O JUSTO MEIO NA ÉTICA A NICÔMACO DE ARISTÓTELES HOFFMANN, Mara Lúcia Schuster Bolsista do Capes – PIBID/UNIFRA Acadêmica do Curso de Filosofia – UNIFRA ALVES, Marcos Alexandre Bolsista do Capes – PIBID/UNIFRA Professor do Curso de Filosofia – UNIFRA DEJEANNE, Solange Professora orientadora do Curso de Filosofia O ser humano possui a liberdade de escolher ser bom ou mau naquilo que faz, seja no âmbito profissional ou pessoal, bem como em suas atitudes e ações. Trata-se da virtude moral, adquirida pelo hábito. O presente trabalho visa apresentar uma forma equilibrada de conduzir os sentimentos e ações, e assim direcioná-los de maneira adequada e ponderada. A relevância do texto consiste no fato de que o tema em questão foi trabalhado durante as aulas de Filosofia, no que se refere às discussões de ética, no Programa de Iniciação à Docência – PIBID/UNIFRA/FILOSOFIA, junto ao Colégio Estadual Coronel Pilar. Este programa visa colocar os acadêmicos (bolsistas) em contato com a realidade escolar e desenvolver novas estratégias metodológicas na aplicação e abordagem de temas filosóficos. Porém, entendemos que para a aplicação de novas estratégias metodológicas, em sala de aula, na disciplina de Filosofia, faz-se necessário um domínio teórico do conteúdos, temas e autores da tradição do pensamento filosófico. Dentre vários autores que discutem o tema da ética, optamos pela análise da obra Ética a Nicômaco (EN), escrita pelo filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C), que entre outros temas, desenvolve a noção de justa-medida ou justo meio no livro II. Nota-se que a proposta dessa obra é não apenas teorizar acerca da ação humana, mas encontrar os meios pelos quais se pode agir de modo justo. Nesse sentido, há que se precisar o objeto de uma filosofia prática, a qual difere de uma filosofia teorética (metafísica, matemática e física), porque, enquanto para esta a verdade é fim em si mesma, para a outra, a verdade não é o fim, mas apenas um meio em vista de outro, ou seja, refere-se à ação situada no tempo presente, algo que deve ser feito agora (BERTI, 1998). A ética, aqui entendida filosofia prática, como se refere, pois, à ação e esta remete a formas distintas de ação, a saber, virtuosas e não virtuosas, sendo as primeiras alcançadas mediante o exercício. Ora, este exercício implica dois extremos, um que representa o excesso, e outro, a carência ou falta; mas qualquer dessas alternativas é inadequada, portanto, há que se buscar um termo médio, intermediário, para não se cair em nenhum deles. O exercício é exatamente para evitar essa queda nos extremos, encontrando na ação a justa medida (ARISTÓTELES, EN, II, 6, 1106b25). Esta, contudo, requer uma firme disposição moral, porque diante dos atos que exigem nossa escolha, a tendência é o distanciamento do justo meio, pois naturalmente se busca o prazer e a fuga do sofrimento. Nesta busca e fuga, praticam-se más ações e deixam-se de praticar boas ações. Aristóteles cita exemplos do justo meio entre os extremos, entre os quais: coragem como justo meio entre o medo e a temeridade; liberalidade como justo meio entre prodigalidade e avareza; calma como justo meio entre a irascibilidade e apatia etc. (ARISTÓTELES, EN, II, 7, 1107b5-1108a5). Poder-se-ia dar continuidade e citar inúmeros exemplos, mas estes são suficientes para se saber que o justo meio entre os extremos implica esforço e disciplina, requer também ação contínua para se desenvolver o hábito de agir de forma excelente, de modo que se torne uma prática natural, sem causar sofrimento, mas boa em si mesma. Palavras-chave: Ética; Ação humana; Justo meio. Referências Bibliográficas: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973. BERTI, Enrico. As razões de Aristóteles. Trad. de Dion Davi Macedo. São Paulo: Edições Loyola, 1998. HÖFFE, Otfried. Aristóteles. Porto Alegre: Artmed, 2008.