UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA NAIDILENE CHAVES AGUILAR EFEITOS DE ALGUNS TENSOATIVOS SOBRE A VIABILIDADE CELULAR DE LINHAGENS CELULARES DE CÂNCER DE PULMÃO. VITÓRIA 2011 NAIDILENE CHAVES AGUILAR EFEITOS DE ALGUNS TENSOATIVOS SOBRE A VIABILIDADE CELULAR DE LINHAGENS CELULARES DE CÂNCER DE PULMÃO. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Biotecnologia, na área de concentração em Saúde. Orientador: Prof. Dr. Ian Victor Silva. VITÓRIA 2011 2 “Bom mesmo é ir a luta com determinação, Abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito boa para ser insignificante.” (Charles Chaplin) 3 AGRADECIMENTOS Á Deus, companhia constante em minha vida, que me consola me guia e me faz acreditar no caminho que escolho a cada dia, me ensinando o silêncio da razão, equilibrando minha emoção e fortalecendo minha fé. Obrigada meu Deus por nunca facilitar minha caminhada, me ensinando a saltar pelos obstáculos. Aos meus pais, Vicente e Nadia, amor inexplicável, á minha irmã Layla, pelas diferenças somos partes iguais, te amo muito. Aos meus avós Antônio, Davina e Julia, por esse amor grandioso que me aquece e faz de mim continuidade. A sempre presente tia Lilian por nunca me faltar, você é especial. As minhas amigas irmãs, que escolhi não por afinidade, mas pelas divergências, não foram poucas as vezes que discordamos umas das outras, mas é a individualidade de vocês que me completa, a Shiara, Fernanda, Cybelle, Izabella e Joyce, distantes, mas nunca ausentes obrigada meninas, cada lágrima, cada sorriso, cada dúvida foi com vocês que eu dividi, amo vocês. Aos grandes amigos Viviane e Renan que conviveram comigo os momentos difíceis dessa caminhada tornando meus dias mais suaves e divertidos, juntos aprendemos que convivência e cooperação constroem a amizade que se confia, obrigada pela paciência. A todos que fizeram parte desses últimos dois anos e que fazem parte das minhas melhores lembranças, a minha amiga Tamires a todos os amigos do laboratório, Priscila e Gabriela e ao professor Ian que me recebeu de braços abertos, muito obrigada por tudo. Sem todos vocês essa vitória não teria o mesmo significado. 4 RESUMO O carcinoma de pulmão (CP) representa um grande desafio à saúde mundial, configurando-se como a principal causa mortis por câncer entre homens e mulheres no Brasil. A história natural da doença inclui elevada letalidade e evolução agressiva, quase sempre com o paciente chegando ao médico quando a doença já se encontra em fase avançada. A incidência desta doença tem o seu auge entre as idades de 55 e 65 anos. A ocorrência do câncer de pulmão está intrinsecamente associada à exposição a agentes carcinogênicos, de forma que 90% dos casos estão associados ao fumo ativo. Neste sentido, este trabalho avaliou a viabilidade de linhagens tumorais frente a testes com quatro tipos de drogas diferentes. Recentemente, várias experiências foram realizadas com fármacos que inibem seletivamente a disseminação de células tumorais, mas não têm nenhum efeito sobre o crescimento primário (ROSSO et al.,1969). A presente comunicação esta de acordo com experimentos realizados para estudar o efeito anti metastático de algumas drogas na disseminação do tumor. Sendo assim, nosso estudo experimenta utilizar os tensoativos, Triton® X-100 (Sigma), Tween® 20 (BioAgency), SDS (Vetec) e CDs (Sigma) em concentrações variadas, com objetivo de avaliar a viabilidade celular. Nesse estudo utilizamos duas linhagens celulares tumorais a H460 e A549, classificadas respectivamente como carcinoma de células grandes e adenocarcinoma. A triagem das substâncias com potencial efeito citotóxico foi feita através do teste colorimétrico utilizando MTT (3 - (4, 5dimetil-2-y1) 2, 5-difenil brometo de tetrazólium), descrito por Mosmann (1983). Os resultados demonstraram variações na viabilidade celular apresentadas pelas linhagens em estudo quando tratadas com os diferentes tipos de drogas, resultando numa viabilidade proporcional ao tipo e concentração da droga. Foi levado em consideração as diferentes classes e estruturas químicas das 5 substâncias testadas para discutir os diferentes resultados encontrados bem como as diferentes linhagens. O SDS destacou se com maior efeito citotóxico e a CD com o menor ou nenhum efeito nas mesmas condições, o Tween 20 e o Triton X-100 obtiveram efeitos semelhantes com o Triton X-100 acarretando maior redução da viabilidade celular. Palavras-chave: Carcinoma de Pulmão. MTT. Tensoativos. Viabilidade celular. 6 ABSTRACT The Lung Carcinoma (LG) represents the major challenge to the global health, becoming the leading cause of death by cancer among men and women in Brazil. The natural history of the disease includes high mortality rates and aggressive evolution, often with the patient coming to the doctor when the disease is already advanced. The incidence of this disease has its peak between the ages of 55 and 65 years old. The occurrence of lung cancer is intrinsically linked to the exposure to carcinogens, so that 90% of the cases are associated with active smoking. Thus, this study evaluated the feasibility of tumor lines through tests with four types of drugs of different classes. Recently, several experiments were performed with drugs that selectively inhibit the spread of tumor cells but have no effect on primary growth (Ross et al., 1969). This communication is in agreement with experiments performed to study the effect anti-metastatic of some drugs on the tumor spread. Thus, our study experiments to use the surfactants, Triton® X-100 (Sigma), Tween® 20 (BioAgency), SDS (Vetec) and CDs (Sigma) in varying concentrations, in order to evaluate cell viability. In this study we used two tumor cell lines, the H460 and A549, respectively classified as large cell carcinoma and adenocarcinoma. The screening of the substances with potential cytotoxic effect was done by the colorimetric test using MTT (3 - (4, 5dimethyl-2-y1) 2, 5-diphenyl tetrazolium bromide), as described by Mosmann (1983). The results showed variations in cell viability shown by the strains under study when treated with different types of drugs resulting in a viability proportional to the type and concentration of the drug. He was taken into consideration the different classes and chemical structures of the substances tested to discuss the different results and different strains. The SDS showed greater cytotoxic effect and the CD with the lowest or no effect under the same 7 conditions, Tween 20 and Triton X-100 had similar effects, with Triton X- 100 getting a greater reduction in cell viability. Keywords: Lung carcinoma. MTT. Surfactants. Cell viability. 8 LISTA DE SIGLAS AJCC - “American Joint Committee on Cancer” ATCC - “American Type Culture Collection” CP - “Carcinoma de pulmão” CMC - “Concentração Micelar Critica” CAS - “Chemical Abstract Service” CDs - “Ciclodextrinas” EGFR - “Epidermal Growth Factor Receptor” FDA - “United States Food and Drug Administration” FHIT - “Fragile histidine Triad” INCA - “Instituto Nacional de Câncer” NSCLC - “Non-Small Cell Lung Cancer” NCI - “National Cancer Institute” PBS - “Phosphate Buffered Saline” SDS - “Dodecil Sulfato de Sódio” SCLC - “Small Cell Lung Cancer” TX-100 - “Triton X - 100” TW-20 – “Tween-20” 9 LISTA DE FUGURAS FIGURA 01- Estrutura química do Triton X- 100. FIGURA 02- Estrutura química do Tween 20. FIGURA 03- Estrutura química do Dodecil Sulfato de Sódio. FIGURA 04- Estrutura química das α, β e γ ciclodextrinas. FIGURA 05- Placa com as linhagens de células antes do tratamento com as substâncias. FIGURA 06- Resultado da viabilidade celular da linhagem H460 tratadas com Tween 20 e Triton X-100. FIGURA 07- Resultado da viabilidade celular da linhagem H460 tratadas com CDs e SDS. FIGURA 08- Resultado de viabilidade celular da linhagem A549 tratadas com Triton – 100 e SDS. FIGURA 09- Resultado de viabilidade celular da linhagem A549 com tween 20 e CDs. 10 LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS TABELA 01- Definição do sistema de estadiamento TNM. TABELA 02- Estadiamento do câncer de pulmão. TABELA 03- Descrição das condições de tratamento dentro da placa. TABELA 04- Descrição das condições de tratamento do ensaio de Bradford dentro da placa. TABELA 05- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com CD na linhagem H460. TABELA 06- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com Tween 20 na linhagem H460. TABELA 07- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com TX-100 na linhagem H460. TABELA 08- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com SDS na linhagem H460. TABELA 09- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com CD na linhagem A549. TABELA 10- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com Tween 20 na linhagem A549. TABELA 11- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com TX-100 na linhagem A549. TABELA 12- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com SDS na linhagem A549. GRÁFICO 01- Modelo de viabilidade em função da concentração de droga na linhagem H460. GRÁFICO 02- Modelo de viabilidade em função da concentração de droga na linhagem A549. GRÁFICO 03- Médias de todas as concentrações entre H460 e A549. GRÁFICO 04- Médias dos índices de tratamentos na linhagem H460. GRÁFICO 05- Médias dos índices de tratamentos na linhagem A549. 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................13 2 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................16 2.1 CARCINOMA DE PULMÃO..............................................................................16 2.2 ESTADIAMENTO DE NSCLC..........................................................................26 2.3 TESTES DE MTT, VIABILIDADE E PROLIFERAÇÃO CELULAR ..................30 2.4 AVALIAÇÕES DAS SUBSTÂNCIAS UTILIZADAS...........................................32 2.4.1 Triton X-100 ..................................................................................................32 2.4.2 Tween 20 ......................................................................................................34 2.4.3 Dodecil sulfato de sódio (SDS) .....................................................................35 2.4.4 Ciclodextrinas (CDs) .....................................................................................37 3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................39 4 RESULTADOS....................................................................................................49 5 DISCUSSÃO........................................................................................................60 6 CONCLUSÕES....................................................................................................67 7 REFERÊNCIAS...................................................................................................69 12 1 INTRODUÇÃO O câncer de pulmão é o mais comum de todos os tumores malignos, apresentando um aumento de 2% por ano na sua incidência mundial. Na maioria dos casos diagnosticados está associado ao consumo de derivados de tabaco representando uma das neoplasias mais frequentes na atualidade, (INCA, 2010) sendo responsável pela maior taxa de mortalidade por malignidade em ambos os gêneros. Nos EUA, constitui a principal causa de morte por neoplasia (representa cerca de 28% das mortes por neoplasia/ano). Em Portugal, estima-se uma incidência de 34/100.000, com 28/100.000 para o gênero masculino e 6/100.000 para o gênero feminino. A incidência desta doença tem o seu auge entre as idades de 55 e 65 anos. A ocorrência do câncer de pulmão está intrinsecamente associada à exposição a agentes carcinogênicos, de forma que 90% dos casos estão associados ao fumo ativo ou passivo. Boa parte do percentual restante deriva da exposição ocupacional a carcinógenos, como o asbesto, metais pesados, alcatrão, dentre outros. Isso faz deste tipo de câncer uma doença essencialmente evitável pelo combate à prática do tabagismo ou da proteção ocupacional adequada (ALBERG et al., 2007). O CP apresenta índices de sobrevida e cura dos mais baixos quando comparados a tumores que acometem outros órgãos (JEMAL et al., 2009), o que se deve, em parte, à ausência de ferramentas de diagnóstico precoce (HIRSCH et al., 2002). Apesar de ser menos frequente que os cânceres de próstata e mama, o câncer de pulmão apresenta uma letalidade muito superior a esses tipos de tumor, com sobrevivência de apenas 16% dos pacientes após 5 anos do diagnóstico, contra 95% e 90% de sobrevida dos tumores de próstata e mama, respectivamente (JEMAL et al., 2009). Em contrapartida, cerca de 76% dos pacientes de câncer de pulmão são diagnosticados em estágios avançados da doença, contra 5% do câncer de próstata, por exemplo, o que denota uma forte relação entre a dificuldade de diagnóstico precoce e a mortalidade da doença (HIRSCH et al., 2002; JEMAL et al., 2009). Assim, muito frequentemente, os pacientes quando diagnosticados já se encontram em estágios avançados da doença, não podendo ser submetidos à cirurgia curativa, dado a extensão do comprometimento do aparelho respiratório, restando-lhes a radio ou a quimioterapia, cujos benefícios, por vezes, não 13 compensam os riscos, colocando esses pacientes fora de possibilidades terapêuticas. Embora exista um grande número de agentes quimioterápicos, a eficácia destes agentes para o tratamento do câncer ainda está distante de ser alcançada. Vários fatores como: a heterogeneidade da doença que compreende cerca de 100 tipos de cânceres e a resistência intrínseca ou adquirida aos quimioterápicos depois de pouco tempo de tratamento dificultam o uso de apenas um agente quimioterápico (COZZI et al., 2004). Um dos grandes desafios do tratamento do câncer deriva do fato da doença ser causada por células do próprio organismo, que fugiram ao controle homeostático. Isso dificulta o desenvolvimento de terapias que sejam seletivamente tóxicas às células tumorais (ALBERTS et al., 2008). Assim, alternativas terapêuticas seguras e eficazes devem ser intensivamente buscadas para preencher essas lacunas. Recentemente, várias experiências foram realizadas com fármacos que inibem seletivamente a disseminação de células tumorais, mas não têm nenhum efeito sobre o crescimento primário (ROSSO et al.,1969). A presente comunicação esta de acordo com experimentos realizados para estudar o efeito anti metastático de algumas drogas na disseminação do tumor. Sendo assim, nosso estudo experimenta utilizar os tensoativos, Triton® X-100 (Sigma), Tween® 20 (BioAgency), SDS (Vetec) e CDs (Sigma) em concentrações variadas, com objetivo de avaliar a viabilidade celular tumoral das linhagens celulares H460 e A549, classificadas respectivamente como carcinoma de células grandes e adenocarcinoma. A triagem das substâncias com potencial efeito citotóxico foi feita através do teste colorimétrico utilizando MTT( 3 - (4, 5-dimetil-2-y1) 2, 5-difenil brometo de tetrazólium), descrito por Mosmann (1983). O teste de MTT tem sido amplamente utilizado como um método rápido e sensível para a triagem de drogas anticâncer, bem como para a avaliação da citotoxicidade de materiais. A reprodutibilidade do teste de MTT foi estudada neste trabalho em primeiro lugar nas comparações das amostras onde foram realizadas tanto dentro das placas, como entre as mesmas. O teste de significância é utilizado para analisar os dados e as diferenças estatísticas 14 entre todas as linhagens comparadas. O número de células viáveis nos poços da microtitulação pode ser lido por um leitor de ELISA, que oferece grandes vantagens na velocidade, simplicidade, custo e segurança (DENIZOT & LANG, 1986). O MTT foi demonstrado como método sensível, preciso, conveniente, rápido e econômico por muitos outros estudos (MOSMANN, 1983). 15 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CARCINOMAS DE PULMÃO Hoje, o câncer do pulmão é uma doença neoplásica comum e a mais mortal em todo o mundo. É o mais frequente tipo de câncer e sua incidência continua aumentando, principalmente entre as mulheres. É a principal causa de morte, por neoplasia, entre homens e mulheres, em todo o mundo. (ZAMBONI, 2002) O número estimado de novos casos de câncer de pulmão no Brasil em 2010 foi de 17.800 entre homens e de 9.830 mulheres (risco estimado de 18 casos novos a cada 100 mil homens e 10 a cada 100 mil mulheres). (INCA, 2010) O CP entre os homens é o segundo mais frequente no Sul (35/100.000), Sudeste (21/100.000) e Centro-Oeste (16/100.000). Nas regiões Nordeste (9/100.000) e Norte (8/100.000) é o terceiro mais comum. Entre as mulheres, é o quarto mais frequente no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte. (INCA, 2010) O CP ocorre, na maioria dos casos, em indivíduos idosos, por volta de dois a cada três pacientes diagnosticados com CP possui idade superior a 65 anos, ao passo que menos de 3% de todos os casos ocorrem em pessoas com menos de 45 anos. (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2010) Para o planejamento terapêutico torna se determinante subdividir o câncer de pulmão em carcinoma pulmonar de células não pequenas (NSCLC, “non-small cell lung cancer”) e carcinoma pulmonar de células pequenas (SCLC, “small cell lung cancer”.) (ALVES & SILVA, 2008; SOTTO-MAYOR, 2001) Caso o tumor apresente características de ambos os tipos histológicos é então denominado “carcinoma misto de células pequenas/células grandes” (“mixed small cell/large cell cancer”), fato bastante incomum (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2010). No CP de SCLC, as células aparecem pequenas e redondas quando vistas sob o microscópio, é o menos comum, ocorrendo em 15% de todos os casos. Cerca de 85-90% das pessoas diagnosticadas com câncer de pulmão tem NSCLC (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2008) que é definido como um grupo histológico (tipos de tumores diferenciados pela estrutura celular). Os tipos histológicos mais 16 comuns em NSCLC são escamosas (ou epidermóides), adenocarcinoma e o carcinoma de grandes células. (STRAUSS et al., 2007) No NSCLC o adenocarcinoma é o tipo mais comum de câncer de pulmão contabilizando 40% dos casos de CP com crescente incidência. É mais comum entre mulheres e não fumantes. Ele tende a originar ao longo das bordas exteriores do pulmão nas vias aéreas menores, muitas vezes se espalhando para os espaços entre os pulmões e a parede torácica, e sua localização típica facilita a detecção precoce. (NCI, 2008) Em relação ao carcinoma de células escamosas, este é geralmente encontrado nas células centrais dos brônquios, nos ramos maiores da árvore brônquica. É responsável por 30% dos CP, mais comumente associado aos homens e fumantes. É o mais fácil de detectar precocemente, uma vez que suas células distintas são susceptíveis de aparecer nos testes das amostras de muco, ele se espalha de forma relativamente lenta e muitas vezes não se espalhou para fora dos pulmões no momento do exame. (NCI, 2008). O carcinoma de grandes células apresentam células anormais que tendem a se originar ao longo das bordas externas dos pulmões. É o tipo menos comuns de CP de NSCLC contabilizando 1015% dos casos de CP. No entanto, este tipo de tumor tem uma forte tendência a se espalhar para os nódulos linfáticos próximos e distantes. (NCI, 2008) mas sua frequência tem declinado, em parte, devido a melhores técnicas de diagnóstico, em que passa a ser categorizado em adenocarcinoma ou carcinoma de células escamosas. O CP de SCLC é a forma mais agressiva da doença, é também chamado de câncer da célula de aveia, pois, sob um microscópio, as suas células se assemelham a grãos de aveia. Como o CP de células escamosas, esse tipo de câncer geralmente origina nos grandes brônquios centrais. Ele se espalha rapidamente, muitas vezes antes que os sintomas apareçam, tornando-se particularmente ameaçador. Na verdade, até 75% dos pacientes com este tipo de câncer têm doença metastática no momento em que é diagnosticado. Ele frequentemente se espalha (metastatiza) para o fígado, ossos e cérebro. Embora a resposta à quimioterapia, o CP de pequenas células raramente possui cura, pois geralmente não é descoberto antes que espalhe. (Revisado em WALKER, 2008) 17 O CP é a principal causa de morte por câncer em homens e mulheres nos Estados Unidos, apesar de sua incidência ser menor do que o câncer de próstata nos homens e o câncer da mama nas mulheres. Com 166.000 óbitos em 2008, a soma total de mortes por CP ultrapassa os de câncer de próstata, mama e cólon combinado (JEMAL et al., 2008). Próstata, mama e carcinoma colo retal, demonstraram melhora significativa na sobrevida em 5 anos ao longo do tempo e estão atualmente em 99, 88, e 64%, respectivamente. Em contraste, a taxa de sobrevida em 5 anos para o câncer de pulmão manteve-se relativamente estável em 15%. Há várias explicações possíveis para a disparidade entre a sobrevivência de câncer de pulmão e de outros tumores comuns, incluindo a detecção tardia e a heterogeneidade histológica. Atualmente, mais de 75% dos diagnósticos de câncer de pulmão são feitos em pacientes apresentando metástase distal ou regional. (JEMAL et al., 2006) Histologicamente, carcinomas da próstata, mama e colo-retal são uniformemente adenocarcinoma e o tratamento é essencialmente determinado pela fase clínica, às vezes modificada através dos resultados de testes moleculares (PAIK et al., 2004; ROMOND et al.,2005). Em contraste, apenas 40% dos carcinomas de pulmão é adenocarcinoma. No entanto até recentemente, os cânceres de NSCLC (escamoso, de grandes células e adenocarcinoma) eram tratados da mesma forma, independentemente da heterogeneidade biológica associados com a histologia. É provável que o pobre histórico de resposta do CP ao tratamento, em parte, seja atribuído a uma abordagem relativamente homogênea de uma doença heterogênea. Os esforços em curso estão em andamento para identificação clinica de relevantes propriedades biológicas dos tumores que facilitará a individualização do tratamento do CP. Por 40 anos, o tratamento cirúrgico padrão para o câncer de pulmão em estágio inicial era a lobectomia sempre que possível. (CHURCHILL et al.,1950) Terminada a lobectomia, 80% dos pacientes com NSCLC em estágios iniciais experimentavam sobrevida de 5 anos, livres do câncer. (THOMAS et al., 1990) Em uma tentativa de preservar a função pulmonar, em 1973 Jensik e colegas (JENSIK et al., 1973) foram 18 os primeiros a sugerir que a ressecção (segmentectomia) poderia ser uma opção adequada para este estágio da doença, sendo defendida a ressecção como o tratamento adequado para pacientes com NSCLC.(JENSIK et al., 1979; PASTORINO et al., 1991) As vantagens teóricas das quais o procedimento pretendia alcançar incluem a preservação da função pulmonar, diminuição da mortalidade e morbidade cirúrgicas, e a capacidade do paciente de se submeter a ressecções mais no futuro, se um segundo CP vier a desenvolver. (JACOBSON et al., 1976) Portanto o tratamento mais eficaz disponível atualmente para NSCLC ainda é a ressecção cirúrgica, contudo, mais de 70% dos pacientes possuem doença avançada com metástases nodais e/ ou viscerais no momento do diagnóstico, o que impossibilita a ressecção. (Revisado em LANTUÉJOUL et al., 2009) Dessa forma, para que a taxa de sobrevivência de pacientes com CP aumente, faz-se necessário um maior entendimento dos eventos moleculares que levam ao surgimento do CP, buscando identificar marcadores genéticos implicados na progressão tumoral, e assim possibilitar a detecção precoce com o desenvolvimento de estratégias terapêuticas específicas, permitindo um tratamento mais individualizado. O CP se desenvolve através de etapas sequenciais morfológicas, com o acúmulo de várias alterações genéticas e epigenéticas que afetam ambos os genes, supressores tumorais e oncogenes. A progressão do ciclo celular precisa ser devidamente regulada, para isso, as células têm mecanismos internos complexos e minuciosos, como pontos de controle do ciclo celular, para manter a integridade do genoma. (OSADA & TAKAHASHI, 2002) As anormalidades genéticas inclui ainda a perda de heterozigose, alterações em microssatélites (WISTUBA et al., 1997), amplificação de MYC (GAZZERI et al., 1994), expressão de Bcl2 (JIANG et al., 1996; revisado em Kirkin; Joos; Zörnig, 2004), mutações em oncogenes RAS, em p53 (Revisado em HECHT, 2008), RB (BURKE et al., 2005), p16 (Revisado em BRAMBILLA, et al. 2009) genes supressores tumorais FHIT (KIM et al., 2006, JOANNES et al., 2010), expressão da atividade de telomerase (HIYAMA et al., 1995), dentre outros. Entre 45-75% de NSCLCs apresentam mutação em p53 (HAINAUT; PFEIFER, 2001), um gene supressor tumoral considerado “o guardião do genoma”. Uma vez que o gene p53 esteja mutado ou deletado, as células tornam-se suscetíveis ao dano no DNA e ao descontrole do crescimento celular. É amplamente reconhecido que substâncias 19 cancerígenas presentes no cigarro estão profundamente envolvidas nestas múltiplas alterações genéticas, principalmente através da formação do DNA. (OSADA & TAKAHASHI, 2002) Dentre as alterações dos supressores tumorais, a mutação do gene p53 é o evento genético mais frequente (GREENBLATT et al., 1994; SOUSSI et al., 2000). Alterações nesse gene e consequente aumento do produto do mesmo em canceres, incluindo o de pulmão, mama, cólon, esôfago e câncer de pele, é considerado uma das características genéticas comuns entre os canceres. (STARZYNSKA et al., 1992; ISOLA et al., 1992; MOCH et al., 1997) A mutação no p53 esta associada ao domínio altamente conservado de ligação ao DNA, deixando a célula suscetível ao descontrole do crescimento e proliferação, assim como também impedindo o reparo do DNA, morte celular programada, e outras reações de proteção ao estresse celular e danos ao DNA. As causas das mutações desse gene incluem tanto fatores endógenos quanto exógenos, como a exposição a mutagênicos e radiação. O erro genético de p53 em NSCLC, como resultado de uma superexpressão da proteína p53 ou mutação do gene p53 (SUZUKI et al.,1992; TAKESHIMA et al.,1994) é fortemente correlacionada com a gravidade do tumor e pode prever mal prognóstico (VAHAKANGAS et al., 1992; SOZZI et al.,1992; SUNDARESAN et al.,1992). Outra alteração também avaliada no CP é a inativação do gene p16, um alvo importante na carcinogênese, perdendo em frequência apenas para o gene supressor tumoral p53. O p16 é um gene supressor tumoral inibidor da cíclica, que ao perder sua expressão determina a fosforilação irregular da proteína Rb, (Revisado em SEKIDO; FONG; MINNA, 2003; BURKE et al., 2005 e BRAMBILLA, et al. 2009) provocando a liberação do E2F, fator de transcrição de genes essenciais à síntese de DNA, desencadeando então a replicação do DNA e progressão da fase G1 para a fase S. (SALCEDO et al., 2008) A alteração no p16 o torna incapaz de prevenir a progressão do ciclo celular e a divisão celular incontrolada.(SWAFFORD et al 1997; BELINSKI et al., 1998) O p16 é silenciado de pelo menos três maneiras: A deleção homozigótica, silenciamento epigenético e mutações pontuais. Os dois primeiros mecanismos são os mais frequentes nos eventos de inativação da maioria dos tumores. (Revisado em SEKIDO; FONG; MINNA, 2003; BURKE et al., 2005 e BRAMBILLA, et al. 2009) 20 Outro gene estudado de grande importância no grupo de supressores tumorais é o gene FHIT (Fragile histidine Triad), verificando que cerca de 80% dos SCLC e 40% dos NSCLC revelam alterações desse gene. (SOZZI et al., 1996,1999) Sua perda pode provocar a estimulação da síntese e da proliferação do DNA, deste modo o gene FHIT poderá representar um dos potenciais genes supressores tumorais localizados no cromossomo 3p que estão envolvidos na patogênese do SCLC e do NSCLC. Dada a sua especial susceptibilidade a alterações induzidas pelos produtos químicos do fumo e do tabaco (SALGIA & SKARIN, 2000; SOZZI, 1999) o gene FHIT parece ser um alvo preferencial da agressão tabácica a nível molecular (ROM et al.,2000), podendo vir a ser utilizado como marcador de lesão precoce em grupo de risco para o CP como nos grandes fumantes e constituir fontes futuras de intervenção com fins terapêuticos a semelhança a que já esta sendo estudado com o p53. (FLEISCHHACKER et al.,1999; ROTH et al., 2001; ROTH et al.,1996) (Revisado em SOTTO-MAYOR, 2002) Em análises mais recentes, foi observado que a co-hipermetilação de p16 e dos genes FHIT em pacientes com NSCLC no estágio I está associada a um aumentado risco de recorrência da doença (KIM et al., 2006), além de ter sido observado que uma baixa expressão de FHIT está associada a um fenótipo de maior invasividade de células tumorais pulmonares. (JOANNES et al., 2010) Alguns oncogêneses avaliados no CP exercem seus efeitos através da hiperprodução de proteínas codificadoras normais, o que sugere um defeito regulatório na transcrição do gene ou na amplificação gênica. Os genes e produtos proteicos que comumente atuam desta forma são os proto-oncogenes c-erbB-1 e o c-erbB-2, ambos receptores de tirosinas-cinases. O primeiro é mais frequentemente encontrado no NSCLC, especialmente no carcinoma escamoso (65% a 90%). O proto-oncogene c-erbB-2 é mais frequentemente encontrado nos adenocarcinomas (MICKE et al., 2001). O c-erbB-1, quando ligado à membrana, codifica o receptor do fator de crescimento epidermal (“epidermal growth factor receptor”) EGFR. O c-erbB2 está relacionado estruturalmente ao c-erB-1 e sua proteína codificadora, chamada HER2/neu, também é expressa em células epiteliais das vias aéreas do pulmão normal. A HER2, que é uma proteína transmembrana, possui atividade tirosinacinase, é co-produzida com o receptor para fator de crescimento epidérmico em 21 muitos adenocarcinomas e o seu nível sérico correlaciona-se com a carga tumoral. Ela encontra-se em níveis mais elevados (> 22U/ml) nos tumores IIIB e IV do NSCLC (notadamente adenocarcinoma), promovendo pior prognóstico. A expressão aumentada de c-erB-2 é rara no SCLC (< 5%), porém pode ser encontrada em 25% no NSCLC. (ROM et al., 2000; NIKLINSKI et al., 2001; MICKE et al., 2001) O uso de anticorpos monoclonais humanizados anti-HER2 foi testado em câncer de mama com resultados promissores, e vem sendo avaliado em estudos com NSCLC (HIRSCH et al., 2002). Além disso, moléculas inibidoras de tirosina cinase de nome químico,4-Quinazolinamine,N-(3-chloro-4-fluorophenyl)-7-methoxy-6-[3-(4 morpholinyl)propoxy]-,hydrochloride e o N-(3-ethynylphenyl)-6,7-bis(2- methoxyethoxy) quinazolin-4-amine (gefitinib e erlotinib respectivamente) têm sido empregadas no tratamento de pacientes que expressam EGFR, sendo que gefitinib já teve o uso aprovado pelo FDA (“United States Food and Drug Administration”) para pacientes com NSCLC. Já a família dos oncogenes RAS em particular o K-ras pode ser ativada quando há mutações nos códons 12,13 ou 61 em aproximadamente 20 a 30% dos CP de NSCLC, com 90% da mutação RAS nos adenocarcinomas. Vale ressaltar que a mutação do KRAS é rara em SCLC. (PULMÃO S.A, 2010). As proteínas codificadas participam da transdução de sinais. (ROM et al., 2000;NIKLINSKI et al.,2001; KIM et al., 2003) Esta mutação resulta em uma única modificação no aminoácido da proteína que uma vez adquirida, permanece estável, tanto no tumor primário quanto nas metástases. A presença de mutações no códon 12 do oncogene K-ras pode conferir um pior prognóstico nos pacientes com CP. (ROM et al., 2000; NIKILINSKI et al., 2001;BROERMANN et al., 2002; SLEBOS et al., 1990) Mutações no oncogene K-ras associam-se fortemente ao tabagismo. Comumente, a mutação K-ras em um adenocarcinoma é fator de pior prognóstico, inclusive no NSCLC completamente ressecado. (GROSSI et al., 2003) Mutações em outros membros da família ras (N-ras e Hras) ocorrem com menor frequência no NSCLC e são raras no CP. Mutações no gene K-ras têm sido detectadas em biópsias brônquicas de indivíduos fumantes sem evidências de CP, podendo ainda ser encontradas no escarro antes do diagnóstico da malignidade, atuando como marcadores de pré-malignidade. (BROERMANN et al., 2002; SLEBOS et al., 1990) 22 Outra proteína relacionada a apoptose e implicada no CP é a Bcl-2. Algumas células normais produzem níveis de Bcl-2 relativamente altos. Esta Bcl-2 preserva as células cuja perda poderia ser maléfica ao organismo. Aquelas mesmas células podem, talvez, levar a tumores agressivos quando se tornam cancerosas. Protegidas pela Bcl-2, elas estão menos sujeitas à morte do que outras células cancerosas, consequentemente, tais células podem ser mais capazes de se desenvolver como metástases nos tecidos que não fornecem os fatores de crescimento produzidos em seus tecidos de origem. (LUCHS & PANTALEÃO, 2010) Os membros antiapoptóticos da família Bcl-2, atuam, predominantemente, prevenindo que os membros pró-apoptóticos Bax (Bcl-2-associated X protein) e Bak (Bcl-2 relative bak) se liguem e perturbem a integridade de membranas intracelulares, em particular a membrana externa das mitocôndrias, ocasionando liberação de citocromo c e morte celular. (ADAMS & CORY, 2007) Bcl-2 e p53 estão ambas relacionadas à morte programada da célula ou apoptose e, assim, sua relação é de grande interesse. No CP de NSCLC, Bcl-2 e p53: foram detectáveis através da técnica de imunohistoquímica em cerca de 60% e 70% dos casos, respectivamente, são inversamente associados, e fornecem informações sobre aparecimento de metástases e probabilidade de sobrevida. Em particular, no CP de NSCLC, a superexpressão de Bcl-2 foi relacionada com uma melhor sobrevida global. (PEZZELLA et al., 1993a) Esta superexpressão de Bcl-2 parece ser capaz de induzir uma menor agressividade no fenótipo do tumor. A razão para isso continua a ser esclarecida. Em grupos de pacientes com pouca progressão tumoral foi observado presença de Bcl-2-positivos sugerindo que nestes tumores a expressão de Bcl-2 é provável de ocorrer como uma primeira alteração a um comportamento menos agressivo do tumor. Isto está de acordo com a relação inversa entre Bcl-2 e p53, que encontramos em uma série de cânceres, apoiando a hipótese de que um ou o outro é suficiente para modificar a apoptose em NSCLC. Evidencias indicam, por um lado à relação inversa entre Bcl-2 e p53 e por outro lado, um significado inverso no prognóstico destas variáveis no comportamento em NSCLC. A perda da expressão de Bcl-2 é, na verdade associado à redução da sobrevida global, desenvolvimento metastático, enquanto o p53 positivo aparece como marcador de mau prognóstico. (FONTANINI, VIGNATI, BIGINI et al., 1995) 23 O CP é o mais comum de todos os tumores malignos, apresentando um aumento por ano de 2% na sua incidência mundial. Em 90% dos casos diagnosticados está associado ao consumo de derivados de tabaco. Os sintomas mais comuns do CP são a tosse e o sangramento pela via respiratória. Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado e aparecem crises em horários incomuns para o paciente. Além disso, uma pneumonia de repetição pode, também, ser a apresentação inicial da doença. (INCA, 2010) A maneira mais fácil de diagnosticar o CP é através de um raio-X do tórax complementado por uma tomografia computadorizada. A broncoscopia (endoscopia respiratória) deve ser realizada para avaliar a árvore traqueobrônquica e eventualmente, permitir a biópsia. É fundamental obter um diagnóstico de certeza, seja pela citologia ou patologia. Uma vez obtida à confirmação da doença, é realizado o estadiamento que avalia o estágio de evolução, ou seja, verifica se a doença está restrita ao pulmão ou disseminada por outros órgãos. O estadiamento é feito através de vários exames de sangue e radiológicos, como dosagens enzimáticas e ultrassonografia, respectivamente. (INCA, 2010) Independentemente do tipo celular ou subcelular, o tabagismo é o principal fator de risco do CP, sendo responsável por 90% dos casos. Outros fatores relacionados são certos agentes químicos (como o arsênico, asbesto, berílio, cromo, radônio, níquel, cádmio e cloreto de vinila, encontrados principalmente no ambiente ocupacional), fatores dietéticos (baixo consumo de frutas e verduras), doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos (que predispõem à ação carcinogênica de compostos inorgânicos de asbesto e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos) e história familiar de câncer de pulmão. (INCA, 2010) Os tumores de localização central provocam sintomas como tosse, sibilos, estridor (ronco), dor no tórax, escarros hemópticos (escarro com raias de sangue), dispnéia (falta de ar) e pneumonia. Os tumores de localização periférica são geralmente assintomáticos. Quando eles invadem a pleura ou a parede torácica, causam dor, tosse e dispnéia do tipo restritivo, ou seja, pouca expansibilidade pulmonar. 24 O tumor localizado no ápice pulmonar (Tumor de Pancoast) geralmente compromete o oitavo nervo cervical e os primeiros nervos torácicos, levando à síndrome de Pancoast, que corresponde à presença de tumor no sulco superior de um dos pulmões e dor no ombro correspondente, que se irradia para o braço. Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado, podendo existir crises em horários incomuns para o paciente. Uma pneumonia de repetição pode ser também um sintoma inicial do CP. (INCA, 2010) A mais importante e eficaz prevenção do CP é a primária, ou seja, o combate ao tabagismo. A ação permite a redução do número de casos e de mortalidade. Do ponto de vista terapêutico existem três alternativas: cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Estes métodos podem ser associados para obter o melhor resultado. Tumores restritos ao pulmão devem ser operados e removidos – estágios I e II, com chance de cura de até 75%. Nos outros estágios, uma associação de quimioterapia e radioterapia, com eventual resgate cirúrgico, é a abordagem que mostra os melhores resultados, com uma chance de cura de 30%. No estágio IV a quimioterapia é o tratamento de escolha, porém as chances de cura são extremamente reduzidas. Até o momento não existe benefício comprovado com imunoterapia. Os pacientes operados se beneficiam de quimioterapia complementar, dita adjuvante, que reduz as chances de reaparecimento da doença, com exceção naqueles cujo estadiamento é muito inicial (IA e IB). (INCA, 2010) 25 2.2 ESTADIAMENTO DE NSCLC A necessidade de se classificar os casos de câncer em estádios baseia-se na constatação de que as taxas de sobrevida são diferentes quando a doença está restrita ao órgão de origem ou quando ela se estende a outros órgãos. (NOVAIS et al., 2008) O tratamento do câncer de pulmão, quando o tumor ainda se encontra localizado, sem disseminação para fora do pulmão, é cirúrgico. Tumores restritos ao pulmão, nos estágios I e II, devem ser operados e removidos. (NATIONAL COMPREHENSIVE CANCER, 2008) Nestes casos, a chance de cura é grande e a sobrevida em cinco anos é de 67, 57, 55 e 39%, respectivamente, para os estádios IA, IB, IIA e IIB. (MOUNTAIN, 1997) Estadiar um caso significa avaliar o seu grau de disseminação. O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro. O sistema de estadiamento mais utilizado é o denominado Sistema TNM (tumor, nódulo e metástase) do “American Joint Committee on Cancer” (AJCC) (TABELAS 1 e 2). Este sistema baseia-se na extensão anatômica da doença, levando em conta as características do tumor primário (T), as características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza (N), e a presença ou ausência de metástases (M). Estes parâmetros recebem graduações, geralmente de T0 a T4, de N0 a N3 e de M0 a M1, respectivamente. Além das graduações numéricas, as categorias T e N podem ser subclassificadas em graduações alfabéticas (a, b, c). Tanto as graduações numéricas como as alfabéticas expressam o nível de evolução do tumor e dos linfonodos comprometidos. O símbolo "X" é utilizado quando uma categoria não pode ser devidamente avaliada. Quando as categorias T, N e M são agrupadas em combinações pré-estabelecidas, ficam distribuídas em estádios que, geralmente, variam de I a IV. Estes estádios podem ser subclassificados em A e B, para expressar o nível de evolução da doença. 26 ESTADIAMENTO TNM TUMOR DESCRIÇÃO TX O tumor primário não pode ser avaliado ou é detectada a presença de células malignas em escarro ou lavado bronquial, mas o tumor não pode ser visualizado por imagem ou broncoscopia. T0 Não há evidências de tumor primário. Tis Carcinoma in situ. T1 Tumor com 3 cm ou menos em maior dimensão, rodeado por pulmão ou pleura visceral, sem evidência broncoscópica de invasão mais proximal do que o brônquio lobar. T2 Tumor com quaisquer dessas características de tamanho ou extensão: mais que 3 cm na maior dimensão; envolvimento do brônquio principal, 2 cm ou mais distal da carina; e invade a pleura visceral. Associado com atelectasia ou pneumonite obstrutiva que se estende à região hilar, mas não envolve o pulmão inteiramente. T3 Tumor de qualquer tamanho que invada diretamente: parede torácica, diafragma, pleura mediastinal, pericárdio parietal; ou tumor no brônquio principal menor que 2 cm distal à carina, mas sem envolvimento da carina; ou atelactasia associada ou pneumonite obstrutiva de todo o pulmão. T4 Tumor de qualquer tamanho que invada: mediastino, coração, grandes vasos, traquéia, esôfago, coluna vertebral, carina; ou nódulos tumorais separados no mesmo lobo; ou tumor com efusão pleural maligna. 27 LINFONODOS DESCRIÇÃO REGIONAIS NX Linfonodos regionais não podem ser avaliados. N0 Não há metástase nos linfonodos regionais. N1 Metástase no peribrônquio ipsilateral e/ou linfonodo hilar ipsilateral, e nódulos intrapulmonares incluindo envolvimento por extensão direta do tumor primário. N2 Metástase no mediastino ipsilateral, hilar contralateral, escaleno contralateral ou ipsilateral, ou linfonodos supra claviculares. METÁSTASE DESCRIÇÃO DISTANTE MX Metástase distante não pode ser avaliada. M0 Não há metástase distante. M1 Presença de metástase distante. TABELA 1 - Definição do sistema de estadiamento TNM Fonte: AJCC Cancer Staging Handbook (6 ed., p.197) Nota: Tradução nossa. 28 ESTADIAMENTO ESTÁGIO TUMOR NÓDULO METÁSTASE Carcinoma oculto TX N0 M0 Estágio 0 Tis N0 M0 Estágio IA T1 N0 M0 Estágio IB T2 N0 M0 Estágio IIA T1 N1 M0 Estágio IIB T2 N1 M0 T3 N0 M0 T1 N2 M0 T2 N2 M0 T3 N1 M0 T3 N2 M0 Qualquer T N3 M0 T4 Qualquer N M0 Qualquer T Qualquer N M1 Estágio IIIA Estágio IIIB Estágio IV TABELA 2 - Estadiamento do câncer de pulmão Fonte: AJCC Cancer Staging Handbook (6 ed., p.198) O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadiamento clínico é estabelecido a partir dos dados do exame físico e dos exames complementares pertinentes ao caso. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anatomopatológico da peça operatória. É estabelecido após tratamento cirúrgico e determina a extensão da doença com maior precisão. O estadiamento patológico pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores. O conhecimento do diagnóstico histopatológico do tumor não é prérequisito para seu estadiamento. (INCA, 2011) Em consulta de primeira vez, suspeitado o diagnóstico de neoplasia maligna, o médico deve, a partir do conhecimento da história natural do tumor, identificar queixas e buscar sinais que se associam ao mesmo, procurando assim avaliar a extensão da doença. 29 As evidências clínico-diagnósticas podem sugerir forte suspeita de neoplasia maligna, sendo a confirmação histopatológica obtida no decorrer da avaliação clínica, ou após a mesma. Às vezes, o estadiamento só pode ser estabelecido através de procedimentos cirúrgico-terapêuticos, como, por exemplo, nos casos de tumor de ovário, no qual é indicada cirurgia para ressecção do tumor e inventário da cavidade abdominal. O estadiamento do CP de NSCLC requer, por parte do médico, conhecimentos básicos sobre o comportamento biológico do tumor que se estadia e sobre o sistema de estadiamento adotada A indicação terapêutica do CP depende do estadiamento da doença. Assim é que um estadiamento bem conduzido leva a condutas terapêuticas corretamente aplicadas. (INCA, 2011) 2.3 TESTES DE MTT, VIABILIDADE E PROLIFERAÇÃO CELULAR. A quantificação do crescimento celular, incluindo proliferação e viabilidade, tornou se uma ferramenta essencial em qualquer trabalho de laboratório em estudos baseados em células. Tais técnicas permitem não só a otimização das condições de cultura de células, mas também a determinação do fator de crescimento e atividade das citocinas. Ainda mais importante, a eficácia de agentes terapêuticos na seleção da droga, o potencial de compostos anticancerígenos em testes de toxicologia, e toxicidade mediada por células podem ser avaliados quando quantificado o crescimento celular. O primeiro passo para qualquer experimento é a decisão para testar os parâmetros da proliferação celular ou viabilidade, dependendo do objetivo de um estudo. Estes parâmetros são medidos por ensaio para "funções vitais", que são característicos de células saudáveis ou em crescimento. Medições de viabilidade celular avaliam as células saudáveis em uma amostra. Isso pode ser feito tanto por ação direta da contagem do número de células saudáveis ou medindo um indicador para as células saudáveis em populações de células (por exemplo, em um ensaio de microplaca). Se as células estão dividindo ativamente ou quiescente não se distingue. Um aumento na viabilidade celular indica o crescimento celular, enquanto uma diminuição na viabilidade pode ser interpretada como o resultado de um efeito tóxico dos compostos /agentes ou das condições de cultura de qualidade inferior. Em contraste com a análise de viabilidade celular, a avaliação da proliferação celular é definida como a medida da atividade de divisão celular em uma 30 amostra. Ela pode ser expressa como o número real ou a proporção de proliferação em cultura de células, tecidos ou como valores relativos, em ensaios de populações de células. Células quiescentes “non growing” saudáveis não são detectadas por ensaios de proliferação celular. A proliferação celular também pode ser medida usando parâmetros indiretos. Com essas técnicas, as moléculas que regulam o ciclo celular são quantificadas pela medida de sua atividade (por exemplo, os ensaios da quinase ciclina-dependente) ou por quantificação direta (por exemplo, Western blot, ELISA ou imunohistoquímica). A maioria dos testes de viabilidade são baseados em uma das duas características/parâmetros: a atividade metabólica ou integridade da membrana celular das células saudáveis. Normalmente, a atividade metabólica é medida em populações de células através de incubação com sal tetrazólium (por exemplo, MTT, XTT, WST-1) que é clivado em um produto, o formazan colorido, por células metabolicamente ativas. O ATP das células pode também ser analisado indicando a capacidade de energia celular e, portanto, a viabilidade. O segundo tipo de ensaio também denominado ensaio de exclusão de corante - aproveita a capacidade das células saudáveis, descomprometido com a integridade da membrana citoplasmática de excluir corantes como azul de tripan. As células mortas serão células coradas, e as células saudáveis podem ser contadas diretamente. (PERES et al., 2008) O teste do MTT (3-(4,5-dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil brometo de tetrazolina) é um teste usado para avaliar viabilidade celular. O MTT, quando incubado com células vivas, tem seu substrato quebrado por enzimas mitocondriais, transformando-se de um composto amarelo em um composto azul escuro (formazan). A produção de formazan reflete o estado funcional da cadeia respiratória (RACUSEN et al.,1999). Desde a descrição original do teste do MTT por Mosmann, o mesmo tem sido utilizado em experimentos com cultura de células (SOLEZ et al., 2007). Ferrera e colaboradores mostraram que o teste do MTT pode ser usado como instrumento de avaliação da viabilidade celular de biópsias. Os resultados são expressos como densidade óptica x 1.000. (PERES et al., 2008) O uso de um teste preditivo de sensibilidade às drogas poderia ter um impacto sobre o manejo de pacientes com câncer de pulmão. De fato, um ensaio clínico no CP de SCLC, comparando á 31 seleção empírica da quimioterapia à seleção com base nos resultados dos testes de sensibilidade química, sugere que as taxas de resposta podem ser melhoradas por esta abordagem (GAZDAR et al., 1990). O ensaio clonogenico provou ter utilização prática limitada uma vez que testes de sensibilidade às drogas podem ser realizados em apenas uma minoria dos casos de câncer de pulmão (De VRIES et al, 1987), embora melhorias das técnicas de cultura resultarem em maiores taxas de sucesso (KANZAWA et al., 1987). As principais vantagens do ensaio de MTT são sua velocidade e simplicidade. Como a maioria das etapas são automatizadas, é possível realizar teste de múltiplas drogas, cada uma com diversas concentrações. A análise automatizada de dados é essencial tendo em vista as grandes quantidades de dados que podem ser gerados. Como os resultados são disponíveis dentro de três dias, essas informações podem ser de valor em terapia clínica. Além disso, um ensaio de curta duração minimiza os efeitos das variáveis de proliferação celular e morte celular durante o período de ensaio. (CAMPLING et al., 1991) Estes ensaios são ferramentas importantes não só na investigação oncológica de base, mas também na prática clínica para avaliar a sensibilidade das células tumorais de pacientes. (PETTY, D. et al., 1995) 2.4 AVALIAÇÕES DAS SUBSTÂNCIAS UTILIZADAS 2.4.1 Triton X-100 Como um tensoativo não iônico, que também pode ser usado como detergente, o Triton X-100 é considerado 100% ativo e biodegradável em forma líquida. Tem inúmeros usos gerais como um agente umectante emulsificante, ou mesmo como um detergente suave. O tensoativo não iônico Triton X-100 (Polyoxyethylene t –octylphenol ) tem muitas aplicações em um amplo leque de utilizações diferentes. Como um agente umectante no laboratório de microscopia e histologia, na forma de soluções diluídas, é usado como um agente umectante para efetuar certos protocolos de coloração e também é usado como um agente umectante para a limpeza das lâminas de 32 diamante. Na indústria eletrônica, é usado como um agente umectante em wafers, a fim de reforçar e acelerar certos procedimentos e operações (HIPFNER et al.,1994). Nas ciências da vida, é muitas vezes usado como um auxílio para a dissolução da protease em água, porém ele deve ser usado na menor concentração possível para não contaminar a amostra. Também é comumente usado em algumas formulações para polimerização em emulsão. FIGURA 1- Estrutura química doTriton X-100. Os tensoativos são amplamente utilizados na biologia para extração de proteínas das membranas das células, na cristalização de proteínas, para estabilização e desnaturantes, e como agentes de permeabilização da membrana. Triton X-100 é um dos mais utilizados tensoativos não iônico para lisar as células extraindo proteínas e outras organelas celulares ou para permeabilizar a membrana da célula viva em transfecção. (HIPFNER et al.,1994; RAJAGOPAL et al.,2002;GENNUSO et al. 2004) No entanto, se grandes quantidades forem adicionados, ou as células forem sujeitas a uma exposição prolongada a TX-100, estas podem morrer (BENOIT et al.,1988; BORNER et al.,1994). Esta toxicidade das moléculas ao TX-100 surge por causa da ação de interromper seu grupo polar sobre as presentes ligações de hidrogênio, levando à destruição da compacidade e da integridade da membrana. A inserção do monômero de detergente na membrana lipídica começa em baixas concentrações. Isto leva a uma ruptura da estrutura celular sobre a permealizaçao eventual da membrana da célula, em concentrações acima da concentração micelar crítica (CMC) a partir da transição da bicamada-micela. A viabilidade celular é extremamente tensoativos, sensível dentro de uma estreita faixa de concentrações de especialmente perto da CI50, sendo necessário controlar a concentração TX-100 para transfecção. Introduzir espécies hidrófilas, sem danificar 33 as células, é difícil. Além disso, o colesterol ou similares domínios de membrana são relatados para ser mais tolerante para com os detergentes, tais como moléculas TX100 em comparação com outras partes da bicamada lipídica. (LONDON & BROWN, 2000; MAIRE et al., 2000; NYHOLM & SLOTTE, 2001) 2.4.2 Tween 20 O Tween é um tensoativo não iônico, pouco tóxico para as membranas biológicas (Rege et al., 2002), constituído por ésteres de ácidos graxos de polioxietileno sorbitol (FIGURA 2). Estimula a secreção de proteínas em microrganismos (Stutzenberger, 1992), além de alterar a morfologia e a superfície da parede celular tanto de bactérias (Van Boxtel et al., 1990) como de fungos (Domingues et al.,2000). O Tween é um composto emulsionante do tipo filme monomolecular, uma molécula ao lado da outra, diminuem a tensão superficial a zero distribuindo se na interfase e formando um filme, é um emulsionante não iônico como o TX 100, porem, bem tolerados pela pele. FIGURA 2- Estrutura química do Tween 20 A linha Tween é composta por ésteres de sorbitan etoxilados. A característica hidrofílica da cadeia de polioxietileno faz dos produtos da linha Tween, tensoativos hidrofílicos, geralmente solúveis ou dispersíveis em água e empregados para obter emulsões do tipo óleo em água (O/A), como dispersantes ou solubilizantes de óleos e como co-tensoativos em shampoos. Estas características da linha Tween são determinantes para suas aplicações em cosméticos, cremes e loções. A presença 34 de grupos hidrofílicos e lipofílicos nas moléculas dos produtos da linha Tween promove redução da tensão interfacial entre os componentes da formulação, permitindo a obtenção de emulsões estáveis. Em shampoos infantis seu baixo grau de irritabilidade, permite sua aplicação como co-tensoativo em formulações que tenham como apelo a suavidade. Os tensoativos do tipo Tween são compostos que apresentam emprego muito variado devido as suas propriedades, ao contrario da maioria dos detergentes, não desnaturam proteínas podendo dessa forma ser usado para solubilização e caracterização de proteínas de membranas em estado nativo (NEUGEBAUER, 1988). Quanto ao emprego terapêutico e farmacológico dos detergentes Tween, (CRISPENS & SORENSON, 1988) demostraram a ação anti carcinogênica do Tween 80 no tratamento de sarcomas de células reticulares de camundongos, (PARRIS et al.,1987), demostraram que o Tween 80 em combinação com algumas drogas quimioterápicas podia aumentar a atividade citotóxica desses medicamentos in vitro. Estudando a ação de uma droga anti epiléptica, SAMAHA e GADALLA (1987) descobriram que Tween 20,40, 60, 80 e 85 podiam aumentar sua solubilidade e eficácia, esses detergentes são usados também como agentes estabilizadores para medicamentos injetáveis (SKAKED et al., 1988) e em combinação com antibióticos, AL-NAJJAR (1989) demostrou que o Tween era capaz de reduzir a concentração mínima inibitória de pelo menos quinze antibióticos usados contra a infecção cutânea ocasionadas por Staphilococcus aureous. 2.4.3 Dodecil sulfato de sódio (SDS) O Dodecil Sulfato de Sódio (SDS) é um tensoativo iônico do tipo aniônico. Este tensoativo promove a lise da maior parte das células, desnatura algumas proteínas e inibe a atividade enzimática, é um bom exemplo da natureza ambígua dos compostos tensoativos. O SDS apresenta uma longa cadeia alquílica, praticamente insolúvel em água, ligada covalentemente a um grupo iônico, o sulfato de sódio. Esta particularidade na estrutura química dos surfactantes é responsável pelos 35 fenômenos de atividade na tensão superficial de interfaces, pela micelização e solubilização de membranas. FIGURA 3 – Estrutura química do Dodecil sulfato de sódio. Nas últimas décadas, a interação entre surfactantes aniônicos e polímeros neutros hidrossolúveis tem sido tema de intensa investigação com finalidade de identificar em solução as propriedades físicas acompanhadas de possíveis mecanismos que interpretem a associação dos surfactantes ao polímero. (GENNE, 1990; BLOOR et al., 1995; HOFF et al., 2001) O lauril sulfato de sódio, designação genérica empregada para o Dodecil Sulfato de Sódio, é um composto orgânico devidamente registrado no Chemical Abstract Service (CAS). Estes compostos vêm sendo usado ao longo dos anos para diferentes finalidades e usos distintos, a saber, banhos de espuma, cremes emolientes, cremes depilatórios, loções para mãos, shampoos, além de produtos saneantes (detergentes domissanitários). Este uso tem sido motivado em razão das suas propriedades detergente, molhante, espumógena, emulsificante e solubilizante. Cabe ressaltar que estas características são comuns a todos os tensoativos. Alguns tensoativos apresentam potencial de irritação à pele, no entanto, em formulações cosméticas, essas características podem ser atenuadas em função da concentração utilizada bem como das características da formulação pretendida para o produto final. (ANVISA, 2003) Na eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE), o detergente dodecil sulfato de sódio (SDS) é usado para desnaturar as proteínas. Desta forma, moléculas anfifílicas, como o SDS, interferem nas interações hidrofóbicas que normalmente estabilizam as proteínas. A carga negativa que o SDS transfere mascara a carga intrínseca da proteína, como resultado as proteínas tratadas com SDS possuirão 36 formas similares e razões carga/massa parecidas. Em consequência disso, a SDSPAGE separa as proteínas de acordo com a massa molecular. (VOET e VOET, 2005) Devido á sua natureza química, esses compostos são capazes de interagir com os principais componentes da membrana celular, as proteínas e os lipídeos, desestruturando os sistemas de membranas e enfraquecendo as estruturas de proteção dos organismos (Braga, 2002). Devido ao fato da toxicidade do SDS ser bem conhecida, este surfactante é frequentemente utilizado como substância de referência em ensaios de toxicidade, avaliando a sensibilidade dos organismos teste. 2.4.4 Ciclodextrinas (CDs) As ciclodextrinas, também conhecidas como cicloamiloses ou ciclomalto-oligoses, foram isoladas por Villiers em 1891, ciclodextrinas (CDs) são oligossacarídeos cíclicos formados por moléculas de D-glicose unidas por ligações glicosídicas produzidas pela ação da enzima ciclomaltodextrina-glucano-transferase (CGTase) sobre o amido. As CDs mais conhecidas são as α, β e γ-ciclodextrinas, constituídas por 6, 7 e 8 unidades de glicose, respectivamente. Elas apresentam uma estrutura tridimensional com um exterior hidrófilo e uma cavidade hidrófoba, que possibilita a formação de complexos de inclusão hidrossolúveis com uma grande variedade de moléculas, alterando suas propriedades físicas. A inclusão normalmente aumenta a estabilidade das moléculas inclusas contra a hidrolise, oxidação, foto decomposição e desidratação, diminuindo odor e sabores desagradáveis da substância, aumentando sua solubilidade e biodisponibilidade. Essas propriedades criam a oportunidade para muitas aplicações industriais das CDs em alimentos, cosméticos, fármacos, produtos agrícolas, separações cromatográficas, processos biotecnológicos e muitas outras (Szejtli, 1990; Sa Barreto e Cunha-Filho, 2008). 37 FIGURA 4- Estruturas das α-, β-, γ-ciclodextrinas (Biwer et al.,2002;Szejtli, 1990) Considerando que uma das áreas de importância em biotecnologia e bioengenharia é o fenômeno de complexação molecular, que é útil na seleção, separação e solubilização de várias biomoléculas, as CDs tornam-se compostos vantajosos pela capacidade de formação destes complexos (MORIWAKI et al., 2007). Essa encapsulação pode mudar as propriedades físicas e químicas das moléculas envolvidas, permitindo uma variedade de usos para indústria alimentícia, de cosméticos e farmacêuticos. (BONILHA et al.,2006) 38 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 CULTURAS DE CÉLULAS 3.1.1 Linhagens celulares As linhagens celulares empregadas nesse estudo foram A549 e H460. Segundo a “American Type Culture Collection” (ATCC), tais células apresentam morfologia epitelial e crescem de maneira aderente em cultura. Quanto à histologia, ambas as linhagens são oriundas de carcinoma de pulmão do tipo NSCLC de células imortalizadas; mais especificamente, a linhagem A549 é classificada como adenocarcinoma, ao passo que H460 configura-se como carcinoma de células grandes. 3.1.2 Descongelamento As alíquotas das linhagens celulares armazenadas em freezer -80ºC foram descongeladas bruscamente a 37ºC. O conteúdo armazenado no microtubo de 1,5 mL foi transferido para um tubo Falcon de 50 mL estéril e livre de DNase e RNase com 10 mL de meio RPMI-1640 (Gibco/Invitrogen, Nova York, EUA) acrescido de soro fetal bovino a 10% v/v (SFB, Gibco/Invitrogen, Nova York, EUA), solução estabilizada de Penicilina-Streptomicina numa concentração de 10000 unidades de Penicilina e 10 mg de Streptomicina por mL (Sigma-Aldrich, Steinheim, Alemanha) e Fungizone - Anfotericina B a 250 µg/mL (Gibco/Invitrogen, Nova York, EUA). Em seguida, as amostras foram centrifugadas por 10 minutos a 1162 g e break zero a 27ºC. Após a centrifugação, foi observado um pellet no fundo do tubo, e o sobrenadante foi descartado. As células foram então ressuspensas em 15 mL de RPMI com SFB, antifúngico e antibiótico, e transferido para uma garrafa de cultura de 75 cm², que foi incubada em estufa com 5% de CO2. 39 3.1.3 Cultivo As linhagens foram cultivadas em garrafas de 75 cm², com adição de 15 mL de meio RPMI-1640 suplementado com 10% de SFB, 1% de solução estabilizada de Penicilina-Streptomicina (10000 unidades de Penicilina e 10 mg de Streptomicina por mL) e 0,5% de Fungizone - Anfotericina B a 250 µg/mL. O cultivo deu-se em estufa a 37ºC e com atmosfera de 5% de CO2 até a subconfluência. Diariamente as garrafas foram analisadas em microscópio óptico de luz invertida, para avaliar o aspecto do meio e das células em cultivo, bem como sua taxa de crescimento e confluência. O conteúdo das garrafas era desprezado sempre que o meio RPMI-1640 apresentava-se com a cor amarelada. Essa alteração é decorrente da acidificação do meio, e é visualizada pela alteração da cor do indicador vermelho de fenol, presente na composição do meio RPMI-1640. Em seguida, as células, aderidas em monocamada no fundo da garrafa, foram lavadas com solução de PBS 1X (medica de concentração) (“phosphate buffered saline”) por três vezes. Posteriormente, novo meio foi adicionado, e as garrafas, após terem sido fechadas, foram novamente incubadas na estufa de CO2. Dessa forma, as garrafas eram lavadas numa frequência média de três vezes por semana, sempre sendo avaliadas as condições do meio. 3.1.4 Criopreservação As garrafas de cultivo com as linhagens celulares subconfluentes foram lavadas com solução de PBS 1X por três vezes. Adicionaram-se 3 – 5 mL de solução de tripsina às garrafas, e essas agitadas fortemente, com o intuito de promover o desprendimento das células aderidas ao fundo da garrafa. Em seguida, foram acrescentados aproximadamente 3 mL de meio RPMI para bloquear a ação da tripsina, e a solução transferida para um tubo Falcon de 50 mL. As amostras foram centrifugadas por 10 minutos a 1162 g, com break zero. Após a centrifugação, o sobrenadante foi descartado, mantendo o pellet no fundo do tubo, e adicionado 3 mL da solução de criopreservação (soro fetal bovino com 10% de glicerol,solução 40 adotada pelo laboratório), homogeneizando com a pipeta. Em seguida, transferiu-se 1 mL da solução para cada microtubo de 1,5 mL, totalizando três alíquotas por amostra. As alíquotas foram então mantidas durante 30 minutos a 0 ºC, em seguida duas horas a -20 ºC e finalmente armazenadas a -80ºC. 3.1.5 Plaqueamento As duas linhagens celulares foram cultivadas em garrafas de 75 cm² até a subconfluência para cada um dos tratamentos listados no tópico seguinte. Adicionaram-se 3 – 5 mL de solução de tripsina e a garrafa foi fortemente agitada com as mãos para o total desprendimento das células aderidas. Em seguida, foram adicionados 10 mL de RPMI suplementado. Para a contagem do número de células, foi utilizada a câmara de Neubauer. Encostou-se a ponta da pipeta na borda da lamínula, e a câmara foi então cuidadosamente preenchida com a suspensão preparada. Após as células sedimentarem por 2 minutos, a câmara de Neubauer foi levada ao microscópio óptico e a área demarcada foi focalizada com a objetiva de menor aumento, e contaram-se as células nas quatro áreas de um lado da câmara. A seguinte fórmula foi usada para o cálculo do número total de células: Nº total de células Nº de células/mL = _______________________x Fator de diluição (5) x 10000 Nº de quadrantes contados (4) O valor encontrado, referente ao número de células por mL, era empregado numa nova equação: Concentração desejada/mL (10 5) Volume final = Volume inicial x _______________________________ Nº de células/mL da suspensão inicial 41 Em placas de 96 poços, na concentração de 7,5 x 10 5 células por mL. Cada poço recebeu 200 microlitros da suspensão de células + meio de cultura na concentração supracitada. Alguns poços receberam somente meio de cultura (branco). As placas foram mantidas em estufa com 5% de CO2 por 72 horas. 3.1.6 Tratamentos 3.1.6.1 Avaliação da viabilidade celular Utilizaram-se placas de noventa e seis poços para a execução dos tratamentos com as diluições de Triton® X-100 (Sigma), Tween® 20 (BioAgency), SDS (Vetec) e CDs (Sigma), após o plaqueamento, cada poço continha 200µl de células e meio de cultura. Decorridas 72 horas do plaqueamento, o meio de cultura das placas foi retirado e foram adicionados 90 microlitros de meio em cada poço e 10 microlitros das substâncias usadas no tratamento. As placas foram mantidas em estufa com 5% de CO2 por 24 horas. Esses tratamentos foram efetuados para ambas as linhagens do estudo: A549 e H460 de CP de NSCLC. As drogas testadas foram diluídas em água destilada e filtrada na proporção de 1% (v/v) para o TX-100 e Tween 20,1% (m/v) para o CD e 1,56% (m/v) para o lauril sulfato de sódio, designação genérica empregada para o SDS. Dessa diluição adicionavam-se as placas alíquotas que correspondiam as concentrações propostas para os testes. Para avaliar a viabilidade celular e evolução de proliferação, foi utilizada a análise colorimétrica com o corante de MTT. Este corante na forma oxidada possui coloração amarela na qual quando reduzido passa a cor azul em células ditas viáveis. Essa coloração surge nas mitocôndrias produzidas pelas desidrogenases mitocondriais, após o tratamento das linhagens celulares e incubação das mesmas com as drogas do teste, 24 horas após os tratamentos, foi descartado o sobrenadante dos poços e foram adicionados 15 microlitros de MTT 5 mg/mL em cada poço. Após 4 horas de incubação em estufa, foram adicionados 70 microlitros de SDS 10% nos poços. As placas foram mantidas em estufa por cerca de 16 horas. Posteriormente, é medida a absorbância no comprimento de onda em 595 nm. 42 % Viabilidade Celular = Abs. das células das amostras – Abs. do Branco x 100 Abs. das células do controle positivo – Abs. do Branco Amostras A B C D Amostras E CTR A B C D E CTR BRANCO Células não Tratadas FIGURA 5 – Placa com as linhagens celulares H460 de A1 a A5, A549 de A7 a A11 e MTT. Para verificar a resposta celular frente aos extremos, outros dois grupos foram inseridos, grupo CTR (controle de célula) o qual as células não foram expostas a nenhuma solução teste e B (branco), sem células, apenas meio RPMI e solução teste e MTT. 43 PLACA COM LINHAGENS H460 E A549 POÇOS CONDIÇÕES A-1 a A-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,4 B-1 a B-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,2 C-1 a C-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,1 D-1 a D-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,05 E-1 a E-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,025 F-1 a F- 5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,0125 G-1 a G-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,006 H-1 a H-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,003 TABELA 3 - Descrição das condições dos tratamentos na placa. As células H460 e A549 foram semeadas em microplacas de 96 cavidades (excetuando-se as extremidades) no volume de 200μL em seus respectivos meios de cultura e mantidas por 72 horas em estufa a 36,5 ± 0,5ºC com 5% de CO2. Depois, os meios de cultura foram trocados e adicionado 10μL das diluições préestabelecidas das amostras. Após 24h de incubação em estufa, a 36,5 ± 0,5ºC com 5% de CO2, todo o conteúdo de meio existente nas microplacas foi descartado e em seguida adicionado 15µl de MTT(5mg/ml). Após 4 horas de incubação na estufa o corante foi, então, eluído ao se adicionar 70μL de dodecil sulfato de sódio (SDS) 10% em cada cavidade, deixando agir overnight. Então, a D.O. foi medida em espectrofotômetro a 595nm.Uma curva inicial foi obtida com oito concentrações de cada tensoativo diluído (0,4; 0,2; 0,1; 0,05; 0,025; 0,0125 e 0,006 e 0,003mg/mL). A concentração em que se obteve nessa curva a redução de 50% na absorbância, quando comparada às células não tratadas (controle), foi considerada a concentração de efeito citotóxico IC50 ou concentração inibitória 50%. O valor de IC50 para cada substância testada foi calculado pela média da triplicata de todos os ensaios independentes de cada substância testada. 44 3.1.6.2 Avaliação da citotoxidade pela dosagem de proteínas totais. Com o objetivo de analisar possíveis alterações na biossíntese das proteínas, foi realizada a dosagem de proteína total pelo método de Bradford. A dosagem de proteína das linhagens H460 e A549, após o tratamento com as diluições das drogas do teste, foram comparadas a uma curva padrão de dosagem de proteína. PLACA COM LINHAGENS H460 E A549 POÇOS CONDIÇÕES A Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,4 + Reagente Bradford B Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,2 + Reagente Bradford C Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,1 + Reagente Bradford D Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,05 + Reagente Bradford E Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,025+Reagente Bradford F Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,0125+Reagente Bradford G Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,006+ Reagente Bradford H Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,003+ Reagente Bradford TABELA 4 - Descrição das condições dos tratamentos no ensaio de Bradford. Para o ensaio de citotoxicidade foi utilizada a mesma quantidade de células/poço que no teste de MTT, realizando o mesmo tratamento com as substâncias teste e prosseguindo com a incubação da placa. Após o período de incubação, foi adicionado a cada poço o reagente de Bradford, para que ocorresse a reação de ligação do corante a proteína. Ao deslocar o equilíbrio para forma aniônica a amostra absorve luz em 595nm no leitor de ELISA. A leitura da absorbância das amostras possibilitou a determinação do potencial citotóxico, quanto a alterações na biossíntese proteica, causada pela ação das substâncias testadas, em relação às células do controle não tratado. O branco utilizado foi o SDS 10%, usado também para diluição da cultura de célula. 45 Os ensaios foram realizados em triplicatas, e cada experimento repetido três vezes, foi utilizado também células controle para verificação da eficácia do ensaio. A dosagem de proteína total foi calculada multiplicando-se a absorbância do teste pelo fator de calibração. Após a avaliação da citotoxicidade, as substâncias com maior e menor atividade citotóxica foram selecionadas e avaliadas. 3.2.1 Técnicas 3.2.2 ensaio de MTT PROCEDIMENTO O ensaio do MTT para viabilidade celular é baseada na conversão do MTT a formazan de cor púrpura por células metabolicamente ativas. Para a maioria das células, essa reação leva de 3 a 5 horas. O formazan produzido é solubilizado e a solução resultante de cor que é quantificada por um leitor de microplacas. O estudo da proliferação celular e viabilidade das células requer a exata quantificação do número de células viáveis em cultura. Por isso, os ensaios para o cálculo de viabilidade celular são necessários para otimizar as condições da cultura, avaliando fatores de crescimento celular e os nutrientes, descobrindo novos antibióticos e drogas anticâncer, avaliando os efeitos tóxicos dos poluentes ambientais e toxicidade mediada por células e estudar a morte celular programada (apoptose). O kit colorimétrico para o ensaio de viabilidade celular dispõe de sensibilidade e é confiável para determinar o número de células viáveis em uma dada cultura. O ensaio colorimétrico homogêneo é baseado na conversão do MTT sal de tetrazólium, um substrato amarelo pálido, ao formazan, um corante roxo. Esta reação de redução celular envolve a piridina nucleotídeo cofatores NADH / NADPH e só é catalisada por células vivas. O produto formazan tem uma baixa solubilidade em água e está presente como cristais roxos. Utilizando um tampão para solubilização dos cristais de formazan é possível à quantificação adequada da formação do produto. A intensidade da cor do produto, medido a 550-620 nm, é diretamente proporcional ao número de células vivas em cultura. 46 O teste do MTT foi utilizado na avaliação da viabilidade celular, conforme preconizado por Ferrera e colaboradores. As incubações foram feitas sob uma atmosfera de 5% de CO2. As células foram transferidas num volume total de 200µL de células e meio de cultura RPMI 1640, mantidos em uma pré-incubação de 30 minutos a 37ºC em 5% CO2. Em seguida, o meio foi substituído para uma segunda incubação de 24 horas realizada com as drogas de interesse. Após esse período, o meio foi substituído por 15µL de solução de MTT, e permaneceu em incubação de 24 horas a 37ºC. A seguir, o meio foi substituído por 70µL de SDS 10%, depois, foi feito leitura em espectrofotômetro Micronal B242 II em comprimento de onda de 595nm. Os resultados foram expressos como densidade óptica x 1.000 por miligrama de células para permitir comparações entre as diferentes concentrações das drogas utilizadas. A solução de SDS 10% foi utilizada para zerar o equipamento. Para realização do teste de viabilidade e proliferação celular é preciso preparar uma solução de 5mg/ml de MTT (3-(4, 5-dimethylthiazolyl-2)-2, 5-diphenyltetrazolium bromide). 3.2.3 Ensaio de BRADFORD O método de Bradford (1976) é uma técnica para a determinação de proteínas totais que utiliza o corante de “Coomassie brilhante blue” BG-250. Este método é baseado na interação entre o corante BG-250 e macromoléculas de proteínas que contém aminoácidos de cadeias laterais básicas ou aromáticas. No pH de reação, a interação entre a proteína de alto peso molecular e o corante BG-250 provoca o deslocamento do equilíbrio do corante para a forma aniônica, que absorve luz fortemente em 595 nm. O método de Bradford (1976) é mais rápido e sensível que o de Lowry e cols.(1951) e tem sido utilizado para a determinação de proteínas totais em diversos meios: plasma ou soro sanguíneo (HUNN, 1990), líqüor (MACART & GERBAUT, 1982), saliva humana (JENSANO et al, 1986), produtos alimentícios (RICHARD & PAQUIN, 1990) leite humano (KELLER & NEVILLE, 1986), tecidos de plantas (MARKS et al, 1985), suspensões de células (GOGSTAD & KRUTNES, 47 1982), avidina e estreptavidina (SHARMAS & TIHON, 1988), urina (GOREN & LI, 1986) e detergentes (ROSENTHAL & KOUSSALE, 1983). Para a preparação do reagente de Bradford, dissolveu-se 100mg de Coomassie Brilliant Blue G-250 em 50mL de etanol 95% e, em seguida, adicionou-se 100mL de ácido fosfórico 85%. A solução assim obtida foi avolumada para 1L com água deionizada. Após filtração em papel de filtro quantitativo (Whatman n°1), a solução foi mantida em geladeira. Uma solução mãe de albumina bovina de 1mg/mL foi preparada e, a partir desta solução, prepararam-se cinco diluições com o SDS 10% nas seguintes concentrações: 1mg/mL, 0,75mg/mL, 0,5mg/mL e 0,25mg/mL para preparo da curva padrão. Em seguida, a absorbância foi determinada em espectrofotômetro, utilizando-se SDS 10% em lugar de solução padrão para o branco. 3.3. Análise dos Resultados Cada uma das substâncias testadas em quintuplicata, na microplaca, teve sua análise realizada em triplicata. Dessa forma, obtivemos três valores de viabilidade celular para cada amostra analisada, o que nos permitiu a obtenção do valor médio com seu respectivo desvio padrão. Para determinar o efeito anti-proliferarivo das drogas, foram feitos grupos com concentrações diferentes para cada tipo de droga. Após os tratamentos, a viabilidade foi quantificada conforme descrito no item 3.1.6.1 e os resultados expressos em porcentagem. Os dados foram normalizados e uma vez obtido os valores para cada teste tais dados são plotados no software GraphPad Prism 5 para Windows. 48 3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA As análises estatísticas foram efetuadas usando o Teste à priori, uma Análise de Variância para verificar se há diferença entre as médias dos índices das concentrações, dentro de cada tratamento com significância de 5%. Em seguida, utilizamos os Testes de Comparação Múltipla de Tukey. O programa usado para os cálculos estatísticos foi o GraphPAd Prism 5 para Windows (versão 5.00.288). 4.0 RESULTADOS 4.1 Avaliação da viabilidade celular, teste de viabilidade MTT. Foram testadas 4 substâncias químicas para as linhagens H460 e A549 de CP de NSCLC, o Triton® X-100 (Sigma), Tween® 20 (BioAgency), SDS (Vetec) e CDs (Sigma). Na FIGURA 06, a microplaca de 96 poços possui células de CP da linhagem H460 tratadas com diferentes concentrações de Tween 20 e Triton- X 100. Cada concentração foi realizada em quintuplicata, sendo o controle feito em 12 poços (células sem tratamento com SDS) e o branco em 4 poços( SDS e MTT). É visualmente perceptível (FIGURA 6) a diferenças entre os dois tratamentos e entre as diferentes concentrações testadas. Levando em consideração que a coloração púrpura está presente nos poços em que temos células metabolicamente ativas, consideramos que aqueles que se mantiveram na mesma coloração do reagente de MTT (3-(4, 5-dimethylthiazolyl-2)-2, 5-diphenyltetrazolium bromide), amarelo pálido, representa o grupo de células onde as mitocôndrias não possuíam mais a capacidade de metabolização do reagente indicando a apoptose ou baixa da viabilidade, dados comprovados pelo (GRAFICO 1). 49 [ ]% Figura 6 – Viabilidade celular da linhagem H460 com os tensoativos Tween 20 e Triton X-100. Através dos experimentos, constatamos também grandes disparidades entre os dois tensoativos de mesma classe quanto à queda na viabilidade causada pelos mesmos. Através da observação das placas e GRAFICO 1 do teste entre Tween 20 e TX-100 para a linhagem de H460 podemos dizer que dois tensoativos não iônicos proporcionaram efeito de dose resposta bastante diferentes,uma vez que na concentração de 0,1% o Tween 20 reduziu a viabilidade para 60% enquanto que o Triton X-100 reduziu para 40%, o que poderia ter sido causado pelas estruturas químicas ou pelo mecanismo de ação diferenciado. Apesar de visualmente não ser possível perceber, diante dos resultados expressos no GRAFICO 1, notamos que mesmo que menos agressivo que o TX-100, o Tween 20 demostra atividade inibitória sobre as células quanto à atividade metabólica das mesmas, porém, menos expressivo que os resultados inibitórios do Triton. Veremos mais adiante que esses resultados vão diferir entre as linhagens. 50 Na FIGURA 7, a microplaca de 96 poços possui células de CP da linhagem H460 tratadas com diferentes concentrações de CD e SDS. Cada concentração foi realizada em quintuplicata, sendo o controle feito em 12 poços (células sem tratamento com SDS e o branco em 4 poços( SDS e MTT). Neste segundo tratamento os resultados demonstram também uma grande diferença citotóxica causada pelas substâncias teste. Porem, se tratando agora da (CD) e um tensoativo iônico do tipo aniônico (SDS). [ ]% FIGURA 7- ensaio de viabilidade celular com a linhagem H460 utilizando as substancia CD e SDS. A partir da análise da viabilidade, o SDS foi selecionado como substância teste de maior potencial citotóxico na concentração de 0,025%, em um período de incubação de 4 horas (GRAFICO 1). A análise da microplaca (FIGURA 7) revela também essa atividade inibitória do SDS representada pela maioria de poços de coloração amarelo pálido de 0,4% a 0,025%. 51 Viabilidade em função da concentração na linhagem H460 Viabilidade celular % [ ]% GRAFICO 1- Modelo de viabilidade da absorbância em função da concentração da droga na linhagem H460. Para modelar a viabilidade de absorbância em função da concentração, define-se por viabilidade e por YDroga a X concentração da droga. Assim como nos experimentos para as células da linhagem H460, as substâncias de interesse foram testadas nas mesmas condições e concentrações para a linhagem A549 de CP de NSCLC. Os experimentos foram repetidos e dessa vez utilizando na mesma placa o T X-100 e o SDS, tensoativo não iônico e iônico respectivamente, sendo possível a comparação entre classes diferentes de tensoativos nesse momento. A microplaca de 96 poços seguiu a mesma metodologia quanto aos volumes e substâncias utilizadas sendo modificada apenas a linhagem celular. 52 [ ]% FIGURA 8 - ensaio de viabilidade celular com a linhagem A549 utilizando os tensoativos T X-100 e SDS. Vários estudos têm demonstrado que há uma correlação entre a estrutura química do tensoativos e suas propriedades. Um tensoativo típico possui uma estrutura do tipo R-X, onde R é o grupo apolar e X é o grupo polar. A parte hidrofóbica é uma cadeia de hidrocarbonetos variando de 8 a 18 átomos de carbono, sendo que a parte hidrofílica é quem determina se um tensoativo é não iônico no caso do T X-100 ou aniônico que o caso do SDS. Dessa forma podemos atribuir a diferença na estrutura quimica dos tensoativos ao fato de causar maior ou menor dano a viabilidade celular aqui visualizada e comprovada pelo Grafico 2. A maior característica de um tensoativo está no fato dele possuir um grupo polar e um grupo não polar, conforme já citado anteriormente. Tal característica faz com que os surfactantes, em solução, se acumulem na superfície de um líquido, diminuindo a sua tensão superficial (PORTER, 1994). A adsorção do tensoativo na superfície celular (interface Agua/membrana) e a solubilizaçao parcial da mesma depende da 53 concentração do tensoativo na solução, o que pode causar o aumento da solubilidade das membranas celulares e consequentemente queda da viabilidade, o que é demostrado pela mudança de cor amarelo palido a púrpuro a medida que a concentração dos tensoativos diminuiem e a viabilidade celular aumenta. Em baixas concentrações, as moléculas do tensoativo se distribuem na superfície da membrana celular, ficando paralelamente orientadas. Com o aumento da concentração de tensoativos, diminui a área disponível em relação ao número de moléculas e, conseqüentemente, tem início uma ligeira ordenação das mesmas em relação à superfície celular até que comece a formar micelas em suas CMC. Conhecer a interação dos surfactantes com as membranas biológicas é mui to importante para definir possíveis aplicações dessas moléculas. Vários autores têm investigado essa interação no que diz respeito à hemólise. Isomaa e col. (1986) estudaram as alteraçoes induzidas por anfifílicos com diferentes comprimentos de cadeia alquilica, em eritrócitos humanos. Tragner e Csordas,(1987) observaram um efeito bifásico (proteção e hemólise) na interação dos tensoativos da série Tritron com membranas de eritrócitos. No próximo teste com a linhagem A549 observamos o comportamento do Tween 20 e do CD quanto a viabilidades dessas células, comparando nesse momento um tensoativo não ionico com o CD. O Tween 20 apresenta nesse experimento um comportamento diferente do observado com a linhagem H460, demonstrado pelo aumento da toxicidade causada na linhagem A549 que foi possivel visualizar na analise da microplaca, percebemos que nesse estudo a coloraçao amarelo palido, não observado anteriormente para essas mesmas concentraçoes de Tween 20 aparece de forma expressiva. 54 [ ]% FIGURA 9 - ensaio de viabilidade celular com a linhagem A549 utilizando as substancia Tween 20 e CD. Observamos que a concentração do Tween 20 necessaria para saturação da membrana celular da linhagem A549 é menor do que para a linhagem H460 e que apesar de ser um tensoativo não-iônico, pouco tóxico para as membranas biológicas (Rege et al., 2002), proporcionou uma queda significativa da viabilidade celular nas mesmas concentraçoes utilizadas em testes anteriores, o que nós faz questionar os diferentes constituintes estruturais entre as linhagens que proporciona maior resistencia ou facilita a dissoluçao das membranas em diferentes linhagens de celulas. Assim como no teste com as celulas de CP da linhagem H460, as CDs não demostrou alteraçoes significantes na viabilidade celular das celulas A549, as moléculas de ciclodextrinas são relativamente grandes e com uma superfície exterior hidratada. Em condições normais as moléculas de ciclodextrinas permeiam as membranas biológicas com considerável dificuldade. 55 Podemos considerar que, apesar das CDs apresentarem a capacidade de, sob determinadas condições específicas, extraírem componentes lipófilos das membranas biológicas causando danos a mesma e alterando a viabilidade, é improvável que acarrete a ruptura da barreira biológica. O perfil de segurança das três mais comuns ciclodextrinas naturais e alguns dos seus derivados tem sido recentemente revisto. Em geral, as ciclodextrinas naturais e os seus derivados hidrofílicos, podem somente permear membranas biológicas lipofílicas, tais como a córnea do olho, com considerável dificuldade. Mesmo tendo um carácter lipofílico a β-ciclodextrina metilada aleatoriamente não permeia membranas lipofílicas embora interaja mais prontamente com membranas do que os outros derivados de ciclodextrinas hidrofílicas. Todos os estudos de toxicidade têm demonstrado que as ciclodextrinas administradas oralmente são praticamente atóxicas devido a não absorção pelo trato gastrintestinal. Além disso, um número de avaliações de segurança têm demostrado que a γ-ciclodextrina, a 2-hidroxipropil-β-ciclodextrina, a sulfobutileter β-ciclodextrina, o sulfato β-ciclodextrina e a maltosil β-ciclodextrina apresentam segurança mesmo quando administradas pela via parenteral. Entretanto, os estudos toxicológicos têm mostrado que a α e a β-ciclodextrina e βciclodextrina metilada não são apropriadas para administração parenteral (Del Valle, 2004). Viabilidade em função da concentração na linhagem A549 Viabilidade celular % [ ]% GRAFICO 2- Modelo de viabilidade da absorbância em função da concentração da drogas na linhagem A549. Considere YDroga viabilidade e X concentração da droga. 56 COMPARAÇÕES ENTRE AS CONCENTRAÇÕES NOS DIFERENTES TRATAMENTOS E LINHAGENS. Para as comparações entre os índices gerados por diferentes concentrações foi utilizada, à priori, uma Análise de Variância para verificar se há diferença entre as médias dos índices das concentrações, dentro de cada tratamento. Havendo significância, ou seja, existindo diferença em pelo menos uma média de concentração, o teste Tukey foi utilizado para identificar as concentrações com médias que não diferem significativamente. Análise de Variância significativa, p=0,000 CONCENTRAÇÕES 0,4 0,2 0,1 0,05 0,025 0,0125 0,006 0,003 Significância GRUPOS ,8970 ,9288 ,9310 ,9914 ,059 ,9914 1,0790 ,098 1,0790 1,1090 1,1714 ,069 1,1714 1,2204 ,722 TABELA 5 - Comparações entre as concentrações na linhagem H460 e tratamento CD Análise de Variância significativa, p=0,000 CONCENTRAÇÕES 0,4 0,2 0,1 0,05 0,025 0,0125 0,006 0,003 Significância GRUPOS ,7050 ,7224 ,7284 ,999 ,7224 ,7284 ,8638 ,056 ,7284 ,8638 ,8710 ,053 ,8638 ,8710 ,9176 ,922 ,8710 ,9176 1,0116 ,058 1,2006 1,000 TABELA 6- Comparações entre as concentrações na linhagem H460 e tratamento TW20 57 Análise de Variância significativa, p=0,000 CONCENTRAÇÃO 0,2 0,4 0,1 0,05 0,025 0,0125 0,006 0,003 Significância GRUPOS ,4380 ,4684 ,4866 ,6136 ,705 ,6136 ,9116 ,122 ,9116 ,9610 ,9762 1,0530 ,874 TABELA 7- Comparações entre as concentrações na linhagem H460 e tratamento TX100 Análise de Variância significativa, p=0,000 CONCENTRAÇÕES 0,2 0,4 0,1 0,05 0,025 0,0125 0,006 0,003 Significância GRUPOS ,0450 ,0460 ,0560 ,1620 ,884 ,1620 ,3600 ,358 ,3600 ,4740 ,5760 ,5940 ,178 TABELA 8- Comparações entre as concentrações na linhagem H460 e tratamento SDS Análise de Variância não foi significativa, p=0,815 CONCENTRAÇÕES 0,003 0,4 0,05 0,025 0,1 0,2 0,0125 0,006 Significância GRUPO ,1928 ,2120 ,2260 ,2260 ,2280 ,2320 ,2420 ,2432 ,769 TABELA 9 - Comparações entre as concentrações na linhagem A549 e tratame nto CD 58 Análise de Variância significativa, p=0,000 CONCENTRAÇÕES 0,4 0,2 0,1 0,05 0,025 0,0125 0,006 0,003 Significância GRUPOS ,2534 ,3006 ,3270 ,3006 ,3270 ,3496 ,117 ,3270 ,3496 ,4016 ,562 ,4016 ,4632 ,4720 ,108 ,4632 ,4720 ,5272 ,240 ,151 TABELA 10- Comparações entre as concentrações na linhagem A549 e tratamento TW20 Análise de Variância significativa, p=0,000 CONCENTRAÇÕES 0,1 0,2 0,4 0,05 0,025 0,0125 0,006 0,003 Significância GRUPOS ,0598 ,0630 ,0682 ,0878 ,2340 ,3188 ,3356 ,840 1,000 ,3356 ,3846 ,236 ,988 TABELA11- Comparações entre as concentrações na linhagem A549 e tratamento TX100 Análise de Variância significativa, p=0,000 CONCENTRAÇÕES 0,4 0,1 0,05 0,2 0,025 0,0125 0,006 0,003 Significância GRUPOS ,0440 ,0500 ,0504 ,0520 ,0860 ,1100 ,271 ,0860 ,1100 ,1640 ,119 ,1640 ,2220 ,426 TABELA 12- Comparações entre as concentrações na linhagem A549 e tratamento SDS 59 4.2 Dosagem de proteinas totais. O teste de dosagem de proteínas totais não demostrou nenhuma alteração na biossintese das proteínas, por esse motivo não foi utilizado para avaliação de alterações citotóxicas das células. 5.0 DISCUSSÃO As drogas utilizadas atualmente no tratamento anticâncer apresentam os mais variados mecanismos de ação e são administradas sozinhas ou combinadas a outros tratamentos como radioterapia e cirurgia. Porém, estes tratamentos ainda apresentam efeitos nocivos que podem variar entre os indivíduos e, em alguns tipos de câncer, são insuficientes. Partindo da necessidade de minimizar estes efeitos e de aumentar as possibilidades de cura, vários estudos têm apresentado novas substâncias com possíveis atividades antitumorais ou que possam implementar as terapias já existentes. Para avaliar o potencial antitumoral de um composto, inicialmente este deve ser testado em laboratório utilizando testes in vitro e in vivo em animais, e caso tenha ação comprovada, este é testado em seres humanos. No presente trabalho, avaliamos a capacidade de substâncias tensoativas de promoverem a morte celular utilizando testes in vitro com linhagens tumorais de CP de NSCLC do tipo H460 e A549. O CP aqui estudado é caracterizado pelo acúmulo sequencial de alterações genéticas e morfológicas que levam à modificação na evasão da apoptose, estabilidade e reparo do DNA, invasão tecidual, metástase e angiogênese. Até recentemente, carcinomas classificados como NSCLC (adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas e carcinoma de células grandes) eram tratados de maneira similar, apesar da heterogeneidade biológica consequente das diferenças histológicas. É provável que a pobre resposta aos tratamentos observada para pacientes com NSCLC se deva, em parte, ao emprego de terapias relativamente homogêneas frente a uma doença com características heterogêneas. A mensuração da viabilidade e proliferação celulares forma a base de numerosos testes in vitro que procuram entender a resposta de uma população celular a fatores 60 externos. Nos nossos ensaios optamos por usar o MTT por ser uma metodologia já empregada no laboratório de Biologia celular do envelhecimento, onde este trabalho foi desenvolvido. No ensaio, o MTT é reduzido nas células metabolicamente ativas gerando cristais de formazan, de coloração púrpura, que são solubilizados e quantificados através de espectrofotometria. A intensidade da atividade metabólica indica o grau de viabilidade das células, quanto maior a citotoxicidade promovida pelas substâncias menor será a intensidade metabólica e consequentemente menor será a absorbância da solução (Berridge et al., 2005). O SDS 10% (Dodecil sulfato de sódio) foi utilizado para solubilizar os cristais de formazan. O efeito da maioria das drogas sobre o organismo resulta de suas interações com macromoléculas, muitas das quais componentes da membrana plasmática (Benet et al.,1996). A capacidade de um composto químico interagir com as membranas biológicas é determinante para a sua absorção, distribuição, biotransformação e excreção, bem como para o estabelecimento de sua atividade. Neste trabalho estudamos a interação de tensoativos com as membranas celulares de CP. Tensoativos apresentam efeito concentração dependentes sobre membranas, podendo proteger ou solubilizar as mesmas. Termodinamicamente os tensoativos operam reduzindo a tensão superficial de uma interface e aumentando sua área de contato, sob pressão e temperaturas constantes. Devido a esta propriedade, os tensoativos naturais, como os produtos do metabolismo do colesterol (ácidos biliares), surfactante pulmonar e os surfactantes sintéticos, como o dodecil sulfato de sódio (SDS), Triton X-100 e Tween 20 aqui estudados tem sido largamente empregados em pesquisas bioquímicas. O SDS é um tensoativo considerado biodegradável, no entanto, provoca efeitos físicos e bioquímicos nas células, principalmente na estrutura da membrana plasmática. Devido ao fato da toxicidade do SDS ser bem conhecida, este tensoativo é frequentemente utilizado como substância de referência em ensaios de toxicidade, avaliando a sensibilidade dos organismos. Em nosso estudo foi o tensoativo que acarretou maior dano celular, reduzindo à viabilidade a zero GRAFICO 1. É de compreensão geral que a formação de microssuperfícies de agregados que contêm anfifílicos é induzida primeiramente por efeitos hidrofóbicos dos componentes no 61 caso do SDS a parte iônica. A organização de componentes em superfícies de membranas biológicas depende das interações específicas entre íons e estas superfícies. Os tensoativos com cabeça não iônica aqui avaliados como o T X-100 e o Tween 20 não contem carga, sendo suas propriedades hidrofílicas devidas aos seus grupos polioxietileno ou açucares. Quanto ao tipo de porção hidrofóbica, em se tratando de detergentes usados em pesquisa bioquímica encontrarmos hidrocarbonetos alifáticos. As cadeias de hidrocarbonetos alifáticos são mais flexíveis, enquanto que as de esteróides são mais rígidas. Apesar da interação de detergentes com membranas não ser completamente descrita, tem sido proposto um mecanismo genérico de quatro passos (NEUGEBAUER, 1988), para a interação de detergentes com membranas. O detergente se liga a membrana ocorrendo a desintegração da mesma que é solubilizada na forma de complexos mistos de detergente-lipídioproteína. Os complexos de detergente-lipídio-proteína se reorganizam formando complexos detergente-lipídio e detergente-proteína. Nessa interação entre tensoativos e membrana os tensoativos da classe dos não iônicos tem demonstrado ser os menos danosos para as membranas (LICHTENBERG et al.,1983), o que podemos também confirmar pelos resultados obtidos em nossos estudos quanto comparado os tensoativos não iônicos com o iônico SDS. Observamos que a concentração do Tween 20 necessaria para saturação da membrana celular da linhagem A549 é menor do que para a linhagem H460 e que apesar de ser um tensoativo não-iônico, pouco tóxico para as membranas biológicas (Rege et al., 2002), proporcionou uma queda significativa da viabilidade celular nas mesmas concentraçoes utilizadas em testes anteriores, o que nós faz questionar os diferentes constituintes estruturais entre as linhagens que proporciona maior resistencia ou facilita a dissoluçao das membranas em diferentes linhagens de celulas. Entre os tensoativos não iônicos foi possível perceber uma grande diferença entre a redução da viabilidade celular causada pelos dois tensoativos de mesma classe, o Tween 20 é um tensoativo que forma micelas do tipo óleo/agua sendo a parte dispersante da solução que ira interagir com a membrana é a agua e por esse 62 motivo não possui grande toxicidade a célula, já o Triton X-100 por apresentar característica agua/óleo, a parte dispersante que entra em contato com a membrana é o óleo semelhante aos fosfolipídios de membrana o que aumenta a viscosidade da mesma desestruturando o arcabouço membranar e causando a redução da viabilidade dessas células. Os tensoativos não iônicos permitem avaliar as interações hidrofóbicas entre seus monômeros ou agregados (micelas) e membranas porque não estabelecem ligações eletrostáticas com os componentes (Attwood & Florence, 1983). Quando água é adicionada a uma solução de TritonX100 em tolueno, o tensoativo orientar moléculas para formar micelas com suas cadeias de alcano hidrofóbica voltada para fora, para o solvente, e suas cadeias de polietileno glicol hidrofílicas voltadas para dentro, "dissolvida" em uma pequena quantidade de água. Vários outros componentes podem ser adicionados ao coquetel em pequenas quantidades, que regulam o tamanho das micelas. Quanto à ciclodextrinas (CDs), podemos dizer delas que são oligossacarídeos cíclicos, constituídos por um número variável de unidades de glucose e que se obtêm por ação da enzima ciclodextrina-α-glicosiltransferase (CGTase) sobre o amido (Szejtli, 1994). As ciclodextrinas são conhecidas por permitirem o encapsulação molecular de fármacos com características hidrofóbicas, alterandolhes a solubilidade, aumentando a estabilidade e, em alguns casos, melhorando a biodisponibilidade. As ciclodextrinas têm sido reconhecidas como um novo grupo de excipientes farmacêuticos úteis (Loftsson e Brewster, 1996). As ciclodextrinas e os seus complexos de inclusão podem ser utilizados na preparação de formas farmacêuticas sólidas, líquidas e semi-sólidas com aplicação nas vias de administração oral, parentérica, pulmonar, nasal, bucal, sublingual, retal, ocular e dérmica (Mosher e Thompson, 2002). Em consequência da conformação em cadeira das unidades de glicopiranose, todos os grupos hidroxílicos estão orientados para o exterior da molécula, com os grupos hidroxilo primários localizados no lado mais estreito e os secundários no lado mais largo da estrutura, conferindo-lhe hidrofilia (Loftsson e Brewster, 1996; Saltão e Veiga, 2001). 63 A cavidade apresenta características hidrófobas devido ao caráter apolar determinado pelos dois anéis dos grupos C-H e pelo anel de átomos de oxigénio incluídos nas ligações glicosídicas. Esta estrutura molecular confere as ciclodextrinas propriedades únicas. São largamente utilizadas como agentes complexantes uma vez que apresentam numerosas vantagens possuem estrutura química bem definida com possibilidades de serem modificadas quimicamente; existem CDs de diferentes tamanhos de cavidades permitindo a inclusão de moléculas de diferentes dimensões, apresentam reduzida atividade farmacológica e toxicológica. Este tipo de estrutura química demonstrada pelas CDs explica a alta viabilidade expressa pelas células após o tratamento com as diluições da mesma, sendo a parte externa das moléculas de CDs mais hidrofílicas, estas não vão interagir com a superfície das membranas não causando maiores dano, porem essa avaliação é de grande importância para estudos posteriores do CDs como complexo de inclusão de fármacos anticâncer. A heterogeneidade histológica do CP de NSCLC pode esclarecer um pouco as diferentes respostas entre as duas linhagens GRAFICO 3. Como mencionado anteriormente é provável que o pobre histórico de resposta do CP ao tratamento, em parte, seja atribuído a uma abordagem relativamente homogênea de uma doença heterogênea. Os esforços em curso estão em andamento para identificação clinica de relevantes propriedades biológicas dos tumores que facilitará a individualização do tratamento do CP. Se faz necessario questionar os diferentes constituintes estruturais entre as linhagens que proporciona maior resistencia ou facilita a dissoluçao das membranas em diferentes linhagens de celulas, direcionando o tratamento e tornado o mesmo mais eficaz. 64 Comparações entre concentrações e linhagens Viabilida de celular [ ]% GRAFICO 3 - Todas as médias das concentrações são diferentes significativamente (p=0,000) entre as linhagens. Na linhagem (H460) as médias são superiores. COMPARAÇÕES ENTRE TRATAMENTOS E LINHAGENS O teste de Kolmogorov Smirnov indicou que os índices gerados têm distribuição Normal com significâncias superiores a 10%. Admitindo, então, distribuição normal para os índices gerados, o teste t-Student foi utilizado para comparar os diferentes tratamentos nas diferentes linhagens. Médias dos índices dos tratamentos na linhagem H460 GRAFICO 4- tratamento das linhagens H460. 65 Na linhagem H460, não há diferença apenas entre os tratamentos TW20 e TX10 a 1,0% de significância. Se considerarmos significância de 5,0%, todos os tratamentos diferem significativamente entre si. Médias dos índices dos tratamentos na linhagem A549 GRAFICO 5- tratamentos da linhagem A549 Na linhagem A549, os tratamentos Tween 20 e TX100 não diferem significativamente, com significância p=0,172. As demais comparações indicaram diferenças entre as médias dos índices a 5% de significância. 66 6. CONCLUSÕES Partindo da necessidade do desenvolvimento de um tratamento anticâncer mais eficaz, propomos aqui a investigação sobre a viabilidade e citotoxicidade celular causada por alguns tensoativos e dos possíveis mecanismos de ação dos mesmos, que poderiam ajudar de alguma forma na associação com a membrana celular no estudo sobre duas linhagens de células de CP. A partir da análise feita, constatamos que todos os tensoativos testados apresentaram algum tipo de atividade inibitória na viabilidade celular das duas linhagens, embora com diferentes significâncias e de diferentes formas, de linhagem para linhagem. Entretanto, a classe das substâncias mais promissoras quanto a danos celulares, observando à utilização no tratamento, foi o tensoativo do tipo iônico SDS. Este promoveu menor viabilidade celular de linhagens tumorais utilizando teste de viabilidade por MTT (capaz de avaliar a atividade mitocondrial). A análise através dos dados estatísticos obtidos se ajustou de forma satisfatória e permitiu obter a IC50 de cada teste, o que nos permite afirmar o efeito do SDS e T X-100 como maiores citotoxicidades podendo chegar à zero de viabilidade em algumas concentrações, enquanto o Tween 20 apresentou dano celular que foi calculado como moderado a leve e o CMD de baixo a nenhum. Das quatro substâncias testadas não foram observadas alterações na síntese proteica quanto à dosagem de proteínas totais. A linhagem H460 apresentou maior resistência comparando com as células do tipo A549 a todos os agentes tensoativos testados, resistência esta que deve estar relacionada às diferentes características dos respectivos tipos histológicos. Sendo que as células do tipo H460 são representantes do carcinoma de grandes células, enquanto a linhagem A549 é caracterizada como adenocarcinoma mais frequente tipo histológico de CP de NSCLC. Estudos posteriores quanto a diferenças estruturais de membrana dessas duas linhagens faz-se necessário para possível averiguação quanto à resistência da mesma. 67 Avanços no entendimento da biologia molecular e bases da biologia do câncer de pulmão sugere otimismo para o futuro da terapia do CP no novo milênio. Há atualmente agentes quimioterápicos mais efetivos do que existia no passado, e um número de novos agentes baseados na biologia molecular e biologia do câncer de pulmão traz promessa para mais progressos no futuro. As drogas utilizadas mostraram que podem ser de grande valia para melhoras no tratamento anticâncer, interagindo com as membranas biológicas por mecanismos diferentes, o que propõe estudos posteriores quanto a entrega de substancias na superfície das células e formas seletivas de solubilização das membranas. 68 7 REFERÊNCIAS ADAMS, JM.; CORY, S. Bcl-2-regulated apoptosis: mechanism and therapeutic potential. Curr Opin Immunol.19(5):488-96,2007 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Potencial carcinogênico do Lauril Sulfato de Sódio, 2003. Disponível em: www.anvisa.gov.br/cosmeticos/informa/parecer_lauril.htm Acesso em: 20/03/2011. ALBERG, A..J.; FORD, J.G; SAMET J.M. Epidemiology of Lung Cancer: ACCP Evidence-Based Clinical Practice Guidelines (2nd Edition). Chest, v. 132, p. 29S55S, 2007. ALBERTS, B. et al. Molecular Biology of The Cell. 5a Edição, Editora Garland. 2008. ALVES, A. F.; SILVA, M.C. Câncer de pulmão no Serviço de Pneumologia do Hospital de Santarém: resultados de 4 anos (2003-2006). HDS InForma.2008. AMERICAN CANCER SOCIETY. Lung Cancer - Non-Small Cell Detailed Guide. Disponível em: www.cancer.org/Cancer/LungCancer-NonSmallCell/DetailedGuide/index. Acesso em: 21/11/2010. AMERICA CANCER SOCIETY. "What Is Non-Small Cell Lung Cancer ?," . Disponível em: www.cancer.org/docroot/CRI/content/CRI_2_4_1x_What_Is_NonSmall_Cell_Lung_C ancer.asp?.Acesso em: 08/09/2009 ARÁNZAZU, M.P.; OSTOLAZA, H.; GOÑI, F.M.; BARBERÁ-GUILLEM, E. Surfactant-induced cell toxicity and cell lysis a study using B16 melanoma cells. Biochem Pharmacol 40(6):1323–1328,1990. BARNETT, S.M.; DRACHEVA, S.; HENDLER, R.W.; LEVIN, I.W. Lipid-induced conformational change of an integral membrane protein: An infrared spectroscopic study of the effects of TX100 treatment on the purple membrane of Halobacterium halobium ET1001. Biochemistry 35:4558–4567,1996. BARRETO,A.S.; L. C. L.; CUNHA-FILHO, M. S. S. Ciclodextrina: importante excipiente farmaceutico funcional, Latin American Journal of Pharmacy, 27, n. 4, 629-636,2008. BELINSKI,S.A.; NIKULA, K.J.; PALMISANO, W.A. et al. Aberrant methylation of p16INK4a is an early event in lunch cancer and a potencial biomarker for early diagnosis. Proc Natl Acad Sci USA 95:11891-11896,1998. 69 BENET,L.Z; KROETZ,D.L.& SHEINER,L.B. Farmacocinética. A dinâmica da absorção, distribuição dos fármacos.In: As bases farmacológicas da terapêutica, 9 ED, Mc Graw-Hill, Santiago de Chile, 3-21, 1996. BENOIT, J.; COMIER, M.; WEPIERRE, J. Comparative effects of four surfactants on growth, contraction and adhesion of cultured human fibroblasts. Cell Biol Toxicol 4(1):111–122, 1988. BERRIDGE, M V.; HERST, P M.; TAN, A S. Tetrazolium dyes as tools in cell biology: new insights into their cellular reduction. Biotechnol Annu Rev; (11): 127-152,2005. BONILHA, P.R.M.; MENOCCI, V.; GOULAR,A.J.;POLIZELI,M.L.T.M.;MONTI,R. Cyclodestrin glycosyltransferase from Bacillus licheniformis: optimization of productions and its properties. Braz.J.Microbiol.,37, 317-323.2006. BOREL, J.F.; FEURER, C.; MAGNEE, C.; STAHELIN, H. Effects of the new antilymphocytic peptide cyclosporin A in animals. Immunology.32:1017-25,1977 BORNER, M.M. et al. The detergent TX100 induces a death pattern in human carcinoma cell lines that resembles cytotoxic lymphocyte-induced apoptosis. FEBS Lett 353:129–132,1994. BURKE, L. et al. Prognostic implications of molecular and immunohistochemical profiles of the Rb and p53 cell cycle regulatory pathways in primary non-small cell lung carcinoma. Clinical Cancer Research, v. 11, n. 1, p. 232-241, 2005. BLOOR, D. M.; WAN-YUNUS, W .M. Z.; WAN-BADHI, W.; LI, Y.; HOLZWARTH, J. F.; WYN-JONES, E. Langmuir, 11, 3395,1995. BRAMBILLA, E.; GAZDAR, A. Pathogenesis of lung cancer signalling pathways: roadmap for therapies. The European Respiratory Journal, v. 33, n. 6, p. 14851497, 2009. BRAGA, E. S. Bioquímica Marinha e efeitos da poluição nos processos bioquímicos. 2 edição. São Paulo, SP: FUNDESPA. 93p,2002. BRADFORD, M. M. Anal. Biochem. 72, 248, 1976. BROERMANN,P.; JUNKER,K.; BRANDT, B.H.; HEINECKE, A.; FREITAG,L.et al. Trimodality treatment in stage III nonsmall cell lung carcinoma: prognostic impact of K-ras mutations after neoadjuvant therapy. Cancer. 94(7):2055-62,2002. CAMPLING,B.G.; PYM, J.; BAKER,H.M.; COLE, S.P.C. & LAM, Y-M. Chemosensitivity testing of small cell lung cancer using the MTT assay. Br. J. Cancer , 63, 75-83, 1991. COZZI, P.; MONGELLI,N.; SUARATO, A. Recent anticâncer cytotoxic agentes. Curr Med Chem Anticancer Agents; (4):93-121, 2004. 70 CHURCHILL,E.D.; SWEET, R.H.; SUTTER,L.; SCANNELL, J.G.The surgical management of carcinoma of the lung. A study of cases treated at the Massachusetts General Hospital from 1930-50. J Thorac Cardiovasc Surg ;20:34965. 1950. DENIZOT, F.; LANG, R. J. Immunol. Meth., v.89, p. 271-277, 1986. DE VRIES, E.G.E.; MEIJER, C.; MULDER, N.H. & POSTMUS, P.E. In vitro chemosensitivity of human lung cancer for vindesine. Eur. J. Cancer Clin. Oncol., 23, 55, 1987. DEL VALLE, E.M.M. Cyclodextrins and their uses: a review. Process Biochemistry. 39, p. 1033-1046, 2004. FONTANINIL, G.; VIGNATIL,S.; BIGINI,D.; MUSSI, A.; LUCCHI, M.; ANGELETTI, C.A.; BASOLO,F. and BEVILACQUA,G. Bcl-2 protein: a prognostic factor inversely correlated to p53 in non-small-cell lung cancer. British Journal of cancer, 71, 10031007, 1995. GAZZERI, S. et al. p53 genetic abnormalities and myc activation in human lung carcinoma. International Journal of Cancer, v. 58, p. 24–32, 1994. GAZDAR, A.F.; STEINBERG, S.M.; RUSSELL, E.K. & 7 others. Correlation of in vitro drug sensitivity testing results with response to chemotherapy in extensive stage small cell lung cancer: a prospective clinical trial. J. Natl Cancer Inst., 82, 117, 1990. GENNUSO, F. et al.Bilirubin protects astrocytes from its own toxicity by inducing upregulation and translocation of multidrug resistance-associated protein 1 (mrp1).Proc Natl Acad Sci USA 101:2470–2475, 2004. GOREN, M. P.; LI, J. T. L.; Clin. Chem. 1986, 32, 386. GREENBLATT, M.S.; BENNETT, W.P.; HOLLSTEIN, M.; HARRIS, C.C. Mutations in the p53 tumor suppressor gene: clues to cancer etiology and molecular pathogenesis, Cancer Res. 54, 4855–4878, 1994. GROSSI,F.; LOPREVITE,M.; CHIARAMONDIA, M.; CEPPA,P.; PERA,C.; RATTO,GB. e t a l. Prognostic significanc e of K- ras , p53, bcl-2, PCNA, CD34 in radically resected non-small cell lung cancers. Eur J Cancer. 2003;39(9):1242-50. HAINAUT, P.; PFEIFER, G.P. Patterns of p53 G-->T transversions in lung cancers reflect the primary mutagenic signature of DNA-damage by tobacco smoke. Carcinogenesis, v. 22, n. 3, p. 367-374, 2001. HECHT, S. S. Progress and Challenges in Selected Areas of Tobacco Carcinogenesis. Chemical Research in Toxicology, v. 21, n. 1, p. 160–171, 2008. 71 HIRSCH, F.R.; MERRICK, D.T.; FRANKLIN W.A. Role of biomarkers for early detection of lung cancer and chemoprevention. Eur Respiratory J, v. 19, p. 11511158, 2002. HIYAMA, K. et al. Telomerase activity in small-cell and non-small-cell lung cancers. Journal of the National Cancer Institute, v. 87, n. 12, p. 895-902, 1995. HIPFNER, D.R.; GAULDIE, S.D.; DEELEY, R.G.; COLE, S.P.C. Detection of the Mr 190,000 multidrug resistance protein, MRP, with monoclonal antibodies. Cancer Res 54:5788–5792, 1994. HOFF, E.; NYSTROM, B.; LINDMAN, B. Langmuir 2001, 17, 28. Gennes, P. G.; J. Phys. Chem, 94, 8407, 1990. HUNN, J. B.; GREER, I. E. J. Fish Biol. 1990, 36, 617. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Estimativa 2010 – Incidência de Câncer no Brasil, 2009. Disponível em:www1.inca.gov.br/estimativa/2010/. Acesso em: 12/07/2010. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Estimativa 2010 – Incidência de Câncer no Brasil, 2009. Disponível www.inca.gov.br/estimativa/2010/index.asp?link=conteudo_view.asp&ID=5. Acesso em: 18/10/2010. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER . SEER Cancer Statistics Review 19752005, 2008. Disponível em: www.seer.cancer.gov/csr/1975_2005/results_merged/topic_lifetime_risk_death.pdf Acesso em 20/10/2009. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Estadiamento. Disponível www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=54. Acesso em: 015/04/2011. em: INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Câncer de Pulmão. Disponível em: www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=340. Acesso em: 02/01/2011. ISOLA, J.; VISAKORPI, T.; HOLLI, K.; KALLIONIEMI, O.P. Association of overexpression of tumor suppressor p53 with rapid cell proliferation and poor prognosis in node-negative breast cancer patients, J. Natl Cancer Inst.. 84, 1109– 1114, 1992. ISOMAA,D.;HAGERSTRAND, H.;PAATERO,G.& ENGBLOM, A.C. Permeability alterations and antihaemolysis induced by amphiphiles in human erythrocyte. Biochim. Biophys. Acta 860:510-524, 1986. JACOBSON, M.J.; ZAND, L.; FOX, R.T. et al. A comparison of wedge and segmental resection of the lung. Thorax,31:365-8, 1976. 72 JEMAL, A.; SIEGEL, R.; XU, J. et al. Cancer statistics, 2010. CA Cancer J Clin, v. 58, p. 280–299, 2010. JEMAL, A.;SIEGEL, R.; WARD, E.; HAO,Y.; XU, J.; MURRAY, T.; THUN, MJ. Cancer statistics. CA Cancer J Clin 2008;58:71–96, 2008. JEMAL, A.; SIEGEL, R.; WARD,E.; MURRAY, T.; XU,J.; SMIGAL, C.; THUN, MJ. Cancer statistics. CA Cancer J Clin 2006;56:106–130,2006. JENSIK, R.J.; FABER, LP.; MILLOV, FJ. et al. Segmental resection for lung cancer-a fifteen-year experience. J Thorac Cardiovasc Surg,66:563-72, 1973. JENSIK, R.J.; FABER, LP.; KITTLE,FC. Segmental resection for bronchogenic carcinoma. Ann Thorac Surg,28:475-83, 1979. JENZANO, J. W.; HOGAN, S. L.; NOYES, C. M.; FEATHERSTONE, G. L.; LUNDBLAD, R. L.; Anal. Biochem. 159, 370, 1986. JIANG, S.X. et al. Bcl-2 protein expression in lung cancer and close correlation with neuroendocrine differentiation. The American Journal of Pathology, v. 148, n. 3, p. 837-846, 1996. JOANNES, A. et al. Fhit regulates invasion of lung tumor cells. Oncogene, v. 29, p. 1203-1213, 2010. KANZAWA, F.; MATSUSHIMA, Y.; HAMBURGER, A.W. & 5 others. Human tumor clonogenic assay for carcinoma of the lung II. Factors that influence colony formation in soft agar. Oncology, 44, 150, 19867. KELLER, R. P.; NEVILLE, M. C.; Clin. Chem. 1986, 32, 120. KIM, J. S. et al. Cohypermethylation of p16 and FHIT Promoters as a Prognostic Factor of Recurrence in Surgically Resected StageI Non–Small Cell Lung Cancer. Cancer Research, v. 66, n. 8, p. 4049-4054, 2006. KIM,DH.;KIM,JS.; PARK, JH.; LEE, SK.; JI,YI.; KWON, YM. et al. Relationship of Ras association domain family 1 methylation and K-ras mutation in primary non-small cell lung cancer. Cancer Res.63(19):6206-11, 2003. LANTUÉJOUL, S. et al. Pulmonary preneoplasia--sequential carcinogenetic events. Histopathology, v. 54, n. 1, p. 43-54, 2009. molecular LONDON,E.; BROWN, DA. Insolubility of lipids in TX100: Physical origin and relationship to sphingolipid/cholesterol membrane domains (rafts). Biochim Biophys Acta 1508:182–195, 2000. LOWRY, O. H.; ROSEBROUGH, N. J.; FARR, A. L.; RANDALL, R. J.; J. Biol. Chem. 193, 265, 1951. 73 LOFTSSON, T.; BREWSTER, M.E. Pharmaceutical applications of cyclodextrins. 1. Drug solubilization and stabilization. J. Pharm. Sci., 85, 10, 1017 - 1025, 1996. LUNCHS, A.;PANTALEÃO, C. Apoptosis and in vivo models to study the molecules related to this phenomenon. einstein. V8(4 Pt 1):495-497, 2010. MOSMANN, T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: application to proliferation and cytotoxic assays. J.Immunol.Meth, v. 65, p. 55-63, 1983. MOCHO, H.; SAUTER, G.; GASSER, T.C.; BUCHHOLZ, N.; BUBENDORF, L. RICHTER, J. et al., p53 protein expression but not mdm-2 protein expression is associated with rapid tumor cell proliferation and prognosis in renal cell carcinoma, Urol. Res. 25 (Suppl. 1) S25–S30, 1997. MICKE, P.; HENGSTLER, J G.; ROS, R.; BITTINGER, F.; METZ,T.; GEBHARD,S. et al. c-erbB-2 expression in small-cell lung cancer is associated with poor prognosis. Int J Cancer. 9 2 ( 4 ) : 474 – 9, 2001. MOUNTAIN,CF. Revisions in the International System for Staging Lung Cancer. Chest. 111(6):1710-7, 1997. MAIRE, M.L.; CHAMPEIL, P.; MOLLER, J.V. Interaction of membrane proteins and lipids with solubilizing detergents. Biochim Biophys Acta 1508:86–111, 2000. MOSHER,G.; THOMPSON, D. O. Complexation and cyclodextrins. In: Encyclopedia of Pharmaceutical Technology. (Swarbrick J; Botlan J. C., ed); Marcel Dekker. Inc. New York, 531 – 558, (2002). MARKS, D. L.; BUCHSBAUM, R.; SWAIN, T. Anal. Biochem. 1985, 147, 136. MORIWAKI,C.; COSTA, G.L.;PAZZETO, R.;ZANIN,G.M.; MORAES , F.F;PORTILHO, M.;MATIOLI,G. Production and characterization of a new cyclodextrin glycosyltransferase from bacillus firmus isolated from Brazilian soil. Process. Biochem., 42, 1384-1390, 2007. MACART, M.; GERBAUT, L.; Clin. Chim. Acta 1982, 122, 93. NIKLINSKI,J .; NIKLINSKA,W.; LAUDANSKI,J.; CHYCZEWSKA, E.;CHYCZEWSKI, L. Prognostic molecular markers in non-smallcell lung cancer. Lung Cancer. 34 Suppl 2:S53-8.Review, 2001. NOVAES, FT.; CATANEO, DC.; RUIZ JUNIOR, RL.; DEFAVERI, J.; MICHELIN, OC.; CATANEO,AJM. Lung cancer: histology, staging, treatment and survival. J Bras Pneumol. 34(8):595-600, 2008. NANKIVELL,BJ.; BORROWS, RJ.; FUNG, CL.; O’CONNELL, PJ.; ALLEN, RD.; CHAPMAN,JR. The natural history of chronic allograft nephropathy. N Engl J Med.349:2326-33, 2003. 74 NYHOLM,T.; SLOTTE, J.P. Unexpected stability of phospholipid langmuir monolayers deposited on TX100 aqueous solutions. Langmuir 23:12959–12965, 2001. NYHOLM, T.; SLOTTE, J.P. Comparison of TX100 penetration into phosphatidylcholine and sphingomyelin mono- and bilayers. Langmuir 17:4724– 4730, 2001. NISHI, H. H.; KESTNER, J.; ELIN, R. J.; Clin. Chem.31, 95 HISCHE, E. A. H.; VAN DER HELM, H. J.; VAN MEEGEN, M.Th.; BLANKEN, H. I. G.; Clin. Chem. 1982, 28, 1236, 1985. OSADA, H. & TAKAHASHI, T. Genetic alterations of multiple tumor suppressors and oncogenes in the carcinogenesis and progression of lung cancer. Nature Publishing Group. Oncogene. 21, 7421 – 7434, 2002. PAIK,S.; SHAK,S.; TANG, G.; KIM,C.; BAKER, J.; CRONIN, M.; BAEHNER, F.L.; WALKER, MG.; WATSON, D.; PARK, T. et al. A multigene assay to predict recurrence of tamoxifen-treated, node-negative breast cancer. N Engl J Med. 351:2817–2826, 2004. PASTORINO, U.; VALENTE, M.; BEDINI, V. et al. Limited resection for stage I lung cancer. Eur J Surg Oncol. 17:42-6, 1991. PEZZELLA, F. et al. bcl-2 protein in non-small-cell lung carcinoma. The New England Journal of Medicine, v. 329, n. 10, p. 690-694, 1993. PERES, B.A.L; DELFINO, A. D.V.; MOCELIN, A.J.; TUTIDA, A. L. et al. Standardization of MTT-Assay in a Cold Preservation Model as a Tool for Assessment of Kidney Cell Viability. J Bras Nefrol. 30/1:48-53, 2008. PETTY,R.D.; SUTHERLAND, L.A.; Hunter E.M.; Cree, I.A. Comparison of MTT and ATP-based assays for the measurement of viable cell number. J Biolumin Chemilumin. 10:29-34, 1995. PORTER,M.R.(1991).In: Handbook of surfactants; chapman & Hall, New York. PULMÃO S.A. Alterações Moleculares e Genéticas no Câncer de Pulmão – Genetic and Molecular Changes in Lung Cancer. Disponível em: https://pulmaosarss.wordpress.com/2010/05/17/cancer-de-pulmao-e-alteracoesmolecularesgeneticas-lung-cancer-and-geneticmolecular-alterations/. Acesso em: 25/08/2010. ROSSO, R.; DONELLI, M.G.; FRANCHI, G. & GARATTINI, S. Effect of Triton WR 1339 on cancer dissemination and metastases. Europ. J. Cancer, 5, 77-78, 1969. ROMOND, E.H.; PEREZ, E.A.; BRYANT, J.; SUMAN, V.J.; GEYER, C.E.; DAVIDSON, N.E.; TAN-CHIU, E.; MARTINO, S.; PAIK, S.; KAUFMAN, P.A. et al. 75 Trastuzumab plus adjuvant chemotherapy for operable her2-positive breast cancer.N Engl J Med. 353:1673–1684, 2005. ROM, W.N.; HAY, J.G.; LEE, T.C.; JIANG, Y.; TCHOU-WONG, KM. Molecular and genetic aspects of lung cancer. Am J Respir Crit Care Med. 161(4 Pt 1): 1355-67. Review, 2000. RACUSEN, L.C.; SOLEZ, K.;COLVIN,R.B.;BONSIB,S.M.; CASTRO,M.C.; CAVALLO, T. et al.The Banff 97 working classification of renal allograft pathology. Kidney Int. 1999;55:713-23. RAJAGOPAL, A.; Pant, AC.; Simon, SM.; Chen, Y. In Vivo analysis of human multidrug resistance protein (MRP1) activity using transient expression of fluorescently Tagged MRP1. Cancer Res 62:391–396, 2002. REGE, B.D. et al. Effects of nonionic surfactants on membrane transporters in Caco2 cell monolayers. Eur. J.Pharm. Sci., Shannon, v. 16, p. 237-246, 2002. SZEJTLI, J. Cyclodextrins. In: Fromming K., Szejtli J., (Ed.). Cyclodextrins in Pharmacy. London: Kluwer Academic Publishers, 5, 1-18, 1994. SALTÃO R.; VEIGA F. Ciclodextrinas em novos sistemas terapêuticos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 37, 1 - 17, 2001. SOTTO-MAYOR, R. O lugar da quimioterapia na terapêutica do câncer do pulmão. Rev Port Pneumol.VII:558–94, 2001. STRAUSS, G. et al. "The epidemic of smoking-related adenocarcinoma of the lung. The role of the tobacco industry and filtered and low-tar cigarettes." World Conference on Lung Cancer. Abstract PRS-01, 2007. SOUSSI,T.; DEHOUCHE, K.; BEROUD, C. p53 website and analysisof p53 gene mutations in human cancer: forginb a link between epidemiology and carcinogenesis, Hum. Mutat. 15,105–113, 2000. STARZYNSKA, T.; BROMLEY, M.; GHOSH, A.; STERN, P.L.Prognostic significance of p53 overexpression in gastric and colorectal carcinomas, Br. J. Cancer. V.66, 558–562, 1992. SUZUKI, H.; TAKAHASHI, T.; KUROISHI, T.; SUYAMA, M.; ARIYOSHI, Y.; ARIYOSHI, T.; TAKAHASHI,R. Ueda, p53 mutations in nonsmall cell lung cancer in Japan: association between mutations and smoking, Cancer Res. v.52, 734–736, 1992. SOZZI,G.; MIOZZO,M.; DONGHI,R.; PILOTTI,S.; CARIANI, C.T.; PASTORINO,U. et al., Deletions of 17p and p53 mutations in preneoplastic lesions of the lung, Cancer Res. v.52, 6079–6082, 1992. 76 SUNDARESAN,V.; GANLY,P.; HASLETON,P.; RUDD,R.; SINHA,G.; BLEEHEN,N.M.; RABBITTS, P. p53 and chromosome 3 abnormalities,characteristic of malignant lung tumours, are detectablein preinvasive lesions of the bronchus, Oncogene. v 7, 1989–1997, 1992. SEKIDO, Y.; FONG, K. M.; MINNA, J. D. Molecular genetics of lung cancer. Annual Review of Medicine, v. 54, p. 73-87, 2003. SWAFFORD, DS.; MIDDLETON,SK.; PALMISANO,WA. et al. Frequent aberrant methylation of p16INK4a in primary rat lung tumors. Mol Cell Biol. v. 17:1366-1374, 1997. SALCEDO, M. M. B. P.; SILVEIRA, G. P. G.;ZETTLER, C. G. A expressão da proteína p16 e herpes simples vírus tipo 2 em lesões pré-neoplásicas e neoplásicas do colo do útero. Rev. Bras. vol.30, n.2, pp. 61-66, 2008. SOZZI,G. Deletions of the short arm of chromosome 3 and the FHIT gene in lung cancer. In Brambilla C, Brambilla E (eds). Lung Tumors. Fundamental biology and clinical management.Marcel Dekker, In New York. p 157-171, 1999. SOTTO-MAYOR, R. Biologia do câncer de pulmão: Conceitos atuais. Rev Port Pneumol.VIII(6):655–679, 2002. SZEJTLI, J. The cyclodextrins and their applications in biotechnology. Carbohydrate Polymers, 12, n. 4, 375, 1990. STAHL, M.; Clin. Chem. 1984, 30, 1878. SLEBOS, RJ.; KIBBELAAR, RE.; DALESIO, O.; KOOISTRA, A.; STAM,J.; MEIJER,CJ, et al. K-ras oncogene activation as a prognostic marker in adenocarcinoma of the lung. N Engl J Med.323(9) :561-5, 1990. SLEBOS, RJ.; HRUBAN,RH.; DALESIO,O.; MOOI, WJ.; OFFERHAUS, GJ.; RODENHUIS,S. Relationship between K-ras oncogene activation and smokingin adenocarcinoma of The human lung. J Natl Cancer Inst. 83(14):1024-7, 1991. SOLEZ, K.; COLVIN, RB.; RACUSEN,LC.; SIS, B.; HALLORAN, PF.; BIRK, PE. et al. Banff '05 Meeting Report: differential diagnosis of chronic allograft injury and elimination of chronic allograft nephropathy ('CAN'). Am J Transplant. 3:518-26, 2007. TRAGNER,D. & CSORDAS, A.Biphasic interation of Triton detergents with the erythrocyte membrane. Biochem. J. 244: 605-609, 1987. THOMAS, P.; RUINSTEIN,L. and the Lung Cancer Study Group. Cancer recurrence after resection: T1 NO non-small cell lung cancer. Ann Thorac Surg. 49:242-7, 1990. 77 TAKESHIMA, Y.; INAI, K.; BENNETT, W.P.; METCALF, R.A.; WELSH,J.A.; YONEHARA, S. et al., p53 mutations in lung cancers from Japanese mustard gas workers, Carcinogenesis. V. 15 2075–2079, 1994. VAHAKANGAS, K.H.; SAMET,J.M.; METCALF,R.A.; WELSH,J.A.; BENNETT, W.P.; LANE, D.P.; HARRIS, C.C. Mutations of p53 and ras genes in radon-associated lung cancer from uranium miners, Lancet 339. 576–580, 1992. VOET, D.; VOET, J.G. Biochemistry. 3 ed. USA: John Wiley & Sons, 2005. 1616 p. ZAMBONI, M. Epidemiologia do câncer do pulmão. J Pneumol. 2 8 ( 1 ) : 41 – 7, 2002. WALKER, S. Updates in non-small cell lung cancer. Clinical Journal of Oncology Nursing, v. 12, n. 4, p. 587-596, 2008. WISTUBA, I. I. et al. Molecular damage in the bronchial epithelium of current and former smokers. Journal of the National Cancer Institute, v. 89, n. 18, p. 13661373, 1997. 78