of in its asymptomatic form, turn into long-term hepatocellular carcinoma. With the obtained data, it emphasizes the need for sustained and intense government programs to combat STDs, aiming increasingly informing the population in all towns and villages on the contagion risk of these diseases and their consequences. The enlargement health units it is necessary, to perform early diagnosis and treatment in particular for pregnant women, preventing the vertical transmission. Keywords: Gestational Syphilis. Congenital Syphilis. Hepatitis B. Hepatitis C. Gonorrhea. LISTA DE TABELAS Tabela 1- Associação da cor com a escolaridade da gestante com sífilis gestacional. Período: 2003-2006 ................................................................................................ Tabela 2 - Distribuição do número de casos de sífilis gestacional, envolvendo a associação da faixa etária x Cor/raça ...................................................................... Tabela 3 - Distribuição do número de casos de sífilis gestacional, envolvendo a associação da faixa etária x teste não treponêmico .................................................. Tabela 4 - Distribuição do número de casos de sífilis gestacional, envolvendo a associação da faixa etária x teste treponêmico ......................................................... Tabela 5 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme sexo x municípios do Maranhão que obtiveram maior número de casos. Período: 2003-2013................... Tabela 6 - Distribuição de casos de sífilis congênita Maranhão X realização de Prénatal. Período: 2003-2013 ......................................................................................... Tabela 7 - Distribuição de casos conforme escolaridade em associação à cor/raça da mãe. Período: 2003-2013 .......................................................................................... Tabela 8 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme associação da faixa etária da criança x cor/raça da mãe. Período: 2003-2013 ......................................... Tabela 9 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme diagnóstico final x realização de pré-natal. Período: 2003-2013 ........................................................... Tabela 10 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme escolaridade da mãe x parceiro tratado. Período: 2003-2013 .................................................................... Tabela 11 - Distribuição de casos conforme municípios x sexo. Período: 2003 -2013 Tabela 12 - Distribuição de casos de gonorreia x sexo. Período: 2003 -2013 .......... Tabela 13 - Distribuição de casos de cor/raça x sexo. Período: 2003 -2013 ............ Tabela 14 - Distribuição de casos conforme municípios e sexo dos pacientes com hepatite B. Período: 2003-2013................................................................................. Tabela 15 - Distribuição de casos conforme faixa etária e sexo dos pacientes com hepatite B. Período: 2003-2013................................................................................. Tabela 16 - Distribuição de casos conforme faixa etária x cor/raça dos pacientes com hepatite B. Período: 2003-2013................................................................................. Tabela 17 - Distribuição de casos conforme municípios x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite B. Período: 2003 – 2013 ...................................... Tabela 18 - Distribuição de casos conforme fonte de infecção x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite B. Período: 2003 – 2013 ...................................... Tabela 19 - Distribuição de casos conforme municípios x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite B. Período: 2003 – 2013 ...................................... Tabela 20 - Distribuição de casos conforme fonte de infecção x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite C. Período: 2003 – 2013 ...................................... Tabela 21 - Distribuição de casos conforme evolução do paciente x sexo. Período: 2003 -2013 ............................................................................................................... LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DST Doença Sexualmente Transmissível AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida SG Sífilis Gestacional SC Sífilis Congênita OMS Organização Mundial de Saúde OPAS Organização pan-americana de saúde HIV Vírus da Imunodeficiência Adquirida VHA Vírus da hepatite A VHB Vírus da hepatite B VHC Vírus da hepatite C VHD Vírus da hepatite D VHE Vírus da hepatite E VHF Vírus da hepatite F VHG Vírus da hepatite G MS Ministério da Saúde PCR Polymerase Chain Reaction FTA-Abs Fluorescent Treponemal Antibody Absorption PNBR Protocolo de Pré-Natal de Baixo Risco VDRL Veneral Disease Research Laboratory CDC Centers for Disease Control and Prevention PHPN Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento PNESC Programa Nacional para a Erradicação da Sífilis Congênita EPI Equipamento de proteção individual SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 2.1 Sífilis Gestacional e Congênita ........................................................................ 2.1.1 Agente etiológico, transmissão e patogênese ................................................. 2.1.2 Manifestações Clínicas da Sífilis ..................................................................... 2.1.3 Modo de transmissão da Sífilis ........................................................................ 2.1.4 Diagnóstico....................................................................................................... 2.1.4.1 Diagnóstico pré-natal .................................................................................... 2.1.5 Aspectos Sócio- epidemiológicos da Sífilis Gestacional e Congênita .............. 2.2 Gonorreia – Agente Etiológico, Transmissão e Patogênese ......................... 2.2.1 Manifestações Clínicas..................................................................................... 2.2.1.1 Gonorreia no Homem .................................................................................... 2.2.1.2 Gonorreia em Neonatos ............................................................................... 2.2.2 – Diagnóstico da Gonorreia .............................................................................. 2.2.2.1 Diagnóstico Diferencial .................................................................................. 2.2.2.2 Diagnóstico Clínico ........................................................................................ 2.2.3 Diagnóstico Laboratorial ................................................................................... 2.2.4 Tratamento ....................................................................................................... 2.2.5 Perfil sócio – epidemiológico da Gonorreia ...................................................... 2.3 Hepatite B e Hepatite C ..................................................................................... 2.3.1 Manifestações clínicas das hepatites virais ...................................................... 2.3.2 Hepatite B – agente etiológico, transmissão e patogênese .............................. 2.3.2.1 Diagnóstico da hepatite B.............................................................................. 2.3.2.2 Tratamento .................................................................................................... 2.3.2.3 Imunizações .................................................................................................. 2.3.3 Hepatite C – agente etiológico, transmissão e patogênese.............................. 2.3.3.1 Diagnóstico ................................................................................................... 2.3.3.2 Tratamento .................................................................................................... 2.3.4 Perfil sócio - epidemiológico das hepatites B e C ............................................. 2.4 Justificativa ........................................................................................................ 3 OBJETIVOS ......................................................................................................... 3.1 Geral ......................................................................................................... 3.2 Específicos ........................................................................................................ 4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 4.1 Tipo de Estudo .................................................................................................. 4.2 Local da Pesquisa e Período ........................................................................... 4.3 Análise Estatística ............................................................................................. 5 RESULTADOS ....................................................................................................... 5.1 Sífilis Gestacional ............................................................................................. 5.2 Sífilis Congênita ................................................................................................ 5.3 Gonorreia ......................................................................................................... 5.4 Hepatite B ......................................................................................................... 5.5 Hepatite C ......................................................................................................... 6 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 6.1 Sífilis Gestacional e Congênita ........................................................................ 6.2 Gonorreia ......................................................................................................... 6.3 Hepatites Virais ................................................................................................. 6.3.1 Hepatite B......................................................................................................... 6.3.2 Hepatite C ........................................................................................................ 7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... REFERÊNCIAS..................................................................................................... ANEXOS ......................................................................................................... 1 INTRODUÇÃO As doenças sexualmente transmissíveis (DST) constituem em nível mundial, um dos problemas de saúde mais comuns. Apesar de se desconhecer sua real magnitude, estima-se que nos países em desenvolvimento, estejam entre as cinco principais causas de busca por serviços de saúde, principalmente após o surgimento da síndrome da imunodeficiência adquirida(AIDs) (OMS, 2005). Dentre as DSTs, a sífilis apresenta maior transmissibilidade no período gravídico-puerperal (MESQUITA et al, 2012). No decorrer dos últimos anos, tem-se verificado um grande aumento na prevalência da sífilis gestacional (SG) em países desenvolvidos e em desenvolvimento, promovendo consequentemente, aumento da incidência da sífilis congênita (SC). Os fetos de gestantes com sífilis não tratadas ou inadequadamente tratadas, serão infectados em 50 a 80% dos casos, podendo evoluir com parto prematuro, aborto ou natimorto em até 40% das gestações. O agente infeccioso dissemina-se hematogênicamente para o concepto, por via transplacentária, sendo responsável por altos índices de morbimortalidade (BRASIL, 2006). Por sua vez, os recém-nascidos, não tratados, evoluirão para um quadro de sífilis congênita tardia, caracterizada por surdez e dificuldades no aprendizado, com limitações por toda a vida. A sífilis, quando comparada à transmissão vertical do HIV, representa pior ameaça à saúde da criança. Paradoxalmente, se a sífilis gestacional for adequadamente tratada, apenas 1 a 2% dos recém-nascidos nascerão com sífilis congênita, demonstrando a necessidade do diagnóstico precoce e tratamento (NORWITZ, 2012; ZUGAIB, 2008). A sífilis é uma doença de fácil diagnóstico por apresentar testes sensíveis, tratamento efetivo e baixo custo, sendo patologia de rastreio obrigatório no protocolo de assistência pré-natal do Ministério da Saúde (ZUGAIB, 2008). No ano de 1986, o Brasil inseriu a SC, na lista de doenças de notificação compulsória, tornando-se em 1995, signatário da Resolução CE116/14 da Organização Pan-Americana (OPAS), tendo como meta, a erradicação da enfermidade até o ano de 2000, período do surgimento do Plano de Controle da Sífilis, baseado na qualificação da assistência, diagnóstico e tratamento da doença (BRASIL, 2006). Em 2005, a SG, tornou-se doenças de notificação compulsória. A subnotificação tornou-se um grande empecilho na real estimativa da sífilis, visto que apenas 32% dos casos são notificados para fins de vigilância epidemiológica (BRASIL, 2006). A sífilis é uma doença de fácil diagnóstico por apresentar testes sensíveis, tratamento efetivo e baixo custo, sendo patologia de rastreio obrigatório no protocolo de assistência pré-natal do Ministério da Saúde. O êxito no tratamento da gestante, depende também do tratamento do parceiro, constituindo peça fundamental na total erradicação do agente. Fato esse, em grande parte, pouco informado nos serviços de saúde ou negligenciado pelos parceiros. O número de casos de parceiros não tratados tem se apresentado superior ao de parceiros tratados, mostrando grande dificuldade na quebra da cadeia de transmissão (QIN, 2014). Por ser uma doença relacionada ao sexo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima a ocorrência de aproximadamente 12 milhões de casos novos de sífilis a cada ano (FIGUEIRÓ-FILHO, 2012). A SG e SC, necessitam de redução da sua incidência para menos de um caso por mil nascidos vivos. Para isso, medidas preventivas no pré-natal e em maternidades, visam identificar gestantes com sífilis e tratamento imediato com penicilina, concluído em até 30 dias antes do parto (MESQUITA et al, 2012). Em 2008, dados da OMS revelaram que 12 milhões de pessoas, sendo cerca de dois milhões gestantes, encontravam-se infectadas pelo pela sífilis no Brasil. Estudos epidemiológicos nacionais alertavam, ainda, quanto ao aumento da incidência da enfermidade no mundo (ARAÚJO et al, 2012). No período de 1998 a 2005, foram notificados 29.396 casos notificados de sífilis congênita. Valor este, inconsistente com a realidade, pois dados do Ministério da Saúde, informam um aumento da incidência de 1,3 casos por mil Nascidos Vivos em 2000 para 1,6 casos em 2004 (BRASIL, 2006). No período de 2007 a 2010, foram notificados 537 casos de Sífilis Congênita no Maranhão, valor que representa 10,77 casos novos por mil nascidos vivos, muito superior à meta estimada de um caso para cada mil nascidos vivos, estabelecida pela OPAS e Programa Nacional para a Erradicação da Sífilis Congênita do Ministério da Saúde (BRASIL, 2010). A gonorreia constitui uma das doenças humanas mais antigas conhecidas, havendo referências da uretrite venérea nos escritos chineses, no Velho Testamento Bíblico e em outras literaturas da antiguidade. É uma doença infecciosa do trato urogenital, bacteriana, transmitida quase que exclusivamente por contato sexual ou perinata (PIAZZETTA, 2011). A gonorreia, permanece de difícil controle, apresentando grande influência dos fatores demográficos, sociais e comportamentais em sua epidemiologia, apesar da disponibilidade de uma terapêutica antimicrobiana eficaz. Considerando a mudança de conhecimentos a respeito da gonorreia, ocorrida nos anos 90, podemos dividir essa doença em duas fases: a gonorreia antes dos anos 90 e a dos anos 90, essa última caracterizada pelo desvendar das interações patógeno - hospedeiro, de sua virulência, mecanismos de resistência e da associação entre gonorreia e infecção pelo HIV, sendo essa última capaz de provocar uma mudança na história natural da gonorreia e de tornar a terapêutica mais difícil (PIAZZETTA, 2011). Outro agravante referente à gonorreia é o seu tratamento informal em farmácias, estimulando sua automedicação e consequentemente subnotificação de dados epidemiológicos. (WEN-QUING, 2015). Muitas pesquisas epidemiológicas, estão sendo realizadas, não só no enfoque da gonorreia como DSTs, mas por sua relação ao surgimento de câncer de próstata (WEN-QUING, 2015). A prevenção da gonorreia, depende de campanhas educativas para o uso de preservativos e de orientações específicas sobre o tratamento eficaz para alcançar uma melhor utilização dos antibióticos e diminuição da resistência do agente etiológico aos medicamentos, principalmente na população de baixa renda (GIGUERE, ALARY, 2015). As hepatites virais são doenças causadas por diferentes agentes etiológicos, de distribuição universal, tendo em comum o hepatotropismo. Possuem semelhanças do ponto de vista clínico-laboratorial, porém apresentam, importantes diferenças epidemiológicas e quanto à sua evolução. Os últimos 50 anos, foram de notáveis conquistas no que se refere à prevenção e ao controle das hepatites virais. Os mais significativos progressos, foram à identificação dos agentes virais, o desenvolvimento de testes laboratoriais específicos, o rastreamento de indivíduos infectados e o surgimento de vacinas protetoras ( FERREIRA, 2004) Para fins de vigilância epidemiológica, as hepatites podem ser agrupadas de acordo com a maneira preferencial de transmissão em fecal-oral (vírus A e E) e parenteral (vírus B, C, D); mas são pelo menos sete os tipos de vírus que já foram caracterizados: A (VHA), B (VHB), C (VHC), D (VHD), E (VHE), F (VHF) e G (VHG). Uma das principais características que diferenciam esses vírus é a sua capacidade (ou incapacidade) de determinar infecções crônicas; outra é a possibilidade de ocasionar comprometimento sistêmico relevante como o VHB e VHC, alvo do nosso estudo (FERREIRA, 2004). De acordo com a OMS só no ano 2000 houve uma estimativa de 400 milhões de indivíduos infectados pelo VHB, aproximadamente 5% da população mundial da época. Admite-se que a infecção evolui para a cura em 90% a 95% dos casos e para o estado de portador crônico nos restantes 5% a 10%; a infecção persistente pode resultar também em cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular (OMS, apud ALVES, 2002). Por sua vez, a infecção pelo VHC é considerada por muitos especialistas a doença infecciosa crônica mais importante em todo o mundo devido a sua evolução silenciosa e crônica para cirrose hepática e hepatocarcinoma. Estima-se que existam 90 milhões de infectados pelo VHC no mundo e cerca de 3 milhões no Brasil (CARRILHO, 2003). As hepatites crônicas relacionadas ao VHB e VHC e suas complicações têm importantes implicações econômicas, seja pela ausência no emprego ou custo hospitalar do tratamento, inclusive em casos de transplante de fígado em pacientes com a doença em estado terminal. 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Sífilis Gestacional e Congênita 2.1.1 Agente etiológico, transmissão e patogênese A sífilis é uma doença infecto - contagiosa sistêmica, de evolução crônica, com distribuição mundial, transmitida pelas vias sexual, parenteral e vertical, tendo como agente etiológico a bactéria denominada Treponema Pallidum, subespécie pallidum (MESQUITA et al, 2012). A transmissão é predominantemente sexual. Os treponemas penetram na mucosa através de pequenas erosões ocorridas durante a relação sexual, porém a presença de processo inflamatório do colo uterino facilita a penetração das bactérias. Pode também ser transmitida por via transplacentária e em casos mais raros, através de acidentes com pérfuro-cortantes e tatuagens. Após penetrarem nas mucosas elas alcançam a corrente linfática em horas ou dias. O período de incubação varia de 10 a 90 dias (HAWKES, 2013). 2.1.2 Manifestações Clínicas da Sífilis a) Sífilis Primária Caracteriza-se pela presença do cancro duro, indolor e de bordos elevados. Ocorre no local de inoculação da espiroqueta, podendo estar presente na região genital ou extragenital. Nas mulheres, o local mais comum de apresentação do cancro duro é no colo uterino ou na mucosa vaginal ou vulvar, portanto, por ser indolor, geralmente passa despercebido. Apresenta resolução espontânea entre 2 a 8 semanas (NORWITZ, 2012). b) Sífilis Secundária Caracteriza-se pela disseminação sistêmica da espiroqueta, quando não tratada. As manifestações clínicas caracterizam-se por um exantema maculo papular disseminado, incluindo região palmar (Figura 6) e plantar, não atingindo a face. As manifestações clínicas podem surgir de 6 semanas a 6 meses após o surgimento do cancro duro e, resolvem-se espontaneamente em 2 a 6 semanas (NORWITZ, 2012). c) Sífilis Latente Geralmente é subclínica. O risco maior de transmissão nessa fase é a transplacentária, onde ocorre mais comumente a disseminação sanguínea da espiroqueta, pode ocorrer nos primeiros quatro anos após o primeiro contágio com o treponema (NORWITZ, 2012). De acordo com a classificação do Manual de prénatal do Ministério da Saúde (MS), sua duração é variável (BRASIL, 2012). d) Sífilis Terciária Ocorre em um terço dos pacientes não tratados, sendo rara de ser encontrada devido ao uso indiscriminado de antimicrobianos, como amoxicilina, ceftriaxona, doxiciclina e eritromicina. As manifestações clínicas incluem a forma de goma, doença cardiovascular e a neurossífilis, podendo se manifestar entre 5 a 20 anos após ter se tornado latente, portanto rara em mulheres em idade fértil (NORWITZ, 2012). 2.1.3 Modo de transmissão da sífilis a) Sífilis Adquirida Apresenta transmissão predominantemente sexual e pode se manifestar como sífilis primária, secundária, latente ou terciária. A gestante se enquadra nesse modo de transmissão e pode apresentar uma dessas classificações clínicas, sendo a mais comum a sífilis latente, diagnosticada através de exames sorológicos de rotina (BRASIL, 2012). b) Sífilis Congênita Apresenta transmissão transplacentária, ou diretamente, através das secreções vaginais no momento do parto, podendo acometer o feto quando da infecção da gestante, se essa realizar o tratamento inadequado ou não realizá-lo. O risco de acometimento fetal varia conforme a fase clínica da doença durante a gestação. Se a sífilis na gestante não tratada estiver na fase primária o risco de acometimento fetal varia de 40 a 90%, uma vez que o número de espiroquetas circulantes é maior em relação às outras fases da doença. Em contrapartida, se a gestante estiver apresentando a sífilis latente o risco de acometimento fetal varia de 10 a 40% (HAWKES, 2013). 2.1.4 Diagnóstico Diagnóstico Para a sífilis gestacional, utiliza-se como critério de diagnóstico, conforme Manual de Bolso com as Diretrizes de Controle da Sífilis Congênita do Ministério da Saúde, a gestante que durante o pré-natal apresente evidência clínica e/ou sorologia não - treponêmica reagente (VDRL é o mais utilizado), com teste treponêmico positivo ou não realizado (como o FTA-Abs) (BRASIL, 2006). Com a finalidade de erradicar essa patologia durante a gestação o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) do Ministério da Saúde, criado pela Portaria nº 569 de 1/6/2000 preconiza, desde 2002, a realização obrigatória de três testes de VDRL, sendo dois na gravidez: o primeiro, na primeira consulta, idealmente no primeiro trimestre (antes da 14ª semana de gestação) e o segundo, na trigésima semana, o que é preconizado para assistência pré-natal em todo o Brasil. O terceiro VDRL deve ser realizado no momento da admissão hospitalar (BRASIL, 2012). Para a sífilis gestacional, utiliza-se como critério de diagnóstico, conforme Manual de Bolso com as Diretrizes de Controle da Sífilis Congênita do Ministério da Saúde, a gestante que durante o pré-natal apresente evidência clínica e/ou sorologia não - treponêmica reagente (VDRL é o mais utilizado), com teste treponêmico positivo ou não realizado (como o FTA-Abs) (BRASIL, 2006). 2.1.5 Aspectos Sócio-epidemológicos da Sífilis Gestacional e Congênita Considerando o perfil sócio epidemiológico da sífilis observamos na sua evolução histórica que nos anos 40, concomitante a descoberta da penicilina, ocorreu a diminuição da infecção pelo Treponema pallidum. Como muitos pensavam que a doença estava controlada, o controle epidemiológico foi reduzido, aumentando sua incidência na década de 60, com as mudanças de comportamento da sociedade, especificamente voltadas à liberdade sexual e ao uso de contraceptivo oral, ressurgindo e aumentado em número de casos essa e outras DST´s (HILDEBRAND, 2010). A sífilis está predominantemente associada a grupos socialmente desfavorecidos, os quais tendem a apresentar um baixo nível sócio- econômico, DST’s (como, por exemplo, a AIDS), o uso de drogas ilícitas, promiscuidade sexual, natimorto em gestação anterior e pré-natal inadequado por número e qualidade de consultas insuficientes, além de tratamento inadequado para prevenção da sífilis congênita l (ARAÚJO, 2006; MESQUITA, 2012). No contexto mundial, a América Latina e Caribe foram notificados no ano de 2003, 110 mil casos de sífilis congênita a partir de gestantes sem tratamento no período pré-natal. Altíssimas incidências, foram verificadas em áreas endêmicas como: África, Ásia e América (ARAÚJO, 2005). Os Estados Unidos apresentaram por 14 anos uma queda progressiva da incidência da sífilis, porém houve um aumento de 23% desse indicador, de 8,2 casos/ 100.000 nascidos vivos, em 2005, para 10,1 casos / nascidos vivos /100.000 nascidos vivos em 2008 (CDC, 2010). No Brasil, o número de casos de sífilis congênita está cada vez mais crescente. No período de 2000 a 2010 foram notificados ao Ministério Saúde- MS 54.141 casos em menores de um ano de idade. Na região Norte, foi registrado 9,6% (5.223 casos), Nordeste, 32,1% (17.397 casos), Sudeste, 44,8% (24.260casos), Sul, 7% (3.764 casos) e Centro-Oeste, 6,5%(3.497 casos) (BRASIL,2010). Com esses dados percebe-se maior número de casos, na região Sul e Nordeste (BRASIL, 2006). Em 2009, a faixa etária mais acometida das mães gestantes foi entre os 20 e 29 anos (52,7%) de idade, com 4 a 7 anos de estudo (28,1%) e pré-natal realizado (75,5%). A estimativa das gestantes, que realizaram o pré-natal e tiveram o diagnóstico durante a gravidez (28,1%) e que não tiveram os seus parceiros tratados (53,7%) (BRASIL, 2012). Estudos realizados no Mato Grosso, por exemplo, demonstraram maior prevalência da sífilis nas cidades de fronteira e em capitais como Campo Grande. Na cidade de Los Teques, Venezuela, país com o qual o estado de Roraima faz fronteira, realizou-se um estudo com entrevistas em 212 profissionais do sexo, identificando-se uma prevalência de 2,4% de sífilis. Dentre as entrevistadas, 38% não usavam preservativo e 25% não usavam nenhum método contraceptivo (HILDEBRAND, 2010). No Maranhão, local do nosso estudo, foram notificados entre 2007 a 2010, 537 casos de Sífilis Congênita no Maranhão, valor que representa 10,77 casos novos por mil nascidos vivos, muito superior à meta estimada de um caso para cada mil nascidos vivos, estabelecida pela OPAS e Programa Nacional para a Erradicação da Sífilis Congênita (PNESC) do Ministério da Saúde, do ano de 1993. 2.2 Gonorreia – agente etiológico, transmissão e patogênese. A gonorreia é uma doença infecciosa causada pela Neisseria gonorrhoeae, diplococo Gram-negativo, não formador de esporos, encapsulado, anaeróbio facultativo. O gonococo não tolera redução da umidade e as amostra devem ser inoculadas imediatamente em meio apropriado, como por exemplo o ágar chocolate enriquecido com glicose e suplementos (PENNA, 2000). A transmissão da gonorreia se dá por via sexual ou perinatal, levando essa última a grandes investigações diagnósticas durante o período pré-natal (COHEN, 1998). Após o contato sexual do parceiro portador com novo hospedeiro são vencidas as barreiras naturais da mucosa, a infecção evoluirá para a doença entre 2 a 5 dias, promovendo em alguns casos um processo autolimitado sem grandes repercussões ou quadro localizado no próprio aparelho urogenital ou então situações sistêmicas ( PENNA,2000). 2.2.1 Manifestações Clínicas A uretrite aguda é a manifestação predominante no homem, apresentando sintomas que incluem corrimento uretral e disúria. O corrimento evolui em poucos dias para forma uma purulenta. Em caso de persistência da infecção, podem surgir complicações como: epididimite aguda, balanopostite, prostatite, entre outras (BENZAKEN, 2010). edema peniano, A uretrite gonocócica na mulher, não possui clínica acentuada como no homem e apresenta em sua maioria sintomas como disúria, urgência urinária e menos frequentemente secreção amarelada. Dentre as complicações podemos citar: Bartholinite, Salpingite, entre outras (CARVALHO, 2004). A gonorreia em gestantes, associa-se ao risco aumentado de aborto espontâneo, parto prematuro, ruptura prematura de membranas e mortalidade fetal perinatal. Mães infectadas podem transmitir a N. gonorrhoeae para o concepto intraútero, durante o parto ou no período pós-parto (CARVALHO, 2004). A conjuntivite gonocócica do neonato (oftalmia neonatorum) gonocócica ocorre principalmente em neonatos. O período de incubação varia de 3 a 7 dias. A ausência de tratamento promove edema palpebral e ulceração da córnea. 2.2.2 Diagnóstico da Gonorréia 2.2.2.1 Diagnóstico Diferencial Necessita-se promover a diferenciação das Uretrites Gonocócicas, em relação às Uretrites Não Gonocócicas. 2.2.2.2 Diagnóstico Clínico A anamnese e o exame físico, fornecem elementos valiosos para o diagnóstico, porém sempre auxiliado pelos exames laboratoriais. 2.2.3 Diagnóstico Laboratorial Exame bacterioscópico: identificação da N. gonorrhoeae em um local infectado. Cultura: isolamento por cultura representa o método diagnóstico padrão Amplificação do DNA em cadeia de polimerase (PCR). 2.2.4 Tratamento Após diagnóstico ou suspeita diagnóstica, o tratamento é realizado com a administração de antibióticos do grupo das quinolonas ou cefalosporinas. No caso de bebês, colírios antibióticos são usados para tratar a conjuntivite gonocócica. O tratamento da gonorreia é simples, barato e está disponível gratuitamente na maioria dos postos de saúde (BRASIL, 2010). No mundo, há evidências de altos índices de resistência da N. gonorrhoeae à antibioticoterapia convencional. Nos Estados Unidos, por exemplo, segundo o CDC, 1/4 das cepas de bactérias são resistentes à penicilina. No Brasil, são escassos os estudos realizados sobre esse aspecto. 2.2.5 Perfil sócio-epidemiológico da Gonorreia A gonorreia é uma doença de distribuição universal. Ocupa há cerca de duas décadas, um destacado 1º lugar entre as DSTs e este fato ocorre em âmbito internacional. Nos Estados Unidos por exemplo, constitui a doença mais notificada do país e mais frequente entre os jovens. Ambos os sexos são atingidos, com predomínio nos homens (OMS, 2012) No Brasil, existem poucos dados epidemiológicos, em virtude da automedicação por parte dos acometidos, associada à ausência de obrigatoriedade de notificação. Com isso a forma subclínica persiste, mantendo os elos fundamentais na cadeia de transmissão da doença. Sabe-se porém, que a maior prevalência da gonorreia é em jovens solteiros entre a 15 a 30 anos e com baixo nível de escolaridade. (BRASIL, 2012) Um dos principais objetivos da Vigilância Epidemiológica da Gonorreia é a interrupção da cadeia de transmissão através da detecção e tratamento precoces, além de prevenir novas ocorrências por meio de ações de educação em saúde (CARVALHO, 2004). Infelizmente a gonorreia não uma doença de notificação compulsória nacional, como ocorre em outros países. Entretanto, os profissionais de saúde devem observar as normas e procedimentos de notificação e investigação de estados e municípios. De um modo geral, toda doença sexualmente transmissível constitui-se em evento sentinela para busca de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. Fato esse de grande preocupação epidemiológica (CARVALHO, 2004). De um modo geral, toda doença sexualmente transmissível constitui-se em evento sentinela para busca de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. Fato esse de grande preocupação epidemiológica. 2.3 Hepatites B e C 2.3.1 Manifestações Clínicas das hepatites a) Estado de portador Presença do vírus por período superior a seis meses. O VHB e o VHC, podem levar ao estado de portador crônico. Cerca de 10% dos indivíduos infectados são incapazes de eliminar o vírus (CARRILHO, 2003). b) Hepatite Aguda Caracterizada ao período compreendido entre o início dos sintomas até o sexto mês ou após o mesmo. Os marcadores sorológicos que apresentam positividade nesta forma clínica são HBsAg, HBeAg, Anti-HBc total e Anti-HbcIgM. c) Hepatite Crônica Segundo a OMS e a Associação Internacional das Doenças do Fígado, pode ser considerada como crônica, a hepatite cuja reação inflamatória persiste por mais de 6 meses. Sorologicamente apresentam HBsAg positivo e anti-HBc total positivo(CARRILHO, 2003). Estimativas demonstram que o VHC, acomete mais de 185 milhões de indivíduos em todo o mundo nesta forma da doença, correspondendo a aproximadamente 3% da população mundial (LAM, et al., 2015). d) Cirrose A evolução da hepatite viral para cirrose depende de fatores como: capacidade regenerativa do fígado, persistência do portador do vírus, resposta imunológica do paciente e grau de lesão hepática na fase aguda (CARRILHO, 1997). e) Carcinoma Hepatocelular A transformação maligna não está bem definida. No entanto, a inflamação crônica do fígado pode ser um fator importante no desenvolvimento do carcinoma hepatocelular (OKUDA, 1992). É possível que a redução da prevalência por meio de imunização ativa em áreas de alta endemicidade resulte em diminuição do número de hepatocarcinomas. 2.3.2 Hepatite B - agente etiológico, transmissão e patogênese. Em 1965, foi descoberto o antígeno de superfície da hepatite B (AgHBs) - conhecido na época como antígeno Austrália (AgAu) - e seu anticorpo, anti-HBs. Poucos anos depois, em 1971, o pacote viral completo do vírus da hepatite B foi caracterizado, sendo chamado de partícula de Dane. Desde então, progressos consideráveis têm sido feitos a respeito da epidemiologia, virologia, história natural e tratamento desse vírus hepatotrópico (PURCELL, 1993). O HBV tem alto potencial infectante e que uma única partícula viral é capaz de infectar o ser humano. O vírus inicialmente circula no sangue e replica-se nos hepatócitos com uma produção de vírions em torno de 100.000.000.000 cópias/mL x por dia, enquanto o vírus da hepatite C (HCV) e da imunodeficiência (HIV),próximo de 1.000.000.000 cópias/mL x por dia. A transmissão ocorre através do contato com sangue contaminado através do compartilhamento de seringas e outros materiais usados por usuários de drogas intravenosas, tatuagens, acupuntura, transfusões de sangue ou hemoderivados, ferimentos cutâneos com objetos contaminados, contato sexual, transmissão vertical e em acidentes como materiais biológicos, principalmente por profissional da área da saúde sem uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Apresenta-se estável e resistente ao meio ambiente, sobrevivendo até 1semana fora do corpo humano. No plasma, a vida média do HBV varia de 1 a 3 dias, enquanto nos hepatócitos, pode variar de 10 a 100 dias. O período de incubação varia de 6 a 8 semanas (FONSECA, 2007). Quanto à hepatite B, estimou-se que, em 2005, mais de dois bilhões de pessoas no mundo teriam se infectado pelo vírus e cerca de 360 milhões delas apresentariam infecção crônica e, portanto, risco de doença hepática grave e carcinoma hepatocelular. 2.3.2.1 Diagnóstico da hepatite B Anamnese e exame físico: A investigação médica, formando dados juntamente com o exame físico do paciente, formam o alicerce, necessitando da complementação da sua suspeita diagnóstica pelos marcadores sorológicos (KIYOHARA, et a l ,2015; COVAS, 2005). Marcadores sorológicos para a hepatite B: HBsAg (Antígeno de superfície do vírus B): Sua presença indica infecção em curso, sendo encontrado tanto na forma aguda quanto na crônica. a) Anti-HBcIgM (Anticorpo IgM contra o antígeno core do vírus B): Sua presença indica infecção aguda, sendo o primeiro anticorpo detectável. b) Anti-HBc total (Anticorpos totais contra o antígeno CORE do vírus B): É o melhor marcador de exposição ao vírus B. Está presente na infecção aguda, na infecção crônica e em pacientes que se recuperaram totalmente da doença, indicando contato prévio com o vírus. c) HBeAg (Antígeno “e” do vírus B): É um marcador de replicação viral, sendo sua positividade indicativa alto potencial de infecção. d) Anti-HBs (Anticorpo contra o antígeno de superfície do vírus B): É um anticorpo protetor, neutralizante. Está presente, geralmente, após o desaparecimento do HBsAg, indicando resolução da infecção e imunidade. 2.3.2.2 Tratamento Vários agentes antivirais têm sido usados no tratamento dos indivíduos com hepatite crônica, como o intérferon alfa, a lamivudina, o famciclovir, e o adefovirdipivoxil, entre outros. O tratamento tem uma eficácia de 15 a 45 %. 2.3.2.3 Imunizações Desde 1998, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, recomenda a vacinação universal das crianças contra hepatite B a partir do nascimento. A aplicação da primeira dose nas primeiras 12-24h de vida resulta em elevada eficácia na prevenção da infecção vertical. A partir de 2001, a faixa etária foi ampliada até 19 anos de idade. Diversos estudos mostram que as vacinas contra hepatite B têm boa imunogenicidade e são eficazes, com proteção em mais de 90% dos adultos jovens sadios e em mais de 95% em lactentes, crianças e adolescentes. A eficácia diminui gradativamente após os 40 anos de idade. 2.3.3 Hepatite C - agente etiológico, transmissão e patogênese. A infecção pelo VHC, representa um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo, sendo a principal causa de transplante hepático em países desenvolvidos. A maioria dos pacientes acometidos são portadores assintomáticos do vírus (LAM, 2015). A rota mais comum de transmissão, antes do teste de doadores de sangue foi instituído em 1992, foi através de transfusões de sangue. Atualmente, a rota mais comum de transmissão é o uso de drogas por via intravenosa, em resultado de uma nova epidemia de heroína ilícito e abuso de narcótico entre os jovens (SURYAPRASAD et al., 2014). A via parenteral constitui a principal via de transmissão. Populações de alto risco são: indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993, pessoas que compartilham material para uso de drogas injetáveis, inaláveis, tatuagem, "piercing" ou que apresentem outras formas de exposição percutânea (AMARAL, 2013). Os genótipos do VHC possuem distinta distribuição geográfica, sendo o 1, 2 e 3 os mais prevalentes no mundo, o genótipo 4 é encontrado no Norte da África e Oriente Médio e os genótipos 5 e 6 na África do Sul e na Ásia, respectivamente (BEZERRA, et al., 2007). No Brasil, os genótipos 1 e 3 são os mais prevalentes, seguidos pelo genótipo 2. Também há relatos dos genótipos 4 e 5, nas regiões sul e sudeste (PERONE, et al., 2008). A transmissão vertical é possível durante o parto ou logo após e pouco provável por via transplacentária. A média de infecção em crianças nascidas de mães VHC positivas é de aproximadamente 6%, havendo co-infecção com HIV sobe para 17%. 2.3.3.1 Diagnóstico a) Diagnóstico Clínico-laboratorial: exclusivamente com exames clínicos não é possível diagnosticar a doença, sendo necessários exames sorológicos. Os exames laboratoriais inespecíficos incluem as dosagens de aminotransferases -ALT/TGP e AST/TGO- que indicam lesão do parênquima hepático. O Teste Rápido para o HCV apresenta grande importância na detecção do vírus, tendo sua realização no Centro De Tratamento Anônimo (CTA). 2.3.3.2 Tratamento Estudos apontam que somente 15% dos infectados por Hepatite C foram identificados, 10% submetidos a tratamento e apenas 5% curados, resultados atribuídos aos baixos índices de resposta e efeitos adversos dos medicamentos usados até hoje. Para mudar este quadro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou um novo tratamento, que associado com outros medicamentos, eleva os índices de cura a taxas superiores a 90%, dependendo das características do paciente. Novos medicamentos: daclatasvir e o simeprevir, registrados em 2015. Dentre as vantagens desses novos medicamentos, podemos citar: maior índice de cura, redução no tempo de tratamento de um ano para três meses, redução no número de comprimidos e são de uso oral. A expectativa do Ministério da Saúde é que o novo tratamento beneficie 60 mil pessoas nos próximos dois anos (ANVISA, 2015). 2.3.4 Perfil sócio-epidemiológico das Hepatites B e C O padrão de distribuição das hepatites virais no mundo é muito abrangente, o qual já vem sendo estudado há muito tempo (Figuras 1 de 2) (PERZET et al, 2004). Em uma pesquisa realizada sobre a prevalência da hepatite B no mundo, estimou-se que em 2010, 248 milhões de indivíduos apresentaram HBsAg positivo (SCHWEITZER, et al, 2015). No Brasil, para efeito de notificação da Vigilância Epidemiológica, os casos confirmados de Hepatite B, necessitam atender critérios de caso suspeito e que apresente um ou mais marcadores sorológicos reagentes ou exame de biologia molecular para hepatite B (HBsAg reagente, anti-HBcIgM reagente, HBeAg reagente, DNA do HBV detectável). Segundo o último Estudo de Prevalência de Base Populacional das infecções pelos vírus das hepatites A, B e C, realizado entre 2005 e 2009 em todas as 26 capitais e no Distrito Federal, no que se refere à hepatite B o resultado global da prevalência de positividade sorológica indicativa de exposição a essa infecção (anti - HBc), na faixa etária entre 10 e 69 anos, foi de 7,4% (IC 95% 6,8%-8,0%), classificando o conjunto das capitais do Brasil como de baixa endemicidade (BRASIL, 2010). O resultado global da prevalência de positividade sorológica indicativa de exposição a essa infecção, na faixa etária entre 10 e 69 anos, foi de 1,38%, o que corresponde a uma baixa endemia para esse agravo. No período de 1999 a 2011, foram notificados no SINAN, 82.041 casos confirmados de hepatite C no Brasil, a maioria nas Regiões Sudeste (67,3%) e Sul (22,3%) (ANVISA, 2002). No Nordeste, entre 2005 e 2006, a prevalência de positividade sorológica nas capitais da Região Nordeste, indicativa de exposição à infecção pelo vírus da hepatite C, na faixa etária entre 10 e 69 anos, foi de 0,7% o que corresponde a uma endemicidade baixa para esse agravo. No período de 1999 a 2011, foram notificados no SINAN, 4.131 casos confirmados de hepatite C na região Nordeste. Figura 1 - Distribuição geográfica da infecção crônica do HBV . Fonte: Modificado OMS, 2009. Figura 2 - Prevalência da Hepatite C no mundo Fonte: Modificado de Perzet Al, 2004. No período de 1999 a 2011, foram notificados no SINAN 120.343 casos confirmados de hepatite B no Brasil, sendo a maior parte deles notificados nas Regiões Sudeste (36,3%) e Sul (31,6%). Em 2010, foram notificados 13.188 casos de hepatite B no Brasil. Segundo o último Estudo de Prevalência de Base Populacional, realizado entre 2005 e 2006 nas capitais da Região Nordeste, a prevalência para o marcador de exposição ao HBV (anti-HBc) foi de 9,13% . O percentual de expostos ao HBV na faixa etária de 10 a 19 anos foi de 2,12% e de 11,7% para o grupo de 20 a 69 anos. Para o marcador HBsAg, a prevalência referente ao conjunto das capitais do Nordeste foi de 0,42%, classificando esse conjunto como de baixa endemicidade. A prevalência de HBsAg foi de 0,11% na faixa etária de 10 a 19 anos, e de 0,53% para o grupo de 20 a 69 anos. De 1999 a 2011, foram notificados 11.017 casos de hepatite B na Região Nordeste, o que corresponde a 9,2% do total de casos no Brasil. Em 2010, foram notificados 1.304 casos, 9,9% do total no Brasil para esse dos quais nos estados da Bahia (30,4%) e do Maranhão (14,3%). Estrutura do programa de controle às Hepatites Virais no estado do Maranhão (Portaria 2.080 de 31.10.2003). Rede de atenção primária e de serviços de média complexidade que atendam hepatites virais é uma das prioridades do SUS. Dos onze centros de testagem e aconselhamento (CTA), dois (18%) realizam triagem sorológica para hepatites virais. As notificações de hepatites B e C têm aumentado em quase todos os estados do Brasil, mostrando a importância destes agravos em nosso meio. Estima-se que existam 170 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo. A prevalência da infecção, com base em dados de doadores de sangue, pode variar entre índices inferiores a 1,0% em países como o Reino Unido, Escandinávia, Nova Zelândia e algumas áreas do Japão, ou chegar até a 26% como no Egito. No Brasil, com base em doadores de sangue, a prevalência de antiHCV nas diversas regiões foi de 0,62% no Norte, 0,55% no Nordeste, 0,43% no Sudeste, 0,28% no Centro-oeste e 0,46% no Sul. No Brasil, a vigilância epidemiológica no Brasil, tem como caso confirmado de hepatite C o indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que apresente anti-HCV reagente e HCV-RNA detectável. Segundo o último Estudo de Prevalência de Base Populacional das infecções pelos vírus das hepatites A, B e C realizado entre 2005 e 2009, em todas as 26 capitais e no Distrito Federal, no que se refere à hepatite C o resultado global da prevalência de positividade sorológica indicativa de exposição a essa infecção, na faixa etária entre 10 e 69 anos, foi de 1,38%, o que corresponde a uma baixa endemia para esse agravo. Em 2010, foram notificados 637 casos, a maioria dos quais na Bahia, Ceará e Maranhão. Para o ano de 2010, observa-se na Região Nordeste uma taxa de detecção de casos de hepatite C de 1,2 por 100.000 habitantes, inferior à média nacional para esse ano. Entre 1999 e 2010, a taxa de detecção no Nordeste apresentou aumento ao longo do período, mantendo-se estável em patamares inferiores à média nacional (BRASIL, 2010). 2.4 Justificativa As Doenças Sexualmente Transmissíveis constituem um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, principalmente nos países considerados em desenvolvimento por apresentarem alto índice de pobreza e inacessibilidade de assistência médica. A resistência ao uso de preservativos, prosmicuidade e liberdade sexual, constituem grandes aliados ao aumento da incidência de muitas DSTs e consequentemente “infecções sentinelas” para uma possível infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). O Maranhão, por ser considerado um dos estados mais pobres do Brasil e apresentar-se dentro das características expostas na problemática das DSTs em carácter nacional e mundial, houve o interesse em conhecer o perfil epidemiológico da Sífilis, Gonorreia e Hepatites B e C através da coleta de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) obtido pelo Ministério da Saúde, no período de 2003 a 2013 no estado do Maranhão. Através de uma análise holística dos resultados obtidos a partir de variáveis de maior relevância para cada doença. Assim importantes medidas de prevenção e controle podem ser promovidas, contribuindo para uma melhor qualidade de vida dos portadores, reduzindo as taxas de prevalência destas endemias nesse estado. 3 OBJETIVOS 3.1 Geral Traçar o perfil epidemiológico de 4 DSTs no período de 2003 a 2013 no estado do Maranhão a partir de dados coletados do SINAN. 3.2 Específicos a) Estimar a prevalência de sífilis gestacional no período analisado e suas variáveis. b) Estimular o surgimento de campanhas educativas para diagnóstico precoce da sífilis c) Analisar a incidência de sífilis congênita no estado correlacionando com as demais variáveis. d) Determinar o perfil epidemiológico da hepatite B no estado e) Quantificar o número de casos de hepatite C no estado do Maranhão f) Avaliar a incidência de gonorreia no estado g) Fomentar estratégias preventivas no combate as DSTs. 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Tipo de Estudo Estudo quantitativo, observacional, do tipo transversal com abordagem descritiva e analítica. 4.2 Local da Pesquisa e Período A pesquisa das notificações da sífilis gestacional, sífilis congênita, gonorreia e hepatites B e C abordando varíaveis comuns entre elas: sexo, idade, faixa etária, local de residência e específicas foram obtidas através do site do Ministério da Saúde, SINAN, no período de 2003 a 2013, no estado do Maranhão. 4.3 Análise Estatística Os dados coletados serão analisados pelo programa estatístico SPSS 20.0. Inicialmente foi feita uma análise descritiva de todas as variáveis investigadas, ou seja, tabela de frequência e gráficos. Posteriormente, para fazer o mapeamento dos casos de cada DST nos munícipios maranhenses utilizou-se o programa de TABWIN do Ministério da Saúde. Depois, para avaliar a associação entre as variáveis classificatórias (sexo, faixa etária, cor, realização de exames, etc ) foi empregado o teste de qui-quadrado de independência. O nível de significância aplicado em todos os testes será de 5%, ou seja, será considerado significativo quando p<0,05. 5 RESULTADOS 5.1 Sífilis Gestacional A análise dos dados obtidos a partir do DATASUS no intervalo de 2003 a 2013 demonstrou que foram notificados 1.634 casos novos de Sífilis Gestacional no Estado do Maranhão, com média de 163,4 casos novos/ano. Figura 3 - Mapa demonstrando a distribuição das pacientes com sífilis gestacional no Maranhão, distribuídas por cidades. Período de 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). As maiores prevalências de sífilis gestacional concentraram-se nos municípios de São Luís, Codó, Balsas, Caxias e Buriticupu com 146; 100; 92; 85; 69 dos casos respectivamente (Figura 1 e Gráfico 1). Gráfico 1- Distribuição de casos de Sífilis Gestacional em 15 municípios do Maranhão que obtiveram maior número de casos. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Tabela 1 - Associação da cor com a escolaridade da gestante com sífilis gestacional. Período: 2003-2006. Escolaridade (anos concluídos) Cor Branc a % Pard a % Tota % l 0 0,0 4 6,0 4 4,3 11,1 1 20,0 4 6,0 7 7,5 4 44,4 4 80,0 27 40,3 39 41,9 41,7 3 33,3 0 0,0 20 29,9 28 30,1 16,7 1 11,1 0 0,0 11 16,4 14 15,1 0,0 0 0,0 100, 100, Total 12 9 0 0 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). 0 0,0 100, 0 1 1,5 100, 0 1 1,1 93 100,0 % Pret a % Amarel a 0 0,0 0 0,0 1 8,3 1 De 1 a 3 4 33,3 De 4 a 7 5 De 8 a 11 2 De 12 e + 0 Ign/Ñ preenchido Nenhum 5 67 p 0,908 1 No período em estudo de 2003 a 2006, na análise das variáveis cor e escolaridade, não foi encontrada uma associação significativa (p > 0,05) entre cor/raça e anos de escolaridade, conforme mostra o Gráfico 2. Gráfico 2 - Associação da cor com a escolaridade da gestante com sífilis gestacional. Período: 2003-2006. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Tabela 2 - Distribuição do número de casos de sífilis gestacional, envolvendo a associação da faixa etária x Cor/raça. Faixa Etária Cor/Raça Total % 0,0 1 0,1 0 0,0 36 2,2 0 0,0 400 24,5 71,7 8 88,9 1160 71,0 19 1,7 1 11,1 36 2,2 0 0,0 0 0,0 1 0,1 1118 100,0 9 100,0 1634 100,0 Ign/Branco % Branca % Preta % Amarela % Parda % Índigena % Em branco/Ign 0 0,0 0 0,0 1 0,4 0 0,0 0 0,0 0 10-12 0 0,0 4 1,9 6 2,3 0 0,0 26 2,3 15-19 3 17,6 59 28,4 62 23,5 5 27,8 271 24,2 20-39 13 76,5 141 67,8 183 69,3 13 72,2 802 40-59 1 5,9 3 1,4 12 4,5 0 0,0 65-69 0 0,0 1 0,5 0 0,0 0 0,0 Total 17 100,0 208 100,0 264 100,0 18 100,0 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). p 0,082 No período estudado onde houve a associação da faixa etária acometida associada à cor/raça, não foi encontrada uma associação significativa (p > 0,05) entre cor/raça e faixa etária. Gráfico 3 - Distribuição do número de casos de sífilis gestacional, envolvendo a associação da faixa etária x Cor / raça. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Tabela 3 - Distribuição do número de casos de sífilis gestacional, envolvendo a associação da faixa etária x teste não treponêmico. Faixa Etária Em branco/Ign 10-12 Teste não treponêmico Em % Reativo % branco/Ign Não reativo % Não % realizado Total % 0 0,0 1,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 0,1 0 0,0 35,0 2,6 0,0 0,0 0,0 0,0 35,0 2,3 15-19 23 35,4 313,0 23,4 6,0 28,6 34,0 28,3 376,0 24,4 20-39 41 63,1 953,0 71,4 15,0 71,4 85,0 70,8 1094,0 71,0 40-59 1 1,5 33,0 65-69 0 0,0 0,0 Total 65 100,0 1335,0 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). 2,5 0,0 0,0 0,0 100,0 21,0 0,0 1,0 0,0 0,0 100,0 120,0 0,8 35,0 2,3 0,0 0,0 0,0 100,0 1541,0 100,0 p 0,082 Referente às gestantes notificadas quanto à realização ou não do teste não treponêmico, não foi encontrada associação significativa (p > 0,05) entre os resultados não treponêmicos e faixa etária (Tabela 3). Tabela 4 - Distribuição do número de casos de sífilis gestacional, envolvendo a associação da faixa etária x teste treponêmico. Teste treponêmico Faixa Etária Em branco/Ign % Reativo % Não reativo % Não realizado % Total % 10-12 2 1,3 11 1,9 0 0,0 22 15-19 45 28,8 130 23,0 20 34,5 181 2,9 35,0 2,3 23,8 376,0 20-39 106 67,9 408 72,1 37 63,8 24,4 543 71,4 1094,0 40-59 3 1,9 17 3,0 1 71,0 1,7 14 1,8 35,0 2,3 65-69 0 0,0 0 0,0 Total 156 100,0 566 100,0 0 0,0 0 0,0 0,0 0,0 58 100,0 760 100,0 1540,0 100,0 p 0,299 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Referente às gestantes notificadas quanto à realização ou não do teste treponêmico, não foi encontrada associação significativa (p > 0,05) entre os resultados não treponêmicos e faixa etária (Tabela 4). 5.2 Sífilis Congênita A análise dos dados obtidos a partir do DATASUS no intervalo de 2003 a 2013 demonstrou que foram notificados 2.046 casos novos de Sífilis Congênita no Estado de Maranhão com média de 204,6 casos novos/ano. Figura 4 - Mapa demonstrando a distribuição das pacientes com sífilis congênita no Maranhão, distribuídas por cidades. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). As maiores prevalências concentraram-se nos municípios de São Luís, Imperatriz, Timon, Balsas e São José de Ribamar com 747; 461; 111; 65; 48 casos respectivamente (Figura 1 e Gráfico 1). Gráfico 4 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme faixa etária x municípios do Maranhão que obtiveram maior número de casos. Período: 2003 – 2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Tabela 5 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme sexo x municípios do Maranhão que obtiveram maior número de casos. Período: 2003-2013. Sexo Município Ignorado % (n=16) 43,8 6,3 31,3 0,0 Masculino São Luís 7 380 Imperatriz 1 244 Timon 5 54 Balsas 0 32 São José de 1 6,3 27 Ribamar Caxias 0 0,0 18 Açailândia 0 0,0 16 Paço do 0 0,0 14 Lumiar Governador 0 0,0 12 Edson Lobão Coelho Neto 0 0,0 8 Raposa 1 6,3 6 Senador La 0 0,0 11 Rocque Buritirana 0 0,0 13 Davinópolis 0 0,0 11 Itapecuru 0 0,0 6 Mirim Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Total % 360 216 52 33 % (n=984) 36,6 22,0 5,3 3,4 747 461 111 65 36,5 22,5 5,4 3,2 2,6 20 2,0 48 2,3 1,7 1,5 12 13 1,2 1,3 30 29 1,5 1,4 1,3 15 1,5 29 1,4 1,1 16 1,6 28 1,4 0,8 0,6 14 15 1,4 1,5 22 22 1,1 1,1 1,1 11 1,1 22 1,1 1,2 1,1 7 9 0,7 0,9 20 20 1,0 1,0 0,6 12 1,2 18 0,9 % (n=1045) 36,4 23,3 5,2 3,1 Feminino p 0,4778 Na tabela referente à associação sexo x município, não foi encontrada associação significativa (p > 0,05) entre os resultados obtidos. Tabela 6 - Distribuição de casos de sífilis congênita Maranhão X realização de Prénatal. Período: 2003-2013. Associação de diagnóstico de sífilis congênita e a realização de exames pré-natal Sífilis congênita Pré-natal Não realizado Ignorado 35 30,2 5 0,4 1 Sim 69 59,5 1108 84,5 468 Não 12 10,3 199 15,2 149 Total 116 100,0 1312 100,0 618 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Ignorado % Sim % % Total % 0,2 75,7 24,1 100,0 41 1645 360 2046 p 2,0 < 80,4 0,0001 17,6 100,0 A tabela referente à associação entre diagnóstico de sífilis congênita x realização de exames no pré-natal, mostrou que dos pacientes notificados com diagnóstico de sífilis congênita apenas 1.108 de um total de 1.645 haviam realizado pré-natal. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos (Tabela 6, Gráfico 5). Gráfico 5 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme diagnóstico de sífilis congênita x realização de pré-natal. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Tabela 7 - Distribuição de casos conforme escolaridade em associação à cor/raça da mãe. Período: 2003-2013 Escolaridade Cor/raça (anos concluídos) Ignorado % Branca % Preta % Amarela % Parda % Indígena % Ign/Ñ preenchido 7 6,6 10 2,3 2 2,5 0 0,0 52 3,7 0 Nenhum 3 2,8 13 3,1 2 2,5 1 11,1 52 3,7 De 1 a 3 46 43,4 60 14,1 21 26,3 3 33,3 170 De 4 a 7 26 24,5 200 46,9 35 43,8 3 33,3 De 8 a 11 23 21,7 135 31,7 18 22,5 2 De 12 e + 1 0,9 8 1,9 2 2,5 0 Total 106 100,0 426 100,0 80 100,0 9 Total % 0,0 71 3,5 1 33,3 72 3,5 12,0 0 0,0 300 14,7 614 43,2 2 66,7 880 43,0 22,2 510 35,9 0 0,0 688 33,6 0,0 24 1,7 0 0,0 35 1,7 100,0 1422 100,0 3 100,0 2046 p < 0,0001 100,0 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). A tabela referente à associação entre escolaridade e a cor/raça da mãe, mostrou que 1422 das mães eram da cor parda e sua maioria (614) apresentou entre 4 a 7 anos conclusos de escolaridade. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos (Tabela 7, Gráfico 6 ). Gráfico 6 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme escolaridade x cor/raça. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Tabela 8 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme associação da faixa etária da criança x cor/raça da mãe. Período: 2003-2013. Faixa etária Cor/raça Ignorado % 103 94,5 4 3,7 Preta % 76 93,8 1 1,2 Amarela % 7 87,5 0 0,0 Parda % 1327 93,5 50 3,5 Total Indígena % 3 100,0 1919 0 0,0 67 % 2,1 3 3,7 1 12,5 30 2,1 0 0,0 45 2,2 0,0 0,2 0,2 100,0 0 1 0 81 0,0 1,2 0,0 100,0 0 0 0 8 0,0 0,0 0,0 100,0 3 4 5 1419 0,2 0,3 0,4 100,0 0 0 0 3 0,0 0,0 0,0 100,0 3 6 6 2046 0,1 0,3 0,3 100,0 Branca % 403 94,6 72 16,9 Até 6 dias 7 -27 dias 28 dias a < 1 2 1,8 9 ano 12 a 23 meses 0 0,0 0 2 a 4 anos 0 0,0 1 5 a 12 anos 0 0,0 1 Total 109 100,0 426 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). p 93,8 3,3 < 0,0001 A tabela referente à associação entre faixa etária da criança x cor/raça da mãe, mostrou que 1419 das mães eram da cor parda e 93,5%(1327) tiveram o diagnóstico em seus filhos com até 6 dias de idade. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos (Tabela 8, Gráfico 7). Gráfico 7 - Distribuição de casos de Sífilis Congênita conforme associação da faixa etária da criança x cor/raça da mãe. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Tabela 9 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme diagnóstico final x realização de pré-natal. Período: 2003-2013. Diagnóstico Final Fez pré-natal? Ignorado % 2 2,7 Ign/Branco Sífilis Congênita 38 52,1 Recente Sífilis Congênita 0 0,0 Tardia Natimorto/Aborto por 33 45,2 Sífilis Total 73 100,0 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Sim 14 % 0,9 1577 97,4 Não % 2 0,5 343 87,5 Total % 18 0,9 1958 97,5 10 0,6 5 1,3 15 0,7 18 1,1 42 10,7 17 0,8 1619 100,0 392 100,0 2008 p < 0,0001 100,0 A tabela referente à associação entre diagnóstico final e realização de pré-natal mostrou que de 2008 notificações, 1619 realizaram pré-natal e sua maioria 97,4%(1577) obtiveram como diagnóstico final, sífilis congênita recente. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos (Tabela 9, Gráfico 8). Gráfico 8 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme diagnóstico final x realização de pré-natal. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Tabela 10 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme escolaridade da mãe x parceiro tratado. Período: 2003-2013. Escolaridade Parceiro tratado? Mãe Ignorado % Sim Ignorada 23 6,9 3 Analfabeta 11 3,3 8 1 a 3 anos 71 21,3 27 4 a 7 anos 129 38,6 76 8 a 11 anos 92 27,5 65 12 e mais 8 2,4 5 anos Total 334 100,0 184 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). % 1,6 4,3 14,7 41,3 35,3 Não 51 53 208 664 530 % 3,3 3,5 13,6 43,5 34,7 2,7 22 1,4 100,0 1528 100,0 Total % 77 71 306 869 687 3,8 3,5 15,0 42,5 33,6 35 1,7 2045 100,0 p 0,0005 A tabela referente à associação entre escolaridade da mãe e parceiro tratado mostrou que a prevalência da escolaridade foi no período de 4 a 7 anos de estudo, 42,49% (n=869). Nessa estimativa apenas, 41,3%(n=76) tiveram os seu parceiros tratados. Aproveitando-se a tabela e levando-se em consideração o total de parceiros tratados, em relação às notificações de todas as faixas etárias analisadas, apenas 9% (n= 184) tinham o parceiro tratado. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos (Tabela 9, Gráfico 8). Gráfico 9 - Distribuição de casos de sífilis congênita conforme escolaridade da mãe x parceiro tratado. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). 5.3 Gonorreia A análise dos dados obtidos a partir do DATASUS no intervalo de 2008 a 2013 demonstrou que foram notificados 10 casos novos de Gonorreia no Estado de Maranhão por internações hospitalares, com média de 1 caso novo/ano. Figura 5 - Mapa demonstrando a distribuição de pacientes com gonorreia no Maranhão, distribuídas por cidades. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Tabela 11 - Distribuição de casos de gonorreia conforme municípios x sexo. Período: 2003 -2013. Município Sexo Masc % Fem 1 Açailândia Barra do Corda 1 25,0 Gonçalves Dias 1 Governador Nunes Freire 1 Jenipapo dos Vieiras 1 Santa Luzia 1 25,0 Timon 1 Vargem Grande 1 25,0 1 Zé Doca 1 25,0 TOTAL 4 100,0 6 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). % 16,7 16,7 16,7 Total % 1 1 1 10,0 10,0 10,0 10,0 1 1 1 1 2 1 10 16,7 16,7 16,7 100 p 10,0 10,0 10,0 20,0 10,0 100,0 0,2200 De apenas 10 notificações nesse período, o município que apresentou maior número foi Vargem Grande com 2 casos , seguidos os demais com 1 caso notificado em cada município. Sendo o sexo feminino o de maior notificação. Não foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos. Tabela 12 - Distribuição de casos de gonorreia x sexo. Período: 2003 -2013. Faixa Etária Sexo Masc 2 % Fem % <1 50,0 2 33,3 10 a 14 1 16,7 15 a 19 1 25,0 1 16,7 20 a 29 1 16,7 30 a 39 1 25,0 1 16,7 TOTAL 4 100 6 100 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Total % 4 1 2 1 2 10 40,0 10,0 20,0 10,0 20,0 100,0 p 0,6681 O resultado mostrou 4/10 pacientes estavam na faixa etária inferior a 1 ano, com maior número de notificações para o sexo masculino. Não foi encontrada associação significativa (p > 0,05) entre os resultados obtidos. Gráfico 10 - Distribuição de casos conforme faixa etária x sexo com as maiores frequências de casos de gonorreia. Período: 2003 -2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). O gráfico mostra que 50% dos casos pertencentes ao sexo masculino, apresentavam a faixa etária inferior a 1 anos de idade. Não foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos. Tabela 13 - Distribuição de casos de gonorreia em relação à cor/raça x sexo. Período: 2003 -2013. Cor/raça Sexo Masc % Branca Parda 2 Fem 1 50.0 2 Sem informação 2 50.0 3 TOTAL 4 100 6 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Total % p 1 4 10,0 40,0 0,5530 50,0 5 50,0 100,0 10 100,0 % 16,7 33,3 A tabela mostra que de 10 pacientes notificados, 50% estavam sem informação, apresentando igual proporção para ambos os sexos. Em seguida a cor/raça parda obteve os maiores resultados com 50% do sexo masculino. Não foi encontrada associação significativa (p > 0,05) entre os resultados obtidos (Gráfico 11). Gráfico 11 - Distribuição de casos conforme cor/raça x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite C. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Não foi encontrada associação significativa (p > 0,05) entre os resultados obtidos. 5.4 Hepatite B A hepatite B é considerada um problema de saúde pública, principalmente nos países em desenvolvimento (BRASIL, 2006). No Estado do Maranhão, de 2003 a 2013, ocorreram 2112 casos de hepatite B, com 212,2 casos novos/ano. Valor significativo, em se tratar da gravidade da doença. São Luís foi o município que obteve maior número de casos. A maioria das notificações encontradas no estado, eram do sexo feminino, faixa etária de 20 a 39 anos, fonte de infecção, as transfusões sanguíneas. Em pesquisa semelhante realizada, mas em enfoque nacional no período de 2009 a 2012, obteve o Estado de São Paulo, com maior número de notificações, com 11.851 casos de hepatite B, seguido pelo Estado do Paraná, com 6.186 notificações e Santa Catarina, com 5.115 notificações, o sexo mais acometido no Brasil, foi o masculino. No que se refere à faixa etária, foi a mesma encontrada em nosso estudo, confirmando que as notificações não são frequentes em idades precoces. Porém o uso de drogas injetáveis foi a fonte de infecção mais notificada nacionalmente, diferente da encontrada em nosso estudo. (ZATTI, 2013). Outros estudos realizados em Portugal também evidenciaram maiores taxas de infecção por vírus da hepatite B no gênero masculino, apresentando faixa etária semelhante (CHAVES, 2003). Fatores como região geográfica e a genética do paciente podem reduzir ou não a prevalência dessa doença em uma dada região (SCHWEITZE, 2015). Grande preocupação referente à hepatite B se dá à coinfecção com o HIV, afinal compartilham dos mesmos meios de transmissão. (SOUTO, 2001) Os adultos infectados, podem ter cura da doença em 90 a 95 % dos casos, mas a forma crônica, decorre da presença do vírus por período superior à seis meses e evoluem em tempo indeterminado, para cirrose e posteriormente carcinoma hepático (NASCIMENTO, 2012). Figura 6 - Mapa demonstrando a distribuição das pacientes com hepatite B no Maranhão, distribuídas por cidades. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Gráfico 12 - Distribuição de casos conforme os 15 municípios coma as maiores frequências de caos de hepatite B. Período: 2003 – 2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Os municípios que apresentaram maiores notificações de casos foram: São Luís, Imperatriz, Caxias São José de Ribamar, com 740; 174; 123; 89 respectivamente. Tabela 14 - Distribuição de casos conforme municípios e sexo dos pacientes com hepatite B. Período: 2003 – 2013. Munic. Residência Masculino % n=1048 36,7 9,7 6,9 São Luís 385 Imperatriz 102 Caxias 72 São José de 36 3,4 Ribamar Itapecuru Mirim 13 1,2 Paço do Lumiar 26 2,5 Icatu 9 0,9 Barreirinhas 28 2,7 Balsas 18 1,7 Cururupu 15 1,4 Açailândia 13 1,2 Pinheiro 15 1,4 Santa Inês 10 1,0 Bacabeira 8 0,8 Bacabal 9 0,9 Viana 12 1,1 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). 355 72 51 % n=943 37,6 7,6 5,4 53 5,6 89 4,4 0,68 47 25 34 14 20 16 17 14 13 12 10 7 5,0 2,7 3,6 1,5 2,1 1,7 1,8 1,5 1,4 1,3 1,1 0,7 60 51 43 42 38 31 30 29 23 20 19 19 3,0 2,5 2,1 2,1 1,9 1,5 1,5 1,4 1,1 1,0 0,9 0,9 0,28 1,04 0,26 2,00 0,90 0,94 0,76 1,07 0,77 0,67 0,90 1,71 Feminino Total n=2021 M/F 740 174 123 36,6 8,6 6,1 1,08 1,42 1,41 De um total de 1473 notificações, São Luís foi o município de maior incidência com 740 casos, com 37,6% do sexo feminino. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos (Gráfico 13). Gráfico 13 - Distribuição de casos conforme municípios x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite B. Período: 2003 – 2013. p< 0,05 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). O sexo feminino no município de São Luís, obteve o maior número de notificações da doença. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos. Tabela 15 - Distribuição de casos conforme faixa etária e sexo dos pacientes com hepatite B. Período: 2003-2013. Sexo Faixa Etária Masculino % Densidade <1 8 0,73 0,73 1-4 13 1,18 0,29 5-9 33 2,99 0,75 10-14 19 1,72 0,00 15-19 63 5,71 1,43 20-39 452 40,98 2,16 40-59 394 35,72 1,88 60-64 45 4,08 1,02 65-69 30 2,72 0,68 70-79 35 3,17 0,35 80 e + 11 1,00 1,00 Total 1103 100,0 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Feminino 8 15 24 28 96 527 237 33 16 19 6 1009 % 0,79 1,49 2,38 2,78 9,51 52,23 23,49 3,27 1,59 1,88 0,59 100,0 Densidade 0,79 0,37 0,59 1,61 2,38 2,75 1,24 0,82 0,40 0,21 0,59 Total % 16 28 57 47 159 979 631 78 46 54 17 2112 0,76 1,33 2,70 2,23 7,53 46,35 29,88 3,69 2,18 2,56 0,80 100,0 p < 0,0001 De um total de 2112 notificações, 979 pertencia à faixa etária de 20 a 39 anos, com 527 do sexo feminino e 452 do sexo masculino. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos (Gráfico 14). Gráfico 14 - Distribuição de casos conforme sexo x faixa etária dos pacientes notificados. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). O gráfico mostra que a faixa etária de maior número de notificações esteve no intervalo de 20- 39 anos, apresentando o sexo feminino com maior densidade. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos. Tabela 16 - Distribuição de casos conforme faixa etária x cor/raça dos pacientes com hepatite B. Período: 2003-2013. Faixa Etária Cor/raça Ignora do % Densidade Branca % Densidade Preta % Densidade Amarela % Densidade Parda % Densidade Indígena % Densid ade <1 2 0,44 0,44 4 1,38 1,38 1 0,47 0,47 0 0,00 0,00 9 0,79 0,79 0 0,00 0,00 1-4 5 1,10 0,28 6 2,08 0,52 2 0,94 0,23 0 0,00 0,00 15 1,32 0,33 0 0,00 0,00 5-9 4 0,88 0,22 12 4,15 1,04 3 1,41 0,35 1 5,88 1,47 37 3,26 0,81 0 0,00 0,00 10-14 7 1,54 0,39 4 1,38 0,35 3 1,41 0,35 0 0,00 0,00 33 2,91 0,73 0 0,00 0,00 15-19 22 4,85 1,21 21 7,27 1,82 10 4,69 1,17 1 5,88 1,47 105 9,25 2,31 0 0,00 0,00 20-39 205 45,15 2,38 123 42,56 2,24 106 49,77 2,62 9 52,94 2,79 533 46,96 2,47 3 75,00 3,95 40-59 171 37,67 1,98 91 31,49 1,66 69 32,39 1,70 6 35,29 1,86 293 25,81 1,36 1 25,00 1,32 60-64 12 2,64 0,66 9 3,11 0,78 3 1,41 0,35 0 0,00 0,00 54 4,76 1,19 0 0,00 0,00 65-69 14 3,08 0,77 5 1,73 0,43 5 2,35 0,59 0 0,00 0,00 22 1,94 0,48 0 0,00 0,00 70-79 8 1,76 0,20 10 3,46 0,38 8 3,76 0,42 0 0,00 0,00 28 2,47 0,27 0 0,00 0,00 80 e + 4 0,88 0,88 4 1,38 1,38 3 1,41 1,41 0 0,00 0,00 6 0,53 0,53 0 0,00 0,00 Total 454 100,0 289 100,0 213 100,0 17 100,0 1135 100,0 4 100,0 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). p 0,6 405 Os resultados obtidos mostram que 46,96% ( eram da cor/raça parda, na faixa etária de 20 a 39 anos de idade. Porém, não foi encontrada associação significativa (p>0,05) entre os resultados. Gráfico 15 - Distribuição de casos conforme faixa etária x cor/raça dos pacientes com hepatite B. Período: 2003 – 2013. p< 0,05 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). O gráfico mostra que a faixa etária no intervalo de 20-39 anos de idade apresentou maior incidência acompanhada da cor/raça indígena. Tabela 17 - Distribuição de casos conforme municípios x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite B. Período: 2003 – 2013. Munic. % Masculino Residência n=1048 São Luís 385 36,7 Imperatriz 102 9,7 Caxias 72 6,9 São José de 36 3,4 Ribamar Itapecuru Mirim 13 1,2 Paço do Lumiar 26 2,5 Icatu 9 0,9 Barreirinhas 28 2,7 Balsas 18 1,7 Cururupu 15 1,4 Açailândia 13 1,2 Pinheiro 15 1,4 Santa Inês 10 1,0 Bacabeira 8 0,8 Bacabal 9 0,9 Viana 12 1,1 p 0,0001 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Feminino % n=943 Total n=2021 M/F 355 72 51 37,6 7,6 5,4 740 174 123 36,6 8,6 6,1 1,08 1,42 1,41 53 5,6 89 4,4 0,68 47 25 34 14 20 16 17 14 13 12 10 7 5,0 2,7 3,6 1,5 2,1 1,7 1,8 1,5 1,4 1,3 1,1 0,7 60 51 43 42 38 31 30 29 23 20 19 19 3,0 2,5 2,1 2,1 1,9 1,5 1,5 1,4 1,1 1,0 0,9 0,9 0,28 1,04 0,26 2,00 0,90 0,94 0,76 1,07 0,77 0,67 0,90 1,71 O resultado obtido mostrou, que em São Luís, município de maior incidência, prevaleceu o sexo feminino com 37,6%. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos. Tabela 18 - Distribuição de casos conforme fonte de infecção x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite B. Período: 2003 – 2013. Fonte Infecção Sexo Feminino % Ign/Branco 245 22,3 161 16,0 406 19,2 Sexual 96 8,7 6,5 7,7 Transfusional 681 61,9 712 70,6 1393 66,0 Vertical(Mãe/Recémnascido) 2 0,2 3 0,3 5 0,2 Acidente de Trabalho 2 0,2 5 0,5 7 0,3 Outro 37 3,4 32 3,2 69 3,3 Domiciliar 37 3,4 26 2,6 63 3,0 Tratamento Cirúrgico/dentário 1 0,1 4 0,4 5 0,2 Total 1101 100 1009 66 % Total % Masculino 162 p 0,0007 100 2110 100 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Dentre 2.110 notificações de casos de hepatite B, 1393 contraíram a doença por via transfusional, tendo o sexo mais acometido o sexo feminino ,70,6% (n=712), em relação a 61,9%(n=681) do sexo masculino. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos (Tabela 18, Gráfico 16). Gráfico 16 - Distribuição de casos conforme fonte de infecção x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite B. Período: 2003-2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Os resultados mostram que a fonte de infecção de maior prevalência foi através da via transfusional, tendo o sexo feminino (70,6%) com maior incidência. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos. 5.5 Hepatite C A análise dos dados obtidos a partir do DATASUS no intervalo de 2003 a 2013 demonstrou que foram notificados 4088 casos novos de Hepatite C no Estado de Maranhão com média de 408,80 casos novos/ano. Figura 7 - Mapa demonstrando a distribuição das pacientes com hepatite C no Maranhão, distribuídas por municípios. Período: 2003 – 2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Gráfico 17 - Distribuição de notificações de casos hepatites relacionados aos municípios com as maiores frequências de hepatite C. Período: 2003- 2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Os resultados obtidos mostraram o município de São Luís, apresentando maior incidência com 2017 casos notificados, seguidos de Imperatriz, Caxias, São José de Ribamar com 430; 249; 208 respectivamente (Gráfico 17). Tabela 19 - Distribuição de casos conforme municípios x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite C. Período: 2003 – 2013. Município Masculino % (n=3257) Feminino São Luís Imperatriz Caxias São José de Ribamar 1099 241 141 33,7 7,4 4,3 918 189 108 % (n= 2847) 32,2 6,6 3,8 2017 430 249 % (n= 6104) 33,0 7,0 4,1 92 2,8 116 4,1 208 3,4 0,79 Paço do Lumiar 93 2,9 76 2,7 169 2,8 1,22 Balsas Itapecuru Mirim Olinda Nova do Maranhão Bacabeira Barreirinhas Brejo Açailândia Tutóia Pedreiras Codó Valor de p 80 56 2,5 1,7 68 75 2,4 2,6 148 131 2,4 2,1 1,18 0,75 46 1,4 63 2,2 109 1,8 0,73 52 57 44 50 50 50 43 0,0024 1,6 1,8 1,4 1,5 1,5 1,5 1,3 54 45 49 42 42 22 27 1,9 1,6 1,7 1,5 1,5 0,8 0,9 106 102 93 92 92 72 70 1,7 1,7 1,5 1,5 1,5 1,2 1,1 0,96 1,27 0,90 1,19 1,19 2,27 1,59 Total M/F 1,20 1,28 1,31 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). O resultado mostra que de um total de 6.104 notificações, 33% (2017) dos casos pertenciam ao município de São Luís, apresentando o sexo masculino com 33,7% (1099) dos casos. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos (Tabela 19, Gráfico 18). Gráfico 18 - Distribuição de notificações de casos hepatites C relacionando-se os municípios x sexo. Período: 2003-2013. p < 0,05 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Os resultados obtidos mostraram os municípios de São Luís, Imperatriz e Caxias que apresentaram maior número de casos notificados, tendo o sexo masculino de maior incidência. O município de São José de Ribamar que apresentou a quarta maior prevalência, obteve de maior incidência, o sexo feminino. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos (Gráfico 18). Tabela 20 - Distribuição de casos conforme fonte de infecção x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite C. Período: 2003 -2013. Fonte Infecção Sexo Masculino 181 21 709 % 19,1 2,2 74,8 Ignorada Sexual Transfusional Vertical(Mãe/Recém0 0,0 nascido) Acidente de Trabalho 1 0,1 Uso de Drogas Injetáveis 6 0,6 Outro 19 2,0 Domiciliar 6 0,6 Tratamento 5 0,5 Cirúrgico/dentário Total 948 100,0 Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Total % Feminino 112 11 519 % 16,9 1,7 78,2 1 0,2 1 0,1 1 2 12 3 0,2 0,3 1,8 0,5 2 8 31 9 0,1 0,5 1,9 0,6 3 0,5 8 0,5 664 100,0 1598 100,0 P 293 18,3 18 1,1 1228 76,8 0,7113 O resultado mostrou que de 1.598 notificações para essas variáveis, 76,8% dos casos (1228) ocorreram por via transfusional, com 78,2% (519) casos do sexo feminino. Gráfico 19 - Distribuição de casos conforme fonte de infecção x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite C. Período: 2003 -2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). Em relação às fontes de infecção x sexo, obteve-se com resultado a via transfusional, a principal responsável pela transmissão da doença, com 78,2% dos casos do sexo feminino. Não foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos (Gráfico 19). Tabela 21 - Distribuição de casos de hepatite C conforme evolução do paciente x sexo. Período: 2003 - 2013. Evolução caso Ignorada Cura Óbito Portador Crônico Hepatite Crônica Total Sexo Masculino 22 29 12 57 143 263 % 8,4 11,0 4,6 21,7 54,4 100,0 Feminino 12 21 3 33 93 162 % 7,4 13,0 1,9 20,4 57,4 100,0 Total 34 50 15 90 236 425 % 8,0 11,8 3,5 21,2 55,5 100,0 p 0,5973 Os resultados obtidos mostraram que 236/425 evoluíram para a hepatite crônica, com 55,52%, sendo 57,4% (n=93 )do sexo feminino.(Tabela 16, Gráfico 16) Não foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos. Gráfico 20 - Distribuição de casos conforme evolução x sexo com as maiores frequências de casos de hepatite C. Período: 2003 -2013. Fonte: autor (modificado do IBGE, 2015). O gráfico mostra, a prevalência da forma de hepatite crônica, tendo a maioria dos casos no sexo feminino (57,4%) e masculino (54,4%). Não foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos. 6 DISCUSSÃO 6.1 Sífilis Gestacional e Congênita A análise dos dados obtidos a partir do DATASUS no intervalo de 2003 a 2013 demonstrou que foram notificados 1634 casos novos de Sífilis Gestacional no Estado de Maranhão com média de 148,54 casos novos/ano. Os municípios mais prevalentes em relação à sífilis gestacional, foram os mesmos em relação ao HIV, com casos de transmissão vertical, segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde/MS, Brasília/DF 2006 (Maranhão). Fato esse, de grande preocupação epidemiológica, devido à exposição a essa doença. Em nenhum dos resultados analisados, encontrou-se associação significativa, apresentando p>0,05. Dessa forma, pode ser levantar a hipótese da SG ser uma doença de distribuição difusa e hereogênea. A SG, apresentou alguns dados que obtiveram semelhanças com outras pesquisas realizadas, como por exemplo, a faixa etária entre 20 a 39 anos, um período considerado sexualmente ativo. No Rio de Janeiro, as gestantes que apresentaram diagnóstico de sífilis, estavam no intervalo de 20 a 29 anos de idade (HILDEBRAND, 2010). Pouco foi percebido, referente ao aumento de notificações de gestantes adolescentes, visto que a gravidez na adolescência é algo real em nossa sociedade. Com esse fato, pode-se levantar a hipótese, de que as adolescentes gestantes, não estejam fazendo o acompanhamento pré-natal e com isso, suas faixas etárias sejam quase imperceptíveis no levantamento de dados. A cor parda prevaleceu associada a um intervalo de 1 a 3 anos de estudos conclusos, com 40,3% das notificações. Da mesma forma, obteve-se resultado semelhante, com 50% da população de cor parda (RODRIGUES, 2004). O diagnóstico de sífilis, referente à reatividade ao teste não treponêmico, obteve como resultados, 71,4% de gestantes reativas, estando no intervalo etário de 20 a 39 anos de idade. Na realização do teste treponêmico, 72% das gestantes foram reativas e pertenciam também a mesma faixa etária.. Vale lembrar que nos dados obtidos, 1,9% foram reativas na faixa de 10- 12 anos e 23%, entre 15 e 19 anos, demonstrando atividade sexual e exposição às doenças nesses períodos etários (MESQUITA, 2012). A maioria das mulheres infectadas, foram identificadas durante a gestação ou no momento do parto, porém entre 38% a 48% das gestantes, chegam às maternidades sem resultados de sorologias importantes, necessitando de testes rápidos no momento do parto, com intuito de impedir a transmissão vertical (ROMANELLI et al, 2006). O primeiro trimestre gestacional é considerado o período ideal para a intervenção da sífilis congênita. Contudo o tratamento materno tardio, contribui para o aumentos de partos prematuros e natimortos nas Américas. As intervenções direcionadas à SG são altamente eficazes em termos de custos e necessitam ser implementadas para ajudar a alcançar a meta de eliminação da sífilis congênita (ARNESEN, 2015). Mesmo com o diagnóstico da sífilis gestacional, diversas intercorrências podem ocorrer, impedindo o êxito no tratamento, com erros na condução terapêutica, incluindo: início tardio do pré-natal, mudança de unidade de saúde durante a assistência, dificuldades no diagnóstico da sífilis durante a gestação, inadequação no tratamento da gestante, ausência de tratamento do parceiro, falta de orientações sobre a doença, sobre o uso de preservativos e de ações de aconselhamento à própria gestante durante a realização dos exames (CAMPOS, 2010). A análise dos dados obtidos a partir do DATASUS no intervalo de 2003 a 2013 demonstrou que foram notificados 2.046 casos novos de Sífilis Congênita no Estado de Maranhão com média de 186 casos novos/ano. Os municípios de São Luís, Imperatriz, Timon, Balsas e São José de Ribamar apresentaram os maiores índices de sífilis congênita. O alto índice de pobreza, de acordo com informações referentes à prevalência da doença em locais com baixo nível sócio econômico são corroborados por um estudo realizado na Austrália, com refugiadas africanas, as quais 5 % dessas mulheres eram reagentes para sífilis (MARTIN, 2006). A cor parda associada a um intervalo de 4 a 7 anos de estudos, obtiveram seus maiores níveis para a sífilis congênita no estado do Maranhão. De acordo com a maioria das pesquisas que possuíram resultados semelhantes, percebeu-se a redução na incidência, conforme o aumento dos anos de estudo (de la CALLE, 2013). O sexo masculino foi o mais incidente na maioria dos municípios, de acordo com outras pesquisas realizadas. O diagnóstico de sífilis congênita vinculado à realização de exames no pré-natal, mostrou que dos pacientes notificados com sífilis congênita apenas 1.108 de um total de 1.645 haviam realizado pré-natal. A maioria das notificações (93,5%), obtiveram o diagnóstico em seus filhos com até 6 dias de idade. Referente à associação entre diagnóstico final e realização de pré-natal mostrou que de 2008 notificações, 1619 realizaram pré-natal e sua maioria 97,4%(1577) obtiveram como diagnóstico final, sífilis congênita recente A escolaridade da mãe x parceiro tratado mostrou que de 2045 notificações, 1528 mulheres não tinham o parceiro tratado e apresentaram em sua maioria (664; 43,5%), escolaridade entre 4 a 7 anos conclusos em relação a apenas 184 com parceiros tratados e sua maioria nessa mesma faixa etária. Foi encontrada associação significativa (p < 0,05) entre os resultados obtidos. Em um estudo realizado em Fortaleza, (65,5%) não houve tratamento do parceiro (CAMPOS, 2010). Os problemas identificados na abordagem dos parceiros contribuem para a inadequação no manejo dos casos de sífilis na gestação, já que a definição de casos adotada atualmente pelo Ministério da Saúde ,considera que todo recém-nato de gestante com diagnóstico de sífilis cujo parceiro não tenha sido tratado, é considerado caso de sífilis congênita, independentemente de sinais clínicos ou exames laboratoriais (ROMANELLE, 2006). Embora seja uma atividade que envolve muitos recursos e que raramente é realizada pelos serviços, é importante para evitar a reinfecção durante a gravidez, principalmente em locais de alta prevalência da sífilis, sendo também uma oportunidade de tratamento e prevenção de novos casos de DST, uma vez que os casos não tratados permanecem como reservatórios de DST na população geral. O diagnóstico de sífilis congênita ocorreu em sua maioria durante o prénatal e principalmente durante o parto. Estima-se subnotificação dessa doença, em virtude de muitas mulheres não realizarem os exames para diagnóstico ou por não fazerem pré-natal. Dados obtidos nesse, mostram que de 1645 mulheres apenas 1108 realizaram pré-natal (CAMPOS, 2010). Além disso, referente à alta incidência de sífilis congênita mesmo em mulheres que realizaram o pré-natal, percebe-se falhas no manejo com essas gestantes não sendo efetivo em captar precocemente a gestante com sífilis e nem fornecer o tratamento preconizado, possivelmente pelo número de consultas reduzidas ou falta de profissional qualificado nesse acompanhamento (NEWMAN, 2013). Os parceiros por sua vez não participaram do tratamento da sífilis, denotando pouca colaboração ao tratamento ou desinformação a respeito da necessidade de também ser tratado, demonstrando que é necessária a participação do cônjuge na assistência pré-natal e que ela deve ser incentivada pelas equipes de saúde (HILDEBRAND, 2010). 6.2 Gonorreia A análise dos dados obtidos a partir do DATASUS no intervalo de 2008 a 2013 demonstrou que foram notificados 10 casos novos de Gonorreia no Estado de Maranhão por internações hospitalares, com média de 1 caso novo/ano. Esses dados demonstram subnotificação extrema, visto que a gonorreia é uma doença de fácil tratamento e como não constitui doença de notificação compulsória, apresenta baixíssimos índices de notificações, exceto em caso de coinfecções ou agravos na própria doença, como por exemplo a Bartholinite nas mulheres: infecção na glândula de Bartholin. Em relação às complicações provocadas pela Neisseria e o tratamento inadequado, foi realizado um estudo que relacionou associação da gonorreia e câncer de próstata e obteve risco aumento em homens infectados pela gonorreia, e obteve como resultado, risco aumentado de câncer da próstata, especialmente entre os homens americanos africanos (LIAN, 2015). O número de infecções gonocócicas aumentou ao longo da década de 2000 a 2010, especialmente devido ao aumento da triagem entre os jovens. A diminuição da sensibilidade das cepas de gonococos a antibióticos de primeira linha (cefalosporinas de amplo espectro) precisa manter muita atenção (JALIL, 2008). Mesmo com resultados irrisórios obtidos pelo Ministério da Saúde, referentes ao Maranhão, sabe-se que a gonorreia está bem presente sociedade mundial. Um artigo alemão, analisou a história da sífilis e gonorreia, demonstrando que a sua erradicação parece ainda está bem longe, mostrando o aumento em sua incidência e interrogando se essas duas doenças podem ser consideradas infecções sexualmente transmissíveis do passado (ESSER,2012). Recentes pesquisas, realizadas em homens portadores de câncer de próstata, percebeu-se a relação dessa doença com a presença do gonococo, nesses pacientes. Houve associação significativa neste teste (WEN- QUING, 2015). 6.2.1 Hepatite B A hepatite B é considerada um problema de saúde pública, principalmente nos países em desenvolvimento (BRASIL, 2006). No Estado do Maranhão, de 2003 a 2013, ocorreram 2112 casos de hepatite B, com 212,2 casos novos/ano. Valor significativo, em se tratar da gravidade da doença. São Luís foi o município que obteve maior número de casos. A maioria das notificações encontradas no estado, eram do sexo feminino, faixa etária de 20 a 39 anos, fonte de infecção, as transfusões sanguíneas. Em pesquisa semelhante realizada, mas em enfoque nacional no período de 2009 a 2012, obteve o Estado de São Paulo, com maior número de notificações, com 11.851 casos de hepatite B, seguido pelo Estado do Paraná, com 6.186 notificações e Santa Catarina, com 5.115 notificações, o sexo mais acometido no Brasil, foi o masculino. No que se refere à faixa etária, foi a mesma encontrada em nosso estudo, confirmando que as notificações não são frequentes em idades precoces. Porém o uso de drogas injetáveis foi a fonte de infecção mais notificada nacionalmente, diferente da encontrada em nosso estudo. (ZATTI, 2013). Outros estudos realizados em Portugal também evidenciaram maiores taxas de infecção por vírus da hepatite B no gênero masculino, apresentando faixa etária semelhante (CHAVES, 2003) Fatores como região geográfica e a genética do paciente podem reduzir ou não a prevalência dessa doença em uma dada região (SCHWEITZE, 2015). Grande preocupação referente à hepatite B se dá à coinfecção com o HIV, afinal compartilham dos mesmos meios de transmissão. (SOUTO, 2001) Os adultos infectados, podem ter cura da doença em 90 a 95 % dos casos, mas a forma crônica, decorre da presença do vírus por período superior à seis meses e evoluem em tempo indeterminado, para cirrose e posteriormente carcinoma hepático (NASCIMENTO, 2012). 6.2.2 Hepatite C A análise dos dados obtidos a partir do DATASUS no intervalo de 2003 a 2013 demonstrou que foram notificados 4088 casos novos de Hepatite C no Estado do Maranhão, com média de 408,80 casos novos/ano. Os resultados mostraram o município de São Luís, apresentando maior incidência com 2017 casos notificados, seguidos de Imperatriz, Caxias e São José de Ribamar. No que se refere à análise do sexo em relação aos municípios, o sexo masculino foi o que apresentou maiores níveis. Igual resultado foi obtido em um município da região Sul do Brasil (MELLO, et al., 2011). Na associação entre as variáveis fonte de infecção e sexo, o resultado mostrou que de 1.598 notificações para essas variáveis, 76,8% dos casos (1228) ocorreram por via transfusional, com 78,2% (519) casos do sexo feminino. Referente à fonte de transmissão, resultado semelhante foi obtido no Acre em 33% dos casos , seguidos da utilização do medicamento Gluconergan através do compartilhamento de seringas em 28%. Porém, o sexo mais acometido foi o masculino neste estado, divergindo da nossa pesquisa quando relacionada a essa varíavel fonte de infecção (AMARAL, 2013). Segundo Suryaprasad (2014), divergindo do nosso resultado, a fonte de infecção mais incidente, foi através do compartilhamento de seringas e agulhas devido ao uso de narcóticos e correlatos. Nas variáveis que envolviam evolução e sexo, os resultados obtidos mostraram que a hepatite pelo VHC, na forma crônica estava presente no sexo feminino em 57,4% e 55,52% no masculino. Apesar de não haver associação significativa nessa análise, percebe-se que os dados epidemiológicos realmente corroboram com os nossos resultados, confirmando que a hepatite C na forma crônica, afeta grande número de pessoas em todo o mundo. Desta forma, compromete a qualidade de vida do paciente, com progressão para cirrose, carcinoma hepatocelular, insuficiência hepática e a morte (LAM et al., 2015). O desenvolvimento do carcinoma hepatocelular é considerado uma das piores consequências à saúde dos pacientes infectados com o vírus da hepatite C, além de elevar os custos públicos com o tratamento. Apesar dos importantes avanços nos últimos anos quanto ao seu diagnóstico, avaliação, prevenção e tratamento da doença, a hepatite C representa um importante problema de saúde pública. Após o desenvolvimento de triagem para a doação de sangue, houve diminuição significativa de casos por essa via de transmissão (AMARAL, 2013). Devido a alta prevalência do VHC em todo o mundo, necessita-se de urgência no diagnóstico e tratamento imediato, impedindo a progressão da doença hepática. Os medicamentos disponíveis conseguem atingir os objetivos propostos na metade dos pacientes tratados, porém os efeitos colaterais devem ser considerados (LAM et al., 2015). 7 CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos neste trabalho chegam-se às seguintes conclusões: 7.1 Sífilis Gestacional e Congênita Foram notificados 1.634 casos novos de Sífilis Gestacional no Estado do Maranhão, com média de 163,4 casos novos/ano. O perfil epidemiológico da sífilis gestacional, apresentou distribuição difusa, sem grupos populacionais específicos incidentes. As maiores prevalências da sífilis gestacional concentraram-se nos municípios de São Luís, Codó, Balsas, Caxias e Buriticupu com 146; 100; 92; 85; 69 dos casos respectivamente. Dentre os resultados obtidos quanto à notificação da sífilis gestacional e suas variáveis analisadas no estado do Maranhão, não foram encontradas associações significativas (p < 0,05). A análise dos dados obtidos a partir do DATASUS no intervalo de 2003 a 2013 demonstrou que foram notificados 2.046 casos novos de Sífilis Congênita no Estado de Maranhão com média de 204,6 casos novos/ano. As maiores prevalências de sífilis congênita, concentraram-se nos municípios de São Luís, Imperatriz, Timon, Balsas e São José de Ribamar com 747; 461; 111; 65; 48 casos respectivamente. Dentre as pacientes notificadas com diagnóstico de sífilis congênita, apenas 1.108/1645 realizaram pré-natal, constituindo 67,35% dos casos. Das mães que obtiveram diagnóstico de sífilis congênita, prevaleceram as de cor/raça parda, no intervalo de 4 a 7 anos conclusos de escolaridade. Referente à associação entre escolaridade e a cor/raça da mãe, 93,5% (n=1327) tiveram o diagnóstico nos seus filhos com até 6 dias de idade, na cor/raça parda com 1419 casos. Das mães que realizaram o pré-natal (n=1619), de um total de 2008 notificações, 97,4%(1577) obtiveram como diagnóstico final, sífilis congênita recente. No intervalo de maior grau de escolaridade ( 4 a 7 anos), 43,5% , tinham os seus parceiros tratados Apenas 9% (n= 184) tinham o parceiro tratado, no total de notificações com todas as faixas etárias analisadas, as quais possuíam essa variável. 7.2 Gonorreia A análise dos dados obtidos a partir do DATASUS no intervalo de 2008 a 2013 demonstrou que foram notificados 10 casos novos de Gonorreia no Estado de Maranhão por internações hospitalares, com média de 1 caso novo/ano. O perfil epidemiológico da gonorreia mostra subnotificação extrema no estado do Maranhão. Apenas 10 casos notificados no Maranhão Transmissão vertical, diagnóstico em menos de 1 ano de idade Em todos os resultados obtidos, não houve associação significativa (p>0,05). 7.3 Hepatite B O perfil sócio demográfico da hepatite B no Estado do Maranhão apresentou uma média de 211,2 casos novos/ano, apresentando um total de 2112 casos notificados. Os municípios que apresentaram maiores notificações de casos foram: São Luís, Imperatriz, Caxias São José de Ribamar, com 740; 174; 123; 89 respectivamente. O sexo feminino apresentou maior incidência em relação ao masculino no município de São Luís, com maior número de notificações da doença, com 37,6%. A faixa etária de maior número de notificações esteve no intervalo de 2039 anos , apresentando o sexo feminino com maior densidade. O gráfico mostra que a faixa etária no intervalo de 20 -39 anos de idade apresentou maior incidência acompanhada da cor/raça parda. Da mesma forma, percebeu-se maior densidade nessa mesma faixa etária para a cor/raça indígena. A fonte de infecção de maior prevalência foi através da via transfusional, tendo o sexo feminino (70,6%) com maior incidência. 7.4 Hepatite C A hepatite C é uma doença infecciosa de frequência elevada e que pode proporcionar consequências graves aos portadores do VHC. O Maranhão no estudo realizado de 2003 a 2013 apresentou alta incidência de casos com 4.088 casos notificados, 408,8 casos/ano. São Luís, Imperatriz, Caxias, São José de Ribamar e Paço do Lumiar foram os 5 principais municípios que apresentaram maiores notificações de casos A forma de transmissão com maior número de casos foi a via transfusional, com 76,8%, São Luís, (33%) o município mais incidente e o sexo mais acometido, o masculino, com 78,2% dos casos. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Do ponto de vista clínico, a Sífilis é uma doença de fácil diagnóstico e tratamento, porém, é necessário acompanhamento de qualidade à mulher no ciclo gravídico-puerperal, tornando-se fator primordial em garantir o controle do agravo e a redução de sua incidência. Com isso, faz necessária a realização de campanhas preventivas e capacitações regulares dos profissionais da saúde ampliados à população em geral, intensificadas nos municípios de maior prevalência, afim de que desempenhem suas atividades de forma qualificada, melhorando a assistência pré-natal e diminuindo o número de casos de sífilis gestacional e consequentemente congênita. Vale ressalvar que mesmo a sífilis congênita sendo considerada doença de notificação compulsória desde o ano de 1986, informações sobre a sua incidência são limitadas devido à subnotificação de casos e à falta de padronização de critérios de definição de casos. O esclarecimento às gestantes sobre a gravidade da doença, o modo de transmissão, a prevenção, o tratamento e as consequências para o concepto, ressaltando a necessidade do tratamento concomitante do parceiro, torna-se estratégia fundamental na construção do autocuidado e do cuidado dispensado ao próprio filho, de modo que se tornem corresponsáveis no processo saúde-doença, evitando assim, a transmissão vertical, a elevada prevalência de gestantes/puérperas infectadas, o tratamento inadequado de seus parceiros, e rastreamento deficiente dos filhos, ainda que tenham acompanhamento pré-natal e puerperal. A Gonorreia é uma doença de alta prevalência, porém sem dados epidemiológicos palpáveis. Doença sexualmente transmissível de fácil tratamento por meios não ambulatoriais e informais. A subnotificação da gonorreia promove uma grande lacuna epidemiológica, não unicamente pela ausência de diagnóstico e notificação dessa doença, mas também por se tratar de um evento sentinela para busca de outra DST e possibilidade de associação ao HIV, fato esse de grande preocupação. As hepatites virais necessitam de intensa fiscalização clínico- epidemiológica, levando-se em consideração sua maior transmissibilidade por via transfusional. Outras formas de contágio, também devem ser levadas em consideração, reforçando cuidados na manipulação do sangue e rigor na esterilização de materiais cirúrgicos. Vale ressalvar que todos esses cuidados prevenirão não só as hepatites virais, mas qualquer doença de disseminação por via hematogênica, como a AIDS por exemplo. O profissionais da área da saúde, devem adotar todos os métodos preventivos, equipamentos de proteção individual adequados (EPI), além de evitar o reencape de agulhas utilizadas para procedimentos em pacientes, sendo necessário à utilização de recipientes de descarte de materiais pérfuro-cortantes próximos ao leito do paciente. Campanhas são continuamente realizadas para prevenção das hepatites virais, havendo um foco especial para a hepatite C, por sua manifestações clínicas insidiosas e graves a longo prazo, promovendo altos índices de subnotificação. REFERÊNCIAS ARAUJO EC, Siqueira HC, Silva LL, Cavalcante VLN, Moraes AN, Ventura AMRS. Soroepidemiologia da sífilis em mulheres submetidas a tratamento específico durante puerpério anterior. Rev Para Med 2005, 19(4):23-26. ARNESEN L, Serruya S, Duran P. Gestational syphilis and stillbirth in the Americas: a systematic review and meta-analysis. Rev Panam Salud Publica, 2015 Jun;37(6):422-9. ASSIS, S. B.; ORIONE, M. A. M.; SOUTO, F. J. 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