Correlação Anatomoclínica

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Arq Bras Cardiol
2001; 77: 517-24.
Correlação
anatomoclínica
Correlação
Anatomoclínica
Correlação Anatomoclínica
Caso 3/2001 – Mulher de 20 anos de idade por tadora de hiper tensão pulmonar
pulmonar,, síncope e
cefaléia intensa (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas – FMUSP - São Paulo)
Paulo Bocayuva Cauduro, Moacyr Roberto Cucê Nobre, Edmar Atik, Léa M. M. F. Demarchi
São Paulo, SP
Mulher de 20 anos de idade, procurou atendimento
médico devido a cefaléia e vômitos após síncope (22/9/95).
A paciente nasceu de parto normal a termo sem
intercorrências. Até a idade de um ano e meio apresentou
cansaço às mamadas. Aos sete anos surgiu cansaço aos
grandes esforços e palpitações em situações de tensão.
Aos oito anos apresentou dois episódios de cianose e
dispnéia aos esforços, acompanhados de sensação de
perda iminente de consciência. Queixava-se, também, de
artralgias em joelhos e tornozelos, e dor em coluna torácica
e lombar. Foi encaminhada a este Hospital aos nove anos de
idade (26/11/84).
O exame físico (26/11/84) mostrou criança eupnéica e
acianótica, pulso regular e simétrico, freqüência de 72bpm, e
pressão arterial 120x90mmHg. O exame dos pulmões foi
normal. O exame do coração demonstrou 2ª bulha palpável
em área pulmonar, hiperfonese de 2ª bulha e presença de
sopro sistólico em área pulmonar. O fígado foi palpado na
reborda costal direita e não havia edema de membros
inferiores.
O eletrocardiograma (23/11/84) demonstrou ritmo
sinusal, freqüência de 79bpm, SÂQRS +110º para frente e
sobrecarga ventricular direita (fig. 1). A radiografia de tórax
revelou aumento do ventrículo direito e abaulamento de
arco médio. Os exames laboratoriais encontram-se na tabela
I. A pesquisa de células do lúpus eritematoso, fator
antinúcleo e fator reumatóide foram negativas
O ecocardiograma (3/10/85) revelou aneurisma da
parte membranosa do septo interventricular e comunicação
interventricular de pequena repercussão hemodinâmica,
coração com dimensões e contratilidade normais (tab. II).
Editor da Seção: Alfredo José Mansur - email: [email protected]
Editores Associados: Desidério Favarato - email: [email protected]
Vera Demarchi Aiello - email: [email protected]
Correspondência: Alfredo José Mansur - InCor - Av. Dr. Enéas C. Aguiar, 44 05403-000 - São Paulo, SP
Foi submetida a estudo hemodinâmico e angiográfico
(novembro/85) quando se detectou hipertensão pulmonar
acentuada, aumento discreto de volume diastólico final e
contratilidade normal do ventrículo esquerdo, além de
aneurisma do septo membranoso com passagem de sangue
para ventrículo esquerdo através do mesmo (tab. III). Novo
estudo (outubo/86) revelou hipertensão pulmonar acentuada (tab. III).
Pela ventriculografia radioisotópica (maio/86) foram
observados discreta redução global da função de ventrículo
esquerdo e abaulamento do tronco pulmonar (tab. IV).
A paciente demonstrou baixa capacidade física e sem
sinais de isquemia miocárdica no teste de esforço (novembro/87) (tab. V). Novas avaliações foram realizadas em 18/8/
88 e 23/5/91 (tab. V).
Os diagnósticos definitivos foram de hipertensão
pulmonar primária e, após avaliação reumatológica, de artrite
reumatóide juvenil, quando iniciou o uso de nifedipina,
prednisona e cloroquina.
A cintilografia cardíaca com gálio-67 (novembro/93)
não demonstrou concentração do radiofármaco em área
cardíaca e não detectou evidências de inflamação miocárdica.
Evoluiu com cansaço aos esforços maiores até setembro de 1995.
Novo ecocardiograma (abril/94) revelou hipertensão pulmonar acentuada e insuficiência tricúspide discreta (tab. II). A
ventriculografia radioisotópica (abril/94) estava praticamente inalterada com dilatação de tronco pulmonar e
discreta dilatação dos ventrículos (tab. IV).
Apresentou síncope em março de 1994 após estresse
emocional.
Foi submetida a timpanoplastia esquerda por otites de
repetição (abril/95).
Novo episódio de síncope ocorreu (setembro/95), com
queda e trauma facial. Quatro dias após apresentou cefaléia
intensa pulsátil, acompanhada de náuseas, vômitos,
tonturas, sem alteração visual.
Arq Bras Cardiol, volume 76 (nº 6), 517-24, 2001
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Tabela III - Dados hemodinâmicos
Medidas/datas
Fig. 1 - Eletrocardiograma - Ritmo sinusal e sobrecarga ventricular direita.
Tabela I - Exames laboratoriais
Exames/datas
Abri/l85 Maio/88 Dez/89
5.200.000
Hemácias/mm3
Hemoglobina (g/dL)
14,5
Hematócrito
0,42
VCM (m3)
81
CHCM (g/dL)
35
Leucócitos/mm3
5.800
Bastões (%)
1
Segmentados (%)
49
Eosinófilos (%)
4
Linfócitos (%)
42
Monócitos (%)
3
Plaquetas/mm3
228.000
Agregação plaquetas
Normal
Tempo de protrombina (s)
14
Relação observado e controle 1,01
TTPA (s)
50,4
relação controle/observado
1,01
Tempo de trombina (s)
11,3 (10,5)
Uréia (mg/dL)
Creatinina (mg/dL)
Glicemia (mg/dL)
Sódio (mEq/L)
Potássio (mEq/L)
Pressões (mmHg)
Basal
Média de átrio direito
9
V. direito
128/15/15
(sist/diast inicial/diast final)
Artéria pulmonar
127/96/111
(sist/diast/média)
Oclusão pulmonar (média)
12
V. esquerdo
136/0/14
(sist/diast ini/diast final)
Aorta
135/96/114
(sistólica/diastólica/média)
Resistência vascular (dyn.seg.cm-5)
Pulmonar
587
Sistêmica
1624
Índice cardíaco (L/min.m2)
2,3
Outubro/86
Nifedipina
6
94/7/7
2
67/3/4
95/68/81
67/49/59
8
120/0/17
11
136/5/12
118/75/94 130/95/111
481
1455
3,9
-
Set/95
4.200.000 4.800.000
12,4
16,4
0,38
0,48
90
100
33
34
6.200
14.900
6
3
65
84
2
0
25
10
2
3
237.000
13,4
1,05
21,8
0,72
49
1
97
137
4,3
Tabela II - Evolução ecocardiográfica
Medidas/datas
Outubro/85 Abril/94
Espessura septo interventricular (mm)
6
8
Espessura parede posterior (mm)
6
8
Diâmetro de aorta (mm)
26
27
Diâmetro de átrio esquerdo (mm)
26
28
Ventrículo esquerdo
Diâmetro diastólico (mm)
40
36
Diâmetro sistólico (mm)
23
21
Fração de ejeção
0,42
Diâmetro diastólico de ventrículo direito (mm)
14
28
Comunicação interventricular (mm)
8
Ausente
Pressão média artéria pulmonar (mmHg)
Normal
77
Durante o exame físico (setembro/95) a paciente
estava com pulso regular, freqüência de 100bpm, pressão
arterial 140x95mmHg. O exame dos pulmões foi normal. O
exame do coração revelou hiperfonese de 2ª bulha em área
pulmonar, sopro sistólico ++/4+ em área tricúspide e
diastólico aspirativo +/4+ em borda esternal esquerda alta.
O exame do abdome foi normal. O exame neurológico
518
Novembro/85
Tabela IV - Evolução na radiocardiografia e ventriculografia
isotópica
Medidas/datas
9/5/86
Radiocardiografia
Tempo trânsito pulmonar (s)
6
Tronco pulmonar
Dilatado
Ventriculografias
Ventrículo esquerdo
Volumes
Aumento discreto
Cinética
Hipocinesia septal e apical
Fração de ejeção
0,49
Ventrículo direito
Volumes
Aumento discreto/moderado
Cinética
Normal
Fração de ejeção
-
18/4/94
7
Dilatado
Aumento discreto
Normal
0,62
Aumento discreto
Normal
0,60
mostrou paciente orientada, com discreta rigidez de nuca e
sem déficit motor; no exame do fundo de olho havia edema
papilar bilateral.
Foi feito o diagnóstico de hipertensão endocraniana
secundária a processo expansivo em fossa posterior.
O teste para detecção de anticorpos da classe IgG
contra o vírus da hepatite A foi positivo. As hemoculturas
não revelaram crescimento de microorganismos.
O eletrocardiograma (9/10/95) mostrou ritmo sinusal,
freqüência de 125bpm, SÂQRS + 150º para frente e sobrecarga ventricular direita (fig. 2).
A radiografia do crânio foi normal.
Fig. 2 - Eletrocardiograma - Taquicardia sinusal e sobrecarga ventricular direita mais
acentuada que no eletrocardiograma inicial.
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Correlação anatomoclínica
Tabela V - Avaliação por teste ergométrico
Variáveis/datas
20/11/87
Condição
Velocidade (mph)
Duração do exercício (min)
Freqüência cardíaca (bpm)
Pressão sistólica (mmHg)
Pressão diastólica (mmHg)
Término do exame
Basal
111
150
120
18/8/88
Esforço
2
11
180
140
90
Freq*
Basal
86
130
90
23/5/91
Esforço
2
15
145
140
80
-
Basal
92
169
60
Esforço
2
14
157
119
83
Dispnéia
* atingiu freqüência máxima preconizada.
A tomografia computadorizada revelou lesão hipodensa e com contraste anelar em hemisfério cerebelar direito, sem desvio do quarto ventrículo e sem dilatação ventricular. A imagem foi considerada sugestiva de abscesso.
A paciente foi medicada com vancomicina 2g, metronidazol 1500mg, ceftriaxona 4g e dexametasona 12mg diários.
Nos dias subseqüentes permaneceu com ceftriaxona,
metronidazol e dexametasona. No 6º dia de internação a
dose de ceftriaxona foi reduzida para 2g diários, suspensos
a vancomina e o metronidazol e introduzidos 2400mg de
clindamicina.
A paciente melhorou do ponto de vista neurológico e
do edema de papilas. No 18º dia de internação queixou-se
de dor e parestesias em membros inferiores, sem sinais
inflamatórios, ou de hipoperfusão sangüínea. O exame
neurológico não demonstrou diminuição de força ou
reflexos anormais. Havia redução global de reflexos
neuromusculares.
No 19º dia de internação foi submetida a trepanação
suboccipital esquerda para drenagem estereotáxica de
abscesso cerebelar. Houve saída de material achocolatado
e denso, sugestivo de coleção de abscesso.
Cinco horas após a cirurgia a paciente apresentou
cianose intensa e hipotensão arterial acentuada e logo em
seguida parada cardiorrespiratória e óbito (10/10/95).
Discussão
Aspectos clínicos - O caso em questão apresenta-nos
uma paciente adulta jovem, com antecedentes sugestivos
de pneumopatia desde o nascimento, tendo apresentado
quadro reumatológico na infância. Durante investigação
clínica foram levantadas as hipóteses diagnósticas de
hipertensão pulmonar primária e de artrite reumatóide
juvenil; além de ter sido observada comunicação interventricular durante estudo hemodinâmico aos 10 anos de
idade, e não mais relatada aos 20 anos de idade. Após otites
de repetição, é submetida a timpanoplastia. Apresentava,
cinco meses após o procedimento, hipótese diagnóstica de
abscesso cerebral, sendo tratada com antibióticos e
corticoterapia; no 19º dia de internação é submetida a
trepanação e drenagem estereotáxica, evoluindo para óbito
5h depois. Será dado enfoque aos diagnósticos de hipertensão pulmonar e de abscesso cerebral.
Define-se hipertensão pulmonar quando é medida
pressão arterial pulmonar sistólica maior que 30mmHg e
pressão pulmonar média maior que 20mmHg. O diagnóstico
de hipertensão pulmonar primária é realizado somente
quando, após apropriada investigação, não se encontrou
qualquer causa secundária 1-3.
Essa paciente apresentava na anamnese: cansaço,
dispnéia e cianose aos esforços, pré-síncope e síncope; ao
exame físico: hiperfonese da 2ª bulha, sendo esta palpável
em área pulmonar; o eletrocardiograma apresenta eixo
desviado para direita e sobrecarga de ventrículo direito; a
radiografia de tórax apresentava aumento de ventrículo
direito e abaulamento de arco médio, fatores que são muito
sugestivos de hipertensão pulmonar .
Uma das causas de hipertensão pulmonar pode ser a
doença reumatóide. Tomando-se como verdadeiro o diagnóstico de artrite reumatóide juvenil realizado na investigação reumatológica, devemos considerá-la como
possível causa secundária. A artrite reumatóide juvenil
pode ser classificada em três tipos de acometimentos:
sistêmico, poliarticular, e pauciarticular. O acometimento
sistêmico manifesta-se por febre alta, rash cutâneo,
linfadenopatia generalizada, hepatoesplenomegalia e
envolvimento cardiopulmonar; o envolvimento articular é
variável. Quanto ao envolvimento pulmonar, o mais
comumente observado é a pleurite, seguida em freqüência
por nódulos pulmonares e, mais raramente, por fibrose
pulmonar 4,5. Em alguns desses casos de fibrose pulmonar, a
radiografia torácica mostra um infiltrado reticulonodular
difuso; é de se notar, no entanto, que mesmo em pacientes
com radiografia torácica normal, têm sido encontradas
alterações da função pulmonar, com redução da capacidade
vital, sugerindo a existência de uma incidência maior do
que a esperada de casos de fibrose pulmonar sem alterações radiológicas. Parte dos pacientes com fibrose pulmonar
desenvolverá hipertensão pulmonar 6-8. Concluímos que em
relação ao caso clinico em questão, não é possível descartar
a hipótese de hipertensão pulmonar secundária a doença
reumatóide. No entanto, exames como as provas de função
pulmonar e biópsia pulmonar, dos quais não dispomos, são
importantes para que o diagnóstico seja firmado.
Importante exame complementar na investigação da
hipertensão pulmonar, o ecocardiograma revela uma
comunicação interventricular, e ainda, descarta a valvopatia
mitral ou miocardiopatia, outras possíveis causas de
hipertensão pulmonar 9.
519
Correlação anatomoclínica
O estudo hemodinâmico e angiográfico realizado em
novembro de 1985 confirma a hipertensão pulmonar acentuada, resistência pulmonar elevada e comunicação
interventricular levando a shunt reverso de direita para
esquerda, fatores esses descritos na síndrome de Eisenmenger. Os dados descritos na anamnese, exame físico,
eletrocardiograma 8 e radiografia de tórax são compatíveis
com tal hipótese, sustentada pelo fato de que pacientes com
a síndrome de Eisenmenger podem apresentar bacteremias
transitórias. Através do shunt, bactérias entram pela
circulação cerebral sem serem filtradas pela circulação
pulmonar, levando a um abscesso cerebral.10,11. Discordante
da hipótese de síndrome de Eisenmenger há o dado de que
a comunicação interventricular é pequena (8mm de diâmetro), não tendo sido talvez a causa da hipertensão pulmonar,
apesar de sua existência. Outros fatos discordantes são a
ausência de hematócrito elevado nessa paciente e o fato de
que no ecocardiograma de novembro de 1994 não foi mais
detectada a comunicação interventricular.
Em relação à investigação da hipertensão pulmonar,
deve-se ter em mente a possibilidade de tromboembolismo
pulmonar como importante causa, sendo necessário realizar
um mapeamento ventilação-perfusão e ou angiografia
pulmonar - que não foram realizados - até que se possa firmar
o diagnóstico de hipertensão pulmonar primária 12,13.
Poderíamos contra-argumentar, em relação à hipótese
de tromboembolismo pulmonar, que não há dados clínicos
sugestivos de tal diagnóstico e, não tendo sido identificada
a causa da hipertensão pulmonar, esta deve ser considerada
primária. As atuais teorias para etiologia da hipertensão
pulmonar primária são: 1) trombose venosa sistêmica
recorrente oculta com tromboembolismo: pacientes com
tromboembolismo recorrente desenvolvem hipertensão
pulmonar e cor pulmonale vagarosamente, sem manifestações clínicas de tromboembolismo, podendo apresentar achados angiográficos pulmonares característicos
apenas precocemente, desaparecendo tardiamente 14; 2)
desenvolvimento da hipertensão pulmonar por tromboses
in situ nas artérias pulmonares menores, com resultante
obstrução pulmonar vascular difusa. O suporte de tal teoria
é a existência de defeitos na coagulação, incluindo anormalidades na função plaquetária e fibrinólise defeituosa 12.
Outras causas de hipertensão pulmonar, pouco
prováveis neste caso, são doença pulmonar obstrutiva
crônica a ser investigada com prova de função pulmonar;
doença de Takayasu acometendo as artérias pulmonares
periféricas, (no entanto esta paciente não apresentou
acometimento de grandes artérias, como seria de se esperar
nesta doença); trombose da veia porta (sendo de auxílio
provas de função hepática) e doença falciforme, que seria
comprovada por morfologia eritrocitária e eletroforese de
hemoglobina.
No estudo hemodinâmico de 1985 houve boa resposta
à nifedipina, com redução da pressão de artéria pulmonar, da
pressão de átrio direito, aumento do débito cardíaco e
pouca alteração da pressão arterial sistêmica, teste esse de
grande importância para conhecer quais pacientes se
520
Arq Bras Cardiol
2001; 77: 517-24.
beneficiaram do uso prolongado de nifedipina para controle
da hipertensão pulmonar.
Alguns autores advogam o uso de anticoagulantes
profilaticamente na hipertensão pulmonar, mesmo não
tendo sido evidenciado tromboembolismo aos exames
complementares durante a investigação da etiologia da
doença. Esses autores argumentam que os pacientes têm
alto risco para tromboembolismo pulmonar devido à sua
vida sedentária, insuficiência venosa e dilatação das
câmaras cardíacas direitas. Tal opção medicamentosa
encontra-se em estudo para se determinar sua eficácia.
Em 1995 a paciente foi internada, e foi feita hipótese
diagnóstica de abscesso cerebelar esquerdo.
De acordo com a literatura, em aproximadamente 75%
dos pacientes com abscesso cerebral a duração dos
sintomas é igual ou menor que duas semanas. Somente
50% dos pacientes apresentam a tríade clássica de febre,
cefaléia e déficit neurológico focal. A cefaléia é de moderada
a intensa, podendo ser hemicraniana ou generalizada. Febre
ocorre em 45-50% dos pacientes. Pode haver alteração do
estado mental, indo de letargia ao coma. Achados neurológicos focais estão presentes em 50% dos pacientes e são
dependentes da localização da lesão e edema adjacente.
Náuseas e vômitos afetam metade dos pacientes, presumivelmente devido à hipertensão intracraniana. Convulsões
ocorrem em 25 - 35% dos pacientes, geralmente quando há
acometimento do lobo frontal. Rigidez nucal e papiledema
apresentam-se, cada um, em 25% dos casos 15-17. Quanto
aos exames complementares, pode haver no hemograma
leucocitose moderada, no entanto 40% dos pacientes têm
leucograma normal. A velocidade de hemossedimentação é
elevada, em torno de 45-50mm/hora. A proteína C reativa
encontra-se elevada e pode ser usada no diagnóstico
diferencial entre neoplasia e abscesso cerebral. A punção
lombar é contra-indicada em casos onde exista suspeita de
abscesso cerebral, devido ao risco de herniação e por ser um
exame pouco específico. A radiografia de crânio é normal na
grande maioria dos casos.
A realização de tomografia computadorizada de crânio
é fundamental no diagnóstico de abscesso cerebral, além de
ser superior a outros métodos tradicionais de imagem para
avaliação dos seios paranasais, mastóideos e do ouvido
médio. A imagem característica do abscesso cerebral à
tomografia computadorizada de crânio é de um centro
hipodenso com anel hiperdenso circundando-o, podendo
haver uma região hipodensa de edema cerebral. A tomografia computadorizada de crânio, apesar de sua alta
sensibilidade, não apresenta especificidade equivalente,
sendo observada a mesma imagem em neoplasias, granulomas, infarto cerebral, ou hematoma em resolução. Dentre
os diagnósticos diferenciais, o mais freqüentemente encontrado é o de neoplasia. Para esclarecer tal diagnóstico
podemos lançar mão da cintilografia com leucócitos marcados com índio - 111, os quais se acumularão nos focos inflamatórios. O caso clínico em questão é altamente sugestivo de abscesso cerebral, tendo em vista os dados
apresentados.
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A doença pode se desenvolver nas seguintes situações: 1) em associação a foco supurativo contínuo (47%
dos casos de abscesso cerebral), como em: a) otite média 17:
a paciente tem história de otites de repetição, chegando a
realizar timpanoplastia. A maioria dos abscessos cerebrais,
tendo otite média como processo causador, está localizado
no lobo temporal, seguido em freqüência pela localização
cerebelar (nota-se ainda que 85-89% dos abscessos
cerebelares são secundários à otite média). A ocorrência
desses abscessos é mais freqüente com a membrana
timpânica lesada, como no nosso caso; b) sinusites: a
maioria dos casos tem acometimento do lobo frontal, e não
do cerebelo, como no nosso paciente; c) mastoidites:
diverge desta hipótese por não ter sido observada qualquer
alteração no processo mastóideo ao exame de tomografia
de crânio 18; d) trauma: a paciente teve trauma facial, no
entanto a radiografia e tomografia do crânio não mostraram
sinais de fratura; 2) via hematogênica: caracteristicamente
tem foco infeccioso distante, geralmente no tórax; os
abscessos que ocorrem via hematogênica são, em geral,
múltiplos. Podem estar associados a abscesso pulmonar ou
bronquiectasia - que não é o caso da paciente - ou ainda a
focos infecciosos localizados em outra parte do corpo.
Deve-se observar que a complicação de abscesso
cerebral por endocardite bacteriana é considerada rara
quando há integridade da barreira hematoencefálica 18.
Dentre os casos de endocardite, há predominância de
endocardite aguda - o que o quadro clínico não sugere - em
vez de subaguda. Nos casos de endocardite e abscesso
cerebral nota-se freqüência maior entre os pacientes que
apresentam cardiopatia congênita cianótica, como por
exemplo síndrome de Eisenmenger. Casos que se evidenciam clinicamente durante a faixa etária pediátrica. A
paciente em questão apresentou o abscesso cerebelar aos
20 anos de idade, e o ecocardiograma realizado no ano
anterior não demonstrou comunicação interventricular,
fatos esses contrários à disseminação hematogênica.
A paciente evolui 5h após trepanação e drenagem
estereotáxica para cianose intensa, choque hemodinâmico,
parada cardíaca e morte. Nos casos de hipertensão pulmonar a causa mortis deve-se a insuficiência cardíaca direita
(64 %), pneumonia (7%), morte súbita (7%), outras causas
(7%), encontrando-se dentre as causas, tromboembolismo
pulmonar, arritmias malignas, hemorragia pulmonar maciça
e isquemia súbita de ventrículo direito 19.
(Dr. Paulo Bocayuva Cauduro)
Hipóteses diagnósticas - Síndrome de Eisenmenger;
hipertensão pulmonar relacionada a tromboembolismo
pulmonar de repetição; hipertensão pulmonar primária;
abscesso cerebral; artrite reumatóide juvenil.
(Dr. Paulo Bocayuva Cauduro)
A artrite reumatóide que cursa com vasculite sistêmica
costuma ser do tipo clássico, com prejuízo da função
osteoarticular, deformidade das articulações e altos títulos
de fator reumatóide. Costuma também ser acompanhada de
nódulos reumatóides, que são a expressão clínica da
vasculite cutânea. O quadro clínico em questão, caracterizado por artralgia, ausência de fator reumatóide,
ausência de nódulos subcutâneos e de outras manifestações esperadas como a neurite periférica e episclerite,
diverge bastante do esperado para a vasculite da artrite
reumatóide.
A manifestação pulmonar habitual da artrite reumatóide é o derrame pleural, que em ordem de freqüência é seguido pela doença intersticial pulmonar, caracteristicamente
não hipertensiva. Outra lesão pulmonar clássica da artrite
reumatóide é a presença de nódulo em parênquima pulmonar semelhante ao nódulo subcutâneo e também considerado como a expressão vasculítica da doença nos pulmões.
A imagem da arteriografia pulmonar seletiva, que
mostra diminuição da luz da primeira ramificação da artéria
pulmonar direita, bem como, redução da ramificação da
árvore arterial, sugerem acometimento de vasos de médio e
grande calibre, diferentemente do acometimento típico das
vasculites das doenças difusas do tecido conectivo que se
restringem a pequenos vasos e arteríolas. É o caso da artrite
reumatóide que no estudo histológico irá apresentar como
lesão patognomônica o infiltrado inflamatório perivascular,
com granuloma cercado de histiócitos em paliçada e
necrose fibrinóide no centro.
As doenças difusas do tecido conectivo que mais
freqüentemente levam à doença pulmonar vascular e
intersticial acompanhadas de hipertensão são a esclerose
sistêmica progressiva e o lúpus eritematoso sistêmico que
dificilmente poderiam ser aventados como hipóteses
diagnósticas no presente caso, em função da ausência das
manifestações clínicas dessas doenças, e da negatividade
do fator antinúcleo.
(Dr. Moacyr Roberto Cucê Nobre)
Aspectos diagnósticos e evolutivos da doença
vascular pulmonar estão expostos de maneira evidente no
caso em discussão.
Chamam a atenção os sintomas e sinais da hipertensão
pulmonar e da insuficiência cardíaca direita, com expressividade maior na evolução temporal, incluindo as alterações
eletrocardiográficas com sobrecarga progressiva de ventrículo direito.
Quanto às causas cardiovasculares principais da
síndrome, impõe-se a presença obrigatória de cardiopatias
com shunt da esquerda para direita com hiperfluxo pulmonar tipo comunicação interventricular, as lesões obstrutivas do coração esquerdo, ao lado da hipertensão pulmonar primária.
Os defeitos obstrutivos esquerdos ocasionam geralmente quadro grave, tormentoso e rapidamente fatal já nos
primeiros meses de vida e as cardiopatias tipo comunicação
interventricular apresentam-se com quadro inicial de
congestão venocapilar pulmonar, ambas situações inexis521
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2001; 77: 517-24.
tentes no caso em questão, apesar da demonstração
anatômica desta última anomalia.
Contrariando a conceituação da hipertensão pulmonar
primária, que existe quando da exclusão de qualquer defeito
cardíaco associado, poderia ela até ser aventada, particularmente neste caso, independente da presença da comunicação interventricular?
Pode-se afirmar questionamento face à analogia com
outros casos semelhantes nos quais a demonstração dos
sinais de hipertensão pulmonar primária independe de
defeitos cardíacos que eventualmente são descobertos no
acompanhamento evolutivo, o que ocorreu nesta paciente,
cujo quadro clínico dominante foi o da hipertensão pulmonar, na ausência de qualquer manifestação da comunicação interventricular. Este fato possivelmente não é responsável pelo advento de alterações da árvore arterial
pulmonar, tão expressivas da hipertensão pulmonar.
Soma-se a essa possibilidade a alteração vascular
pulmonar que pode ocorrer na artrite reumatóide apesar da
sua raridade, exteriorizando quadro similar ao da hipertensão pulmonar primária.
As imagens angiográficas e os dados epidemiológicos
excluem outras causas que embora raras, devem ser lembradas na discussão dessa síndrome, como o tromboembolismo pulmonar crônico, a doença de Takayasu e lesões
parenquimatosas pulmonares, como na esquistossomose
mansônica, por exemplo.
(Dr. Edmar Atik)
Necropsia
O coração pesou 400g e, externamente, apresentava
aumento de volume, com predomínio das câmaras direitas.
Aos cortes, foi encontrada uma comunicação interventricular perimembranosa, de via de entrada, medindo aproximadamente 1,5cm de diâmetro, totalmente fechada devido ao
acolamento e fibrose das cúspides anterior e septal da valva
tricúspide às bordas do orifício do defeito septal (fig. 3). A
valva tricúspide também apresentava dilatação do anel e
enrolamento da borda livre das cúspides. O átrio direito
estava bastante dilatado e havia intensa hipertrofia da
parede do ventrículo direito. Não foram encontrados
trombos intracavitários nem outras alterações cardíacas.
O exame microscópico mostrou lesões plexiformes nas
arteríolas pulmonares, compatíveis com hipertensão pulmonar grau IV de Heath-Edwards (figs. 4 e 5). Algumas arteríolas apresentavam múltiplos trombos de fibrina na luz, notando-se também múltiplos infartos pulmonares recentes,
pequenos e focais. Moderado infiltrado inflamatório linfomononuclear foi observado em torno de raras arteríolas pulmonares, porém não havia alterações histológicas compatíveis com vasculite em atividade. Havia, também, áreas focais
e esparsas de leve fibrose pleural, sem infiltrado inflamatório.
No hemisfério cerebelar direito havia um grande
infarto anêmico, cavitado, medindo 4cm no maior diâmetro,
com aproximadamente três semanas de evolução, sem
522
Fig. 3 - Corte da via de saída do ventrículo esquerdo, mostrando o defeito do septo
ventricular perimembranoso, totalmente fechado devido ao acolamento e fibrose das
cúspides anterior e septal da valva tricúspide às bordas do orifício da comunicação.
Fig. 4 - Corte histológico de pulmão, mostrando lesão plexiforme de arteríola pulmonar, compatível com hipertensão pulmonar grau IV de Heath-Edwards, com trombo de
fibrina na luz vascular (*). (Hematoxilina-eosina, aumento original x160).
conteúdo líquido. No interior da cavitação estava presente
um dreno, com luz patente, sem obstruções. A pesquisa
histoquímica de bactérias, fungos e bacilos álcool-ácido
resistentes nos fragmentos representativos do infarto
cerebelar resultou negativa. O cérebro apresentava edema
intenso e difuso, com herniação das amígdalas cerebelares.
Arq Bras Cardiol
2001; 77: 517-24.
Correlação anatomoclínica
Fig. 5 - Corte histológico de pulmão, mostrando moderado infiltrado inflamatório
linfomononuclear em torno de arteríola pulmonar. Não se observam alterações
histológicas compatíveis com vasculite em atividade. (Hematoxilina-eosina, aumento original x160).
Não foram observadas alterações morfológicas relevantes nos demais órgãos.
(Dra. Léa M. M. F. Demarchi)
Diagnósticos anatomopatológicos: 1) Comunicação
interventricular perimembranosa, de via de entrada, fechada
naturalmente pelas cúspides anterior e septal da valva
tricúspide; 2) alterações vasculares pulmonares correspondentes a hipertensão pulmonar grau IV de Heath-Edwards; 3) infarto cerebelar anêmico, cavitado, drenado
cirurgicamente; 4) edema cerebral.
(Dra. Léa M. M. F. Demarchi)
Comentários
Trata-se de um caso de hipertensão pulmonar numa
paciente jovem, com artrite reumatóide juvenil e comunicação interventricular fechada naturalmente, que faleceu
devido a alterações relacionadas à hipertensão intracraniana secundária a um infarto cerebelar anêmico, com
aproximadamente três semanas de evolução.
Apesar da suspeita clínica de abcesso, as alterações
histológicas cerebelares são mais consistentes com infarto
anêmico, cavitado. Os infartos anêmicos do cerebelo são
decorrentes de deficiência de irrigação das artérias cerebelares superior ou inferior, que fazem parte do território
vértebro-basilar. As causas mais comuns são trombose,
vasoespasmo ou hipotensão arterial e, mais remotamente,
malformações congênitas tais como a presença de anéis nas
paredes das artérias cerebelares, reduzindo ainda mais a luz
dessas artérias de pequeno calibre. Porém, à necropsia, não
conseguimos encontrar alterações morfológicas que
justificassem a isquemia cerebelar.
O principal motivo de discussão deste caso é a
hipertensão pulmonar, uma vez que a paciente tinha duas
doenças que podiam levar a alterações vasculares pulmonares: a artrite reumatóide juvenil e o defeito do septo
ventricular. Sendo assim, não se pode dizer que a paciente
apresentava hipertensão pulmonar primária.
O comprometimento pulmonar é uma das manifestações extra-articulares da artrite reumatóide juvenil 2. Podem
ser encontradas lesões pleurais diversas, sendo a mais
comum o derrame pleural e, também, lesões parenquimatosas, como pneumonia intersticial, fibrose pulmonar,
nódulos reumatóides e, mais raramente, vasculite e hipertensão pulmonar 20. Nos pulmões, além das lesões vasculares da hipertensão pulmonar, do moderado infiltrado inflamatório linfomononuclear e das áreas focais de leve
fibrose pleural, não encontramos outras alterações morfológicas sugestivas de comprometimento pela doença reumatóide. Mas, isso não nos permite afastar totalmente a possibilidade da artrite reumatóide juvenil ser a causa ou ter
colaborado para o desenvolvimento da hipertensão pulmonar dessa paciente.
Os defeitos do septo ventricular representam a anomalia cardíaca congênita mais freqüente. Na maioria das vezes,
são encontrados isoladamente mas também podem estar
associados a outras malformações cardíacas 21.
No caso em discussão, assim como na maioria dos
defeitos do septo ventricular 22, a comunicação era do tipo
perimembranosa. Localizava-se na via de entrada ventricular, tendo sido total e naturalmente fechada pelas cúspides anterior e septal da valva tricúspide.
Os defeitos do septo ventricular podem ser fechados
naturalmente por dois mecanismos 21: 1) pela formação de
tecido fibroso a partir das estruturas fibrosas ou valvares,
geralmente da valva tricúspide, localizadas nas proximidades do defeito 21. Nesses casos, com freqüência, diz-se
que há aneurisma do septo membranoso, o que é uma
denominação errônea, pois raramente o tecido fibroso, que
fecha o defeito, é derivado do septo membranoso ou de
seus remanescentes 23,24; 2) pela aderência da cúspide septal
da valva tricúspide, ocorrida apenas se a cúspide é adjacente ao orifício da comunicação, ou seja, quando o defeito
se localiza na via de entrada do ventrículo direito 21, como
no caso desta paciente.
As alterações hemodinâmicas do paciente com defeito
do septo ventricular são determinadas mais pelo tamanho
do defeito, do que pela sua localização 22. A hipertensão
pulmonar vai se desenvolver nos pacientes que apresentam
defeitos não restritivos, assim chamados os defeitos
grandes o suficiente para que não exista diferença de
pressão entre um lado e outro da comunicação 25. Portanto,
o fluxo através do defeito não é determinado por um
gradiente de pressão, mas pela resistência relativa entre as
circulações pulmonar e sistêmica 25. Via de regra, ao
nascimento, a resistência vascular pulmonar de um indivíduo diminui abruptamente em relação à resistência
sistêmica 25. Na presença de um defeito do septo ventricular
não restritivo, haverá passagem de sangue do ventrículo
esquerdo para o direito através da comunicação interventricular, aumentando o fluxo pulmonar 25. Assim, se o
defeito não foi corrigido cirurgicamente, o paciente
desenvolverá hipertensão pulmonar 26.
523
Correlação anatomoclínica
Arq Bras Cardiol
2001; 77: 517-24.
No caso em discussão, embora a avaliação do tamanho
da comunicação tenha sido prejudicada pelo fechamento
natural, o diâmetro do defeito pareceu-nos medir em torno de
1,5cm, com grande possibilidade de ser não restritivo.
Alguns autores consideram que os defeitos do septo
ventricular com diâmetro igual ou maior a 1,5cm seriam não
restritivos 27.
Com a elevação da resistência pulmonar, o fluxo
sangüíneo através do defeito torna-se mínimo, podendo
haver reversão no sentido do fluxo, que passa a ser do
ventrículo direito para o esquerdo, caracterizando o
chamado complexo de Eisenmenger.
Na maioria das anomalias cardíacas congênitas, o
complexo de Eisenmenger inicia-se no primeiro ano de vida
e está bem estabelecido por volta de 2 a 3 anos de idade,
sendo observado em cerca de 5% a 10% dos pacientes com
defeito do septo ventricular grande, não restritivo 26.
As indicações para o tratamento cirúrgico incluem
fluxo do ventrículo esquerdo para o direito maior que 2:1,
endocardite recorrente e insuficiência aórtica progressiva.
Uma vez estabelecido, o complexo de Eisenmenger contraindica a correção cirúrgica de qualquer comunicação
intracardíaca 26.
Portanto, seria possível prevenir a complicação
pulmonar de hipertensão pulmonar secundária a um grande
defeito do septo ventricular, através da realização da
correção cirúrgica antes dos dois anos de idade 26. No caso
em discussão, acreditamos que, apesar do fechamento
natural da comunicação interventricular, a hipertensão
pulmonar poderia ser decorrente do hiperfluxo pulmonar ao
qual a paciente esteve submetida quando o defeito ainda
estava patente. Enfatizamos, mais uma vez, que não
encontramos dados morfológicos suficientes que permitissem afastar totalmente a possibilidade de que a artrite
reumatóide juvenil também tivesse colaborado para o
aparecimento da hipertensão pulmonar
(Dra. Léa M. M. F. Demarchi).
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