Universidade do Vale do Paraíba Faculdade de Educação e Artes VALTER DE SOUZA CAMPOS ADAPTAÇÃO E ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DA STACHYS BYZANTINA CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPÔNICO São José dos Campos, SP. 2012 Valter de Souza Campos ADAPTAÇÃO E ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DA STACHYS BYZANTINA CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPÔNICO Projeto de relatório final apresentado como parte das exigências da Disciplina Trabalho de Graduação à Banca Avaliadora do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação e Artes da Universidade do Vale do Paraíba. Orientador: Dr. Leonardo Freire de Mello São José dos Campos, SP. 2012 VALTER DE SOUZA CAMPOS ADAPTAÇÃO E ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DA STACHYS BYZANTINA CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPÔNICO Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial à obtenção da Graduação em Ciências Biológicas, na Faculdade de Educação e Artes da Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, pela seguinte banca examinadora: Profª. Dra. Walderez Moreira Joaquim ____________________________ Profª. Desire Spada Santos Frangioni _____________________________ Prof. Dr. Milton Beltrame Junior Diretor da Faculdade de Educação e Artes - UNIVAP São José dos Campos, 01 de novembro de 2012. Agradecimentos Agradeço a Deus pela dádiva da vida, pela força que me dá para continuar todas as vezes que eu penso em desistir e por toda capacitação pessoal. A minha esposa Rosana Campos, pela paciência, carinho, dedicação, e principalmente, por sempre acreditar em mim, e toda a minha família que esteve sempre ao meu lado. Ao meu orientador, o Prof. Dr. Leonardo Freire de Mello, pelas valiosas sugestões, pela amizade, confiança e disposição e, também a Profª Dr. Liliana Pasin, pela amizade, incentivo e apoio depositado em mim na escolha do tema. Ao Biólogo Joaquim Siqueira dos Santos pelo apoio, ajuda, pelas valiosas informações oferecidas e por fornecer os materiais utilizados no experimento. E por fim, a todos os meus amigos e colegas que colaboraram para que esse trabalho fosse realizado. “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome”. Mahatma Gandhi Resumo O sistema hidropônico é uma alternativa para reduzir os impactos ambientais e produzir alimentos saudáveis em pequenos ambientes urbanos. Com esse enfoque, avaliou-se a produção de pulmonária (Stachys byzantina) cultivada em sistema hidropônico com solução nutritiva utilizada para hortaliças e folhagens, com objetivo de verificar aspectos como quantidade e tamanho de folhas, presença de tricomas e crescimento e altura das plantas. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos de mudas pré-tratadas, com duas repetições, constando de 3 tratamentos: T1 = substrato, T2 = terra, T3 = testemunho em controle, e os tratamentos foram comparados com mudas de Stachys byzantina cultivadas em solo. Foi observado que ocorreu aumento da quantidade e tamanho das folhas e redução na quantidade de tricomas das plantas. O sistema hidropônico se mostrou viável para o cultivo de Stachys byzantina. Palavras chave: Lamiaceae, hidroponia, plantas medicinais, pulmonária. Abstract Adaptation and morphological changes of the Stachys byzantinain in hydroponic system. The hydroponic system is an alternative to reduce environmental impacts and produce healthy food in small urban environments. With this approach, we evaluated the production of lungwort (Stachys byzantina) grown hydroponically with nutrient solution used for growing vegetables and foliage, in order to verify aspects such as quantity and size of leaves, trichomes and growth and plant height. The experimental design was a split seedlings pretreated with two replications, consisting of 3 treatments: T1 = substrate, T2 = earth, T3 = testimony in control, and treatments were compared with seedlings grown in soil Stachys byzantina . It was observed that there was an increase in the amount and size of the leaves and reduced number of trichomes of the plant. The hydroponic system proved viable for growing Stachys byzantina. Keywords: Lamiaceae, hydroponics, medicinal plants, lungwort. Lista de Figuras Figura 1A: Formação de raiz nas mudas de Stachys byzantina em estufa 9 Figura 1B: Mudas de Stachys byzantina transferidas para hidroponia 9 Figura 3: Mudas de Stachys byzantina em hidroponia submetidas a diferentes 11 substratos Figura 4: Comparação do limbo de Stachys byzantina A) Tradada em solo B) 11 Submetida a tratamento T1 Figura 5: Comprimento do limbo da Stachys byzantina submetida a tratamento T1 12 após 60 dias de experimento Figura 6: Gráfico comparativo das médias de tamanhos do limbo de Stachys 12 byzantina durante o delineamento experimental submetidos a T1 Lista de Tabelas e Quadros Tabela 1: Elementos químicos essenciais no crescimento e desenvolvimento das 6 plantas Tabela 2: Concentração de nutrientes, pH e condutividade da solução hidropônica 7 Tabela 3: Descrição dos tratamentos realizados no ensaio experimental 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1 2. OBJETIVOS 3 2.1 Objetivo Geral 3 2.2 Objetivos Específicos 3 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4 3.1 Plantas Medicinais 4 3.2 Família Lamiaceae 4 3.3 Hidroponia 5 3.4 Sistemas Hidropônicos 6 3.5 Nutrição mineral 6 4. MATERIAIS E MÉTODOS 8 4.1 Área de Estudo 8 4.2 Preparo das Mudas 8 4.3 Disposição da Mudas 8 4.4 Repetição 9 5. RESULTADOS 11 6. DISCUSSÃO 13 7. CONCLUSÃO 14 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 15 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 16 1 1 – INTRODUÇÃO A crescente urbanização tem evidenciado cada dia mais o fornecimento de alimentos e a preservação ambiental (MACHADO, 2002). Sendo assim, a cada dia têm-se buscado a adoção de técnicas de cultivo melhor adaptadas ao ambiente urbano. Além disso, também é preciso levar em consideração a crescente industrialização dos processos de plantio e cultivo vegetal, que pode acarretar em danos ao meio ambiente, relacionados à poluição do solo, água e ar. Seja em grande escala, como na produção de álcool, açúcar e transgênicos ou em escalas menores como na fabricação de medicamentos e até da agricultura urbana, métodos industriais, mecânicos, eletrônicos e tecnológicos vem sendo amplamente utilizados (MACHADO, 2002). O avanço da tecnologia tem rompido fronteiras e ampliado, a cada dia, a visão de pesquisadores e fabricantes sobre a utilização de plantas, flores e frutos na indústria em geral. A biotecnologia tem proporcionado avanços consideráveis em processos agrícolas, basta olhar para os transgênicos ou para a vasta exploração farmacêutica e cosmética ante ao universo que o reino vegetal nos oferece. As técnicas agrícolas, mesmo quando empregadas em pequena escala, devem ser realizadas de forma a abranger métodos de produção que não prejudiquem o meio ambiente ou reduzam ao mínimo os impactos causados e, ao mesmo tempo, forneçam produtos de qualidade (ARAÚJO, 2008). Deste modo, a hidroponia pode ser considerada como alternativa ao cultivo no solo, apresentando inúmeras vantagens como o uso racional da água e fertilizantes, a redução da aplicação de defensivos agrícolas e a menor demanda de área (ARAÚJO, 2008). Existem diversos sistemas hidropônicos, que a princípio apresentam a mesma base de funcionamento, a nutrição através de uma solução aquosa, o que os difere são as estruturas empregadas na sua instalação (DOUGLAS, 1987). A Stachys byzantina, popularmente conhecida como Pulmonária, Peixinho ou Orelha de Lebre, é uma planta Xerófita nativa do Norte da Turquia, do Irã e da região montanhosa do Cáucaso, onde ela cresce principalmente em encostas montanhosas (OLIVEIRA, 2009). Mesmo sendo uma planta típica de climas quentes, a Stachys byzantina não tolera sol em excesso nem ambientes muito secos, assim como não tolera, também, ambientes encharcados. Por isso, ela não teve complicações para se adaptar ao clima temperado do Brasil (OLIVEIRA 2009). 2 Seu nome refere-se à coloração e textura das folhas, sendo que as mais novas são quase brancas e as maduras apresentam um verde acinzentado. 3 2 – OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Demonstrar as mudanças ocorridas na morfologia da Stachys byzantina quando cultivada em hidroponia comparado com exemplares cultivados em solo. 2.2 Objetivos Específicos Analisar a viabilidade da produção de Stachys byzantina em processo hidropônico. Analisar as respostas fisiológicas da Stachys byzantina quando submetida ao cultivo em hidroponia. Comparar o crescimento da planta cultivada em hidroponia com a planta cultivada em solo. Verificar aspectos de quantidade e tamanho de folhas, presença de tricomas e altura das plantas. 4 3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Plantas Medicinais A utilização de plantas em tratamentos medicinais já é adotada há milhares de anos. Porém hoje com o avanço da tecnologia e a busca por conhecimentos mais aprofundados sobre a fisiologia de diversas plantas, essa técnica tem sido a cada dia mais apurada e mais utilizada pelo homem (ARAÚJO, 2008). Desde os primórdios o homem já fazia uso de plantas para fins curativos e preventivos, onde usava a planta em forma de chás, extratos e até mesmo in natura, consumindo estruturas como o limbo, casca, raízes e sementes (CARNEIRO, 2009). Uma das fontes de diversas pesquisas é oriunda da utilização de compostos e substâncias utilizadas pelas plantas, em sua fisiologia, como principio ativo para tratamento de diversos males e doenças (BELLINELLO, 1978). Acredita-se que pode ser possível aumentar o poder do principio ativo de uma planta tornando-a, assim, muito mais eficiente no tratamento direto, tanto como no fornecimento de matéria prima para fabricação de fármacos, alterando o ambiente em que a planta é submetida, favorecendo condições para seu desenvolvimento (MARTINEZ, 1999). 3.2 Família Lamiaceae Muitas das plantas utilizadas industrialmente hoje pertencem à família das Lamiaceae e são usadas para extração de óleos essenciais, aromatizantes, corantes e, principalmente, usadas na alimentação (CUPPET & HALL et al, 1998). Podemos destacar as espécies de alecrim (Rosmarinus sp.), sálvia (Salvia sp.), orégano (Origanum sp.), tomilho (Thymus sp), manjericão (Ocimun sp.) e menta (Mentha sp.) que, dentre outras, são estudadas devido às suas propriedades antioxidantes, antimicrobianas, medicinais, indústrias (óleos e essências) e alimentares (ARAÚJO, 2011). Entre as características marcantes desta família estão o aroma que suas espécies possuem como, por exemplo, a hortelã (Mentha piperita) e presença de tricomas (ARAÚJO, 2011). 5 A família Lamiaceae consiste em aproximadamente 3.500 espécies que são nativas principalmente na área do Mediterrâneo, embora algumas tenham origem na Austrália, no Sudeste da Ásia e na América do Sul (CUPPETT & HALL et al, 1998). De maneira geral, os integrantes desta família são cosmopolitas, podendo se apresentar sob a forma de ervas, arbustos ou árvores. Só o Brasil é detentor de 23 dos 258 gêneros e de 232 destas espécies, o que configura uma biodiversidade respeitável (ARAÚJO, 2011). 3.3 Hidroponia O termo hidroponia deriva de duas palavras gregas: hydro, água e ponos, trabalho, e sua junção significa trabalho na água ou cultivo na água (ALBERTONI, 1998). Segundo Martins (2003) o cultivo hidropônico é uma prática onde as plantas podem ser cultivadas com as raízes suspensas no seio d’água - Cultura em Água, suspensas no ar úmido Aeroponia, ou ancoradas num Substrato ou Meio de Cultura. Todos os sistemas de cultivo sem solo têm o objetivo de nutrir as plantas através de uma solução preparada com os elementos balanceados e essenciais ao desenvolvimento do vegetal. A hidroponia vem sendo estudada há muitos séculos, em paralelo a nutrição mineral das plantas. Desde então, o solo vem sendo gradativamente substituído por outros substratos de crescimento (MARTINEZ, 1999). Em 1699, John Woodward, na Inglaterra, começou a observar o modo como as plantas captavam seus nutrientes. O ensaio era composto por plantas cultivadas em água com diversas proporções de solo e, concluiu que à medida que aumentava a quantidade de solo, o crescimento da planta aumentava gradativamente e que, portanto, estas eram formadas não só de água, mas também de nutrientes do solo, dissolvidos na água. (MARTINEZ, 1999; MARTINEZ; SILVA-FILHO, 2006). Estudos que tornaram possível o desenvolvimento de uma planta cultivada em hidroponia, foram realizados pelos alemães Sachs e Knop, entre os anos de 1859 e 1865, o experimento era composto por uma solução nutritiva preparada com macronutrientes já conhecidos naquele tempo: N, P, K, Ca, Mg e S. Após alguns anos os micronutrientes (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn e Ni) foram sendo descobertos gradativamente (MARTINEZ, 1999). Desde então, a hidroponia vem crescendo e despertando interesse tanto no âmbito científico, com o aperfeiçoamento de novas técnicas, como no comercial, investindo na produção de plantas hidropônicas. E, através do avanço no conhecimento dos aspectos 6 nutricionais das plantas e dos sistemas de cultivo, o próximo passo é difundir as propostas da cultura sem terra entre mais produtores e consumidores (MARTINEZ, 1999). 3.4 Sistemas Hidropônicos A hidroponia pode ser dividida em dois sistemas básicos: ativo e passivo. Os sistemas ativos, em geral, necessitam de uma bomba para realizar a circulação da solução, e grande parte deles também conta com um sistema de aeração. Dentre os mais conhecidos estão: Sistema NFT (Nutrient Film Technique), Leito flutuante (Floating), Sub-irrigação, Gotejamento e Aeroponia. No sistema passivo, a solução nutritiva permanece estática, e é transportada para o meio de cultivo, seguindo para as raízes das plantas através de pavios por capilaridade, sendo o método mais utilizado, o Sistema de Pavio ou Capilaridade (MARTINS, 2003). 3.5 Nutrição Mineral A nutrição dos vegetais está relacionada à micro e macro nutrientes, elementos químicos que são indispensáveis no ciclo de vida do vegetal, sendo 16 deles, essenciais para o crescimento e produção das plantas, conforme mostra a Tab. 1. Tabela 1: Elementos químicos essenciais no crescimento e desenvolvimento das plantas (ALBERTONI, 1998). Carbono C Magnésio Mg Hidrogênio H Manganês Mn Oxigênio O Ferro Fé Nitrogênio N Zinco Zn Fósforo P Boro B Potássio K Cobre Cu Cálcio Ca Molibdênio Mo Enxofre S Cloro Cl Segundo Albertoni (1998), esses elementos podem ser divididos conforme a sua origem: Orgânicos: C, H e O providos da água e do ar. 7 Minerais macronutrientes: N, P, K, Ca, Mg e S. Minerais micronutrientes: Mn, Fe, B, Zn, Cu, Mo e Cl. Segundo Boaretto e Silva (2004), através do sistema radicular, o vegetal absorve todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento, sendo que cada um dos macro e micronutrientes exercem, pelo menos, uma função dentro do vegetal e a sua deficiência ou excesso provoca sintomas de carência ou de toxidez, característicos (TEIXEIRA, 1996). Sendo assim, é preciso que haja sempre um controle dos nutrientes disponibilizados às plantas, para que esses não prejudiquem o crescimento e desenvolvimento dos vegetais. No caso da hidroponia, é possível controlar com precisão a incidência de cada um desses elementos na planta. A solução hidropônica utilizada foi a mesma encontrada comercialmente, e sua composição encontra-se descrita na Tab. 2. Micronutrientes Macronutrientes Tabela 2: Concentração de nutrientes, pH e condutividade da solução hidropônica (fabricante). Composto Químico Concentração (g/L) Nitrato de Cálcio 0,75 Nitrato de Potássio 0,5 Sulfato de Magnésio 0,5 Fosfato de Monoamônio (MAP) 0,15 Quelato de Ferro 0,14 Ácido Bórico 0,0015 Sulfato de Manganês 0,0015 Sulfato de Zinco 0,0005 Sulfato de Cobre 0,00015 Molibdato de Sódio 0,00015 pH 5,3 Condutividade elétrica (mS. Cm¹) 1,62 8 4 – MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Área de Estudo O experimento foi conduzido no período de fevereiro a julho de 2012 no Viveiro de Plantas Medicinais e no Cultivo Hidropônico do Centro de Estudos da Natureza (CEN), do Campus Urbanova da Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP, localizado no município de São José dos Campos, SP (23°12’50”S; 45°56’48”W). 4.2 Preparo das mudas A Stachys byzantina foi cultivada em sistema NFT (Nutrient Film Technique) ativo de hidroponia e posterior comparado com plantas cultivadas em solo. As mudas de Stachys byzantina utilizadas no experimento foram obtidas por estaquia de pequenas mudas, retiradas da região apical de plantas jovens. Foi utilizado o sistema comum de cultivo hidropônico para folhagens, através de espuma fenólica imersa em solução hidropônica convencional, com um prévio preparo das mudas antes de serem inseridas na hidroponia. Consistiu em colocar uma pequena quantidade de substrato no interior da espuma fenólica e inserir a muda. O substrato consiste em uma mistura de fertilizantes orgânicos, areia fina e farinha de Salvinia auriculata, uma macrófita comumente encontrada em regiões lacustres. O pré-tratamento é indicado neste experimento para que haja fornecimento de nutrientes às gemas durante seu desenvolvimento. Como não houve a propagação por semente, não há a presença de cotilédones que, naturalmente, forneceriam os nutrientes e a energia necessários para o desenvolvimento da plântula até a proliferação de raízes e a formação das primeiras folhas. 4.3 Disposição das mudas As mudas, depois de dispostas nas espumas fenólicas, foram armazenadas em uma estufa vegetal, com irrigação e incidência solar controlado por 15 dias, até que se formasse raiz e pequenas folhas (FIG. 1A) e, posteriormente, foram transferidas para o sistema hidropônico. Foram definidos 4 tratamentos conforme a tabela 3. 9 Tabela 3. Descrição dos tratamentos realizados no ensaio experimental. Tratamento T1 T2 T3 T4 Descrição Pré-tratado com substrato Pré-tratado com terra somente Sem pré-tratamento Cultivo em solo Foram utilizados 40 mudas de Stachys byzantina, dispostas em espuma fenólica de 2 x 2 cm cada, separadas em 3 tratamentos (T1, T2, e T3), cada um com 10 mudas, e mais 10 mudas plantadas diretamente no solo para comparação. Em T1, as mudas foram tratadas com substrato orgânico, que consiste em uma mistura de fertilizantes orgânicos, areia fina e farinha de Salvinia auriculata, uma macrófita comumente encontrada em regiões lacustres. Em T2, as mudas foram tratadas somente com terra, coletada aleatoriamente e T3 não recebeu nenhum tratamento, sendo inserida diretamente na espuma fenólica. Após os 15 dias em estufa, as mudas foram transferidas para o sistema hidropônico onde foram acopladas individualmente e ficaram até o momento da colheita (FIG. 1B). A B Figura 1: A - Formação de raiz nas mudas de Stachys byzantina em estufa (Campos 2012). B - Mudas de Stachys byzantina transferidas para hidroponia (CAMPOS, 2012). 4.4 Repetição Durante o período de fevereiro a julho de 2012, foram realizadas repetições do experimento utilizando o método de pré-tratamento com substrato, que se mostrou mais eficiente durante o processo de observação. Foram plantadas 30 mudas de Stachys byzantina pré-tratadas, todas obedecendo aos critérios de preparo inicial, mais 10 mudas plantadas diretamente no solo para fins de 10 comparação. Foram retiradas gemas de planta adulta, tratadas em espuma fenólica e acondicionadas em estufa por 15 dias, até que houvesse desenvolvimento das raízes. Após, foram inseridas no sistema hidropônico e submetidas à mesma solução hidropônica. 11 5 – RESULTADOS Durante o primeiro mês já foi possível perceber desenvolvimento 2 vezes mais rápido das mudas com tratamento T1 cultivadas em hidroponia, considerando plantas com altura média de 10 cm e desenvolvimento de novas folhas (FIG. 3), enquanto que no solo, as mudas apresentavam 5 cm de altura. Percebeu-se inda que não ocorreu desenvolvimento nas mudas com tratamento T2 e T3 (FIG. 3), sendo as mesmas descartadas. Figura 3: Mudas de Stachys byzantina em hidroponia submetidas a diferentes substratos (CAMPOS, 2012). Aos 60 dias as mudas do tratamento T1 apresentaram redução de tricomas. Constatouse que à medida que as folhas primárias sofriam abscisão, as secundárias apresentaram redução significativa em seus tricomas (FIG. 4). Figura 4 Figura 4: comparação do limbo de Stachys byzantina A) Tradada em solo B) Submetida a tratamento T1 (CAMPOS, 2012). Aos 60 dias do experimento, foi possível observar plantas com até 25 centímetros de altura e folhas com até 25 centímetros de comprimento (FIG. 5). 12 Figura 5 Figura 5: Comprimento do limbo da Stachys byzantina submetida a tratamento T1 após 60 dias de experimento (CAMPOS, 2012). De acordo com a figura 6, pode-se perceber a curva de crescimento da planta na hidroponia. Cm 35 30 25 20 15 10 5 0 10 30 60 90 Dias Figura 6: Gráfico comparativo das médias de tamanhos do limbo de Stachys byzantina (CAMPOS, 2012). Verificou-se ainda, que no tratamento T1, houve acréscimo no número de folhas das mudas em hidroponia, comparadas com mudas plantadas no solo. No tratamento T1, constatou-se um total de 240 folhas por indivíduos após 120 dias de experimento, enquanto que no solo constatou-se 60 folhas por indivíduo. Entre os tratamentos, foi possível observar que a relação entre o desenvolvimento da Stachys byzantina cultivada na hidroponia estava ligado ao preparo das mudas com substrato antes da mesma ser inserida ao sistema hidropônico. Percebe-se que as mudas submetidas a T1 foram as que apresentaram maior crescimento e quantidade de folhas e apresentaram diferenças bem evidentes com relação às plantas cultivadas em solo. 13 6 – DISCUSSÃO No que diz respeito ao número de folhas, as plantas submetidas à hidroponia apresentam uma média mais elevada que na planta cultivada em solo. Este resultado foi também relatado por Costa et al (2006) e Araújo (2008) quando compararam amostras de Lactuca Sativa L. (alface) cultivadas hidroponia. Segundo Martins (2012), as ótimas condições nutricionais oferecidas pelos sistemas hidropônicos podem interfir diretamente no desenvolvimento da planta. Assim, a propagação das folhas, frutos, raízes etc pode ser atenuada se o meio oferecer condições ideais (KERBAUY, 2008). O enraizamento foi mais evidente em T1 (mudas tratadas com substrato), que forneceu nutrientes necesários para as mudas emitirem raízes, o que não ocorreu em T3 (mudas dispostas direto na espuma fenólica), e em T2 (mudas tratadas com terra) acredita-se que a quantidade de terra utilizada não foi suficiente para que houvesse formação da raiz. Em sistemas hidropônicos não há necessidade de uma grande demanda de espaço para enraizamento das plantas, pois a oferta de nutrientes é abundante, o que favorece a captação dos mesmos em espaços reduzidos (TEIXEIRA, 1996). Segundo Martinez (2006), a planta que será cultivada em hidroponia necessita emitir sua raiz antes de ser inserida no sistema hidropônico, para que haja boa captação de nutrientes na fase inicial de desenvolvimento. Porém na ausência de sementes, a oferta nutricional para estacas pode ser realizada por fontes externas como solo, soluções diluídas, adubação etc. (MACHADO, 2005). Esse foi o método usado para o cultivo da Stachys byzantina. Pode-se também perceber que ocorreu aumento no comprimento das folhas, bem como visível crescimento da planta. A energia economizada nos tricomas, aliado a uma oferta ideal de nutrientes e condições fisiólogicas, favorecem a resistência basal da planta, com isso, plantas herbáceas podem apresentar crescimento verticalizado e desenvolvimento apical (TAIZ & ZEIGER 2004). Acredita-se que a redução de tricomas nas mudas de Stachys byzantina esteja relacionada com o ambiente em que a planta foi submetida. Segundo Kerbauy (2008), os tricomas podem servir como mecanismo para evitar perda excessiva de água pela planta. Como as mudas já estão em um ambiente com água em abundância, estima-se que não seria necessário a manutenção de novos tricomas, sendo assim, as novas folhas apresentariam uma quantidade menor dessas estruturas. 14 7 – CONCLUSÃO O bom desempenho alcançado na produção de Stachys byzantina hidropônica com o evidencia que essa técnica de cultivo é eficiente, visto que, em relação aos parâmetros avaliados, apresentou diferenças relevantes quando comparada a exemplar cultivado em solo. Os resultados demonstraram que o sistema atendeu de forma satisfatória as expectativas. Pode-se perceber que a planta cultivada em hidroponia apresentou crescimento mais acentuado que nos indivíduos cultivados em solo. Aspectos morfológicos como tamanho e quantidade de folhas foram elevados nas plantas em hidroponia. A ausência de tricomas nas novas folhas denotam as alterações fisiológicas que a planta apresentou em sua adaptação ao ambiente. Desta forma, conclui-se que é possível o cultivo de Stachys byzantina em hidroponia e estima-se que outras espécies da mesma família, também admitam o mesmo sistema de cultivo. 15 8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Sugere-se que novos estudos sejam realizados com o intuito de desenvolver formulações de soluções nutritivas que possibilitem a substituição do kit hidropônico, atentando para a necessidade de nutrientes do vegetal em estudo. Propõe-se também, pesquisas que avaliem a viabilidade da utilização de materiais descartáveis ou renováveis na confecção de estruturas hidropônicas, para que possam surgir alternativas de produção de alimentos utilizando metodologias sustentáveis. Considerando que a família Lamiaceae é uma das principais fornecedoras de importância medicinal, culinária, estética etc., entende-se que, uma maior exploração de seus recursos fisiológicos ligados a hidroponia pode desencadear avanços interessantes na utilização de suas espécies. Com estudos mais aprofundados da fisiologia da planta adaptada ao ambiente aquático, acompanhado de análises físico-químicas sobre biomassa, princípio ativo, captação de nutrientes e desenvolvimento anatômico, espera-se demonstrar que a planta cultivada no processo hidropônico apresente um melhor desenvolvimento não só morfológico, mas também fisiológico e a partir daí, demonstrar experimentalmente que pode ser possível fazer com que a planta produza principio ativo em maior quantidade ou um composto com maior poder atuador e, assim, aumentar o poder medicinal da planta. Estima-se que uma planta com mais principio ativo por área foliar ou com este principio atenuado, possa ser capaz de gerar mais matéria prima para produção de futuros medicamentos ou drogas com menos material coletado. Aliado a esta ideia, o processo hidropônico pode ser considerado alternativo para a produção em solo, demandando menores gastos e impactos ao meio ambiente. 16 9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBERTONI, R.B. Hidroponia. Como instalar e manejar o plantio de hortaliças dispensando o uso do solo. São Paulo: Nobel, 1998. 102p. ARAÚJO M. Lamiaceae. Disponível em http://www.infoescola.com/plantas/lamiaceae. Acesso em: 03 nov. 2011. ARAÚJO, S.D.M. Produção de alface hidropônica em sistema de pavio com aproveitamento de garrafa PET, São José dos Campos SP, UNIVAP, 2008. BELLINELLO, L. C.; ARIZA, D. Biologia pré-universitária: fisiologia vegetal. São Paulo: EDART, 1978. 143p BOARETTO, L.C.; SILVA, E.T. Viabilidade econômica da produção de hortaliças em quatro sistemas tecnológicos: campo aberto, túnel baixo, estufa e hidroponia. 2004. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Agrárias, Programa de Pós-graduação em Agronomia. Curitiba, 2004. CARNEIRO M.R.B. A Flora Medicinal no Centro Oeste do Brasil CENTRO OESTE DO BRASIL: Um Estudo de Caso com Abordagem Etnobotânica em Campos Limpo de Goiás, UniEvangélica– Centro Universitário Programa de pós-graduação em Sociedade, Tecnologia e Meio ambiente, Anápolis, Goiás, 2009. COSTA, N.E. et al. Utilização de biofertilizante na alface para o sistema hidropônico floating. Revista Verde (Mossoró - RN - Brasil) v.1, n.2, p. 41-47, julho/dezembro, 2006. CUPPETT, S. L.; HALL III, C. A. et al. Antioxidant activity of the Labiatae. Advances in Food and Nutrition Research, New York, v. 42, p. 245-271, 1998. DOUGLAS, J.S. Hidroponia: cultura sem terra. 6ª ed. Sao Paulo: Nobel, 1987. 144p. OLIVEIRA, F. GOKITHI, A. AKSUE, M. Farmacognosia, São Paulo SP, 2009. 17 KERBAUY, Gilberto Barbante. Fisiologia Vegetal. 2ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2008. 431 p MACHADO, A.T. MACHADO, C.T.T. Agricultura urbana. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2002. 25p. MARTINEZ, H.E.P. O uso do cultivo hidropônico de plantas em pesquisa. 2ª ed. Viçosa: UFV, 1999. 47p. MARTINEZ, H.E.P.; SILVA FILHO, J.B. Introdução ao cultivo hidropônico de plantas. 3ª ed. Viçosa: UFV, 2006. MARTINS, R. V. O mundo da Hidroponia. 2003. Disponível em: <www.hydor.eng.br>. Acesso em: 4 ago. 2012. Stachys byzantina – orelha-de-lebre. Disponível em <http://www.plantasonya.com.br/flores-e-folhagens/orelha-de-lebre-stachysbyzantina.html> Acesso em: 03 nov. 2011. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3. ed. Porto Alegre, Artmed. 2004. TEIXEIRA, N.T. Hidroponia: Uma alternativa para pequenas áreas. Guaíba: Agropecuária, 1996. 86p VELOSSO C.C.; WERMANN A.M.; FUSINGER T.B. Horto Medicinal Relógio do Corpo Humano. Associação Rio-grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural. Putinga, RS, 2005. Disponível em: <http://www.biodiversidade.rs.gov.br/arquivos/1159290630estudo_caso_HORTO_MEDI CINAL_RELOGIO_DO_CORPO_HUMANO.pdf> Acesso em 28 out. 2011.