PLANTA - GranNutrille

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Princípios Ativos de
Fitoterápicos
Alessandra Duarte Rocha
Doutora em Ciências pela UFMG – área de concentração: Química de
produtos naturais
Mestre em Ciências Farmacêuticas e Especialista em Farmacoquímica
pela UFMG – área de concentração: Fitoquímica
Graduada em Farmácia pela UFMG
Ementa
Parte I – Introdução
Parte II – Introdução ao Metabolismo
secundário
Parte III – Operações para obtenção
de extratos e princípios ativos
vegetais
Parte IV - Isolamento e identificação
das classes de princípios ativos
vegetais
Parte V – Atividades farmacológicas
dos princípios ativos vegetais
Parte I
Introdução
Importância histórica dos produtos naturais
para a terapêutica
⇓
Primórdios: vegetais – alimentos,
vestuário, habitação, transporte, tratamento
de diversas doenças;
Importância histórica dos produtos
naturais para a terapêutica
Fragmento do
Papiro de
Ebers
1550 a.C - Papiro de Ebers
Um dos tratados médicos mais antigos e
importantes.
Escrito no Antigo Egito e é datado de
aproximadamente 1550 a.C.
Foi adquirido pelo egiptólogo alemão George
Ebers, em 1873.
Contém mais de 700 fórmulas mágicas
e remédios populares;
São encontrados tratamentos para doenças
internas, doenças das mulheres, dos olhos, da
pele, do coração e dos vasos, além de uma
descrição precisa do sistema circulatório.
(www.saludyvigor.com/Bestcollips/historia.htm;
Tubino, Paulo; Alves, Elaine. História da Medicina- A Medicina No Egito Antigo. Disponível em: http://egroups.unb.br/fm/hismed/arquivos/medicina_no_antigo_egito.pdf. Acessado em 02/05/2010.)
Importância histórica dos produtos
naturais para a terapêutica
Século I (D. C.): “materia medica”:
Pedanius Dioscórides, botânico grego
• “De materia medica, libre six”
• Dioscorides descreveu mais de 600 plantas e
ingredientes vegetais e incluiu detalhes do habitat da
planta e métodos de cultivo e colheita, bem como seu
uso medicinal e dose.
(historical.hsl.virginia.edu/.../dioscorides.html)
Importância histórica dos produtos
naturais para a terapêutica
Galeno (131-200) e Paracelso (1493-1541):
Difusão do uso de PN’s na terapêutica.
Até o fim do séc. XVIII: plantas e extratos vegetais
recurso terapêutico predominante
Início séc. XIX – Isolamento de princípios ativos
vegetais
Importância histórica dos produtos
naturais para a terapêutica
OH
OH
H3C
O
O
OH
R
H3C
O
O
CH
3
CH3
O
H
H
HO
O
O
O
CH3
H
H
OH
H
Digitoxina (R=H);
Digoxina (R=OH)
(1820)
(http://www.naturfoto.cz/fotografie/bilek/naprstnik-vlnaty-0138.jpg)
Digitalis lanata
Cinchona succirubra
Atropa beladonna
(http://www.naturfoto.cz/fotografie/bilek/naprstnik-vlnaty-0138.jpg ;
http://www.rain-tree.com/pics/quinie-11.jpg)
Atropa beladonna
Importância histórica dos produtos
naturais para a terapêutica
Pós 2ª grande guerra - Declínio
Predominância da síntese orgânica para
a obtenção de fármacos
• Fármacos quimicamente definidos
Banalização da medicina tradicional:
• “Era da tecnologia”
Desenvolvimento de grandes
laboratórios farmacêuticos;
Consolidação do sistema biomédico
ocidental:
• mecanização do diagnóstico;
• medicamentos caros;
Importância histórica dos produtos
naturais para a terapêutica
Últimas décadas do século XX até a
atualidade
Aumento no interesse pelo uso de plantas
medicinais e fitoterápicos
• Leigos: importância das “ervas”!
• Popularidade medicina natural
• “Revolução verde”: uso de medicamentos
naturais clássicos
• Problemas com medicamentos convencionais
• Alto custo
• Reações adversas graves
• Falta de efetividade
DÉCADA DE 90 e início século XXI - Retorno
ao interesse pelas plantas medicinais
350
300
1995
1997
250
200
150
100
50
0
Equinácea
Gingko
biloba
Hipérico
(Nutrition Business Journal⁄The New York Times)
Artigos publicados envolvendo
fitoterapia
Importância histórica dos produtos
naturais para a terapêutica
Organização Mundial de Saúde (1978; 2002)
• Reconhecimento oficial
• Utilização racional
• Incorporação nos sistemas públicos de saúde
Importância histórica dos produtos
naturais para a terapêutica
Legislação Brasileira atual relacionada a fitoterapia
Resolução RE nº 89, de 16 de março de 2004
Determina a publicação da "Lista de Registro
Simplificado de Fitoterápicos".
Portaria GM/MS Nº 971, de 3 de maio de 2006
Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde
(SUS).
Decreto Nº 5.813, de 22 de junho de 2006
Aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos no país.
Importância histórica dos produtos
naturais para a terapêutica
Legislação Brasileira atual relacionada a fitoterapia
Portaria Interministerial Nº 2.960, de 9 de dezembro de
2008
Aprova o Programa Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos e cria o Comitê Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos.
RDC Nº 10, de 9 de março de 2010
Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
RDC 14 de 31 de março de 2010
Dispõe sobre o registro de medicamentos
fitoterápicos.
Importância histórica dos produtos
naturais para a terapêutica
Legislação Brasileira atual relacionada a fitoterapia
2011 – elaboração do Formulário de Fitoterápicos
da Farmacopeia Brasileira, 1.ed
• instituído para apoiar a implantação e
implementação da Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos,
picos destinada a garantir,
aos usuários do SUS, fitoterápicos padronizados.
• Informações sobre a forma correta de preparo e
as indicações e restrições de uso de espécies
selecionadas a partir de seminário realizado com
os programas de fitoterapia ativos em diversas
regiões do país;
Importância histórica dos produtos
naturais para a terapêutica
O Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia
Brasileira é constituído de:
47 monografias de drogas vegetais para infusos
e decoctos,
17 de tinturas,
uma de xarope,
cinco de geis,
cinco de pomadas,
uma de sabonete,
duas de cremes,
quatro de bases farmacêuticas e
uma de solução conservante.
Importância do conhecimento sobre química das
plantas
São recurso terapêutico importante para
~ 80% da população mundial que não tem acesso aos
medicamentos convencionais.
18
São fonte de substâncias bioativas; protótipos para
síntese
~ 25% dos medicamentos em uso:
• derivados naturais ou
• produtos semi-sintéticos de origem natural.
Estudos revelam: de 119 drogas derivadas de plantas
em uso em vários países, 74% foram descobertas
através de estudos químicos dirigidos para o
isolamento de constituintes químicos de plantas
Definições
Plantas medicinais: “espécie
vegetal, cultivada ou não,
utilizada com propósitos
terapêuticos”.
Paullinia cupana Kunth
(ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010)
Mentha sp.
Droga vegetal: “planta
medicinal, ou suas partes, que
contenham as substâncias, ou
classes de substâncias,
responsáveis pela ação terapêutica,
após processos de coleta,
estabilização, quando aplicável, e
secagem, podendo estar na forma
íntegra, rasurada, triturada ou
pulverizada”;
Matéria prima vegetal: “planta
medicinal, droga vegetal ou
seus derivados: extrato, tintura,
óleo, cera, suco, etc”.
(ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010)
Definições
Fitoterápico: “medicamento obtido
por processos tecnologicamente
adequados empregando-se
exclusivamente matérias primas
vegetais, com finalidade profilática,
curativa, paliativa, ou p/ fins de
diagnóstico.
Caracterizados pelo conhecimento
da eficácia e dos riscos de seu
uso, assim como pela
reprodutibilidade e constância de
sua qualidade”.
(ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010)
Definições
Princípio ativo: “substância ou grupo delas
quimicamente caracterizada, cuja ação
farmacológica é conhecida e responsável ,
total ou parcialmente, pelos efeitos
terapêuticos do fitoterápico”.
cafeína
Papaver somniferum
(ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010)
Coffea arabica
Definições
Marcadores: “composto ou classe de compostos
químicos (ex: alcalóides, flavonóides, ácidos graxos,
etc.) presentes na matéria prima vegetal,
preferencialmente tendo correlação com o efeito
terapêutico, que é utilizado como referência no controle
da qualidade da matéria-prima vegetal e do
medicamento fitoterápico”.
Flavonóides estão
presentes em
Passiflora sp.
(ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010)
Definições
Fitofármaco: “medicamento produzido
com princípios ativos isolados da
matéria prima vegetal”.
(ANVISA, RDC 14 de 31 de março de 2010)
Definições
Fitoterapia: “Terapêutica caracterizada pelo uso de
plantas medicinais em suas diferentes formas
farmaceuticas, sem a utilização de substâncias ativas
isoladas, ainda que de origem vegetal, cuja abordagem
incentiva o desenvolvimento comunitário, a
solidariedade e a participação social.”
(Portaria 971, 03/05/2006)
Conhecimento popular
Definições
Medicina tradicional:
“Conhecimentos, habilidades e
práticas baseadas em teorias,
crenças e experiências de
diferentes culturas, explicáveis ou
não, utilizadas no cuidado com a
saúde”.
(MS, 2006)
Parte II
Introdução ao
Metabolismo
Secundário
METABOLISMO
Conjunto de reações químicas que ocorrem
dentro de cada célula.
Presença de enzimas
específicas
ROTAS METABÓLICAS
Anabólicas
Biotransformação
Catabólicas
Metabólitos: moléculas orgânicas formadas, degradadas
ou biotransformadas nestas rotas.
METABOLISMO
PRIMÁRIO
BIOSSINTESE
macromoléculas
(carboidratos, lipídeos e proteínas e
ácidos nucléicos)
grande produção
distribuição universal
METABOLISMO
SECUNDÁRIO
micromoléculas
(diversidade e complexidade estrutural)
produção em pequena escala
distribuição restrita
(especificidade)
funções essenciais
funções adaptativas
•Fornecer energia (ATP) e poder
redutor (NADPH);
• Biossíntese de substâncias
essenciais.
atividades biológicas
Fatores que influenciam o acúmulo de
metabólitos secundários (substâncias ativas) na
planta
Índice
pluviométrico
Ritmo
circadiano
Sazonalidade
Teor
metabólitos
secundários
Altitude
Composição
atmosférica:
CO2, SO2, NO2, O2
Temperatura
Idade da planta
Herbivoria,
ataque de
patógenos
CICLO BIOSSINTÉTICO DOS METABÓLITOS SECUNDÁRIOS
Origem dos metabólitos secundários: a partir do metabolismo da glicose
Polissacarídeos e
heterosídeos
GLICOSE
Acetato (acetil-CoA)
Ác. chiquímico
Triptofano
Fenilalanina/tirosina
Alcalóides
indólicos e
quinolínicos
Ciclo
ácido
cítrico
Ác. gálico
Ác. cinâmico
Via
mevalonato
Ornitina
e lisina
Taninos
hidrolisáveis
Antraquinonas
Protoalcalóides,
alcalóides
isoquinolínicos
fenilpropanóides
SIMÕES et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. Porto
Alegre / Florianópolis: Ed. UFRGS / Ed. UFSC, 821 p., 2003.
.
isoprenóides
Flavonóides
Taninos
condensados
Lignanas, ligninas,
cumarinas
condensação
Alcalóides alifáticos (pirrolidínicos,
tropânicos,
pirrolizidínicos e
quinolizidínicos)
Terpenóides
e esteróides
Ác.graxos
acetogeninas
Diversidade e complexidade estrutural
dos metabólitos secundários
O
OH
O
QUINONAS
FLAVONÓIDES
H
O
HO
H
O b _g lc ( 6 _ 1 )_ g lc ( 4 _ 1 )_rh a m
H
HO
H
OH
ALCALÓIDES
TERPENÓIDES
OH
OH
R
OH
HO
1
6
O
O
HO
OH
O
O
O
OH O
TANINOS
7
O
R
2
O
CUMARINAS
Papel dos metabólitos
secundários nos vegetais
Proporcionam vantagens para
sobrevivência e perpetuação da
espécie em seu ecossistema.
HARBORNE, J. B. Introduction to ecological biochemistry. 4.ed. London: Academic Press, 318 pp, 1993.
Principais funções dos metabólitos
secundários no vegetal
Adaptativas – proteção contra a perda
excessiva de água e a irradiação UV
Defesa – predadores e microrganismos
Atração - insetos, aves (reprodução)
HARBORNE, J. B. Introduction to ecological biochemistry. 4.ed. London: Academic Press, 318 pp, 1993.
SIMÕES et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. Porto Alegre / Florianópolis: Ed. UFRGS / Ed. UFSC, 821 p., 2003.
Exemplos de substâncias naturais
bioativas importantes
cafeína
ALCALÓIDES
nicotina
Catharanthus roseus
(vinca)
~ 60 tipos de alcalóides
antileucêmicos
Vendas anuais: ~ US$
160 milhões
Interferem na
síntese de
DNA e RNA
Vincristina
Vimblastina
Terpenóides
C10= monoterpenos
MENTOL
Inibe a despolimerização da tubulina
Câncer pulmão e próstata
C20 = diterpenos
Terpenóides
C30= triterpenos
E
C
A
D
H
atividades anti-inflamatória,
hepatoprotetora,
hipocolesterolemiante,
antiaterosclerótica, antifúngica,
citotóxica, antitumoral e anti-HIV.
E
COOH
C
B
HO
Ácido Ursólico
A
DH
COOH
B
HO
Ácido Oleanólico
C40= tetraterpenos
(C5)n = látex
ROCHA, A. D. Antifungal constituents of Clytostoma ramentaceum and Mansoa hirsuta. Phytotherapy Research, 18 (6); 463–
467; 2004.
STAHL, W.; SIES, H. Bioactivity and protective effects of natural carotenoids. Biochimica et Biophysica Acta (BBA) - Molecular
Basis of Disease, 1740 (2); 101–107; 2005.
Substâncias fenólicas
OH
OH
OH
HO
OH
O
HO
O
O
HO
O
O
O
HO
5
3
HO
O
O
O
6
4
O
n
OH
O
OH
2
1
OH
Flavonóides
O
OH
O
HO
OH
OH
Taninos
OH
maracujá
hamamélis
Tabebuia impetiginosa (Ipê roxo),
Bignoniaceae
Propriedades citotóxicas e antitumorais, tripanosomicida, esquistosomicida
O
O
OH
O
O
O
Lapachol
α- lapachona
OH
H3CO
O
OH
O
OH
HO
O
OCH3
Desidro -α
αlapachona
OH
Olivil
FERREIRA, D. T.; OLIVEIRA, A. B.; CASTRO, C. R. Constituintes químicos de Tabebuia impetiginosa (Mart) Standl, Bignoniaceae.
Semina, 10(4): 272-273, 1989. OLIVEIRA, A. B. et al. Lignans and naphthoquinones from Tabebuia incana. Phytochemistry, 1993.
41
Parte III
Operações para obtenção de
extratos vegetais
Processos de Separação
Conjunto de operações industriais que propiciam a
purificação de substâncias, isto é, a separação de
determinadas substâncias das misturas onde se
encontram.
Extração implica em se obter material orgânico livre
de sua matriz original (células e tecidos).
Mais usado: extração por meio de solventes
Método de extração:
ão
- ser rápido e econômico.
- fornecer o material desejado:
- na maior quantidade possível;
- livre de contaminantes ou de artefatos;
Preparação do material vegetal
Seleção da espécie vegetal
Abordagens mais empregadas:
• Etnobotânica ou etnofarmacológica
• Randômica:
• escolha aleatória; fator determinante: disponibilidade
da planta.
• 10.000 diferentes tipos de plantas correspondem de
50.000 a 100.000 possibilidades estruturais de produtos
naturais.
• Quimiotaxonômica: seleção baseada na ocorrência de
uma certa classe de substâncias em um dado táxon.
• As famílias e gêneros vegetais apresentam um perfil
característico de metabólitos secundários.
Cordell, G. A.; Phytochemistry 1995, 40, 1585.; Malone, M. H.; J. Ethnopharmarmacol. 1983, 8, 127.
Preparação do material vegetal
COLETA do material vegetal
Depositar exsicata
Amostra representativa
Atenção a contaminantes
Informações da coleta
exsicata
ESTABILIZAÇÃO:
Evitar alterações dos componentes originais
Inativação de enzimas
• EtOH: desidratação – imersão em ebulição
• Calor: altas temperaturas e tempos curtos
Preparação do material vegetal
SECAGEM
Evita reações de hidrólise e degradação
microbiana
7 dias, T< 60ºC
< tamanho partículas , + rápido
< volume, facilita moagem
Estufa de
secagem
com
circulação
de ar
Ao ar
livre
Preparação do material vegetal
Porcentagem de umidade necessária para
a ação dos microorganismos
Agente
Umidade (%)
Bactérias
40 a 45
Enzimas
20 a 25
Fungos
15 a 20
Preparação do material vegetal
Redução de peso da planta quando
submetidas à secagem.
Órgão vegetal
Redução de peso (%)
Folhas
20 a 75
Cascas
40 a 65
Raízes
25 a 80
Flores em geral
15 a 80
Flores de camomila
50 a 70
Preparação do material vegetal
MOAGEM ou DIVISÃO
Material fragmentado facilita extração: >
superfície de contato
Tecidos + rígidos: > grau de divisão
Divisão grosseira: preliminar
Pulverização: prévia à utilização
Facilita transporte, armazenamento,
embalagem e extração
Extração
Fatores que influenciam
Granulometria do material vegetal
• Quanto menor, melhor extração (maior
superfície de contato)
Escolha solvente:
solvente propriedades, adequação,
inocuidade, eficiência
Solventes extratores seletivos
• Maior eficiência:
Agitação / Tempo / Temperatura
Extração
SOLVENTE
p
o
l
a
r
i
d
a
d
e
TIPO DE SUBSTÂNCIA
PREFERENCIALMENTE EXTRAÍDA
Hexano, Éter
lipídeos, ceras, pigmentos
Tolueno, Diclorometano (DCM),
clorofórmio (CHCl3)
Bases livres alcalóides,
antraquinonas livres, óleos
voláteis, cardiotônicos
Acetato etila (AcOEt), n- butanol
(n-buOH)
Flavonóides, cumarinas
Etanol (EtOH), metanol (MeOH),
Heterosídeos
Saponinas, taninos
alcalóides
Misturas hidroalcoólicas, água
Série eluotrópica mais empregada em fracionamento de
extratos brutos (solventes de polaridades crescentes):
Hexano < diclorometano < acetato de etila
<
metanol
Extração
Solventes para extração - Características
Solvente “ideal” deve:
a) extrair eficientemente as substâncias que
se deseja;
b) ser atóxico e barato
c) ter ponto de ebulição adequado para se
evitar a decomposição térmica das
substâncias extraídas.
Métodos de obtenção de extratos
vegetais
Com esgotamento (exaustiva)
Sem esgotamento (parcial)
A frio
A quente
Métodos de obtenção de extratos
vegetais a frio
1- Maceração
Sistema fechado
Temperatura ambiente
Período prolongado (dias)
Sem renovação líquido
extrator
Sem esgotamento
(equilíbrio difusional entre
solvente e soluto)
Indicado para drogas
vegetais que possuam
substâncias termolábeis;
Tanques de
maceração
Métodos de obtenção de extratos
vegetais a frio
Maceração – Fatores que influenciam:
Tipo planta
• Quantidade de material vegetal
• Grau umidade
• Tamanho partícula
• Intumescimento
Seletividade e quantidade líquido extrator
Condições do sistema (agitação, pH, temperatura)
> EFICIÊNCIA:
• digestão (40-60ºC);
• maceração dinâmica – agitação
• remaceração – renova líquido extrator
Métodos de obtenção de extratos
vegetais a frio
2- Percolação
Extração exaustiva das substâncias
Dinâmica (com esgotamento);
Extração de > quantidade de substâncias ativas
Simples – um único solvente
Fracionada – solventes de polaridades diferentes
Fatores que influenciam:
Homogeneidade enchimento,
tamanho partícula,
difusão,
forma percolador,
velocidade fluxo de vazão
Compactação excessiva - diminui fluxo!!!!!
Percolador
Métodos de obtenção de extratos
vegetais a frio
3- Turbolização ou Turbo-extração
Extração e diminuição simultânea do tamanho das
partículas (liquidificador)
Pequena e média escala
Pouco tempo – esgotamento da droga
Obtem-se o suco
Cuidados:
• Difícil separação por filtração
• Geração de calor (não usar solv. voláteis)
• Não aplicável a partes duras da droga
Métodos de obtenção de extratos
vegetais a frio
4- Tintura
misturar partes de plantas secas em álcool.
contato por 8 a 15 dias - melhor extração dos princípios ativos.
plantas frescas - 50% p/p em álcool a 92ºGL (500 g de planta
fresca em 1000 mL de álcool);
plantas secas - 25% p/p em álcool-água (70:30) ( 250g de
plantas secas em 100 mL de álcool a 70%).
As
Filtrar em pano.
tinturas conservam
os princípios ativos por
muitos anos!!!
Para uso interno
(puras ou diluídas):
utilizadas em
pequena quantidade
Para uso externo:
em maiores
quantidades (puras
ou diluídas).
Métodos de obtenção de extratos
vegetais a quente em sistemas abertos
1- Infusão
Verte-se água fervente sobre
a droga vegetal e, tampa-se
ou abafa-se o recipiente por
alguns minutos.
Indicado para partes de
drogas vegetais de
consistência menos rígida tais
como folhas, flores,
inflorescências e frutos
Métodos de obtenção de extratos a
quente em sistemas abertos
2- Decocção
Planta + água ebulição
por tempo determinado;
Indicado para partes de
drogas vegetais com
consistência rígida
(cascas, raízes, rizomas,
caules, sementes e
folhas coriáceas);
Métodos de obtenção de extratos a
quente em sistemas fechados
1- Refluxo
planta + líquido extrator em ebulição em aparelhagem
adequada
líquido extrator é recuperado e retorna ao conjunto
2- Soxhlet
percolação cíclica c/ destilação simultânea e
recuperação do solvente.
Eficiência, economia, rapidez
Nos processos a quente - Cuidado com princípios ativos
termolábeis!!!!
Extração por Soxhlet
Extração por Sohxlet
Efeito do solvente e do método extração
Purificação de soluções extrativas
Separação de resíduos vegetais e material
em suspensão
Sedimentação e decantação
Centrifugação
Filtração
Concentração: eliminação parcial ou total dos
solventes
Secagem: eliminação total da fase líquida
Evaporação à vacuo (rotaevaporador)
Liofilização
Secagem de soluções extrativas
rotaevaporador
Solução
extrativa
Solvente
recuperado após
condensação
Banho de água
(aquecimento)
Secagem de soluções extrativas
Liofilização: Técnica sofisticada para
desidratação sem aquecimento.
O produto natural é congelado numa
temperatura ideal e, posteriormente, a
água é eliminada por sublimação
(passagem direta do estado sólido
para o gasoso), através de um
controle rigoroso de alto vácuo.
Secagem de soluções extrativas
Vantagens da liofilização
Manutenção de propriedades nutricionais,
sensoriais, farmacológicas dos produtos
naturais.
liofilizados são fáceis de serem manipulados
e estocados, pois ocupam volumes
extremamente reduzido em relação ao
natural.
Resistência à deterioração biológica (ação de
bactérias, fungos etc.) e química (oxidações,
decomposições etc.) dos produtos naturais
Aumento da vida útil.
Formas de uso de extratos vegetais
Banho de assento: imersão em
água morna, na posição
sentada, cobrindo apenas as
nádegas e o quadril geralmente
em bacia ou em louça sanitária
apropriada.
Compressa: consiste em colocar,
sobre o lugar lesionado, um pano ou
gaze limpa e umedecida com um
infuso ou decocto, frio ou aquecido,
dependendo da indicação de uso.
Formas de uso de extratos vegetais
Gargarejo: agitação de
infuso, decocto ou
maceração na garganta pelo
ar que se expele da laringe,
não devendo ser engolido o
líquido ao final;
Inalação: inspiração (nasal
ou oral) de vapores pelo
trato respiratório;
Inalação
(SIMÕES, C.M.O et al. Farmacognosia-da planta ao medicamento. 5.ed. rev. amp. Florianópolis: Ed. da UFSC; Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2004. 1102p.)
Formas de uso de extratos vegetais
Pó: A planta seca é triturada e peneirada.
Conservar em frasco bem fechado.
Usa-se misturado ao leite, mel, óleo, água ou
topicamente.
Unguento e pomada: Podem ser guardados por
tempo determinado.
Incorporação do suco, tintura ou chá da planta
medicinal com vaselina, lanolina, creme
Lanette.
As pomadas e os ungüentos permanecem mais
tempo sobre a pele,
Uso a frio, 3 a 4 x/dia.
Formas de uso de extratos vegetais
Xarope: Preparação de uso mais prolongado,
usado principalmente para doenças da
garganta, pulmão e brônquios.
Dissolver açúcar ou rapadura em água,
aquecer até a obtenção de ponto de fio
(calda) e depois acrescentar a tintura do
vegetal na preparação.
Medidas de referência
Colher das de sopa: 15 mL / 3 g;
Colher das de sobremesa: 10 mL / 2 g;
Colher das de chá: 5 mL / 1 g;
Colher das de café: 2 mL / 0,5 g;
Xícara das de chá ou copo: 150 mL;
Xícara das de café: 50 mL;
Cálice: 30 mL.
CUIDADOS NO USO DAS
PLANTAS MEDICINAIS
O uso inadequado de plantas medicinais pode muitas
vezes não realizar o efeito desejado.
Ao usar uma planta medicinal:
Fazer a seleção correta da planta a ser utilizada e uma
adequada preparação.
Identificar corretamente a doença ou sintoma apresentados.
As misturas de plantas no chá devem se restringir a um
número pequeno de espécies com indicações e uso
semelhantes.
As plantas medicinais devem ser adquiridas, de
fornecedores idôneos
garantia da qualidade e da identificação correta.
CUIDADOS NO USO DAS
PLANTAS MEDICINAIS
Conhecer a dosagem, a forma de uso e a freqüência durante o
tratamento.
Não adianta ingerir um litro de chá de uma só vez, quando
se deveria tomar a intervalos regulares de tempo durante o
dia.
Uma planta recomendada exclusivamente para uso externo
não deve ser administrada internamente.
O uso contínuo de uma mesma planta deve ser evitado.
Períodos de uso máximo: entre 21 e 30 dias, intercalados
por um período de descanso entre 4 e 7 dias, permitindo
que o organismo desacostume-se e, também, para que o
vegetal possa atuar com toda a sua eficácia.
Todas as plantas podem provocar efeitos indesejáveis se
utilizadas em excesso.
CUIDADOS NO USO DAS
PLANTAS MEDICINAIS
Não coletar plantas em lugares poluídos: rios,
córregos e esgotos ou beira de estradas e
rodovias.
Observar atentamente o estado de
conservação da planta.
Crianças em aleitamento, até o sexto mês de
idade, não devem tomar chás.
Não substituir medicamentos prescritos por
ervas indicadas por terceiros, sem antes
conversar com seu médico ou farmacêutico.
Conhecer as plantas tóxicas.
Horários corretos para o uso de
preparações fitoterápicas
Desjejum: preparações os laxativos, depurativos,
diuréticos e vermífugos;
Duas horas antes ou depois das refeições
principais: preparações anti-reumáticas,
hepatoprotetoras, neurotônicas e antitérmicas;
Meia hora antes das refeições principais:
preparações tônicas e antiácidas;
Depois das refeições principais: preparações
digestivas e contra gases;
Antes de se deitar: preparações hepatoprotetoras e
laxativos.
Dosagens dos fitoterápicos
Variam de acordo com a idade e metabolismo de
cada indivíduo.
Para os chás (decocção, infusão e maceração)
recomenda-se*:
6 meses de idade até 1 ano:
• 1 colher (café), 3 vezes ao dia (somente com
acompanhamento médico);
1 a 2 anos: ½ xícara (chá) 2 vezes ao dia;
2 a 5 anos: ½ xícara (chá) 3 vezes ao dia;
5 a 10 anos: ½ xícara (chá) 4 vezes ao dia;
Adultos: 1 xícara (chá) 3 a 4 vezes ao dia.
*regras gerais – informações muito divergentes.
Plantas medicinais mais
procuradas
Artemísia
Babosa
Boldo
Camomila
Carqueja
Catuaba
Erva doce
Erva cidreira
Eucalipto
(http://www.abifisa.org.br/faq.asp#T1)
Espinheira-santa
Ginseng
Guaco
Guaraná
Hortelã
Malva
Quebra-pedra
Romã
Tanchagem
Parte IV
Isolamento e identificação das
classes de princípios ativos vegetais
PLANTA (PÓ)
n- hexano
Extrato hexânico
Torta
CH2Cl2/ CHCl3/ AcOEt
Cumarinas,
hidrocarbonetos,
Extrato
ácidos graxos,
terpenos menos
Flavonóides livres,
polares
Alcalóides bases livres,
Antraquinonas livres
Torta
EtOH/ MeOH/
álcool/água
Torta
Sequência para
separação dos
principais grupos de
produtos naturais
Extrato
Taninos, saponinas,
heterosídeos de flavonóides e
de cardiotônicos
Cromatografia em
coluna
Em funil de separação
Cromatografia clássica em coluna
Fracionamento do extrato vegetal; isolamento de
constituintes do extrato
Esquema de uma coluna de adsorção
CLAE
Prospecção Fitoquímica em extratos
vegetais
Testes de identificação das principais classes
de metabólitos
avaliar a constituição química preliminar.
Investigação nos extratos brutos:
• Reações de coloração tradicionais
• Cromatografia – principalmente CCD
Principais Classes:
Classes
cumarinas, flavonóides, polifenóis e taninos,
antraquinonas,
alcalóides,
cardenolídeos, saponinas, triterpenóides e
esteróides
Cromatografia planar CROMATOGRAFIA EM CAMADA
DELGADA (CCD)
Definição: separação dos componentes de uma
mistura por migração diferencial sobre uma camada de
adsorvente retido em superfície plana.
Método indicado para prospecção química de
metabólitos secundários em extratos vegetais
Analítica: Identificação de metabólitos
Preparativa: extração e quantificação de metabólitos
Resultados dependem da especificidade do ensaio e
da sensibilidade do revelador.
CCD
Características: fácil compreensão e
execução, economia de tempo (20-40 min.),
versatilidade, reprodutibilidade e baixo custo.
Mecanismo de separação: adsorção
Adsorventes: + comuns:
comuns sílica (CCDS),
alumina, poliamida, celulose.
Podem vir com indicador de fluorescência.
Espessura da camada de adsorvente:
• CCD analítica – 0,25 a 0,3 mm
• CCD preparativa – 2 mm
Requerimento da amostra:
detectável no cromatograma
solúvel na FM
estável à luz, oxigênio, solvente, não ser volátil
CCD
Técnica:
Preparo da placa com a fase estacionária
ativação sílica gel: 100-105ºC/ 30’
Preparo da fase móvel
Aplicação da amostra: soluções concentradas; uso de capilares;
distância de cerca de 1 cm da base da cromatoplaca e distância
adequada das laterais e de outras aplicações;
Desenvolvimento: cuba de vidro fechada saturada com a fase
móvel que vai eluir pela fase estacionária, separando os
componentes da mistura;
Revelação/visualização : localização das diferentes zonas
coloridas referentes à separação dos componentes;
CCD preparativa: extração das substâncias retidas na FE.
Fases da CCD
Aplicação da
amostra
Desenvolvimento:
eluição da FM
através da FE
Revelação e
visualização
CCD
Sob uma série de condições estabelecidas para
a CCD, um determinado composto apresentará
um Rf (fator de retenção) constante - percorrerá
sempre uma distância fixa relativa à distância
percorrida pelo solvente.
Condições:
• 1- sistema de solvente utilizado;
• 2- adsorvente usado;
• 3- espessura da camada de adsorvente;
• 4- quantidade relativa de material.
CCD
Cálculo
dos valores de Rf (Fator de
retenção)
RfA = Distância percorrida pela mancha (cm)
Distância total percorrida pela fase
móvel (cm)
Cromatogramas obtidos por CCD
FOTO (adsorvente com indicador
de fluorescência)
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