Servidores e pacientes participam de manifestação contra mazelas da saúde municipal em Duque de Caxias Funcionários públicos se reuniram em ato contra o governo municipal, que está parcelando os salários em três vezes D ezenas de pessoas, entre servidores e pacientes da saúde pública municipal de Duque de Caxias, participaram de uma manifestação pública, no último dia 27, em frente à Policlínica Hospital Duque de Caxias. O fim do parcelamento dos salários, que ocorre há cerca de cinco meses, não é o único pleito dos profissionais. As unidades de saúde do município estão sucateadas, com falta de insumos e sem condições de trabalho para os servidores. Em pleno mês de campanha contra o câncer de mama – Outubro Rosa –, uma paciente que preferiu não se identificar, não consegue fazer os exames para diagnosticar um nódulo no seio. “Esta unidade está com quadro de profissionais insuficiente. A demora para a marcação de exames e consultas é culpa do governo”, declarou o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze, durante o ato. De acordo com o Sindicato de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem de Duque de Caxias (Sintaxe-DC), o município tem um déficit de 950 servidores, entre todas as categorias, e o diretor da entidade, Antonio Pereira, lamenta que o governo municipal reconheça apenas a falta de 200 profissionais. “Entendemos que não há boa vontade do governo em melhorar esta situação. A refeição dos nossos pacientes é composta de ovo e hambúrguer e as frutas foram retiradas do cardápio”, denunciou. Há cerca de quatro anos, a prefeitura autorizou que os servidores públicos fizessem empréstimos consignados na Caixa Econômica Federal. No entanto, de acordo com denúncia feita pela diretora do Sintaxe-DC, Márcia Carvalho, como a prefeitura descontou as parcelas em folha, mas não repassou para o banco, os servidores tiveram os seus créditos negativados nos últimos meses. Pelos cálculos do órgão, a quantia que deveria ser repassada para a Caixa, mensalmente, totaliza R$5 milhões. Segundo a paciente psiquiátrica Mariana Fernandes, de 19 anos, o Hospital de Duque de Caxias não está oferecendo o tranquilizante Rivotril, um importante medicamento para o seu tratamento. “Me trato há quase dois anos aqui. Se eu venho ao hospital público, é porque não tenho dinheiro. Então, também não tenho dinheiro para comprar remédio”, lamentou. “É preciso que o Ministério Público e o Tribunal de Contas façam uma auditoria nas contas do governo de Caxias”, finalizou Jorge Darze. Prefeitura responde a ofício No último dia 26, a prefeitura respondeu ao ofício contendo a pauta de reivindicações do setor, que havia sido enviado pelo SinMed/RJ. Lamentavelmente, os itens mais importantes, que cobravam a implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e o Piso Salarial Fenam – R$ 12.993,00, ficaram para depois do segundo turno das eleições no município. O documento também questionou o parcelamento dos salários. Sobre isso, o governo informou que não tem outra opção. A resposta será discutida na próxima assembleia geral, a ser marcada em breve, para que os médicos e o SinMed/RJ possam definir que providências serão tomadas. GESTÃO TEMERÁRIA A crise no estado do Rio de Janeiro se agrava a cada momento. Todos os dias, os nossos colegas manifestam preocupação com relação a sua situação funcional, em diversos municípios. As denúncias são de toda ordem, mas o atraso no pagamento dos salários predomina, acarretando graves prejuízos e é inadmissível que o poder público seja o principal praticante deste crime. O salário, do ponto de vista constitucional, está relacionado à sobrevivência e à alimentação, portanto, é protegido pela lei maior do país. Para a população, a situação é tão grave quanto para os servidores, pois coloca em risco de morte as pessoas que tentam buscam atendimento na rede pública de saúde. O que está ocorrendo em todos os municípios do nosso estado representa um crime de lesa humanidade, e a capital não foge à regra. O próprio governo estadual alimenta essa ação criminosa, porque é o primeiro a descumprir a legislação, atrasando o pagamento dos salários dos seus servidores, além dos proventos dos aposentados e das pensionistas. Os compromissos financeiros dessas pessoas estão sempre ameaçados com o pagamento de multas e juros, o que se configura numa violação flagrante do Estado Democrático de Direito e da dignidade da pessoa humana. Como é possível viver em um país onde os estados passam por tal situação? A quem recorrer? O Poder Judiciário, em muitos municípios, tem negligenciado o dever de proteger o cidadão. Ações já ajuizadas para garantir o pagamento dos salários, nem sempre resultam em soluções ou decisões rápidas. Aqui no Rio de Janeiro, o Judiciário já pratica o arresto de contas do Estado com certa frequência, tentando garantir a regularidade do pagamento do funcionalismo. Ainda assim, os servidores não contam com a garantia de que receberão regularmente. Temos hoje médicos de vários municípios recorrendo ao SinMed/RJ em busca da defesa dos seus direitos. Angra dos Reis, que já foi referência de boa assistência, vive uma das piores crises da administração pública, como o recente fechamento da Emergência do Hospital Geral de Japuíba, que ocorreu em função do deficit de médicos e de insumos. Em Barra Mansa, um grupo médicos pediu demissão em função do atraso no pagamento dos salários e, por isso, a rede municipal pode ter perdido a assistência pediátrica. No Rio de Janeiro, enfrentamos o risco de fechamento da UTI Pediátrica do Hospital Carlos Chagas, também por falta de pagamento. Isso fez com que o SinMed/RJ conseguisse uma liminar garantindo a manutenção desse importante serviço. Em Belford Roxo, os salários não são pagos há três meses e em Duque de Caxias, a prefeitura tem parcelado os salários em até três vezes. Isso não é justo, na medida em que os servidores cumpriram rigorosamente a carga de trabalho estabelecida em contrato com a prefeitura. O nosso estado, desde dezembro de 2015, por sua vez, vive uma situação gravíssima e, embora a legislação estabeleça a responsabilidade compartilhada entre as três JORGE DARZE esferas de governo, nós não vemos, por parte do Ministério da Saúde, nenhuma atitude no sentido de intervir nos municípios ou na própria rede estadual, garantindo o seu funcionamento satisfatório. Além disso, convivemos com a ameaça da Proposta de Emenda Constitucional 241, já aprovada pela Câmara dos Deputados e que está no Senado Federal. Essa proposta acarreta graves prejuízos a administração pública, pois congela investimentos futuros por 20 anos, com base apenas na inflação do ano anterior. Não é preciso ser especialista no assunto para concluir que isso resultará em um grande retrocesso nas áreas de saúde e educação. Fatos assim nos impulsionam a agir para defender os direitos constitucionais. O SinMed/RJ, junto com a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), já está preparado para enfrentar essa realidade. Nos próximos dias, a Fenam vai realizar uma importante reunião com todos os sindicatos médicos do Brasil, em seu Conselho de Representantes, quando serão pautados todos os assuntos que ameaçam os direitos da população brasileira, incluindo a categoria médica. Em suas manifestações, alguns ministros usam o falso argumento de que a PEC 241 trará equilíbrio fiscal para o país. Lamentavelmente, a solução apresentada por essas pessoas é sempre o arrocho salarial e previdenciário. Evidentemente, nós não concordamos como isso, e vamos lutar contra todas as denúncias que têm sido apresentadas pelos médicos brasileiros. Por isso, o SinMed/RJ conclama os médicos do Rio de Janeiro a aderir a esse movimento de resistência às violações flagrantes da Constituição brasileira, para que, juntos, possamos enfrentar tais adversidades, mudando a lógica que vem predominando no país. A nossa população precisa ter o seu direito à saúde garantido, e os profissionais da área, o direito de voltar a trabalhar em um ambiente de normalidade, com salários pagos de forma regular, reajustados dignamente, e em condições que lhes permitam exercer plenamente as suas atividades. NOVEMBRO AZUL O SinMed/RJ apoia esta causa COMUNICAÇÃO SINMED/RJ REPÓRTER: Gabrielle Torres (RG 3629/15) EDITORA: Ana Freitas (RG 15542/88) FOTOGRAFIA: Claudionor Santana DIAGRAMAÇÃO: Namélio Soares. ESTAGIÁRIA: Gabriela Rocha E-mail: [email protected] Noite memorável marca passagem da semana dos médicos A semana comemorativa do Dia do Médico (18 de outubro), promovida pelo SinMed/RJ, foi encerrada com leitura de poesias e trechos de livros, durante a Noite Cultural do Médico, no último dia 21, no Espaço Edison Rodrigues da Paixão. Artistas, inclusive internacionais, apresentaram suas obras durante uma solenidade que lotou o auditório do sindicato. “Este espaço tem o objetivo de unir a prática do exercício profissional com a manifestação cultural”, declarou o diiretor do sindicato e coordenador do espaço cultural, Ronaldo Alves. A atividade foi mais uma realização do SinMed/RJ em parceria com a Academia Brasileira de Médicos Escritores (Abrames), presidida por Leslie Aloan. “Esta parceria já existe há quase um ano e eu tenho muito orgulho dela, pois cria um ambiente de descontração para os colegas médicos, que só se encontram nos plantões”, elogiou Aloan, que presidiu a mesa do evento. O médico escritor Edir Meirelles declamou versos de poesias do seu livro bilín- gue português e romeno “Palavra que Lavra / Cuvãntul Care Lucreazâ”. A obra foi traduzida pela escritora e poeta Carmen Bulzan, que fez também a tradução simultânea durante o evento. O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Pablo Vazquez, compôs a mesa do evento e elogiou a iniciativa do SinMed/RJ. “Temos que comemorar a nossa profissão, apesar das dificuldades impostas aos médicos e que se acentuam com a aprovação da PEC 241. Parabenizo o sindicato por lembrar deste dia com uma jornada cultural. A cultura nos une e estimula à luta”. A presidente da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, Juçara Valverde, também participou da mesa e sorteou livros durante a solenidade. Após a exposição das obras, o convidados desfrutaram de um show de música ao vivo, comandado pelo diretor do SinMed/RJ e coordenador do Espaço Edison Rodrigues da Paixão, Ronaldo Alves. Médicos e familiares lotaram o Espaço Edison Rodrigues da Paixão O evento foi uma parceria entre o SinMed/RJ e a Abrames, com apoio da UBE-RJ O diretor do SinMed/RJ, Ney Vallim, e seus convidados Sindicato comunica ao MPT o desligamento de 34 médicos da UPA de Barra Mansa D E P A R T A M E N T O J U R Í D I C O SinMed/RJ ajuíza ações para garantir pagamento de rescisões de médicos demitidos pela Lagos Rio O SinMed/RJ já começou a ajuizar ações individuais para cobrar o pagamento das verbas rescisórias devidas aos médicos demitidos pela Organização Social (OS) Lagos Rio. Além disso, os sindicatos que representam as categorias incluídas na demissão em massa vão fazer uma denúncia conjunta para entregar ao Ministério Público do Trabalho. A intenção é que sejam impostas regras a serem cumpridas pela OS, através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). “O ideal é que o MPT faça a mediação. Nós não temos nada a ver com o contrato da empresa com o governo”, declarou a vice-presidente, Sara Padron, durante reunião com os funcionários, realizada no último dia 26, na sede da entidade. Em maio deste ano, a Lagos Rio, que administra diversas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) no estado do Rio de Janeiro, deu início a demissões em massa dos seus funcionários e até hoje não pagou as rescisões. Os funcionários demitidos pretendem fazer uma manifestação na porta da Lagos Rio, no próximo dia 10, às 11 horas. O mote do ato público será: “Não vamos deixar os nossos direitos acabarem em pizza”. Haverá distribuição de pizzas para a população. O SinMed/RJ vai participar da manifestação e espera reunir um grande número de pessoas. Trinta e quatro médicos que atendem na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no Centro do município de Barra Mansa, pediram demissão conjunta: 12 pediatras assinaram o documento, no último dia 25, e 22 clínicos gerais, no dia seguinte. De acordo com os funcionários, a Organização Social Múltipla em Infraestrutura e Planejamento, Educação e Saúde (Osmipes), que administra a UPA, não paga os salários desde agosto passado. O SinMed/RJ vai comunicar o caso ao Ministério Público do Trabalho, pedindo a reparação dos atrasos salariais, através da rescisão indireta; e ao Ministério Público Estadual, solicitando que o órgão tome providências que garantam o atendimento na área da Pediatria. De acordo com o pedido de desligamento, válido a partir desta terça-feira (01), os médicos estavam trabalhando sem condições técnicas para o bom desempenho das atividades. SinMed/RJ vai denunciar ao MP explosão ocorrida no Hospital Getúlio Vargas O SinMed/RJ encaminhou denúncia ao Ministério Público sobre a explosão de uma tubulação de oxigênio ocorrida no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, na tarde do último dia 27. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou a transferência de sete pacientes. O SinMed/RJ recebeu denúncia de que um paciente faleceu, mas ainda está apurando o caso. De acordo com funcionários do HEGV, operários que faziam a instalação de um aparelho de ressonância magnética perfuraram uma tubulação por engano, o que resultou no vazamento de oxigênio. Por prevenção, a direção da unidade desligou os aparelhos e transferiu os pacientes mais graves que precisavam de oxigênio, para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna. “Apesar de ter sido um acidente, colocou em risco a vida dos pacientes. O MP precisa averiguar a qualidade desses ser viços prestados”, declarou o presidente do SinMed/RJ, Jorge Darze.