Aluno:_____________________________________________________________ Série/ano: 7º Turma: _____ Turno: _________ Professor: ____________ Data: ___/___/___ O CONHECIMENTO Por que as crianças perguntam tanto? Quem pergunta necessariamente deseja conhecer? O que significa conhecer? Desde criança queremos saber o “quê”, o “como” e o “porquê” das coisas. A curiosidade é algo que carregamos por toda nossa vida. Mas, por que fazemos isso? Por que somos curiosos? De onde vem essa necessidade de se conhecer as coisas? Como você se sente num ambiente estranho? Num lugar que você nunca esteve, vendo coisas que você nunca viu e com pessoas que você não conhece? Nessa situação, o sentimento que nos vem naturalmente é de insegurança, não é mesmo? Pois é exatamente isso que nos leva a conhecer as coisas e a necessidade de superar a insegurança. O conhecimento das coisas nos dá segurança, domínio sobre uma determinada situação. Quando nos deparamos com algo novo, começamos a pensar. Sentimos a necessidade de entender, de encontrar uma explicação para as nossas dúvidas e inquietações. As crianças são muito curiosas porque tudo para elas é novo e elas precisam conhecer para se sentirem mais seguras, por isso, gostam tanto de experimentar as coisas. Conhecer é um risco necessário. O conhecimento é uma forma de posse, de domínio sobre algo. Quando temos posse de informações objetivas, capazes de dominar a realidade à nossa volta, sentimo-nos mais seguros. Como poderíamos, então, definir conhecimento? Conhecimento é a relação que se estabelece entre alguém e alguma coisa, movida pela curiosidade. Em outras palavras: Conhecimento é o pensamento que resulta da relação que se estabelece entre sujeito e objeto. Como podemos ver, evidentemente, o conhecimento pressupõe a existência de um sujeito e de um objeto, isto é, alguém que possa conhecer e alguém que possa ser conhecido. O objeto é aquilo que é pensado, aquilo que apresenta diante de nós, ou seja, tudo o que vemos pelo “olhar” interior ou exterior. E o sujeito é aquele que conhece. PARA REFLETIR O CONHECIMENTO COMEÇA COM A EXPERIÊNCIA Que todo o nosso conhecimento começa com a experiência, não há duvida alguma, pois, do contrário, por meio do que a faculdade de conhecimento deveria ser despertada para o exercício senão através de objetos que tocam nossos sentidos e em parte produzem por si próprias representações; em parte põe em movimento a atividade do nosso entendimento para compará-las, conectá-las e, desse modo, assimilar a matéria bruta das impressões sensíveis a um conhecimento dos objetos que se chama experiência? Segundo o tempo, portanto, nenhum conhecimento em nós precede a experiência e todo ele começa com ela. FORMAS DE CONHECIMENTO “Por conhecimento entendo a certeza que nasce de uma comparação de ideias. ” David Hume A necessidade de explicar as coisas levou o ser humano a trilhar diferentes caminhos, o que significa que ele descobriu ao longo da história diferentes formas ou diferentes graus de conhecimento. É o que veremos agora. Podemos distinguir cinco formas de conhecimento: o conhecimento Vulgar, também conhecido como senso comum; conhecimento mítico; o conhecimento religioso; o conhecimento cientifico e o conhecimento filosófico. Juan Miró. Les echelles em roue de feu Vejamos agora, de forma sintética, a diferença entre essas formas de conhecimento: 1. O conhecimento vulgar ou senso comum consiste em uma série de crenças admitidas por um determinado grupo social, de modo espontâneo, ingênuo, não critico e que são decorrentes de experiências casuais. É o conhecimento do povo, aquele que é aceito por quase todas as pessoas sem a necessidade de análise ou demonstração. É uma forma de conhecimento que ainda está ligada apenas à percepção dos fenômenos, sem dar a estes uma explicação mais elaborada. A principal característica do senso comum não é o fato de ele ser verdadeiro ou falso, mas o fato de que ele não tem um fundamento, isto é, as pessoas acreditam sem saber por quê. Elas aceitam, repetem, defendem determinada ideia, mas não sabem demonstrá-la. Alguns ditos populares são exemplos bem significativos de frases que se transformam em senso comum. Vejamos alguns exemplos: “Filho de peixe, peixinho é.” “Nada se cria, tudo se copia.” “Cavalo dado não se olha os dentes.” 2. O conhecimento mítico baseia-se em explicações para determinados fenômenos que nascem da imaginação das pessoas numa determinada comunidade e que têm por função dar sentido a tudo que na natureza parece estranho e que foge ao domínio do homem. Toda sociedade cria ou elege seus mitos como uma forma de fortalecer seus valores. O mito consiste num relato explicativo, muitas vezes baseado na criação de personagens sobrenaturais que nos ajudam a entender o mundo e a assimilar certos valores que a sociedade julga como importantes. Exemplos: “O cupido me flechou.” “A lua me traiu.” 3. O conhecimento religioso ou teológico refere- se ao conhecimento das verdades reveladas pela sabedoria divina. É o conhecimento de Deus através de suas revelações. Pertencendo a uma dimensão sobrenatural, o conhecimento do que é divino ultrapassa os limites da razão e só pode ser alcançado através da fé, ou seja, da crença religiosa. O crente é aquele que aceita de forma dogmática, isto é, sem critica, sem questionamento, as revelações divinas como verdades sagradas. As religiões não exigem provas, nem hipóteses, nem argumentos lógico-racionais. Elas procedem da fé, de um acreditar. A fé religiosa é, por isso, de ordem mística- intuitiva e não de ordem racional-analítica. Exemplo: “Deus é pai, filho e espirito santo.” “Toda bíblia é comunicação, de um Deus amor, de um Deus irmão.” “Através da Transubstanciação o pão vira corpo e sangue de Cristo.” 4. O conhecimento cientifico é aquele que através de instrumentos, técnicas e recursos de observação procura explicar os fenômenos da natureza. Os cientistas elaboram hipóteses teóricas para explicar os fenômenos naturais recorrendo à verificação experimental, através da qual procuram testar suas teorias. Hipóteses aceita pela evidência da prova formam uma teoria que será considerada certa pela comunidade dos cientistas até que seja demonstrada errônea ou incompleta por outros testes. Ao contrário do conhecimento vulgar, o conhecimento cientifico baseia-se em análises e demonstrações, não recorre à fé ou a crença, mas somente a observação dos fatos. As ciências utilizam o método empírico-analítico. Elas são sempre um conhecimento inacabado. Exemplo: “A toda ação corresponde uma reação em sentido oposto e com a mesma intensidade.” 5. O conhecimento filosófico é aquele que pretende investigar a coerência lógica das ideias com que o homem interpreta o mundo e dá sentido às suas ideias. É uma forma de conhecimento essencialmente crítica, que procura entender as causas mais profundas dos fenômenos, não lhe bastando saber como funcionam, mas qual o sentido que eles têm na ordem geral do mundo. Não importa à filosofia apenas saber como o mundo é, mas como ele deveria ser. A filosofia é um saber do universal e não do particular, por isso ele é o saber dos saberes. O homem filosofa para saber qual o sentido de sua própria existência, da vida, da morte, de Deus, da religião, do amor, da ciência, da arte etc. Exemplo: “Por que há o que há e não o nada?” “Se penso, logo existo.” CIÊNCIA E FILOSOFIA Ciência, do latim scientia, etimologicamente quer dizer: saber. Aristóteles definia ciência como sendo o conhecimento das coisas por suas causas. E reconhecia quatro causas: material, formal, eficiente e final. Para Descartes, toda ciência é um conhecimento certo e evidente. A causa material é aquilo de que uma coisa é feita. A causa formal é o modelo e a forma imanente às coisas. A causa eficiente é o motor ou o agente. A causa final é a razão ou o fim. De acordo com Aristóteles, um físico ao estudar a estátua de Hermes deve levar em conta que: (1) o mármore é sua causa material; (2) a ideia ou a forma da obra representa para o escultor sua causa formal; (3) os golpes do cinzel são sua causa eficiente; (4) o desejo de dinheiro ou de glória é a causa final. Hoje podemos dizer que a ciência é uma forma particular de conhecimento, fruto do raciocínio e da observação aperfeiçoada, da razão e da experiência. Desse modo, para conhecer basta observar; para saber, faz-se necessário a comparação e a generalização. Galileu frente ao tribunal da inquisição romana, pintura de Cristiano Banti. É interessante verificar que a ciência assume cada vez mais importâncias em nossas vidas e, no entanto, temos uma compreensão cada vez mais precisa do caráter hipotético e mesmo provisório das teorias cientificas. Certas teorias que, em tempo atrás, pareciam ter valor irrefutável, foram substituídas por outras e outras num processo continuo de aperfeiçoamento do saber que, ao que nos parece, não tem limites. Cada vez mais tomamos consciência da falibilidade do nosso processo de conhecimento, do tamanho de nossa ignorância diante da imensidão do universo e, sobretudo de que o conhecimento científico, por si só, não basta para a formação plena do homem. Galileu Galilei (1964 1642), filósofo italiano, astrônomo, cientista e matemático, é provavelmente melhor lembrado por seu trabalho em apoio à teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico sobre o sistema solar. Para salvar a própria vida, Galileu negou suas ideias em 1633, admitindo que a Terra não girava em seu próprio eixo. A contribuição de Galileu para a ciência foi muito além da astronomia. Suas teorias influenciaram na elaboração da primeira lei do movimento, atribuída a Isaac Newton. E no campo da filosofia foi influenciado pela filosofia grega; além disso, foi um grande admirador de Arquimedes. Sem dúvida, ele foi um grande pensador que procurou, por meio da verdade, ajudar o ser humano a se libertar das amarras do dogmatismo. O grande mérito da ciência é fazer com que nós nos aproximemos cada vez mais das coisas, de tal forma que podemos compreendê-las em suas entranhas, o que nos dá um conhecimento mais profundo da estrutura do mundo e o que torna o nosso saber cada vez mais especializado. No entanto, nessa aproximação, corremos o risco de perder a visão do todo e, com isso, perder o sentido de relação, o que é fundamental, porque é esse sentido de relação, de interligação, que dá ao nosso conhecimento a visão de universo e de mundo. Tudo leva a crer que no campo do conhecimento o homem alcançou um tempo de maturidade. Ao contrário do que possa ter Bússola militar de Galileu parecido a alguns, a hegemonia do saber cientifico em nossa época não descartou e nem poderia, a importância do saber filosófico e isso, precisamente, porque é através da filosofia que podemos resgatar a visão de totalidade das relações. O papel da filosofia é estabelecer uma discussão critica a cerca de questões que interessam a todos indistintamente. As questões filosóficas não são universais somente porque dizem respeito a toda humanidade, mas porque são também questões cuja validade independe do tempo. A principal característica do saber filosófico é que ele é, necessariamente, um saber crítico. Não cumpre à filosofia dizer propriamente como são e o que são as coisas; esse é o papel das ciências; à filosofia cumpre, sobretudo, dizer como elas poderiam e deveriam ser. Quando além de constatarmos como as coisas são, assumimos uma postura critica e dizemos como elas deveriam ser, caminhamos da esfera da ciência para a esfera da filosofia. É nesse sentido que compreendemos que ciência e filosofia são saberes complementares, sem os quais o conhecimento não se faz pleno. Cumpre notar também a necessidade de uma análise crítica dos rumos da própria ciência, porque ela pode voltar-se contra o próprio homem e essa é uma tarefa que compete à filosofia. LINGUAGEM, PENSAMENTO E CULTURA: O SILÊNCIO Antes de existir computador existia tevê Antes de existir tevê existia luz elétrica Antes de existir luz elétrica existia bicicleta Antes de existir bicicleta existia enciclopédia Antes de existir enciclopédia existia alfabeto Antes de existir alfabeto existia a voz Antes de existir a voz existia o silêncio O silêncio Foi a primeira coisa que existiu Um silêncio que ninguém ouviu Astro pelo céu em movimento E o som do gelo derretendo O barulho do cabelo em crescimento E a música do vento E a matéria em decomposição A barriga digerindo o pão Explosão de semente sob o chão Diamante nascendo no carvão Homem, pedra, planta, bicho, flor Luz elétrica, tevê, computador Batedeira, liquidificador Vamos ouvir esse silêncio meu amor Amplificado no amplificador Do estetoscópio do doutor No lado esquerdo do peito, esse tambor. (O silêncio. Composição: Carlinhos Brown / Arnaldo Antunes. In: Arnaldo Antunes. CD O silêncio, BMG, 1996) Antes de o ser humano utilizar a voz só existia apenas o silêncio. Como você vê essa questão? O pensar é um movimento, uma atividade da razão que conta com uma grande invenção do homem: a palavra. Sem as palavras não teríamos como expressar nossos pensamentos. E é por meio do pensamento que o conhecimento se manifesta. Segundo Aristóteles, somente o homem é um “animal político”, isto é, social e cívico, pois dentre os outros animais é o único dotado de linguagem. Os outros animais apenas possuem voz e, com ela, exprimem dor e prazer; mas o homem, pelo fato de possuir a palavra, pode expressar aquilo que é bom e mal, justo e injusto. Esses valores que o homem pode exprimir por meio da palavra é o que possa possível a vida social e política. “A Linguagem serve para demonstrar o útil e o danoso e, por isso também, o justo e o injusto, o que é próprio dos homens a respeito dos outros animais: ter somente ele o sentido do bem e do mal, do justo e do injusto. ” (Aristóteles) Existem diversos tipos de linguagens criadas pelo homem que vão das linguagens matemáticas, linguagens do computador, passando por diversas línguas, pelas linguagens artísticas, pelas linguagens gestuais, da moda, chegando até às linguagens que dominam o universo da internet. Além da linguagem, existem diversos tipos de pensamentos, que podem ser concretos ou abstratos. O pensamento concreto é aquele formado da nossa percepção a partir da nossa percepção, isto é, da representação de objetos reais, sendo imediato, sensível e intuitivo. Por exemplo, quando vemos maçãs sobre uma mesa, imediatamente percebemos que elas ocupam um espaço, têm cor e odor. Esse tipo de percepção é concreta, sensível (é daquelas maçãs). Por exemplo, quando somamos 4 + 4 estamos lidando com uma noção de quantidade, pois não encontramos o número 4 na natureza, encontramos maçãs que representamos abstratamente pelos números, que são construção da nossa razão. Além do pensamento, a linguagem também mantém estreita relação com a cultura. A palavra cultura tem vários significados. Mas no sentido amplo, essa palavra se refere a toda e qualquer criação humana, material ou espiritual, que distingue os grupos humanos das outras espécies animais. Em outras palavras, podemos dizer que cultura se refere ao conhecimento que é transmitido de um grupo aos seus membros, pela convivência e pela educação formal e informal. IDEOLOGIA: EU QUERO UMA PARA VIVER Ideologia é um conjunto de ideias de certo grupo de pessoas. No sentido amplo do termo, podemos dizer que é um conjunto de valores, princípios e ideias que acabam orientando uma ação ou prática política. No ponto de vista marxista, o termo ideologia é a representação ou ideia apresentada como racional, mas que exprimem os interesses da classe dominante. Você está sempre tendo, recebendo, repetindo e reproduzindo ideias. Seja em qualquer local, em casa ou na escola, estudando ou se divertindo, lendo ou assistindo um filme. Muitas vezes essas ideias passam a ter vida própria e exercem um domínio sobre nós, tornando-se um senso comum. Um exemplo desse senso comum aparece no caso da “explicação” da pobreza, em que o pobre é pobre por sua própria culpa (preguiça, ignorância) ou por vontade divina ou por inferioridade natural. Esse senso comum social, na verdade, é o resultado da elaboração intelectual sobre a realidade, feito pelos pensadores ou os intelectuais da sociedade: Sacerdotes, filósofos, cientistas, professores, escritores, jornalistas, artistas, que descrevem e explicam o mundo a partir do ponto de vista da classe dominante de sua sociedade. Essa elaboração intelectual, incorporada pelo senso comum social, é a ideologia. Por meio dela, o ponto de vista, as opiniões e as ideias de uma classe social – a dominante e dirigente – tornam-se o ponto de vista e a opinião de todas as classes e de toda sociedade. A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dando-lhes a aparência de divisão social e de diferenças naturais entre os seres humanos (...) (CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2005, pp.174-175) FILOSOFIA E IDEOLOGIA: Todos nós acreditamos em uma série de coisas que nos acostumamos a acreditar sem sabermos bem por que acreditamos. A verdade é que, desde que nascemos, vamos aprendendo as coisas com as pessoas mais velhas e nos acostumamos a aprender com aquelas pessoas que julgamos que sabem mais do que nós. Acreditamos e aprendemos com nossos pais, com nossos professores, com nossos amigos, com os livros, com os jornais, com a televisão e tudo o mais. No fundo, acreditamos nas coisas que os outros acreditam e, de um modo gera, se todos acreditam por que iriamos discordar? Mas, se você observar bem, existem muitas coisas que muitos acreditam e quase ninguém duvida, mas são poucas as coisas que se possa dizer que todos acreditam. Se você é uma pessoa que costuma pensar e agir sempre como a maioria, talvez devesse se perguntar: será que a maioria das pessoas sempre está certa? A história nos diz que não. Antigamente, a maioria das pessoas acreditavam que o Sol girava em torno da Terra, e só alguns poucos acreditavam que era o contrário, que a Terra é que girava em torno do Sol. Hoje sabemos que a maioria estava errada. Agora imagine você se todas as pessoas, desde a antiguidade, acreditassem sempre nas mesmas coisas e ninguém quisesse pensar diferente? Nós iriamos continuar a acreditar que o Sol é que gira em torno da Terra e jamais teríamos descoberto a verdade. Podemos dizer que a maior parte das vezes a maioria das pessoas está com a razão, mas isso não quer dizer que sempre estamos certos, seguindo as ideias dos outros, tentando ser igual aos outros, acreditando e nos comportando como os outros. Todos nós temos a capacidade de compreender e distinguir o que é certo ou errado, bom ou ruim. Muitos filósofos ficaram famosos por terem discordado da maioria das pessoas de sua época, e muitos com o tempo acabaram convencendo um bom número de pessoas que estavam certos. O que os filósofos fizeram e continuam fazendo não é simplesmente discordar da maioria das pessoas, mas refletir sobre as coisas que nós acreditamos. Se nós apenas acreditamos e não refletimos sobre as coisas em que acreditamos, jamais teremos certeza se estamos certos ou não e jamais poderemos mudar de opinião. Nossa cabeça está cheia de ideias que nos foram colocadas desde que nascemos e continuamos a coloca-las sem refletir sobre elas. Esse conjunto de ideias que nós acumulamos ao longo de nossas vidas e aceitamos como verdade sem reflexão é chamado ideologia. Se nós refletimos sobre aquilo que acreditamos e só aceitamos de verdade depois de termos refletido, então isso já não é mais ideologia, mas filosofia; quando refletimos, tomamos posse de nossas ideias, passamos a ter domínio sobre elas em vez de sermos por elas dominados. PARA REFLETIR: IDEIAS, IDEIAS, IDEIAS... Ideias, ideias, ideias. Estamos sempre tendo, recebendo, repetindo, reproduzindo ideias. Seja nas ruas, na escola, nos bares ou em casa. Seja trabalhando, estudando ou nos divertindo, conversando, lendo ou assistindo a um filme. Às vezes percebemos que algumas ideias tomam vida própria e passam a nos dominar. Na maioria das vezes, porém, elas nos conduzem sem que tenhamos consciência disso. Mal sabemos o imenso poder que elas têm sobre nós quando estamos desatentos ou quando pensamos que pensamos. A publicidade se utiliza maravilhosamente desse princípio: “uma mentira dita mil vezes acaba virando verdade”. Mas nem tudo está perdido. Com consciência crítica, todos nós podemos elaborar nossas próprias concepções, sem passividade, sem a escravidão dos desejos externos. A mesma ideia que prende pode libertar-nos das prisões ideológicas. (COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia. São Paulo: saraiva, 1993, p. 56) MÚSICA PARA OUVIR E FILOSOFAR: Meu partido É um coração partido E as ilusões estão todas perdidas Os meus sonhos foram todos vendidos Tão barato que eu nem acredito Eu nem acredito Que aquele garoto que ia mudar o mundo (Mudar o mundo) Frequenta agora as festas do “Grand Mond” Meus heróis morreram de overdose Meus inimigos estão no poder Ideologia, Eu quero uma pra viver Ideologia, Eu quero uma pra viver Agora é risco de vida Meu sex and drug não tem nenhum rock’n roll Eu vou pagar a conta do analista Pra nunca mais ter que saber quem sou eu Pois aquele garoto que ia mudar o mundo (Mudar o mundo) Agora assiste a tudo em cima do muro Meus heróis morreram de overdose Meus inimigos estão no poder Ideologia, Eu quero uma pra viver Ideologia, Eu quero uma pra viver (Cazuza, ideologia. Polygram, 1998). CD Coleção Milennium,