Algumas dúvidas que são frequentes entre atletas

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Nº 80 • 25 de novembro a 10 de dezembro de 2009
SA U D E
Corrida x Coração
Algumas dúvidas que são frequentes entre atletas
ara manter-se em boas condições físicas,
P
melhorar o condicionamento físico e até
colocar o corpo em forma, muitas pessoas têm como
Foto: Divulgação/Biocor Instituto
a opção mais saudável as corridas. É bom para o
corpo e para a mente, não tem limite de idade para
praticar e sempre é hora de começar (mas consulte
um médico antes). Correr é um esporte vicioso, pois
traz um enorme bem estar e muitos benefícios.
O importante é que antes de
começar, o atleta faça uma avaliação física para iniciar um programa de corrida. Não esqueça
dos alongamentos antes e depois
de correr, além de fazer um trabalho específico de flexibilidade
pelo menos duas vezes por semana. Use um tênis adequado ao
esporte e ao seu tipo de pisada.
Controle a alimentação, ingerindo alimentos com baixo valor
calórico, evitando açúcar e gorduras. Tenha sempre o acompanhamento de bons profissionais.
Experimente correr com grupos
de treinamento de corrida. O
estímulo, sem dúvida, é muito
maior.
“Paralelamente ao crescimento do número de adeptos da corrida em nosso meio, observamos
também uma maior preocupação
destes atletas, sejam amadores
ou profissionais, com a realização de exames cardiológicos
preventivos”, ressalta o médico
cardiologista e coordenador de
Departamento de Ergometria do
Biocor Instituto, Dr. César Pedrosa Sales.
Para esclarecer as constantes dúvidas que são levantadas
durante as avaliações cardiológicas, o JORNAL BELVEDERE
entrevistou o Dr. César Pedrosa.
Veja a seguir:
Para que serve monitorizar a Frequência Cardíaca
(FC) durante a corrida?
Durante uma sessão de corrida, quanto maior a velocidade
ou quanto maior a inclinação da
subida onde se está correndo,
maior a necessidade de oxigênio
pela musculatura. Conseqüentemente, maior será a Freqüência
Cardíaca (FC), considerando uma
relação diretamente proporcional entre consumo de oxigênio
muscular e FC.
Desta forma, monitorizar a
FC durante a corrida se presta
para controlar a intensidade da
carga do exercício. Uma FC muito baixa pode indicar uma carga
leve de esforço; o aprimoramento cardiorrespiratório do corredor, nesta situação, será pequeno
ou praticamente nulo. Por outro
lado, uma FC excessivamente
alta alerta o atleta de que a carga do esforço pode estar elevada
demais. Como regra geral, a capacidade aeróbica do corredor
melhora se o exercício for de intensidade suficiente para aumentar a FC até aproximadamente
80% da FC máxima prevista. O
treinamento acima destes limites,
além de não acarretar em ganhos
significativos, pode contribuir
para aumentar o risco de lesões
musculoesqueléticas e cardiovasculares.
Como calculo a FC máxima prevista para a idade? E a
FC de treinamento?
FC máxima prevista é o limite
da freqüência cardíaca esperado
para uma determinada faixa etária. Quanto maior a idade, menor
a FC máxima prevista.
FC de treinamento, por sua
vez, compreende um intervalo
entre um percentual mínimo e
um máximo (geralmente entre
60% a 85%) da FC máxima prevista, no qual o atleta deve procurar manter seu treinamento com
o intuito de se obter seu melhor
desempenho.
A forma mais prática e rápida de se calcular a FC máxima
prevista é através da fórmula
“220 – idade”. Por exemplo, uma
pessoa de 50 anos possui uma
FC máxima prevista de 220 – 50
= 170 batimentos por minuto.
Entretanto, esta fórmula, assim
como várias outras já publicadas,
apresenta margem de erro considerável para mais ou para menos.
A melhor maneira de se obter a
freqüência cardíaca máxima real
é através de um Teste Ergométri-
Dr. César Pedrosa Sales avalia paciente no Biocor Instituto
co limitado por cansaço.
Muitas vezes minha freqüência cardíaca ultrapassa
a minha FC de treinamento.
Isto pode trazer alguma repercussão ao meu desempenho?
Durante uma corrida muito
extenuante, a freqüência cardíaca
pode ultrapassar aquela estabelecida como limite máximo de
treinamento. A partir deste valor
de FC, supõe-se que o indivíduo
esteja entrando em uma zona de
treinamento anaeróbica, na qual
a musculatura em exercício começa a degradar suas fontes de
energia por um processo que
não utiliza oxigênio, mas que em
compensação produz uma elevada concentração de um resíduo
chamado ácido lático. Esta substância é uma das responsáveis
pela queda de desempenho, dores musculares e fadiga. Ou seja,
correr com uma freqüência cardíaca muito elevada faz com que
o atleta canse rapidamente, ficando ele impossibilitado de manter
um ritmo constante de exercício
por muito tempo. Para que seja
possível manter um ritmo prolongado de corrida, é necessário
estar abaixo deste limiar de anaerobiose, que corresponde aproximadamente à freqüência cardíaca máxima de treinamento.
Corro o risco de ter algum
problema cardíaco quando
ultrapasso a FC máxima de
treinamento?
O exercício físico sempre
causa uma sobrecarga ao coração,
sobrecarga esta que aumenta o
risco de alguns eventos adversos
como arritmias, isquemia, e até
mesmo infarto cardíaco. Pessoas
sedentárias, ao se exercitarem
vigorosamente, apresentam um
maior risco de desenvolvimento
de problemas cardíacos relacionados ao esforço quando comparadas àqueles indivíduos que praticam exercícios regularmente.
Portanto, há realmente uma
maior chance de alguns tipos de
problemas cardíacos naqueles
momentos de exercícios mais
intensos, porém este risco é
atenuado se a pessoa faz exercícios disciplinada e regularmente.
Ressalto, aqui, a importância da
avaliação cardiológica preventiva
antes e durante um programa de
treinamento de corrida.
E se eu não quiser monitorar a FC durante a corrida,
há problema?
Correr é, acima de tudo, um
momento de relaxamento e de
alívio do estresse do cotidiano.
Por isto, muitas pessoas preferem correr livremente e sem
aquela “obsessão” de monitorizar a freqüência cardíaca. Não
há problema quanto a isto, desde que o indivíduo respeite um
ritmo de corrida compatível com
sua percepção de cansaço. Uma
dica simples é: se a pessoa está
sentindo o cansaço habitual durante sua prática de corrida, e
ainda assim consegue conversar
com um colega ao lado, é sinal
de que o ritmo está dentro dos
limites aceitáveis. Caso ela não
consiga conversar em virtude do
excesso de cansaço, é hora de reduzir a velocidade. Mais uma vez
saliento a necessidade de uma
avaliação médica antes de um
programa de corridas, avaliação
esta que engloba a consulta cardiológica e alguns exames muitas
vezes essenciais, como o Teste
Ergométrico, Ecocardiograma,
dentre outros.
O que acontece com a
minha pressão arterial durante o esforço?
A resposta habitual é a marcante elevação da pressão arterial
máxima, tecnicamente conhecida
como sistólica, e a manutenção
da pressão arterial mínima (diastólica) nos patamares basais. Por
exemplo, uma pessoa que apresenta uma pressão arterial de “12
por 8” em repouso pode chegar
a níveis de “17 por 8”, “19 por 8”
ou mesmo até “21 por 8” no momento do limite de sua capacidade de exercitar-se. Mulheres em
geral mostram uma elevação mais
suave destes valores. Indivíduos
hipertensos tendem a responder
de forma mais exagerada.
Com que freqüência eu
posso correr durante a semana?
De acordo com o Colégio
Americano de Medicina Desportiva, a freqüência de 3 a 5 vezes
por semana é a ideal para o ideal
aprimoramento da aptidão cardio-respiratória. Os benefícios
adicionais do treinamento realizado 6 ou 7 dias/semana parecem
ser mínimos e essa conduta deve
ficar reservada para os atletas
competitivos. Além disto, o risco
de lesão musculoesquelética aumenta significativamente quando
se exercita 6 ou mais vezes por
semana.
Caros leitores:
O Dr. César Pedrosa se coloca
à disposição para dúvidas e sugestões relacionadas ao tema
exposto pelo e-mail cpsales@
ig.com.br.
Serviço de Cardiologia
I N S T I T U T O
ERGOMETRIA:
Alameda da Serra, 217
Nova Lima – MG.
Tel. (31) 3289-5039
www.biocor.com.br
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