Memorial descritivo – Cuncurso Fumec – Campus Nova Lima PREMISSAS DO PROJETO: 1- Priorizar a integração entre as pessoas, articulando os fluxos no espaço para que, facilitados os contatos, seja potencializado o fundamento de um campus universitário integrado: o livre curso do conhecimento e, conseqüentemente, o desenvolvimento social, acadêmico, cultural e científico. 2- Consideradas as exigências de controle, organizar e hierarquizar os espaços físicos de forma a preservar a necessária autonomia dos espaços privados institucionais (Fundação, Reitoria e Pró-Reitorias, salas de aula, etc) em relação aos espaços públicos comerciais e religiosos (lojas, auditório, vídeo conferência, capela ecumênica). 3- Adotar estratégias que permitam aplicar variantes tecnológicas e construtivas sem descaracterização da imagem do edifício e sem necessidade de pequenas alterações. Isto confere ao edifício alto grau de flexibilidade de uso, considerando em todas as alternativas a necessidade de aplicar, para a rapidez da execução, processos de construção a seco. 4- Criar uma imagem formal que claramente identifique o caráter da instituição e facilmente conviva com estas diferentes alternativas construtivas. Como será construída em duas etapas, evitamos também que ocorresse sensação de obra inacabada na primeira etapa, ou que a integridade formal anterior fosse comprometida pelo acréscimo, mas convivesse complementarmente com ele. 5- Tornando os espaços comerciais e de convivência complementares dos equipamentos urbanos, aumentar o seu potencial de sustentabilidade com o atendendimento ao público externo, simultaneamente estimulando o compartilhamento entre a vida do campus e a cidade. A solução foi organizar o edifício ao redor de um grande átrio central. Este arranjo, o mais adequado ao caráter e ao uso da instituição, manterá a integridade formal da edificação. Rodeado por circulações avarandadas, permitindo, sem barreiras visuais, clara identificação de suas hierarquias funcionais, maximiza o conforto ambiental dentro dos princípios de sustentabilidade. Com grande abertura a nordeste, resgata para o interior a vista da Serra do Curral. Setorização Funcional A necessidade de disponibilizar ao público externo os espaços de caráter público, comercial, cultural e religioso (lojas, auditório, vídeo conferência, capela ecumênica) sem prejuízo do controle de acesso aos espaços institucionais e de caráter privado institucional (fundação, reitoria e pró-reitorias, salas de aula e estacionamentos), previsto, no plano diretor, para ocorrer no nível do Portal da Serra, levou-nos a criar alternativa complementar no nível da Alameda Vila da Serra. Esta estratégia conduzirá as pessoas ao átrio, aumentando o fluxo de pessoas na área comercial, incrementando o seu potencial de uso, promovendo uma desejável convivência e, conseqüentemente, a sua valorização. Dali, descendo rumo ao Largo do Portal, prosseguirão até a grande praça interna de convivência. Rodeado por lojas, protegido das chuvas, com áreas verdes, o átrio configura-se como agradável praça de sociabilidade, com a vista descortinada para a Serra do Curral. Rampas conectam esta praça de lojas aos dois andares inferiores, articulando todos os demais espaços de sociabilidade: primeiro, o auditório e a capela ecumênica, acessíveis por um foyer que se estende livremente para o nível do Largo do Portal. Mais abaixo, na praça de convivência interna, atingirão as salas de Vídeo conferência, a saída do auditório e um bar café. A interação com os espaços privados, controlados, ocorrerá no nível do Portal da Serra: ali, sob o pórtico, catracas controlam a entrada ao hall de elevadores das torres e à biblioteca. Mais abaixo, dois níveis de estacionamento atendem quantitativa e qualitativamente às demanda do edital, o superior conectado ao acesso previsto no plano diretor, no Portal da Serra, o inferior a este internamente ligado por duas rampas, separando o fluxo de entrada daquele de saída. Acima do nível das lojas, as torres, com as salas de aula, usos administrativos e espaços técnicos e de apoio correlatos, serão acessíveis apenas no nível Portal de Pedestres e nos estacionamentos. A estratégia na setorização destes espaços controlados priorizou verticalização inversamente proporcional à demanda populacional do prédio, desafogando o fluxo das pessoas nos andares superiores: inicia nas áreas de convivência de alunos, professores e funcionários (cantina e diretório acadêmico) e setores administrativos com atendimento externo, encimadas por quatro andares para as salas de aula da graduação. Mais acima, dois andares para a pós-graduação e, coroando o edifício, os locais da Fundação Fumec, Reitoria e Pró-Reitorias. EXECUÇÃO EM 2 ETAPAS Uma obra em duas etapas exige decisões já na fase de projeto para equacionar os seguintes aspectos: Esteticamente: a primeira etapa não poderá ter caráter de obra inacabada. Tampouco toleraríamos solução em que a futura inserção, sem conformar uma unidade plástica, viesse a comprometer a imagem do conjunto anterior. Funcionalmente: todos os espaços construídos na primeira etapa deverão funcionar plena e independentemente do acréscimo, cuja execução deverá ocorrer sem comprometimento das atividades já estabelecidas. Tecnicamente: a construção da segunda etapa terá total autonomia, otimizando, ao evitar transtornos com o funcionamento do edifício anterior, a logística de obra. Nesta fase não deverá haver mais qualquer tipo de movimentação de terra ou serviços de contenções, apenas atividades técnicas rigorosamente ligadas a processos industrializados de construção a seco. Economicamente: o início da segunda etapa não implicará em desperdício de qualquer elemento já construído. A primeira decisão foi localizar uma nova torre independente, paralela ao pavilhão sudeste. Com novas salas de aula da graduação, seus pavimentos só estarão conectados aos andares correspondentes após sua compleição. A imagem final será conformada por um bloco rigorosamente igual ao seu paralelo, preservando o caráter inicial da edificação. Como optamos – considerados os benefícios financeiros - por implantar a maioria das lojas na primeira etapa, voltadas para a Alameda da Serra e para o átrio central, os acréscimos não demandarão modificação na estrutura existente, provocando renegociações com locadores, apenas completará, a sudeste, o arranjo anelar deste conjunto comercial. Concentramos na primeira etapa da biblioteca todos os espaços técnicos e científicos necessários para o seu funcionamento, bem como parte do acervo e das áreas de leitura. O acréscimo contemplará o espaço de exposições e áreas complementares do acervo e leitura, demandando apenas rearranjo de mobiliário. O auditório será instalado no espaço vazio deixado sob o átrio. Esta estratégia viabilizará a instalação a partir da Rua do Campo, sem nenhum tipo de interferência com as demais dependências. A mesma estratégia foi adotada no conjunto da vídeo-conferência, com partições internas propostas para flexibilizar arranjos de 2, 3 4 ou 5 módulos de 60,4 metros quadrados, atendendo a demandas diferenciadas de público. Para o caso dos estacionamentos, optamos por executá-los totalmente na primeira etapa, resolvendo de vez os transtornos e dificuldades técnicas com movimentações de terra e obras de contenção, bem como comprometimento do funcionamento das atividades já instaladas na primeira etapa. ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA A solução em átrio proporcionará o máximo em conforto térmico (cargas térmicas e ventilação natural) e luminoso (iluminação natural), no interior da edificação, inclusive como alternativa para economia de energia e redução dos custos de manutenção. A estratégia de desenvolvimento das salas de aula em torno deste grande vazio central decorreu do respeito às condições climáticas do local. Circulações avarandadas atuarão como elemento de transição, evitando incidências diretas de luz e, simultaneamente, permitindo ventilação natural cruzada no interior das salas. A renovação constante do ar evitará a necessidade de recursos ativos (aparelhos de ar condicionado). Acima, vidros laminados termo-reflexivos vedarão a chuva no átrio. Decompostos em malhas com planos inclinados alternados, com venezianas nas empenas verticais, possibilitarão ventilação permanente. Parassóis aplicados externamente às esquadrias nas elevações sudoeste e noroeste funcionarão também como protetores contra chuvas e como defletores acústicos, amenizando o ruído da Alameda Vila da Serra e da Rua do Campo. A elevação nordeste, com vista definitiva voltada para a Serra do Curral, recebe a melhor insolação. Optou-se, portanto, por abri-la. Na fachada sudeste, os montantes verticais dos parassóis filtram a entrada do sol matinal nas salas de aula. Abaixo, as grandes aberturas da biblioteca resgatam luz natural para o interior e árvores locadas ao longo de toda a sua extensão evitam a incidência direta dos raios solares. Controlando os efeitos da radiação solar e proporcionando um desejável sombreamento e ambiência agradável, palmeiras, vegetação adequada ao plantio sobre lajes, foram locadas na área de sociabilidade e nos recuos laterais que resgatam luz natural para a biblioteca. SISTEMA CONSTRUTIVO E MATERIAIS: Na exigência de avaliar a edificação sob diversas alternativas estruturais, adotamos modulação básica de 600mm, ideal para sistemas metálicos e adequada para sistemas baseados no concreto armado. Consideramos vantajoso prever modificações no dimensionamento e locação dos espaços didáticos, adotando sistemas e processos de vedação nos fechamentos dos espaços internos que possibilitarão o máximo de flexibilidade. Paredes secas (dry walls) nas partições internas e forros removíveis possibilitarão remanejamentos sempre que necessário ao reordenamento do espaço físico, e em qualquer posição, independentemente do sistema estrutural a ser adotado. As caixas de escada, situadas nas quatro arestas da construção da primeira etapa, bem como as esquadrias, moduladas verticalmente a cada 1,2 metros, regularão esta flexibilidade. Contíguos a cada caixa de escada, pontos críticos de alimentação elétrica e hidráulica serão ordenados por shaf’s de instalações elétricas, telecomunicações, hidráulicas e sanitárias. Complementando a vedação externa das esquadrias envidraçadas no perímetro da edificação, parassóis de alumínio com alma em poliuretano expandido preservarão as qualidades termoacústicas desejadas. Esta leve estrutura facilmente será relocada para a nova fachada sudeste após o acréscimo. Nos panos cegos, serão aplicados painéis pré-moldados de concreto com revestimento em pedrisco dolomítico, conferindo-lhes coloração similar ao dos terrenos vizinhos. Esta estratégia visa preservar o aspecto do edifício em região ainda sujeita a muita obra, portanto com muito pó em elevação. Internamente, placas de gesso acartonado instaladas na face interna dos pilares darão acabamento necessário e deixarão prumadas por onde correrrão os condutores de água pluvial. Sistema estrutural: A organização espacial do projeto desenvolveu-se sobre base modular que permitiu melhor desempenho estrutural dos pilares, vigas e lajes – seja para o emprego de estruturas em concreto armado, seja em aço - resultando em maior repetição de elementos iguais e, conseqüentemente, em ganho de escala, também facilitando as futuras ampliações da segunda etapa da obra. A modulação adotada, de 7,8x7,8m, otimizou simultaneamente o aproveitamento das vagas do estacionamento, a modulação das lojas e, sobretudo, a divisão das salas nos pavimentos superiores, evitando transições que onerariam a obra e dificultariam o processo de produção. Mesmo considerando a flexibilidade de sistema exigida, consideramos adequado, por conviverem melhor com as demandas de contenções decorrentes das movimentações de terra, pilares pré-moldados de concreto no trecho da edificação situado abaixo do nível da Alameda Vila da Serra. Para compatibilizar com o limite da altura final da edificação, estabelecida pelo plano diretor, adotamos vigas metálicas mistas, permitindo redução na seção vertical. Painéis alveolares tipo Struder, ou mesmo sistemas tipo Steeldeck, adequam-se perfeitamente à modulação adotada, embora a primeira favoreça o isolamento termo-acústico, desejável, sobretudo, para as salas de aula. INSTALAÇÕES ESPECIAIS. Elétrica convencional e de emergência, cabeamento estruturado para lógica, telefonia, circuito fechado de tv, antena para tv a cabo e convencional, sistema de som: O anel das passarelas em volta do átrio favorecerá a aplicação das instalações especiais, bem como a logística da sua execução, desta forma ficando autônoma do andamento das outras partes da obra. Todo o cabeamento correrá em eletrocalhas no entreforro removível deste anel, de onde se distribuirá para cada sala. Esta estratégia facilitará a expansão dos sistemas, bem como a manutenção externa, sem interferência nas atividades escolares. Ar condicionado: A condição de se executar o edifício em duas etapas, somadas às diferentes formas de demanda – permanentes, periódicas, temporárias e eventuais – de condicionamento ativo do ar ambiente, injustifica a adoção de sistema centralizado. Considerando-se que o arranjo arquitetônico das salas de aula, com ventilação natural cruzada, dispensará tratamentos especiais, recursos ativos serão adotados somente na capela (primeira etapa), lojas (primeira e segunda etapa), auditório e vídeo conferência (segunda etapa). Serão instalados equipamentos autônomos de ar condicionado, com sistemas apropriados a cada condição de uso e volume: tipo split para lojas e tipo self-contained para o conjunto auditório e vídeo conferência, os quais foram locados em contiguidade. Proteção contra incêndio: Considerando-se que o uso do edifício tende a criar fluxos intensos entre três pavimentos subseqüentes, adotamos, para melhor escoamento, saídas nas quatro extremidades do edifício. Estas quatro caixas de escada, já presentes na primeira etapa, atendendo às normas de segurança em lances de 1,65 metros de largura apresentar-se-ão, alternadamente, abertas e a prova de fumaça. A locação das escadas preservará as medidas de segurança e não comprometerá o controle institucional exigido pelo edital do concurso. A posição destas torres já resolverá também as demandas da segunda etapa que a este núcleo se conectará por meio de passarelas metálicas, evitando-se assim mais acessos e, conseqüentemente, maior complexidade de controle. Elevadores: Para redução significativa do custo de implantação dos equipamentos, o cálculo do número de elevadores, 22 passageiros transportados por unidade, considerou o limite de uso de maquinário nacional, Foram também reunidos num único hall. Para preservar o controle, só haverá paradas na área institucional e nos estacionamentos, ficando os espaços públicos atendidos por rampas adequadas ‘a acessibilidade universal. Nesta posição, poderão também interligar os pavimentos da segunda etapa, totalmente integrada à inicial por meio de passarelas. A instalação do sistema dentro dos fossos, contudo, acompanhará a demanda. hidráulico, sanitário, coleta e uso de água pluvial: Os banheiros dos pavimentos da torre foram instalados contíguos às caixas de escada, concentrando e otimizando o uso dos shafts na execução e manutenção. Os reservatórios superiores, instalados ao lado da casa de máquinas dos elevadores, favoreceu a implantação de barrilete sobre a caixa de escada a eles contígua. Duas câmaras autônomas para reservatório de água superior, favorecendo a manutenção, ligadas por barrilete único, com capacidade de 60.000 litros cada, atendem à demanda de consumo bem como reserva de incêndio, ficando este sistema complementado ainda por reserva adicional de 120 mil litros, localizada no segundo subsolo. Todo o sistema de coleta pluvial se desenvolverá em calhas, cujas prumadas, no perímetro externo, pela fachada, entre o revestimento interno (dry wall) e o externo (pré moldado de concreto), convergem para outro reservatório, também com 120 mil litros, também no segundo subsolo. Esta água, após filtragem, será conduzida a um reservatório superior exclusivo, também com 60 mil litros, contíguo aos demais, de onde partirão redes independentes para descarga, faxina e irrigação. Este reaproveitamento é mais uma das características da sustentabilidade desta edificação. Acústica: Na capela, vídeo conferência e auditório, será usado material absorvente nos forros e alvenarias de vedação. Nas salas de aula, forros removíveis, com bom nível de absorção. O mesmo se aplica para os corredores de circulação do anel das salas de aula, cujos forros contribuirão para abafar o ruído externo. Na divisão entre as salas deverão ser instalados painéis dry wall com recheio de lã de rocha. Gás GLP: A instalação de tanque estacionário, na área posterior externa da edificação, favorecerá o acesso de caminhões para recarga.