Princípios Ativos de Fitoterápicos Alessandra Duarte Rocha Doutora em Ciências pela UFMG – área de concentração: Química de produtos naturais Mestre em Ciências Farmacêuticas e Especialista em Farmacoquímica pela UFMG – área de concentração: Fitoquímica Graduada em Farmácia pela UFMG Ementa Parte I – Introdução Parte II – Introdução ao Metabolismo secundário Parte III – Operações para obtenção de extratos e princípios ativos vegetais Parte IV - Isolamento e identificação das classes de princípios ativos vegetais Parte V – Atividades farmacológicas dos princípios ativos vegetais Parte I Introdução Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica ⇓ Primórdios: vegetais – alimentos, vestuário, habitação, transporte, tratamento de diversas doenças; Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica Fragmento do Papiro de Ebers 1550 a.C - Papiro de Ebers Um dos tratados médicos mais antigos e importantes. Escrito no Antigo Egito e é datado de aproximadamente 1550 a.C. Foi adquirido pelo egiptólogo alemão George Ebers, em 1873. Contém mais de 700 fórmulas mágicas e remédios populares; São encontrados tratamentos para doenças internas, doenças das mulheres, dos olhos, da pele, do coração e dos vasos, além de uma descrição precisa do sistema circulatório. (www.saludyvigor.com/Bestcollips/historia.htm; Tubino, Paulo; Alves, Elaine. História da Medicina- A Medicina No Egito Antigo. Disponível em: http://egroups.unb.br/fm/hismed/arquivos/medicina_no_antigo_egito.pdf. Acessado em 02/05/2010.) Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica Século I (D. C.): “materia medica”: Pedanius Dioscórides, botânico grego • “De materia medica, libre six” • Dioscorides descreveu mais de 600 plantas e ingredientes vegetais e incluiu detalhes do habitat da planta e métodos de cultivo e colheita, bem como seu uso medicinal e dose. (historical.hsl.virginia.edu/.../dioscorides.html) Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica Galeno (131-200) e Paracelso (1493-1541): Difusão do uso de PN’s na terapêutica. Até o fim do séc. XVIII: plantas e extratos vegetais recurso terapêutico predominante Início séc. XIX – Isolamento de princípios ativos vegetais Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica OH OH H3C O O OH R H3C O O CH 3 CH3 O H H HO O O O CH3 H H OH H Digitoxina (R=H); Digoxina (R=OH) (1820) (http://www.naturfoto.cz/fotografie/bilek/naprstnik-vlnaty-0138.jpg) Digitalis lanata Cinchona succirubra Atropa beladonna (http://www.naturfoto.cz/fotografie/bilek/naprstnik-vlnaty-0138.jpg ; http://www.rain-tree.com/pics/quinie-11.jpg) Atropa beladonna Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica Pós 2ª grande guerra - Declínio Predominância da síntese orgânica para a obtenção de fármacos • Fármacos quimicamente definidos Banalização da medicina tradicional: • “Era da tecnologia” Desenvolvimento de grandes laboratórios farmacêuticos; Consolidação do sistema biomédico ocidental: • mecanização do diagnóstico; • medicamentos caros; Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica Últimas décadas do século XX até a atualidade Aumento no interesse pelo uso de plantas medicinais e fitoterápicos • Leigos: importância das “ervas”! • Popularidade medicina natural • “Revolução verde”: uso de medicamentos naturais clássicos • Problemas com medicamentos convencionais • Alto custo • Reações adversas graves • Falta de efetividade DÉCADA DE 90 e início século XXI - Retorno ao interesse pelas plantas medicinais 350 300 1995 1997 250 200 150 100 50 0 Equinácea Gingko biloba Hipérico (Nutrition Business Journal⁄The New York Times) Artigos publicados envolvendo fitoterapia Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica Organização Mundial de Saúde (1978; 2002) • Reconhecimento oficial • Utilização racional • Incorporação nos sistemas públicos de saúde Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica Legislação Brasileira atual relacionada a fitoterapia Resolução RE nº 89, de 16 de março de 2004 Determina a publicação da "Lista de Registro Simplificado de Fitoterápicos". Portaria GM/MS Nº 971, de 3 de maio de 2006 Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS). Decreto Nº 5.813, de 22 de junho de 2006 Aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos no país. Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica Legislação Brasileira atual relacionada a fitoterapia Portaria Interministerial Nº 2.960, de 9 de dezembro de 2008 Aprova o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e cria o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. RDC Nº 10, de 9 de março de 2010 Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). RDC 14 de 31 de março de 2010 Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica Legislação Brasileira atual relacionada a fitoterapia 2011 – elaboração do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, 1.ed • instituído para apoiar a implantação e implementação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, picos destinada a garantir, aos usuários do SUS, fitoterápicos padronizados. • Informações sobre a forma correta de preparo e as indicações e restrições de uso de espécies selecionadas a partir de seminário realizado com os programas de fitoterapia ativos em diversas regiões do país; Importância histórica dos produtos naturais para a terapêutica O Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira é constituído de: 47 monografias de drogas vegetais para infusos e decoctos, 17 de tinturas, uma de xarope, cinco de geis, cinco de pomadas, uma de sabonete, duas de cremes, quatro de bases farmacêuticas e uma de solução conservante. Importância do conhecimento sobre química das plantas São recurso terapêutico importante para ~ 80% da população mundial que não tem acesso aos medicamentos convencionais. 18 São fonte de substâncias bioativas; protótipos para síntese ~ 25% dos medicamentos em uso: • derivados naturais ou • produtos semi-sintéticos de origem natural. Estudos revelam: de 119 drogas derivadas de plantas em uso em vários países, 74% foram descobertas através de estudos químicos dirigidos para o isolamento de constituintes químicos de plantas Definições Plantas medicinais: “espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos”. Paullinia cupana Kunth (ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010) Mentha sp. Droga vegetal: “planta medicinal, ou suas partes, que contenham as substâncias, ou classes de substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após processos de coleta, estabilização, quando aplicável, e secagem, podendo estar na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada”; Matéria prima vegetal: “planta medicinal, droga vegetal ou seus derivados: extrato, tintura, óleo, cera, suco, etc”. (ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010) Definições Fitoterápico: “medicamento obtido por processos tecnologicamente adequados empregando-se exclusivamente matérias primas vegetais, com finalidade profilática, curativa, paliativa, ou p/ fins de diagnóstico. Caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade”. (ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010) Definições Princípio ativo: “substância ou grupo delas quimicamente caracterizada, cuja ação farmacológica é conhecida e responsável , total ou parcialmente, pelos efeitos terapêuticos do fitoterápico”. cafeína Papaver somniferum (ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010) Coffea arabica Definições Marcadores: “composto ou classe de compostos químicos (ex: alcalóides, flavonóides, ácidos graxos, etc.) presentes na matéria prima vegetal, preferencialmente tendo correlação com o efeito terapêutico, que é utilizado como referência no controle da qualidade da matéria-prima vegetal e do medicamento fitoterápico”. Flavonóides estão presentes em Passiflora sp. (ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010) Definições Fitofármaco: “medicamento produzido com princípios ativos isolados da matéria prima vegetal”. (ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010) Definições Fitoterapia: “Terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmaceuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal, cuja abordagem incentiva o desenvolvimento comunitário, a solidariedade e a participação social.” (Portaria 971, 03/05/2006) Conhecimento popular Definições Medicina tradicional: “Conhecimentos, habilidades e práticas baseadas em teorias, crenças e experiências de diferentes culturas, explicáveis ou não, utilizadas no cuidado com a saúde”. (MS, 2006) Parte II Introdução ao Metabolismo Secundário METABOLISMO Conjunto de reações químicas que ocorrem dentro de cada célula. Presença de enzimas específicas ROTAS METABÓLICAS Anabólicas Biotransformação Catabólicas Metabólitos: moléculas orgânicas formadas, degradadas ou biotransformadas nestas rotas. METABOLISMO PRIMÁRIO BIOSSINTESE macromoléculas (carboidratos, lipídeos e proteínas e ácidos nucléicos) grande produção distribuição universal METABOLISMO SECUNDÁRIO micromoléculas (diversidade e complexidade estrutural) produção em pequena escala distribuição restrita (especificidade) funções essenciais funções adaptativas •Fornecer energia (ATP) e poder redutor (NADPH); • Biossíntese de substâncias essenciais. atividades biológicas Fatores que influenciam o acúmulo de metabólitos secundários (substâncias ativas) na planta Índice pluviométrico Ritmo circadiano Sazonalidade Teor metabólitos secundários Altitude Composição atmosférica: CO2, SO2, NO2, O2 Temperatura Idade da planta Herbivoria, ataque de patógenos CICLO BIOSSINTÉTICO DOS METABÓLITOS SECUNDÁRIOS Origem dos metabólitos secundários: a partir do metabolismo da glicose Polissacarídeos e heterosídeos GLICOSE Acetato (acetil-CoA) Ác. chiquímico Triptofano Fenilalanina/tirosina Alcalóides indólicos e quinolínicos Ciclo ácido cítrico Ác. gálico Ác. cinâmico Via mevalonato Ornitina e lisina Taninos hidrolisáveis Antraquinonas Protoalcalóides, alcalóides isoquinolínicos fenilpropanóides SIMÕES et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. Porto Alegre / Florianópolis: Ed. UFRGS / Ed. UFSC, 821 p., 2003. . isoprenóides Flavonóides Taninos condensados Lignanas, ligninas, cumarinas condensação Alcalóides alifáticos (pirrolidínicos, tropânicos, pirrolizidínicos e quinolizidínicos) Terpenóides e esteróides Ác.graxos acetogeninas Diversidade e complexidade estrutural dos metabólitos secundários O OH O QUINONAS FLAVONÓIDES H O HO H O b _g lc ( 6 _ 1 )_ g lc ( 4 _ 1 )_rh a m H HO H OH ALCALÓIDES TERPENÓIDES OH OH R OH HO 1 6 O O HO OH O O O OH O TANINOS 7 O R 2 O CUMARINAS Papel dos metabólitos secundários nos vegetais Proporcionam vantagens para sobrevivência e perpetuação da espécie em seu ecossistema. HARBORNE, J. B. Introduction to ecological biochemistry. 4.ed. London: Academic Press, 318 pp, 1993. Principais funções dos metabólitos secundários no vegetal Adaptativas – proteção contra a perda excessiva de água e a irradiação UV Defesa – predadores e microrganismos Atração - insetos, aves (reprodução) HARBORNE, J. B. Introduction to ecological biochemistry. 4.ed. London: Academic Press, 318 pp, 1993. SIMÕES et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. Porto Alegre / Florianópolis: Ed. UFRGS / Ed. UFSC, 821 p., 2003. Exemplos de substâncias naturais bioativas importantes cafeína ALCALÓIDES nicotina Catharanthus roseus (vinca) ~ 60 tipos de alcalóides antileucêmicos Vendas anuais: ~ US$ 160 milhões Interferem na síntese de DNA e RNA Vincristina Vimblastina Terpenóides C10= monoterpenos MENTOL Inibe a despolimerização da tubulina Câncer pulmão e próstata C20 = diterpenos Terpenóides C30= triterpenos E C A D H atividades anti-inflamatória, hepatoprotetora, hipocolesterolemiante, antiaterosclerótica, antifúngica, citotóxica, antitumoral e anti-HIV. E COOH C B HO Ácido Ursólico A DH COOH B HO Ácido Oleanólico C40= tetraterpenos (C5)n = látex ROCHA, A. D. Antifungal constituents of Clytostoma ramentaceum and Mansoa hirsuta. Phytotherapy Research, 18 (6); 463– 467; 2004. STAHL, W.; SIES, H. Bioactivity and protective effects of natural carotenoids. Biochimica et Biophysica Acta (BBA) - Molecular Basis of Disease, 1740 (2); 101–107; 2005. Substâncias fenólicas OH OH OH HO OH O HO O O HO O O O HO 5 3 HO O O O 6 4 O n OH O OH 2 1 OH Flavonóides O OH O HO OH OH Taninos OH maracujá hamamélis Tabebuia impetiginosa (Ipê roxo), Bignoniaceae Propriedades citotóxicas e antitumorais, tripanosomicida, esquistosomicida O O OH O O O Lapachol α- lapachona OH H3CO O OH O OH HO O OCH3 Desidro -α αlapachona OH Olivil FERREIRA, D. T.; OLIVEIRA, A. B.; CASTRO, C. R. Constituintes químicos de Tabebuia impetiginosa (Mart) Standl, Bignoniaceae. Semina, 10(4): 272-273, 1989. OLIVEIRA, A. B. et al. Lignans and naphthoquinones from Tabebuia incana. Phytochemistry, 1993. 41 Parte III Operações para obtenção de extratos vegetais Processos de Separação Conjunto de operações industriais que propiciam a purificação de substâncias, isto é, a separação de determinadas substâncias das misturas onde se encontram. Extração implica em se obter material orgânico livre de sua matriz original (células e tecidos). Mais usado: extração por meio de solventes Método de extração: ão - ser rápido e econômico. - fornecer o material desejado: - na maior quantidade possível; - livre de contaminantes ou de artefatos; Preparação do material vegetal Seleção da espécie vegetal Abordagens mais empregadas: • Etnobotânica ou etnofarmacológica • Randômica: • escolha aleatória; fator determinante: disponibilidade da planta. • 10.000 diferentes tipos de plantas correspondem de 50.000 a 100.000 possibilidades estruturais de produtos naturais. • Quimiotaxonômica: seleção baseada na ocorrência de uma certa classe de substâncias em um dado táxon. • As famílias e gêneros vegetais apresentam um perfil característico de metabólitos secundários. Cordell, G. A.; Phytochemistry 1995, 40, 1585.; Malone, M. H.; J. Ethnopharmarmacol. 1983, 8, 127. Preparação do material vegetal COLETA do material vegetal Depositar exsicata Amostra representativa Atenção a contaminantes Informações da coleta exsicata ESTABILIZAÇÃO: Evitar alterações dos componentes originais Inativação de enzimas • EtOH: desidratação – imersão em ebulição • Calor: altas temperaturas e tempos curtos Preparação do material vegetal SECAGEM Evita reações de hidrólise e degradação microbiana 7 dias, T< 60ºC < tamanho partículas , + rápido < volume, facilita moagem Estufa de secagem com circulação de ar Ao ar livre Preparação do material vegetal Porcentagem de umidade necessária para a ação dos microorganismos Agente Umidade (%) Bactérias 40 a 45 Enzimas 20 a 25 Fungos 15 a 20 Preparação do material vegetal Redução de peso da planta quando submetidas à secagem. Órgão vegetal Redução de peso (%) Folhas 20 a 75 Cascas 40 a 65 Raízes 25 a 80 Flores em geral 15 a 80 Flores de camomila 50 a 70 Preparação do material vegetal MOAGEM ou DIVISÃO Material fragmentado facilita extração: > superfície de contato Tecidos + rígidos: > grau de divisão Divisão grosseira: preliminar Pulverização: prévia à utilização Facilita transporte, armazenamento, embalagem e extração Extração Fatores que influenciam Granulometria do material vegetal • Quanto menor, melhor extração (maior superfície de contato) Escolha solvente: solvente propriedades, adequação, inocuidade, eficiência Solventes extratores seletivos • Maior eficiência: Agitação / Tempo / Temperatura Extração SOLVENTE p o l a r i d a d e TIPO DE SUBSTÂNCIA PREFERENCIALMENTE EXTRAÍDA Hexano, Éter lipídeos, ceras, pigmentos Tolueno, Diclorometano (DCM), clorofórmio (CHCl3) Bases livres alcalóides, antraquinonas livres, óleos voláteis, cardiotônicos Acetato etila (AcOEt), n- butanol (n-buOH) Flavonóides, cumarinas Etanol (EtOH), metanol (MeOH), Heterosídeos Saponinas, taninos alcalóides Misturas hidroalcoólicas, água Série eluotrópica mais empregada em fracionamento de extratos brutos (solventes de polaridades crescentes): Hexano < diclorometano < acetato de etila < metanol Extração Solventes para extração - Características Solvente “ideal” deve: a) extrair eficientemente as substâncias que se deseja; b) ser atóxico e barato c) ter ponto de ebulição adequado para se evitar a decomposição térmica das substâncias extraídas. Métodos de obtenção de extratos vegetais Com esgotamento (exaustiva) Sem esgotamento (parcial) A frio A quente Métodos de obtenção de extratos vegetais a frio 1- Maceração Sistema fechado Temperatura ambiente Período prolongado (dias) Sem renovação líquido extrator Sem esgotamento (equilíbrio difusional entre solvente e soluto) Indicado para drogas vegetais que possuam substâncias termolábeis; Tanques de maceração Métodos de obtenção de extratos vegetais a frio Maceração – Fatores que influenciam: Tipo planta • Quantidade de material vegetal • Grau umidade • Tamanho partícula • Intumescimento Seletividade e quantidade líquido extrator Condições do sistema (agitação, pH, temperatura) > EFICIÊNCIA: • digestão (40-60ºC); • maceração dinâmica – agitação • remaceração – renova líquido extrator Métodos de obtenção de extratos vegetais a frio 2- Percolação Extração exaustiva das substâncias Dinâmica (com esgotamento); Extração de > quantidade de substâncias ativas Simples – um único solvente Fracionada – solventes de polaridades diferentes Fatores que influenciam: Homogeneidade enchimento, tamanho partícula, difusão, forma percolador, velocidade fluxo de vazão Compactação excessiva - diminui fluxo!!!!! Percolador Métodos de obtenção de extratos vegetais a frio 3- Turbolização ou Turbo-extração Extração e diminuição simultânea do tamanho das partículas (liquidificador) Pequena e média escala Pouco tempo – esgotamento da droga Obtem-se o suco Cuidados: • Difícil separação por filtração • Geração de calor (não usar solv. voláteis) • Não aplicável a partes duras da droga Métodos de obtenção de extratos vegetais a frio 4- Tintura misturar partes de plantas secas em álcool. contato por 8 a 15 dias - melhor extração dos princípios ativos. plantas frescas - 50% p/p em álcool a 92ºGL (500 g de planta fresca em 1000 mL de álcool); plantas secas - 25% p/p em álcool-água (70:30) ( 250g de plantas secas em 100 mL de álcool a 70%). As Filtrar em pano. tinturas conservam os princípios ativos por muitos anos!!! Para uso interno (puras ou diluídas): utilizadas em pequena quantidade Para uso externo: em maiores quantidades (puras ou diluídas). Métodos de obtenção de extratos vegetais a quente em sistemas abertos 1- Infusão Verte-se água fervente sobre a droga vegetal e, tampa-se ou abafa-se o recipiente por alguns minutos. Indicado para partes de drogas vegetais de consistência menos rígida tais como folhas, flores, inflorescências e frutos Métodos de obtenção de extratos a quente em sistemas abertos 2- Decocção Planta + água ebulição por tempo determinado; Indicado para partes de drogas vegetais com consistência rígida (cascas, raízes, rizomas, caules, sementes e folhas coriáceas); Métodos de obtenção de extratos a quente em sistemas fechados 1- Refluxo planta + líquido extrator em ebulição em aparelhagem adequada líquido extrator é recuperado e retorna ao conjunto 2- Soxhlet percolação cíclica c/ destilação simultânea e recuperação do solvente. Eficiência, economia, rapidez Nos processos a quente - Cuidado com princípios ativos termolábeis!!!! Extração por Soxhlet Extração por Sohxlet Efeito do solvente e do método extração Purificação de soluções extrativas Separação de resíduos vegetais e material em suspensão Sedimentação e decantação Centrifugação Filtração Concentração: eliminação parcial ou total dos solventes Secagem: eliminação total da fase líquida Evaporação à vacuo (rotaevaporador) Liofilização Secagem de soluções extrativas rotaevaporador Solução extrativa Solvente recuperado após condensação Banho de água (aquecimento) Secagem de soluções extrativas Liofilização: Técnica sofisticada para desidratação sem aquecimento. O produto natural é congelado numa temperatura ideal e, posteriormente, a água é eliminada por sublimação (passagem direta do estado sólido para o gasoso), através de um controle rigoroso de alto vácuo. Secagem de soluções extrativas Vantagens da liofilização Manutenção de propriedades nutricionais, sensoriais, farmacológicas dos produtos naturais. liofilizados são fáceis de serem manipulados e estocados, pois ocupam volumes extremamente reduzido em relação ao natural. Resistência à deterioração biológica (ação de bactérias, fungos etc.) e química (oxidações, decomposições etc.) dos produtos naturais Aumento da vida útil. Formas de uso de extratos vegetais Banho de assento: imersão em água morna, na posição sentada, cobrindo apenas as nádegas e o quadril geralmente em bacia ou em louça sanitária apropriada. Compressa: consiste em colocar, sobre o lugar lesionado, um pano ou gaze limpa e umedecida com um infuso ou decocto, frio ou aquecido, dependendo da indicação de uso. Formas de uso de extratos vegetais Gargarejo: agitação de infuso, decocto ou maceração na garganta pelo ar que se expele da laringe, não devendo ser engolido o líquido ao final; Inalação: inspiração (nasal ou oral) de vapores pelo trato respiratório; Inalação (SIMÕES, C.M.O et al. Farmacognosia-da planta ao medicamento. 5.ed. rev. amp. Florianópolis: Ed. da UFSC; Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2004. 1102p.) Formas de uso de extratos vegetais Pó: A planta seca é triturada e peneirada. Conservar em frasco bem fechado. Usa-se misturado ao leite, mel, óleo, água ou topicamente. Unguento e pomada: Podem ser guardados por tempo determinado. Incorporação do suco, tintura ou chá da planta medicinal com vaselina, lanolina, creme Lanette. As pomadas e os ungüentos permanecem mais tempo sobre a pele, Uso a frio, 3 a 4 x/dia. Formas de uso de extratos vegetais Xarope: Preparação de uso mais prolongado, usado principalmente para doenças da garganta, pulmão e brônquios. Dissolver açúcar ou rapadura em água, aquecer até a obtenção de ponto de fio (calda) e depois acrescentar a tintura do vegetal na preparação. Medidas de referência Colher das de sopa: 15 mL / 3 g; Colher das de sobremesa: 10 mL / 2 g; Colher das de chá: 5 mL / 1 g; Colher das de café: 2 mL / 0,5 g; Xícara das de chá ou copo: 150 mL; Xícara das de café: 50 mL; Cálice: 30 mL. CUIDADOS NO USO DAS PLANTAS MEDICINAIS O uso inadequado de plantas medicinais pode muitas vezes não realizar o efeito desejado. Ao usar uma planta medicinal: Fazer a seleção correta da planta a ser utilizada e uma adequada preparação. Identificar corretamente a doença ou sintoma apresentados. As misturas de plantas no chá devem se restringir a um número pequeno de espécies com indicações e uso semelhantes. As plantas medicinais devem ser adquiridas, de fornecedores idôneos garantia da qualidade e da identificação correta. CUIDADOS NO USO DAS PLANTAS MEDICINAIS Conhecer a dosagem, a forma de uso e a freqüência durante o tratamento. Não adianta ingerir um litro de chá de uma só vez, quando se deveria tomar a intervalos regulares de tempo durante o dia. Uma planta recomendada exclusivamente para uso externo não deve ser administrada internamente. O uso contínuo de uma mesma planta deve ser evitado. Períodos de uso máximo: entre 21 e 30 dias, intercalados por um período de descanso entre 4 e 7 dias, permitindo que o organismo desacostume-se e, também, para que o vegetal possa atuar com toda a sua eficácia. Todas as plantas podem provocar efeitos indesejáveis se utilizadas em excesso. CUIDADOS NO USO DAS PLANTAS MEDICINAIS Não coletar plantas em lugares poluídos: rios, córregos e esgotos ou beira de estradas e rodovias. Observar atentamente o estado de conservação da planta. Crianças em aleitamento, até o sexto mês de idade, não devem tomar chás. Não substituir medicamentos prescritos por ervas indicadas por terceiros, sem antes conversar com seu médico ou farmacêutico. Conhecer as plantas tóxicas. Horários corretos para o uso de preparações fitoterápicas Desjejum: preparações os laxativos, depurativos, diuréticos e vermífugos; Duas horas antes ou depois das refeições principais: preparações anti-reumáticas, hepatoprotetoras, neurotônicas e antitérmicas; Meia hora antes das refeições principais: preparações tônicas e antiácidas; Depois das refeições principais: preparações digestivas e contra gases; Antes de se deitar: preparações hepatoprotetoras e laxativos. Dosagens dos fitoterápicos Variam de acordo com a idade e metabolismo de cada indivíduo. Para os chás (decocção, infusão e maceração) recomenda-se*: 6 meses de idade até 1 ano: • 1 colher (café), 3 vezes ao dia (somente com acompanhamento médico); 1 a 2 anos: ½ xícara (chá) 2 vezes ao dia; 2 a 5 anos: ½ xícara (chá) 3 vezes ao dia; 5 a 10 anos: ½ xícara (chá) 4 vezes ao dia; Adultos: 1 xícara (chá) 3 a 4 vezes ao dia. *regras gerais – informações muito divergentes. Plantas medicinais mais procuradas Artemísia Babosa Boldo Camomila Carqueja Catuaba Erva doce Erva cidreira Eucalipto (http://www.abifisa.org.br/faq.asp#T1) Espinheira-santa Ginseng Guaco Guaraná Hortelã Malva Quebra-pedra Romã Tanchagem Parte IV Isolamento e identificação das classes de princípios ativos vegetais PLANTA (PÓ) n- hexano Extrato hexânico Torta CH2Cl2/ CHCl3/ AcOEt Cumarinas, hidrocarbonetos, Extrato ácidos graxos, terpenos menos Flavonóides livres, polares Alcalóides bases livres, Antraquinonas livres Torta EtOH/ MeOH/ álcool/água Torta Sequência para separação dos principais grupos de produtos naturais Extrato Taninos, saponinas, heterosídeos de flavonóides e de cardiotônicos Cromatografia em coluna Em funil de separação Cromatografia clássica em coluna Fracionamento do extrato vegetal; isolamento de constituintes do extrato Esquema de uma coluna de adsorção CLAE Prospecção Fitoquímica em extratos vegetais Testes de identificação das principais classes de metabólitos avaliar a constituição química preliminar. Investigação nos extratos brutos: • Reações de coloração tradicionais • Cromatografia – principalmente CCD Principais Classes: Classes cumarinas, flavonóides, polifenóis e taninos, antraquinonas, alcalóides, cardenolídeos, saponinas, triterpenóides e esteróides Cromatografia planar CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD) Definição: separação dos componentes de uma mistura por migração diferencial sobre uma camada de adsorvente retido em superfície plana. Método indicado para prospecção química de metabólitos secundários em extratos vegetais Analítica: Identificação de metabólitos Preparativa: extração e quantificação de metabólitos Resultados dependem da especificidade do ensaio e da sensibilidade do revelador. CCD Características: fácil compreensão e execução, economia de tempo (20-40 min.), versatilidade, reprodutibilidade e baixo custo. Mecanismo de separação: adsorção Adsorventes: + comuns: comuns sílica (CCDS), alumina, poliamida, celulose. Podem vir com indicador de fluorescência. Espessura da camada de adsorvente: • CCD analítica – 0,25 a 0,3 mm • CCD preparativa – 2 mm Requerimento da amostra: detectável no cromatograma solúvel na FM estável à luz, oxigênio, solvente, não ser volátil CCD Técnica: Preparo da placa com a fase estacionária ativação sílica gel: 100-105ºC/ 30’ Preparo da fase móvel Aplicação da amostra: soluções concentradas; uso de capilares; distância de cerca de 1 cm da base da cromatoplaca e distância adequada das laterais e de outras aplicações; Desenvolvimento: cuba de vidro fechada saturada com a fase móvel que vai eluir pela fase estacionária, separando os componentes da mistura; Revelação/visualização : localização das diferentes zonas coloridas referentes à separação dos componentes; CCD preparativa: extração das substâncias retidas na FE. Fases da CCD Aplicação da amostra Desenvolvimento: eluição da FM através da FE Revelação e visualização CCD Sob uma série de condições estabelecidas para a CCD, um determinado composto apresentará um Rf (fator de retenção) constante - percorrerá sempre uma distância fixa relativa à distância percorrida pelo solvente. Condições: • 1- sistema de solvente utilizado; • 2- adsorvente usado; • 3- espessura da camada de adsorvente; • 4- quantidade relativa de material. CCD Cálculo dos valores de Rf (Fator de retenção) RfA = Distância percorrida pela mancha (cm) Distância total percorrida pela fase móvel (cm) Cromatogramas obtidos por CCD FOTO (adsorvente com indicador de fluorescência)