Dr. Moises Chencinski alerta para os cuidados com a Otite O

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Dr. Moises Chencinski alerta para os cuidados com a Otite
O pediatra tira as dúvidas mais comuns dos pais sobre a doença que registra aumento no número de
casos nessa época do ano.
- Por que a doença é mais comum no frio?
Dr. Moises - No frio, as nossas defesas sofrem uma interferência negativa. Não há tanta produção de
muco e movimentação de cílios que estão no nariz e nas árvores respiratórias e isso dificulta as
defesas mecânicas do nosso organismo.
- Como a mãe pode ter pistas de que o choro do bebê é por causa de otite? Ou seja, quais os
principais sintomas do quadro?
Dr. Moises - O principal sintoma de otite, independentemente da idade e do tipo dela é a dor. Tanto
na otite externa quanto na otite média agudas, a dor pode ser intensa, interferindo no humor, no
sono, na alimentação da criança. Em casos de inflamação na membrana timpânica, sugar pode
aumentar a dor. Assim o bebê pode ficar muito irritado por ter fome e dor ao mesmo tempo, ou seja,
ele tem fome, mas quando ele suga dói. Aí ele larga, mas está com fome...
A febre pode ser outro sintoma associado.
- O uso de capuz, para proteger do vento? Quais os cuidados, na hora de sair de um banho quente? E
a limpeza em casa, como deve ser feita? (vamos alertar para as precauções com o cotonete?)
Alimentar a criança deitada é prejudicial?
Dr. Moises - O vento pode ser um dos fatores que provocariam a dor de ouvido (otagia), não a
infecção (otite). O cuidado principal é sempre evitar o choque térmico tanto na criança como um
todo como também na orelha. Não se deve usar hastes flexíveis (o cotonete). A haste flexível é
indicada apenas no pavilhão auditivo, externo, e não dentro. O diâmetro da haste é semelhante ao da
tuba auditiva. Assim, quando “cutucamos” a orelha externa podemos “machucar” suas paredes e até
o tímpano. Mais grave ainda se usarmos outros objetos como grampos de cabelos, palito de dentes
(que são muitas vezes usados para tentar tirar o cerume de dentro da orelha).
Você já tomou um refrigerante, deitada? Já engasgou assim? Já sentiu todos os lugares que esse gás
sai?
Por dentro, boca, ouvido, nariz e garganta se comunicam. Assim, mamar deitado pode favorecer o
trajeto do líquido para orelhas (através da janela redonda), para os seios da face que se formam e
até para os pulmões. Assim, levante-se e não amamente deitada.
-Diante de uma crise, o que o médico costuma prescrever?
Dr. Moises - Isso vai depender do quadro que estamos enfrentando, de que especialidade médica
atende o paciente. Antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos, antitérmicos podem fazer parte
dessa orientação. Tem crescido e sido cada vez mais aceita a prescrição da homeopatia. Cuidados
gerais como boa alimentação (iniciando sempre pelo aleitamento materno exclusivo até o 6º mês),
hidratação, uma boa higiene ambiental fazem parte das orientações de tratamento. Cuidados locais
como uma boa higiene nasal, evitar colocar qualquer tipo de objeto dentro das orelhas e o calor local
podem ajudar.
- Como a mãe pode aplacar a dor? Compressas com água morna ajudam? (vamos desmistificar
crenças comuns, como aquela de que se deve colocar um algodão com azeite no ouvido da criança,
e alertar para os riscos)
Dr. Moises - Compressas quentes (mornas) secas nas orelhas ajudam a melhorar a dor. Só o médico
está autorizado a orientar tratamento com gotas nas orelhas. Se as gotas (ou óleo, ou qualquer outra
substância) forem colocadas antes, além de correr o risco de agravar a infecção, dificulta a
visualização adequada pelo médico que terá que fazer uma limpeza (que pode ser mais dolorosa)
antes de examinar.
- E as otites de repetição? Como evitá-las? É preciso fazer algum tratamento para melhorar o
sistema imunológico?
Dr. Moises - Quando as infecções aparecem, um médico deve ser consultado.
Inicialmente, quem acompanha esses quadros é o pediatra, Quando houver algumas situações
especiais,
A BRAGID (Brasilian Group for Immunodeficicncy) orienta em seus 10 sinais principais de
imunodeficiência primária (
http://www.imunopediatria.org.br/inst_jeffrey_modell.php?pagina=imprensa)
que devemos iniciar a pesquisa de imunidade com quatro ou mais novas otites no último ano. Se
houver necessidade, inicia-se um tratamento. A homeopatia pode entrar aqui também, estimulando o
eixo psico-neuro-endócrino-imunológico da criança.
- É verdade que a otite pode virar algo muito mais sério de não for tratada a tempo e corretamente?
Dr. Moises - Pela localização da orelha, complicações como sinusite, mastoidite e até meningite
podem ocorrer no caso de uma otite infecciosa não tratada adequadamente ou de má evolução.
Isso sem contar a cronificação do quadro gerando deficiências auditivas permanentes.
- O uso recorrente de antibióticos é prejudicial? Por que é fundamental seguir à risca a prescrição
médica em relação ao tempo de uso e à posologia?
Dr. Moises - Qualquer tratamento, quando tem que ser repetido com frequência, pode ser prejudicial,
mas, principalmente, indica a necessidade de outra abordagem associada, já que a que está sendo
usada, por alguma razão, não está sendo eficaz.
Quando o médico prescreve um antibiótico, o paciente deve seguir a orientação da forma que foi
feita, sem alterações.
Se houver dúvidas, elas devem ser esclarecidas com o médico.
A suspensão ou mudança da medicação sem conversar com o médico (auto medicação e auto
“desmedicação”) são fatores responsáveis pelo alto de índice de resistência bacteriana, sendo então
necessária a utilização de medicamentos cada vez mais potentes, com potenciais maiores efeitos
colaterais indesejados.
Essa medicação deve ser usada, quando prescrita de forma adequada, pelo tempo orientado (3, 5, 7,
10 dias), usando os intervalos orientados (6 em 6, 8 em 8, 12 em 12 horas)
- Há tratamentos complementares que podem ajudar no tratamento e/ou prevenção?
Dr. Moises - A homeopatia pode entrar aqui também, estimulando o eixo
psico-neuro-endócrino-imunológico da criança. É uma terapêutica que pode tanto prevenir, quanto
curar, quanto atenuar as doenças (medicina paliativa).
Mas nenhum tratamento será eficaz se todos os outros cuidados orientados pelo médico sobre
alimentação, vacinação, higiene, não forem seguidos corretamente.
A homeopatia pode ser utilizada tanto em quadros agudos como nos crônicos, tanto de forma isolada
como associada a outros tipos de tratamentos.
- Afinal, mamar deitado pode ou não aumentar as chances de um bebê ter otite?
Dr. Moises - Para um melhor esclarecimento dessa resposta, vamos retomar o que já foi dito aqui
sobre a orelha e acrescentar algumas informações.
Tudo acontece na orelha média.
A orelha média também se comunica com a garganta (faringe) por um canal (tuba auditiva, antiga
trompa de Eustáquio) através de outro orifício (janela redonda).
Através dessas comunicações o ar entra no ouvido médio e mantém a pressão de fora da orelha (fora
do tímpano) igual á pressão do ar dentro da orelha (para dentro da membrana timpânica, na orelha
média).
Conhecendo a orelha de ponta a ponta, fica mais fácil entender a otite.
Para entender o que acontece na orelha (agora essa é a forma correta de se chamar o ouvido), é
necessário conhecê-la um pouco mais. A orelha está dividida em três partes: orelha externa, orelha
média e orelha interna (antigamente conhecidas como ouvido externo, ouvido médio e ouvido
interno).
A orelha externa vai do pavilhão auditivo (que é a parte mais externa da antiga orelha, tal qual
sempre conhecemos), passa pelo canal auditivo externo ou meato auditivo e termina na membrana
timpânica (ou tímpano). Essa parte toda é recoberta pela pele e tem pêlos e glândulas que produzem
a cera ou cerume (que ajudam a reter poeira e os micróbios que estão no ar e entram nas orelhas).
A orelha média vai da membrana timpânica (não tem contato com o ar) e é um espaço aéreo – a
cavidade timpânica – dentro do osso temporal. Dentro dela (cavidade timpânica) ficam suspensos,
por ligamentos, três pequenos ossos em contato um com o outros que são: martelo, bigorna e estribo
(eles têm esse nome porque têm o formato parecido com essas estruturas).
Do cabo do martelo (que está encostado no tímpano e que se mexe a cada vez que o tímpano recebe
um estímulo sonoro, por exemplo, iniciando a transmissão do som recebido), até o estribo só temos
ar nessa cavidade.
A orelha média e a orelha interna se comunicam através de um orifício com uma membrana (janela
oval). A orelha média também se comunica com a garganta (faringe) por um canal (tuba auditiva,
antiga trompa de Eustáquio) através de outro orifício (janela redonda).
Através dessas comunicações o ar entra no ouvido médio e mantém a pressão de fora da orelha (fora
do tímpano) igual á pressão do ar dentro da orelha (para dentro da membrana timpânica, na orelha
média).
A orelha interna, conhecida como labirinto (essa você sabe o que é, aquela que dá tontura quando
alterada), é formada por escavações no osso temporal, que são cobertas por uma membrana, mas
aqui preenchidas por líquido. Limita-se com a orelha média pelas janelas oval e a redonda. O
labirinto divide-se em outras estruturas que são responsáveis pela audição (cóclea ou caracol), pelo
equilíbrio (vestíbulo) e pelos canais semicirculares.
Esses quadros de infecção podem ser agudos (que são infecciosas) ou crônicos.
As mais comuns em crianças são a otite média e a otite externa (essa aparece, por exemplo, quando
a criança faz natação sem o protetor auricular, ou vai para a praia, nas férias e mergulha muito no
mar).
Otite é inflamação da orelha: definição do Dicionário Michaelis.
otite - o.ti.te
sf (oto+ite1) Med Inflamação da membrana mucosa do ouvido. O. externa: inflamação do ouvido
externo. O. interna: inflamação do labirinto. O. média: inflamação do ouvido médio. As inflamações
podem ter causas infecciosas (virais, bacterianas, fúngicas), alérgicas (otite secretora, por exemplo),
traumáticas (provocadas por corpo estranho como insetos, hastes flexíveis, grampos de cabelo,
palitos de dente... arghhh.... verdade, juro).
Na imensa maioria das vezes (cerca de 90%), as infecções são provocadas por vírus. Em segundo
lugar, com muito menos frequência, vêm as bactérias (as que realmente precisam de antibióticos).
Ela pode ser otite externa (como se fosse uma infecção na pele, mas que atinge a orelha externa até
o tímpano), uma otite média (do tímpano até a orelha interna) e uma otite interna (que inflamada vai
ser a conhecida labirintite).
Cada uma delas pode ter uma causa e pode afetar uma área.
Otite externa
A otite externa é sempre aguda, podendo ser causada tanto pela umidade contaminada (piscina,
mar), por bactérias e fungos.
A água constante retira o cerume de proteção quando em excesso. Por isso quem pratica natação
deve usar o protetor auricular.
A haste flexível (cotonete) deve ser usado apenas no pavilhão auditivo, externo, e não dentro. O
diâmetro do cotonete é semelhante ao da tuba auditiva. Assim, quando “cutucamos” a orelha externa
podemos “machucar” suas paredes e até o tímpano. Isso com hastes flexíveis. Imaginem outros
objetos como grampos de cabelos, palito de dentes (que são muitas vezes usados para tentar tirar o
cerume de dentro da orelha).
Entre as queixas das crianças temos a dor que pode ser intensa e até diminuição da audição (incha a
tuba auditiva e não permite que o som seja adequadamente captado). Aqui, apertar a orelha para
saber se há dor de ouvido pode ajudar, mas é melhor não apertar... dói, né?
Dependendo do quadro, pode até aparecer secreção.
Na maior parte das vezes, não há febre.
Compressas quentes (mornas) secas nas orelhas ajudam a melhorar a dor. Só o médico está
autorizado a orientar tratamento com gotas nas orelhas. Se as gotas (ou óleo, ou qualquer outra
substância) forem colocadas antes, além de correr o risco de agravar a infecção, dificulta a
visualização adequada pelo médico que terá que fazer uma limpeza (que pode ser mais dolorosa)
antes de examinar.
ATENÇÃO: Cera pode até coçar, mas não é sujeira e existe para proteger os ouvidos.
Otite média
Já nesse caso, podemos ter a otite média aguda, a serosa e a crônica.
Aguda:
Na estatística, é a segunda infecção mais comum entre as crianças e existem estudos que estimam
que até 1 ano de idade, 65% das crianças já tiveram otite média aguda que pode chegar até a 3
episódios nos primeiros 3 anos de vida.
Vírus e bactérias são os agentes mais importantes aqui.
Inflamação, dor, febre, perda de audição são alguns dos sintomas que podem chamar a atenção dos
pais.
O quadro costuma começar pelo nariz ou pela garganta e através da tuba auditiva chegar com
secreção catarral ou purulenta até a mucosa da orelha média, onde deveria haver apenas ar.
A pressão do líquido leva à dor e pode até “vazar” através do tímpano, confundindo-se até com
cerume. Mas costuma ser acompanhado de pequeno sangramento.
Diagnóstico e tratamento só através de avaliação médica.
Aqui, na imensa maioria das vezes, apertar a orelha para saber se há infecção não ajuda e a olho nu
não dá para perceber qualquer mudança na orelha externa (a não ser que haja secreção por ter
perfurado o tímpano).
Serosa:
Quando começamos a ter otites médias agudas de repetição, muitas vezes a orelha não se recupera
totalmente. Nesse caso, fica um líquido na orlah média, onde deveria haver apenas ar. Isso pode
levar à perda auditiva e, se ficar comum até os 3 anos de idade, interferir de forma muito prejudicial
no aprendizado. Essas crianças, sem diagnóstico adequado, podem ter seus diagnósticos
confundidos com distúrbios de atenção.
Alergias aumento de adenóides, sinusites podem provocar e até agravar esses quadros.
Muitas vezes, não há tratamento clínico adequado, sendo que nem antialérgicos, nem
antiinflamatórios hormonais e nem antibióticos solucionam esses quadros. A indicação pode ser
cirúrgica (colocação dos tubinhos nas oelhas).
Ao contrário do que se pensa, a intenção não é retirar o líquido de dentro da orelha média, mas a de
arejar essa orelha. A conseqüência desse procedimento elimina essa secreção também, podendo
devolver a audição adequada a essas crianças.
A membrana timpânica se recupera e fecha.
Aqui, na imensa maioria das vezes, apertar a orelha para saber se há infecção não ajuda.
Crônica:
Aí já é um quadro de maior duração (acima de 3 meses, normalmente), levando, normalmente, à
perda auditiva com interferência na escola e problemas de aprendizagem.
Esse quadro pode se acompanhar de uma perfuração no tímpano que pode não se recuperar, e o
quadro pode se agravar pela entrada constante de água na orelha média.
Mas a essa altura, a criança já foi levada ao pediatra, ao pronto socorro, ao otorrinolaringologista e
o quadro deve estar em acompanhamento.
Aqui, na imensa maioria das vezes, apertar a orelha para saber se há infecção não ajuda.
Falando sobre a tuba auditiva.
Ela é uma estrutura que se completa apenas aos 18 anos e que vai da faringe até o ouvido médio.
Conforme mostra a figura abaixo, na criança, a tuba é mais curta e mais horizontalizada (10º) do que
no adulto (45º).
O aleitamento materno exclusivo até o 6º mês favorece uma menor incidência de otites, pelo
incremento à imunidade transmitida pela mãe através dessa prática.
Mas, mecanicamente, essa diferença de angulação e tamanho da tuba favorecem o aumento de
otites em crianças, especialmente nas que mamam deitadas, independente de ser por leite materno
ou artificial.
Dr. Moises Chencinski
www.doutormoises.com.br
Dr. Moises é médico Pediatra pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Formado
pelo CEPAH – Centro de Pesquisa e Aperfeiçoamento em Homeopatia e autor dos livros
HOMEOPATIA mais simples que parece (2007) e GERAR E NASCER um canto de amor e aconchego
(2008). O especialista é Professor do Curso de Especialização em Homeopatia com Ênfase em Saúde
Pública e Estratégias de Saúde da Família da Prefeitura de São Paulo em convênio com o Ministério
da Saúde (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares – PNPIC). Dr. Moises é
idealizador da Revista Doses Mínimas, publicação inédita sobre homeopatia, e membro do Conselho
editorial.
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