Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, No próximo dia 28 de fevereiro acontecerá simultaneamente em Brasília, São Paulo, Cidade do México e New York, a primeira caminhada de apoio ao paciente de doenças raras, no DIA MUNDIAL DAS DOENÇAS RARAS (a ser comemorado todo dia 29/02 - por ser um dia raro, porém nos anos em que este dia não consta do calendário será comemorado no dia 28/02). Pretendese envolver entidades de pacientes, Ongs, governo, imprensa e toda a sociedade sensibilizada com esta causa. O que são doenças raras ?As doenças raras são aquelas que afetam um pequeno número de pessoas, na população geral, como definição numa freqüência até de 1 em cada 2.000 pessoas. São conhecidas cerca de sete mil doenças raras e afetam entre seis a oito por cento da população mundial. A lista destas doenças e seu número variam em cada país. A maioria das doenças raras – 80% – é de origem genética. Existem ainda doenças raras de origem infecciosa (bacteriana ou viral), alérgica e profissional. O diagnóstico das doenças raras, muitas vezes é feito tardiamente, pois o conhecimento sobre elas é pouco, tanto na sociedade como na própria comunidade médica. Há pouca investigação, falta de verbas e o desenvolvimento de medicamentos para um número limitado de doentes necessita de altos investimentos em pesquisa. Desde que assumi o meu primeiro mandato venho arduamente tentando sensibilizar as autoridades públicas quanto à problemática por que passam tais pacientes. Em que pese algumas conquistas que alguns obtêm, seja através da justiça, seja através de programas de pesquisas dos laboratórios que fabricam os medicamentos, a solução para o dilema por eles vividos está longe de ser solucionado. E qual seria a solução? Inserir o tratamento de tais pacientes dentro de uma política pública de atendimento. E porque até o momento isso não foi possível? Porque não há entendimento dos órgãos governamentais e da justiça brasileira de que o investimento na aquisição dos necessários medicamentos, por mais caros que sejam, é um dever público. Enquanto o jogo de empurra-empurra acontece, pacientes pioram o seu quadro clínico e muitos vêm a óbito, sendo a maioria crianças. Fico me perguntando: qual o valor da vida humana? É verdade que os laboratórios, por saberem do desespero das famílias e da possibilidade de lucro junto ao governo, não abaixam os preços. O governo, por sua vez, entende que é um alto custo para poucos pacientes. A justiça, ora concede, ora nega os direitos dos pacientes. E durante esse certame vidas são destroçadas. Em outubro de 2005, o Presidente Lula sancionou Lei que explicita o direito ao atendimento integral à saúde de crianças e adolescentes. “Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 11.185, de 2005) § 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência receberão atendimento especializado. § 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação”. O estatuto da criança e do adolescente, criado em 1990, também luta pelos direitos dos pequenos, porém, na prática, as soluções ficam atadas pelas ações judiciais e o sofrimento é quem manda na situação. Senhor Presidente, na minha vida tive a honra de conhecer muitas pessoas de caráter firme e senso de justiça social, mas gostaria de evidenciar a minha emoção de ter conhecido um casal que considero exemplo para aqueles que buscam espelhar-se nas condutas dignas e eivadas do maior dos sentimentos, que é o amor. Refiro-me à Regina e Milton Próspero. Mãe e pai do jovem Dudu, que sofre por conta da Mucopolissacaridose – MPS, considerada uma doença rara. Eles lutam heroicamente para que todos tenham acesso aos medicamentos. Eles atuam por todos, não somente pelo Dudu. Acompanho a vida deste casal e reflito que o sofrimento muitas vezes vem acompanhado do crescimento. Tanto daqueles que sofrem, quanto daqueles que são tocados por eles. Esse casal, que já perdeu um filho para a mesma doença, vive em constante embate com o poder público e com a justiça. Buscam sensibilizar a sociedade, a imprensa, o parlamento brasileiro e de outros países, para a necessidade de solucionar, de uma vez por todas, esse grave problema. Minha admiração e respeito pela Regina e pelo Milton crescem a cada dia. Senhoras deputadas, Senhores deputados, a espera agonizante pela cura de doenças é vivida por dezenas de brasileiros(as). A esperança dessas pessoas está nos remédios que devem ser cedidos pelo governo. Entretanto a sistemática nos atrasos desses remédios está colocando em risco de vida esses pacientes. Não há mais suporte físico e psicológico para agir através de liminares judiciais, enquanto vidas são ceifadas dos convívios familiares. Diversas audiências com o Ministério da Saúde, com a ANVISA, com o Supremo Tribunal Federal, com Secretarias Estaduais de Saúde foram por mim acompanhadas. Em todas as oportunidades uma gota de esperança que se evapora às nossas costas. Senhor Presidente, convido a todos a se engajarem nessa luta. Convido a todos para participarem dessa caminhada, principalmente meus pares do Estado de São Paulo. Vamos nos unir à essa causa que tanto nos sensibiliza. A caminhada terá início às 8 horas e o local escolhido em São Paulo é o Parque da Juventude onde a própria arquitetura e disposição geográfica nos permite realizar um encontro com as proporções que pretendemos, onde se espera a presença de até 4000 pessoas. Obrigado Senhor Presidente! DEPUTADO VICENTINHO