os franceses estão introduzindo uma nova roda no país: o

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TEXTO DE APOIO III – PERCURSO AR
Aquecimento global
Você certamente já ouviu a pergunta “qual a diferença entre o remédio e o veneno?” A dose. Se
exagerada, a dose, que era para curar, mata.
É o caso do efeito estufa, que provoca o aquecimento global no planeta. Só há vida na Terra porque
o gás carbônico (CO2) na atmosfera provoca o efeito estufa e mantém a superfície aquecida,
garantindo a sobrevivência do ser humano e da enorme biodiversidade que se espalha pelo planeta.
Senão, a Terra seria um deserto gelado, como Marte. O problema é que a dose de aquecimento
global aumentou muito nos últimos 200 anos, principalmente nos últimos 50 anos, e chegou a
níveis perigosos neste século 21.
E por que isso vem acontecendo?
Os gases de efeito estufa se concentram na atmosfera terrestre e formam uma camada protetora,
refletindo parte dos raios solares que chegam ao planeta e aprisionando parte do que é refletido
pela Terra.
Cerca de 70% da energia solar atravessa essa camada de gases e chega até a superfície terrestre,
sendo parte absorvida pelos ecossistemas e parte refletida de volta ao espaço. Um pedaço dessa
energia refletida também atravessa a camada de gases da atmosfera e volta para o espaço, mas
uma parte não. As moléculas dos gases de efeito estufa refletem novamente um tanto dessa
energia de volta para a Terra e absorvem outra parte dessa energia na forma de calor. Esses dois
movimentos fazem com que o planeta fique mais aquecido. O balanço de energia não é zero: sai
menos energia do que entra. Daí o nome de efeito estufa, porque os gases aprisionam parte do
calor dos raios solares.
O efeito estufa é um dos fatores que, nos bilhões de anos de formação do planeta, garantiu o
aparecimento e a conservação da vida como a conhecemos. Entretanto, o IPCC (sigla em inglês para
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) da ONU (Organização das Nações Unidas),
que reúne milhares de cientistas de todo o mundo, mostrou que, principalmente a partir de
meados do século 20, as ações antrópicas têm interferido nesse processo.
Ações antrópicas? Sim, esse é o jeito científico de chamar as ações do homem. Trocando em
miúdos: é o homem que tem provocado a aceleração do aquecimento global. Com o aumento da
industrialização, da urbanização e da geração de energia, o homem vem aumentando – e muito – a
emissão de gases de efeito estufa, o que leva a mais aquecimento global.
Segundo o protocolo de Quioto, documento da ONU assinado em 1997, há quatro principais gases
de efeito estufa (GEE), mais duas famílias de gases1:
1. Dióxido de carbono (CO2): É o mais abundante dos GEE e resulta principalmente da queima
de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) na geração de energia em
termoelétricas e nos motores de carros e máquinas industriais, e também pelo
desmatamento de florestas. Segundo o IPCC, a quantidade de dióxido de carbono na
atmosfera aumentou 35% desde a era industrial;
2. Gás metano (CH4): É produzido pela decomposição da matéria orgânica, sendo encontrado
geralmente em aterros sanitários, lixões, esgotos, sedimentos aquáticos (por isso
hidrelétricas também provocam aquecimento global, porque os lagos-reservatórios são
grandes emissores de metano), nas plantações de arroz e na pecuária.
Parece piada, mas não é: a criação de gado é um grande emissor de metano por causa dos
dejetos animais, mas, sobretudo, dos “gases” que os bichos soltam: pelo arroto e, em menor
parte, pelo pum. Isso mesmo: é o chamado processo de fermentação entérica nos
herbívoros ruminantes, como bois e vacas, ovelhas e carneiros, cabras e bodes e búfalos. No
mundo todo, segundo a agência de proteção ambiental norte-americana, as emissões
globais de metano por fermentação entérica do gado chegam a 80 milhões de toneladas
anuais, correspondendo a 22% das emissões totais de metano geradas por fontes antrópicas
ou 3,3% do total de gases de efeito estufa;
3. Óxido nitroso (N2O): As emissões deste gás resultam do tratamento de dejetos animais, do
uso de fertilizantes, da queima de combustíveis fósseis e de alguns processos industriais. O
óxido nitroso apresenta um poder de aquecimento global 310 vezes maior que o CO2;
4. Hexafluoreto de enxofre (SF6): Usado principalmente como isolante térmico e condutor de
calor. É o gás com o maior poder de aquecimento, sendo 23.900 vezes mais ativo no efeito
estufa do que o CO2.
As duas famílias de gases são de halocarbonos, todos produzidos, principalmente, por atividades
antrópicas:
1
Informações do MMA. http://www.mma.gov.br/clima/ciencia-da-mudanca-do-clima/efeito-estufa-e-aquecimentoglobal
5. Hidrofluorcarbonos (HFCs): São usados como substitutos dos clorofluorcarbonos (CFCs) em
aerossóis e refrigeradores. Eles não agridem a camada de ozônio, mas têm, em geral, alto
potencial de aquecimento global (variando entre 140 e 11.700 vezes o CO2);
6. Perfluorcarbonos (PFCs): Também são utilizados como gases refrigerantes e em solventes,
propulsores, espuma e aerossóis. Têm potencial de aquecimento global variando de 6.500 a
9.200 vezes o CO2.
Segundo o IPCC da ONU, mesmo que as emissões atuais sejam congeladas, a temperatura da Terra
continuará subindo e haverá impactos no clima global. Ou seja, ainda que o homem não aumente
em nenhum grama de CO2 o nível atual de emissões, a concentração atual de gases já provoca
mudanças climáticas. Nas projeções mais otimistas, até o final deste século, a temperatura média
global subiria 2°C. Nas projeções mais pessimistas, se for mantida a voracidade crescente de
consumo do estilo de vida atual, que impulsiona a geração de energia e a produção agrícola e
industrial, a temperatura pode subir até 6°C, na média global.
Seu corpo com febre fica dolorido, com sensação de desconforto, fora do ritmo normal,
desanimado e com reações inesperadas, não é? Imagine uma febre que eleve a temperatura em
6°C!!
E a Terra com febre vai apresentar mudanças em praticamente todas as paisagens naturais. E os
resultados, conforme a temperatura, podem variar de preocupantes a catastróficos. Como já
acontece hoje, as populações mais vulneráveis serão as mais afetadas pelas mudanças no clima.
Vejamos algumas das mudanças que os cientistas apontam desde já:
1. Derretimento das calotas polares, com desaparecimento do gelo do Ártico. O derretimento
do gelo provocará mudanças significativas nos oceanos, como redução da salinidade,
aumento da acidez e sua elevação. De 1906 a 2005, o mar já subiu 30 cm, pelo menos. E até
2100 o nível médio dos oceanos vai subir mais 59 cm;
2. Aumento do número de refugiados climáticos (pessoas que são obrigadas a imigrar por não
terem condições de permanecer em regiões muito afetadas pelas mudanças climáticas,
sobretudo por inundações, calor ou falta de água);
3. Algumas ilhas do Pacífico serão inundadas e sua população terá de ser
deslocada. Bangladesh (país do sudeste asiático com 161 milhões de habitantes e uma área
igual à metade do Estado de São Paulo) pode sofrer uma das piores catástrofes da história
da humanidade (por sua grande população, baixas altitudes e poucos recursos econômicos);
4. Já foi observado aumento na temperatura das águas oceânicas até 3.000 metros de
profundidade, modificando as condições de vários ecossistemas marinhos, aumentando a
umidade do ar e alterando a dinâmica da circulação atmosférica;
5. Lugares frios sofrerão elevações de temperatura e áreas úmidas enfrentarão períodos de
seca. Isso pode provocar desertificação em áreas hoje férteis e cultiváveis;
6. Em alguns lugares, como na Amazônia e no sertão nordestino, as chuvas podem diminuir, e
em outros podem aumentar muito, como nas regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil;
7. Haverá aumento significativo na incidência de grandes tempestades, furacões ou tufões e
tornados, ocasionando inundações e deslizamentos;
8. Perda de espécies da fauna e flora por todo o planeta;
9. Proliferação de doenças, uma vez que o aumento das chuvas e das temperaturas facilita a
proliferação de microrganismos, insetos e animais causadores e transmissores de doenças
infecciosas endêmicas, como febre amarela, dengue, malária, leishmaniose, diarreias
infecciosas, cólera, leptospirose e hepatite A.
Não podemos esquecer que o padrão de produção e consumo está diretamente ligado à geração de
poluição. É importante ter sempre em mente que qualquer processo de consumo tem impacto na
nossa vida, mas não só na nossa, porque gera uma reação em cadeia que acaba afetando a todos.
E o que pode fazer o consumidor consciente? Pode planejar melhor seu consumo, fazer escolhas
mais racionais, procurar alternativas aos combustíveis fósseis, reduzir o uso do transporte
motorizado individual e valorizar produtos e marcas menos poluentes, tanto na fabricação quanto
no uso.
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