UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA MARIANA CLARINDO PAULINO PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO E CARACTERIZAÇÃO DO TRATAMENTO PSICOFARMACOLÓGICO OFERECIDO AOS SUJEITOS COM ESQUIZOFRENIA ATENDIDOS PELO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL SAÚDE MENTAL NO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ (SC) Itajaí (SC) 2013 MARIANA CLARINDO PAULINO PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO E CARACTERIZAÇÃO DO TRATAMENTO PSICOFARMACOLÓGICO OFERECIDO AOS SUJEITOS COM ESQUIZOFRENIA ATENDIDOS PELO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL SAÚDE MENTAL NO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ (SC) Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de Farmacêutico pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde. Orientadora: Profª. Veber. Itajaí (SC) Junho de 2013 MSc. Ana Paula Dedico este trabalho aos meus pais e minhas irmãs, por todo o amor transmitido. AGRADECIMENTOS Agradeço imensamente minha orientadora, Profª. Msc. Ana Paula Veber, por todo empenho e dedicação nos ensinamentos a mim repassados, e por acreditar neste projeto. À psicóloga Scharline Trevisol Bergamini, Coordenadora de Saúde Mental do município de Itajaí, pela autorização da realização desta pesquisa no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Saúde Mental. Ao farmacêutico Leandro Zago, pela ajuda na obtenção de nomes de usuários do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. Um agradecimento à toda equipe do CAPS, em especial para Simone, Andréia, Etelvina, Rita, Ana Cristina e Carlos, por toda ajuda na coleta de dados. Toda a equipe trabalha em um lugar extremamente essencial e especial. À equipe do Programa Remédio em Casa, que mesmo não fazendo parte diretamente deste projeto, tem meus sinceros agradecimentos pela compreensão que tiveram ao ver minha dedicação neste trabalho. Aos professores do Curso de Farmácia, por todo o conhecimento repassado durante a faculdade. Muitas disciplinas não estão explicitamente destacadas aqui, mas com certeza farão parte da minha formação profissional. Por fim um agradecimento à pessoa que tem estado do meu lado durante toda a confecção deste trabalho: Leonardo, meu namorado e meu melhor amigo. Agradeço por perder finais de semana me ajudando a elaborar este trabalho, agradeço por acreditar em mim e por acreditar no meu sucesso. Todas as pessoas tiveram papel essencial nesta caminhada, e sem elas o trabalho não estaria completo. “Louco é aquele que permitiu aos seus demônios aparecerem sem censura. O louco é transparente... Em suas expressões, olhares, gestos e palavras, eles nos dizem coisas tão surpreendentes e profundas que nos causam espanto e medo. Talvez por isso sejam assustadores... Expor a loucura alheia é também expor um pouco de nós”. (Dra. Eneida Kascher) PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO E CARACTERIZAÇÃO DO TRATAMENTO PSICOFARMACOLÓGICO OFERECIDO AOS SUJEITOS COM ESQUIZOFRENIA ATENDIDOS PELO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL SAÚDE MENTAL NO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ (SC) Mariana Clarindo PAULINO Orientador: Profª MSc. Ana Paula Veber Defesa em: junho de 2013 Resumo: A esquizofrenia atinge cerca de 1% da população mundial, e no Brasil é responsável por cerca de 30% de ocupações de leitos em instituições psiquiátricas. O início da doença ocorre frequentemente em homens entre os 15 e 25 anos de idade, e seu curso é variado. Caracteriza-se por sintomas positivos (alucinações e delírios) e negativos (embotamento afetivo e a pobreza do discurso). As intervenções terapêuticas devem ser adaptadas às necessidades do paciente individual, envolvendo farmacoterapia, psicoterapia, intervenção familiar e tratamento hospitalar, além da eletroconvulsoterapia. O presente estudo visa caracterizar os sujeitos com a patologia atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial Saúde Mental no município de Itajaí (SC) em relação à características sócio-demográficas, tratamento oferecido, e as formas de acesso aos medicamentos. Foi realizada uma pesquisa do tipo exploratória, com abordagem quantitativa, a partir de prontuários de usuários atendidos no CAPS que retiraram medicamentos nos serviços municipais de Assistência Farmacêutica em Itajaí no segundo semestre de 2011. Dos 146 sujeitos elencados para o estudo, foi observado que o maior número é do sexo masculino, possui a faixa etária compreendida entre 41-50 anos, vive com familiares sem companheiro e filhos e com ensino fundamental incompleto. Em relação ao tratamento farmacológico, 67 usam antipsicóticos atípicos, 15 usam antipsicóticos típicos, 62 usam uma associação de antipsicóticos e 2 usam medicamentos de outras classes. Atualmente há uma tendência maior ao uso de politerapia no tratamento, porém, os estudos acerca do assunto são escassos. Além do tratamento farmacológico, é disponibilizado no CAPS os serviços de Terapia Ocupacional e Psicoterapia. Dos 146 usuários, 40 participam de atividades de Terapia Ocupacional, 20 participam de psicoterapia, 11 participam de ambas as atividades e 75 não fazem parte de nenhuma atividade. Os resultados do presente estudo permitem subsidiar e estimular políticas públicas para o atendimento, reabilitação e reinserção social do sujeito com esquizofrenia. Palavras-chave: Esquizofrenia. Medicação antipsicótica. Saúde mental. Sistema Único de Saúde. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Fluxograma de obtenção dos prontuários dos pacientes com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011.................................. 37 Figura 2 Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS quanto ao sexo, Itajaí, 2011.................................................................. 38 Figura 3 Distribuição etária dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS (em anos), Itajaí, 2011................................................................ 40 Figura 4 Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS quanto ao tempo de doença, Itajaí (em anos), 2011............................. 41 Figura 5 Situação familiar dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS, Itajaí, 2011................................................................................. 43 Figura 6 Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS quanto ao local de residência, Itajaí, 2011............................................ 45 Figura 7 Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS quanto à ocupação, Itajaí, 2011............................................................ 46 Figura 8 Relação de usuários aposentados/afastados, por idade, em pacientes com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011.......... 47 Figura 9 Grau de instrução dos usuários com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011................................................................................. 48 Figura 10 Histórico familiar da doença nos usuários com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011....................................................... 50 Figura 11 Proporção do uso de antipsicóticos típicos e atípicos pelos usuários com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011......................... 52 Figura 12 Participação dos usuários com esquizofrenia nas atividades oferecidas pelo CAPS, Itajaí, 2011...................................................... 58 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Idade dos usuários do CAPS, por sexo, Itajaí, 2011............................ 40 Tabela 2 Idade de início dos sintomas, por sexo, nos pacientes com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011.................................. 41 Tabela 3 Número de medicamentos utilizados pelos usuários com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011.................................. 54 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Medicamentos utilizados para esquizofrenia e suas formas de acesso, Itajaí, 2011............................................................................... 34 Quadro 2 Fármacos utilizados pelos usuários com esquizofrenia no CAPS, Itajaí, 2011............................................................................................. 51 Quadro 3 Doses mínima e máxima prescritas aos usuários com esquizofrenia atendidos no CAPS e comparação com a dose máxima indicada, Itajaí, 2011............................................................................................. 53 Quadro 4 Medicamentos associados à antipsicóticos e possíveis efeitos colaterais, Itajaí, 2011........................................................................... 55 Quadro 5 Patologias encontradas em associação com a esquizofrenia ou doenças semelhantes, Itajaí, 2011....................................................... 56 Quadro 6 Patologias semelhantes à esquizofrenia, mas que não se encaixam em CID F 20.......................................................................................... 57 LISTA DE ABREVIATURAS CAPS – Centro de Atenção Psicossocial CEAF – Componente Especializado da Assistência Farmacêutica CID – Código Internacional de Doenças CODIM – Centro de Orientação e Diagnoses Municipal REMUME – Relação Municipal de Medicamentos SUS – Sistema Único de Saúde QI – Quoeficiente de inteligência SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 23 2 OBJETIVOS.................................................................................................................. 25 2.1 Objetivo geral............................................................................................................... 25 2.2 Objetivos específicos.................................................................................................. 25 3 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................... 27 3.1 Esquizofrenia................................................................................................................ 27 3.1.1 Epidemiologia............................................................................................................ 27 3.1.2 Fisiopatologia............................................................................................................ 28 3.1.3 Sinais e sintomas...................................................................................................... 28 3.1.4 Subtipos..................................................................................................................... 29 3.1.5 Diagnóstico................................................................................................................ 30 3.1.6 Tratamento................................................................................................................. 31 3.1.6.1 Tratamento farmacológico.................................................................................... 31 3.1.6.2 Tratamento não farmacológico............................................................................ 32 3.2 Atenção à saúde ao paciente com esquizofrenia..................................................... 32 3.3 Acesso a medicamentos............................................................................................. 33 4 METODOLOGIA....................................................................................................... 35 4.1 Local e tipo de estudo................................................................................................. 35 4.2 População e amostra................................................................................................... 35 4.3 Procedimentos para coleta de dados........................................................................ 36 4.4 Procedimentos para análise e discussão dos resultados....................................... 36 4.5 Aspectos Éticos........................................................................................................... 36 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 37 5.1 Amostra de estudo....................................................................................................... 37 5.2 Dados sócio-demográficos......................................................................................... 38 5.2.1 Sexo............................................................................................................................ 38 5.2.2 Idade........................................................................................................................... 39 5.2.3 Dinâmica familiar........................................................................................................ 43 5.2.4 Localidade em que reside........................................................................................ 45 5.2.5 Ocupação................................................................................................................... 46 5.2.6 Escolaridade.............................................................................................................. 48 5.2.7 Histórico familiar....................................................................................................... 49 5.3 Tratamento.................................................................................................................... 50 5.3.1 Tratamento farmacológico....................................................................................... 51 5.3.2 Tratamento não farmacológico................................................................................ 57 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 61 REFERÊNCIAS................................................................................................................ 63 ANEXO A - Parecer consubstanciado de projeto de pesquisa em seres humanos.... 71 APÊNDICE A - Termo envolvendo seres humanos de utilização de dados para coleta de dados de pesquisas....................................................................... 75 APÊNDICE B - Formulário utilizado para coleta de dados dos sujeitos com Esquizofrenia atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial Saúde Mental no município de Itajaí (SC)................................................ 77 23 1 INTRODUÇÃO A esquizofrenia é uma das doenças psiquiátricas que mais intriga a comunidade médica, sendo por isto uma das mais pesquisadas. Este fato trouxe, no último século, diversos resultados positivos em relação a sua fisiopatologia (ARARIPE NETO; BRESSAN; BUSATTO FILHO, 2007). De acordo com Lara, Gama e Abreu (2004), a esquizofrenia atinge cerca de 1% da população mundial, e no Brasil é responsável por cerca de 30% de ocupações de leitos em instituições psiquiátricas. Além disto, é responsável por 14% das consultas ambulatoriais psiquiátricas e ocupa o 5º lugar em manutenção de auxílio-doença (PÁDUA et. al., 2005 apud SILVA, 2011). O início da doença ocorre frequentemente em homens entre os 15 e 25 anos de idade, e seu curso é variado. Na maioria dos pacientes, o início é insidioso e caracteriza-se por uma mudança no padrão de interação social e de afeto, gerando, dúvidas e angústias no círculo social do portador da patologia, e causando um grande impacto nos profissionais da área da saúde, devido à sua evolução, muitas vezes de difícil manejo (SCHLITHLER, 2000). Caracteriza-se, segundo Crow, pela “dicotomização em subtipos I e II ou positivo/negativo, sendo os sintomas da síndrome positiva alucinações e delírios e da síndrome negativa, o embotamento afetivo e a pobreza do discurso.” (COSTA; CALAIS, 2010, p. 184). De forma a reinserir na sociedade, portadores não só de esquizofrenia, mas de outros transtornos mentais severos, foi criado no Brasil, na década de 80, o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), na cidade de São Paulo. [...] É um serviço de saúde mental aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). Sintetiza o avanço da saúde mental pública na reorientação de um modelo assistencial que durante décadas ficou reduzido à oferta de leitos em hospitais psiquiátricos, gerando segregação e exclusão social dos pacientes portadores de Transtornos Mentais (LYRA, 2008, p.13). Dados do Ministério da Saúde (2010) apontam como existentes no Brasil cerca de 1500 CAPS, que tem por objetivo “oferecer atendimento à população através de acompanhamento clínico, e a reinserção social dos usuários através do 24 acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços com a família e com a comunidade” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004, p.13). Ao realizar a pesquisa bibliográfica, observou-se a existência de poucos estudos com o intuito de avaliar a qualidade de vida e o tratamento psicofarmacológico de pacientes esquizofrênicos atendidos no Sistema Único de Saúde. Devido às poucas conclusões a respeito das causas da esquizofrenia e da doença em si, e a dificuldade de se estabelecer um tratamento monoterápico para esse transtorno, faz-se relevante o estudo do tratamento oferecido aos pacientes portadores de esquizofrenia atendidos no SUS. A aquisição de medicamentos psicotrópicos causa um significativo impacto financeiro no país, sendo interessante avaliar até que ponto o tratamento psicofarmacológico é a única opção de controle dos sintomas. Baseado neste argumento e nos objetivos que os CAPS propõem ao tratamento dos pacientes com transtornos mentais, pretende-se traçar o perfil sóciodemográfico e caracterizar o tratamento psicofarmacológico oferecido aos pacientes do CAPS Saúde Mental do município de Itajaí (SC). 25 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Traçar o perfil sócio-demográfico e caracterizar, quanto ao acesso e tipo de terapia, o tratamento psicofarmacológico oferecido aos pacientes portadores de esquizofrenia atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial Saúde Mental (CAPS Saúde Mental) no município de Itajaí (SC). 2.2 Objetivos específicos Caracterizar os sujeitos com esquizofrenia atendidos no Centro de Atenção Psicossocial Saúde Mental do município de Itajaí quanto aos aspectos sóciodemográficos (idade, sexo, ocupação, grau de escolaridade, situação familiar, residência, histórico familiar de esquizofrenia); Descrever a terapia não farmacológica utilizada pelos sujeitos com esquizofrenia atendidos no Centro de Atenção Psicossocial; Descrever a terapia farmacológica utilizada pelos sujeitos com esquizofrenia atendidos no Centro de Atenção Psicossocial; Identificar o uso de outros medicamentos por estes pacientes; Identificar as formas de acesso aos medicamentos utilizados. 26 27 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Esquizofrenia A esquizofrenia é uma perturbação psiquiátrica que se caracteriza pela presença de comportamento psicótico (dissociação entre pensamento e realidade) ou muito desorganizado, além de marcada disfunção social (SILVA et al., 2000). Segundo Sena (2011) o termo “esquizofrenia” (esquizo = divisão; phrenia = mente), foi descrito pela primeira vez por Eugen Bleuler (1857-1930) e fazia alusão a uma quebra entre as funções do pensamento, da afetividade e do comportamento e, mesmo com mais de oitenta anos após a criação desta denominação, ainda não há uma definição única definida, devido às suas diferentes formas de apresentação. A esquizofrenia se trata de uma doença crônica com um grande impacto na qualidade de vida tanto do paciente como dos familiares, gerando custos diretos, como custos médicos e com medicamentos, e indiretos, como por exemplo, perda da produtividade do paciente (LEYVA, 2010). 3.1.1 Epidemiologia De acordo com Lara, Gama e Abreu (2004), a doença atinge cerca de 1% da população mundial, e no Brasil é responsável por cerca de 30% de ocupações de leitos em instituições psiquiátricas. O início dos sintomas ocorre geralmente nos primeiros anos da vida adulta e o transtorno deixa variados graus de prejuízo residual (WEINER, 1998 apud SILVA et al., 2000). O começo da doença é mais precoce no homem do que na mulher, mas se houver a presença de distúrbios psicóticos na família, a idade de início é mais precoce para ambos os sexos. A doença dificilmente se manifesta antes da puberdade ou depois dos 50 anos. As mulheres apresentam um curso mais brando da doença tendo, portanto, um melhor prognóstico e uma melhor possibilidade de adaptação social (MARI; LEITÃO, 2000). 28 3.1.2 Fisiopatologia As causas da esquizofrenia, apesar de indefinidas, envolvem uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Há evidências de que a doença esteja associada a um distúrbio do neurodesenvolvimento, que ocorre nos primeiros meses de desenvolvimento do feto (RANG; DALE; RITTER, 2001). Algumas teorias acerca das causas da esquizofrenia são descritas na literatura. Podemos destacar: Teoria dopaminérgica: descreve que alguns antipsicóticos agem antagonizando receptores dopaminérgicos, o que causaria um aumento compensatório nos níveis de dopamina. Essas observações constituem a base da hipótese segundo a qual alterações nos níveis de dopamina seriam responsáveis pelos sintomas observados na esquizofrenia (ARARIPE NETO; BRESSAN; BUSATTO FILHO, 2007). Teoria glutamatérgica: indica que vias glutamatérgicas participem da gênese da esquizofrenia inibindo manifestações de caráter psicótico, o que pode ser evidenciado pela ação dos antagonistas do receptor NMDA (N-metil-Daspartato), um subtipo de receptor glutamatérgico, os quais produzem sintomas psicóticos em seres humanos (SENA, 2011). Teoria serotoninérgica: indica que grupos de receptores serotoninérgicos têm sido associados a disfunções cognitivas na esquizofrenia: 5HT1A (encontrados principalmente nos neurônios piramidais do córtex e do hipocampo), 5HT2A (localizados principalmente nos neurônios piramidais do córtex pré-frontal e na área tegmentar ventral), e 5HT6 (concentrados principalmente no córtex olfatório e no hipocampo) (FERREIRA JUNIOR et al., 2010) e 5HT3 (encontrados na parte postrema e em outras regiões do tronco encefálico, estendendo-se até a o corno dorsal da medula espinha) (NEUROMED92, 2010). 3.1.3 Sinais e sintomas A doença se caracteriza, segundo Crow, pela “dicotomização em subtipos I e II ou positivo/negativo, sendo os sintomas da síndrome positiva alucinações e 29 delírios e da síndrome negativa, o embotamento afetivo e a pobreza do discurso.” (COSTA; CALAIS, 2010, p. 184). Paim (1990, p.17) descreve os sintomas psíquicos da esquizofrenia como sendo “elementos primordiais para o diagnóstico da enfermidade, pois eles são o sustentáculo que permite firmar o diagnóstico e estabelecer os limites dos quadros esquizofrênicos”. Os sintomas podem ser divididos em positivos (delírios, alucinações, distúrbios de pensamento) e negativos (afastamento de contatos sociais e anulação das respostas emocionais) (RANG; DALE; RITTER, 2001) de acordo com as características clínicas da doença, e nestes sintomas é que se fundamenta o diagnóstico da esquizofrenia (PAIM, 1990). 3.1.4 Subtipos De acordo com Tengan e Maia (2004), pode-se subdividir a esquizofrenia em cinco tipos diferentes, de acordo com a sintomatologia predominante na ocasião da avaliação. São eles: .Paranóide: é o tipo mais comum; predominam os delírios e alucinações, além da perturbação do afeto e pragmatismo. Hebefrênico: desorganização do pensamento, discurso incoerente, as associações de idéias são ilógicas; o prognóstico é ruim, devido ao rápido desenvolvimento de sintomas negativos. Catatônica: sintomas psicomotores proeminentes, que podem se alternar. Atitudes e posturas forçadas podem ser mantidas por longos períodos, e episódios de agitação extrema podem ocorrer. Indiferenciada: a mais complicada de ser caracterizada; o quadro preenche critérios para esquizofrenia, mas não para o tipo paranóide, desorganizado ou catatônico. Muitas vezes, pode ser confundida com transtorno de personalidade. Residual: forma crônica da doença há uma progressão clara dos sintomas psicóticos; no estágio mais tardio, os sintomas negativos são predominantes. 30 3.1.5 Diagnóstico Não há um exame que diagnostique precisamente a esquizofrenia. O diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas e evolução dos mesmos. Porém, existem critérios elaborados para que o médico possa ter uma base e um ponto de partida para efetuação do diagnóstico (MAROT, 2004). Os critérios Diagnósticos para Esquizofrenia segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV, 2000) são os seguintes: Sintomas característicos: dois ou mais dos sintomas, presentes durante o período de 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso): delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou catatônico, sintomas negativos Disfunção social/ocupacional: por um tempo significativo, desde o início da perturbação, uma ou mais áreas importantes do funcionamento estão acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início. Duração: Sinais contínuos da perturbação persistem por pelo menos 6 meses, incluindo pelo menos 1 mês de sintomas, e pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais. Exclusão de Transtorno Esquizoafetivo e Transtorno do Humor: os transtornos foram descartados, porque nenhum Episódio Depressivo Maior, Maníaco ou Misto ocorreu juntamente aos sintomas da fase ativa; ou se os episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração total foi curta em relação à duração dos períodos ativo e residual. Exclusão de substância/condição médica geral: a perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou a uma condição médica geral. Relação com um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento: se existe uma história de Transtorno Autista ou um outro Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, o diagnóstico adicional de Esquizofrenia é feito apenas se delírios ou alucinações proeminentes também estão presentes por pelo menos 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso). 31 3.1.6 Tratamento Gabbard (1998), afirma que não existe o tratamento de esquizofrenia, e que todas as intervenções terapêuticas devem ser adaptadas às necessidades do paciente individual. Os métodos de tratamento da esquizofrenia incluem: farmacoterapia, psicoterapia, intervenção familiar e tratamento hospitalar (ALMASAN; GIMENEZ, 2006), além da eletroconvulsoterapia. 3.1.6.1 Tratamento farmacológico A introdução de neurolépticos para tratamento de patologias mentais se iniciou no final da década de 50 e colaborou para o desenvolvimento de intervenções sociais e psicológicas no tratamento dos doentes mentais, que influenciaram também nas iniciativas de descaracterização do modelo asilar hospitalocêntrico até então destinado aos doentes mentais (CARDOSO; GALERA, 2006). O tratamento psicofarmacológico da esquizofrenia ocorre com o uso de medicamentos antipsicóticos. Segundo Rang, Dale e Ritter (2001) existem mais de 20 tipos de medicamentos antipsicóticos diferentes para uso clínico, que são classificados em: antipsicóticos típicos e atípicos. Os antipsicóticos típicos (também chamados de antipsicóticos de primeira geração) são mais efetivos no controle dos sintomas psicóticos, mas ao mesmo tempo, trazem efeitos colaterais mais sérios, como por exemplo, sintomas extrapiramidais (MYIAMOTO et al., 2005 apud MENEZES, 2010). Os principais são: Clorpromazina, Levomepromazina, Trifluoperazina, Perfenazina, Triflupromazina, Pipotiazina, Tiotixeno, Tioridazina, Haloperidol, Flufenazina, Droperidol, Triperidol. Os antipsicóticos atípicos são agentes mais efetivos, capazes de promover a ação antipsicótica em doses que não produzam, de modo significativo, sintomas extrapiramidais (OLIVEIRA, 2000). Os representantes desta classe medicamentos são: Risperidona, Olanzapina, Clozapina, Sulpirida, Quetiapina. de 32 3.1.6.2 Tratamento não farmacológico Zanini (2000) descreve a psicoterapia como sendo um importante recurso terapêutico que, associado ao tratamento farmacológico, auxilia recuperação e na reabilitação do indivíduo esquizofrênico. Por meio de abordagens educativas, suportivas, interpessoais ou dinâmicas, visa-se recuperar o indivíduo nos níveis psíquico, interpessoal e social. De acordo com Moll e Saeki (2009), os atendimentos psicoterápicos grupais possibilitam ao grupo de pacientes a aquisição de recursos emocionais para enfrentarem o cotidiano, deixando-os mais próximos de uma vida social mais ativa. As oficinas de trabalhos manuais permitem aos envolvidos estabelecer cuidados consigo mesmos, de trabalho e de afetividade com os outros, configurando, assim, sua finalidade social associada à clínica. São atividades que possibilitam o convívio de pessoas com transtorno mental, exercendo a cidadania, promovendo a expressão da liberdade e realizando a convivência dos pacientes por meio de suas produções (MOLL; SAEKI, 2009). A eletroconvulsoterapia, como descreve Moser, Lobato de Abreu (2005), foi desenvolvida no século XIX originalmente para o tratamento da esquizofrenia e é o único tratamento biológico que continua sendo utilizado nos dias atuais, apesar da queda de popularidade entre as décadas de 60 e 80. É um tratamento efetivo para alguns subgrupos de indivíduos que sofrem de doenças mentais graves como, por exemplo, pacientes com transtornos depressivos graves, mania e alguns pacientes com esquizofrenia (SALLEH et al., 2006). 3.2 Atenção à saúde ao paciente com esquizofrenia Os hospitais psiquiátricos no Brasil são responsáveis pela residência e atendimento terapêutico a pacientes que apresentam transtornos mentais (KILSZTAJN et al., 2008). Para o paciente esquizofrênico que tem uma crise psicótica aguda, a hospitalização breve oferece uma oportunidade de voltar a conviver em grupo e orientar–se novamente para o futuro. De acordo com Almasan e Gimenez (2006), a hospitalização prolongada, é indicada para pacientes esquizofrênicos que recusam a medicação, não respondem à medicação, são 33 autodestrutivos, ou suicidas, agressivos com os outros e não têm apoio em outro sistema de suporte familiar para ajudá-los a manejarem as vicissitudes da vida diária. Dados do Ministério da Saúde (2011) mostram que no país existem aproximadamente 32 mil leitos distribuídos em diversos hospitais psiquiátricos, e que a rede de saúde mental no Brasil conta ainda com 1650 CAPS, 596 Residências Terapêuticas, 3.832 beneficiários do Programa De Volta Para Casa, 92 Consultórios de Rua e 640 iniciativas de inclusão social pelo trabalho de pessoas com transtornos mentais. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010, apud Ministério da Saúde, 2010), existem atualmente no estado de Santa Catarina, 71 CAPS. No município de Itajaí localizam-se 3 CAPS: CAPS Saúde Mental (oferece atendimento diário a adultos que apresentam transtornos mentais severos e persistentes), CAPS Álcool e Drogas (atendem usuários de álcool e outras drogas) e CAPS Infantil (atende crianças e adolescentes com transtornos mentais severos e persistentes, com idade até 18 anos), cujas funções são “prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, assim as internações em hospitais psiquiátricos; promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais através de ações intersetoriais; regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação e dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005, p. 27). 3.3 Acesso a medicamentos Atualmente no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza os antipsicóticos de segunda geração apenas para pacientes refratários ao tratamento com os de primeira geração e registrados no "Componente Especializado da Assistência Farmacêutica" (LINDNER et al., 2009), programa instituído pelo Ministério da Saúde para fornecimento de medicamentos de alto custo, geralmente de uso contínuo, que são utilizados em nível ambulatorial no tratamento de doenças crônicas e raras (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE, 2011). 34 . Alguns antipsicóticos de primeira geração são dispensados gratuitamente aos pacientes, conforme prescrição, pois fazem parte da Relação Municipal de Medicamentos (REMUME) do município (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 2011 b). O Quadro 1 apresenta uma lista com os principais medicamentos utilizados para o tratamento da esquizofrenia, com suas respectivas formas de acesso. Quadro 1: Medicamentos utilizados para esquizofrenia e suas formas de acesso, Itajaí, 2011 MEDICAMENTO FORMA DE ACESSO Clorpromazina REMUME Levomepromazina REMUME Triflupromazina - Tioridazina - Flufenazina - Trifluoperazina - Perfenazina - Tiotixeno - Haloperidol REMUME Droperidol - Triperidol - Pipotiazina - Risperidona REMUME, Componente Especializado Olanzapina Componente Especializado Clozapina Componente Especializado Sulpirida - Quetiapina Componente Especializado 35 4 METODOLOGIA 4.1 Local e tipo de estudo Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória, com abordagem quantitativa, a partir de prontuários de pacientes atendidos no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Saúde Mental no município de Itajaí. A Política de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Itajaí está baseada nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), na Reforma Psiquiátrica Brasileira, e tem como objetivo assegurar o princípio de territorialidade e da descentralização do atendimento, garantindo o acesso a todas as pessoas com transtorno mental. O CAPS Saúde Mental do município de Itajaí oferece atendimento diário a adultos que apresentam transtornos mentais severos e persistentes, onde participam de atividades artesanais, grupos terapêuticos, psicoterapia, terapia ocupacional e atendimento médico psiquiátrico, entre outros (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 2011). 4.2 População e amostra A população utilizada para o estudo se constitui dos sujeitos com diagnóstico de esquizofrenia atendido no CAPS Saúde Mental, que retiraram medicamentos nos serviços municipais de Assistência Farmacêutica em Itajaí no segundo semestre de 2011. Em uma primeira etapa, foi obtida junto à Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí a relação de usuários que retiraram medicamentos antipsicóticos nos serviços de Assistência Farmacêutica (medicamentos na Atenção Básica e Componente Especializado). Esta relação de usuários foi confrontada com a relação de prontuários do CAPS Saúde Mental de Itajaí, obtendo-se assim a população de estudo. 36 4.3 Procedimentos para coleta de dados A coleta de dados foi realizada no período de janeiro a março de 2012, em que a acadêmica coletou os dados diretamente dos prontuários dos pacientes, registrando as informações em formulário específico (Apêndice A). 4.4 Procedimentos para análise e discussão dos resultados Os resultados foram consolidados em planilha Excel, com posterior distribuição de frequências e construção de gráficos e tabelas, discutindo-os de acordo com o referencial teórico apresentado. Para a análise dos tratamentos medicamentosos se utilizou como parâmetro de comparação o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Esquizofrenia, SAS/MS nº 846, de 31 de outubro de 2002 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). 4.5 Aspectos Éticos O projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade do Vale do Itajaí, tendo sido aprovado sob o parecer número 474/11 (ANEXO A). A coleta de dados foi realizada após assinatura do Termo de Compromisso de Utilização de Dados (APÊNDICE A), comprometendo-nos em utilizar os dados coletados dos prontuários dos pacientes atendidos no CAPS, de acordo com o formulário (APÊNDICE B), somente para fins deste estudo, mantendo em sigilo a identidade e outros dados pessoais dos pacientes. Após a confecção do trabalho, será efetuada a devolutiva ao serviço, a fim de demonstrar os resultados obtidos. 37 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Amostra de estudo A amostra de estudo consistiu em 146 usuários do CAPS, obtidos conforme mostra o esquema abaixo: Figura 1. Fluxograma de obtenção dos prontuários dos pacientes com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011. O caminho até a amostra final de pacientes foi iniciado com a obtenção dos nomes de pacientes que retiraram os fármacos antipsicóticos pela Atenção básica e pelo Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. Os dois programas contêm um sistema onde os nomes dos pacientes podem ser pesquisados através da medicação utilizada. Após esta pesquisa, foram obtidos 968 nomes. Vale salientar que o sistema utilizado pelo Componente Especializado estava mudando, não sendo possível conseguir dados de 6 meses, mas sim de 4 meses. Após a obtenção destes nomes, houve a triagem deles no CAPS, através de um programa onde se obtém o nome dos pacientes e seus respectivos números de cadastro no local. Após a triagem no CAPS, foram obtidos 397 nomes, cujos prontuários foram analisados posteriormente. Destes 397 prontuários, 132 eram de usuários com patologias diferentes da esquizofrenia; 59 eram de usuários que foram 38 encaminhados aos psiquiatras da Policlínica Central; 60 prontuários não foram encontrados; e 146 prontuários foram selecionados para coleta dos dados descritos a seguir. 5.2 Dados sócio demográficos 5.2.1 Sexo O sexo é um importante fator no curso e na evolução da esquizofrenia, de acordo com Chaves (2000). Devido a esta importância, e para motivos de comparação, os usuários do CAPS foram separados por sexo, sendo os percentuais relativos representados no gráfico abaixo: Figura 2. Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS quanto ao sexo, Itajaí, 2011. É observado que o maior número de usuários do serviço, que possuem esquizofrenia, é do sexo masculino (63%). Um número relativamente menor de usuários é do sexo feminino (37%). Dados semelhantes foram observados nos estudos de Cardoso (2005), Cardoso et al. (2006), Silva (2009), Silva et al. (2010), onde o número de usuários do sexo masculino na instituição de saúde mental estudada era maior que do sexo feminino. Estes dados estão em concordância com estudos anteriores feitos em outros países. Mari e Leitão (2000) citam em seu estudo pesquisas feitas por Walsh (1969) e Hamada et al. (2006). Walsh descreve uma incidência de 5,7 por 10.000 habitantes nos homens e 4,6 por 10.000 nas mulheres, e Hamada et al. ratifica esse 39 fato com a incidência de 2,5 para o sexo masculino e 2,1 para o feminino por 10.000 habitantes. De acordo com dados encontrados na literatura, não há evidência de diferença entre os sexos, em relação à prevalência da doença (MARI; LEITÃO; 2000), atingindo aproximadamente 1% da população adulta, independentemente de sexo e condições socioculturais (RESENDE, 2009). Os estudos em relação à incidência são em menor número de acordo com Silva (2006), pois eles são mais trabalhosos e necessitam de uma avaliação longitudinal com duas avaliações em diferentes períodos sobre a mesma população para, a partir dessas, determinar a quantidade de casos novos que aparecem nesse mesmo intervalo. A autora descreve que a incidência anual da doença se encontra entre 0,1-0,7 novos casos a cada 1000 habitantes. Häfner (1995 apud Ferreira et al., 2007) considera que o gênero é um fator protetor para as mulheres devido aos estrógenos, que atuam atenuando a ação dopaminérgica, devido à redução da sensibilidade destes receptores. Episódios agudos da doença em pacientes do sexo feminino aumentam nas fases do ciclo menstrual, quando as concentrações basais do hormônio estão diminuídas. Contudo, é de conhecimento que vários fatores sócio-demográficos, clínicos e psicossociais estão associados ao prognóstico da esquizofrenia, tendo o sexo masculino o pior prognóstico (SILVA, 2009). 5.2.2. Idade É de conhecimento que o início dos sintomas ocorre geralmente nos primeiros anos da vida adulta, e acaba deixando variados graus de prejuízo residual (SILVA et al., 2000). De acordo com Tengan e Maia (2004), casos raramente aparecem na infância, e se tornam mais expressivos quando chega a adolescência. E de uma maneira um pouco menos rara, também pode aparecer tardiamente (acima dos 45 anos). Os dados referentes à idade dos usuários do CAPS e idade de início da doença estão descritos na tabela abaixo, para objetivo de posterior comparação e análise. 40 Tabela 1: Idade dos usuários do CAPS, por sexo, Itajaí, 2011 Variáveis Masculino Feminino Média de idade (anos) 45,61 46,24 Idade mínima (anos) 19 22 Idade máxima (anos) 74 71 De acordo com os dados demonstrados na tabela acima, idade mínima do sexo masculino foi de 19 anos e do sexo feminino foi de 22 anos, e a média de idade dos usuários foi de 45 anos para o sexo masculino e 46 anos para o sexo feminino. Os pacientes foram divididos por faixa etária, como melhor elucidado no gráfico demonstrado abaixo: Figura 3. Distribuição etária dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS (em anos), Itajaí, 2011. De acordo com o gráfico acima, a faixa etária com o maior número de pacientes é a que compreende as idades entre 41-50 anos, seguido da faixa etária ente 51-60 anos e 31-40 anos. Grillo (2005) descreve que a doença se manifesta na adolescência ou início da fase adulta, entre os 15 e 35 anos. Já segundo Moll e Saeki (2009), a doença se manifesta ainda mais precocemente, entre os 13 e 28 anos. Os usuários foram separados por tempo de doença, para posterior comparação, como demonstrado no gráfico abaixo: 41 Figura 4: Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS quanto ao tempo de doença (em anos), Itajaí, 2011. De acordo com o gráfico anterior, 38 usuários do serviço convivem com a doença de 11 a 20 anos, seguido por 32 pacientes que convivem com a doença de 0 a 10 anos. Segundo Resende (2009), o início da doença é mais precoce nos homens, geralmente entre os 15 e 25 anos, tendo eles uma maior probabilidade de sofrer sintomas negativos, de ficarem solteiros, ter uma menor qualidade de vida, ter maiores prejuízos no funcionamento social e de serem mais resistentes ao tratamento da doença. A autora destaca ainda que, nas mulheres, o início da esquizofrenia é mais tardio, muitas vezes após os 25 anos de idade e, segundo Murray (2005, apud Silva, 2009), tendem a apresentar melhor prognóstico e melhor adaptação social. Uma avaliação da idade de início dos sintomas dos usuários foi realizada, sendo os dados demonstrados na tabela abaixo: Tabela 2: Idade de início dos sintomas, por sexo, nos pacientes com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011. Variáveis Masculino Feminino Idade média de início da doença (anos) 16,46 18,68 Idade mínima de início da doença (anos) 9 7 Idade máxima de início da doença (anos) 65 67 42 De acordo com Tostes e Moraes (1989 apud GIACON; GALERA, 2006), esta diferença no início da manifestação é pelo fato de os homens sofrerem estresse mais cedo que as mulheres, que apresentam taxas de hormônios contínuas. Os autores ainda salientam que os hormônios femininos tem efeitos parecidos com os neurolépticos, e devido a isso os sintomas aparecem mais tardiamente, somente quando as suas taxas começam a diminuir. Pode-se observar que a diferença média de idade do início da doença é discreta entre os dois sexos, discordando da diferença descrita na literatura. Mas vale salientar que mesmo com esta diferença pouco significativa, a doença se manifesta mais precocemente no sexo masculino. Fazendo uma relação de tempo de doença dos usuários mais novos, o período de início é condizente com a literatura em relação ao sexo masculino (início da doença aos 16 anos), porém, discordante no sexo feminino (início da doença aos 18 anos). Durante a planificação dos dados, foram encontrados, pacientes onde o início da doença ocorreu antes dos 10 anos de idade. Estima-se que cerca de 0,1 a 1% dos casos de esquizofrenia tenha iniciado antes dos 10 anos de idade, sendo portanto, extremamente raros. E, conforme avança a adolescência (próximo dos 11 anos), esses casos tornam-se mais expressivos (TENGAN; MAIA, 2004). Segundo Pereira et al. (2005), a dificuldade em se diagnosticar esquizofrenia na infância e na adolescência já se inicia no processo de avaliação, pois pensamento infantil é muito fantasioso, que prevalecendo sobre o pensamento lógico. Em contrapartida, foi observada a existência de pacientes onde a doença se manifestou após os 60 anos. Segundo Targum e Abbott (1999 apud TEIXEIRA JÚNIOR et al., 1999), apesar de a esquizofrenia acometer principalmente indivíduos entre os 20 e 40 anos, a apresentação após os 45 anos não é rara, e acredita-se que 10% dos casos de primeiro episódio de esquizofrenia se manifestam após essa idade. A esquizofrenia de início tardio afeta principalmente mulheres com traços de personalidade pré-mórbida esquizóide ou paranóide, com déficits auditivo ou visual, características consideradas fatores de risco para o desenvolvimento do transtorno (TEIXEIRA JÚNIOR et al., 1999). 43 Deve-se destacar o total de 45 usuários do serviço que não especificaram por quanto tempo tem a patologia, o que pode ter colaborado para que as idades de início das mesmas e as médias tenham sido muito próximas. 5.2.3. Dinâmica familiar A família tem um lugar e uma função centrais na vida dos portadores de esquizofrenia (VILLARES, 2000), muitas vezes auxiliando no tratamento, de modo que seja mais eficaz. Sabendo-se da importância que a convivência com a família tem para a melhora da qualidade de vida do paciente, foi analisada a situação conjugal dos pacientes, e os dados encontrados foram analisados e estão descritos no gráfico a seguir: Figura 5. Situação familiar dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS, Itajaí, 2011. O gráfico acima demonstra que mais da metade dos usuários não vive com companheiros (64% do total, sendo 13% vivendo sozinhos; 47% vivendo com familiares em companheiro ou filhos; 7% vivendo com familiares e filhos, mas sem companheiro; e 1% vivendo em asilos/instituições), condizendo com o descrito nos trabalhos de Cardoso et al. (2006), Silva (2009), Silva et al. (2010), onde a maior parte dos entrevistados era solteiro, divorciado ou viúvo. Nunes et al. (2008) salientam que é de conhecimento de que os pacientes com esquizofrenia apresentam menores taxas de casamento e de relacionamentos interpessoais. 44 De acordo com Hales e Yudofsky (2006 apud LADISLAU, 2011), as pessoas acometidas pela doença vivem por muitos anos após a descoberta da mesma, sofrendo seus efeitos, e consequentemente não conseguindo levar um estilo de vida adequado às condições sociais, incluindo casar ou ter filhos. De acordo com Silva et al. (2010, p. 593), “o próprio estigma relacionado à esquizofrenia pode dificultar os relacionamentos sociais desses pacientes, levando-os ao isolamento, já que, por razões como medo ou preconceito, outras pessoas podem não se aproximar dessa população”. De acordo com Malmberg et al. (1998 apud GRILLO, 2005), um estudo feito na Suécia evidenciou ainda que, indivíduos que foram acometidos pela doença na fase adulta, quando adolescentes, era tímidos, retraídos e apresentavam dificuldades para ter um relacionamento amoroso. Ainda de acordo com o gráfico, quase metade dos pacientes vive com familiares. Estevam et al. (2011) descreve que a o convívio com um familiar portador da patologia pode trazer sentimentos de angústia e tristeza tanto para o doente quanto para os familiares, devido à imprevisibilidade das ações que a doença acarreta e a expectativa do aparecimento ou não de novas crises. De acordo com Almasan e Gimenez (2006), vários estudos (Falloon e cols., 1982; Goldstein e Cols., 1978; Hogarty, 1984; Leff e cols, 1982) demonstram que o tratamento familiar mais a medicação antipscótica é três vezes mais eficaz que a medicação isoladamente na prevenção da recaída. Villares (2000) destaca que os portadores da doença comumente vivem com a família de origem ou mantêm contato regular com a mesma, o que significa que é ela que geralmente identifica inicialmente algum problema, busca o tratamento, torna-se responsável pela administração de prescrições médicas e articuladora do cotidiano de seu familiar doente. Observa-se no gráfico, ainda, a presença de dois pacientes que residem em hospitais psiquiátricos. Almasan e Gimenez (2006) descrevem que a estrutura da unidade hospitalar oferece abrigo seguro, com a finalidade de evitar que os pacientes causem danos a si mesmos ou aos outros. Os autores destacam ainda que, para o paciente que tem uma crise psicótica aguda, uma hospitalização breve oferece uma oportunidade de voltar a conviver em grupo e orientar–se novamente para o futuro; já uma hospitalização prolongada é indicada para pacientes que recusam ou não respondem à medicação, são auto-destrutivos ou suicidas, 45 agressivos com os outros e não tem apoio em outro sistema de suporte familiar para ajudá-los a manejarem os reveses da vida diária. 5.2.4. Localidade em que reside As manifestações da esquizofrenia são observadas em indivíduos em todas as sociedades e áreas geográficas estudadas, sendo a incidência e prevalência durante a vida praticamente iguais em qualquer parte do mundo (SILVA et al., 2000). O gráfico a seguir demonstra a proporção dos usuários em relação à localidade em que vivem: Figura 6: Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS quanto ao local de residência, Itajaí, 2011. Como se pode perceber através do gráfico, a grande maioria dos usuários vive na zona urbana do município. De acordo Mari e Leitão (2000), a incidência anual da doença está entre 0,5 a 5 por 10.000 habitantes, com algumas variações geográficas ligadas principalmente à áreas urbanas e países industrializados. Os números sobre a incidência provavelmente são semelhantes nas populações urbanas e rurais, porém, a prevalência da esquizofrenia é maior entre populações urbanas e com poder sócio-econômico, fato geralmente atribuído ao fenômeno da decadência social, onde pessoas afligidas ou vulneráveis tendem a perder seus empregos e posições sociais, acabando por parar em bolsões de pobreza e áreas decadentes das cidades (EMERY, 1997; KAPLAN, 1999 apud SILVA et al., 2000). 46 5.2.5. Ocupação A presença de uma ocupação é um fator que influencia na qualidade de vida dos pacientes com esquizofrenia. Uma baixa qualidade de vida se deve, muitas vezes, aos problemas gerados pela própria doença, à divisão das tarefas por sexo e à incapacidade de se inserir no mercado de trabalho (SILVA, 2011). A fim de verificar a relação dos pacientes com o mercado de trabalho, os dados relacionados à ocupação dos mesmos foram analisados e as informações estão descritas no gráfico abaixo: Figura 7: Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS quanto à Ocupação dos usuários ocupação, Itajaí, 2011. 100 80 67 60 33 26 40 11 20 9 0 Não informado A pos entado (a)/ Des empregado (a) A fas tado (a) Do lar A tividades profis s ionais divers as De acordo com o gráfico acima, 33% dos usuários do CAPS estão inseridos no mercado de trabalho, em atividades que variam de doméstica à pedagoga e 9% trabalham em casa. Em contrapartida, 37% dos usuários estão desempregados, aposentados ou afastados, o que difere dos estudos de Silva (2009), Silva et al. (2010), que descrevem mais de 70% dos pacientes como estando desempregados e/ou afastados. Segundo Durão e Souza (2003), cerca de 90% dos pacientes com problemas mentais graves se encontram desempregados, e o trabalho remunerado é um fator de grande importância na reabilitação do paciente. Em seu estudo, Polit e Hungler (1995 apud DURÃO; SOUZA, 2003) informam que após um ano de trabalho, 40% dos pacientes com esquizofrenia, que eram pagos por seus serviços, obtiveram melhora em todos os sintomas e 50% informaram grande melhora nos sintomas positivos. Os autores ainda descrevem que os que não recebiam por seu trabalho tiveram uma melhora foi consideravelmente menor, e menos de um quarto dos 47 pacientes esquizofrênicos estão em programas que ajudam a encontrar um trabalho para o indivíduo se manter. Faz-se necessária também uma análise em relação à quantidade de aposentados/afastados. Do total de 146 usuários analisados, 26 estão nesta situação, como observa-se no gráfico a seguir: Figura 8: Relação de usuários aposentados/afastados, por idade, em pacientes com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011. De acordo com o Ministério da Previdência Social (2009), tem direito ao benefício da aposentadoria por idade os trabalhadores urbanos do sexo masculino a partir dos 65 anos e do sexo feminino a partir dos 60 anos de idade, e os trabalhadores rurais a partir dos 60 anos, homens, e a partir dos 55 anos, mulheres. Também de acordo com o Ministério da Previdência Social (2007), para a perícia médica, o prognóstico da esquizofrenia merece especial cuidado, devido a longa duração que ela determina gerando restrições e cicatrizes no funcionamento mental, gerando então, os segurados esquizofrênicos geram longos benefícios, e em suas revisões de aposentadorias, muitos deles permanecem com sintomas negativos que inviabilizam seu retorno ao trabalho definitivamente. Ao serem observadas as idades dos usuários, foi verificado que somente 02 paciente estão aposentados com idade superior à estabelecida por lei. Porém, vale salientar que não há clareza em relação aos motivos do afastamento ou aposentadoria dos pacientes. Supõe-se que seja devido ao transtorno mental que os acomete, mas não há descrito em seus prontuários se realmente foi isso que os deixou incapacitados de trabalhar. 48 5.2.6. Escolaridade As funções cognitivas, em pacientes esquizofrênicos, estão bastante comprometidas. Diversos estudos demonstram que os portadores da patologia tem um QI (quoeficiente de inteligência) mais baixo, e que muitas vezes a performance intelectual dos mesmos está mudada bem antes do aparecimento da doença, sugerindo que isto não seja apenas um pródomo, mas algo que reflita uma causa para o aparecimento da doença (GRILLO, 2005). Após análise dos prontuários, os usuários foram separados por grau de escolaridade, para posterior discussão, como pode ser observado no gráfico abaixo: Figura 9: Grau de instrução dos usuários com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011. De acordo com o gráfico acima, 52 pacientes informaram possuir o ensino fundamental incompleto (35,62%). Nos estudos de Cardoso et al. (2006) e Silva et al. (2010), o maior número de usuários também declarava ter um grau de instrução baixo (75,6% e 56,7% respectivamente). Inúmeros motivos podem levar os usuários a deixar seus estudos. Lolis e Lima (1997) descrevem que “os motivos da evasão escolar têm como pano de fundo o descumprimento da legislação na área e também a falta de perspectiva e interesse dos pais em cumprir a função que lhes cabe”. Em seu estudo, foram entrevistadas 759 crianças e adolescentes em idade escolar, e foram encontrados os seguintes motivos para o abandono escolar de 83 crianças: mudança de endereço, para trabalhar, escola distante, não querer estudar, não gostar da escola, problemas com 49 professor e diretor, cuidar da casa, cuidar dos irmãos, falta de documentos, falta de material escolar e outros motivos. Álvarez (2001 apud THEIL, 2003, p. 53), analisando o abandono escolar motivado pela doença, descreve que “o prejuízo cognitivo nos pacientes com esquizofrenia se manifesta com diversos graus de déficit na atenção, na memória, nas funções executivas e em outras funções cognitivas”. Em muitos casos, ocorre um prejuízo de funções ocupacionais ou sociais, o que acaba acarretando um afastamento social, a perda de interesse ou capacidade de agir na escola, mudança nos hábitos de higiene pessoal ou comportamento incomum (HÄFNER, 2003 apud SOUZA, 2008). Podem-se considerar estes prejuízos que ocorrem ao longo do curso da doença como sendo possíveis responsáveis pelo afastamento escolar dos sujeitos pesquisados. Porém, não se deve esquecer que muitas vezes as condições financeiras dos pacientes é que podem tê-los levado a este abandono, tendo a doença aparecido muitos anos após a idade escolar. 5.2.7 Histórico familiar Sabe-se que a esquizofrenia é uma patologia causada possivelmente por diversos fatores sociais e genéticos, havendo ainda evidências da interação dos fatores ambientais e socioculturais (AFONSO et al., 1997). Abaixo encontra-se um gráfico referente a quantidade de sujeitos que possuem histórico de esquizofrenia na família: 50 Figura 10: Histórico familiar da doença nos usuários com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011. De acordo com o gráfico acima, 25 sujeitos relataram possuir histórico positivo da patologia na família, enquanto 31 sujeitos afirmaram não ter. Silva (2006) descreve que possuir um parente com esquizofrenia é o fator de risco mais consistente e significativo para o desenvolvimento da doença, e que vários estudos epidemiológicos demonstram que indivíduos que possuem parentes em primeiro grau com a doença possuem um risco aumentado em desenvolvê-la. De acordo com Vallada Filho e Samaia (2000), pode-se concluir através de estudos sobre a genética e fatores de risco da esquizofrenia que estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência do componente genético para esquizofrenia, que representa de 70% a 80% da susceptibilidade total para desenvolver a doença; há resultados sugestivos acerca deste componente genético em estudos ainda em andamento; fatores pré e perinatais parecem aumentar o risco para o desenvolvimento da esquizofrenia; a esquizofrenia é um transtorno heterogêneo, tendo provavelmente causas ambientais e genéticas. 5.3 Tratamento Os métodos de tratamento da esquizofrenia incluem: farmacoterapia, psicoterapia, intervenção familiar e tratamento hospitalar (ALMASAN; GIMENEZ, 2006), além da eletroconvulsoterapia. 51 5.3.1 Tratamento farmacológico De acordo com Elkis e Louzã (2007), os antipsicóticos representam o principal tratamento para pacientes com esquizofrenia. Os fármacos utilizados pelos usuários do CAPS estão descritos abaixo: Quadro 2: Fármacos utilizados pelos usuários com esquizofrenia no CAPS, Itajaí, 2011 Fármacos Classe Forma de Acesso Clorpromazina Típico Atenção Básica Clozapina Atípico CEAF Haloperidol* Típico Atenção Básica Levomepromazina Típico Atenção Básica Olanzapina Atípico CEAF Pimozida Típico Medicamentos não padronizados, via judicial ou farmácia privada. Quetiapina Atípico CEAF Risperidona** Atípico Atenção Básica e CEAF Ziprasidona Atípico CEAF Zuclopentixol Típico Medicamentos não padronizados, via judicial ou farmácia privada. *A forma em Decanoato é fornecida no CAPS, onde se faz a aplicação da injeção. ** A Risperidona de 1mg é fornecida no CEAF, e a Risperidona de 2mg é fornecida no CODIM, mediante prescrição de psiquiatra. Foi analisada também a proporção de usuários que usavam antipsicóticos típicos e atípicos. Os resultados encontram-se descritos abaixo: 52 Figura 11: Proporção do uso de antipsicóticos típicos e atípicos pelos usuários com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011. De acordo com o gráfico acima, há uma utilização maior dos antipsicóticos atípicos em relação aos típicos. Os medicamentos antipsicóticos representam a base do tratamento farmacológico para pacientes com esquizofrenia (LACRO, 2002 apud DIÓGENES et al., 2007). Estudos farmacoeconômicos demonstram que antipsicóticos atípicos e típicos tem eficácia semelhante (GEEDES, 2000 apud DIÓGENES et al., 2007), porém os fármacos atípicos são mais efetivos (KANE, 1988 apud DIÓGENES et al., 2007). Quanto à disponibilidade, os antipsicóticos de nova geração, ou atípicos, são menos acessíveis à população, por se tratar de medicamentos de alto custo (BRASIL, 2002 apud DIÓGENES et al.,2007). Oliveira (2000) descreve que o aspecto comum aos antipsicóticos atípicos é a capacidade de promover o efeito terapêutico em doses que não produzam, de modo significativo, sintomas extrapiramidais. Contudo, os antipsicóticos convencionais permanecem como primeira escolha quando se consideram somente questões relativas ao custo do tratamento. Após a análise dos antipsicóticos utilizados pelos usuários, foram analisadas as doses prescritas aos mesmos, comparando-as posteriormente com a dose máxima indicadas. As informações foram obtidas deram origem ao quadro situado abaixo: 53 Quadro 3: Doses mínima e máxima prescritas aos usuários com esquizofrenia atendidos no CAPS Itajaí e comparação com a dose máxima indicada, Itajaí, 2011 Medicamentos Dose mínima e máxima utilizada Dose Máxima indicada Clorpromazina comprimido 25mg/dia - 500mg/dia Clozapina 400mg/dia - 600mg/dia Haloperidol comprimido 2mg/dia - 15mg/dia Haloperidol decanoato 1 ampola 30/30 dias -2 ampolas 15/15 5mg/mL dias Haloperidol gotas 2mg/mL 5 gotas/dia - 30 gotas/dia Levomepromazina 12,5mg/dia - 400mg/dia Levomepromazina gotas 40mg/mL 20 gotas/dia Olanzapina 5mg/dia - 15mg/dia Pimozida 4mg/dia Quetiapina 50mg/dia - 600mg/dia Risperidona 1mg/dia - 6mg/dia Ziprasidona 80mg/dia - 160mg/dia Zuclopentixol depot injetável 20mg/mL 1 ampola 15/15 dias Fonte: Adaptado com informações do Ministério da Saúde (2010) 1g/dia 800mg/dia 30mg/dia 30mg/dia 30mg/dia 1200mg 1200mg 15mg/dia 20mg/dia 800mg/dia 6mg/dia 160mg/dia 400mg De acordo com Oliveira (2008), janela terapêutica é a área (ou faixa) entre a dose eficaz mínima, e, a dose máxima permitida. Se analisadas as doses prescritas, nenhum fármaco ultrapassou a dose máxima indicada na literatura, diminuindo então os riscos de efeitos colaterais devido à superdosagem do fármaco. Porém, o aparecimento de efeitos colaterais pode estar relacionado à interações medicamentosas existentes. Interação medicamentosa, de acordo com Hoefler (2012, p.1), “é evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental”. Ao analisar os prontuários no local, dos 146 usuários, 33 faziam o tratamento através de medicação assistida. Considera-se "medicação assistida", para os efeitos desta Lei, um medicamento, fármaco ou substância, com intenção terapêutica, registrado conforme disposto na Lei 6.360 de 23.09.76, cuja administração exija um profissional de saúde ou sua supervisão direta, em ambiente hospitalar, ambulatorial ou domiciliar (BRASÍLIA, 2004). Os medicamentos são utilizados por pacientes que não tem condições de fazer o tratamento sozinhos, ou com possibilidade de cometer suicídio, e são fornecidos através da Atenção Básica e do Componente Especializado, 54 A fim de verificar o tratamento farmacológico realizado pelos usuários, foi analisada primeiramente a quantidade de medicamentos que os mesmos estavam utilizando. Os dados encontrados deram origem à tabela abaixo: Tabela 3: Número de medicamentos utilizados pelos usuários com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011. Quantidade de medicamentos utilizados Quantidade de usuários 1 19 2 33 3 36 4 32 5 10 6 6 7 6 8 2 9 1 10 1 De acordo com o a tabela acima, apenas 19 usuários fazem o tratamento da patologia monoterapicamente, e a média obtida de medicamentos utlizados por paciente é de 3,31. As medicações co-administradas pelos usuários analisados são da classe dos antidepressivos, ansiolíticos, estabilizadores de humor e anticolinérgicos. Abaixo encontra-se uma tabela com os possíveis efeitos colaterais advindos do uso concomitante dos antipsicóticos utilizados pelos usuários do CAPS, e os fármacos acima listados: 55 Quadro 4: Medicamentos associados à antipsicóticos e possíveis efeitos colaterais, Itajaí, 2011 Antipsicótico Associação Efeitos colaterais Carbamazepina Perda da eficácia terapêutica da Clozapina Lítio Possível aumento de agranulocitosa e crises convulsivas Fluoxetina Aumenta sedação, efeitos colinérgicos, risco de convulsão Olanzapina Carbamazepina Perda da eficácia terapêutica da Olanzapina Quetiapina Carbamazepina Perda da eficácia terapêutica da Quetiapina, ataxia, tremores, diplopia Carbamazepina Perda da eficácia terapêutica da Risperidona Fluoxetina Aumento de sintomas extrapiramidais e aumento da prolactina Carbamazepina Perda da eficácia terapêutica da Ziprasidona Pimozida Aumenta o risco de arritmias Antidepressivos Tricíclicos Aumenta o risco de arritmias Antipsicóticos Típicos Aumenta o risco de arritmias Citalopram/Escitalopram Aumenta sintomas extrapiramidais e outros efeitos colaterais Fluoxetina Aumenta sintomas extrapiramidais e outros efeitos colaterais Antipsicóticos Carbamazepina Perda da eficácia terapêutica dos Antipsicóticos Típicos ADT Aumenta o risco de arritmias e efeitos anticolinérgicos Lítio Neurotoxicidade, aumento de sintomas extrapiramidais Barbituratos Zuclopentixol aumenta o efeito depressor de Barbituratos Ziprasidona Aumenta o risco de arritmias Clozapina Risperidona Ziprasidona Fonte: Soares (2012) – Adaptado O quadro acima demonstra que há o uso concomitante de antipsicóticos em alguns usuários. Contreras e Alvarez (2011) destacam que há uma tendência maior ao uso da politerapia antipsicótica na prática clínica, mas são necessários maiores e melhores estudos, além de bases científicas para a realização desta prática com segurança e êxito. Foi observado também que há um número significativo de medicamentos utilizados juntamente com os antipsicóticos. Uma explicação possível é a presença de comorbidades nos usuários em politerapia. De acordo com Adnet (2012), 56 comorbidade é a presença de mais de uma doença ou transtorno em uma pessoa, podendo os mesmos ocorrer de forma simultânea ou sequencial. O autor também destaca que comorbidades psiquiátricas são frequentes. Abaixo está presente um quadro com as patologias encontradas em associação com a esquizofrenia ou com doenças semelhantes (CID-10 F21 – F 29). Quadro 5: Patologias encontradas em associação com a esquizofrenia ou doenças semelhantes, Itajaí, 2011 CID 10 Significado F 06 Outros transtornos mentais devidos a lesão e disfunção cerebral e a doença física Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de F 19 múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas F 21 Transtorno esquizotípico F 25 Transtornos esquizoafetivos F 29 Psicose não-orgânica não especificada F 31 Transtorno afetivo bipolar F 32 Episódios depressivos F 33 Transtorno depressivo recorrente F 40 Transtornos fóbico-ansiosos F 43 "Reações ao ""stress"" grave e transtornos de adaptação" F 44 Transtornos dissociativos F 45 Transtornos somatoformes F 60 Transtornos específicos da personalidade F 70 Retardo mental leve F 71 Retardo mental moderado F 72 Retardo mental grave G 40 Epilepsia Fonte: Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (2012) – Adaptado Algumas patologias acima possuem sintomas depressivos. Eles são bastante frequentes na esquizofrenia e tem grande importância para os pacientes, ocorrendo em todas as fases da doença, (especialmente no período prodrômico e durante o episódio psicótico), mas tendendo a diminuir de intensidade com o abrandamento dos sintomas positivos (BRESSAN, 2000). Vale salientar que, como citado anteriormente, existem patologias com sintomatologia semelhante à esquizofrenia, mas que de acordo com os critérios diagnósticos do CID-10 não se enquadram na classificação de esquizofrenia propriamente dita. Abaixo encontra-se um quadro com estas patologias. 57 Quadro 6: Patologias semelhantes à esquizofrenia, mas que não se encaixam em CID F 20 CID 10 Significado F 19 F 21 F 22 F 23 F 24 F 25 F 28 F 29 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas Transtorno esquizotípico Transtornos delirantes persistentes Transtornos psicóticos agudos e transitórios Transtorno delirante induzido Transtornos esquizoafetivos Outros transtornos psicóticos não-orgânicos Psicose não-orgânica não especificada Como estas patologias são semelhantes à esquizofrenia, logo pensa-se que os mesmos medicamentos podes ser utilizados. Ao fazer a pesquisa, foi verificado que o transtorno que mais prevaleceu após a esquizofrenia foi o Transtorno esquizoafetivo que, segundo o Ministério da Saúde (2002), possui mesmas características da esquizofrenia, mas acompanhadas ainda de períodos onde, além da psicose, ocorrem alterações no humor do paciente. Em parte, com base em estudos controlados, pode-se concluir que olanzapina, risperidona e outros modernos antipsicóticos podem tornar-se preferíveis no tratamento do transtorno esquizoafetivo. (MENSIK; SLOOF, 2004 apud QUARANTINI; SENA; OLIVEIRA, 2005). A diversidade de mecanismo de ação dos antipsicóticos, principalmente os atípicos, melhora muito seu perfil de eficácia sobre os sintomas negativos da esquizofrenia, mas também acaba propiciando um maior potencial para interações entre as várias medicações co-administradas para o tratamento dos transtornos psiquiátricos (SOARES, 2012). 5.3.2 Tratamento não farmacológico O CAPS Saúde Mental oferece aos usuários, além de medicamentos, atividades de Terapia Ocupacional de Psicoterapia. Foi analisado se os usuários participavam de atividades, e os dados obtidos deram origem ao gráfico abaixo: 58 Figura 12: Participação dos usuários com esquizofrenia nas atividades oferecidas pelo CAPS, Itajaí, 2011. Participação de usuários em atividades Não faz em/Não informado 75 Terapia O c upac ional + P s ic oterapia 11 20 P s ic oterapia 40 Terapia O c upac ional 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Qua ntida de de usuá rios De acordo com o gráfico acima, 75 usuários não participam atualmente das atividades oferecidas pelo CAPS, supondo-se com isso que seu tratamento seja feito somente de modo medicamentoso. 71 usuários estão inseridos em outras atividades, sendo 40 em terapia ocupacional, 20 em psicoterapia e 11 participando das duas atividades. São oferecidos no CAPS, os seguintes grupos de atividades em Terapia Ocupacional: Arte e artesanato, Geração de renda, Sustentarte, Movimento, Ação e Saúde, Culinária, Comissão de Eventos, Recriar, Feminino, Jornal, Consciência Corporal, Oficina terapêutica e Anti-tabagismo. Os mesmos ocorrem de duas maneiras: para pacientes em intensivo, ou seja, pacientes que permanecem o dia inteiro no local; e para pacientes encaminhados pelo psiquiatra, onde ficam em uma lista de espera até serem chamados. Os pacientes em intensivo participam de todas as atividades oferecidas, e quando saem do intensivo são encaminhados para a atividade que mais condiz com sua condição, através da análise de atividade. Já os pacientes que estão na lista de espera passam por uma triagem com o terapeuta ocupacional, em que também é feita a análise de atividade. A psicoterapia também é fornecida nos mesmos moldes da terapia ocupacional: para pacientes em intensivo e pacientes fora do intensivo. Para os pacientes em intensivo, a psicoterapia ocorre duas vezes por semana, sendo um dia de manhã e um dia a tarde. Para os pacientes fora do intensivo, há uma lista de espera. Atualmente existe uma demanda reprimida para as duas atividades, sendo 59 este um possível fator para a quantidade de pacientes pesquisados que não participam das atividades oferecidas. Zanini (2000) descreve que a psicoterapia associada ao tratamento farmacológico é um importante recurso na recuperação e na reabilitação de pacientes com a doença, e que por meio de abordagens educativas, suportivas, interpessoais ou dinâmicas, visa recuperar o indivíduo como um todo. Pode ser individual, priorizando o apoio ao portador, ou em grupo, onde o terapeuta deve ser ativo e monitorar o ambiente do grupo, devendo favorecer a convivência em grupo através de temas, conversação, e proteção (SHIRAKAWA, 2000). Já a terapia ocupacional tem como objetivo oferecer ao paciente a possibilidade do reencontro e desenvolvimento de sua busca de autonomia, e de exercer sua capacidade de pensamento através de atividades (VIANA apud ARAUJO, 1999), sendo indicada para pessoas em estado de desorganização, isoladas e com a vontade comprometida (SHIRAKAWA, 2000). A terapia ocupacional mostra ao indivíduo a capacidade que ele tem de concluir tarefas objetivas, e também o auxilia a constatar que tem capacidade de executar tarefas (CERUTTI et al., 2011). Pacientes com esquizofrenia normalmente não conseguem suportar pressões muito grandes, razão pela qual o profissional deve ser ativo e monitorar a expressão dos afetos no encontro terapêutico, criando, assim, um clima de compreensão, respeito e empatia (ZANINI, 2000). De acordo com Shirakawa (2000, p.57), “a modalidade da abordagem psicossocial deve ser escolhida de acordo com a evolução do quadro e das possibilidades do paciente”, e devem favorecer a reintegração do paciente em sua família e também na sociedade, tendo como objetivo facilitar a vida do paciente no dia-a-dia, ajudando-o a lidar com suas dificuldades (BASTOS, 1981 apud MENEZES, 2009). Estudos demonstram que quando o tratamento farmacológico é combinado com intervenções não – farmacológicas, a eficácia é maior do que com o tratamento farmacológico isolado (CIRINEU, 2011). A esquizofrenia é uma doença ampla que compromete a vida de relação do seu portador, exigindo então um tratamento em equipe multidisciplinar. O tratamento psicossocial é essencial para voltar a organizar a vida do paciente (SHIRAKAWA, 2000). 60 61 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os usuários do CAPS, de acordo com a pesquisa, são na sua maioria do sexo masculino, com a faixa etária compreendida entre 41 e 50 anos, vivendo com familiares, morando na zona urbana municipal e possuindo o ensino fundamental incompleto. Em relação ao tratamento, a maioria faz uso de antipsicóticos atípicos, de maneira politerápica e faz somente o tratamento medicamentoso. A esquizofrenia é uma doença progressiva e debilitante, que atinge milhões de pessoas no mundo e gera vários custos tanto para a família quanto para o sistema de saúde. A doença, na maioria das vezes, impossibilita seus portadores de ter uma vida social dita normal, como estudar, trabalhar, casar e ter filhos, sendo eles muitas vezes, dependente de seus familiares pelo resto da vida. A pesquisa no local possibilitou a compreensão de quão complexo é o tratamento de um portador de transtorno mental, do quanto ele necessita de cuidados de todas as pessoas que o cercam e do quanto o trabalho dos profissionais é importante para melhora do portador em todos os aspectos. Com o presente trabalho verificou-se também que o estigma de que todo portador de esquizofrenia é incapacitado e não tem condições de ter uma vida social normal deve ser modificado. Percebeu-se que com o tratamento feito precocemente e de maneira adequada, é possível o portador da patologia estar inserido na sociedade e fazer atividades das quais ele é considerado incapaz, como estudar, ter uma ocupação e construir família. Os profissionais do CAPS sempre foram solícitos em relação à pesquisa, que foi dificultada somente por outras questões, como por exemplo, programas de computador desatualizados e uma enchente que ocasionou a perda de diversos prontuários. Com um tempo maior disponível para a coleta de dados, a presença de uma relação atualizada de pacientes ou de um programa disponível que auxiliasse na coleta de dados, a pesquisa conteria dados mais completos e mais condizentes com a realidade dos portadores da patologia no município. Apesar de o local e as condições não serem totalmente ideais para o exercício do trabalho com os pacientes, pode-se afirmar que o papel dos 62 profissionais do CAPS é de extrema importância, principalmente no que diz respeito ao tratamento não farmacológico. O trabalho deles promove a reinserção dos usuários à sociedade, com tratamentos que visam melhorar os sintomas da doença, e a capacidade deles de ter uma vida social mais ativa. Percebeu-se que, apesar de todas as dificuldades em relação à estrutura do local, em relação a medicamentos e até em relação ao estado dos pacientes no momento, terapeutas, psicólogos, enfermeiros, recepcionistas, assistentes sociais fazem com que o usuário se sinta a vontade de estar no local e sinta que está sendo assistido por profissionais competentes e comprometidos. Com este estudo, observou-se a importância do tratamento farmacológico combinado com o tratamento não farmacológico. O amplo acesso aos medicamentos no município auxilia no controle dos sintomas positivos, que muitas vezes são os principais responsáveis pela exclusão dos portadores da doença pelas outras pessoas. Os resultados do presente estudo permitem subsidiar e estimular políticas públicas para o atendimento, reabilitação e reinserção social do sujeito com esquizofrenia, como por exemplo a ampliação dos serviços já prestados, a inserção do farmacêutico na equipe multidisciplinar e programas que estimulem de geração de renda. 63 REFERÊNCIAS ADNET, M. Mais de um transtorno psiquiátrico na mesma pessoa. As comorbidades psiquiátricas, 2012. Disponível em: <http://medicopsiquiatra.com/artigos/comorbidades-psiquiatricas.html>. Acesso em: 10. out. 2012. AFONSO, A.; REINAS, C.; ROBERTO, E.; CAMPOS, E.; ENRIQUE, E.; ANDRADE, H.; VIEGAS, R.; SANTOS, S.; RESENDE, V. C. A loucura e o controle das emoções, 1997. Disponível em: <http://www.icb.ufmg.br/lpf/mono3.pdf>. Acesso em: 28. set. 2012. ALMASAN, D. A.; GIMENEZ, R. M. Formas de tratamento do paciente esquizofrênico. Revista Científica Eletrônica de Psicologia, Garça, ano IV, n. 7, nov. 2006. 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CNS 196/96 e suas complementares no desenvolvimento do projeto de pesquisa Perfil sócio-demográfico e caracterização do tratamento psicofarmacológico oferecido aos sujeitos com esquizofrenia atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial Saúde Mental no município de Itajaí (SC), assim como afirmo que os dados descritos no protocolo serão obtidos em absoluto sigilo e utilizados apenas para os fins especificados no protocolo aprovado pelo Comitê de Ética. Nome completo do pesquisador principal (orientador): Ana Paula Veber Assinatura: Nome completo do acadêmico: Mariana Clarindo Paulino Assinatura: Data: 13 de Outubro de 2011. 76 77 APÊNDICE B: Formulário utilizado para coleta de dados dos sujeitos com Esquizofrenia atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial Saúde Mental no município de Itajaí (SC). Prontuário: ______________________________ Data da Última Consulta: _______________ Data da 1ª Consulta no CAPS _______________________ Tempo de doença _____________ Histórico de utilização de substâncias ilícitas: __________________________________ Nascimento: ________ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Escolaridade: ( ) Não alfabetizado ( ) Fundamental Incompleto ( ) Fundamental Completo ( ) Médio Incompleto ( ) Médio Completo ( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo Ocupação: _______________________________________________________________ Situação conjugal: ( )Vive só ( ) Vive com companheiro e filhos ( ) Vive com companheiro sem filhos ( ) Vive com familiares, sem companheiro e filhos ( ) Vive com familiares e filhos, mas sem companheiro ( ) Vive em asilos/instituições ( ) Não informado Local de residência: Bairro________________________ Município ___________________ Possui histórico familiar da doença: ( ) Sim ( ) Não Grau de parentesco ___________ Diagnóstico: ______________________________________ CID: _____________ Medicamentos utilizados: Medicamentos Dose/posologia Duração * Comprado, Atenção básica, Componente Especializado, Não padronizado, Judicial Outros tratamentos (exceto medicamentos): ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Acesso * 78