Centro Universitário Plínio Leite – UNIPLI Faculdade de Farmácia Disciplina: Farmacognosia II Profª: Verônica Rodrigues 2010 / 02 Trabalho Final da Disciplina de Farmacognosia II Análise da bula e das embalagens do medicamento fitoterápico antiinflamatório Acheflan® Camila Simas Cristiane Araujo Marceli Emilia Talita Figueiredo NITERÓI 2010 1- Introdução No Brasil, a utilização de plantas no tratamento de doenças inflamatórias apresenta, fundamentalmente, influências da cultura indígena, africana e européia. Essas influências deixaram marcas profundas nas diferentes áreas da cultura brasileira, sob o aspecto material e espiritual e constituem a base da medicina popular que há algum tempo vem sendo retomada pela medicina natural. A medicina natural procura aproveitar suas práticas, dando caráter científico e integrando-as em um conjunto de princípios que visam não apenas curar algumas doenças, mas restituir o homem à vida natural (MARTINS et al., 2000). A Cordia verbenaceae (Figura 1), uma planta nativa da Mata Atlântica, conhecida pelo nome de erva-baleeira é o princípio ativo do fitomedicamento Acheflan®, disponível em na forma de creme e aerossol indicado para o tratamento de tendinite crônica e dores musculares miofasciais. Figura 1 - Cordia verbenaceae Fonte: http://reviversaudeholistica.blogspot.com/2008_12_01_archive.html , 2008 As informações obtidas através da população que desfruta das propriedades farmacológicas da Cordia verbenacea dão conta de que serve como analgésico, antiinflamatório, antiinfeccioso, antiartrítico, no combate à úlcera gástrica e como tônico (SILVA JUNIOR et al.,1995). Estudos demonstram que o óleo essencial de Cordia verbenaceae DC. e os constituintes presentes no mesmo (alfa humuleno e trans-cariofileno) são as substâncias que apresentam a ação antiinflamatória. Porém, o fato de uma planta ser totalmente natural não exime de riscos o uso de seus derivados. Várias plantas, quando consumidas na sua forma mais natural, podem causar graves enfermidades e, até mesmo, provocar a morte tanto nos seres humanos quanto nos animais. Existem centenas de ervas e remédios alternativos, em sua maioria ainda não estudados adequadamente, sobretudo no que concerne à toxicologia. A divulgação inadequada ou inapropriada ao público, somada a uma regulamentação pouco rigorosa, pode levar consumidores imprudentes a fazer uso de plantas medicinais capazes de causar graves reações colaterais (FELTROW; AVILA, 2000). O rótulo e a bula são os instrumentos de comunicação utilizados pelo fabricante para informar sobre seu produto ao usuário de medicamento e devem assegurar informações claras e precisas, a fim de evitar que ocorrências inesperadas ou indesejadas afetem a segurança e a eficácia do produto. A padronização de bulas de medicamento configura ação essencial para promoção do uso racional, pois informações incorretas, ou não atualizadas, na bula podem induzir a prescrição e ao uso incorreto do medicamento. No que diz respeito à normatização das bulas no Brasil, a ANVISA publicou a RDC 140 de 2003 (BRASIL, 2003), esta resolução estabelece regras das bulas de medicamentos para pacientes e profissionais da saúde. Já a RDC 71 de 2009 (BRASIL, 2009) dispõe sobre rotulagem de medicamentos e outras providências. 2- Objetivo O objetivo da presente pesquisa foi avaliar, de acordo com os critérios estabelecidos pela RDC 140/2003 e RDC 71/2009, a bula e as embalagens do medicamento fitoterápico Acheflan®, a fim de verificar a compatibilidade com as normas exigidas. 3- Metodologia As bulas e embalagens (primárias e secundárias) do Acheflan®, foram adquiridas em uma drogaria da cidade de Saquarema-RJ, Brasil. O estudo foi realizado com base na legislação vigente (RDC nº 140/03 e RDC n° 71/09), utilizando para isto, tabelas como artifício para análise contendo itens a serem verificados. 4- Resultados: Tabela I Avaliação da bula do Acheflan® segundo a RDC 140/2003 Identificação do medicamento INFORMAÇÃO Nome comercial ou marca do medicamento Nomenclatura oficial botânica Formas farmacêuticas, vias de administração e apresentações comercializadas “uso pediátrico e, ou adulto, em destaque Descrição qualitativa e quantitativa para os princípios ativos e qualitativos para os demais componentes da fórmula Peso, volume líquido ou quantidade de unidades Tabela II Avaliação da bula do Acheflan® segundo a RDC 140/2003 Informações ao paciente INFORMAÇÃO Informações descritas de fácil compreensão Ação do medicamento Indicação do medicamento Riscos do medicamento Modo de usar Reações adversas Conduta em caso de superdosagem Cuidados de conservação SIM NÃO X X X X X X SIM X X X X X X X X NÃO Tabela III Avaliação da bula do Acheflan® segundo a RDC 140/2003 Informações técnicas aos profissionais de saúde INFORMAÇÃO Características farmacológicas Resultados de eficácia Indicações Contra indicações Modo de usar Cuidados de conservação depois de aberto Posologia Advertências Uso em idosos crianças e outros grupos de risco Interações medicamentosas Reações adversas a medicamentos Superdose Armazenagem SIM X X X X X X X X X X X X X NÃO SIM X NÃO Tabela IV Avaliação da bula do Acheflan® segundo a RDC 140/2003 Dizeres legais INFORMAÇÃO Número do registro na ANVISA Farmacêutico responsável e respectivo número de inscrição no CRF Nome completo e endereço do fabricante e do titular do registro CNPJ Telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor da empresa X X X X Tabela V Avaliação da embalagem primária do Acheflan® segundo a RDC 71/2009 INFORMAÇÃO Nome comercial do medicamento Nomenclatura botânica (gênero e espécie) Concentração da substância ativa por unidade posológica Nome do detentor do registro ou logomarca desde que a mesma contenha o nome da empresa Lote e data de validade(mês/ano) Via de administração Telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor Presença da frase: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA SIM X X X X X X X X NÃO Tabela VI Avaliação da embalagem secundária do Acheflan® segundo a RDC 71/2009 INFORMAÇÃO Nome comercial do medicamento Nomenclatura botânica (gênero e espécie) Nome e endereço do detentor de registro no Brasil Nome do fabricante e local de fabricação do produto “Indústria Brasileira” Nome do responsável técnico, número de inscrição e sigla do CRF Número do lote Data de fabricação (mês/ano) Lacre ou selo de segurança que seja irrecuperável Data de validade (mês/ano) Sigla MS mais o número de registro no Ministério da Saúde Forma farmacêutica Composição qualitativa e quantitativa da(s) substância(s) Ativa(s) Peso, volume ou quantidade Concentração do fármaco por unidade posológica no mesmo campo de impressão do nome comercial Sistema Braille CNPJ Via de administração “Informações ao paciente, indicações, contra indicações e precauções– Vide Bula” Restrição de uso por faixa etária na face principal Telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) Cuidados de conservação, indicando a faixa de temperatura e condições de armazenamento Frase: “TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS” VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA no interior da faixa vermelha do medicamento Tamanho correto das fontes do texto Denominação genérica do princípio ativo no mesmo campo abaixo do nome comercial em tamanho igual a 50% destes “Informação ao paciente, indicações, contra indicações e precauções: Vide a bula” Texto: MEDICAMENTO FITOTERÁPICO em caixa alta e tamanho de letra de 30% do nome da marca do produto SIM NÃO X X X X X X X X X X X x X X X X X X X X X X X X X X X X 5- Conclusão Através dos parâmetros analisados verificou-se que a bula do medicamento, proveniente da indústria farmacêutica Aché, cumpriu todos os requisitos exigidos pela RDC n° 140/03. Foram verificadas também, se as embalagens eram compatíveis com a RDC n° 71/09, e foi observado que apenas o parâmetro analisado respectivo à exigência do texto MEDICAMENTO FITOTERÁPICO, que deveria estar descrito abaixo do nome comercial, não condiz com o que é preconizado pela RDC, porém ainda é permitida sua comercialização, pois a RDC nº 71 publicada em 22 dezembro de 2009, apresentou um prazo de 540 dias para as empresas atenderem ao dispositivo desta resolução e disponibilizar novos rótulos nas embalagens dos medicamentos fabricados. Com base nos resultados obtidos, reconheceu-se a excelente qualidade da bula e das embalagens do fitomedicamento, estabelecendo, portanto uma relação de confiança do consumidor à indústria farmacêutica. 6- Referências Bibliográficas BELLO, C.M.; Montanha; J.A.Schenkel, E.P. Análise das bulas de medicamentos fitoterápicos comercializados em Porto Alegre, RS, Brasil. Revista brasileira de farmacognosia, v.12, n. 2, p.75-83, jul.-dez .2002. BRASIL, Resolução RDC nº 71, de 22 de dezembro de 2009. dispõe sobre rotulagem de medicamentos e outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 23 de dezembro de 2009. BRASIL, Resolução RDC nº 140, de 29 de maio de 2003. Estabelece regras das bulas de medicamentos para pacientes e para profissionais de saúde. Diário Oficial da União, Poder Executivo, de 2 de junho de 2003. LADEIRA L.S. Preparação do extrato sexo de Cordia verbenaceae. 2002. Dissertação (especialização em fitoterapia) Instituto Brasileiro de estudos Homeopáticos, São Paulo. ROCHA, A. A. Obtenção e avaliação das atividades analgésica e antiinflamatória do extrato hidroalcoólico bruto da arnica brasileira (Solidago microglossa, DC). 2006. Dissertação (Mestrado em Promoção da Saúde) – Universidade de Franca, Franca. SIMÕES, Cláudia M. Farmacognosia: da planta ao medicamento [et al.]. 3d. Rev. Porto Alegre/Florianópolis: Ed. Universidade/UFRGS/Ed. da UFSC, 2001. 7 – Anexos Anexo A - BULA Anexo B – BULA(continuação do Anexo A) Anexo C – EMBALAGEM