SANDRA REGINA IMADA AKIMURA

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SANDRA REGINA IMADA AKIMURA
ASSISTÊNCIA INTEGRAL A PACIENTES DIABÉTICOS EM UMA ESTRATÉGIA
DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE DOURADOS/MS
DOURADOS
2011
1
SANDRA REGINA IMADA AKIMURA
ASSISTÊNCIA INTEGRAL A PACIENTES DIABÉTICOS EM UMA ESTRATÉGIA
DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE DOURADOS/MS
Projeto de Intervenção apresentado à
Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, como requisito para conclusão do
curso de Pós Graduação em nível de
especialização em Atenção Básica em
Saúde da Família.
Orientadora: Érika Kaneta Ferri
DOURADOS
2011
2
Resumo
Em 1994, o Ministério da Saúde implantou o Programa de Saúde da Família
(PSF), com o objetivo de promover qualidade de vida e bem estar individual e
coletivo, por meio de ações de promoção, proteção e recuperação. A saúde bucal foi
incluída no PSF a partir de 2000 e as ações de saúde bucal incorporadas à
Estratégia da saúde da família (ESF) visam um planejamento das ações que busque
a integralidade do paciente em uma visão multidisciplinar. O diabetes mellitus está
entre as dez causas líderes de morte, atingindo o percentual de 4,38% dos óbitos da
população. É uma complicação crônica que pode ser evitada, com mudança de
hábitos e eliminação de alguns fatores de risco como obesidade e sedentarismo. As
infecções em diabéticos podem perturbar o controle do metabolismo da glicose; uma
vez que as infecções tenham se estabelecido, podem ser de difícil controle, devido à
menor capacidade de defesa e dos mecanismos de reparação. O controle bem
sucedido do diabetes mellitus requer atenção em relação aos processos que
minimizem as infecções (inclusive higiene bucal). A severidade da doença
periodontal está correlacionada ao controle diabético; os pacientes com diabetes
podem ser identificados, e realizarmos seu controle metabólico, junto com condutas
periodontais preventivas intensivas. Assim, observamos a necessidade de conhecer
os 130 pacientes diabéticos da área da ESF 47 de Dourados/MS e promover
interação entre toda a equipe e os profissionais do NASF (Núcleo de Apoio à Saúde
da Família) visando atenção integral ao paciente diabético. Foi realizada uma
avaliação odontológica desses pacientes com o objetivo de verificar as condições de
saúde oral do paciente com diabetes mellitus dessa área adscrita, para que possa
ser realizado um planejamento do tratamento odontológico. Foram retomadas as
atividades do programa Hiperdia em um atendimento interdisciplinar; os pacientes
passam pela consulta com a médica, enfermeira e fazem tratamento odontológico.
Ativamos o ciclo de atividades educativas com diferentes profissionais:
fisioterapeuta, assistente social, médico, enfermeira, cirurgião dentista e atenção
farmacêutica. Incentivamos a realização de atividades físicas e o convite para o
grupo de caminhada. A equipe procura participar da caminhada, bem como os
profissionais do NASF: fisioterapeutas, psicóloga, assistente social e nutricionista. O
horário do alongamento é aproveitado para orientações de educação em saúde. Do
total de 104 pacientes pesquisados, cinqüenta participam do programa Hiperdia e 54
relataram que não participam. Observamos que é necessário empenho contínuo da
equipe para aumentar a adesão dos pacientes diabéticos, já que a mudança de
hábitos é uma atitude que requer tempo e dedicação. Foi realizada avaliação
odontológica em 104 pacientes. Desses, 57 possuíam dentes e 47 eram
desdentados totais (45,19%). Foram encontradas algumas lesões nos pacientes
desdentados: hiperplasia do rebordo alveolar, nódulos e ulcerações no rebordo
alveolar, candidíase no palato e úlcera em lábio inferior. A faixa etária predominante
encontrada foi a de 60-70 anos (42 pacientes). Constatou-se que somente 17
pacientes apresentaram glicemia até 100 mg/dl; 21 pacientes apresentarem glicemia
entre 100-120 mg/dl; os demais pacientes apresentaram glicemia acima de 120
mg/dl, sendo que uma paciente apresentou glicemia acima de 500 mg/dl. Apesar da
maioria dos pacientes relatar que escovam os dentes duas ou três vezes ao dia, os
dentes dos pacientes foram corados com o corante verde malaquita e o Índice de
Placa de Turesky, Gillmore e Glickmam encontrado foi elevado. Foi realizado o
Índice Periodontal Comunitário (IPC) através de sondagem com sonda periodontal
milimetrada e somente um paciente recebeu o escore 0-sem problemas
3
periodontais. Observamos que os pacientes que apresentaram glicemia não
controlada eram os pacientes que mais tinham IPC e Índice de Placa elevados.
Concluiu-se que: a promoção integral da saúde do paciente diabético depende da
assistência multiprofissional; O controle diabético depende de vários fatores, entre
eles o controle da saúde periodontal; Esse trabalho permitiu relacionar maiores
índices de placa e problemas periodontais com taxas mais elevadas de glicemia nos
pacientes diabéticos da ESF 47; A avaliação odontológica permitiu conhecer os
pacientes diabéticos da área da ESF 47 e proporcionou o planejamento do
tratamento odontológico desses pacientes. Serão necessários maiores estudos após
o término dos tratamentos nos pacientes para reavaliação dos resultados. Assim
como será necessária reavaliação depois de um período mais longo atuando em
uma visão multidisciplinar.
Descritores: Saúde da Família, Diabetes mellitus, Odontologia.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 5
2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................... 7
3 ATENÇÃO MULTIDISCIPLINAR AO PACIENTE DIABÉTICO...............................15
4 AVALIAÇÃO ODONTOLÓGICA ............................................................................18
5 CONCLUSÕES.......................................................................................................28
REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS..........................................................................29
5
1 INTRODUÇÃO
Em 1994, o Ministério da Saúde implantou o Programa de Saúde da Família
(PSF), estratégia para aumentar o acesso da população aos serviços de atenção
básica, com o objetivo de promover qualidade de vida e bem estar individual e
coletivo, por meio de ações de promoção, proteção e recuperação. A saúde bucal foi
incluída no PSF a partir de 2000 (BRASIL, 2001) e as ações de saúde bucal
incorporadas à estratégia da saúde da família vieram como forma de expansão dos
serviços odontológicos, visando um planejamento das ações que busque a
integralidade do paciente. Em Dourados, o cirurgião dentista foi inserido na equipe
de Estratégia de Saúde da Família (ESF) a partir de 2001 e a odontologia tem
acompanhado as mudanças na estrutura do sistema de saúde. A ação isolada do
trabalho do cirurgião dentista dentro do seu consultório vem sendo substituída por
um trabalho em equipe multidisciplinar, participando do comprometimento da equipe
de ESF com a comunidade de um modo geral.
De acordo com os indicadores do Ministério da Saúde, atualmente, no Brasil o
diabetes mellitus está entre as dez causas líderes de morte, atingindo o percentual
de 4,38% dos óbitos da população (BRASIL-b, 2006). O diabetes mellitus abrange
um grupo de alterações metabólicas que podem levar à hiperglicemia, cujos
principais sintomas são polidpsia, poliúria, polifagia e perda de peso. Pode estar
relacionado a defeitos da secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos
patogênicos específicos como, por exemplo, destruição das células beta do
pâncreas, resistência à ação periférica da insulina, distúrbios da secreção de
insulina, entre outros (BRASIL-a, 2006).
Dentre as principais manifestações bucais dos pacientes diabéticos não
controlados estão a xerostomia, glossodinia, distúrbios de gustação e doença
periodontal. É comum a modificação da flora bucal com tendência a candidíase oral
e queilite angular (BRASIL - a, 2006).
Para Genco et al. (1997) as infecções em diabéticos podem perturbar o
controle do metabolismo da glicose. Com o uso da insulina para controlar esse
metabolismo, a alta incidência de infecção e mortalidade têm diminuído. No entanto,
uma vez que as infecções tenham se estabelecido, podem ser de difícil controle,
devido à menor capacidade de defesa e dos mecanismos de reparação. O controle
bem sucedido do diabetes mellitus requer atenção diária em relação aos processos
6
que minimizem as infecções (inclusive higiene bucal). A severidade da doença
periodontal está correlacionada ao controle glicêmico; os pacientes com diabetes
podem ser identificados, e seu controle metabólico, junto com condutas periodontais
preventivas intensivas podem levar saúde também para a cavidade oral.
O Diabetes mellitus é uma complicação crônica que pode ser evitada, com
mudança de hábitos e eliminação de alguns fatores de risco como obesidade e
sedentarismo (BRASIL-c, 2006). É necessário contar com o empenho de toda
equipe e também com o auxílio do Núcleo de Apoio à Saúde da Família. O NASF foi
criado em 2008 e visa a plena integralidade do cuidado físico e mental aos usuários
do SUS por intermédio da qualificação e complementaridade do trabalho das
Equipes Saúde da Família (BRASIL, 2008).
Assim, observamos a necessidade de conhecer o paciente diabético da área
da ESF 47, localizado no bairro Jardim Água Boa da cidade de Dourados/MS, cujo
cirurgião dentista foi inserido somente em janeiro de 2010. A proposta desse
trabalho foi promover interação entre toda a equipe e os profissionais do NASF
visando atenção integral ao paciente diabético. Foi realizada uma avaliação
odontológica desses pacientes com o objetivo de verificar as condições de saúde
oral do paciente com diabetes mellitus dessa área adscrita, para que futuramente
possa ser realizado um planejamento de tratamento odontológico a esses pacientes.
7
2 REVISÃO DE LITERATURA
A partir dos anos oitenta, sob o cenário da redemocratização do país, surgiu o
Movimento Sanitário, que possibilitou a construção gradativa de uma reforma que se
iniciou em 1986 e culminou com o Sistema Único de Saúde (SUS), com princípios
garantidos constitucionalmente. Em 1991 foi implantado o Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS), que propôs assistência às famílias no próprio
domicílio em articulação com as unidades de saúde. O Programa Saúde da Família
surgiu em 1994, com o propósito de reorganizar a concepção de atenção,
aproximando os serviços, os profissionais de saúde e a população, levando a saúde
para mais perto da família.
Entre as Diretrizes Operacionais do Programa Saúde da Família
(Brasil, 1997) estão a integralidade da assistência, a abordagem multiprofissional e o
estímulo à ação intersetorial. As unidades de saúde da família devem ser destinadas
a realizar assistência contínua através de equipe multiprofissional a fim de
desenvolver ações de promoção, prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e
reabilitação.
A implementação do programa prevê o envolvimento de profissionais
qualificados, com conhecimentos específicos e saberes coletivos, na direção de uma
prática social que transcenda à fragmentação e especialização, características das
ações de saúde no País. Como componente do trabalho interdisciplinar, é oportuno
destacar as ações de alimentação e nutrição em quaisquer formas de intervenção,
como estratégias indispensáveis a todo programa cuja finalidade seja elevar a
qualidade de vida da população a partir do princípio da integralidade (ASSIS, et al.,
2002).
A incorporação oficial do cirurgião-dentista na equipe de saúde da família
ocorreu somente em 2000. O Ministério da Saúde estabeleceu por meio da Portaria
nº. 1.444, o incentivo financeiro à inclusão das equipes de saúde bucal no PSF. A
integração da equipe de saúde bucal com a de saúde da família para a realização de
um trabalho em conjunto tem sido um grande desafio. Moysés & Silveira Filho (2002)
acreditam que a inclusão de equipes multiprofissionais no processo de assistência
ou do cuidado possibilita organizar o trabalho com níveis de complementaridade e,
8
ao mesmo tempo, de especificidade, ou seja, há que se complementarem os
campos de saberes das profissões sem excluir a especificidade de cada uma.
Segundo Cardoso (2002), O PSF busca desenvolver ações de atenção
primária à saúde, dirigidas não somente para a cura e prevenção de doenças, mas,
principalmente, buscando promover a qualidade de vida e valorizar o papel dos
indivíduos no cuidado com sua saúde, de sua família e de sua comunidade. Trata-se
de uma proposta de atuação que visa a propiciar a integração das ações de
promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde constituindo-se, por
definição, num modelo que se opõe ao modelo assistencial, centrado na doença e
no consumo de medicamentos. De acordo com essa perspectiva, é inegável a
influência de fatores emocionais e sociais na manifestação das patologias físicas.
Os estudos de caso-controle conseguiram demonstrar que a gênese das
doenças está ligada à uma rede multicausal, da qual faz parte o estilo de vida, o
meio ambiente e os aspectos sociais, onde o sedentarismo aparece como um dos
fatores determinantes de agravos à saúde (PITANGA, 2002).
O Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes
Mellitus foi aprovado pela Portaria/GM n° 16, de 03/01/2002, que estabelece a
organização da assistência, prevenção e promoção à saúde, a vinculação dos
usuários à rede, a implementação de programa de educação permanente em
hipertensão arterial, diabetes mellitus e demais fatores de risco para doenças
cardiovasculares.
A abordagem multiprofissional do indivíduo diabético remete a essa visão
holística, reconhecendo a complexidade do seu sistema psíquico e somático que,
por isso, necessita de informações complementares dos profissionais de saúde
sobre o controle, a prevenção e as complicações da sua doença. Por outro lado, o
compartilhamento da responsabilidade terapêutica, entre as várias categorias
profissionais, vem contribuindo para seu maior sucesso, principalmente quando a
equipe trabalha de forma integrada. E esse processo é altamente favorecido pela
utilização de dinâmicas variadas, como jogos educativos. (TORRES, et al., 2003).
O cirurgião dentista sempre esteve habituado a atuar isoladamente dentro do
consultório odontológico e essa proposta de interação com outros profissionais
surge como inovação no processo de trabalho. Matos e Tomita (2004) observaram
que tanto formadores como estudantes apresentam conceitos em construção sobre
a atuação do cirurgião-dentista na saúde coletiva. Isso implica na necessidade de
9
maior envolvimento do ensino superior com os serviços públicos de saúde, de modo
a complementar algumas lacunas na formação e na prática dos cirurgiões-dentistas
para atuar no PSF. O fato da odontologia não estar presente desde o início do
programa possivelmente acarretou prejuízos no processo de integralização dos
profissionais co-relacionados, assim como pode ter determinado formas variadas no
processo de implantação das equipes de saúde bucal (BALDANI, et al., 2005).
O Diabetes Mellitus é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por
hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários
órgãos. Configura-se hoje como uma epidemia mundial e é um grande desafio para
os sistemas de saúde de todo o mundo. O envelhecimento da população, a
urbanização crescente e a adoção de estilos de vida pouco saudáveis como
sedentarismo, dieta inadequada e obesidade são os grandes responsáveis pelo
aumento da incidência e prevalência do diabetes em todo o mundo. Entre as ações
que devem fazer parte do trabalho da equipe estão: incentivar e promover atividades
multidisciplinares de educação em saúde para pacientes e seus familiares, levando
em consideração aspectos culturais e psicossociais, com ênfase na autonomia do
paciente para seu auto-cuidado; estimular que os pacientes se organizem em grupos
de ajuda mútua, como, por exemplo, grupos de caminhada, trocas de receitas,
técnicas de auto-cuidado, entre outros (BRASIL, 2006).
Ferreira, et al. (2007) destacam a importância da identificação precoce de
perdas auditivas em pacientes diabéticos e do processo de reabilitação, evitando
que a qualidade de vida desses pacientes seja prejudicada pelos transtornos que
esta alteração acarreta. Seria fundamental a criação de programas de triagem, que
pudessem identificar prováveis portadores de diabetes, pois, a grande maioria dos
pacientes apresenta diabetes de forma assintomática e, devido a isso, recebem
diagnóstico tardio, aumentando assim as chances de complicações crônicas.
Como o intuito de melhorar a qualidade de vida dos usuários, a portaria 154
de 24 de dezembro de 2008 regulamentou o NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da
Família). Os NASFs devem ser constituídos por profissionais de diferentes áreas de
conhecimento, e que atuem em parceria e de forma integrada com os profissionais
das ESFs. As ações do NASF devem desenvolver coletivamente, com vistas à
intersetorialidade, ações que se integrem a outras políticas sociais como: educação,
esporte, cultura, trabalho, lazer, entre outras (BRASIL, 2008).
10
Knuth, et al. (2009), observaram que o conhecimento sobre o papel da
atividade física no tratamento do diabetes mellitus e da hipertensão arterial é bem
maior, quando comparado à prevenção. Tal constatação merece uma maior atenção
dos programas de promoção da saúde, pois o foco do conhecimento da atividade
física deve centrar-se não apenas no tratamento de doenças, mas na
conscientização dos seus benefícios no que se refere às atitudes relacionadas à
prevenção destes agravos. O conhecimento não é apropriado da mesma maneira
por indivíduos de classes distintas, e este aspecto deve ser priorizado,
principalmente considerando a situação das classes empobrecidas.
A equipe do NASF tem como tarefa estabelecimento de um vínculo de
confiança com os profissionais para integrar-se ao cotidiano das equipes e para o
desenvolvimento do trabalho. Integrar uma equipe é mais do que, simplesmente,
agregar e somar funções para se alcançar um objetivo comum. Uma equipe
integrada
proporciona
aos
seus
componentes
o
debate
das
idéias,
o
desenvolvimento da capacidade criadora e a consciência crítica, sendo esses
elementos fundamentais para o estabelecimento do verdadeiro vínculo de equipe, no
espaço interdisciplinar. O contato com os diversos saberes estimula os profissionais
à elaboração de estratégias comuns de ações para a resolução de problemas,
proporcionando com isso uma prática mais humanizada. É importante que as
equipes de saúde percebam que, se os usuários tiverem apoio, conseguirão
mudanças no contexto de condições adversas, no qual se encontram inseridos
(BRASIL, 2010).
2.2 Alguns trabalhos realizados na área de Odontologia
Tomita et al. (2002) avaliaram as condições periodontais e sua relação com o
diabetes mellitus na população nipo-brasileira. Foram examinados 1.315 indivíduos
do município de Bauru, SP, na faixa etária de 30 a 92 anos de idade, ambos os
sexos, primeira (Isseis) e segunda (Niseis) gerações. Os critérios de exclusão da
amostra foram o edentulismo total e a presença de seis sextantes nulos. O índice
periodontal comunitário e o índice de perda de inserção periodontal foram obtidos
mediante sondagem em 10 dentes-índice, em uma amostra de 831 indivíduos. O
diagnóstico de diabetes mellitus foi estabelecido através da glicemia em jejum e de
duas horas após sobrecarga com 75 g de glicose. Para análise estatística foram
11
utilizados os Testes de Kappa e de Qui-quadrado. Quanto às condições
periodontais, foram encontrados 25,5% de indivíduos sadios, 12,5% com
sangramento à sondagem, 49,4% com presença de cálculo, 10,4% com bolsas
superficiais, 2,2% com bolsas profundas. Apresentaram perdas de inserção
periodontal de 0-3 mm, 24,2% dos indivíduos; perdas de 4-5 mm, 36,7%; perdas de
6-8 mm, 23,7%; de 9-11 mm, 11,3% e de 12 mm ou mais, 4,1%. A avaliação entre
diabetes e condições periodontais não apresentou associação estatística (p<0,05),
embora os indivíduos com diabetes tenham maiores percentuais de bolsas
profundas e perdas de inserção maiores que 6 mm que os não diabéticos, quando
testados
pelo
método
do
Qui-quadrado.
Concluíram
que
a
abordagem
epidemiológica da condição periodontal e sua associação com doenças sistêmicas,
como o diabetes mellitus, pode oferecer importante contribuição para prevenir suas
complicações.
A proposta do estudo de Kawamura et al. (2005) foi avaliar as características
clínicas, radiográficas e imunoistoquímicas da Doença Periodontal (DP) em
pacientes com diabetes mellitus tipo 1. O diabetes mellitus caracteriza-se por
hiperglicemia em resposta a uma insuficiência total ou relativa de insulina, devido a
uma baixa produção pelo pâncreas (tipo 1) ou por carência de resposta dos tecidos
periféricos a ela. Vinte pacientes do Centro de Atendimento a Pacientes Especiais
da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (CAPE) foram
examinados. A faixa de 55 anos ou mais foi descartada, pois vários estudos que
relacionam diabetes e DP relatam não haver diferença no grau de DP entre
indivíduos diabéticos e não diabéticos quando a idade é superior a 55 anos, sendo o
fator idade do paciente também considerado fator modificador. Os seguintes dados
foram avaliados: IPCNT (Índice Periodontal Comunitário de Necessidade de
Tratamento), dentes perdidos, índice O’Leary e perda óssea alveolar. Biópsias
gengivais de 9 pacientes foram submetidas à análise imunoistoquímica. Três
espécimes de pacientes não diabéticos foram usados como controle. Foi realizada
marcação para neutrófilos, macrófagos, células de Langerhans, linfócitos T e B,
plasmócitos secretores de IgG e IgM. Todos os pacientes apresentaram IPCNT de
no mínimo 2. A porcentagem média do índice O’Leary e o número de dentes
perdidos foi 92,75% e 8,85%, respectivamente. Perda óssea alveolar > 15% ocorreu
em 44,03% dos casos. Pacientes descompensados apresentaram os piores índices
12
quando comparados com pacientes bem controlados (p < 0,032). O número de
linfócitos T mostrou-se aumentado nos pacientes diabéticos quando comparados
com grupo controle (p < 0,05). Concluíram que todos pacientes diabéticos tipo 1
apresentaram algum grau de doença periodontal, a qual foi mais agressiva em
indivíduos não controlados.
Santana, et. al. (2007) avaliaram a possibilidade da doença periodontal
comprometer a qualidade de vida de indivíduos portadores de diabetes mellitus.
Foram examinados e entrevistados 159 diabéticos dentados, cadastrados no
Hospital Municipal de Itaúna/ MG. Os parâmetros clínicos periodontais registrados
foram: sangramento gengival à sondagem, profundidade de sondagem e nível
clínico de inserção. A influência da doença periodontal na qualidade de vida foi
avaliada utilizando-se o formulário OHIP-14. Em relação à condição periodontal,
15,7% apresentaram periodonto saudável, 35,2% gengivite e 49,1% periodontite,
sendo 27,7% na forma leve a moderada e 21,4% na avançada. Associação entre
diagnóstico da doença periodontal e qualidade de vida foi significativa nos indivíduos
com periodontite (p < 0,001). A presença de sangramento gengival à sondagem,
profundidade de sondagem e nível clínico de inserção ≥ 4 mm associaram-se com
impactos negativos intensificados na qualidade de vida (respectivamente, p = 0,013,
p < 0,001 e p = 0,012). Diabéticos com periodontites leve a moderada e avançada
apresentaram maiores impactos negativos na qualidade de vida que diabéticos
periodontalmente saudáveis ou com gengivite.
Saintrain e Lima (2008) fizeram um estudo de prevalência, de natureza
quantitativa, exploratória e documental no município de Fortaleza-CE. A populaçãoalvo foi constituída por 63 idosos diabéticos da Comunidade do Dendê, que
receberam visita domiciliar para a aplicação do questionário e realização do exame
bucal. Foi utilizado como instrumento de pesquisa um questionário elaborado com
suporte na ficha de cadastro da família, com variáveis de identificação do paciente,
doenças auto-referidas e informações básicas médicas e sociais. Ao questionário foi
acrescida uma ficha contendo variáveis específicas para o levantamento de saúde
bucal, tais como: atividade de cárie, sangramento gengival, cálculo dentário,
maloclusão, lesões na mucosa bucal, uso e necessidade de prótese, e higiene
bucal. A análise estatística dos dados foi realizado pelo programa Statistical
13
Package for Social Science (SPSS) versão 10, sendo do tipo descritiva a análise
estatística. A idade variou de 60 a 89 anos (média 69,8 anos ± 6,9 desvio-padrão),
constituída por 41 mulheres (65,1%) e 22 homens (39,9%). Com relação à
distribuição de freqüência de doenças auto-referidas na amostra, 52 referiam
hipertensão, 50 distúrbios de visão, 20 de audição, 10 doenças osteoarticular, 9
tinham distúrbios da fala, 6 possuíam colesterol alto, 2 possuíam gastrite e 2 tinham
doença de Alzheimer leve. Em relação à saúde bucal, 30 eram desdentados totais,
33 eram dentados, 22 possuíam lesões na mucosa bucal e 11 possuíam
maloclusão. Dentre os pacientes dentados, 27 tinham atividade de cárie, 21
possuíam
cálculo visível, 16 possuíam sangramento gengival à sondagem, 16
tinham necessidade de exodontia e 6 necessitavam de endodontia. Em relação à
freqüência de procura por profissionais: 56 procuravam médico, 16 a enfermagem,
12 a fisioterapia, 9 a odontologia, 5 nutrição e 2 psicologia. Dos 63 idosos diabéticos,
46 faziam uso de medicamentos; 43 seguiam dieta alimentar; 57 possuíam escova
dental e seis não usavam escova dental para a higiene bucal. Os autores concluíram
haver elevada prevalência de diabetes melittus, com complicações crônicas como
hipertensão arterial, distúrbios da visão e da audição e grande número de lesões da
mucosa bucal associadas à má condição de saúde bucal. Ressaltaram a
necessidade de mais informação e maior controle do diabetes mellitus em relação às
doenças sistêmicas e da cavidade bucal, ligadas diretamente às complicações
metabólicas que dificultam a prevenção e a cura.
O objetivo do estudo de Vasconcelos, et al. (2008) foi verificar a prevalência
das lesões superficiais da mucosa da cavidade bucal em pacientes diabéticos. A
amostra foi constituída de 30 pacientes. Para a obtenção dos resultados foram
realizados
exames clínicos
criteriosos
e
exames complementares quando
necessário. Dos 30 indivíduos, 93,3% eram portadores de diabetes tipo 2. Nove
(30%) eram do sexo masculino e 21 (70%), do sexo feminino. Dos pacientes
estudados, 40% tinham idade até 60 anos e 60% possuíam idade superior. Foram
diagnosticados 13 diferentes tipos de alterações da mucosa em diversas regiões,
dentre elas: varicosidade lingual, candidíase eritematosa, queilite angular, úlcera
traumática, língua fissurada, hiperplasia gengival, mucocele, xerostomia, petéquias,
hiperceratose e atrofia das papilas linguais. sendo a varicosidade lingual (36,6%) e a
candidíase (27,02%) as mais prevalentes. Tais alterações podem estar relacionadas
14
ao fato de serem achados semiológicos comuns em pacientes senis e também ao
uso prolongado de próteses. A xerostomia foi diagnosticada em apenas um paciente
divergindo da maioria dos estudos observados na literatura. A maioria dos pacientes
diabéticos (80%) apresentou pelo menos um tipo de lesão da mucosa bucal.
As periodontites relacionadas a doenças sistêmicas são causadas pela placa
bacteriana e também exacerbadas pela condição oral do paciente. Verardi et al.
(2009), realizaram uma revisão de literatura abordando a relação e a influência da
doença periodontal no fator
sistêmico do paciente diabético, e por sua vez, a
influência do diabetes mellitus no desenvolvimento e progressão da doença
periodontal. Concluíram que: o diabetes mellitus é um fator de importância na
incidência e prevalência da doença periodontal, assim como a doença periodontal
pode ter influência sobre o controle metabólico do diabetes mellitus. O tratamento
periodontal parece contribuir para a melhoria do controle glicêmico de indivíduos
diabéticos e com doença periodontal.
Silva et al. (2010) avaliaram a organização do atendimento aos indivíduos
com diabetes mellitus, usuários do SUS, a partir dos dados das condições
periodontais apresentadas por este grupo, em Belo Horizonte (MG). Para tanto, uma
amostra representativa de trezentos indivíduos foi selecionada para avaliação clínica
e entrevista. Foram realizadas entrevistas também com os gerentes de unidades de
saúde. Dos avaliados, 55% apresentaram gengivite, 35,3%, periodontite e 9,7%
eram saudáveis. Em relação à integralidade da atenção ao diabético no SUS, pôdese observar que, apesar da maioria estar sob acompanhamento médico, somente
27,3% dos pacientes estavam sob tratamento odontológico na rede básica, 3,6%
recebiam atendimento especializado em odontologia e apenas 3,4% eram atendidos
por outros profissionais da saúde. Concluem que o atendimento interdisciplinar e a
atenção em todos os níveis do sistema são fatores essenciais para a integralidade
das ações em saúde.
15
3 ATENÇÃO MULTIDISCIPLINAR AO PACIENTE DIABÉTICO
3.1 Objetivos
Objetivo geral: promover assistência integral a pacientes diabéticos na ESF
47, através da retomada das ações da equipe, que estavam paralisadas.
Objetivos específicos: identificar os pacientes diabéticos e saber se estão em
acompanhamento pela equipe, incentivar a prática rotineira de atividades físicas,
promover a interação entre a equipe e entre os profissionais do NASF na atenção
ao
paciente
diabético,
reativação
de
ações
educativas
com
orientação
multiprofissional.
3.2 Descrição da atividade
A unidade da ESF 47 do Jardim Água Boa passou por um período de reforma
de 10 meses e os profissionais atendiam a população adscrita em outra unidade.
Nesse período, as atividades do Hiperdia não foram realizadas por falta de espaço
físico, pelo fato da distância e por incompatibilidade no cronograma.
Retornarmos para a unidade em fevereiro de 2011 e em março recomeçamos
as reuniões com os pacientes hipertensos e diabéticos em uma visão
interdisciplinar. Todos os pacientes presentes passam pela consulta com a
enfermeira, com a médica e também com o cirurgião dentista para avaliação
odontológica. Os pacientes diabéticos que não compareceram às reuniões
receberam visita domiciliar do cirurgião dentista para exame oral a fim de realizar
um futuro planejamento odontológico desses pacientes.
Ativamos o ciclo de atividades educativas com diferentes profissionais:
fisioterapeuta, assistente social, médico, enfermeira, cirurgião dentista e atenção
farmacêutica.
Incentivo a realização de atividades físicas. O grupo de caminhada se reúne
toda segunda e quinta feira; a pressão dos participantes é aferida, realizamos o
alongamento, em seguida a caminhada e depois alongamos novamente. Toda a
16
equipe procura participar da caminhada, bem como os profissionais do NASF:
fisioterapeutas,
psicóloga,
assistente
social
e
nutricionista.
O
horário
do
alongamento é aproveitado para algumas orientações.
Figura 1 Participantes do grupo de caminhada
Os participantes do grupo de caminhada estão bastante motivados, pois além
do bem estar físico, há o benefício psicológico, aumentam o círculo de amizades e o
exercício se torna uma atividade prazerosa. Apesar do grupo de caminhada ter um
bom número de participantes, o número de diabéticos que caminha conosco
rotineiramente ainda é baixo. A fisioterapeuta do NASF participou do ciclo de
palestras na reunião do Hiperdia, convidou os diabéticos a participarem do grupo,
mas somente vinte diabéticos aderiram ao programa de caminhada.
O aumento no número de participantes diabéticos nas atividades da unidade
como Hiperdia e grupo de caminhada, dependerá do empenho contínuo da equipe,
pois a mudança de hábitos é uma atitude que requer tempo e dedicação. Embora a
17
nutricionista aproveite o alongamento para dar algumas orientações nutricionais, os
pacientes relutam em trocar alguns alimentos por outros mais saudáveis. Será
necessário que a equipe sempre tenha motivação para transmitir e frisar
constantemente as boas práticas de saúde aos pacientes diabéticos. Futuramente
podemos buscar outras estratégias para conscientizar esses pacientes a controlar a
glicemia, como por exemplo, jogos educativos.
Figura 2 Participantes do Hiperdia com a equipe de ESF e equipe do NASF
18
4
Avaliação
odontológica
dos
pacientes
diabéticos
da
área
47
de
Dourados/MS
4.1 Objetivos
Objetivo geral: averiguar as condições de saúde oral dos 130 pacientes
portadores de diabetes mellitus da área da ESF 47 da cidade de Dourados/MS.
Objetivos específicos:
Classificar esses pacientes por gênero, idade e qual o tipo de diabetes
mellitus.
Verificar quais pacientes estão sendo acompanhados pela equipe de ESF.
Identificar as condições de saúde oral desses pacientes; se são desdentados
totais ou dentados; verificar a higiene e se necessitam de tratamento odontológico.
Observar se existe correlação entre a taxa de glicemia e doenças
periodontais.
4.2 Metodologia
Pesquisa descritiva com abordagem quantitativa.
A coleta de dados ocorreu na unidade de saúde da ESF; alguns pacientes
desdentados totais que não puderam comparecer na unidade foram examinados
nas suas próprias residências. A amostra consistiu em 104 pacientes diabéticos, os
demais não puderam comparecer para avaliação ou não foram encontrados. O
período da avaliação foi entre abril/2011 a agosto/2011.
Instrumento de coleta de dados: foi realizada uma entrevista, conforme anexo,
através de roteiro fechado sobre: gênero, idade, qual o tipo de diabetes mellitus,
quando foi a última vez que compareceu ao dentista para tratamento odontológico,
se escova os dentes e quantas vezes, se utiliza o fio dental e se está tendo
acompanhamento da unidade no programa HIPERDIA.
19
O exame odontológico foi realizado pela própria pesquisadora sob luz natural,
utilizando espelho bucal, gazes e sonda periodontal com ponta ativa de 0,5 mm de
diâmetro. Esse exame teve por finalidade observar presença ou não de cáries e
cálculos, observação de lesões na mucosa oral, necessidade de tratamento
odontológico e a higiene oral. Para o exame de sangramento gengival, a sonda foi
inserida com o mínimo de pressão e percorrida suavemente pelo sulco gengival,
analisando os seis dentes-índice, segundo o método do Índice Periodontal
Comunitário (PINTO, 2000).
O índice de placa bacteriana a ser utilizado é o de Turesky, Gilmore e
Glickman (PINTO, 2000) após os dentes serem corados com o corante verde
malaquita.
Para a verificação da glicemia foram utilizados os dados do prontuário. Foi
considerado o exame mais recente.
4.2.2 Considerações Éticas
O pesquisado foi informado sobre o objetivo da pesquisa e esclarecido sobre
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foi garantido ao
entrevistado o sigilo absoluto das informações prestadas, bem como o direito de
desistir a qualquer momento.
5 Resultados e Discussão:
Dos 104 pacientes avaliados, 63 pacientes são do gênero feminino e 41
pacientes são do gênero masculino. Porém, do total de 130 pacientes diabéticos, 60
são do gênero masculino (46,154%) e 70 pacientes (53,846%) são do gênero
feminino. Essa proporção é equilibrada, já que na área 47 temos mais indivíduos do
gênero feminino (1779) que do masculino (1597).
Dos 104 pacientes avaliados, 47 possuíam prótese total superior e inferior, ou
seja, eram desdentados totais.
20
desdentados
dentados
Gráfico 1 – Pacientes diabéticos dentados e desdentados.
A quantidade de pacientes desdentados chama bastante atenção, pois
é quase a metade da população dos pacientes diabéticos pesquisados (45,19%).
Mas é condizente com a idade dos pacientes pesquisados. A faixa etária da maioria
dos pacientes diabéticos é a de 60-70 anos, cujos pacientes conheceram uma
odontologia bem diferente da que praticamos atualmente.
Conforme observamos no gráfico 2 abaixo, o número de pacientes por
faixa etária dos 130 pacientes diabéticos é: Até 20 anos (2 pacientes); De 20 a 30
anos (03 pacientes); De 30 a 40 anos (1 paciente); De 40 a 50 anos (18 pacientes);
De 50 a 60 anos (34 pacientes); De 60 a 70 anos (42 pacientes); De 70 a 80 anos
(20 pacientes) e acima de 80 ( 10 pacientes).
21
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
idade
até 20- 30- 40- 50- 60- 70- 80
20 30 40 50 60 70 80
Gráfico 2 - faixa etária dos pacientes diabéticos
Entre os pacientes desdentados totais foram encontradas algumas lesões:
Hiperplasia do rebordo alveolar – 5 pacientes; Nódulos no rebordo alveolar – 2
pacientes; Candidíase no palato – 6 pacientes; Úlcera lábio inferior – 1 paciente;
Ulceração rebordo alveolar – 2 pacientes.
Do total de 104 pacientes diabéticos entrevistados, cinqüenta participam do
programa Hiperdia e 54 relataram que não participam. Embora muitos pacientes
realmente estejam impossibilitados de comparecer no Hiperdia, observamos que é
necessário um maior empenho da equipe para aumentar a adesão dos pacientes
diabéticos nesse acompanhamento tão importante para a saúde.
Para a verificação da glicemia foram utilizados os dados do prontuário.
Foi considerado o exame mais recente. Conforme observamos no gráfico 3 a
maioria dos pacientes apresentaram taxas de glicemia não controladas. Somente
três pacientes diabéticos apresentaram glicemia até 80 mg/dl; 14 pacientes
apresentaram glicemia entre 80 a 100 mg/dl; 21 pacientes apresentarem glicemia
entre 100-120 mg/dl; 16 diabéticos apresentaram glicemia entre 120-150 mg/dl; 23
22
pacientes apresentaram glicemia entre 150-200 mg/dl; 13 diabéticos apresentaram
glicemia entre 200-250 mg/dl; 6 pacientes apresentaram glicemia entre 250-300
mg/dl; 2 pacientes estavam com glicemia entre 300-400 mg/dl; 2 pacientes
apresentaram glicemia entre 400-500 mg/dl e um paciente estava com glicemia
acima de 500 mg/dl. Três prontuários não apresentaram dados sobre a glicemia.
25
20
15
Glicemia
10
5
0
até
80
120150
250300
acima
500
Gráfico 3 - Glicemia dos pacientes diabéticos
Na área da ESF 47 de Dourados/MS temos três pacientes com diabetes
mellitus Tipo I, embora tenha conseguido examinar dois desses pacientes, pois um
paciente trabalha e não pôde comparecer na unidade.
Em relação ao questionamento sobre o número de escovações realizadas:
Quatro pacientes desdentados totais relataram que não escovavam a boca, embora
um deles tenha relatado que escova bem as próteses totais. Dezenove pacientes
disseram que escova somente uma vez ao dia; quarenta pacientes responderam
que escovam duas vezes ao dia; Trinta e um pacientes disseram que escovavam
três vezes ao dia e somente uma pessoa relatou que escovava quatro vezes ao dia,
conforme se observa no gráfico 4.
23
50
40
30
20
10
0
0
1 x
2x
3x
4x
Gráfico 4 – Número de Escovações realizadas pelos pacientes diabéticos
Foi realizado o Índice Periodontal Comunitário (IPC), como observamos no
gráfico abaixo, que utiliza os dentes índices: 17,16,11, 26, 27, 36, 37, 31, 46 e 47.
Classifica os escores: 0-sem problemas periodontais 1 – sangramento gengival, 2 –
cálculo, 3 - Bolsa de 4-5 mm e 4- Bolsa de 6 mm ou mais. A situação mais grave é
codificada (PINTO, 2000).
30
25
20
15
IPC
10
5
0
0
1
2
3
4
Gráfico 5 – Índice Periodontal Comunitário dos pacientes diabéticos
24
De acordo com o gráfico, os resultados obtidos foram: 6 pacientes receberam
escore 0; dois pacientes receberam escore 1; 10 pacientes receberam escore 2; 27
pacientes receberam escore 3; 11 pacientes receberam escore 4 e um paciente não
foi classificado, pois devido ausências dos dentes-índices, os sextantes foram
classificados como nulos.
Segundo Pinto (2000), o IPC permite estabelecer uma programação do
trabalho na unidade de saúde. Assim, os pacientes que receberam escores 1, 2, 3 e
4 necessitam de acompanhamento odontológico (instruções de saúde oral, profilaxia
ou raspagem) e os pacientes que receberam escores 4 necessitam de intervenções
mais complexas. Sendo assim, observamos que apenas seis pacientes não
necessitarão dos cuidados periodontais do cirurgião dentista.
Verificamos também que do total de 57 pacientes dentados, 30 pacientes
possuíam lesões de cárie e também necessitavam de tratamento odontológico
restaurador.
Os pacientes dentados foram corados com o corante verde malaquita para
evidenciação de placa bacteriana e foi utilizado o Índice de Placa de Turesky,
Gilmore e Glickman (PINTO, 2000), que examina as superfícies vestibular e lingual
de cada dente e classifica pelos escores:
0 – Nenhuma placa; 1 – Faixa descontínua de placa na cervical;
2 – Faixa contínua de até 1mm na cervical; 3 - Faixa mais larga que 1mm, mas
menor que 1/3 da superfície;
4 – Placa cobrindo entre 1/3 e 2/3 da superfície; 5 -`Placa cobrindo 2/3 ou mais da
superfície.
Obtém-se o índice pela divisão do total de escores atribuídos, pelo número total de
superfícies examinadas, com uma amplitude possível de 0 a 5.
25
Figura 3 – Dentes corados com corante verde malaquita
Conforme observado no gráfico 6, apenas dois pacientes diabéticos
apresentaram índices de placa entre 0-1; nove pacientes apresentaram índices de 12; dezesseis pacientes foram classificados com índices de 2-3; vinte e três pacientes
possuíam índices de 3-4 e sete pacientes tinham índice de 4-5.
25
20
15
I placa
10
5
0
0-1
1a2
2a3
3a4
4a5
Gráfico 6 – Índice de Placa dos pacientes diabéticos
26
Apesar da maioria da população estudada relatar que escovava os dentes
pelo menos duas vezes por dia, observamos que não é condizente com o alto Índice
de Placa relacionado. Verificamos que é necessário ensinar aos pacientes
diabéticos uma técnica mais adequada de escovação.
Dos 08 pacientes dentados com glicemia até 100 mg/dl, um paciente teve IPC
considerado nulo por falta dos dentes índices; quatro possuíam IPC 3 e três
apresentaram IPC 2 Porém, observamos que os pacientes que apresentaram IPC3
também tinham alto índice de Placa.
Dos seis pacientes que apresentaram IPC 0, três apresentaram glicemia 120150 mg/dl e Índice de placa de 1 a 2; dois pacientes apresentaram glicemia de 80100 mg/dl e Índice de placa de 2 a 3 e um paciente apresentou glicemia de 250
mg/dl e Índice de placa de 4 a 5. Segue abaixo tabela com IPC e as respectivas
glicemias dos pacientes.
Glicemia
Até
IPC 0
IPC 1
100 2
IPC 2
IPC 3
IPC 4
3
4
3
4
2
1
2
3
3
5
3
8
2
2
1
mg/dl
100-120
2
mg/dl
120-150
3
mg/dl
150-200
mg/dl
200-250
1
mg/dl
250-300
mg/dl
300-400
1
400-500
Mais
de
500 mg/dl
1
27
Tabela 1 – IPC encontrado nos pacientes diabéticos dentados da ESF 47
Dourados/MS
Podemos observar que há pacientes com glicemias controladas e com IPC 2
e 3, porém as maiores glicemias foram encontradas em pacientes com IPC 3 e 4.
Segue abaixo tabela de Índice de Placa encontrado nos pacientes diabéticos
da área 47 de Dourados/MS.
Glicemia
I placa 0-1
I placa 1-2
mg/dl
Até 100
2
100-120
3
120-150
4
150-200
1
200-250
250-300
1
Índice
Índice
placa 2-3
placa 3-4
2
1
5
2
I placa 4-5
1
2
3
6
5
1
2
6
1
3
300-400
1
1
400-500
Acima
de
1
500
Tabela 2 – Índice de Placa dos pacientes diabéticos dentados da ESF 47 de
Dourados/MS
Apesar de observarmos que alguns pacientes com glicemia controlada
apresentaram Índice de Placa 3, 4 e 5, os valores de glicemia mais altos estão
relacionados a Índices de Placa elevados.
Todos os pacientes (dentados e desdentados) receberam instruções de
higiene oral e foram fornecidos escova e creme dental. Dos 57 pacientes dentados
foram concluídos 39 tratamentos odontológicos.
28
5 Conclusões
A promoção integral da saúde do paciente diabético depende da assistência
multiprofissional e dependerá do empenho contínuo da equipe, pois a mudança
de hábitos é uma atitude que requer tempo e dedicação
O controle das taxas de glicemia do paciente diabético depende de vários
fatores, entre eles o controle da saúde periodontal. Esse trabalho permitiu
relacionar maiores índices de placa e problemas periodontais com taxas mais
elevadas de glicemia nos pacientes diabéticos da ESF 47.
A avaliação odontológica permitiu conhecer os pacientes diabéticos da área
da ESF 47 e proporcionou o planejamento do tratamento odontológico desses
pacientes.
Serão necessários maiores estudos
após o término dos tratamentos
odontológicos para avaliação dos resultados; Assim como será necessária
reavaliação depois de um período mais longo atuando em uma visão
multidisciplinar.
29
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São Paulo• 93.
31
APÊNDICE A – ROTEIRO DE PESQUISA
Questões:
- Gênero
- Qual a data de nascimento?
- Qual a última vez que foi ao dentista? Terminou o tratamento odontológico?
- Possui escova de dentes?
- Escova os dentes? Quantas vezes por dia?
- É insulino-dependente?
- A doença se manifestou em qual idade?
- Utiliza fio dental? (se dentado)
- Está participando do programa HIPERDIA?
32
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O presente termo refere-se a
um convite a participação do(a)
Sr.(a)_______________________________________________________________
__,a participar como sujeito da pesquisa intitulada: Avaliação odontológica de
pacientes diabéticos em uma Estratégia de Saúde da Família de Dourados/MS. A
pesquisa tem como objetivo abordar as condições de saúde oral do paciente com
diabetes mellitus da área da Estratégia de Saúde da Família 47. A pesquisa será
realizada pela pesquisadora Sandra Regina Imada Akimura. No estudo sua
identidade será mantida em sigilo. O benefício da pesquisa será poder contribuir
para um estudo científico que mostrará a realidade da saúde bucal do paciente
diabético da ESF 47. Desta maneira, terá a possibilidade de saber como está sua
saúde oral e a necessidade de tratamento odontológico. Não haverá nenhuma forma
de pagamento pela participação no estudo e caso se recuse a participar, sua
vontade será respeitada. O risco em participar dessa pesquisa é sentir algum
constrangimento. Caso isso ocorra poderá interromper a pesquisa a qualquer
momento.
Ao término da pesquisa será realizada uma devolutiva dos resultados para os
sujeitos envolvidos na mesma.
Os resultados da pesquisa serão apresentados em um artigo e poderão ser
publicados e apresentados em eventos científicos.
Assim, se o(a) Sr.(a) aceitar o convite para participar da pesquisa, por favor,
preencha os espaços abaixo:
Eu,_____________________________________, RG__________________,
fui devidamente esclarecido sobre o projeto de pesquisa acima citado e aceito o
convite para participar.
_________________________________________
Dourados, ____, de _______________ de 2011.
_________________________________________
Sandra Regina Imada Akimura
Telefone da pesquisadora para contato caso surjam dúvidas: (67) 8124 1676 –
3422 3775 – 3427 2078 – 3424 2279.
Maiores informações podem ser obtidas no CEP/UNIGRAN.
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