Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa

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Universidade Nova de Lisboa
Ano Lectivo 2006/2007
Faculdade de Direito
MICROECONOMIA
Tópicos de Resolução do Exame Final
Grupo I
a) A afirmação é falsa. Esta afirmação tem a ver com a distinção entre deslocamentos ao longo
da curva de procura e deslocamentos da própria curva de procura. Assim, uma variação do
preço de um bem dá origem a um deslocamento ao longo da respectiva curva de procura, e não
a um deslocamento (expansão ou contracção) paramétrico da própria curva de procura. Um
deslocamento paramétrico da curva de procura resulta de alteração de rendimento, alteração
dos preços de um bem substituto ou de um bem complementar do bem representado pela curva
de procura, alteração nas preferências dos consumidores, etc.
b) A afirmação é verdadeira. A imposição de um preço máximo (inferior ao preço que
equilibraria o mercado) dá origem a um excesso de procura, deixando de se poder garantir que
os produtores vendem o bem aos consumidores que mais o valorizam. Nestas condições, poderá
criar-se um mercado negro, em que os consumidores que mais valorizam o bem mas não o
conseguiram adquirir junto dos produtores, propõem-se comprá-lo por um preço superior ao
preço máximo aos actuais detentores do bem, i.e., àqueles consumidores que o adquiriram aos
produtores pelo preço máximo.
c) A afirmação é falsa. De acordo com o Teorema de Coase é necessário que, não apenas os
custos de transacção sejam suficientemente reduzidos, mas também que os direitos de
propriedade estejam definidos, para que as externalidades sejam internalizadas.
Grupo II
a) O equilíbrio do mercado no cenário anterior à atribuição do subsídio à produção corresponde
ao ponto E0, no gráfico seguinte, tendo resultado da igualdade entre as funções procura e oferta.
Já o equilíbrio do mercado no cenário posterior à atribuição do subsídio à produção corresponde
ao ponto E1, no gráfico seguinte, tendo resultado da equação PP- PC=10, em que PP e PC
correspondem, respectivamente, à função oferta (20+Q) e à função procura (120-Q), ou seja,
neste cenário, o preço que o produtor recebe é superior ao preço pago pelo consumidor, sendo
que a diferença corresponde ao valor do subsidio atribuído pelo Estado.
P
75
E0
a
f
b
c
70
65
E1
g
e
d
Q
50
55
Em termos de análise de bem-estar, o consumidor vê o seu excedente aumentar das áreas
(a+b) para as áreas (a+b+c+e), em resultado do subsídio. O aumento do bem-estar do
consumidor resulta da diminuição do preço que este paga e do aumento da quantidade
consumida. Já o produtor vê o seu excedente aumentar das áreas (c+d) para as áreas
(c+d+b+f), em resultado do subsídio. O aumento do bem-estar do produtor resulta do aumento
do preço (preço de mercado acrescido do subsidio) que este recebe e da quantidade vendida. O
Estado suporta uma despesa com o subsídio dada pelas áreas (b+c+e+f+g). Descontando do
acréscimo de excedente do consumidor e do produtor, a despesa do Estado, conclui-se que o
subsídio gera uma Carga Excedente equivalente à área (g).
A
razão
desta
Carga
Excedente
é
óbvia.
Ela
resulta
da
distorção
nas
quantidades
transaccionadas que resulta do subsídio, i.e., passam a ser transaccionadas unidades – aquelas
entre 50 e 55 – que custam mais a produzir do que são valorizadas pelo consumidor, pelo que a
sua transacção destrói valor económico.
b) O aumento dos custos salariais internos faz contrair a curva de oferta interna, passando esta
de S0 para S1, no gráfico seguinte. No mesmo gráfico, PInt é o preço no mercado internacional,
QD é a quantidade procurada do bem, Q0S e Q1S são as quantidades oferecidas pelos produtores
nacionais, respectivamente no cenário anterior e posterior ao aumento dos custos salariais
internos. As importações correspondem à diferença entre a quantidade procurada e a quantidade
oferecida pelos produtores nacionais, i.e. (QD – Q0S) no cenário anterior ao aumento dos custos
salarias, e (QD – Q1S) no cenário posterior ao aumento dos custos salariais. Assim, o aumento
dos custos salariais internos traduz-se no aumento das importações
P
S1
S0
PInt
Q
1
Q
S
Q
0
QD
S
c) No cenário anterior à introdução de uma tarifa às importações, os produtores nacionais e os
consumidores produzem e consomem, respectivamente, Q0S e Q0D, correspondendo a diferença
entre aqueles valores às importações. No cenário posterior à introdução de uma tarifa às
importações,
os
produtores
nacionais
e
os
consumidores
produzem
e
consomem,
respectivamente, Q1S e Q1D, correspondendo a diferença entre aqueles valores às importações.
Ou seja, a introdução de uma tarifa às importações faz aumentar os preços internos – de PInt
para PInt + T –, aumentar a quantidade produzida pelos produtores nacionais, diminuir a
quantidade consumida pelos consumidores nacionais, e diminuir o valor das importações.
A Carga excedente é identificada no gráfico pelos dois triângulos indicados, resultando de dois
tipos de distorções, uma distorção na quantidade produzida pelos produtores nacionais –
aumenta, passando estes a suportar custos marginais de produção superiores ao preço a que o
mesmo bem poderia ter sido adquirido no exterior –, e uma distorção na quantidade consumida
pelos consumidores nacionais – diminui, deixando estes de consumir quantidades que ainda
apresentam uma valorização, por parte do consumidor, superior ao respectivo custo de
aquisição nos mercados internacionais.
P
Carga Excedente
PInt + T
PInt
Q
0
Q
S
Q
1
S
1
Q
D
0
Q
D
Grupo III
a) Preferências bem comportadas são preferências que respeitam os seguintes axiomas: (i) Não
saciedade, (ii) gosto pela variedade e (iii) transitividade.
b) O gráfico seguinte ilustra o problema do consumidor, designadamente a sua restrição
orçamental, o seu mapa de curvas de indiferença e o cabaz óptimo que ele irá escolher. Ora, o
cabaz óptimo corresponde a um ponto da restrição orçamental onde a inclinação desta é igual à
inclinação da curva de indiferença, ou seja, onde a TMS (i.e., inclinação da curva de indiferença)
é igual ao rácio dos preços dos bens (i.e., inclinação da restrição orçamental). Nestes termos, o
consumidor necessita de conhecer os preços dos bens para poder resolver o seu problema de
escolha, na medida em que estes preços são essenciais para determinar a inclinação e a posição
da restrição orçamental. Assim sendo, as entidades de defesa do consumidor deverão procurar
defender a clareza dos preços praticados pelos produtores, para que o consumidor tenha toda a
informação que lhe permite seleccionar um cabaz óptimo de consumo.
Bem 2
Cabaz Óptimo
Bem 1
c) O gráfico seguinte identifica o mapa de curvas de indiferença numa situação em que no eixo
das abcissas está representado um bem económico, e no eixo das ordenadas está representado
uma mal económico. O bem-estar do consumidor aumenta no sentido da seta a tracejado, ou
seja, um aumento do consumo do bem económico e a diminuição do consumo do mal económico
faz aumentar o bem-estar do consumidor.
Mal Económico
Bem Económico
Grupo IV
a) Em monopólio, o preço e a quantidade são iguais a 120 e 100, respectivamente. A quantidade
resulta da igualdade entre a receita marginal (220-2Q) e os custos marginais (20). Ou seja,
Rmg=Cmg ‹=› 220-2Q=20 ‹=› Q=100; O preço resulta da substituição da quantidade
determinada na função procura.
b) Em concorrência perfeita, o preço e a quantidade são iguais a 10 e 210, respectivamente. O
preço é igual ao mínimo dos custos médios. Ora, neste caso, os custos médios são constantes e
iguais a 10, pelo que o seu mínimo é igual a 10. Este será também o preço de concorrência
perfeita. Por substituição daquele preço na função procura, determina-se a quantidade de
equilíbrio, que será igual a 210.
c) O gráfico seguinte identifica a solução de monopólio (resultou de igualarmos a receita
marginal aos custos marginais de monopólio) e a solução de concorrência perfeita. Em termos
de bem-estar, diga-se que na solução de monopólio, o excedente do consumidor e do produtor
correspondem às áreas (a) e (b), respectivamente. Na solução de concorrência perfeita, o
excedente do consumidor corresponde à área (a+b+c+d+e), e o excedente do produtor é igual
a zero. Em termos de bem-estar total, a passagem da situação de monopólio para a situação de
concorrência perfeita permite um acréscimo de bem-estar total num montante equivalente às
áreas (c+d+e), sendo que a área (d) resulta de um efeito custo – i.e., os custos marginais em
concorrência perfeita são mais reduzidos do que em monopólio – e as áreas (c+e) resulta de um
efeito quantidade – i.e., a quantidade transaccionada em concorrência perfeita é maior do que
em monopólio.
P
Receita Marginal de
Monopólio
EMonopólio
220
120
a
EConc.Perfeita
b
20
10
c
d
Custos Marginais de
Monopólio
Custos Marginais de
Conc. Perfeita
e
Q
100
210
Alíneas d) + e) O gráfico identifica a solução da empresa distribuidora de combustíveis, no
cenário da alínea a), em que a empresa controla também a produção de combustíveis, e no
cenário da alínea d), em que a empresa actua apenas ao nível da distribuição de combustíveis.
No cenário de integração vertical da alínea a), a empresa tem custos marginais de 20. Já no
cenário da alínea d), a empresa de distribuição de combustíveis terá de pagar a margem de
comercialização da empresa produtora de combustíveis, o que faz com que tenha custos
marginais mais elevados e iguais a (20+m). Face ao acréscimo de custos marginais, assiste-se a
uma diminuição da quantidade transaccionada, um aumento do preço de equilíbrio e a uma
diminuição do bem-estar social (para ver o efeito sobre o bem-estar, note que a quantidade
afasta-se relativamente à quantidade de concorrência perfeita, o que se traduz num aumento da
carga excedente do monopólio).
P
Alínea d)
Alínea a)
20+m
20
Q
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