perfil sócio-demográfico e caracterização do tratamento

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE FARMÁCIA
MARIANA CLARINDO PAULINO
PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO E CARACTERIZAÇÃO DO
TRATAMENTO PSICOFARMACOLÓGICO OFERECIDO AOS
SUJEITOS COM ESQUIZOFRENIA ATENDIDOS PELO CENTRO
DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL SAÚDE MENTAL NO MUNICÍPIO
DE ITAJAÍ (SC)
Itajaí (SC)
2013
MARIANA CLARINDO PAULINO
PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO E CARACTERIZAÇÃO DO
TRATAMENTO PSICOFARMACOLÓGICO OFERECIDO AOS
SUJEITOS COM ESQUIZOFRENIA ATENDIDOS PELO CENTRO
DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL SAÚDE MENTAL NO MUNICÍPIO
DE ITAJAÍ (SC)
Monografia apresentada como requisito para
obtenção do título de Farmacêutico pela
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de
Ciências da Saúde.
Orientadora:
Profª.
Veber.
Itajaí (SC)
Junho de 2013
MSc.
Ana
Paula
Dedico este trabalho aos meus pais e minhas irmãs,
por todo o amor transmitido.
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente minha orientadora, Profª. Msc. Ana Paula Veber, por
todo empenho e dedicação nos ensinamentos a mim repassados, e por acreditar
neste projeto.
À psicóloga Scharline Trevisol Bergamini, Coordenadora de Saúde Mental do
município de Itajaí, pela autorização da realização desta pesquisa no Centro de
Atenção Psicossocial (CAPS) Saúde Mental.
Ao farmacêutico Leandro Zago, pela ajuda na obtenção de nomes de usuários
do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.
Um agradecimento à toda equipe do CAPS, em especial para Simone,
Andréia, Etelvina, Rita, Ana Cristina e Carlos, por toda ajuda na coleta de dados.
Toda a equipe trabalha em um lugar extremamente essencial e especial.
À equipe do Programa Remédio em Casa, que mesmo não fazendo parte
diretamente deste projeto, tem meus sinceros agradecimentos pela compreensão
que tiveram ao ver minha dedicação neste trabalho.
Aos professores do Curso de Farmácia, por todo o conhecimento repassado
durante a faculdade. Muitas disciplinas não estão explicitamente destacadas aqui,
mas com certeza farão parte da minha formação profissional.
Por fim um agradecimento à pessoa que tem estado do meu lado durante
toda a confecção deste trabalho: Leonardo, meu namorado e meu melhor amigo.
Agradeço por perder finais de semana me ajudando a elaborar este trabalho,
agradeço por acreditar em mim e por acreditar no meu sucesso.
Todas as pessoas tiveram papel essencial nesta caminhada, e sem elas o
trabalho não estaria completo.
“Louco é aquele que permitiu aos seus demônios
aparecerem sem censura.
O louco é transparente...
Em suas expressões, olhares, gestos e palavras,
eles nos dizem coisas tão surpreendentes e profundas
que nos causam espanto e medo.
Talvez por isso sejam assustadores...
Expor a loucura alheia é também expor um pouco de nós”.
(Dra. Eneida Kascher)
PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO E CARACTERIZAÇÃO DO
TRATAMENTO PSICOFARMACOLÓGICO OFERECIDO AOS
SUJEITOS COM ESQUIZOFRENIA ATENDIDOS PELO CENTRO
DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL SAÚDE MENTAL NO MUNICÍPIO
DE ITAJAÍ (SC)
Mariana Clarindo PAULINO
Orientador: Profª MSc. Ana Paula Veber
Defesa em: junho de 2013
Resumo:
A esquizofrenia atinge cerca de 1% da população mundial, e no Brasil é responsável
por cerca de 30% de ocupações de leitos em instituições psiquiátricas. O início da
doença ocorre frequentemente em homens entre os 15 e 25 anos de idade, e seu
curso é variado. Caracteriza-se por sintomas positivos (alucinações e delírios) e
negativos (embotamento afetivo e a pobreza do discurso). As intervenções
terapêuticas devem ser adaptadas às necessidades do paciente individual,
envolvendo farmacoterapia, psicoterapia, intervenção familiar e tratamento
hospitalar, além da eletroconvulsoterapia. O presente estudo visa caracterizar os
sujeitos com a patologia atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial Saúde
Mental no município de Itajaí (SC) em relação à características sócio-demográficas,
tratamento oferecido, e as formas de acesso aos medicamentos. Foi realizada uma
pesquisa do tipo exploratória, com abordagem quantitativa, a partir de prontuários de
usuários atendidos no CAPS que retiraram medicamentos nos serviços municipais
de Assistência Farmacêutica em Itajaí no segundo semestre de 2011. Dos 146
sujeitos elencados para o estudo, foi observado que o maior número é do sexo
masculino, possui a faixa etária compreendida entre 41-50 anos, vive com familiares
sem companheiro e filhos e com ensino fundamental incompleto. Em relação ao
tratamento farmacológico, 67 usam antipsicóticos atípicos, 15 usam antipsicóticos
típicos, 62 usam uma associação de antipsicóticos e 2 usam medicamentos de
outras classes. Atualmente há uma tendência maior ao uso de politerapia no
tratamento, porém, os estudos acerca do assunto são escassos. Além do tratamento
farmacológico, é disponibilizado no CAPS os serviços de Terapia Ocupacional e
Psicoterapia. Dos 146 usuários, 40 participam de atividades de Terapia Ocupacional,
20 participam de psicoterapia, 11 participam de ambas as atividades e 75 não fazem
parte de nenhuma atividade. Os resultados do presente estudo permitem subsidiar e
estimular políticas públicas para o atendimento, reabilitação e reinserção social do
sujeito com esquizofrenia.
Palavras-chave: Esquizofrenia. Medicação antipsicótica. Saúde mental. Sistema
Único de Saúde.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fluxograma de obtenção dos prontuários dos pacientes com
esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011..................................
37
Figura 2 Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS
quanto ao sexo, Itajaí, 2011..................................................................
38
Figura 3 Distribuição etária dos pacientes com esquizofrenia atendidos no
CAPS (em anos), Itajaí, 2011................................................................
40
Figura 4 Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS
quanto ao tempo de doença, Itajaí (em anos), 2011.............................
41
Figura 5 Situação familiar dos pacientes com esquizofrenia atendidos no
CAPS, Itajaí, 2011.................................................................................
43
Figura 6 Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS
quanto ao local de residência, Itajaí, 2011............................................
45
Figura 7 Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS
quanto à ocupação, Itajaí, 2011............................................................
46
Figura 8 Relação de usuários aposentados/afastados, por idade, em
pacientes com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011..........
47
Figura 9 Grau de instrução dos usuários com esquizofrenia atendidos pelo
CAPS, Itajaí, 2011.................................................................................
48
Figura 10 Histórico familiar da doença nos usuários com esquizofrenia
atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011.......................................................
50
Figura 11 Proporção do uso de antipsicóticos típicos e atípicos pelos usuários
com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011.........................
52
Figura 12 Participação dos usuários com esquizofrenia nas atividades
oferecidas pelo CAPS, Itajaí, 2011......................................................
58
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Idade dos usuários do CAPS, por sexo, Itajaí, 2011............................
40
Tabela 2 Idade de início dos sintomas, por sexo, nos pacientes com
esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011..................................
41
Tabela 3 Número de medicamentos utilizados pelos usuários com
esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011..................................
54
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Medicamentos utilizados para esquizofrenia e suas formas de
acesso, Itajaí, 2011...............................................................................
34
Quadro 2 Fármacos utilizados pelos usuários com esquizofrenia no CAPS,
Itajaí, 2011.............................................................................................
51
Quadro 3 Doses mínima e máxima prescritas aos usuários com esquizofrenia
atendidos no CAPS e comparação com a dose máxima indicada,
Itajaí, 2011.............................................................................................
53
Quadro 4 Medicamentos associados à antipsicóticos e possíveis efeitos
colaterais, Itajaí, 2011...........................................................................
55
Quadro 5 Patologias encontradas em associação com a esquizofrenia ou
doenças semelhantes, Itajaí, 2011.......................................................
56
Quadro 6 Patologias semelhantes à esquizofrenia, mas que não se encaixam
em CID F 20..........................................................................................
57
LISTA DE ABREVIATURAS
CAPS – Centro de Atenção Psicossocial
CEAF – Componente Especializado da Assistência Farmacêutica
CID – Código Internacional de Doenças
CODIM – Centro de Orientação e Diagnoses Municipal
REMUME – Relação Municipal de Medicamentos
SUS – Sistema Único de Saúde
QI – Quoeficiente de inteligência
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................
23
2 OBJETIVOS..................................................................................................................
25
2.1 Objetivo geral...............................................................................................................
25
2.2 Objetivos específicos..................................................................................................
25
3 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................
27
3.1 Esquizofrenia................................................................................................................
27
3.1.1 Epidemiologia............................................................................................................
27
3.1.2 Fisiopatologia............................................................................................................
28
3.1.3 Sinais e sintomas......................................................................................................
28
3.1.4 Subtipos.....................................................................................................................
29
3.1.5 Diagnóstico................................................................................................................
30
3.1.6 Tratamento.................................................................................................................
31
3.1.6.1 Tratamento farmacológico....................................................................................
31
3.1.6.2 Tratamento não farmacológico............................................................................
32
3.2 Atenção à saúde ao paciente com esquizofrenia.....................................................
32
3.3 Acesso a medicamentos.............................................................................................
33
4 METODOLOGIA.......................................................................................................
35
4.1 Local e tipo de estudo.................................................................................................
35
4.2 População e amostra...................................................................................................
35
4.3 Procedimentos para coleta de dados........................................................................
36
4.4 Procedimentos para análise e discussão dos resultados.......................................
36
4.5 Aspectos Éticos...........................................................................................................
36
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................
37
5.1 Amostra de estudo.......................................................................................................
37
5.2 Dados sócio-demográficos.........................................................................................
38
5.2.1 Sexo............................................................................................................................
38
5.2.2 Idade...........................................................................................................................
39
5.2.3 Dinâmica familiar........................................................................................................
43
5.2.4 Localidade em que reside........................................................................................
45
5.2.5 Ocupação...................................................................................................................
46
5.2.6 Escolaridade..............................................................................................................
48
5.2.7 Histórico familiar.......................................................................................................
49
5.3 Tratamento....................................................................................................................
50
5.3.1 Tratamento farmacológico.......................................................................................
51
5.3.2 Tratamento não farmacológico................................................................................
57
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................
61
REFERÊNCIAS................................................................................................................
63
ANEXO A - Parecer consubstanciado de projeto de pesquisa em seres humanos....
71
APÊNDICE A - Termo envolvendo seres humanos de utilização de dados para
coleta de dados de pesquisas.......................................................................
75
APÊNDICE B - Formulário utilizado para coleta de dados dos sujeitos com
Esquizofrenia atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial
Saúde Mental no município de Itajaí (SC)................................................
77
23
1 INTRODUÇÃO
A esquizofrenia é uma das doenças psiquiátricas que mais intriga a
comunidade médica, sendo por isto uma das mais pesquisadas. Este fato trouxe, no
último século, diversos resultados positivos em relação a sua fisiopatologia
(ARARIPE NETO; BRESSAN; BUSATTO FILHO, 2007).
De acordo com Lara, Gama e Abreu (2004), a esquizofrenia atinge cerca de
1% da população mundial, e no Brasil é responsável por cerca de 30% de
ocupações de leitos em instituições psiquiátricas. Além disto, é responsável por 14%
das consultas ambulatoriais psiquiátricas e ocupa o 5º lugar em manutenção de
auxílio-doença (PÁDUA et. al., 2005 apud SILVA, 2011). O início da doença ocorre
frequentemente em homens entre os 15 e 25 anos de idade, e seu curso é variado.
Na maioria dos pacientes, o início é insidioso e caracteriza-se por uma mudança no
padrão de interação social e de afeto, gerando, dúvidas e angústias no círculo social
do portador da patologia, e causando um grande impacto nos profissionais da área
da saúde, devido à sua evolução, muitas vezes de difícil manejo (SCHLITHLER,
2000). Caracteriza-se, segundo Crow, pela “dicotomização em subtipos I e II ou
positivo/negativo, sendo os sintomas da síndrome positiva alucinações e delírios e
da síndrome negativa, o embotamento afetivo e a pobreza do discurso.” (COSTA;
CALAIS, 2010, p. 184).
De forma a reinserir na sociedade, portadores não só de esquizofrenia, mas
de outros transtornos mentais severos, foi criado no Brasil, na década de 80, o
primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), na cidade de São Paulo.
[...] É um serviço de saúde mental aberto e comunitário do Sistema
Único de Saúde (SUS). Sintetiza o avanço da saúde mental pública
na reorientação de um modelo assistencial que durante décadas
ficou reduzido à oferta de leitos em hospitais psiquiátricos, gerando
segregação e exclusão social dos pacientes portadores de
Transtornos Mentais (LYRA, 2008, p.13).
Dados do Ministério da Saúde (2010) apontam como existentes no Brasil
cerca de 1500 CAPS, que tem por objetivo “oferecer atendimento à população
através de acompanhamento clínico, e a reinserção social dos usuários através do
24
acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços com
a família e com a comunidade” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004, p.13).
Ao realizar a pesquisa bibliográfica, observou-se a existência de poucos
estudos com o intuito de avaliar a qualidade de vida e o tratamento
psicofarmacológico de pacientes esquizofrênicos atendidos no Sistema Único de
Saúde.
Devido às poucas conclusões a respeito das causas da esquizofrenia e da
doença em si, e a dificuldade de se estabelecer um tratamento monoterápico para
esse transtorno, faz-se relevante o estudo do tratamento oferecido aos pacientes
portadores de esquizofrenia atendidos no SUS. A aquisição de medicamentos
psicotrópicos causa um significativo impacto financeiro no país, sendo interessante
avaliar até que ponto o tratamento psicofarmacológico é a única opção de controle
dos sintomas.
Baseado neste argumento e nos objetivos que os CAPS propõem ao
tratamento dos pacientes com transtornos mentais, pretende-se traçar o perfil sóciodemográfico e caracterizar o tratamento psicofarmacológico oferecido aos pacientes
do CAPS Saúde Mental do município de Itajaí (SC).
25
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Traçar o perfil sócio-demográfico e caracterizar, quanto ao acesso e tipo de
terapia, o tratamento psicofarmacológico oferecido aos pacientes portadores de
esquizofrenia atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial Saúde Mental (CAPS
Saúde Mental) no município de Itajaí (SC).
2.2 Objetivos específicos
 Caracterizar os sujeitos com esquizofrenia atendidos no Centro de Atenção
Psicossocial Saúde Mental do município de Itajaí quanto aos aspectos sóciodemográficos (idade, sexo, ocupação, grau de escolaridade, situação familiar,
residência, histórico familiar de esquizofrenia);
 Descrever a terapia não farmacológica utilizada pelos sujeitos com
esquizofrenia atendidos no Centro de Atenção Psicossocial;
 Descrever a terapia farmacológica utilizada pelos sujeitos com esquizofrenia
atendidos no Centro de Atenção Psicossocial;
 Identificar o uso de outros medicamentos por estes pacientes;
 Identificar as formas de acesso aos medicamentos utilizados.
26
27
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Esquizofrenia
A esquizofrenia é uma perturbação psiquiátrica que se caracteriza pela
presença de comportamento psicótico (dissociação entre pensamento e realidade)
ou muito desorganizado, além de marcada disfunção social (SILVA et al., 2000).
Segundo Sena (2011) o termo “esquizofrenia” (esquizo = divisão; phrenia =
mente), foi descrito pela primeira vez por Eugen Bleuler (1857-1930) e fazia alusão a
uma quebra entre as funções do pensamento, da afetividade e do comportamento e,
mesmo com mais de oitenta anos após a criação desta denominação, ainda não há
uma definição única definida, devido às suas diferentes formas de apresentação.
A esquizofrenia se trata de uma doença crônica com um grande impacto na
qualidade de vida tanto do paciente como dos familiares, gerando custos diretos,
como custos médicos e com medicamentos, e indiretos, como por exemplo, perda
da produtividade do paciente (LEYVA, 2010).
3.1.1 Epidemiologia
De acordo com Lara, Gama e Abreu (2004), a doença atinge cerca de 1% da
população mundial, e no Brasil é responsável por cerca de 30% de ocupações de
leitos em instituições psiquiátricas. O início dos sintomas ocorre geralmente nos
primeiros anos da vida adulta e o transtorno deixa variados graus de prejuízo
residual (WEINER, 1998 apud SILVA et al., 2000).
O começo da doença é mais precoce no homem do que na mulher, mas se
houver a presença de distúrbios psicóticos na família, a idade de início é mais
precoce para ambos os sexos. A doença dificilmente se manifesta antes da
puberdade ou depois dos 50 anos. As mulheres apresentam um curso mais brando
da doença tendo, portanto, um melhor prognóstico e uma melhor possibilidade de
adaptação social (MARI; LEITÃO, 2000).
28
3.1.2 Fisiopatologia
As causas da esquizofrenia, apesar de indefinidas, envolvem uma
combinação de fatores genéticos e ambientais. Há evidências de que a doença
esteja associada a um distúrbio do neurodesenvolvimento, que ocorre nos primeiros
meses de desenvolvimento do feto (RANG; DALE; RITTER, 2001).
Algumas teorias acerca das causas da esquizofrenia são descritas na
literatura. Podemos destacar:
 Teoria
dopaminérgica:
descreve
que
alguns
antipsicóticos
agem
antagonizando receptores dopaminérgicos, o que causaria um aumento
compensatório nos níveis de dopamina. Essas observações constituem a
base da hipótese segundo a qual alterações nos níveis de dopamina seriam
responsáveis pelos sintomas observados na esquizofrenia (ARARIPE NETO;
BRESSAN; BUSATTO FILHO, 2007).
 Teoria glutamatérgica: indica que vias glutamatérgicas participem da gênese
da esquizofrenia inibindo manifestações de caráter psicótico, o que pode ser
evidenciado pela ação dos antagonistas do receptor NMDA (N-metil-Daspartato), um subtipo de receptor glutamatérgico, os quais produzem
sintomas psicóticos em seres humanos (SENA, 2011).
 Teoria serotoninérgica: indica que grupos de receptores serotoninérgicos têm
sido
associados
a
disfunções
cognitivas
na
esquizofrenia:
5HT1A
(encontrados principalmente nos neurônios piramidais do córtex e do
hipocampo), 5HT2A (localizados principalmente nos neurônios piramidais do
córtex pré-frontal e na área tegmentar ventral), e 5HT6 (concentrados
principalmente no córtex olfatório e no hipocampo) (FERREIRA JUNIOR et
al., 2010) e 5HT3 (encontrados na parte postrema e em outras regiões do
tronco encefálico, estendendo-se até a o corno dorsal da medula espinha)
(NEUROMED92, 2010).
3.1.3 Sinais e sintomas
A doença se caracteriza, segundo Crow, pela “dicotomização em subtipos I e
II ou positivo/negativo, sendo os sintomas da síndrome positiva alucinações e
29
delírios e da síndrome negativa, o embotamento afetivo e a pobreza do discurso.”
(COSTA; CALAIS, 2010, p. 184). Paim (1990, p.17) descreve os sintomas psíquicos
da esquizofrenia como sendo “elementos primordiais para o diagnóstico da
enfermidade, pois eles são o sustentáculo que permite firmar o diagnóstico e
estabelecer os limites dos quadros esquizofrênicos”.
Os sintomas podem ser divididos em positivos (delírios, alucinações,
distúrbios de pensamento) e negativos (afastamento de contatos sociais e anulação
das respostas emocionais) (RANG; DALE; RITTER, 2001) de acordo com as
características clínicas da doença, e nestes sintomas é que se fundamenta o
diagnóstico da esquizofrenia (PAIM, 1990).
3.1.4 Subtipos
De acordo com Tengan e Maia (2004), pode-se subdividir a esquizofrenia em
cinco tipos diferentes, de acordo com a sintomatologia predominante na ocasião da
avaliação. São eles:

.Paranóide:
é o tipo mais comum; predominam os delírios e alucinações, além
da perturbação do afeto e pragmatismo.
 Hebefrênico: desorganização do pensamento, discurso incoerente, as
associações de idéias são ilógicas; o prognóstico é ruim, devido ao rápido
desenvolvimento de sintomas negativos.
 Catatônica: sintomas psicomotores proeminentes, que podem se alternar.
Atitudes e posturas forçadas podem ser mantidas por longos períodos, e
episódios de agitação extrema podem ocorrer.
 Indiferenciada: a mais complicada de ser caracterizada; o quadro preenche
critérios para esquizofrenia, mas não para o tipo paranóide, desorganizado ou
catatônico.
Muitas
vezes,
pode
ser
confundida
com
transtorno
de
personalidade.
 Residual: forma crônica da doença há uma progressão clara dos sintomas
psicóticos; no estágio mais tardio, os sintomas negativos são predominantes.
30
3.1.5 Diagnóstico
Não há um exame que diagnostique precisamente a esquizofrenia. O
diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas e evolução dos mesmos. Porém,
existem critérios elaborados para que o médico possa ter uma base e um ponto de
partida para efetuação do diagnóstico (MAROT, 2004). Os critérios Diagnósticos
para Esquizofrenia segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-IV, 2000) são os seguintes:
 Sintomas característicos: dois ou mais dos sintomas, presentes durante o
período de 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso): delírios, alucinações,
discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou
catatônico, sintomas negativos
 Disfunção social/ocupacional: por um tempo significativo, desde o início da
perturbação, uma ou mais áreas importantes do funcionamento estão
acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início.
 Duração: Sinais contínuos da perturbação persistem por pelo menos 6 meses,
incluindo pelo menos 1 mês de sintomas, e pode incluir períodos de sintomas
prodrômicos ou residuais.
 Exclusão de Transtorno Esquizoafetivo e Transtorno do Humor: os transtornos
foram descartados, porque nenhum Episódio Depressivo Maior, Maníaco ou
Misto ocorreu juntamente aos sintomas da fase ativa; ou se os episódios de
humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração total foi
curta em relação à duração dos períodos ativo e residual.
 Exclusão de substância/condição médica geral: a perturbação não se deve
aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou a uma condição médica
geral.
 Relação com um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento: se existe uma
história de Transtorno Autista ou um outro Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento, o diagnóstico adicional de Esquizofrenia é feito apenas se
delírios ou alucinações proeminentes também estão presentes por pelo
menos 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso).
31
3.1.6 Tratamento
Gabbard (1998), afirma que não existe o tratamento de esquizofrenia, e que
todas as intervenções terapêuticas devem ser adaptadas às necessidades do
paciente individual.
Os métodos de tratamento da esquizofrenia incluem: farmacoterapia,
psicoterapia, intervenção familiar e tratamento hospitalar (ALMASAN; GIMENEZ,
2006), além da eletroconvulsoterapia.
3.1.6.1 Tratamento farmacológico
A introdução de neurolépticos para tratamento de patologias mentais se
iniciou no final da década de 50 e colaborou para o desenvolvimento de
intervenções sociais e psicológicas no tratamento dos doentes mentais, que
influenciaram também nas iniciativas de descaracterização do modelo asilar
hospitalocêntrico até então destinado aos doentes mentais (CARDOSO; GALERA,
2006).
O tratamento psicofarmacológico da esquizofrenia ocorre com o uso de
medicamentos antipsicóticos. Segundo Rang, Dale e Ritter (2001) existem mais de
20 tipos de medicamentos antipsicóticos diferentes para uso clínico, que são
classificados em: antipsicóticos típicos e atípicos.
Os antipsicóticos típicos (também chamados de antipsicóticos de primeira
geração) são mais efetivos no controle dos sintomas psicóticos, mas ao mesmo
tempo, trazem efeitos colaterais mais sérios, como por exemplo, sintomas
extrapiramidais (MYIAMOTO et al., 2005 apud MENEZES, 2010). Os principais são:
Clorpromazina,
Levomepromazina,
Trifluoperazina,
Perfenazina,
Triflupromazina,
Pipotiazina,
Tiotixeno,
Tioridazina,
Haloperidol,
Flufenazina,
Droperidol,
Triperidol.
Os antipsicóticos atípicos são agentes mais efetivos, capazes de promover a
ação antipsicótica em doses que não produzam, de modo significativo, sintomas
extrapiramidais
(OLIVEIRA,
2000).
Os
representantes
desta
classe
medicamentos são: Risperidona, Olanzapina, Clozapina, Sulpirida, Quetiapina.
de
32
3.1.6.2 Tratamento não farmacológico
Zanini (2000) descreve a psicoterapia como sendo um importante recurso
terapêutico que, associado ao tratamento farmacológico, auxilia recuperação e na
reabilitação do indivíduo esquizofrênico. Por meio de abordagens educativas,
suportivas, interpessoais ou dinâmicas, visa-se recuperar o indivíduo nos níveis
psíquico, interpessoal e social. De acordo com Moll e Saeki (2009), os atendimentos
psicoterápicos grupais possibilitam ao grupo de pacientes a aquisição de recursos
emocionais para enfrentarem o cotidiano, deixando-os mais próximos de uma vida
social mais ativa.
As oficinas de trabalhos manuais permitem aos envolvidos estabelecer
cuidados consigo mesmos, de trabalho e de afetividade com os outros,
configurando, assim, sua finalidade social associada à clínica. São atividades que
possibilitam o convívio de pessoas com transtorno mental, exercendo a cidadania,
promovendo a expressão da liberdade e realizando a convivência dos pacientes por
meio de suas produções (MOLL; SAEKI, 2009).
A eletroconvulsoterapia, como descreve Moser, Lobato de Abreu (2005), foi
desenvolvida no século XIX originalmente para o tratamento da esquizofrenia e é o
único tratamento biológico que continua sendo utilizado nos dias atuais, apesar da
queda de popularidade entre as décadas de 60 e 80. É um tratamento efetivo para
alguns subgrupos de indivíduos que sofrem de doenças mentais graves como, por
exemplo, pacientes com transtornos depressivos graves, mania e alguns pacientes
com esquizofrenia (SALLEH et al., 2006).
3.2 Atenção à saúde ao paciente com esquizofrenia
Os hospitais psiquiátricos no Brasil são responsáveis pela residência e
atendimento
terapêutico
a
pacientes
que
apresentam
transtornos mentais
(KILSZTAJN et al., 2008). Para o paciente esquizofrênico que tem uma crise
psicótica aguda, a hospitalização breve oferece uma oportunidade de voltar a
conviver em grupo e orientar–se novamente para o futuro. De acordo com Almasan
e Gimenez (2006), a hospitalização prolongada, é indicada para pacientes
esquizofrênicos que recusam a medicação, não respondem à medicação, são
33
autodestrutivos, ou suicidas, agressivos com os outros e não têm apoio em outro
sistema de suporte familiar para ajudá-los a manejarem as vicissitudes da vida
diária.
Dados do Ministério da Saúde (2011) mostram que no país existem
aproximadamente 32 mil leitos distribuídos em diversos hospitais psiquiátricos, e que
a rede de saúde mental no Brasil conta ainda com 1650 CAPS, 596 Residências
Terapêuticas, 3.832 beneficiários do Programa De Volta Para Casa, 92 Consultórios
de Rua e 640 iniciativas de inclusão social pelo trabalho de pessoas com transtornos
mentais.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010, apud
Ministério da Saúde, 2010), existem atualmente no estado de Santa Catarina, 71
CAPS.
No município de Itajaí localizam-se 3 CAPS: CAPS Saúde Mental (oferece
atendimento diário a adultos que apresentam transtornos mentais severos e
persistentes), CAPS Álcool e Drogas (atendem usuários de álcool e outras drogas) e
CAPS Infantil (atende crianças e adolescentes com transtornos mentais severos e
persistentes, com idade até 18 anos), cujas funções são “prestar atendimento clínico
em regime de atenção diária, assim as internações em hospitais psiquiátricos;
promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais através de ações
intersetoriais; regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na
sua área de atuação e dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica”
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005, p. 27).
3.3 Acesso a medicamentos
Atualmente no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza os
antipsicóticos de segunda geração apenas para pacientes refratários ao tratamento
com os de primeira geração e registrados no "Componente Especializado da
Assistência Farmacêutica" (LINDNER et al., 2009), programa instituído pelo
Ministério da Saúde para fornecimento de medicamentos de alto custo, geralmente
de uso contínuo, que são utilizados em nível ambulatorial no tratamento de doenças
crônicas e raras (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE, 2011).
34
.
Alguns antipsicóticos de primeira geração são dispensados gratuitamente aos
pacientes, conforme prescrição, pois fazem parte da Relação Municipal de
Medicamentos (REMUME) do município (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE,
2011 b). O Quadro 1 apresenta uma lista com os principais medicamentos utilizados
para o tratamento da esquizofrenia, com suas respectivas formas de acesso.
Quadro 1: Medicamentos utilizados para esquizofrenia e suas formas de acesso, Itajaí,
2011
MEDICAMENTO
FORMA DE ACESSO
Clorpromazina
REMUME
Levomepromazina
REMUME
Triflupromazina
-
Tioridazina
-
Flufenazina
-
Trifluoperazina
-
Perfenazina
-
Tiotixeno
-
Haloperidol
REMUME
Droperidol
-
Triperidol
-
Pipotiazina
-
Risperidona
REMUME, Componente Especializado
Olanzapina
Componente Especializado
Clozapina
Componente Especializado
Sulpirida
-
Quetiapina
Componente Especializado
35
4 METODOLOGIA
4.1 Local e tipo de estudo
Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória, com abordagem quantitativa, a
partir de prontuários de pacientes atendidos no Centro de Atenção Psicossocial –
CAPS Saúde Mental no município de Itajaí.
A Política de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Itajaí está baseada
nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), na Reforma
Psiquiátrica Brasileira, e tem como objetivo assegurar o princípio de territorialidade e
da descentralização do atendimento, garantindo o acesso a todas as pessoas com
transtorno mental.
O CAPS Saúde Mental do município de Itajaí oferece atendimento diário a
adultos que apresentam transtornos mentais severos e persistentes, onde participam
de atividades artesanais, grupos terapêuticos, psicoterapia, terapia ocupacional e
atendimento médico psiquiátrico, entre outros (SECRETARIA MUNICIPAL DE
SAÚDE, 2011).
4.2 População e amostra
A população utilizada para o estudo se constitui dos sujeitos com diagnóstico
de esquizofrenia atendido no CAPS Saúde Mental, que retiraram medicamentos nos
serviços municipais de Assistência Farmacêutica em Itajaí no segundo semestre de
2011.
Em uma primeira etapa, foi obtida junto à Secretaria Municipal de Saúde de
Itajaí a relação de usuários que retiraram medicamentos antipsicóticos nos serviços
de Assistência Farmacêutica (medicamentos na Atenção Básica e Componente
Especializado). Esta relação de usuários foi confrontada com a relação de
prontuários do CAPS Saúde Mental de Itajaí, obtendo-se assim a população de
estudo.
36
4.3 Procedimentos para coleta de dados
A coleta de dados foi realizada no período de janeiro a março de 2012, em
que a acadêmica coletou os dados diretamente dos prontuários dos pacientes,
registrando as informações em formulário específico (Apêndice A).
4.4 Procedimentos para análise e discussão dos resultados
Os resultados foram consolidados em planilha Excel, com posterior
distribuição de frequências e construção de gráficos e tabelas, discutindo-os de
acordo com o referencial teórico apresentado.
Para a análise dos tratamentos medicamentosos se utilizou como parâmetro
de comparação o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Esquizofrenia,
SAS/MS nº 846, de 31 de outubro de 2002 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
4.5 Aspectos Éticos
O projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa com
Seres Humanos da Universidade do Vale do Itajaí, tendo sido aprovado sob o
parecer número 474/11 (ANEXO A).
A coleta de dados foi realizada após assinatura do Termo de Compromisso de
Utilização de Dados (APÊNDICE A), comprometendo-nos em utilizar os dados
coletados dos prontuários dos pacientes atendidos no CAPS, de acordo com o
formulário (APÊNDICE B), somente para fins deste estudo, mantendo em sigilo a
identidade e outros dados pessoais dos pacientes.
Após a confecção do trabalho, será efetuada a devolutiva ao serviço, a fim de
demonstrar os resultados obtidos.
37
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Amostra de estudo
A amostra de estudo consistiu em 146 usuários do CAPS, obtidos conforme
mostra o esquema abaixo:
Figura 1. Fluxograma de obtenção dos prontuários dos pacientes com esquizofrenia
atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011.
O caminho até a amostra final de pacientes foi iniciado com a obtenção dos
nomes de pacientes que retiraram os fármacos antipsicóticos pela Atenção básica e
pelo Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. Os dois programas
contêm um sistema onde os nomes dos pacientes podem ser pesquisados através
da medicação utilizada. Após esta pesquisa, foram obtidos 968 nomes. Vale
salientar que o sistema utilizado pelo Componente Especializado estava mudando,
não sendo possível conseguir dados de 6 meses, mas sim de 4 meses.
Após a obtenção destes nomes, houve a triagem deles no CAPS, através de
um programa onde se obtém o nome dos pacientes e seus respectivos números de
cadastro no local.
Após a triagem no CAPS, foram obtidos 397 nomes, cujos prontuários foram
analisados posteriormente. Destes 397 prontuários, 132 eram de usuários com
patologias
diferentes da
esquizofrenia; 59
eram
de
usuários que
foram
38
encaminhados aos psiquiatras da Policlínica Central; 60 prontuários não foram
encontrados; e 146 prontuários foram selecionados para coleta dos dados descritos
a seguir.
5.2 Dados sócio demográficos
5.2.1 Sexo
O sexo é um importante fator no curso e na evolução da esquizofrenia, de
acordo com Chaves (2000). Devido a esta importância, e para motivos de
comparação, os usuários do CAPS foram separados por sexo, sendo os percentuais
relativos representados no gráfico abaixo:
Figura 2. Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS quanto ao sexo,
Itajaí, 2011.
É observado que o maior número de usuários do serviço, que possuem
esquizofrenia, é do sexo masculino (63%). Um número relativamente menor de
usuários é do sexo feminino (37%).
Dados semelhantes foram observados nos estudos de Cardoso (2005),
Cardoso et al. (2006), Silva (2009), Silva et al. (2010), onde o número de usuários do
sexo masculino na instituição de saúde mental estudada era maior que do sexo
feminino. Estes dados estão em concordância com estudos anteriores feitos em
outros países. Mari e Leitão (2000) citam em seu estudo pesquisas feitas por Walsh
(1969) e Hamada et al. (2006). Walsh descreve uma incidência de 5,7 por 10.000
habitantes nos homens e 4,6 por 10.000 nas mulheres, e Hamada et al. ratifica esse
39
fato com a incidência de 2,5 para o sexo masculino e 2,1 para o feminino por 10.000
habitantes.
De acordo com dados encontrados na literatura, não há evidência de
diferença entre os sexos, em relação à prevalência da doença (MARI; LEITÃO;
2000), atingindo aproximadamente 1% da população adulta, independentemente de
sexo e condições socioculturais (RESENDE, 2009).
Os estudos em relação à incidência são em menor número de acordo com
Silva (2006), pois eles são mais trabalhosos e necessitam de uma avaliação
longitudinal com duas avaliações em diferentes períodos sobre a mesma população
para, a partir dessas, determinar a quantidade de casos novos que aparecem nesse
mesmo intervalo. A autora descreve que a incidência anual da doença se encontra
entre 0,1-0,7 novos casos a cada 1000 habitantes.
Häfner (1995 apud Ferreira et al., 2007) considera que o gênero é um fator
protetor para as mulheres devido aos estrógenos, que atuam atenuando a ação
dopaminérgica, devido à redução da sensibilidade destes receptores. Episódios
agudos da doença em pacientes do sexo feminino aumentam nas fases do ciclo
menstrual, quando as concentrações basais do hormônio estão diminuídas.
Contudo, é de conhecimento que vários fatores sócio-demográficos, clínicos e
psicossociais estão associados ao prognóstico da esquizofrenia, tendo o sexo
masculino o pior prognóstico (SILVA, 2009).
5.2.2. Idade
É de conhecimento que o início dos sintomas ocorre geralmente nos primeiros
anos da vida adulta, e acaba deixando variados graus de prejuízo residual (SILVA et
al., 2000). De acordo com Tengan e Maia (2004), casos raramente aparecem na
infância, e se tornam mais expressivos quando chega a adolescência. E de uma
maneira um pouco menos rara, também pode aparecer tardiamente (acima dos 45
anos). Os dados referentes à idade dos usuários do CAPS e idade de início da
doença estão descritos na tabela abaixo, para objetivo de posterior comparação e
análise.
40
Tabela 1: Idade dos usuários do CAPS, por sexo, Itajaí, 2011
Variáveis
Masculino
Feminino
Média de idade (anos)
45,61
46,24
Idade mínima (anos)
19
22
Idade máxima (anos)
74
71
De acordo com os dados demonstrados na tabela acima, idade mínima do
sexo masculino foi de 19 anos e do sexo feminino foi de 22 anos, e a média de idade
dos usuários foi de 45 anos para o sexo masculino e 46 anos para o sexo feminino.
Os pacientes foram divididos por faixa etária, como melhor elucidado no
gráfico demonstrado abaixo:
Figura 3. Distribuição etária dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS (em
anos), Itajaí, 2011.
De acordo com o gráfico acima, a faixa etária com o maior número de
pacientes é a que compreende as idades entre 41-50 anos, seguido da faixa etária
ente 51-60 anos e 31-40 anos. Grillo (2005) descreve que a doença se manifesta na
adolescência ou início da fase adulta, entre os 15 e 35 anos. Já segundo Moll e
Saeki (2009), a doença se manifesta ainda mais precocemente, entre os 13 e 28
anos.
Os usuários foram separados por tempo de doença, para posterior
comparação, como demonstrado no gráfico abaixo:
41
Figura 4: Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS quanto ao
tempo de doença (em anos), Itajaí, 2011.
De acordo com o gráfico anterior, 38 usuários do serviço convivem com a
doença de 11 a 20 anos, seguido por 32 pacientes que convivem com a doença de 0
a 10 anos.
Segundo Resende (2009), o início da doença é mais precoce nos homens,
geralmente entre os 15 e 25 anos, tendo eles uma maior probabilidade de sofrer
sintomas negativos, de ficarem solteiros, ter uma menor qualidade de vida, ter
maiores prejuízos no funcionamento social e de serem mais resistentes ao
tratamento da doença. A autora destaca ainda que, nas mulheres, o início da
esquizofrenia é mais tardio, muitas vezes após os 25 anos de idade e, segundo
Murray (2005, apud Silva, 2009), tendem a apresentar melhor prognóstico e melhor
adaptação social.
Uma avaliação da idade de início dos sintomas dos usuários foi realizada,
sendo os dados demonstrados na tabela abaixo:
Tabela 2: Idade de início dos sintomas, por sexo, nos pacientes com esquizofrenia
atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011.
Variáveis
Masculino
Feminino
Idade média de início da doença (anos)
16,46
18,68
Idade mínima de início da doença (anos)
9
7
Idade máxima de início da doença (anos)
65
67
42
De acordo com Tostes e Moraes (1989 apud GIACON; GALERA, 2006), esta
diferença no início da manifestação é pelo fato de os homens sofrerem estresse
mais cedo que as mulheres, que apresentam taxas de hormônios contínuas. Os
autores ainda salientam que os hormônios femininos tem efeitos parecidos com os
neurolépticos, e devido a isso os sintomas aparecem mais tardiamente, somente
quando as suas taxas começam a diminuir.
Pode-se observar que a diferença média de idade do início da doença é
discreta entre os dois sexos, discordando da diferença descrita na literatura. Mas
vale salientar que mesmo com esta diferença pouco significativa, a doença se
manifesta mais precocemente no sexo masculino.
Fazendo uma relação de tempo de doença dos usuários mais novos, o
período de início é condizente com a literatura em relação ao sexo masculino (início
da doença aos 16 anos), porém, discordante no sexo feminino (início da doença aos
18 anos).
Durante a planificação dos dados, foram encontrados, pacientes onde o início
da doença ocorreu antes dos 10 anos de idade. Estima-se que cerca de 0,1 a 1%
dos casos de esquizofrenia tenha iniciado antes dos 10 anos de idade, sendo
portanto, extremamente raros. E, conforme avança a adolescência (próximo dos 11
anos), esses casos tornam-se mais expressivos (TENGAN; MAIA, 2004).
Segundo Pereira et al. (2005), a dificuldade em se diagnosticar esquizofrenia
na infância e na adolescência já se inicia no processo de avaliação, pois
pensamento infantil é muito fantasioso, que prevalecendo sobre o pensamento
lógico.
Em contrapartida, foi observada a existência de pacientes onde a doença se
manifestou após os 60 anos. Segundo Targum e Abbott (1999 apud TEIXEIRA
JÚNIOR et al., 1999), apesar de a esquizofrenia acometer principalmente indivíduos
entre os 20 e 40 anos, a apresentação após os 45 anos não é rara, e acredita-se
que 10% dos casos de primeiro episódio de esquizofrenia se manifestam após essa
idade. A esquizofrenia de início tardio afeta principalmente mulheres com traços de
personalidade pré-mórbida esquizóide ou paranóide, com déficits auditivo ou visual,
características consideradas fatores de risco para o desenvolvimento do transtorno
(TEIXEIRA JÚNIOR et al., 1999).
43
Deve-se destacar o total de 45 usuários do serviço que não especificaram por
quanto tempo tem a patologia, o que pode ter colaborado para que as idades de
início das mesmas e as médias tenham sido muito próximas.
5.2.3. Dinâmica familiar
A família tem um lugar e uma função centrais na vida dos portadores de
esquizofrenia (VILLARES, 2000), muitas vezes auxiliando no tratamento, de modo
que seja mais eficaz. Sabendo-se da importância que a convivência com a família
tem para a melhora da qualidade de vida do paciente, foi analisada a situação
conjugal dos pacientes, e os dados encontrados foram analisados e estão descritos
no gráfico a seguir:
Figura 5. Situação familiar dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS, Itajaí,
2011.
O gráfico acima demonstra que mais da metade dos usuários não vive com
companheiros (64% do total, sendo 13% vivendo sozinhos; 47% vivendo com
familiares em companheiro ou filhos; 7% vivendo com familiares e filhos, mas sem
companheiro; e 1% vivendo em asilos/instituições), condizendo com o descrito nos
trabalhos de Cardoso et al. (2006), Silva (2009), Silva et al. (2010), onde a maior
parte dos entrevistados era solteiro, divorciado ou viúvo. Nunes et al. (2008)
salientam que é de conhecimento de que os pacientes com esquizofrenia
apresentam menores taxas de casamento e de relacionamentos interpessoais.
44
De acordo com Hales e Yudofsky (2006 apud LADISLAU, 2011), as pessoas
acometidas pela doença vivem por muitos anos após a descoberta da mesma,
sofrendo seus efeitos, e consequentemente não conseguindo levar um estilo de vida
adequado às condições sociais, incluindo casar ou ter filhos. De acordo com Silva et
al. (2010, p. 593), “o próprio estigma relacionado à esquizofrenia pode dificultar os
relacionamentos sociais desses pacientes, levando-os ao isolamento, já que, por
razões como medo ou preconceito, outras pessoas podem não se aproximar dessa
população”. De acordo com Malmberg et al. (1998 apud GRILLO, 2005), um estudo
feito na Suécia evidenciou ainda que, indivíduos que foram acometidos pela doença
na fase adulta, quando adolescentes, era tímidos, retraídos e apresentavam
dificuldades para ter um relacionamento amoroso. Ainda de acordo com o gráfico,
quase metade dos pacientes vive com familiares.
Estevam et al. (2011) descreve que a o convívio com um familiar portador da
patologia pode trazer sentimentos de angústia e tristeza tanto para o doente quanto
para os familiares, devido à imprevisibilidade das ações que a doença acarreta e a
expectativa do aparecimento ou não de novas crises.
De acordo com Almasan e Gimenez (2006), vários estudos (Falloon e cols.,
1982; Goldstein e Cols., 1978; Hogarty, 1984; Leff e cols, 1982) demonstram que o
tratamento familiar mais a medicação antipscótica é três vezes mais eficaz que a
medicação isoladamente na prevenção da recaída.
Villares (2000) destaca que os portadores da doença comumente vivem com
a família de origem ou mantêm contato regular com a mesma, o que significa que é
ela que geralmente identifica inicialmente algum problema, busca o tratamento,
torna-se responsável pela administração de prescrições médicas e articuladora do
cotidiano de seu familiar doente.
Observa-se no gráfico, ainda, a presença de dois pacientes que residem em
hospitais psiquiátricos. Almasan e Gimenez (2006) descrevem que a estrutura da
unidade hospitalar oferece abrigo seguro, com a finalidade de evitar que os
pacientes causem danos a si mesmos ou aos outros. Os autores destacam ainda
que, para o paciente que tem uma crise psicótica aguda, uma hospitalização breve
oferece uma oportunidade de voltar a conviver em grupo e orientar–se novamente
para o futuro; já uma hospitalização prolongada é indicada para pacientes que
recusam ou não respondem à medicação, são auto-destrutivos ou suicidas,
45
agressivos com os outros e não tem apoio em outro sistema de suporte familiar para
ajudá-los a manejarem os reveses da vida diária.
5.2.4. Localidade em que reside
As manifestações da esquizofrenia são observadas em indivíduos em todas
as sociedades e áreas geográficas estudadas, sendo a incidência e prevalência
durante a vida praticamente iguais em qualquer parte do mundo (SILVA et al., 2000).
O gráfico a seguir demonstra a proporção dos usuários em relação à localidade em
que vivem:
Figura 6: Distribuição dos pacientes com esquizofrenia atendidos no CAPS quanto ao local
de residência, Itajaí, 2011.
Como se pode perceber através do gráfico, a grande maioria dos usuários
vive na zona urbana do município. De acordo Mari e Leitão (2000), a incidência
anual da doença está entre 0,5 a 5 por 10.000 habitantes, com algumas variações
geográficas ligadas principalmente à áreas urbanas e países industrializados. Os
números sobre a incidência provavelmente são semelhantes nas populações
urbanas e rurais, porém, a prevalência da esquizofrenia é maior entre populações
urbanas e com poder sócio-econômico, fato geralmente atribuído ao fenômeno da
decadência social, onde pessoas afligidas ou vulneráveis tendem a perder seus
empregos e posições sociais, acabando por parar em bolsões de pobreza e áreas
decadentes das cidades (EMERY, 1997; KAPLAN, 1999 apud SILVA et al., 2000).
46
5.2.5. Ocupação
A presença de uma ocupação é um fator que influencia na qualidade de vida
dos pacientes com esquizofrenia. Uma baixa qualidade de vida se deve, muitas
vezes, aos problemas gerados pela própria doença, à divisão das tarefas por sexo e
à incapacidade de se inserir no mercado de trabalho (SILVA, 2011). A fim de
verificar a relação dos pacientes com o mercado de trabalho, os dados relacionados
à ocupação dos mesmos foram analisados e as informações estão descritas no
gráfico abaixo:
Figura 7: Distribuição dos pacientes
com esquizofrenia
atendidos no CAPS quanto à
Ocupação
dos usuários
ocupação, Itajaí, 2011.
100
80
67
60
33
26
40
11
20
9
0
Não informado
A pos entado (a)/ Des empregado (a)
A fas tado (a)
Do lar
A tividades
profis s ionais
divers as
De acordo com o gráfico acima, 33% dos usuários do CAPS estão inseridos
no mercado de trabalho, em atividades que variam de doméstica à pedagoga e 9%
trabalham em casa. Em contrapartida, 37% dos usuários estão desempregados,
aposentados ou afastados, o que difere dos estudos de Silva (2009), Silva et al.
(2010), que descrevem mais de 70% dos pacientes como estando desempregados
e/ou afastados.
Segundo Durão e Souza (2003), cerca de 90% dos pacientes com problemas
mentais graves se encontram desempregados, e o trabalho remunerado é um fator
de grande importância na reabilitação do paciente. Em seu estudo, Polit e Hungler
(1995 apud DURÃO; SOUZA, 2003) informam que após um ano de trabalho, 40%
dos pacientes com esquizofrenia, que eram pagos por seus serviços, obtiveram
melhora em todos os sintomas e 50% informaram grande melhora nos sintomas
positivos. Os autores ainda descrevem que os que não recebiam por seu trabalho
tiveram uma melhora foi consideravelmente menor, e menos de um quarto dos
47
pacientes esquizofrênicos estão em programas que ajudam a encontrar um trabalho
para o indivíduo se manter.
Faz-se necessária também uma análise em relação à quantidade de
aposentados/afastados. Do total de 146 usuários analisados, 26 estão nesta
situação, como observa-se no gráfico a seguir:
Figura 8: Relação de usuários aposentados/afastados, por idade, em pacientes com
esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011.
De acordo com o Ministério da Previdência Social (2009), tem direito ao
benefício da aposentadoria por idade os trabalhadores urbanos do sexo masculino a
partir dos 65 anos e do sexo feminino a partir dos 60 anos de idade, e os
trabalhadores rurais a partir dos 60 anos, homens, e a partir dos 55 anos, mulheres.
Também de acordo com o Ministério da Previdência Social (2007), para a perícia
médica, o prognóstico da esquizofrenia merece especial cuidado, devido a longa
duração que ela determina gerando restrições e cicatrizes no funcionamento mental,
gerando então, os segurados esquizofrênicos geram longos benefícios, e em suas
revisões de aposentadorias, muitos deles permanecem com sintomas negativos que
inviabilizam seu retorno ao trabalho definitivamente.
Ao serem observadas as idades dos usuários, foi verificado que somente 02
paciente estão aposentados com idade superior à estabelecida por lei. Porém, vale
salientar que não há clareza em relação aos motivos do afastamento ou
aposentadoria dos pacientes. Supõe-se que seja devido ao transtorno mental que os
acomete, mas não há descrito em seus prontuários se realmente foi isso que os
deixou incapacitados de trabalhar.
48
5.2.6. Escolaridade
As funções cognitivas, em pacientes esquizofrênicos, estão bastante
comprometidas. Diversos estudos demonstram que os portadores da patologia tem
um QI (quoeficiente de inteligência) mais baixo, e que muitas vezes a performance
intelectual dos mesmos está mudada bem antes do aparecimento da doença,
sugerindo que isto não seja apenas um pródomo, mas algo que reflita uma causa
para o aparecimento da doença (GRILLO, 2005). Após análise dos prontuários, os
usuários foram separados por grau de escolaridade, para posterior discussão, como
pode ser observado no gráfico abaixo:
Figura 9: Grau de instrução dos usuários com esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí,
2011.
De acordo com o gráfico acima, 52 pacientes informaram possuir o ensino
fundamental incompleto (35,62%). Nos estudos de Cardoso et al. (2006) e Silva et
al. (2010), o maior número de usuários também declarava ter um grau de instrução
baixo (75,6% e 56,7% respectivamente).
Inúmeros motivos podem levar os usuários a deixar seus estudos. Lolis e
Lima (1997) descrevem que “os motivos da evasão escolar têm como pano de fundo
o descumprimento da legislação na área e também a falta de perspectiva e interesse
dos pais em cumprir a função que lhes cabe”. Em seu estudo, foram entrevistadas
759 crianças e adolescentes em idade escolar, e foram encontrados os seguintes
motivos para o abandono escolar de 83 crianças: mudança de endereço, para
trabalhar, escola distante, não querer estudar, não gostar da escola, problemas com
49
professor e diretor, cuidar da casa, cuidar dos irmãos, falta de documentos, falta de
material escolar e outros motivos.
Álvarez (2001 apud THEIL, 2003, p. 53), analisando o abandono escolar
motivado pela doença, descreve que “o prejuízo cognitivo nos pacientes com
esquizofrenia se manifesta com diversos graus de déficit na atenção, na memória,
nas funções executivas e em outras funções cognitivas”. Em muitos casos, ocorre
um prejuízo de funções ocupacionais ou sociais, o que acaba acarretando um
afastamento social, a perda de interesse ou capacidade de agir na escola, mudança
nos hábitos de higiene pessoal ou comportamento incomum (HÄFNER, 2003 apud
SOUZA, 2008).
Podem-se considerar estes prejuízos que ocorrem ao longo do curso da
doença como sendo possíveis responsáveis pelo afastamento escolar dos sujeitos
pesquisados. Porém, não se deve esquecer que muitas vezes as condições
financeiras dos pacientes é que podem tê-los levado a este abandono, tendo a
doença aparecido muitos anos após a idade escolar.
5.2.7 Histórico familiar
Sabe-se que a esquizofrenia é uma patologia causada possivelmente por
diversos fatores sociais e genéticos, havendo ainda evidências da interação dos
fatores ambientais e socioculturais (AFONSO et al., 1997).
Abaixo encontra-se um gráfico referente a quantidade de sujeitos que
possuem histórico de esquizofrenia na família:
50
Figura 10: Histórico familiar da doença nos usuários com esquizofrenia atendidos pelo
CAPS, Itajaí, 2011.
De acordo com o gráfico acima, 25 sujeitos relataram possuir histórico
positivo da patologia na família, enquanto 31 sujeitos afirmaram não ter. Silva (2006)
descreve que possuir um parente com esquizofrenia é o fator de risco mais
consistente e significativo para o desenvolvimento da doença, e que vários estudos
epidemiológicos demonstram que indivíduos que possuem parentes em primeiro
grau com a doença possuem um risco aumentado em desenvolvê-la.
De acordo com Vallada Filho e Samaia (2000), pode-se concluir através de
estudos sobre a genética e fatores de risco da esquizofrenia que estudos com
famílias, gêmeos e adotados indicam a existência do componente genético para
esquizofrenia, que representa de 70% a 80% da susceptibilidade total para
desenvolver a doença; há resultados sugestivos acerca deste componente genético
em estudos ainda em andamento; fatores pré e perinatais parecem aumentar o risco
para o desenvolvimento da esquizofrenia; a esquizofrenia é um transtorno
heterogêneo, tendo provavelmente causas ambientais e genéticas.
5.3 Tratamento
Os métodos de tratamento da esquizofrenia incluem: farmacoterapia,
psicoterapia, intervenção familiar e tratamento hospitalar (ALMASAN; GIMENEZ,
2006), além da eletroconvulsoterapia.
51
5.3.1 Tratamento farmacológico
De acordo com Elkis e Louzã (2007), os antipsicóticos representam o principal
tratamento para pacientes com esquizofrenia. Os fármacos utilizados pelos usuários
do CAPS estão descritos abaixo:
Quadro 2: Fármacos utilizados pelos usuários com esquizofrenia no CAPS, Itajaí, 2011
Fármacos
Classe
Forma de Acesso
Clorpromazina
Típico
Atenção Básica
Clozapina
Atípico
CEAF
Haloperidol*
Típico
Atenção Básica
Levomepromazina
Típico
Atenção Básica
Olanzapina
Atípico
CEAF
Pimozida
Típico
Medicamentos não padronizados, via judicial ou farmácia
privada.
Quetiapina
Atípico
CEAF
Risperidona**
Atípico
Atenção Básica e CEAF
Ziprasidona
Atípico
CEAF
Zuclopentixol
Típico
Medicamentos não padronizados, via judicial ou farmácia
privada.
*A forma em Decanoato é fornecida no CAPS, onde se faz a aplicação da injeção.
** A Risperidona de 1mg é fornecida no CEAF, e a Risperidona de 2mg é fornecida no
CODIM, mediante prescrição de psiquiatra.
Foi analisada também a proporção de usuários que usavam antipsicóticos
típicos e atípicos. Os resultados encontram-se descritos abaixo:
52
Figura 11: Proporção do uso de antipsicóticos típicos e atípicos pelos usuários com
esquizofrenia atendidos pelo CAPS, Itajaí, 2011.
De acordo com o gráfico acima, há uma utilização maior dos antipsicóticos
atípicos em relação aos típicos. Os medicamentos antipsicóticos representam a base
do tratamento farmacológico para pacientes com esquizofrenia (LACRO, 2002 apud
DIÓGENES
et
al.,
2007).
Estudos
farmacoeconômicos
demonstram
que
antipsicóticos atípicos e típicos tem eficácia semelhante (GEEDES, 2000 apud
DIÓGENES et al., 2007), porém os fármacos atípicos são mais efetivos (KANE, 1988
apud DIÓGENES et al., 2007). Quanto à disponibilidade, os antipsicóticos de nova
geração, ou atípicos, são menos acessíveis à população, por se tratar de
medicamentos de alto custo (BRASIL, 2002 apud DIÓGENES et al.,2007).
Oliveira (2000) descreve que o aspecto comum aos antipsicóticos atípicos é a
capacidade de promover o efeito terapêutico em doses que não produzam, de modo
significativo, sintomas extrapiramidais. Contudo, os antipsicóticos convencionais
permanecem como primeira escolha quando se consideram somente questões
relativas ao custo do tratamento.
Após a análise dos antipsicóticos utilizados pelos usuários, foram analisadas
as doses prescritas aos mesmos, comparando-as posteriormente com a dose
máxima indicadas. As informações foram obtidas deram origem ao quadro situado
abaixo:
53
Quadro 3: Doses mínima e máxima prescritas aos usuários com esquizofrenia atendidos no
CAPS Itajaí e comparação com a dose máxima indicada, Itajaí, 2011
Medicamentos
Dose mínima e máxima utilizada
Dose Máxima indicada
Clorpromazina
comprimido
25mg/dia - 500mg/dia
Clozapina
400mg/dia - 600mg/dia
Haloperidol comprimido
2mg/dia - 15mg/dia
Haloperidol decanoato
1 ampola 30/30 dias -2 ampolas 15/15
5mg/mL
dias
Haloperidol gotas
2mg/mL
5 gotas/dia - 30 gotas/dia
Levomepromazina
12,5mg/dia - 400mg/dia
Levomepromazina gotas
40mg/mL
20 gotas/dia
Olanzapina
5mg/dia - 15mg/dia
Pimozida
4mg/dia
Quetiapina
50mg/dia - 600mg/dia
Risperidona
1mg/dia - 6mg/dia
Ziprasidona
80mg/dia - 160mg/dia
Zuclopentixol depot
injetável 20mg/mL
1 ampola 15/15 dias
Fonte: Adaptado com informações do Ministério da Saúde (2010)
1g/dia
800mg/dia
30mg/dia
30mg/dia
30mg/dia
1200mg
1200mg
15mg/dia
20mg/dia
800mg/dia
6mg/dia
160mg/dia
400mg
De acordo com Oliveira (2008), janela terapêutica é a área (ou faixa) entre a
dose eficaz mínima, e, a dose máxima permitida. Se analisadas as doses prescritas,
nenhum fármaco ultrapassou a dose máxima indicada na literatura, diminuindo então
os riscos de efeitos colaterais devido à superdosagem do fármaco. Porém, o
aparecimento
de
efeitos
colaterais
pode
estar
relacionado
à
interações
medicamentosas existentes. Interação medicamentosa, de acordo com Hoefler
(2012, p.1), “é evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela
presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental”.
Ao analisar os prontuários no local, dos 146 usuários, 33 faziam o tratamento
através de medicação assistida.
Considera-se "medicação assistida", para os efeitos desta Lei, um
medicamento, fármaco ou substância, com intenção terapêutica,
registrado conforme disposto na Lei 6.360 de 23.09.76, cuja
administração exija um profissional de saúde ou sua supervisão
direta, em ambiente hospitalar, ambulatorial ou domiciliar (BRASÍLIA,
2004).
Os medicamentos são utilizados por pacientes que não tem condições de
fazer o tratamento sozinhos, ou com possibilidade de cometer suicídio, e são
fornecidos através da Atenção Básica e do Componente Especializado,
54
A fim de verificar o tratamento farmacológico realizado pelos usuários, foi
analisada primeiramente a quantidade de medicamentos que os mesmos estavam
utilizando. Os dados encontrados deram origem à tabela abaixo:
Tabela 3: Número de medicamentos utilizados pelos usuários com esquizofrenia atendidos
pelo CAPS, Itajaí, 2011.
Quantidade de medicamentos utilizados
Quantidade de usuários
1
19
2
33
3
36
4
32
5
10
6
6
7
6
8
2
9
1
10
1
De acordo com o a tabela acima, apenas 19 usuários fazem o tratamento da
patologia monoterapicamente, e a média obtida de medicamentos utlizados por
paciente é de 3,31. As medicações co-administradas pelos usuários analisados são
da
classe
dos
antidepressivos,
ansiolíticos,
estabilizadores
de
humor
e
anticolinérgicos. Abaixo encontra-se uma tabela com os possíveis efeitos colaterais
advindos do uso concomitante dos antipsicóticos utilizados pelos usuários do CAPS,
e os fármacos acima listados:
55
Quadro 4: Medicamentos associados à antipsicóticos e possíveis efeitos colaterais, Itajaí,
2011
Antipsicótico
Associação
Efeitos colaterais
Carbamazepina
Perda da eficácia terapêutica da Clozapina
Lítio
Possível aumento de agranulocitosa e crises
convulsivas
Fluoxetina
Aumenta sedação, efeitos colinérgicos, risco de
convulsão
Olanzapina
Carbamazepina
Perda da eficácia terapêutica da Olanzapina
Quetiapina
Carbamazepina
Perda da eficácia terapêutica da Quetiapina, ataxia,
tremores, diplopia
Carbamazepina
Perda da eficácia terapêutica da Risperidona
Fluoxetina
Aumento de sintomas extrapiramidais e aumento da
prolactina
Carbamazepina
Perda da eficácia terapêutica da Ziprasidona
Pimozida
Aumenta o risco de arritmias
Antidepressivos Tricíclicos
Aumenta o risco de arritmias
Antipsicóticos Típicos
Aumenta o risco de arritmias
Citalopram/Escitalopram
Aumenta sintomas extrapiramidais e outros efeitos
colaterais
Fluoxetina
Aumenta sintomas extrapiramidais e outros efeitos
colaterais
Antipsicóticos
Carbamazepina
Perda da eficácia terapêutica dos Antipsicóticos
Típicos
ADT
Aumenta o risco de arritmias e efeitos anticolinérgicos
Lítio
Neurotoxicidade, aumento de sintomas extrapiramidais
Barbituratos
Zuclopentixol aumenta o efeito depressor de
Barbituratos
Ziprasidona
Aumenta o risco de arritmias
Clozapina
Risperidona
Ziprasidona
Fonte: Soares (2012) – Adaptado
O quadro acima demonstra que há o uso concomitante de antipsicóticos em
alguns usuários. Contreras e Alvarez (2011) destacam que há uma tendência maior
ao uso da politerapia antipsicótica na prática clínica, mas são necessários maiores e
melhores estudos, além de bases científicas para a realização desta prática com
segurança e êxito.
Foi observado também que há um número significativo de medicamentos
utilizados juntamente com os antipsicóticos. Uma explicação possível é a presença
de comorbidades nos usuários em politerapia. De acordo com Adnet (2012),
56
comorbidade é a presença de mais de uma doença ou transtorno em uma pessoa,
podendo os mesmos ocorrer de forma simultânea ou sequencial. O autor também
destaca que comorbidades psiquiátricas são frequentes. Abaixo está presente um
quadro com as patologias encontradas em associação com a esquizofrenia ou com
doenças semelhantes (CID-10 F21 – F 29).
Quadro 5: Patologias encontradas em associação com a esquizofrenia ou doenças
semelhantes, Itajaí, 2011
CID 10
Significado
F 06
Outros transtornos mentais devidos a lesão e disfunção
cerebral e a doença física
Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de
F 19
múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas
F 21
Transtorno esquizotípico
F 25
Transtornos esquizoafetivos
F 29
Psicose não-orgânica não especificada
F 31
Transtorno afetivo bipolar
F 32
Episódios depressivos
F 33
Transtorno depressivo recorrente
F 40
Transtornos fóbico-ansiosos
F 43
"Reações ao ""stress"" grave e transtornos de adaptação"
F 44
Transtornos dissociativos
F 45
Transtornos somatoformes
F 60
Transtornos específicos da personalidade
F 70
Retardo mental leve
F 71
Retardo mental moderado
F 72
Retardo mental grave
G 40
Epilepsia
Fonte: Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde (2012) – Adaptado
Algumas patologias acima possuem sintomas depressivos. Eles são bastante
frequentes na esquizofrenia e tem grande importância para os pacientes, ocorrendo
em todas as fases da doença, (especialmente no período prodrômico e durante o
episódio psicótico), mas tendendo a diminuir de intensidade com o abrandamento
dos sintomas positivos (BRESSAN, 2000).
Vale salientar que, como citado anteriormente, existem patologias com
sintomatologia semelhante à esquizofrenia, mas que de acordo com os critérios
diagnósticos do CID-10 não se enquadram na classificação de esquizofrenia
propriamente dita. Abaixo encontra-se um quadro com estas patologias.
57
Quadro 6: Patologias semelhantes à esquizofrenia, mas que não se encaixam em CID F 20
CID 10
Significado
F 19
F 21
F 22
F 23
F 24
F 25
F 28
F 29
Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao
uso de outras substâncias psicoativas
Transtorno esquizotípico
Transtornos delirantes persistentes
Transtornos psicóticos agudos e transitórios
Transtorno delirante induzido
Transtornos esquizoafetivos
Outros transtornos psicóticos não-orgânicos
Psicose não-orgânica não especificada
Como estas patologias são semelhantes à esquizofrenia, logo pensa-se que
os mesmos medicamentos podes ser utilizados. Ao fazer a pesquisa, foi verificado
que o transtorno que mais prevaleceu após a esquizofrenia foi o Transtorno
esquizoafetivo que, segundo o Ministério da Saúde (2002), possui mesmas
características da esquizofrenia, mas acompanhadas ainda de períodos onde, além
da psicose, ocorrem alterações no humor do paciente. Em parte, com base em
estudos controlados, pode-se concluir que olanzapina, risperidona e outros
modernos antipsicóticos podem tornar-se preferíveis no tratamento do transtorno
esquizoafetivo. (MENSIK; SLOOF, 2004 apud QUARANTINI; SENA; OLIVEIRA,
2005).
A diversidade de mecanismo de ação dos antipsicóticos, principalmente os
atípicos, melhora muito seu perfil de eficácia sobre os sintomas negativos da
esquizofrenia, mas também acaba propiciando um maior potencial para interações
entre as várias medicações co-administradas para o tratamento dos transtornos
psiquiátricos (SOARES, 2012).
5.3.2 Tratamento não farmacológico
O CAPS Saúde Mental oferece aos usuários, além de medicamentos,
atividades de Terapia Ocupacional de Psicoterapia. Foi analisado se os usuários
participavam de atividades, e os dados obtidos deram origem ao gráfico abaixo:
58
Figura 12: Participação dos usuários com esquizofrenia nas atividades oferecidas pelo
CAPS, Itajaí, 2011. Participação de usuários em atividades
Não faz em/Não informado
75
Terapia O c upac ional + P s ic oterapia
11
20
P s ic oterapia
40
Terapia O c upac ional
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Qua ntida de de usuá rios
De acordo com o gráfico acima, 75 usuários não participam atualmente das
atividades oferecidas pelo CAPS, supondo-se com isso que seu tratamento seja feito
somente de modo medicamentoso. 71 usuários estão inseridos em outras
atividades, sendo 40 em terapia ocupacional, 20 em psicoterapia e 11 participando
das duas atividades.
São oferecidos no CAPS, os seguintes grupos de atividades em Terapia
Ocupacional: Arte e artesanato, Geração de renda, Sustentarte, Movimento, Ação e
Saúde, Culinária, Comissão de Eventos, Recriar, Feminino, Jornal, Consciência
Corporal, Oficina terapêutica e Anti-tabagismo. Os mesmos ocorrem de duas
maneiras: para pacientes em intensivo, ou seja, pacientes que permanecem o dia
inteiro no local; e para pacientes encaminhados pelo psiquiatra, onde ficam em uma
lista de espera até serem chamados.
Os pacientes em intensivo participam de todas as atividades oferecidas, e
quando saem do intensivo são encaminhados para a atividade que mais condiz com
sua condição, através da análise de atividade. Já os pacientes que estão na lista de
espera passam por uma triagem com o terapeuta ocupacional, em que também é
feita a análise de atividade.
A psicoterapia também é fornecida nos mesmos moldes da terapia
ocupacional: para pacientes em intensivo e pacientes fora do intensivo. Para os
pacientes em intensivo, a psicoterapia ocorre duas vezes por semana, sendo um dia
de manhã e um dia a tarde. Para os pacientes fora do intensivo, há uma lista de
espera. Atualmente existe uma demanda reprimida para as duas atividades, sendo
59
este um possível fator para a quantidade de pacientes pesquisados que não
participam das atividades oferecidas.
Zanini (2000) descreve que a psicoterapia associada ao tratamento
farmacológico é um importante recurso na recuperação e na reabilitação de
pacientes com a doença, e que por meio de abordagens educativas, suportivas,
interpessoais ou dinâmicas, visa recuperar o indivíduo como um todo. Pode ser
individual, priorizando o apoio ao portador, ou em grupo, onde o terapeuta deve ser
ativo e monitorar o ambiente do grupo, devendo favorecer a convivência em grupo
através de temas, conversação, e proteção (SHIRAKAWA, 2000).
Já a terapia ocupacional tem como objetivo oferecer ao paciente a
possibilidade do reencontro e desenvolvimento de sua busca de autonomia, e de
exercer sua capacidade de pensamento através de atividades (VIANA apud
ARAUJO, 1999), sendo indicada para pessoas em estado de desorganização,
isoladas e com a vontade comprometida (SHIRAKAWA, 2000). A terapia
ocupacional mostra ao indivíduo a capacidade que ele tem de concluir tarefas
objetivas, e também o auxilia a constatar que tem capacidade de executar tarefas
(CERUTTI et al., 2011). Pacientes com esquizofrenia normalmente não conseguem
suportar pressões muito grandes, razão pela qual o profissional deve ser ativo e
monitorar a expressão dos afetos no encontro terapêutico, criando, assim, um clima
de compreensão, respeito e empatia (ZANINI, 2000).
De acordo com Shirakawa (2000, p.57), “a modalidade da abordagem
psicossocial deve ser escolhida de acordo com a evolução do quadro e das
possibilidades do paciente”, e devem favorecer a reintegração do paciente em sua
família e também na sociedade, tendo como objetivo facilitar a vida do paciente no
dia-a-dia, ajudando-o a lidar com suas dificuldades (BASTOS, 1981 apud
MENEZES, 2009).
Estudos demonstram que quando o tratamento farmacológico é combinado
com intervenções não – farmacológicas, a eficácia é maior do que com o tratamento
farmacológico isolado (CIRINEU, 2011).
A esquizofrenia é uma doença ampla que compromete a vida de relação do
seu portador, exigindo então um tratamento em equipe multidisciplinar. O tratamento
psicossocial é essencial para voltar a organizar a vida do paciente (SHIRAKAWA,
2000).
60
61
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os usuários do CAPS, de acordo com a pesquisa, são na sua maioria do sexo
masculino, com a faixa etária compreendida entre 41 e 50 anos, vivendo com
familiares, morando na zona urbana municipal e possuindo o ensino fundamental
incompleto. Em relação ao tratamento, a maioria faz uso de antipsicóticos atípicos,
de maneira politerápica e faz somente o tratamento medicamentoso.
A esquizofrenia é uma doença progressiva e debilitante, que atinge milhões
de pessoas no mundo e gera vários custos tanto para a família quanto para o
sistema de saúde.
A doença, na maioria das vezes, impossibilita seus portadores de ter uma
vida social dita normal, como estudar, trabalhar, casar e ter filhos, sendo eles muitas
vezes, dependente de seus familiares pelo resto da vida.
A pesquisa no local possibilitou a compreensão de quão complexo é o
tratamento de um portador de transtorno mental, do quanto ele necessita de
cuidados de todas as pessoas que o cercam e do quanto o trabalho dos
profissionais é importante para melhora do portador em todos os aspectos. Com o
presente trabalho verificou-se também que o estigma de que todo portador de
esquizofrenia é incapacitado e não tem condições de ter uma vida social normal
deve ser modificado. Percebeu-se que com o tratamento feito precocemente e de
maneira adequada, é possível o portador da patologia estar inserido na sociedade e
fazer atividades das quais ele é considerado incapaz, como estudar, ter uma
ocupação e construir família.
Os profissionais do CAPS sempre foram solícitos em relação à pesquisa, que
foi dificultada somente por outras questões, como por exemplo, programas de
computador desatualizados e uma enchente que ocasionou a perda de diversos
prontuários. Com um tempo maior disponível para a coleta de dados, a presença de
uma relação atualizada de pacientes ou de um programa disponível que auxiliasse
na coleta de dados, a pesquisa conteria dados mais completos e mais condizentes
com a realidade dos portadores da patologia no município.
Apesar de o local e as condições não serem totalmente ideais para o
exercício do trabalho com os pacientes, pode-se afirmar que o papel dos
62
profissionais do CAPS é de extrema importância, principalmente no que diz respeito
ao tratamento não farmacológico. O trabalho deles promove a reinserção dos
usuários à sociedade, com tratamentos que visam melhorar os sintomas da doença,
e a capacidade deles de ter uma vida social mais ativa.
Percebeu-se que, apesar de todas as dificuldades em relação à estrutura do
local, em relação a medicamentos e até em relação ao estado dos pacientes no
momento, terapeutas, psicólogos, enfermeiros, recepcionistas, assistentes sociais
fazem com que o usuário se sinta a vontade de estar no local e sinta que está sendo
assistido por profissionais competentes e comprometidos.
Com este estudo, observou-se a importância do tratamento farmacológico
combinado
com
o
tratamento
não
farmacológico.
O
amplo
acesso
aos
medicamentos no município auxilia no controle dos sintomas positivos, que muitas
vezes são os principais responsáveis pela exclusão dos portadores da doença pelas
outras pessoas.
Os resultados do presente estudo permitem subsidiar e estimular políticas
públicas para o atendimento, reabilitação e reinserção social do sujeito com
esquizofrenia, como por exemplo a ampliação dos serviços já prestados, a inserção
do farmacêutico na equipe multidisciplinar e programas que estimulem de geração
de renda.
63
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70
71
ANEXOS
ANEXO A:
72
73
74
75
APÊNDICE
Apêndice A:
TERMO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS PARA COLETA DE DADOS DE PESQUISAS ENVOLVENDO SERES
HUMANOS
Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96 e suas complementares
no desenvolvimento do projeto de pesquisa Perfil sócio-demográfico e caracterização do tratamento
psicofarmacológico oferecido aos sujeitos com esquizofrenia atendidos pelo Centro de Atenção
Psicossocial Saúde Mental no município de Itajaí (SC), assim como afirmo que os dados descritos no
protocolo serão obtidos em absoluto sigilo e utilizados apenas para os fins especificados no
protocolo aprovado pelo Comitê de Ética.
Nome completo do pesquisador principal (orientador): Ana Paula Veber
Assinatura:
Nome completo do acadêmico: Mariana Clarindo Paulino
Assinatura:
Data: 13 de Outubro de 2011.
76
77
APÊNDICE B: Formulário utilizado para coleta de dados dos sujeitos com
Esquizofrenia atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial Saúde Mental no
município de Itajaí (SC).
Prontuário: ______________________________
Data da Última Consulta: _______________
Data da 1ª Consulta no CAPS _______________________ Tempo de doença _____________
Histórico de utilização de substâncias ilícitas: __________________________________
Nascimento: ________
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Escolaridade: ( ) Não alfabetizado ( ) Fundamental Incompleto ( ) Fundamental Completo
( ) Médio Incompleto ( ) Médio Completo
( ) Superior Incompleto
( ) Superior Completo
Ocupação: _______________________________________________________________
Situação conjugal: ( )Vive só ( ) Vive com companheiro e filhos
( ) Vive com companheiro sem filhos
( ) Vive com familiares, sem companheiro e filhos
( ) Vive com familiares e filhos, mas sem companheiro ( ) Vive em asilos/instituições
( ) Não informado
Local de residência: Bairro________________________ Município ___________________
Possui histórico familiar da doença: ( ) Sim ( ) Não
Grau de parentesco ___________
Diagnóstico: ______________________________________ CID: _____________
Medicamentos utilizados:
Medicamentos
Dose/posologia
Duração
* Comprado, Atenção básica, Componente Especializado, Não padronizado, Judicial
Outros tratamentos (exceto medicamentos):
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
Acesso *
78
Download